sábado, 12 de setembro de 2015

Motivações Nietzschianas na Perspectiva Literária de Milan Kundera.

Giuliane de Alencar & Ubiracy de Souza Braga*

      “Escolhi o lugar onde queria viver e também escolhi a língua na qual queria falar”. Milan Kundera

                  
Do Latim movere, as motivações humanas referem-se à condição que influencia a direção do comportamento como impulso interno que leva à ação. Assim a principal questão da motivação é “por que o indivíduo se comporta da maneira como ele o faz?”. Ou, por que seres humanos e animais em determinadas situações específicas escolhem, iniciam e mantém determinadas ações? Em seu livro: La fête de l’insignifiance (2014), Milan Kundera introduz-nos pari passu nas motivações psicológicas do imaginário individual dos sonhos e no imaginário coletivo dos mitos, dos ritos e dos símbolos para contemplar o próprio umbigo como questão central do ser. Criando-nos a ilusão da individualidade cética acerca da contemporaneidade. Seus personagens estão encerrados num círculo de banalidades críveis, onde reencontramos as fantasmagóricas figuras próximas passadas do comunista: frente ao pecado que fez gerações e gerações dissiparem sua energia física e seus afetos; na luta contra um Leviatã que, afinal, cairia de maduro com suas metáforas da desordem e do poder.
Mas agora, já um tanto distantes do pesadelo, seus avatares do leste europeu viraram risíveis bonecos do teatro de marionetes personificados ao longo da narrativa. Seu dilema persecutório faz com que todos eles, enfim, queiram ter alguma espessura, queiram reintroduzir na vida, nem que seja pelo social irradiado do homem em sua individualidade, ou pelo fingimento, um elemento vital, uma marca de individualidade que nem a arte, nem mais a política ou o trabalho pode oferecer. Milan Kundera faz aquilo que acha que é função genética de um romance: explora possibilidades da existência, comparativamente como no extraordinário: A Insustentável Leveza do Ser, a ciranda amorosa na Praga dos anos 1960, permeada pelo desdobramento do autoritarismo comunista, face a ordem totalitária do consumo capitalista e por conceitos filosóficos complexos o eterno retorno de Nietzsche, tornando-se um inesperado sucesso popular. Mas sem deixar de exalar um perfume de romance depreendido nas cenas de triângulo amoroso em conturbados ambientes políticos. O triângulo amoroso, vale lembrar, é mais antigo problema da existência humana que os próprios triângulos da geometria. Do ponto de vista histórico, a geometria reconhecida sua importância até hoje começou com Euclides, no século III a.C.  Em compensação, o triângulo amoroso não tem uma data precisa, pois é uma realidade extemporânea tão antiga como a própria humanidade.


 
               Um triângulo amoroso refere-se a uma relação amorosa que envolve três pessoas - o que pode implicar que duas dessas pessoas estejam romanticamente ligadas a uma mesma pessoa ou, mesmo, que cada um sinta algo semelhante pelos outros dois. Não se deve confundir, contudo, este conceito com ménage à trois, que se refere a uma relação sexual envolvendo três pessoas. O triângulo amoroso é um dos temas mais explorados pelo universo ficcional estética e artístico como ocorre em óperas, romances, banda desenhada ou mesmo em canções. Um dos mais famosos triângulos amorosos da história da literatura é o que envolveu Lancelote, Guinevere e o Rei Artur, em que este é alvo da infidelidade dos dois primeiros: um dos seus cavaleiros mais amados e a sua mulher. O tema foi desenvolvido também, de forma paradigmática, no filme Jules et Jim, de 1962, um drama dirigido por François Truffaut. O filme narra a amizade de homens e o amor de ambos pela mesma mulher. Após a Grande Guerra de 1914-18, na qual Jules e Jim combatem em campos opostos, os três amigos reencontram-se na Alemanha, onde Jules vive com Catherine, e esta apaixona-se por Jim. É um filme essencial da obra de François Truffaut, uma tragédia sobre a força da amizade e da paixão. Jeanne Moreau é inesquecível ao cantar Le Tourbillon de la Vie (1962), de Serge Rezvani.        
               Sobre a literatura do Leste europeu já se disse alhures que os autores daquele lado frio da Europa parecem compreender o que há de mais vergonhoso dentro de nós. Tudo aquilo que tentamos esconder, eles mostram com certo desprezo. Como se fosse uma banalidade risível. Todos os nossos medos e anseios, as nossas bobagens estupidamente humanas e além-fronteiras, nossas barbáries, nosso ciúme, mesquinhez, delinquência e humor universal. Está tudo ali, retratado fielmente da forma que é. Sem limites e sem disfarces pela sua capacidade sem igual de compreender nossas fraquezas, sua generosidade em perdoar a raça humana por sua notória embriaguez. Há algo de lúcido nestes autores que raramente encontramos nos escritores de outras nações. Na República Tcheca, por exemplo, 70% da população não acreditam em Deus. Suas igrejas estão sendo transformadas em hotéis e há um profundo desprezo pelas coisas transcendentais do espírito. Mas lendo os autores tchecos, temos a impressão de que sua descrença é proveniente de sua profunda compreensão sobre as falhas e os erros humanos. Se acreditassem que o ser humano é feito à imagem e semelhante de Deus, então teriam que conceber uma nova divindade desajustada e infinitamente imperfeita.              
Em 1950, temporariamente forçado a interromper seus estudos por razões políticas, ele e o escritor tcheco Jan Trefulka, foram expulsos do Partido Comunista Tchecos por “atividades anti-partidárias”. Trefulka descreveu o incidente em uma de suas novelas. Milan Kundera usou o incidente como inspiração para o tema principal de seu romance A Brincadeira, de 1967. Em 1956, porém, Kundera foi readmitido no Partido Comunista. Em 1970, foi novamente expulso. Mas como outros artistas tchecos como Václav Havel, envolveram-se na Primavera de Praga de 1968. O período de otimismo, como se sabe, foi destruído no agosto do mesmo ano pela invasão soviética com exercito do Pacto de Varsóvia à Tchecoslováquia. Kundera e Havel tentaram acalmar a população e organizar um levante reformistas frente à ditadura comunista da União Soviética. Permaneceu neste intento ativo até desistir definitivamente no ano de 1975. Seus romances tratam de escolhas e decepções. Em seus livros é recorrente a crítica ao autoritarismo e à posterior ocupação russa de seu país, em 1968, quando foi exilado e teve sua obra proibida na Tchecoslováquia. Seu maior romance A Insustentável Leveza do Ser editado em 1983, mas só teve sua primeira edição em checo em 2006.
           Nascido no seio da erudita família de classe média do senhor Ludvik Kundera, um pupilo do compositor Leoš Janáček e um importante musicólogo e pianista, o líder da Academia Musical de Brno de 1948 a 1961. Em sua formação Milan Kundera aprendeu a tocar piano com seu pai. Posteriormente, ele também estudou musicologia. Influências e referências musicológicas podem ser encontradas através de sua obra, a ponto de poder-se encontrar notas em pauta durante o texto. Estudou literatura e estética na Faculdade de Artes da Universidade Charles, mas, depois de dois períodos, transferiu-se para o curso de cinema da Academia de Artes Performáticas de Praga onde realizou suas primeiras leituras em produção de scripts e direção cinematográfica. Vive na França desde 1975, sendo cidadão francês desde 1980. Seus romances geralmente tratam das angústias entre escolhas e decepções. Entre outros prêmios, Milan Kundera recebeu, pelo conjunto da sua obra, o chamado Common Wealth Award de Literatura (1981) e o Prêmio Jerusalém (1985). Sua obra principal, A Insustentável Leveza do Ser obteve em 1988 uma adaptação para o cinema, sob a direção de Philip Kaufman, com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin para citarmos apenas estes artistas de um grandioso elenco. Recebeu duas indicações ao Óscar e reconhecimento mundial. Desde então, contrariando suas motivações na vida e na arte, não autorizou mais a adaptação cinematográfica dos seus romances.
Praga, em Tcheco: Praha é a capital e a maior cidade da República Tcheca, situada na margem do rio Vltava. Conhecida como “cidade das cem cúpulas”, Praga é um dos mais belos e antigos centros urbanos da Europa, famosa pelo extenso patrimônio arquitetônico e rica vida cultural, como é bem retratado por Milan Kundera no best Seller: “Nesnesitelná lehkost bytí”, ou, “A Insustentável Leveza do Ser”, título em português, é um livro publicado em 1984 por Milan Kundera. O romance se passa na cidade de Praga em 1968. Foi adaptado para o cinema pelo diretor Philip Kaufman sob o nome “The Unbearable Lightness of Being”. Praga é importante também como núcleo de transportes e comunicações, é o principal centro econômico e industrial da República Tcheca. Situada na Boêmia central, a cidade de Praga localiza-se sobre colinas, em ambas as margens do rio Vltava, pouco antes de sua confluência com o rio Elba. O curso sinuoso do rio através da cidade, cheia de belas e antigas pontes, contrasta com a presença imponente do grande Castelo de Praga em Hradcany, que domina a capital na margem esquerda (oriental) do Vltava.
               O romance foi traduzido pela escritora Inês Pedrosa, a partir do francês, em que Kundera o escreveu. Nascido na Checoslováquia há 85 anos, Milan Kundera fixou-se em França, como exilado, em 1975, tendo adquirido a nacionalidade francesa em 1981, e tem optado pela língua de Molière e de Balzac, desde livros A Lentidão (“La Lenteur”), de 1989; A Identidade (“L`Identité”), de 1998, e Ignorância (“L`Ignorance”), de 2000, são outros romances redigidos em francês, comparativamente à semelhança dos volumes de ensaio A Cortina (“Le Rideau”, 2005) e Um Encontro (“Une reencontre”, 2009), “Jacques e o seu amo”, “A valsa do adeus”, “A vida não é aqui”, “O livro do riso e do esquecimento”, “O livro dos amores risíveis” são títulos do autor que não publicava ficção desde 2000, quando saiu a edição de A Ignorância. Mas em Lanteur que o amor é, por definição, um prêmio sem mérito, pois para Kundera é melhor ouvir: - “Eu sou louca por ti embora nem sejas inteligente nem uma pessoa decente, embora seja um mentiroso, um egoísta e um canalha”.  
                   

Praga é o cenário do filme “A Insustentável Leveza do Ser”, baseado na obra de Milan Kundera. 
             
No livro A Ignorância é descrito o diálogo entre uma mulher e um homem que se encontram por acaso durante a viagem de regresso ao país natal, de onde emigraram vinte anos atrás. O enredo está centrado na possibilidade de recuperarem uma estranha história de amor, que então, na sua terra, fora apenas iniciada. Entretanto, depois de tão larga ausência, as suas lembranças não se assemelham. Nossa memória só é capaz de reter uma pequena parcela do passado, e sem a técnica da psicanálise que ninguém saiba por que precisamente essa e não outra. Vivemos imersos num imenso esquecimento e não nos preocupamos com isso. Só aqueles que, como fora Ulisses, regressam vinte anos depois à sua ítaca natal podem ver de perto, atônitos e deslumbrados, a deusa da ignorância. Temos aí a emigração, imposta ou voluntária. A Festa da Insignificância é uma prosa poética, peça de teatro e fábula. O texto existencialista tem como escopo um grupo de amigos, todos eles homens maduros e solitários vivendo no coração da cidade de Paris. Alain dialoga com o retrato da mãe ausente, enquanto se interroga sobre os motivos do abandono; Caliban, ator recalcado, entretém-se durante o trabalho como garçom a numa língua inventada, e se dá conta de que não existe personagem sem um público que a veja; Charles, cuja mãe se encontra no leito de morte, sonha em escrever uma peça de marionetes sobre Stalin e Kalinin, e se entretém com a ausência do riso na sociedade contemporânea; D’Ardelo, narcisista, reencontra os prazeres da vida ao inventar a iminência da própria morte; e Ramon, aposentado, sente-se cada vez mais afastado do seu tempo, descobre com leveza as vantagens da insignificância. Na direção da reflexão de Kundera essas vozes inventadas ganham vida ao se cruzarem em torno do Jardim do Luxemburgo.

      Compartilham tout en passant, a fragilidade humana, o teor de suas angústias, entre sonhos e verdades. Se uma das principais características do romance tradicional é tentar abarcar em suas páginas um fragmento completo da realidade, Kundera nunca pretendeu escrever um romance tradicional. Pelo contrário, a provocação daí advinda é ampliada pelo fato de que, à narrativa central, vão se mesclando hic et nunc histórias inventadas pelas próprias figuras centrais como a pungente fábula da suicida que opta pela vida ao matar seu salvador, ou as diversas interferências sobre os últimos dias do regime stalinista. Apesar disso, talvez por esse mesmo conteúdo de sentido/motivo, as personagens da festa da insignificância são tão coerentes e verossímeis, como se se tratassem de pessoas que conhecemos até mesmo por seus medos e anseios serem tão parecidos com os nossos. Analogamente humanas, demasiadamente humanas, é o que se pode dizer das vozes em uníssono que se intercalam para compor o perspectivismo de Milan Kundera. Se na vida Nietzsche analisa os mais diversos aspectos do pensamento humano. Procurando ainda estabelecer uma ligação entre o que é bárbaro na humanidade e o estado em que se encontra em seu tempo para deslumbrar as inverdades das superstições, depurado de tudo que é fantasia, Milan Kundera, pretende demonstrar que continua a ser um mestre refinado e perspicaz. Principalmente no que diz respeito à capacidade de reter e captar a essência real do seu te em que se perdeu o contato estético com humor, por não ser mais quase capaz dos méritos da autocrítica, portanto, viva a insignificância!
              Finalmente, a presença de conteúdos essencialmente filosóficos no texto de Milan Kundera faz-se notar de modo explícito, por força e dimensão de seu estilo literário narrativo. Seu processo constante de persuasão decorre de um parti pris na concepção estética de ideologia na arte através da condensação e deslocamento do texto. Assim, os capítulos em forma de comentário funcionam à maneira de notas de rodapé, como fez de Marx, na O Capital, um exemplo técnico-metodológico exemplar para a sociologia, esclarecendo o leitor sobre o terreno filosófico e psicológico em que a história social e político-afetiva se desenrolam. A referência a autores da tradição filosófica como na articulação bem-vinda entre pensadores como Nietzsche e Parmênides compondo a ideia de vontade no centro, situa o enredo “fati” do romance dentro de uma perspectiva existencial, submetendo as situações de angústia a uma análise filosófica, a uma reflexão especulativa. Sem temor a erro a problemática especulativa da leveza e do peso possui amparo na filosofia de Parmênides. É neste sentido quem Kundera desloca a dualidade do peso e da leveza para uma perspectiva existencial, mesclando-a ao problema da liberdade em uma perspectiva vis-a-vis à problemática da existencia. Para Kundera, a leveza decorre de uma vida levada sob o teto da liberdade descompromissada.
A leveza segue-se de um não engajamento político, um não comprometimento com situações quaisquer, aproximando-se, nesse sentido, hic et nunc das ideias libertárias de um Jean-Paul Sartre sobre a condição humana. O personagem Tomas é a metáfora através da qual Kundera ilustra as consequências existenciais do comprometimento da liberdade para com uma situação qualquer - no caso, relacional do vínculo afetivo com Teresa. A partir de então Tomas experimenta o peso do comprometimento, peso opressivo de um engajamento qualquer, uma situação qualquer. A leveza, porém, despe totalmente a vida de seu sentido. O peso do comprometimento é uma âncora que finca a vida a uma razão de ser qualquer que se constrói, acreditamos, sob uma perspectiva existencialista, evidentemente. Sob a vontade da filosofia nietzschiana, porém, Tomas levava uma vida autêntica, construindo os próprios valores sob os quais conduzia sua vida. Teresa ilustra a problemática da moralidade de escravos: incapaz de realizar um empreendimento como de Tomas, amarra-o pela força de sua impotência, chegando ao final à admissão de ter “destruído sua vida”, ao final do livro. Tomas, encarnando metaforicamente a noção nietzschiana de amor fati, revela que não se arrepende de nada. Remetendo à doutrina do Eterno Retorno no início do livro.
Bibliografia geral consultada.

BATAILLE, Georges, Sur Nietzsche: Volonté de Chance. Paris: Éditions Gallimard, 1967; KAUFMANN, Walter, Nietzsche: Philosofer, Psychologist, Anticrist. Princeton University Press, 1974; HARTMANN, Nicolai, A Filosofia do Idealismo Alemão. Lisboa: Editor Kalouste Gulbenkian, 1976; GUINSBURG, Jacó (Org.), Círculo Linguístico de Praga. São Paulo: Editora Perspectiva, 1978; TOLEDO, Dionísio (org.), Círculo Linguístico de Praga: Estruturalismo e Semiologia. Porto Alegre: Editor Globo, 1978; pp. 50-72; VALADIER, Paul, Nietzsche y la Critica del Cristianismo. Madrid: Ediciones Cristiandad, 1982; FOUCAULT, Michel, Nietzsche, Freud e Marx. Theatrum Phifosoficum. 4ª edição. São Paulo: Editor Princípio, 1987; KUNDERA, Milan, La Identidad. Traducido del francês por Beatriz de Moura. Barcelona: Tusquets Editores, 1998; HÉBER-SUFFRIN, Pierre, O Zaratustra de Nietzsche. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991; JAY, Martin, A Imaginação Dialética: História da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisas Sociais, 1923-1950. Rio de Janeiro: Editor Contraponto, 2008; CARVALHO, Marçal Luis Ribeiro, A Questão Punitiva na Pós-modernidade: Desafios Contemporâneos à Luz da Ética da Alteridade. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2010; SILVA, Rosimara Aparecida da, Os Signos da Memória em Milan Kundera. Dissertação de Mestrado em Literatura. Brasília: Universidade de Brasília, 2011; SILVA, Lucas Haddad Grosso, A Prosa Romanesca da Metaficção em Milan Kundera e Ivan Angelo: Inter-relação Ato de Narrar e Modos Inventivos. Dissertação de Mestrado em Literatura. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2014; BARROSO FILHO, Wilton; BARROSO, Maria Veralice, “Entre o passado e o presente do romance moderno: o humor na escrita de Milan Kundera”. In: A Literatura do Século XXI: Localismo Versus Alexandrinismo. Vol. 31, n 1, 2015;  entre outros. 

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