quarta-feira, 29 de abril de 2020

Tzvetan Todorov - Sociedade, Discurso e Literatura Política.


                                        “O herói é aquele que permanece imperturbavelmente concentrado”. Tzvetan Todorov            

        

            Dizer que o homem é um ser social como o fez brilhantemente Marx, no âmbito da economia política e do materialismo histórico, e depois Durkheim, demonstrando a especificidade da análise, distinguindo as formas de sentir, pensar e agir que define o nível analítico da sociologia repõe a seguinte questão: o que exatamente significa essa indagação? Para Marx, que propõe a ruptura com Hegel, afirma que ele caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento, que se concentra em si mesmo, se aprofunda em si mesmo e se movimenta por si mesmo. Enquanto o método materialista que consiste em elevar-se do abstrato ao concreto é precisamente a maneira de se apropriar do concreto, de reproduzi-lo como concreto espiritual. O todo, na forma em que aparece no espírito como todo-de-pensamento, é um produto do cérebro pensante, que se apropria do mundo do único modo que lhe é possível, de um modo que difere da apropriação desse mundo pela arte, pela religião, pelo espírito prático. Antes como depois, o objeto real conserva a sua independência fora do espírito; e isso durante o tempo em que o espírito tiver uma atividade meramente especulativa, meramente teórica. Exatamente no emprego do método teórico é necessário que a sociedade - o objeto -  esteja  presente no espírito como dado primeiro da observação metódica.
        E neste sentido, que a sociologia durkheimiana adverte-nos que é tão pouco habitual tratar os fatos sociais cientificamente que, se existe uma ciência das sociedades, cabe esperar que ela não consistisse em uma simples paráfrase dos preconceitos tradicionais, mas demonstre diferentemente em contraste como as vê o senso comum,  que associa-se em geral aquele conhecimento que não passa por reflexão, sendo aceito pela maioria das pessoas sem questionamentos. Por sua vez, o senso crítico é fortemente baseado em procedimentos de crítica e reflexão, além de passar pelo crivo do método científico e na pesquisa, pois o objeto de toda ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões relativamente aceitas, pois cumpre que o sociólogo tome decididamente o partido de não se intimidar com os resultados de suas pesquisas, se estas foram metodicamente conduzidas. Se buscar o paradoxo é próprio de um sofista, fugir dele, e mesmo quando torna-se imposto pelos fatos da cultura, denota um espírito sem coragem ou sem fé na ciência. Infelizmente, é mais fácil admitir essa regra em princípio e teoricamente do que aplica-la com perseverança. Lembrava o sociólogo francês que em matéria de método, jamais se pode fazer senão o provisório, pois os métodos mudam à medida que a ciência avança socialmente.



            A proposição segundo a qual os fatos sociais devem ser “tratados como coisas”, proposição que está na base do método tanto de Marx quanto de Durkheim, se opõe à ideia assim como o que se conhece a partir de fora se opõe ao que se conhece a partir de dentro. É coisa todo objeto do conhecimento que não é naturalmente penetrável à inteligência, tudo aquilo de que não podemos fazer uma noção adequada por um simples procedimento de análise mental, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender a menos que saia de si mesmo, por meio de observações e experimentações, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis aos menos visíveis e aos mais profundos. Tratar os fatos sociais de certa ordem como coisas não é, portanto, classifica-los nesta ou naquela categoria do real; é observar diante deles certa atitude mental. É abordar seu estudo tomando por princípio que se ignora absolutamente o que eles são e que suas propriedades características, bem como as suas causas desconhecidas, não podem ser descobertas pela introspecção. Eles são para nós, no momento em que empreendemos fazer-lhes a ciência, necessariamente coisas ignoradas. As representações que fizemos da vida, tendo sido feita sem método e sem crítica, são desprovidas de valor científico e devem ser  deixadas de lado.
            Eis, portanto uma ordem de fatos que apresentam características muito especiais: consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, e que são dotadas de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se impõem a ele. No momento em que uma nova ordem de fenômenos torna-se objeto de ciência, eles já se acham representados no espírito, não apenas por imagens sensíveis, mas por espécies de conceitos grosseiramente formados. O homem não pode viver em meio às coisas sem formar a respeito delas as ideias de acordo com as quais regula sua conduta. Em vez de observar as coisas, de descrevê-las, de compará-las, contentamo-nos então em tomar consciência de nossas ideias, em analisá-las, em combiná-las. Em vez de uma ciência de realidades, não fazemos mais do que uma análise ideológica. Pode-se recorrer aos fatos para confirmar as noções ou as conclusões imediatas que se tiram. Mas os fatos só intervêm então secundariamente, a título de exemplos ou de provas confirmatórias; eles não são objeto da ciência. Esta vai das ideias às coisas, não das coisas às ideias. É coisa tudo o que é dado, tudo o que se oferece ou se impõe à observação, o ato de considerar com atenção as coisas, os seres, os eventos.
            É preciso, portanto considerar os fenômenos sociais em si mesmos, separados dos sujeitos conscientes que os concebem; é preciso estuda-los de fora, como coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se apresentam a nós. Se essa exterioridade for apenas aparente, a ilusão se dissipará à medida que a ciência avançar e veremos, por assim dizer, o de fora entrar no de dentro. Mas a solução não pode ser preconcebida e, mesmo que eles não tivessem afinal todos os caracteres da coisa, deve-se primeiro trata-los como se os tivessem. Essa regra aplica-se, portanto à realidade social inteira, sem que haja motivos para qualquer exceção. O caráter convencional de uma prática ou de uma instituição jamais deve ser presumido. De resto, e de uma maneira geral, o que foi dito anteriormente sobre os caracteres distintivos do fato social é suficiente para nos certificar sobre a natureza dessa objetividade nas ciências sociais e para comprovar que ela não é ilusória. Com efeito, reconhece-se principalmente uma coisa “pelo sinal de ela que não pode ser modificada por um simples decreto da vontade”. É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou segundo a definição durkheimiana, ainda toda maneira objetiva de fazer que é geral na extensão de uma sociedade determinada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais.
              Nascido em Sofia, na Bulgária (1939), Todorov fez seus estudos na área de Letras ainda em sua terra natal, então sob a égide do regime socialista autoritário vigente nos países do Leste Europeu. Sobre as suas obras literárias e sociais o búlgaro envolveu-se nestas questões políticas mesmo após se formar na Universidade de Sófia (em filologia) e se doutorar na Universidade de Paris, juntando-se ao Centre Nationale de la Recherche Scientifique (CNRS) em 1968. Dois anos depois, aliou-se a Gérard Genette, fundando a revista Poétique, na qual foi editor até 1979. Sua concepção de teoria e filosofia direciona-se para a crítica literária sobre poesia eslava, numa démarche estruturada da filosofia da linguagem, assim como numa visão estruturalista que a concebe como parte da semiótica saussuriana, fato social de sua formação que compôs seus estudos dirigidos por Roland Barthes. Com a publicação de A Conquista da América. O Problema do Outro (2007), Todorov expõe suas pesquisas a respeito do conceito de alteridade, existente na relação de indivíduos pertencentes as etnias, cujo tema encontra justificativa na situação do próprio autor. Não por acaso, ganhou o prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências Sociais (2008). O prémio foi instituído em 24 de setembro de 1980 por Filipe, Príncipe das Astúrias, herdeiro ao trono de Espanha, com o objetivo de “consolidar a ligação entre o principado e o Príncipe das Astúrias e de contribuir para encorajar e promover os valores científicos, culturais e humanistas que são parte da herança universal da humanidade”.
             A história da Bulgária moderna têm início em 3 de março de 1878, quando o Tratado de San Stefano dá autonomia ao Estado búlgaro, realizado sob a supervisão de Otto von Bismarck, o representante máximo do Império Alemão, e de Benjamin Disraeli do Reino Unido, que revisou o tratado anterior (San Stefano), o futuro Reino da Bulgária teve seu território reduzido, quando compreendia as regiões da Mésia, Trácia e Macedônia. Baseados nesta data política, os búlgaros comemoram todos os anos o Dia da Nação Búlgara. No entanto, cientes de que o novo Estado teria hegemonia nos Bálcãs, outras grandes potências, em especial a Áustria-Hungria, rejeitou o tratado e conseguiram diminuir o território que viria a compor o Reino da Bulgária, dando uma “sobrevida” ao Império Otomano na península balcânica. Os búlgaros adotavam uma  constituição democrática, e o poder foi passado ao Partido Liberal liderado por Stefan Stambolov. O Príncipe Alexandre tinha uma educação conservadora, e no começo opôs-se às políticas de Stambolov, um importante e popular fundador da Bulgaria moderna,  “o Bismarck búlgaro”, que em 1885 já era considerado simpático ao seu novo país, a ponto de ganhar também o apoio dos liberais.
            Apesar de uma série de leis antijudaicas criadas a partir de 1940, pois os judeus foram excluídos do serviço público, banidos de certas áreas, tiveram sua participação na economia restringida, e não poderiam se casar com não judeus, a Bulgária foi o único país, além da Dinamarca e da Finlândia, a resistir à deportação de judeus. Em 1943, 20 mil foram expulsos de Sófia, mas protestos iniciados por Dimitar Peshev e por outros políticos e clérigos impediram intervenções nesta linha, salvando aproximadamente 50 mil judeus no país. A Bulgária foi forçada, entretanto, a deportar judeus das áreas conquistadas. Vários judeus da Macedônia e da Trácia foram deportados, e no total, o país expulsou outros 11 mil judeus de seu território para a Alemanha nazista. A maior parte deles morreu no campo de concentração de Treblinka, o quarto campo onde os judeus foram exterminados em câmaras de gás alimentadas por motores a explosão, localizado nos arredores da cidade de Treblinka, na Polônia, ocupada pelos alemães. Também foi o primeiro campo de morte alemão onde ocorreu a cremação dos cadáveres a fim de ocultar o número real de pessoas mortas. Neste campo de segregação foi criado um “sistema de trabalho” (sonderkommando) onde os judeus eram incumbidos de receber os comboios que chegavam e conduzir os deportados para as câmaras de gás, retirar os cadáveres, extrair os dentes de ouro, e proceder ao processo de cremação.
Tzvetan Todorov e Assis Brasil (2012).
       Treblinka era um dos argumentos preferidos dos que negavam o Holocausto. Os depoimentos dos sobreviventes e os documentos falavam de um campo de extermínio a uma hora e meia da capital polonesa, Varsóvia, mas no ponto indicado só havia uma ladeira verde, uma granja e um bosque. Nada a ver com as barras e as duchas de Auschwitz. Uma equipe da Universidade de Staffordshire (Reino Unido), comandado pela arqueóloga forense Caroline Sturdy Colls, encontrou a primeira evidência física das câmeras de gás, alicerces e lousas, além de várias fossas comuns. Sua investigação não é importante só porque demonstra a única prova tangível de que Treblinka não foi um mito, mas pelos meios empregados. Comparativamente é um processo que se assemelha ao empregado na Espanha para buscar algumas fossas da Guerra Civil (1936-39), incluindo a do poeta e dramaturgo Frederico García Lorca em Granada. Depois vieram os alicerces, buracos tampados que pertenciam às câmeras de gás. E também a descoberta mais macabra: lousas de cerâmica, finas, avermelhadas e de cor mostarda, com a estrela de David em relevo.  Sobreviventes já falavam desses desenhos, como se vê em seus relatos etnográficos no Museu Yad Yashem de Jerusalém: a câmera de gás, contavam, estava disfarçada de mikvé, o “banho ritual judeu”, o que levava os homens e mulheres que chegavam a Treblinka a pensar que iriam tomar banho.
O símbolo sagrado do judaísmo na fachada desse edifício os ludibriava e fazia com que se sentissem seguros, confiantes e enganados até o último momento. Foi assim durante os 24 meses que funcionou o ritual macabro no campo entre 1942 e 1943. Graças às escavações arqueológicas, pôde-se desenhar um mapa do recinto, da trilha do trem à qual chegavam os judeus e ciganos, aos quais era dito que Treblinka só era uma zona de passagem, antes de ser deportados para o Leste, como lembra o professor Gideon Greif,  até as duas câmeras das quais há restos, uma com capacidade para 600 pessoas e outra para 5.000, e o corredor ao ar livre pelo qual os dirigiam. Há depoimentos, não obstante, que falavam de até uma dezena de câmeras espalhadas pela zona. Em 60 minutos, os vivos passavam do trem à nudez e à morte, segundo indicam os arqueólogos no documentário: Treblinka: Hitler’s Killing Machine (2014), divulgado pelo Smithsonian Channel, canal de televisão por assinatura pertencente a uma joint venture entre a Showtime Networks, da ViacomCBS Domestic Media Networks, uma divisão do conglomerado de mídia ViacomCBS, que supervisiona as operações de vários canais de televisão e websites, incluindo o canal original MTV, e a Smithsonian Instituition. É inspirado nos museus, nas instalações de pesquisa e através das revistas de divulgação onde ocorreu a descoberta e inclui uma recriação histórica do espaço.
 O cinema na concepção do realismo maravilhoso, segundo Marinho (2006), agrega várias modalidades em torno da ficção científica, nos filmes de aventura e fantasia. Seus heróis como os dos romances de aventura, são dotados de heroísmo e grandes feitos, impossíveis para meros mortais. O herói das narrativas de aventura é envolvido hic et nunc por uma espécie de aura mítica. O fabuloso cientista Indiana Jones, renomado professor de arqueologia, sai de seu lugar de origem em 1936, atravessando o mundo ocidental em busca da milenar arca perdida. Representa um personagem da série de filmes Indiana Jones, criado por George Lucas e Steven Spielberg, George Lucas criou o personagem em homenagem aos heróis de séries e filmes de ação dos anos 1930. O personagem apareceu pela primeira vez em 1981 em Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, dirigido por Steven Spielberg e vivido por Harrison Ford. O personagem se distingue pela sua aparência com chicote, chapéu, mochila e jaqueta de couro, excelente senso de humor, conhecimento profundo de inúmeras civilizações, línguas antigas e medo de cobras. O cinema narrativo mantém uma estreita proximidade com a literatura mágica na medida em que serve de inspiração para adaptações dos ensaios literários às telonas dos cinemas como também para referendar sua proposta narrativa.
O nome de Tzvetan Todorov entraria para a história associado ao pensamento estruturalista francês, em voga em todo o ambiente acadêmico ocidental nas décadas de 1960 e 1970 e até hoje um elemento central da vida intelectual do século 20. Foi nesse ambiente, ligado a figuras como o antropólogo Claude Lévi-Strauss e ao também crítico e teórico da literatura Roland Barthes seu orientador acadêmico, entre outros, que Todorov fez sua reputação. Não bastasse a versatilidade e a acuidade com que este búlgaro examinava clássicos franceses e ingleses como Choderlos de Laclos e Henry James, a política, ou melhor dizendo, a inteira esfera do que é político, obviamente não poderia ter escapado aos interesses de pensador tão fecundo.  E foram tais interesses que estiveram no centro das atenções da conferência de Tzvetan Todorov no Brasil, em 2012, no Fronteiras do Pensamento. Lançando seu livro Os inimigos íntimos da democracia (2012), Todorov ofereceu uma ampla análise histórica e estrutural do messianismo político que, a seu ver, ameaça a própria ideia de democracia.

Prêmio Príncipe das Astúrias Ciências Sociais (2008)
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Como imigrante na França, um país onde se espraia claramente a relação política entre nacionais e estrangeiros historicamente marcados “por um xenofobismo não declarado”. Ipso facto, Todorov discorreu sobre o fantástico (2010) na literatura, fazendo a diferenciação entre a tríade: fantástico, estranho e maravilhoso. Em um caso inusitado, mas preciso no âmbito do cinema, Woody Allen, diz numa entrevista à revista Rolling Stone, segundo Bonici (2013) que gostava de ler Kafka, Sartre, Camus e Kierkegaard. Esse gosto ressurge transparecido em alguns de seus filmes, como Desconstruindo Harry (1997), um escritor que sofre de graves distúrbios psicológicos relacionados a pessoas ao seu redor, o que lhe causa bastante confusão com as pessoas próximas, Crimes e Pecados (1989), sobre o bem-sucedido oftalmologista Judah Rosenthal sendo homenageado e se lembra dos ensinamentos religiosos de seu pai e da crise provocada por sua amante, Dolores Paley, que o está pressionando a abandonar a esposa Miriam e ficar com ela. Judah Rosenthal conta seus problemas e ouvem os bons conselhos do seu paciente, o rabino Ben, e em contraste, os maus conselhos de seu irmão Jack, um meio-criminoso, que se oferece para silenciar sua amante, e A Outra (1988), uma professora de filosofia enfrentando uma crise de meia-idade aluga um apartamento para poder escrever. Vizinha de uma psiquiatra, ela começa a ouvir partes de conversas dela com seus pacientes, ficando obcecada pela vida de uma jovem grávida. Essas obras de “escrita pesada”, com temas polêmicos que circundavam a ausência de Deus, a angústia frente à iminência da morte e o absurdo da vida.  
O cineasta trouxe essas questões através da comédia, tratando-os da forma moderada. Mas, além dessas questões, muitos dos filmes de Allen tratam do fantástico e do estranho, como é o caso de A Rosa Púrpura do Cairo (1985), onde Cecília, uma desajeitada garçonete que sustenta Monk, o marido bêbado e desempregado e que só sabe ser violento e grosseiro, costuma fugir da sua triste realidade assistindo a sessões seguidas de seus filmes prediletos. Ao assistir pela quinta vez o filme A Rosa Púrpura do Cairo (1985), ela tem uma grande surpresa ao ver o herói protagonista Tom Baxter magicamente sair das telas em preto e branco da fita em vídeo para um mundo real e colorido e declarar seu amor a ela, provocando uma extraordinária confusão. Em Meia-Noite em Paris (2011) o escritor e roteirista norte-americano viaja com a noiva Inez e a família dela à Paris e realiza vários passeios noturnos sozinho. Mas descobre que, surpreendentemente, ao badalar da meia-noite, é transportado para a Paris histórica de 1920, um espaço e lugar que considera os melhores de todos. Nessas viagens vai a várias festas onde reconhece alguns intelectuais e artistas que tem uma grande admiração, como F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Ernest Hemingway, Salvador Dali, e outros, até que tenta acabar o seu romance com Inez, pois se apaixonou por Adriana, uma bela moça do passado, e é forçado a confrontar a ilusão de que uma vida diferente, pois representava a “época de ouro” francesa que para ele é melhor do que a atualidade.
A intolerância social e política parece estar na raiz de uma série de conflitos internacionais, e é exatamente contra isso que Todorov investe toda a sua capacidade de arguir o real. Ele faz um apelo à responsabilidade social de Estados-Nação, entre religiosos, políticos, mídia, formadores de opinião e cidadãos em geral. Na realidade, todos têm uma dívida com a história, impossível de ser dividida por uma fronteira onde o Ocidente é o bem e o Islã é o mal. O que dizer da aceitação da tortura pelo governo da América do Norte, seja no próprio território, seja em Abu Ghraib ou da criação de um Ministério da Identidade Nacional por Sarkozy? A intolerância parece estar na raiz de uma série de conflitos internacionais, e é exatamente contra isso que Todorov contra a associação maniqueísta envolvendo cultura e política que engendra um verdadeiro campo minado. Casos como as caricaturas ridicularizando Maomé publicado no diário dinamarquês em 2005, e reproduzido no semanário Charlie-Hebdo, bem como a injúria antimuçulmana de um professor francês no Le Fígaro, um jornal francês publicado em Paris de concepção editorial de centro-direita, enquanto que o seu principal concorrente, o Le Monde, é considerado analiticamente menos conservador, ipso facto mais ao centro e do ponto de vista comunicativo, tudo aquilo que elas geraram em termos de tensões sociais e internacionais o conduzem a pensar criticamente no sentido político.
               
A vontade de comprovar que a liberdade de expressão, teria sido necessário escolher afirmações que fossem ao encontro da opinião comum e que transgredissem proibições aceitas pela maioria dos cidadãos: por exemplo, proferir frases antissemitas. Se ninguém tem a ideia de defender a liberdade de expressão dessa maneira é porque, contrariamente ao que se ouve em determinadas tomadas de posição, essa liberdade não é o único, nem o mais fundamental, dos valores de uma democracia liberal; seu lugar está garantido entre eles, certamente, mas ao lado de outros aos quais ela deveria adaptar-se. Todos aceitam tacitamente tal hierarquia; além disso, não se fala de censura quando se proíbe a incitação ao ódio racial. Enquanto raça e etnia são consideradas fenômenos distintos na ciência social contemporânea, os dois termos têm uma longa história de equivalência no uso popular e na literatura mais antiga das ciências sociais. A relação das ciências sociais com a literatura não se constitui novidade no meio acadêmico. Alguns filósofos da cena contemporânea têm problematizado o divórcio entre essas duas concepções, como Paul Karl Feyerabend, Jean-Paul Sartre, Martin Heidegger, Donald Davidson, Hilary Putnam, Richard Rorty, Homi Bhabha, Alasdir MacIntyre e Charles Taylor, entre outros.
Com a invasão muçulmana da Península Ibérica, os muçulmanos berberes derrubaram os governantes anteriores  visigóticos e criaram a Al-Andalus, que contribuiu para a Idade de Ouro da cultura judaica no Al-Andalus, e durou seis séculos. Foi seguido pela secular Reconquista, terminada sob  monarcas católicos  Fernando V e Isabel I de Castela. O legado católico espanhol formulou a doutrina Limpieza de sangre. Foi durante esse período da história que o conceito ocidental de aristocrática “sangue azul” surgiu em um contexto ideológico racializado, religioso e feudal, de modo a impedir a mobilidade dos Novos Cristãos. Na história social e política, o racismo é uma força motriz estabelecida por trás do tráfico transatlântico de escravos e de Estados que se basearam na segregação racial, como os Estados Unidos da América no século XIX e início do século XX e África do Sul sob o regime apartheid. As práticas e ideologias do racismo são condenadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), na Declaração dos Direitos Humanos, entre outros. Ele também é uma parte importante da base política de genocídios continentais ao redor do planeta, como é real o Holocausto, mas também coloniais, como os ciclos da borracha na América do Sul e no Congo, na conquista europeia das Américas e de colonização da África, Ásia e Austrália.
         A formação de colônias é a forma segundo a qual a espécie humana se irradiou pelo mundo. A colonização de territórios não era geralmente acompanhada pelo uso da força, a não ser para lutar contra eventuais animais que os ocupassem. Em tempos mais recentes, no entanto, o crescimento populacional e econômico em vários países da Europa e da Ásia (os Mongóis e os japoneses) levou a um novo tipo de colonização, que passou a ter o caráter de dominação (e, por vezes, o extermínio massivo) de povos que ocupavam territórios longínquos e dos seus recursos naturais, criando grandes impérios coloniais. Um dos aspectos mais importantes desta colonização foi a escravidão, com a exportação de uma grande parte da população africana para as Américas, com consequências nefastas, tanto para o continente negro, como para os descendentes dos escravos, que perduram. No século XIII, os reis mongóis sucessores de Genghis Khan construíram o maior império colonial, abrangendo quase toda a Ásia e parte da Europa de leste. Nos finais do século XIX, os japoneses começaram a expandir-se e, na conjuntura entre-guerras mundiais, dominavam a Coreia,  parte da China, a Indochina, as Filipinas e a colônia das Índias Orientais Holandesas, atual Indonésia. O colonialismo europeu abrangeu a maior parte do mundo globalizado, fora daquele continente, tendo sido ocupadas completamente as Américas e a Austrália até ao século XVII e a maior parte de África até ao início do século XIX. Em 1885, as diferentes regiões dos países de África foi dividida e distribuída pelas potências coloniais europeias na Conferência de Berlim, reconhecida como conferência da África Ocidental, ou Conferência do Congo, de 15 de novembro de 1884 a 26 de fevereiro de 1885, demarcando a nova repartição e divisão territorial da África. 
Bibliografia geral consultada.
TODOROV, Tzvetan, Introduction à la Littérature Fantastique. Paris: Éditions Le Seuil, 1970; Idem, Os Gêneros do Discurso. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1980;  Idem, Devoirs et Délices: une Vie Passeur. Paris: Le Seuil, 2002; Idem, La Conquista de América. El problema del outro. México: Siglo XXI Editores, 2007; Idem, The Fear of Barbarians: Beyond the Clash of Civilizations. Trad. Andrew Brown. Chicago: University of Chicago Press, 2010; Idem, Os Inimigos Íntimos da Democracia. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2012; MUSCOLO, Silvina, Tzvetan Todorov y el Discurso Fantástico. Madrid: Ediciones Campo de Ideas, 2005; MARINHO, Celisa Carolina Álvares, Contribuições para uma Política do Maravilhoso: Um Estudo Comparativo sobre a Narratividade Literária e Cinematográfica. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas e Vernáculas. Departamento de Letras. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006; BONICI, Stella Correia, O Fantástico, o Maravilhoso e o Estranho nos Filmes de Woody Allen. São Paulo: Escola de Comunicação e Artes. Universidade de São Paulo, 2013; RENGEL, Carmen, “A história desenterra Treblinka”. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/01/; RIBEIRO, Roberta do Carmo, Woody Allen Cineasta-historiador: Ironia e Identidade Judaica em Filmes sobre o Período Entreguerras. Dissertação de Mestrado em Historia. Programa de Pós-graduação em Historia. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2014; FOUCAULT, Michel, Isto não é um cachimbo. 7ª edição. Tradução de Jorge Coli. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2016; MÖRSCHBÄCHER, Dulce, Considerações sobre o Outro e o Comum a partir de Tzvetan Todorov: Contribuições para a Pesquisa Educacional. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Centro de Educação. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2018; LUNA, José Ronaldo Batista de, Para Além do Fantástico: Narradores Olvidados na Literatura do Brasil e da Argentina. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2020; entre outros.

sábado, 25 de abril de 2020

Religião - Martírio das Abadias, Igrejas & Catedrais.


                          As energias voltam sempre quando a esperança volta”. José Saramago


Na verdade que o significado e o sentido do termo fantástico nasce na acepção literária por ocasião da tradução francesa das Phantasiestücke in Callot`s Manier de Ernest Hoffmann (1813). A palavra alemã Phantastich evocava inicialmente as formas breves da fantasia e, na época romântica, trazia à lembrança tudo o que se referia ao domínio do imaginário, mas com a tradução da obra de Hoffmann, o adjetivo evolui em direção ao substantivo e passa a designar uma nova modalidade literária. Pierre- George Castex em seu livro Le Conte Fantastique en France de Nodier à Maupassant (1951), pretende responder às questões de Sainte-Beuve, a fecundidade e a transformação da literatura fantástica no decorrer do século XIX, explicar sua história e o êxito quase constante que ela experimentou e o sucesso ilustrado, de Nodier a Maupassant, “por uma série de obras patéticas ou perturbadoras”.  Em sua Introdução, segundo Camarini (2014), depois de creditar aos jornalistas do Globe, Jean-Jacques Ampère e Duvergier de Hauranne, a clarividência de notar a originalidade da obra de Hoffmann que apresenta um sobrenatural essencialmente interior e psicológico, definindo-o assim: “O fantástico, na verdade, não deve ser confundido com a fabricação convencional de contos mitológicos ou contos de fada, o que implica uma mudança de mentalidade. Pelo contrário, é caracterizada por uma intrusão brutal de mistério no contexto da vida real”.
Podemos pensar no fantástico da Igreja, isto é, considerando-a, ela mesma como um mistério, quando também podemos falar da Igreja do mistério, enquanto que ela é depositária do Mistério de Cristo de comunhão entre Deus e os homens, e destes entre si e com Deus, é sacramentum communionis: ela visibiliza o mistério de união com Deus e com os demais. O catecismo da Igreja Católica fala da Igreja como um projeto nascido no coração do Pai, prefigurada desde a origem do mundo, preparada na Antiga Aliança, instituída por Jesus Cristo, manifestada pelo Espírito Santo e consumada na glória. Diz ainda: - “A Igreja está na história, mas ao mesmo tempo a transcende. É unicamente com os olhos da fé que se pode enxergar em sua realidade visível, ao mesmo tempo, uma realidade espiritual, portadora de vida divina”. Ela é um mistério revelado paulatinamente até que chegasse a plenitude dos tempos (Cfr. Gal 4,4) e Jesus Cristo - que é a plenitude e o mediador da revelação a fundasse. Em primeiro lugar: como a Igreja é um projeto nascido no coração do Pai, e como o Pai é eterno, podemos dizer que a Igreja existe na eternidade no coração de Deus. É elemento central para compreender a Igreja: Comunhão da humanidade para viver em comunhão com ele.



As primeiras igrejas são transportes que datam da Antiguidade tardia. Durante a expansão do cristianismo a construção de igrejas e catedrais se espalhou pelo mundo cristão. As técnicas de construção passaram a depender cada vez mais dos materiais disponíveis e das habilidades dos transportadores de cada região. Diferentes estilos arquitetônicos se desenvolveram e se disseminaram pela administração das novas ordens monásticas, de bispos de uma região nomeados para governar outra e pelas mãos de mestres pedreiros itinerantes que frequentemente serviam de arquitetos. Os estilos das igrejas transportadoras foram chamados, sucessivamente, de arquitetura paleocristã, bizantina, românica, gótica, renascentista, barroca, coroando estilos de revivalismo do final do século XVIII até o princípio do XX nosso contemporâneo. E sobreposto a cada um destes estilos religiosos estavam os diversos estilos e características regionais. Entre estas algumas são tão peculiares à região, nação ou país que, independente da forma de seu estilo, aparecem em igrejas projetadas comparativamente com séculos distantes da diferença entre si.
A palavra igreja, ecclesia, a representação (αντιπροσώπευση) “casa de Deus” tem diversos significados nos livros Sagradas Escrituras, onde os cristãos se reúnem para cumprir seus deveres religiosos. O templo de Jerusalém era a casa de Deus e a casa de oração. O edifício dedicado pelos cristãos ao culto de Cristo, que os sacerdotes gregos chamavam Kyriaké (“a casa do senhor”), e, na língua inglesa, veio mais tarde a se chamar Kirk e church. Em Roma, essa assembleia denominada Concio, é aquela que falava Ecclesiastes e Concionator. No Novo Testamento, uma igreja é um grupo de cristãos que seguem a Cristo. A palavra pode ser usada para falar de todos aqueles que servem ao Senhor, não importa onde estejam (cf. Hebreus 12: 22-23). É frequentemente usada para descrever grupos locais de discípulos que se encontram para adorarem, para edificarem uns aos outros e para proclamarem o evangelho de Jesus. É neste ambiente social de igrejas que encontramos homens escolhidos para supervisionar e guiar. Os sistemas comuns de denominações, de ligas internacionais de igrejas e de hierarquias que ligam e governam milhares de igrejas locais, são invenções do homem. Não há modelo bíblico de tais arranjos. No Novo Testamento, os cristãos serviam juntos em congregações locais. Eles eram gratos pelos seus irmãos em outros lugares. Mas não tentavam criar laços de organização social onde os cristãos de um lugar pudessem dirigir ou governar o trabalho de discípulos de outro lugar. Este modelo se espraia considerado o ensinamento específico sobre a organização social da igreja.
É ainda nesse último sentido, para Thomas Hobbes (1991), que a Igreja pode ser entendida como uma pessoa, isto é, que ela “tenha o poder de querer, de pronunciar, de ordenar, de ser obedecida, de fazer leis ou de praticar qualquer espécie de ação”. Se não existir a autoridade de uma congregação legítima, qualquer ato praticado por um conjunto de pessoas é um ato individual de cada um dos presentes que contribuíram para a prática desse ato. Não um ato conjunto, como se fosse de um só corpo. Nem um ato dos ausentes ou daqueles que, estando presentes, eram contra a sua prática. Uma Igreja pode ser definida “como um conjunto de pessoas que professam a religião cristã, ligadas à pessoa de um soberano, que ordena a reunião e que determina quando não deverá haver reunião”. Ipso facto, politicamente distingue entre a condição da pessoa e o ofício. Enquanto historicamente na Itália Maquiavel discutia as virtudes e deveres dos príncipes, como para Louis XIV, na França: “o Estado sou eu”, Hobbes na Inglaterra, desafiou, quando “o príncipe poderia ser legitimamente substituído”. Nos Estados semelhantes assembleias são ilegítimas, se não são autorizadas pelo soberano civil. E ilegítima a reunião em qualquer Estado em que tiver sido proibida. 

Principalmente as catedrais, entendido o conceito de catedral como templo católico que é a cadeira (cátedra) do bispo ou arcebispo, responsável pelo território da diocese ou arquidiocese, mas também as igrejas de abadia, uma comunidade monástica cristã, originalmente católica (“casa regular formada”), sob a tutela de um abade ou de uma abadessa, que a dirige com a dignidade de pai ou madre espiritual da comunidade, e as basílicas, que representam um grande espaço coberto, destinado à realização de assembleias cuja origem remonta à Grécia Helenística. O seu modelo foi largamente desenvolvido pelos católicos Romanos, sendo mais tarde adaptado como modelo para os templos cristãos que exibem estruturas complexas que raramente são encontradas em igrejas paroquiais. Elas geralmente revelam em análise comparada, em grande medida, o melhor do estilo arquitetural e a concepção e execução do trabalho dos melhores artesãos, ocupando uma posição, eclesiástica e social, que as igrejas paroquiais não tinham. Estas catedrais, ou grandes igrejas são, geralmente, obras-primas da região onde estão assentadas e são objetos de grande orgulho estamental. Muitas catedrais, basílicas e diversas igrejas abaciais estão entre as mais importantes obras da arquitetura mundial. A arquitetura estrutural de catedrais, basílicas e igrejas abaciais é caracterizada principalmente pelo grande tamanho e mobilidade do edifício. Segue uma entre várias tradições de forma, sua função e estilos derivados. E em última instância, das tradições arquitetônicas do cristianismo primitivo consolidadas durante o período constantiniano.
Do ponto de vista temporal e da globalização entre as principais construções é possível citar a Basílica de São Pedro, no Estado do Vaticano é o maior e mais importante edifício religioso do catolicismo e um dos locais cristãos mais visitados do mundo. Cobre uma área urbana plana, majestosa de 23 000 m² e pode albergar mais de 60 mil devotos, o que é proporcionalmente mais de cem vezes a população do Vaticano. É o edifício com o interior mais proeminente do Vaticano, sendo a sua cúpula uma característica dominante do horizonte de Roma, adornado com 340 estátuas de santos, mártires e anjos. Situada na Praça de São Pedro, a sua construção recebeu contribuições de alguns dos maiores artistas da humanidade, tais como Bramante, Michelangelo, Rafael e Bernini. A Catedral de Notre-Dame de Paris é uma das mais antigas catedrais francesas sendo iniciada sua construção no ano de 1163, dedicada à Virgem Maria e situa-se na Île de la Cité em Paris, rodeada pelas águas do rio Sena. A catedral surge intimamente ligada à ideia de gótico no seu esplendor, ao efeito claro das necessidades e aspirações da alta sociedade, e uma nova abordagem como edifício de contato e ascensão espiritual.
A Catedral de Colônia, localizada na cidade alemã de Colônia, é uma igreja católica de estilo gótico, marco principal da cidade e seu símbolo não oficial. É a quinta igreja mais alta do mundo e foi classificada como patrimônio da humanidade em 1996. Símbolo da cidade atrai seis milhões de turistas por ano, sendo o local turístico mais visitado da Alemanha. Em 1164, foram trazidas de Milão “as supostas ossadas dos Três Reis Magos”. Elas estão atrás do altar, numa arca de ouro e prata, ornamentada com pedras preciosas. A Catedral de Salisbury, reconhecida formalmente como Igreja Catedral da Santíssima Virgem Maria, é de orientação religiosa anglicana em Salisbury, Inglaterra, e um dos principais exemplos da arquitetura inglesa primitiva. O corpo principal do edifício foi completado em apenas 38 anos, entre 1220 e 1258. A catedral tem o mais alto coruchéu de igreja no Reino Unido com 123 metros. Os visitantes podem realizar ali o Tower Tour, no qual visitam o interior do coruchéu e apreciam a superestrutura necessária para sustentação e formação dos antigos andaimes de madeira.
 A Catedral de Praga é uma das principais construções da cidade de Praga e a maior igreja da República Checa. Situada no Castelo de Praga e construída juntamente com o castelo, a construção da catedral em seu estilo gótico foi iniciada em 1344 e finalizou-se, depois de uma interrupção das obras no século XV, só em 1929. A Catedral de São Vito é definitivamente a atração n° 1 do Castelo de Praga. Ela abriga as joias da Coroa Tcheca e também as tumbas de santos e antigos reis, incluindo o padroeiro São Wenceslau, o amado São João Nepomuceno e o poderoso Rei Carlos IV que deu nome à famosa Ponte Carlos, maior e belo cartão postal de Praga. A fachada é riquíssima em detalhes, nenhuma gárgula é igual a outra, uma coisa impressionante. A Catedral de São Vito levou quase 600 anos para concluir, pois a obra era interrompida por sucessivas guerras e pragas que assolaram o antigo Reino da Boêmia.
A Catedral Basílica de Saint Denis, antigamente chamada de Abbaye de Saint-Denis é uma ampla igreja abacial na comuna de Saint-Denis, atualmente um subúrbio ao norte de Paris. A igreja abacial foi nomeada catedral em 1966 e é a residência do Bispo de Saint-Denis, Pascal Michel Ghislain Delannoy. Desde este ano, a abadia tornou-se catedral e sede da diocese de Saint-Denis. Fundada no século VII por Dagoberto I onde São Dinis, um santo padroeiro da França, foi sepultado, a igreja se tornou um local de peregrinação e o mausoléu dos reis franceses, quase todos os reis do século X ao XVIII foram sepultados lá, assim como muitos dos séculos anteriores. A igreja não foi utilizada para a coroação de reis, este papel sendo designado à Catedral de Reims. No entanto, rainhas eram comumente coroadas na catedral. Saint-Denis logo se tornou a abadia de um crescente complexo monástico. No século XII o Abade Suger reconstruiu partes da abadia “usando inovadas características estruturais e decorativas”, que foram extraídas de uma série de outras fontes e estilos arquitetônicos. Ao fazer isso, ele afirmou ter criado o primeiro edifício verdadeiramente gótico. A nave do século XIII da basílica é seu protótipo radiante, e forneceu um modelo de arquitetura para catedrais e mosteiros do norte da França, Inglaterra e países congêneres.           
Santa Maria Maggiore ou Basílica de Santa Maria Maior é uma das quatro basílicas maiores, uma das sete igrejas de peregrinação e a maior igreja mariana de Roma, motivo pelo qual ela recebeu o epíteto de Maggiore. Foi a primeira igreja do Ocidente dedicada a Maria em honra a Jesus Cristo, e tem uma celebração específica na liturgia católica rememorando como fato social a Dedicação de Basílica de Santa Maria Maior. Depois do Tratado de Latrão, de 1929, firmado entre a Santa Sé e o Reino da Itália, Santa Maria Maggiore permaneceu como parte do território italiano e não do Vaticano. Porém, a Santa Sé é proprietária do edifício e do terreno onde ele está e o governo italiano é obrigado, legalmente, a reconhecer este fato político e a conceder a ela a imunidade concedida pelo Direito Internacional às embaixadas de agentes diplomáticos de Estados estrangeiros. Desde 28 de dezembro de 2016, o arcipreste protetor da basílica é Stanisław Ryłko, cardeal polonês e presidente do Pontifício Conselho para os Leigos no Vaticano, que é cardeal-diácono do Sagrado Coração do Cristo Rei. O arcipreste mais antigo (geralmente idoso), que aconselhava e assistia o governo da diocese, era o patriarca latino de Antioquia, um título abolido em 1964.

A Basílica de São Vital é o monumento mais famoso de Ravena, Itália e um dos exemplos mais importantes de arte bizantina e arquitetura na Europa Ocidental. A basílica é uma das oito construções dos monumentos paleocristãos de Ravena, consideradas Património Cultural da Humanidade pela Unesco. A Basílica começou a ser construída em 526 d. C., sob a ordem do bispo Eclésio, ainda no reinado do ostrogodo Teodorico, o Grande e foi concluída por Maximiniano em 548 d. C., durante o Exarcado de Ravena, já há sete anos sob o domínio do Império Bizantino. Não se sabe nominalmente quem foi o arquiteto que desenvolveu o planejamento da obra. A igreja tem um plano octogonal em mármore e combina elementos de arquitetura romana, com a cúpula, forma dos vãos das portas, com elementos bizantinos, abside poligonal, capiteis, tijolos estreitos. Contudo, a basílica é mais famosa por sua riqueza de mosaicos bizantinos, os maiores e mais bem preservados fora da cidade de Constantinopla. A Basílica é de extrema importância para a arte bizantina, visto que é a única grande igreja do período do imperador Justiniano que sobreviveu virtualmente intacta. A construção foi patrocinada pelo banqueiro grego Juliano Argentário, de quem pouco se sabe, exceto que também tinha patrocinado a construção da Basílica de Santo Apolinário em Classe quase que simultaneamente. O imperador bizantino Justiniano deve também ter patrocinado a obra como propaganda de seu governo, a fim de acelerar a incorporação de novos territórios ao império. O banqueiro Juliano Argentário é representado nos mosaicos na corte de dignitários de Justiniano, entre o imperador e o bispo.
 A Basílica de São Marcos é a mais famosa das igrejas de Veneza, Itália, e um dos melhores exemplos da arquitetura bizantina. Localizada na Praça de São Marcos, ao lado do Palácio dos Doges, a basílica é a sede da arquidiocese católica romana de Veneza desde 1807. A primeira igreja construída no local foi um edifício temporário no Palácio dos Doges, construído em 828, quando mercadores venezianos adquiriram de Alexandria as supostas relíquias de São Marcos Evangelista. Em 832, um novo edifício foi erguido, no local da atual basílica; esta igreja foi incendiada durante uma rebelião em 976, reconstruída em 978 e, mais uma vez, em 1063, no que viria a ser a base do atual edifício. A igreja apresenta uma planta em cruz grega, baseada nos exemplos de Basílica de Santa Sofia e da Basílica dos Apóstolos, ambas em Constantinopla. Possui um coro elevado acima de uma cripta. A planta do interior consiste em três naves longitudinais e três transversais. Um baldaquino cobre o altar principal, com colunas decoradas com relevos do século XI. O retábulo é a famosa Pala d´Oro - um trabalho em metal bizantino de 1105. Atrás do altar principal há um segundo altar com colunas de alabastro. Os cercados do coro, acima dos quais há três relevos de Sansovino, apresentam obra de marchetaria de Fra Sebastiano Schiavone. Os dois púlpitos de mármore da nave são decorados com estatuetas dos irmãos Massegne (1394).
Basílica de São Marcos.
A Abadia de Westminster denominada Igreja Colegiada de São Westminster, é uma grande igreja em arquitetura gótica na cidade de Westminster, em Londres, a oeste do Palácio de Westminster. É um dos edifícios religiosos mais notáveis ​​do Reino Unido e o local tradicional de coroação e sepultamento dos monarcas ingleses e, posteriormente, britânicos. O edifício em si era uma igreja monástica beneditina até a dissolução do mosteiro em 1539. Entre 1540 e 1556, a abadia tinha o status de catedral. Desde 1560, o prédio não é mais uma abadia ou catedral, tendo o status de Royal Peculiar da Igreja Anglicana, uma igreja responsável diretamente pelo soberano. De acordo com uma tradição relatada pela primeira vez por Sulcard em cerca de 1080, uma igreja foi fundada no local, reconhecida como Thorn Ey (Ilha Thorn) no século VII, em que viveu Mellitus, bispo de Londres. A construção atual começou em 1245, por ordem do rei Henrique III.  Desde a coroação de Guilherme, o Conquistador, em 1066, todas as coroações de monarcas ingleses e britânicos estão na Abadia de Westminster, com 16 casamentos reais na abadia desde 1100. Como local de enterro de mais de 3.300 pessoas, geralmente de destaque predominante na história social e política britânica, incluindo pelo menos dezesseis monarcas, oito primeiros ministros, poetas e atores, cientistas e líderes militares e o Guerreiro Desconhecido, a Abadia às vezes é descrita etnograficamente como Valhalla da Grã-Bretanha, depois de icônico salão funerário da mitologia nórdica.
A Catedral de São Basílio é uma representação ortodoxa russa erguida na Praça Vermelha em Moscou, entre 1555 e 1561. Construída sob a ordem de Ivã IV da Rússia, para comemorar a captura de Kazan e Astracã, marca o centro geométrico da cidade e o centro do seu crescimento, desde o século XIV. Foi o edifício mais alto de Moscou até a conclusão do Campanário de Ivã, o Grande, em 1600. O edifício original, reconhecido como Igreja da Trindade e depois de Catedral da Trindade, continha oito igrejas laterais dispostas ao redor do edifício central e a décima igreja que foi erguida em 1588 sobre o túmulo do santo reconhecido como Vasily (Basílio). Nos séculos XVI e XVII a catedral, considerada o símbolo terreno da Cidade Celestial, era popularmente reconhecida como Jerusalém e serviu como uma alegoria ao Templo de Jerusalém no desfile de Domingo de Ramos com a presença do Patriarca de Moscou e do czar. O projeto do edifício, em forma de chama de uma fogueira subindo ao céu, não tem análogos no domínio da arquitetura russa: - “É como nenhum outro edifício russo. Nada semelhante pode ser encontrado no milênio inteiro da tradição bizantina, do século V ao XV, um estranhamento que surpreende pela sua imprevisibilidade, complexidade e beleza”. A catedral antecipou o desempenho no âmbito do processo de trabalho e clima de comunicação (cf. Lopes, 1988) da arquitetura nacional da Rússia no século XVII. A catedral tem operado como uma divisão do Museu Histórico do Estado desde 1928. Foi completamente secularizada em 1929 e, em 2010, continuou a ser uma propriedade federal da Federação Russa. A catedral é parte do Kremlin e da Praça Vermelha e Patrimônio Mundial da Unesco desde 1990.
            A Igreja Catedral de São Pedro e São Paulo na Cidade e Diocese de Washington, reconhecida como Catedral Nacional de Washington é anglicana-estado-unidense localizada na capital federal, Washington, DC. É a sede da Diocese episcopaliana de Washington, que abrange outras regiões da Virgínia e de Maryland. A construção da catedral foi iniciada em 29 de setembro de 1907 em estilo neogótico, quando a pedra fundamental foi colocada na presença do então presidente Theodore Roosevelt e de uma plateia de mais de 20 000 pessoas. A obra durou 83 anos. A última crista foi colocada na presença do então presidente George H. W. Bush em 1990. Figura entre as 5 maiores estruturas de Washington. A catedral situa-se na área noroeste de Washington, na esquina das avenidas Massachusetts e Wisconsin. É a sexta maior catedral do mundo, e a segunda maior dos Estados Unidos da América. A Catedral Nacional de Washington está afiliada com o governo norte-americano por uma carta do Congresso, assinada em 6 de janeiro de 1893, não recebe fundos de patrocínio ou participação da cidade ou do governo federal norte-americano. A Associação da Catedral Nacional recolhe donativos para a manutenção do edifício.
            A Sagrada Família é o termo usado para designar a família de Jesus de Nazaré, composta segundo a Bíblia por José, Maria e Jesus. A sua festa no calendário litúrgico é celebrada no domingo que fica na Oitava do Natal. As cenas da Sagrada Família são das mais representadas na arte, especialmente em pintura. Destacam-se as cenas da Natividade de Jesus e da Fuga para o Egito. Anúncio do Anjo a José: - “E o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, dizendo: - José, filho de David, não temas receber a Maria tua mulher: porque o que dela nasceu, é obra do Espírito Santo” (cf. Mateus 1: 20). Fuga para o Egito, por causa da perseguição movida pelo rei Herodes, que queria matar Jesus. Descrito como “um louco que assassinou sua própria família e inúmeros rabinos”, Herodes é reconhecido por seus colossais projetos de construção em Jerusalém e outras partes do mundo antigo, em especial a reconstrução que patrocinou do segundo Templo, naquela cidade, por vezes chamado de Templo de Herodes. Alguns detalhes de sua biografia são conhecidos pelas obras do historiador romano-judaico Flávio Josefo. Assim, Jesus perde-se e é encontrado no templo, um episódio também reconhecido na liturgia como “Jesus entre os doutores”. As cenas da Sagrada Família são das mais representadas na arte, especialmente em pintura e posteriormente no cinema. Destacam-se as cenas da Natividade de Jesus e da Fuga para o Egito. A Sagrada Família, obra-prima incompleta de Gaudi, e a antiga igreja de Santa Sofia, atualmente um museu. A primeira capela-mor da igreja Matriz de Fortaleza teve sua construção autorizada pela Ordem Régia de 12 de fevereiro de 1746.

Em 12 de janeiro de 1795, o padre Antônio José Álvares de Carvalho, vigário-geral, contratou José Gonçalves Ramos para terminar a obra. Em 1821, a Matriz de São José encontrava-se em ruínas, precisando ser reconstruída. A vila cresceu para o lado da Igreja do Rosário e foram passadas para esta, em procissão, o Santíssimo Sacramento e todas as imagens, passando ela a funcionar como matriz até 2 de abril de 1854, quando as imagens voltaram à matriz reconstruída. No dia 26 de setembro de 1861, foi nomeado primeiro bispo do Ceará dom Luiz Antônio dos Santos e a igreja matriz passou a ser catedral. Quando dom Manoel da Silva Gomes era bispo, em 1938, foi feita vistoria e constatou-se rachadura nas bases de sua construção pelo lado do mar. A igreja foi novamente condenada e demolida. A pedra fundamental da nova Sé foi aposta a 15 de agosto de 1939. O projeto da nova catedral foi de autoria do engenheiro francês George Mounier,  inspirada na Catedral de Notre Dame de estilo híbrido gótico romano e o gótico moderado, construída em concreto aparente.  
A imponência de suas duas torres com 75 metros de altura é um marco do estilo gótico e foram inspiradas nas torres da catedral da cidade alemã de Colônia. Em sua cripta, criação do engenheiro Luciano Pamplona, inaugurada em 1962, encontra-se a Capela de Cristo Ressuscitado, e as sepulturas de monsenhores e bispos: dom Antônio de Almeida Lustosa, dom Manuel da Silva Gomes, dom José Terceiro, dom Raimundo de Castro e Silva, monsenhor José Alves Quinderé e os do monsenhor Tito Guedes. Lançamento da pedra fundamental, ou lançamento da primeira pedra, é o nome que se dá à cerimônia de colocação do primeiro bloco de pedra, ou alvenaria, acima da fundação da construção. Em concreto aparente, estilo neogótico ou “revivalismo gótico” é estilo revivalista originado em meados do século XVIII na Inglaterra, com predominância de elementos ecléticos e também românicos, que ocupa grande parte da Praça Pedro II. Neste ano de 1962, coincidindo com movimentos sociais e urbanos foram montados os altares laterais. Falava-se muito em “juventude transviada”.
No século XIX, estilos neogóticos progressivamente mais sérios e instruídos procuraram reavivar as formas góticas medievais, em contraste com os estilos clássicos dominantes nesta conjuntura. O movimento de revivalismo gótico teve uma influência significativa na Europa e nas Américas, e talvez tenha sido construída mais arquitetura gótica revivalista nos séculos XIX e XX do que durante o movimento gótico original. O revivalismo gótico encontrou paralelo e apoio no medievalismo, que teve suas origens no interesse antiquarial por relíquias e curiosidades. Na literatura inglesa, o revivalismo gótico e o romantismo deram origem à novela gótica, gênero inaugurado por O Castelo de Otranto (1764) de Horace Walpole, e inspirado no gênero de poesia medieval que parece emergir da poesia pseudo-bárdica do Ossian, o narrador e suposto autor de um ciclo de poemas épicos publicados pelo poeta escocês James Macpherson desde 1760. O próprio Macpherson afirmou ter coletado o material de “boca-a-boca em gaélico escocês”, como sendo de fontes antigas e que seu trabalho era sua tradução desse material. Ossian é baseado em Oisín, filho de Finn, ou Fionn Mac Cumhaill, anglicizado para Finn McCool, um bardo lendário que é um personagem da mitologia irlandesa. Os críticos contemporâneos se dividiram quanto a autenticidade da obra. Mas o consenso desde então é que Macpherson “enquadrou os poemas ele mesmo”, com base em antigos contos populares que ele havia coletado, e sendo assim, Ossian é, nas palavras de Thomas Curley, “a falsificação literária mais bem sucedida da história moderna”.

O trabalho popular se tornou internacional sendo traduzido em quase todas as línguas literárias da Europa daquela conjuntura e foi influente tanto no desenvolvimento do movimento romântico quanto no renascimento gaélico. – “A disputa sobre a autenticidade das produções pseudo-gaélica de Macpherson”, afirma Curley, “tornou-se um sismógrafo da frágil unidade dentro da inquieta diversidade imperial da Grã-Bretanha na era de Johnson”. A fama de Macpherson foi coroada por seu enterro entre os gigantes literários na Abadia de Westminster. Neste sentido, William Paton Ker observa que “todo o artesanato de Macpherson como impostor filológico não teria sido nada sem sua habilidade literária”. Poemas como Os Idílios do Rei, de Alfred Tennyson, representam um conjunto de doze poemas narrativos do poeta inglês publicados entre 1859 e 1885 e que relatam a lenda do rei Artur, dos seus cavaleiros, do amor dele por Guinevere, da trágica traição desta, e da ascensão e queda do rei e do seu reino. São dedicados poemas individualmente a Lancelot, Erec (Geraint), Galahad, aos irmãos Balin e Balan, e também a Merlim e à Senhora do Lago, sendo a figura do rei central e relacionando todas as histórias e narrativas etnográficas. O que há de fantástico é que projetam temas modernos em cenários medievais dos romances Arturianos. Na literatura germânica o revivalismo gótico também teve raízes em tendências literárias.
Dom Antônio, dedicou os três altares da direita aos santos jovens Tarcísio, Domingos Sávio e Pancrácio. Ao lado esquerdo, os altares de Luzia, Inês e Filomena. A Cripta da Catedral, projetada pelo engenheiro Luciano Pamplona, foi inaugurada em 1962, homenageando seis santos que morreram jovens: São Domingos Sávio, São Pancrácio, denominado protetor da juventude alemã, São Tarcísio e as santas Maria Goretti, Inês e Luzia. Por esta razão, o arcebispo de Fortaleza dom Antônio de Almeida Lustosa dedicou-a aos jovens, chamando-a de Cripta dos Adolescentes. Encontra-se, na Cripta, a Capela do Ressuscitado e a do Santíssimo Sacramento, bem como os restos mortais de vários prelados nela sepultados: dom Manoel da Silva Gomes, 3º bispo do Ceará e o 1º Arcebispo de Fortaleza. Nasceu na cidade de Salvador, Bahia, aos 14 de março de 1874. Preconizado Bispo Auxiliar do Ceará, por Pio X, a 11 de abril de 1911, foi sagrado a 29 de outubro de mesmo ano. Chegou ao Ceará a 9 de fevereiro de 1912. Em 8 de dezembro de 1912, assumiu a Diocese como Bispo Residencial. Em 10 de novembro de 1915 é nomeado primeiro Arcebispo Metropolitano de Fortaleza. Fundou o Círculo de Operários Católicos a 29 de junho de 1912. Trouxe para o estado do Ceará os Institutos Religiosos Jesuítas, Franciscanos, Salesianos, Sacramentinos, Irmãs do Bom Pastor, Dorotéias, Salesianos, Carmelitas, Terceiras Capuchinhas, Filhas de Santana, irmãs do Amparo, Ursulinas, Missionárias de Jesus Crucificado.      
Fundou o jornal O Nordeste e auxiliou a criação do Banco Popular de Fortaleza. Iniciou a construção da Nova Catedral. Monsenhor José Quinderé, que ingressou no Seminário Episcopal de Fortaleza no ano de 1894 onde se ordenou em 30 de novembro de 1904 aos 22 anos de idade. Seus estudos foram custeados pela irmã Gagné, Madre Superiora do Colégio Imaculada Conceição. Celebrou sua primeira missa em dezembro de 1904.  Teve passagem como Coadjutor de Maranguape (1905- 1906) e depois se transferiu para Fortaleza onde exerceu por duas décadas o cargo de Secretário Geral do Arcebispado. Em 1910 foi nomeado professor de Latim no Colégio Liceu do Ceará. Três anos depois fundou com os professores Misael Gomes e Climério Chaves o Colégio Cearense, que posteriormente foi entregue aos Irmãos Maristas. Em 1920 recebeu o título de Cônego e em 1929, o de Monsenhor. Como homem de letras e jornalista integrou os quadros dos jornais O Nordestino e O Povo. Destacou- se na política sendo conduzido a uma Cadeira na assembleia Legislativa do Estado do Ceará.

Relíquia da Cruz de Cristo em Fortaleza.
Monsenhor Tito Guedes Cavalcante e do próprio dom Antônio de Almeida Lustosa. Foi inaugurada no dia 22 de dezembro de 1978 pelo cardeal arcebispo de Fortaleza, dom Aloísio Lorscheider.  Em 2007, a catedral passou por uma reforma completa, com a verificação da estrutura e sua renovação, além da inclusão de novos elementos decorativos na parte interna do prédio. É considerado santo pela Igreja Católica. São Pancrácio, protetor da juventude alemã, tornou-se um mártir ao ser decapitado na via Aurélia por conta de sua fé, durante a perseguição de Diocleciano. São Tarcísio viveu em Roma por volta do ano 258 da era cristã. Tarcísio pertencia à comunidade cristã de Roma, era acólito. No decorrer da terrível perseguição do imperador romano Públio Licínio Valeriano (253-260) muitos cristãos estavam sendo presos e condenados à morte. Nas tristes prisões à espera do martírio, os cristãos desejavam poder fortalecer-se com Cristo Eucarístico. O difícil era conseguir entrar nas cadeias para a comunhão. Nas vésperas de numerosas execuções de mártires, o Papa Sisto II não sabia como levar o Pão dos Fortes à cadeia. Foi então que Tarcísio, com 12 anos de idade, ofereceu-se dizendo estar pronto para iniciar esta piedosa tarefa.
Relativamente ao perigo, Tarcísio afirmava que se sentia forte, disposto antes morrer que entregar as Sagradas Hóstias aos pagãos. Maria Teresa Goretti (1890- 1902) foi uma jovem católica italiana, venerada como santa e mártir, brutalmente assassinada aos 11 anos de idade, ao recursar-se fornicar numa tentativa de estupro. Em 5 de Julho de 1902, Alessandro, então com 20 anos, encontrou a menina de 11 anos costurando, sozinha em casa. Ele entrou e a ameaçou de morte se ela recusasse a ter relações sexuais com ele. A intenção era estuprá-la, porém, ela não se submeteu e, mesmo após as investidas do rapaz ardente do desejo lascivo, manteve-se resoluta em não pecar contra a castidade. Agarrada a força, ajoelhou-se, protestando que seria um pecado mortal e advertiu Alessandro de que a alma dele poderia ir para o Inferno se consumasse o ato de fornicação. Alessandro primeiro tentou controlá-la, mas como ela insistia que preferia morrer a perder inocência, pureza e decência, ele a apunhalou 11 vezes. Ferida, Maria tentou alcançar a porta, mas ele a agarrou e deu mais três punhaladas, antes de fugir.
Noel Crusz foi um jornalista nascido no Sri Lanka, mas trabalhou na British Broadcasting Corporation (BBC), uma corporação pública de rádio e televisão do Reino Unido fundada em 1922, na Rádio Vaticano, emissora de rádio da Santa Sé que tem por finalidade anunciar a mensagem cristã católica e proporcionar uma união do Vaticano com as demais comunidades cristãs espalhadas pelo mundo e a Voice of America (VOA), o serviço oficial de controle de radiodifusão internacional financiado pelo Governo Federal dos Estados Unidos da América (EUA) e autorizado a operar exclusivamente fora de território norte-americano. É retransmitida em mais de 44 idiomas (pela via comunicativa do rádio) e 24 idiomas (pelas antenas de televisão) por várias estações ao redor do mundo e sob a supervisão do International Broadcasting Bureau, uma instituição vinculada ao presidente dos Estados Unidos e que teoricamente garantiria a falsa “isenção da VOA perante a política externa norte-americana”. O problema principal, e a que se voltará, não o interesse, por importantes que sejam as divergências, mas a política, o universal concreto, em que acrescentam-se a revitalização da economia norte-americana e a promoção da democracia no exterior.

Escreveu o livro Maria Goretti-Saint under Siege (2002) (em português: “Maria Goretti-Santa sob Assédio”), baseado em entrevistas de Alessandro Serenelli e de Ersilia, irmã de Maria, realizadas em 1952, adiciona novos detalhes. Em 5 de julho de 1902, às 15:00 horas, Serenelli que insistentemente pedia favores sexuais à menina, aproximou-se. Ela estava cuidando de sua irmã menor, na casa da família. Ele a ameaçou com uma adaga de quase 30 centímetros. Quando Maria recusou, como sempre fazia, ele deu 14 facadas. Os ferimentos atingiram a garganta, coração, pulmões e diafragma. Os cirurgiões no hospital ficaram surpresos que ela ainda estivesse viva. Na presença do chefe de polícia, Maria Goretti,  filha de um pobre casal de agricultores Luigi Goretti e Assunta Carlini, disse a sua mãe que Alessandro Serenelli já havia tentado estuprá-la duas vezes. Como ele com a força bruta a ameaçava de morte, ela não contou o assédio sexual para ninguém. Alessandro Serenelli foi condenado a 30 anos de prisão. Mas se arrependeu depois de ser visitado pelo Bispo de Noto, Dom Giovanni Blandini, e após sonhar que Maria Goretti colocava nele quatorze lírios, vale lembrar que representa a mesma quantidade de vezes que a esfaqueou. Quando Alessandro saiu da prisão, procurou a mãe de Maria para pedir-lhe perdão.
Alguns anos depois, colaborou com o seu testemunho na causa da sua beatificação. Também foi admitido na Ordem Terceira de São Francisco. - “O assassino de Maria Goretti reconheceu o crime cometido, pediu perdão a Deus e à família da mártir, redimiu com convicção o seu crime e  em sua vida manteve este estado de espírito. A mãe da santa, por sua parte, ofereceu-lhe o perdão da sua família”, destacou São João Paulo II. Por esta razão, o arcebispo de Fortaleza, dom Antônio de Almeida Lustosa, dedicou-a aos jovens, chamando-a de Cripta dos Adolescentes. Encontra-se, na Cripta, a Capela do Ressuscitado e a do Santíssimo Sacramento, além dos restos mortais de vários prelados nela sepultados: dom Manoel da Silva Gomes, monsenhor José Quinderé, monsenhor Tito Guedes Cavalcante e do próprio dom Antônio de Almeida Lustosa. A Cripta foi reinaugurada em 9 de julho de 2011, após um ano e quatro meses de reforma, em que foi colocado um piso de granito, uma nova iluminação, um sistema de ar condicionado e concluído o altar da catedral. A Cripta permite acomodar 350 pessoas sentadas. Em 12 de agosto de 2011, foi inaugurada a nova iluminação externa da Catedral, programada com lâmpadas de Led, fabricante de refletor, luminária industrial e pública. A Catedral Metropolitana de Fortaleza é a terceira maior do país, com capacidade para abrigar aproximadamente cinco mil pessoas. É um monumento localizado no centro da cidade e se destaca pela imponência arquitetônica, seus belos vitrais e pelo estilo gótico romano.
Bibliografia geral consultada.

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