“Regra é, em primeiro lugar, gestão da vida quotidiana”. Max Weber
A comuna italiana é a unidade básica de organização territorial da Itália, equivalente ao município no Brasil e em Portugal, onde é também chamado concelho. Sua estrutura é constituída pelo sindaco, equivalente ao prefeito no Brasil e ao presidente da câmara municipal em Portugal; pelo conselho comunal (consiglio comunale) equivalente a Câmara de Vereadores no Brasil, que é composto pelo sindaco e por um número variável de conselheiros comunais eleitos; e pela junta comunal (giunta comunale), um grupo de assessores escolhidos pelo sindaco. A comuna é o ente local fundamental, autônomo e independente, segundo princípios consolidados na Idade Média, que se estendeu do século V ao século XV. Seu início foi marcado pela queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e o fim pela tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453 e parcialmente retomados pela Revolução Francesa, disposto no Artigo 114 da Constituição da República Italiana. Cada comuna pertence a uma província, mas o governo provincial não é intermediário nas relações das comunas com as regiões ou com o Estado italiano. Por ter personalidade jurídica, a comuna pode ter relações diretas com a Região e com o Estado e, de fato, sendo as competências da região muito mais amplas do que as de uma província, a comuna mantém mais relações com a região.
A subdivisão em circunscrições territoriais é praticamente obrigatória para comunas maiores, sendo consideradas aquelas que superam os 100 mil habitantes, a fim de proporcionar uma participação social mais direta da população na administração. A cada circunscrição, são delegados poderes previstos em Estatuto. Comunas pequenas e médias, por sua vez, são divididas em frações (frazioni em italiano), equivalentes aos distritos no Brasil. A fração (frazione), todavia, não tem autonomia administrativa, sendo apenas uma divisão geográfico-estatística. Em 2001, havia, na Itália, 8 101 comunas. Posteriormente, foram criados Baranzate e Cavallino-Treporti. Destas 8 103, cem superam os 50 mil habitantes, sendo que 80 são capitais de província. Poucas comunas podem exibir o status de cidade. Esta condição é conferida por um decreto específico do presidente da República Italiana, a partir de sua iniciativa autônoma ou de uma proposta do Governo ou do comune interessado. Aquelas consideradas como cidades possuem um brasão com características heráldicas específicas. O longa-metragem, que é ambientado em Rimini, na Itália dos anos 1960, demonstra a démarche de Giorgio Rosa, “um engenheiro e inventor que tem o talento para construir tudo o que deseja”.
Na
história política contemporânea a Comuna de Paris representou o primeiro
governo operário de homens e mulheres, fundado em 1871 na capital francesa por
ocasião da resistência popular ante a invasão por parte do Reino da Prússia. A
história comparada registra algumas experiências incipientes de regimes
comunais, impostos como afirmação revolucionária da autonomia da cidade. A mais
importante delas tem como representação a Comuna de Paris que surge no bojo da
insurreição popular de 18 de março de 1871. Durante a guerra franco-prussiana,
as províncias francesas elegeram para a Assembleia Nacional Francesa uma
maioria de deputados monarquistas francamente favoráveis à capitulação ante a
Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Louis
Adolphe Thiers, elevado à chefia do gabinete conservador, tentou esmagar os
insurretos. Estes, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as forças
legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar Paris, onde o comitê
central da Guarda Nacional passou a exercer comando e autoridade. O poder
comunal manteve-se durante cerca 72 dias. Seu esmagamento revestiu-se de
extrema crueldade letal do Estado francês. De acordo com dados estatísticos
mais de 20 000 communards foram executados pelas forças públicas de
Thiers. O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando
não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna fora um
movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional transferido
para Versalhes após a derrota na guerra franco-prussiana. Os alemães tiveram
que libertar militares franceses vencidos prisioneiros de guerra para auxiliar
na tomada de Paris.
Analogamente
desde à Comuna de Paris quase sempre em meio a enfrentamentos sangrentos, é uma
história política na qual figuram Louise Michel e Rosa Luxemburgo, Walter
Benjamin, André Breton e Daniel Guérin, chegando até ao subcomandante Marcos e
aos altermundistas. O governo revolucionário foi formado por uma
federação de representantes de bairro. Uma das suas primeiras proclamações foi
a “abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas”. A guarda
nacional se misturou aos soldados franceses, que se amotinaram e massacraram
seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia, covarde, fugiu, junto
com suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comitê Central da
federação dos bairros ocupou este vácuo de poder, e se instalou na prefeitura.
O comitê era formado por blanquistas, membros da Associação Internacional dos
Trabalhadores, proudhonistas e uma miscelânea de indivíduos não afiliados
politicamente, a maioria trabalhadora braçal, escritores, simpatizantes e
artistas. Eleições foram realizadas em todos os níveis da administração
pública. A polícia foi abolida e substituída pela guarda nacional. A educação
foi secularizada. A previdência social foi instituída e uma comissão de
inquérito sobre o governo anterior. Decidiu-se por trabalhar pela abolição da
escravidão do salário: 90 representantes foram eleitos, 25 trabalhadores e a maioria foi constituída de
pequeno-burgueses, mas os trabalhadores revolucionários maioria. Vale lembrar
que em semanas, a recém-nomeada Comuna de Paris introduziu mais reformas do que
todos os governos nos dois séculos anteriores combinados.
Como
Louise Michel construiu sua imagem? Através do que os historiadores denominam
erroneamente o espontaneismo pelo seu romantismo, ou seja, seu gosto pela
desmedida, seu gosto pela erudição e pela aventura. Jules Michelet testemunha o
que as mulheres, no “imaginário feminino”, representaram ao espírito da luta do
século XIX. Louise Michel ganhou sua grandeza enquanto mulher por encarnar tão
bem o século XIX. Seus companheiros e suas companheiras históricas nela se
reconheciam, e ela não desmereceu suas amizades. Pagou um preço alto pela sua
vida de mulher: um celibato ostentado como arma de liberação, que relegou
Louise Michel durante um bom tempo às lembranças acadêmicas empoeiradas do
passado. Nossa juventude turbulenta era pouco inclinada a entusiasmar-se por
esse gênero de modelo. Aliás, ainda hoje apenas os anarquistas federados a
celebram. Numerosos são os que preferem a marxista Rosa Luxemburgo, talvez em
função de sua afirmação interpretada e compreendida do ponto de vista da
política e da sexualidade. O que determina a escolha de um ponto de vista sobre
o sujeito e o mundo são os objetivos pragmáticos. Deixamos de lado a posse de
uma teoria fundada em exigências lógicas ou achados empíricos incontestáveis.
Poder, interesse, dominação, realidade material, são indispensáveis à análise
que nos habituaram a aceitar como verdadeira, pela força ou pela persuasão dos
costumes. Para efeitos da ação, só existem eventos descritivos. A descrição
preferida do intérprete será a mais adequada às suas convicções morais e não a
mais iluminada pela Razão. Política é regulação da existência coletiva, poder
decisório, disputa por posições de mando no mundo, confrontos entre formas.
Violência em última análise
Assim,
é também diferente da produção simbólica porque se exercita sobre o
interesse dos agentes sociais, quando não sobre o seu próprio corpo. Não produz
mensagens, discursos cotidianos, produz obediências, obrigações, submissões,
controles. Poder, na modernidade, é uma relação social de mando e obediência.
São decisões tomadas politicamente que se impõe a todos num determinado
território ou unidade social. Todavia, convertem-se em atividades coercitivas,
administrativas, jurídico-judiciárias e deliberativas. Eis a grande questão: o
processo político diz respeito a pergunta: "Quem pode o quê sobre
quem"? A mesma pulsão escópica frequenta a ficção que cria leitores, que
muda de legibilidade a complexidade urbana. Não é mais suficiente para
compreender as estruturas de poder deslocar para os dispositivos e os
procedimentos técnicos uma multiplicidade humana, capaz de transformar,
disciplinar e depois gerir, classificar e hierarquizar todos os desvios
concernentes à aprendizagem, saúde, justiça, forças armadas ou trabalho. Na
política, lembra Certeau (2018), o que faz andar são relíquias de sentido e às
vezes seus detritos, os restos invertidos de grandes ambições. Nome que no
sentido preciso da memória deixaram de ser próprios. Nesses núcleos
simbolizadores se esboçam e talvez se fundem três funcionamentos distintos (mas
conjugados) das relações políticas entre práticas espaciais e significantes: o
crível, o memorável e o primitivo.
Historicamente em 1956, Jacques Cousteau lançou seu primeiro documentário em cores, chamado como seu livro anterior, The Silent World. Este filme mudou para sempre a ideia das pessoas sobre os oceanos e a magia da vida que contêm. O documentário fundamenta um método de trabalho e processo de comunicação tornando-se no primeiro documentário submarino produzido na França. Anteriormente, no ano de 1943, Cousteau produziu outro documentário, Épaves (Naufrágios), onde utilizou os dois primeiros protótipos do Scaphandre Autonomo CG45, ou simplesmente Aqualung, tecnicamente o primeiro protótipo do que se tornaria o equipamento de mergulho autônomo que reconhecemos pelo nome de SCUBA criado pelo engenheiro Émile Gagnan. Em 1947 o suboficial Maurice Farques pode ser considerado em acidente de trabalho (cf. Kawamura, 1979), o primeiro mergulhador a morrer utilizando o Aqualung. Em 1948 Cousteau transforma o seu documentário no seu primeiro livro que levou o mesmo nome do documentário. Em 1948 Cousteau à bordo da corveta Élie Monnier com Philipper Tailliez, Frédéric Dumas, Jean Alinart e Michel Ichac empreendeu a primeira campanha e técnica de exploração submarina envolvendo testes físicos e científicos. Nesta campanha realizaram-se a primeira exploração arqueológica com mergulho autônomo quando descobriram o naufrágio do barco romano em Mahdía na Tunísia. O antigo barco naufragado foi encontrado próximo à praia de S`Arenal, na ilha de Maiorca, na Espanha. Em meio aos destroços, foram descobertas 93 ânforas de estilo greco-romano. A técnica de interpretação sobre a embarcação remonta ao período do Império Romano e tem aproximadamente em torno de 1,8 mil anos. Esta operação técnica é reconhecida socialmente como “o primeiro mergulho científico da história”.
Em 1949 Cousteau deixa a Marinha e funda a Campanha Oceanográfica
Francesa. Em 1950 o filantropo inglês Thomas Loel Evelyn Bulkeley Guinnes
arrendou para Cousteau, pela quantia simbólica de 1 franco ano, o caça minas
inglês HMS J-026 então convertido em um navio oceanográfico e rebatizado com o
nome de Calypso. 2Historicamente os primeiros relatos de mergulho vêm na
antiguidade, quando usavam a técnica para o resgate de armamentos e alimentos.
No Japão e na Coréia, há mais de 4 mil anos a. C, já existiam mergulhadores
especializados “em caçar pérolas no fundo do mar”. A tecnologia foi se
desenvolvendo e a principal responsável pelo desenvolvimento das técnicas de
mergulho foram as guerras, já que para resgatar armamentos e atacar o inimigo
foram criados novos métodos de trabalho para mergulhar. No século XX houve um
desenvolvimento espetacular na parte dos equipamentos. Tecidos pesados foram
trocados por roupas de borracha. Não se pode deixar de mencionar o francês
Jacques- Yves Cousteau, que no ano de 1943, em plena ocupação nazista alemã,
mergulhou pela primeira vez na Costa Provençal, tendo até 20 metros com auxílio
de um aparelho que ele mesmo inventou: o Aqualung, “um composto híbrido
que se traduz por pulmão aquático”, que abriu caminho para novos e modernos
equipamentos de mergulho.
O mergulho nasceu da questão da vontade humana desde Aristóteles, Cícero, Santo Tomás de Aquino, Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, a sociedade seria fruto de um impulso associativo natural do homem aliado à vontade e desejo de explorar tecnicamente o mundo submarino. Apesar de estar tão presente em nossa vida, o mar ainda é o maior, mais intrigante e desconhecido habitat terrestre. Milhares de descobertas realizadas através dos séculos por mergulhadores, além de ajudarem a narrar a história do homem, criaram um tipo de esporte que é muito praticado no mundo todo. Das técnicas milenares, utilizadas para a busca comercial de alimentos e armamentos, até as modernas tecnologias empregadas em mergulhos cada vez mais ousados e profundos, vidas ficaram pelo caminho. Mas, certamente o sonho desses mergulhadores não foi certamente em vão. A “modernidade vagueia” livre para quem quiser se arriscar no mergulho, sob certas condições normais de temperatura e pressão, dispõe das condições sociais e técnicas de explorar a vida marinha com grande margem de erro e segurança. Para a atleta de mergulho livre com 4 recordes mundiais e 8 latino-americanos, Karol Mariechen Meyer, praticante de mergulho em apneia. É a recordista em número de recordes mundiais para o Brasil, em toda a história social do esporte, o mergulho é um esporte possível de atualização como qualquer outro. - “Para mergulhar não precisamos ser um Pelizari, uma Tanya Streeter, basta termos vontade de estarmos na água, alguns minutos a mais sem respirar para podermos descer nas profundezas, ficar mais tempo na piscina, ou então, percorrer uma grande distância submersa”. Os primeiros relatos etnográficos da história do mergulho são do Japão e da Coréia cerca de 4 mil anos antes dos relatos bíblicos de Cristo.
A
Ilha da República da Rosa (Respubliko de la Insulo de la Rozoj) representou
uma micronação de curta duração em uma plataforma feita pelo homem no Mar
Adriático, a 11 quilômetros (6,8 mi) do mar costa da província de Rimini,
Itália. Foi construída pelo engenheiro italiano Giorgio Rosa, que se
autoproclamou seu presidente e a declarou Estado independente em 1º de maio de
1968. A Ilha Rose tinha seu próprio governo, moeda, correio e estabelecimentos
comerciais, e a língua oficial era o esperanto. No entanto, nunca foi
formalmente reconhecido como um Estado soberano por nenhum país do mundo. Vista
pelo governo italiano como uma manobra persuasiva de Rosa para arrecadar
dinheiro dos turistas e ao mesmo tempo evitar a tributação nacional, a Ilha
Rose foi ocupada pelas forças policiais italianas em 26 de junho de 1968,
sujeita ao bloqueio naval e, finalmente, demolida em fevereiro de 1969. A
entidade que se instalaria na plataforma artificial recebeu o nome, em
esperanto, de Libera Teritorio de la Insulo de la Rozoj, que mais tarde
se tornou Esperanta Respubliko de la Insulo de la Rozoj (República
Esperanto da Ilha de Roses). Seu periódico oficial intitulava-se Osservatore
Domenicano, publicado em colaboração com os padres dominicanos de Bolonha, uma
ordem religiosa católica que tem como objetivo a pregação da palavra e mensagem
de Jesus Cristo e a conversão ao cristianismo. Fundada em Toulouse, França, em
22 de dezembro de 1216 por São Domingos de Gusmão, um sacerdote castelhano, o
qual era originário de Caleruega, e confirmada pelo Papa Honório III. Os
dominicanos não são monges, mas sim frades: Professam voto de obediência a
Deus, à Bem-Aventurada Virgem Maria, a São Domingos, ao Mestre Geral e às leis
dos irmãos pregadores, aos quais Rosa
estava intimamente ligado. Acredita-se que o termo em esperanto Rozoj foi
emprestado do sobrenome de Giorgio Rosa, projetista e construtor da plataforma
artificial, bem como o criador e inspirador da entidade estatal, como de seu
desejo de “ver as rosas desabrocharem no mar”.
O mar Adriático é uma parte do mar Mediterrâneo, um golfo muito alongado fechado ao norte. Ele banha o norte e o leste da Itália e o oeste dos Bálcãs. Os países banhados pelo mar são a Itália, a Eslovênia, a Croácia, a Bósnia e Herzegovina, o Montenegro e a Albânia, possuindo diversos portos importantes, destacando-se Veneza (Mestre) e Trieste, que foi por muito tempo a saída marítima do Império Austro-Húngaro para o mar Mediterrâneo. Certo dia, ele resolve construir por si mesmo uma ilha no Mar Adriático, que acabou ganhando o nome de “Ilha das Rosas”. – L’incredibile storia dell’isola delle rose (Itália, 2020) é o tipo de história em Rimini que os avós contam aos filhos e netos”, explica o produtor do filme, Matteo Rovere à BBC. - “É uma história muito famosa, mas apenas em Rimini. Achamos que era uma história incrível, e muito estranho que não soubéssemos dela”. Ou seja, “85% do que o filme mostra aconteceu de fato, e apenas 15% foi alterado ou incluído na história original, porque ela já era, por si só, fantástica”, diz o produtor do filme. A história começa em 1967, quando Giorgio Rosa se propôs a construir uma micronação, que pretendia ser um símbolo de liberdade. Como seu filho ressalta também à British Broadcasting Corporation (BBC), a construção de L’Isola delle Rose exigiu conhecimento técnico. Entre os personagens do filme estão: Elio Germano como Giorgio Rosa, além de Matilda de Angelis, Fabrizio Bentivoglio, Luca Zingaretti, François Cluzet, Thomas Wlaschiha, Leonardo Lidi, Alberto Astorri e Violetta Zironi.
Em
1968, o engenheiro italiano Giorgio Rosa não apenas projetou, ou como inventor
social, como também financiou a construção de uma plataforma de 400 m² suspensa
por pilares de aço. A estrutura foi construída na costa de Rimini, um pouco
além das águas territoriais italianas, “o que significava que estava fora
do controle das autoridades”. Giorgio se autoproclamou presidente e o declarou Estado
independente – a República da Ilha Rosa. As autoridades jurídicas ficaram
insatisfeitas com o fato de a Ilha das Rosas ter sido construída “sem permissão
e estar se beneficiando do turismo enquanto evitava as leis fiscais”. Além de
alegar que a ilha “estava sendo usada para bebida e jogos de azar”, alguns
políticos até sugeriram que a ilha representava uma ameaça à ideologia de segurança
nacional e poderia fornecer “cobertura para submarinos nucleares soviéticos, em
um esforço para prejudicar sua reputação”. Apenas 55 dias após a Declaração
de Independência da ilha em 24 de junho de 1968, os italianos enviaram
forças militares para assumir o controle com a força bruta da política. Eles intimidaram
com os canhões de navios de guerra em 11 de fevereiro de 1969 e também com
dinamite. Dias depois, uma tempestade submergiu totalmente a estrutura.
A cultura fornece ao pensamento as suas condições de formação, de concepção, de conceitualização. Impregna, modela e eventualmente governa os conhecimentos individuais. Trata-se não tanto de um determinismo acadêmico, mas sociológico dos colegiados exteriores quanto de uma estruturação interna. A cultura e, via cultura, a sociedade estão no interior do conhecimento humano. Edgar Morin (2008) foi quem precisou a tese segundo a qual “o conhecimento está na cultura e a cultura está no conhecimento”. Um ato cognitivo individual é, ipso facto, um fenômeno cultural e todo elemento do complexo cultural coletivo atualiza-se em uma to cognitivo individual. Assim como os seres vivos tiram sua possibilidade de vida do seu ecossistema, o qual existe a partir de inter-retroações entre seres vivos, os indivíduos só podem formar e desenvolver o seu conhecimento no seio de uma cultura, a qual só ganha vida a partir das inter-retroações cognitivas entre os indivíduos: as interações cognitivas dos indivíduos regeneram a cultura que as regenera. Tal concepção torna inseparáveis cultura e individuo, mas permite também conceber, segundo a concepção de autonomia/dependência, a autonomia relativa dos indivíduos como conhecimento. As nossas percepções estão sob controle, não apenas de constantes fisiológicas e psicológicas, mas, também, de variáveis culturais e históricas. A percepção visual é submetida a categorizações, conceitualizações, taxionomias, que influenciarão o reconhecimento e a identificação das cores, formas, objetos.
Para o que nos interessa, nunca é demais repetir que o conhecimento intelectual se organiza em função de paradigmas que selecionam, hierarquizam, rejeitam as ideias e as informações, bem como em função de significações mitológicas e de projeções imaginárias individual (sonho) e coletivas (mitos, ritos, símbolos). Assim se opera a chamada “construção social da realidade”, para lembramos de Peter Berger & Thomas Luckmann, mas, digamos antes a co-construção social da realidade, visto que a realidade se constrói também a partir de dispositivos cerebrais, em que o real se substancializa e se dissocia do irreal em que se arquiteta a visão de mundo, em que se concretizam a verdade, o erro, a mentira. Para conceber a sociologia, em particular, do conhecimento, é necessário, portanto, conceber não apenas o enraizamento do conhecimento na sociedade e a interação conhecimento/sociedade, mas, sobretudo, o anel recursivo no qual o conhecimento é produto/produtor de uma realidade sociocultural que comporta intrinsecamente uma dimensão cognitiva. Os homens de uma cultura, pelo seu modo de conhecimento, produzem a cultura que produz o seu modo de conhecimento. A cultura gera os conhecimentos que regeneram a cultura. O conhecimento depende de múltiplas condições socioculturais, as quais, em retorno, condiciona. Ao considerar-se o conhecimento é produzido por uma cultura, dependente de uma cultura, integrado a uma cultura, pode-se ter a impressão de que nada seria capaz de libertá-lo. Mas isso seria capaz de ignorar as potencialidades de autonomia relativa, no interior de todas as culturas, dos espíritos individuais, como na invenção de Giorgio Rosa.
Os
indivíduos, afirma Morin, não são todos, e nem sempre, mesmo nas condições
culturais mais fechadas, máquinas triviais obedecendo impecavelmente à ordem
social e às injunções culturais. Isso seria ignorar que toda cultura está
vitalmente aberta ao mundo exterior, de onde tira conhecimentos objetivos e que
conhecimentos e ideias migram entre culturas. Seria ignorar que a aquisição de
uma informação, a descoberta de um saber, a invenção de uma ideia, podem
modificar uma cultura, transformar uma sociedade, mudar o curso da história.
Hoje, o conhecimento genético e o conhecimento nuclear dependem e concretizam o
poder de vida e de morte em germe no princípio do conhecimento. Pensando assim,
o conhecimento está ligado, por todos os lados, à estrutura da cultura, à
organização da social, à práxis teórica e histórica. Ele não é apenas
condicionado, determinado e produzido, mas é também condicionante, determinante
e produtor, o que demonstra de maneira evidente a aventura do conhecimento. E,
sempre e por toda parte, o conhecimento transita pelos espíritos individuais,
que dispõem de autonomia potencial, a qual pode, em certas condições,
atualizar-se e tornar-se um pensamento pessoal. Contrariamente à orgulhosa
pretensão dos intelectuais e cientistas, o conformismo cognitivo não é de modo
algum uma marca de subcultura que afeta principalmente as camadas inferiores da
sociedade. As sociedades culturalmente
liberais não utilizam mais esse modo de repressão, embora persistam nelas
várias intimidações desviantes de formação, de atualização disciplinar, de
conceitos e categorias, com seus subaspectos de conformismo, exercendo uma
prevenção contra o desvio e aos limites aos quais não deve ultrapassar, as
palavras a não proferir, os conceitos a desdenhar, as teorias a não desprezar.
São os desafios de sua vida pessoal que o inspiram a criar “o seu próprio país em alto mar”. Ao expressar sua criatividade por meio de invenções na Itália dos anos 1960, o engenheiro só consegue se envolver em problemas com a lei. Fica claro que toda sua “improvisação” também causa o fim de seu relacionamento com Gabriella (Matilda de Angelis), que ainda gosta dele, mas que não consegue lidar com sua instabilidade. Frustrado, Rosa resolve fugir do mundo real e criar um lugar onde ele e pessoas como ele poderiam viver, se divertir e se expressar socialmente como bem entendessem. Depois de construir a comunidade/plataforma denominada Ilha das Rosas, com ajuda de seu amigo Maurizio (Leonardo Lidi) e de atrair turistas com ajuda do Club promoter Wolfgang Rudy Neumann (Tom Wlaschiha), o sonho de Giorgio Rosa parece estar, na realidade, se concretizando. Porém, ao solicitar o reconhecimento do país pela Organização das Nações Unidas, o mundo real novamente se torna um problema. O governo italiano vê a empreitada como uma afronta ao país e emprega diversos métodos para demover Rosa e os quatro outros cidadãos da República da Ilha de Rosa de montarem um país de fato. A questão é que, de um jeito ou de outro, a ideia não estava fadada ao fracasso. Se não fosse a Itália, algum outro país acabaria tendo motivos para ir contra a Ilha de Rosa. A Itália o fez por motivos geopolíticos e para evitar a criação de um perigoso precedente, mas as possibilidades de problemas são infinitas. Na prática, a pesca, o petróleo, os custos e a burocracia para se manter a ilha iriam rapidamente viabilizá-la como país. O termo burocracia surgiu na segunda metade do século XVIII. Inicialmente empregado para designar a estrutura administrativa estatal, formada pelos funcionários públicos no âmbito de formação dos Estados nacionais. Eram responsáveis por áreas relacionadas aos interesses coletivos da sociedade, como as universidades, as forças armadas, a polícia e a justiça.
A
burocracia moderna não representa apenas uma forma avançada de organização
administrativa, com base no método racional e científico, mas uma forma de
dominação legítima que regem o funcionamento da burocracia e sintetizam as
formas de relações de poder contemporaneamente. Em sua essência burocracia e
burocratização são processos inexoráveis, inevitáveis e crescentes,
institucionalizados e presentes em qualquer tipo de organização de natureza
pública ou privada. Além disso, a organização burocrática no sentido político é
condição sine qua non para o desenvolvimento de uma nação ou Estado. Por
ser indispensável ao seu funcionamento - gestor dos serviços públicos - e de
todas as atividades econômicas e políticas particulares no âmbito técnico e
social da divisão do trabalho. Nos órgãos públicos o padrão de funcionalidade
burocrática tem identidade própria. O sujeito da ação funcional, individual ou
coletivamente, é um agente do poder público, tanto na atividade meio como na
atividade fim. O poder público é uma instituição representativa da sociedade,
em nome da qual exerce uma administração regida por leis, normas, regulamentos
e códigos de conduta que devem ser cumpridos. Não raras vezes, no âmbito
comportamental, a noção de poder público assume uma indefinição conceitual, carregada
de subjetividades culturais à medida que influencia negativa ou positivamente
atribuições e responsabilidades sociais. A organização do serviço público
separa a repartição do domínio privado do funcionário e, em geral a burocracia
segrega a atividade oficial como algo distinto da esfera da vida privada. Os
conflitos de competência e desempenho resultam do confronto da autoridade com
uma forma de comportamento não desejada, porém amparada em normas, regras e
leis. - “quando se estabelece plenamente, a burocracia está entre as estruturas
sociais mais difíceis de se destruir”.
Neste sentido, para Michel de Certeau a Cidade-conceito se degrada. E isto significa que a enfermidade de que afeta a razão que a instaurou e seus profissionais é igualmente a das populações urbanas? Talvez as cidades se estejam deteriorando ao mesmo tempo que os procedimentos que as organizaram. Mas é necessário desconfiar dessas análises. Os ministros do saber sempre supuseram o universo ameaçado pelas mudanças que abalam as suas ideologias e os seus lugares. Mudam a infelicidade ou a ruína de suas teorias em teorias da ruína. Quando transformam em “catástrofes” os seus erros e extravios, quando querem aprisionar o povo no “pânico” de seus discursos, será necessário, mais uma vez, que tenham razão? Ao invés de permanecer no terreno de um discurso que mantém o seu privilégio invertendo o seu conteúdo, pode-se enveredar por outro caminho: analisar as práticas microbianas, singulares e plurais, que em um sistema urbanístico deveria administrar ou suprimir e que sobrevivem a seu perecimento; seguir o pulular desses procedimentos que, muito longe de ser controlados ou eliminados pela administração panóptica se reforçaram em uma proliferação ilegitimada, desenvolvidos e insinuados nas redes de vigilância, combinados segundo táticas ilegíveis, mas estáveis a tal ponto de que constituem regulações cotidianas e criatividades sub-reptícias que se ocultam somente graças aos dispositivos e aos discursos. Nessa conjuntura da década de 1960 presente de uma contradição entre o modo coletivo da gestão e o modo individual de uma reapropriação, nem por isso essa pergunta deixa de ser essencial, caso se admita que as práticas de espaço tecem como efeito as condições determinantes da vida social. A racionalização da cidade acarreta a sua mitificação nos discursos estratégicos, cálculos baseados na hipótese ou na necessidade de sua destruição por uma decisão final. Assim funciona a Cidade-conceito, lugar de transformações e apropriações, objeto de intervenções, mas sujeito sem cessar enriquecido com novos atributos: ela é ao mesmo tempo a maquinaria e o herói da modernidade, sob os discursos que a ideologizam, proliferam as astúcias e as combinações de poderes de fato sem identidade, legível, sem tomadas apreensíveis, sem transparência racional tornando-a impossíveis de gerir.
Além
disso, o Giorgio Rosa da vida real escondia outras características. Sua ilha
artificial já foi considerada uma espécie de paraíso hippie, mas ela
também tinha o papel de paraíso fiscal para seu proprietário, que arrecadava
dinheiro com as atividades turísticas. Além disso, Rosa já foi descrito pelo
jornal conservador Il Foglio como “um ex-fascista com impulsos
anarco-libertários; um cara que, depois de ter sido um soldado em Salò, foi
condenado como desertor” e que fugia das opressões do paternalismo da Igreja
Católica, do maternalismo do partido Democracia Cristã e do anticapitalismo dos
comunistas. Entretanto, as afiliações políticas de Rosa jamais são abordadas em
A Incrível História da Ilha das Rosas, que apresenta suas motivações
como resultado de um pueril desejo de liberdade. Dado que suas liberdades como
cidadão italiano eram plenamente garantidas, esse era talvez mais um desejo de
não se responsabilizar pelas consequências de seus próprios atos, como Maurizio
fazia ao roubar dinheiro de seu pai e culpar os trabalhadores pobres que vinham
de outra parte da Itália. É por isso que a versão narrada em A Incrível História
da Ilha das Rosas é muito mais sobre amadurecimento do que sobre aspirações
políticas e econômicas. O resultado é uma comédia, cujo aspecto dramático
funciona muito bem, apesar de seu caráter utópico ser nada muito profundo ou
inesquecível. O que temos como background é a revelação fílmica de um
debate político que inicia sua história em torno de 268 a. C., na foz do rio
Arímino, constituindo uma área que havia sido habitada pelos
etruscos, os úmbrios, os gregos e os gauleses.
A República Romana fundou a colônia de Arímino, provavelmente por causa do nome do rio próximo, Arimino. A cidade era tida como um bastião contra os gauleses invasores e também como uma ponta-de-lança para conquistar a planície de Padana. Rimini estava numa junção de estradas conectando a Itália central (Via Flamínia) e o norte da Itália (Via Emília, que levava à Placência e à Via Popília) e ela também permitia o comércio fluvial e marítimo. No século VI a. C., ela foi tomada pelos gauleses. Após a derrota final deles em 283 a.C., ela retornou para os úmbrios e se tornou, em 263 a.C., “uma colônia latina muito útil para os romanos durante a última das guerras gálicas”. A cidade foi envolvida historicamente nas conquistas de guerras civis, mas permaneceu fiel ao partido popular e seus líderes, primeiro Mário e depois Júlio César. Após ter cruzado o Rubicão, este fez seu lendário apelo às legiões no fórum de Rimini. A cidade atraiu a atenção e muito de espetacularização de diversos imperadores romanos, incluindo Augusto, que fez muito pela cidade, e Adriano em particular. Este grandioso período em sua história foi personificado pela construção de prestigiosos monumentos como o Arco de Augusto, a ponte de Tibério, o anfiteatro. A crise no mundo romano foi marcada pela destruição causada pelas estratégias de invasões e pelas guerras, mas também pelo testemunho de palácios de oficiais do império e as primeiras igrejas, o símbolo da difusão do Cristianismo, que realizou um importante Concílio de Rimini em 359 d.C.
Na engenharia (cf. Kawamura, 1979; Ramos, 1987) e comparativamente também no caso da construção na arquitetura, a construção civil representa a execução do projeto previamente elaborado, abstratamente, seja de uma edificação (monumento) ou a forma de uma obra de arte, que são obras de maior porte destinadas a infraestrutura como pontes, viadutos ou túneis. É a execução de todas as etapas do projeto da fundação ao acabamento, consistindo em construir o que consta em projeto, respeitando as técnicas construtivas e as normas técnicas vigentes. No Brasil, o termo reforma é o mais utilizado quando se trata de fazer alguma ampliação, inovação, ou restauração, ou apenas uma pintura, ou a troca de um piso cerâmico de um imóvel, seja comercial, industrial ou residencial. Os termos construção e obra também são utilizados. Construção civil é o termo que engloba a confecção de obras como casas, edifícios, pontes, barragens, fundações de máquinas, estradas, aeroportos e outras infraestruturas, onde participam engenheiros civis e arquitetura em colaboração com técnicos de outras disciplinas. O termo construção civil e engenharia civil são originados de uma época em que só existiam apenas duas classificações para a engenharia civil e militar, cujo conhecimento técnico-científico, por exemplo de engenharia militar, era destinada apenas aos militares de carreira e a engenharia civil destinada aos demais cidadãos. A engenharia civil, que englobava todas as áreas, foi se dividindo em várias compatimetalizações, como exemplo, a engenharia elétrica, mecânica, química, naval, etc. A engenharia naval deu origem à construção naval, na origem, ambas eram agrupadas apenas na grande área da civil.
A Arquitetura compreende uma forma de comunicação de massa que está bastante difundida. É uma operação precisa que se dirige a grupos humanos para satisfazer algumas de suas exigências e convencendo-os a viver de determinado modo. Também em relação a essa problemática sociológica a Arquitetura parece ter as mesmas características. Basta inferirmos, segundo Eco (1976) no ensaio: A Arquitetura: Comunicação de Massa?, também em relação a essa problemática a Arquitetura parece ter as mesmas características das mensagens-massa: 1) O discurso arquitetônico é persuasivo: parte de premissas adquiridas, coliga-as em argumentos conhecidos e aceitos, e induz a determinado tipo de consenso; 2) O discurso arquitetônico é psicacógico: com suave violência, somos levados a seguir as instruções do arquiteto, o qual não apenas significa funcionalidade, mas promove e induz, no mesmo sentido em que falamos de persuasão oculta, indução psicológica, estimulação erótica; 3) O discurso arquitetônico é fruído na desatenção, ao contrário se pensarmos de forma comparada como se frui a arte, na ciência, na política que requer absorção, atenção, devoção à obra que interpretar, respeito pelas intenções do remetente); 4) a mensagem arquitetônica pode carregar-se do ponto de vista das relações de comunicação e trabalho de significados sem que o destinatário perceba estar com eles interpretando uma traição. O discurso arquitetônico é persuasivo: parte de premissas adquiridas, coliga-as em argumentos conhecidos e aceitos, e induz a determinado tipo de consenso.
O discurso arquitetônico é psicacógico: com suave violência, somos levados a seguir as instruções do arquiteto, que promove e induz no sentido em que falamos de persuasão oculta, indução psicológica, estimulação erótica. Seu discurso é fruído na transformação mágica de desatenção. Analogamente como na produção do discurso fílmico e televisivo, as estórias em quadrinhos, os romances policiais, ao contrário como se frui na arte, que requer absorção, atenção, devoção à obra que se vai interpretar, respeito pelas formas de criação do autor. Na esfera da vida social a luta política é uma das questões que sempre marcaram a dialética entre capital e trabalho. Mas a esfera social onde a ideologia manifesta mais explicitamente seu poder de enviesamento é, com certeza, o campo da atividade política. O sujeito da ação política é alguém que quer conhecer o quadro em que age; que quer poder avaliar o que pode e o que não pode fazer. Mas, ao mesmo tempo, é um sujeito que depende, em altíssimo grau, de motivações particulares - sua e dos outros - para agir. A política é levada, assim, a lidar com duas referências contrapostas, legitimando-se através da universalidade dos princípios e viabilizando-se por meio das “motivações particulares”. Os caminhos trilhados pela política evitam uma opção explícita por uma dessas linhas extremadas: o doutrinarismo, o oportunismo crasso, o cinismo ostensivo ou a completa indiferença. São frequentes as combinações desses elementos em termos de tais direções, porém combinados em graus e dimensões diversas. E é nessa combinação hábil que se enraíza a ideologia política. Em termos histórico e político, Microestado é um Estado independente territorialmente muito pequeno, que em sua maioria, também são pouco povoados.
Dentre os 204 países do mundo, 24 se classificam como microestados. Com exceção
do poderoso Vaticano, todos os demais encontram-se em regiões exclusivas de
montanhas ou ilhas. Sobre o mar houve apenas a tentativa efêmera do Engenheiro
Giorgio Rosas em torno do liberal Stato dell`Isola delle Rose (cf.
Vaccarezza, 2006; Araújo, 2008)). Com exceção de Singapura, do ponto de vista
da análise comparada, todos são Estados territoriais que se caracterizam por
ter menos de um (01) milhão de habitantes. Aqueles economicamente mais
importantes, em segundo lugar, são respectivamente: Singapura, o microestado
mais populoso do mundo constituindo uma pequena ilha ao sul da Malásia com mais
de cinco milhões de habitantes; Mônaco, um enorme bairro de 33 mil habitantes,
tendo à beira o Mar Mediterrâneo e aos pés dos Alpes, na França; Vaticano, um
quarteirão murado de 900 habitantes na cidade de Roma, na Itália, é sede da
Igreja Católica Apostólica Romana, é o menor país católico do mundo tanto em
área quanto em população; San Marino, um conjunto de pequenas vilas medievais
de 30 mil habitantes, no topo do Monte Titano, também na Itália, mas numa área
rural, e não encravada em uma cidade, como o Vaticano; Liechtenstein um principado
de castelos e vilas medievais de 35 mil habitantes, numa região de difícil
acesso dos Alpes, entre a Áustria e a Suíça; e Bahrein, um pequeno sultanato
islâmico formado por 33 ilhas situadas no meio do golfo Pérsico.
Com
extensão territorial de 10.365.456 km², a Europa é o segundo menor continente
da Terra, superando apenas a Oceania (8,5 milhões de km²).
O continente europeu abriga 49 países, que apresentam dimensões bem
variadas, como o maior país do mundo (Rússia) e o menor (Vaticano). Na Europa
Ocidental estão localizadas seis nações (Mônaco, Andorra, San Marino, Malta,
Liechtenstein e Vaticano), cujas dimensões são inferiores à república
federativa do Brasil formada pela união de 26 estados federados, 5 568 municípios
e do Distrito Federal. Entretanto, esses pequenos países, denominados também miniestados,
apresentam elevado padrão socioeconômico, com destaque para o turismo. Os Estados
soberanos estão localizados nas seguintes regiões: sete na Oceania, sete na
América Central, seis na Europa Ocidental, dois no Oceano Índico, além do
Bahrein no Oriente Médio, e Singapura no Sudeste Asiático. Os seis microestados
da Europa estão representados por Malta, Andorra, Liechtenstein, San Marino,
Mônaco e Vaticano. Com exceção do Bahrein, todos esses países têm sua economia
baseada solidamente no turismo, com um pequeno apoio da agricultura e pesca.
Também oferecem à sua população um elevado Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), de 7 a 9 pontos, em uma escala adaptada de 0 a 1, para 0 a 10. A maioria
dos microestados constituiu-se por iniciativa e luta entre povos que, no
decorrer da história, buscaram o reconhecimento de sua autenticidade cultural e
de sua soberania, ainda que em reduzido espaço territorial.
Muitas
dessas nações conquistaram sua Independência a partir da década de 1960, com o
processo de descolonização europeia na África, na Ásia, na Oceania e na América
Central. Atualmente, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece a
soberania de 24 micropaíses. É possível afirmar que o padrão de vida da
população da maioria dos micropaíses é bom, pois em geral apresentam um Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) que varia estatisticamente de médio (0,500
a 0,799) a elevado (0,800 e mais). Vários micropaíses ocupam posição de
destaque no cenário político mundial, por sua importância econômica, política,
cultural ou ambiental. Singapura, no Sudeste da Ásia, por exemplo, é um país considerado
altamente industrializado, produtor de tecnologias avançadas, centro financeiro
e portuário e tem PIB maior do que países como Chile e Uruguai. O Baréin é um
importante produtor de petróleo na região do Oriente Médio, com grande
refinarias e petroquímicas. Mas Andorra, Listenstaine e São Marinho, na Europa,
são verdadeiros patrimônios da humanidade porque reúnem construções arquitetônicas
da Idade Média de grande valor histórico e artístico. Quiribáti, Palau e Tonga,
no Oceano Pacífico, estão assentados sobre atóis coralígenos, cuja
preservação é imprescindível para o equilíbrio do ecossistema marinho de todo o
planeta.
Bibliografia Geral Consultada.
PAONE, Pasquale, “Il caso dell'Isola delle Rose”. In: Rivista di Diritto Internazionale, 1968; Artigo: “Nuovo Stato al largo di Rimini su un`isola artificiale. Assediato dalle motovedette della Finanza”. In: Il Messaggero, 26/06/1968; DURAND, Pierre, Louise Michel ou la Révolution Romantique. Paris: Éditeurs Français Réunis, 1971; LYOTARD, Jean-François, Économie Libidinale. Paris: Éditions de Minuit, 1974; ECO, Umberto, A Estrutura Ausente. Introdução à Pesquisa Semiológica. 3ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva, 1976; KAWAMURA, Lili Katsuco, Engenheiro: Trabalho e Ideologia. 1ª edição. Campinas: Editora da Universidade de Campinas, 1979; COHEN, Anthony Paul, The Symbolic Construction of Community. Londres/Reino Unido: Editor Tavistock, 1985; RAMOS, Marcelo Agra, “A Ideologia dos Engenheiros”. In: Rev. Adm. Empres. vol.27 nº2. São Paulo, Apr./June 1987; SERVIER, Jean, La Utopia. México: Fondo de Cultura Econômica, 1982; PACCALET, Yves, Jacques-Yves Cousteau: Dans l`Océan de la Vie: Biographie. Paris: Les Éditions Jean-Claude Lattès, 1997; TAYLOR, Charles, As Fontes do Self: A Construção da Identidade Contemporânea. São Paulo: Edições Loyola, 1997; VACCAREZZA, Fabio, “Il Libero Stato dell`Isola delle Rose”. In: Il Collezionista, dicembre 2006; MORIN, Edgar, O Método: A Ideias, Habitat, Vida, Costumes, Organização. 4ª edição. Porto Alegre: Editora Sulina, 2008; ARAUJO, Rogério Bianchi de, Utopia e Antiutopia Contemporânea: A Utopia da Cidadania Planetária e a Antiutopia da Sociedade de Consumo. Tese de Doutorado. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008; GOFFMAN, Erving, Estigma: La Identidad Deteriorada. Madrid: Amorrotu Editores, 2009; CERTEAU, Michel de, A Invenção do Cotidiano: (1): Artes de Fazer. 22ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; SAMANTHA, Lodi-Corrêa, Entre a Pena e a Baioneta: Louise Michel e Nadehzda Kruspskaia, Educadoras em Contextos Revolucionários. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Universidade Estadual de Campinas, 2016; PEDROSO, Sandra Pires de Toledo, O Tempo da Utopia. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Departamento de Filosofia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; ROSA, Giorgio, L`Isola delle Rose. La vera storia tra il fulmine e il temporale. Bologna: Persiani Editore, 2020; CORREIA, André Rezende Soares, As Relações entre Soberania e Governo em Jean-Jacques Rousseau. Programa de Pós-graduação em Filosofia. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2021; entre outros.
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