sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Jiří Stretch - Filme Suspeita, Cultura do Cinema Tcheco.

 

Uma idosa solitária e confiante teme que ninguém mais precise dela”. In: Suspeita (Klec, 2019)

       

Jiří Stretch nascido em 29 de setembro de 1973 em Praga é diretor e ator de cinema tcheco. O filme Suspeita (Klec, 2019) produzido na República Tcheca, coloca a seguinte questão. Quando uma mulher idosa e solitária abre a porta para um jovem que afirma ser um parente distante, sua vida muda para o inesperado. Como ela acha que pode ter encontrado o companheiro perfeito para seus últimos dias, a realidade social se mostrará sombria e perigosa. O Eurochannel estreia Suspeita, um emocionante suspense sobre os perigos de convidar estranhos para sua casa. Ambientado em uma pequena vila europeia, o filme narra uma história de confiança, enganação e ganância. No filme, Kveta tem uma existência solitária. Sua vida social é limitada a uma visita semanal de seu carteiro e seu trabalho voluntário na igreja. Um dia, quando um jovem a visita, ela começa a pensar que suas preocupações com a solidão podem acabar para sempre. Mas com elas, talvez também a vida dela! Um drama psicológico intenso com elementos de suspense, Suspeita vai além do medo do desconhecido, mas também retrata a deflagração do sentimento de angústia quando alguém está preso. À medida que a trama se desenvolve, Kveta percebe que algo não está certo com o jovem visitante e eles logo se veem presos no apartamento. Quando ela conhece um jovem que afirma ser seu parente distante, logo se anima, pensando ter encontrado o caminho para escapar de sua solidão. Contudo, ela começa a perceber que nem tudo é o que parece, desconfiando das verdadeiras intenções de seu mais novo conhecido. É um jogo de “gato e rato” que se inicia, mas não está claro quem é o gato e quem é o rato. Kveta sobreviverá ao desafio final da solidão ou cairá na armadilha sombria de seu visitante inesperado? 

Praga, em Tcheco: Praha é a capital e a maior cidade da República Tcheca, situada na margem do rio Vltava. Conhecida como “cidade das cem cúpulas”, Praga é um dos mais belos e antigos centros urbanos da Europa, famosa pelo extenso patrimônio arquitetônico e rica vida cultural, como é bem retratado por Milan Kundera no best seller: Nesnesitelná lehkost bytí, ou, A Insustentável Leveza do Ser, título em português, é um livro publicado em 1984 por Milan Kundera. O romance se passa na cidade de Praga em 1968. Foi adaptado para o cinema pelo diretor Philip Kaufman sob o nome de The Unbearable Lightness of Being. Praga é importante também no processo de comunicação como núcleo de transportes e comunicações, é o principal centro econômico e industrial da República Tcheca. Situada na Boêmia central, a cidade de Praga localiza-se sobre colinas, em ambas as margens do rio Vltava, pouco antes de sua confluência com o rio Elba. Nasce nos bosques montanhosos da Boémia e é afluente do rio Elba. É o rio de maior extensão do país, percorrendo um total de 430,3 km. O rio Vltava passa pela cidade de Praga; na cidade, 18 pontes atravessam o Vltava, incluída a famosa Ponte Carlos. O curso sinuoso da cidade de antigas pontes, contrasta com a presença imponente do grande Castelo de Praga em Hradcany, que domina a capital na margem esquerda oriental do Vltava.

Sobre a literatura do Leste europeu já se disse alhures que os autores daquele lado frio da Europa parecem compreender o que há de mais vergonhoso dentro de nós. Tudo aquilo que tentamos esconder, eles mostram com certo desprezo. Como se fosse uma banalidade risível. Todos os nossos medos e anseios, as nossas bobagens estupidamente humanas e além-fronteiras, nossas barbáries, nosso ciúme, mesquinhez, delinquência e humor universal. Está tudo ali, retratado fielmente da forma que é. Sem limites e sem disfarces pela sua capacidade sem igual de compreender nossas fraquezas, sua generosidade em perdoar a raça humana por sua notória embriaguez. Há algo de lúcido nestes autores que raramente encontramos nos escritores de outras nações. Na República Tcheca, por exemplo, 70% da população não acreditam em Deus. Suas igrejas estão sendo transformadas em hotéis e há um profundo desprezo pelas coisas transcendentais do espírito. Mas lendo os autores tchecos, temos a impressão de que sua descrença é proveniente de sua profunda compreensão sobre as falhas e os erros humanos. Se acreditassem que o ser humano é feito à imagem e semelhante de Deus, então teriam que conceber uma nova divindade desajustada e infinitamente imperfeita.    


Em 1950, temporariamente forçado a interromper seus estudos por razões políticas, ele e o escritor tcheco Jan Trefulka, foram expulsos do Partido Comunista Tchecos por “atividades anti-partidárias”. Trefulka descreveu o incidente em uma de suas novelas. Milan Kundera usou o incidente como inspiração para o tema principal de seu romance A Brincadeira, de 1967. Em 1956, porém, Kundera foi readmitido no Partido Comunista. Em 1970, foi novamente expulso. Mas como outros artistas tchecos como Václav Havel, envolveram-se na Primavera de Praga de 1968. Foi um escritor, intelectual e dramaturgo checo. Foi o último presidente da Checoslováquia e o primeiro presidente da República Checa. O período de otimismo, como se sabe, foi destruído no agosto do mesmo ano pela invasão soviética com exército do Pacto de Varsóvia à Tchecoslováquia. Kundera e Havel tentaram acalmar a população e organizar um levante reformistas frente à ditadura pseudo-comunista da União Soviética. Permaneceu neste intento ativo até desistir definitivamente no ano de 1975. Seus romances tratam de escolhas e decepções. Em seus livros é recorrente a crítica analítica ao autoritarismo e à posterior ocupação russa de seu país, em 1968, foi exilado e teve sua obra proibida na Tchecoslováquia. Seu maior ou mais importante romance, A Insustentável Leveza do Ser pode ser editado em 1983, mas só teve sua primeira edição em Tcheco em 2006.

Nascido no seio da erudita família de classe média do senhor Ludvik Kundera, um pupilo do compositor Leoš Janáček e um importante musicólogo e pianista, o líder da Academia Musical de Brno de 1948 a 1961. Em sua formação Milan Kundera aprendeu a tocar piano com seu pai. Posteriormente também estudou musicologia. Influências e referências musicológicas podem ser encontradas através de sua obra, a ponto de poder-se encontrar notas em pauta durante o texto. Estudou literatura e estética na Faculdade de Artes da Universidade Charles, mas, depois de dois períodos, transferiu-se para o curso de cinema da Academia de Artes Performáticas de Praga onde realizou suas primeiras leituras em produção de scripts e direção cinematográfica. Vive na França desde 1975, sendo cidadão francês desde 1980. Seus romances tratam das angústias entre escolhas e decepções. Entre outros prêmios, Kundera recebeu, pelo conjunto da sua obra, o chamado Common Wealth Award de Literatura (1981) e o Prêmio Jerusalém (1985). Sua obra principal, A Insustentável Leveza do Ser obteve em 1988 uma adaptação para o cinema, sob a direção de Philip Kaufman, com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin para citarmos estes artistas de um grandioso elenco. Recebeu duas indicações ao Óscar e reconhecimento mundial. Desde então, contrariando suas motivações na vida e na arte, não autorizou mais a adaptação cinematográfica dos seus romances. 

O romance foi traduzido pela escritora Inês Pedrosa, a partir do francês, em que Kundera o escreveu. Nascido na Checoslováquia há 85 anos, Milan Kundera fixou-se em França, como exilado, em 1975, tendo adquirido a nacionalidade francesa em 1981, e tem optado pela língua de Molière e de Honoré de Balzac, desde livros A Lentidão (“La Lenteur”), de 1989; A Identidade (“L`Identité”), de 1998, e Ignorância (“L`Ignorance”), de 2000, são outros romances redigidos em francês, comparativamente à semelhança dos volumes de ensaio A Cortina (“Le Rideau”, 2005) e Um Encontro (“Une reencontre”, 2009), “Jacques e o seu amo”, “A valsa do adeus”, “A vida não é aqui”, “O livro do riso e do esquecimento”, “O livro dos amores risíveis” são títulos do autor que não publicava ficção desde 2000, quando saiu a edição de A Ignorância. Mas em Lanteur que o amor é, por definição, um prêmio sem mérito, pois para Kundera é melhor ouvir: - “Eu sou louca por ti embora nem sejas inteligente nem uma pessoa decente, embora seja um mentiroso, um egoísta e um canalha”. 

No livro A Ignorância é descrito o diálogo entre uma mulher e um homem que se encontram por acaso durante a viagem de regresso ao país natal, de onde emigraram vinte anos atrás. O enredo está centrado na possibilidade de recuperarem uma estranha história de amor, que então, na sua terra, fora apenas iniciada. Entretanto, depois de tão larga ausência, as suas lembranças não se assemelham. Nossa memória só é capaz de reter uma pequena parcela do passado, e sem a técnica da psicanálise que ninguém saiba por que precisamente essa e não outra. Vivemos imersos num imenso esquecimento e não nos preocupamos com isso. Só aqueles que, como fora Ulisses, regressam vinte anos depois à sua ítaca natal podem ver de perto, atônitos e deslumbrados, a deusa da ignorância. Temos aí a emigração, imposta ou voluntária. A Festa da Insignificância é uma prosa poética, peça de teatro e fábula. O texto existencialista tem como escopo um grupo de amigos, todos eles homens maduros e solitários vivendo no coração da cidade de Paris. Alain dialoga com o retrato da mãe ausente, enquanto se interroga sobre os motivos do abandono; Caliban, ator recalcado, entretém-se durante o trabalho como garçom a numa língua inventada, e se dá conta de que não existe personagem sem um público que a veja; Charles, cuja mãe se encontra no leito de morte, sonha em escrever uma peça de marionetes sobre Stalin e Kalinin, e se entretém com a ausência do riso na sociedade contemporânea; D’Ardelo, narcisista, reencontra os prazeres da vida ao inventar a iminência da própria morte; e Ramon, aposentado, sente-se cada vez mais afastado do seu tempo, descobre com leveza as vantagens da insignificância. Na reflexão de Kundera essas vozes inventadas ganham vida ao se cruzarem em torno do Jardim do Luxemburgo. 

Compartilham tout en passant, a fragilidade humana, o teor de suas angústias, entre sonhos e verdades. Se uma das principais características do romance tradicional é tentar abarcar em suas páginas um fragmento completo da realidade, Kundera nunca pretendeu escrever um romance tradicional. Pelo contrário, a provocação daí advinda é ampliada pelo fato de que, à narrativa central, vão se mesclando hic et nunc histórias inventadas pelas próprias figuras centrais como a pungente fábula da suicida que opta pela vida ao matar seu salvador, ou as diversas interferências sobre os últimos dias do regime autoritário stalinista. Apesar disso, talvez por esse mesmo conteúdo de sentido/motivo, sociologicamente, as personagens da festa da insignificância são tão coerentes e verossímeis, como se se tratassem de pessoas que conhecemos até mesmo por seus medos e anseios serem tão parecidos com os nossos. Analogamente humanas, demasiadamente humanas, é o que se pode dizer das vozes em uníssono que se intercalam para compor o perspectivismo de Milan Kundera. Se na vida Nietzsche analisa os mais diversos aspectos do pensamento humano. Procurando ainda estabelecer uma ligação entre o que é bárbaro na humanidade e o estado em que se encontra em seu tempo para deslumbrar as inverdades das superstições, depurado de tudo que é fantasia, Milan Kundera, pretende demonstrar que continua a ser um mestre refinado e perspicaz. Principalmente no que diz respeito à capacidade de reter e captar a essência real do seu tema em que se perdeu o contato estético com humor, por não ser mais quase capaz dos méritos da autocrítica, portanto, viva a insignificância!

  Finalmente, a presença de conteúdos essencialmente filosóficos no texto de Milan Kundera faz-se notar de modo explícito, por força e dimensão de seu estilo literário narrativo. Seu processo constante de persuasão decorre de um parti pris na concepção estética de “ideologia na arte através da condensação e deslocamento do texto”. Assim, os capítulos em forma de comentário funcionam à maneira de notas de rodapé, como fez de Marx, n`O Capital, um exemplo técnico-metodológico exemplar para a sociologia, esclarecendo o leitor sobre o terreno filosófico e psicológico em que a história social e política-afetiva se desenrola. A referência a autores da tradição filosófica como na articulação bem-vinda entre pensadores como Nietzsche e Parmênides compondo a ideia de vontade no centro, situa o enredo “fati” do romance dentro de uma perspectiva existencial, submetendo as situações de angústia a uma análise filosófica, a uma reflexão especulativa. Sem temor a erro a problemática especulativa da leveza e do peso possui amparo na filosofia de Parmênides. É neste sentido que Kundera desloca a dualidade do peso e da leveza para uma perspectiva existencial, mesclando-a ao problema da liberdade em uma perspectiva vis-a-vis à problemática da existência. Para Kundera, a leveza decorre de uma vida levada sob o teto da “liberdade descompromissada”.

A leveza segue-se de um não engajamento político, um não comprometimento com situações quaisquer, aproximando-se, nesse sentido, hic et nunc das ideias libertárias de um Jean-Paul Sartre sobre a condição humana. O personagem Tomas é a metáfora através da qual Kundera ilustra as consequências existenciais do comprometimento da liberdade para com uma situação qualquer - no caso, relacional do vínculo afetivo com Teresa. A partir de então, Tomas experimenta o peso do comprometimento, peso opressivo de um engajamento qualquer, uma situação qualquer. A leveza, porém, despe totalmente a vida de seu sentido. O peso do comprometimento é uma âncora que finca a vida a uma razão de ser qualquer que se constrói, acreditamos, sob uma perspectiva existencialista, evidentemente. Sob a vontade da filosofia nietzschiana, porém, Tomas levava uma vida autêntica, construindo com vontade os próprios valores sob os quais conduzia sua vida. Teresa ilustra a problemática da moralidade de escravos: incapaz de realizar um empreendimento como de Tomas, amarra-o pela força de sua impotência, chegando ao final à admissão de ter “destruído sua vida”, ao final do livro. Tomas, encarnando metaforicamente a noção nietzschiana de amor fati, revela que não se arrepende de nada. Remetendo à doutrina do “Eterno Retorno” no início do livro.

A República Tcheca passou por períodos dos mais delicados em sua história. Apesar disso, ou mesmo causa disso, conseguiu estabelecer uma grande tradição cinematográfica, revelando nomes como Milos Forman, Jan Svankmajer, Jírí Menzel, Vera Chytilová e Jiří Stretch. Recordar a démarche dos tchecos significa retornar para os velhos e bons tempos da Tchecoslováquia, quando a República Tcheca e a Eslováquia eram um país e compartilhavam algumas de suas tradições artísticas. A história do cinema da República Tcheca, e por extensão da Eslováquia, começa em 1921 com Jánošík, um longa-metragem de Jaroslav Siakel. Um filme mudo em preto e branco eslovaco. Ele relata a lenda popular do salteador Juraj Jánošík. Mostra a experiência dos cineastas com os primeiros filmes norte-americanos no trabalho de câmera, no uso técnico de narrativas paralelas e em sequências inspiradas em faroestes. Jánošík classificou o cinema eslovaco como o 10º cinema nacional do mundo a produzir um longa-metragem. A história social se passa no início do século XVIII, quando muitos fazendeiros da monarquia dos Habsburgos foram obrigados a trabalhar nos campos de um nobre com jornada de dois dias de trabalho semanais. O local é o noroeste dos Cárpatos do Reino da Hungria, com uma população de maioria eslovaca. Juraj Jánošík (Theodor Pištěk), um jovem e imponente estudante de Seminário, retorna à aldeia natal e descobre que sua mãe doente acaba de morrer.   

O conde Šándor (Vladimír Šrámek), entretanto, não liberou o pai de Jánošík (Karel Schleichert) de suas obrigações semanais para o funeral e manda espancar o pai, o que é fatal para o velho. Jánošík ataca o conde e foge da aldeia. Enquanto fugia, Jánošík se viu lutando ao lado de um bando de salteadores de estrada em uma escaramuça com a corte do conde comandada por Pišta (Jozef Chylo), descarta o vestido, junta-se ao bando e assume a liderança. A banda de Jánošík faz festas nas montanhas, rouba nobres viajantes e usa o disfarce para roubar os convidados no Baile do Condado dos nobres apenas para redistribuir o butim entre os fazendeiros. Nos primeiros anos do cinema Tchecoslovaco, os roteiros apresentavam principalmente as tradições e o folclore do país, muitas vezes mostrando exteriores rurais. Jan Kříženecký, muitas vezes reconhecido como o primeiro diretor de filmes, e cinematógrafo do país, filmou documentários curtos e cinejornais, populares na Europa durante a última parte do século XIX. Durante os anos 1920, a Tchecoslováquia produziu cerca de 20 filmes de longa-metragem por ano. O cinema nacional, em construção, normalmente incluía melodramas pertinentes sobre temas sociais durante este período do cinema mudo. Quando a “era do som começou”, o cinema se tornou popular no país, ao ponto de Praga se tornar a cidade com o maior número de cinemas per capita da Europa. Jánošík reacende um caso de amor com sua namorada de infância Anička (Mária Fábryová), que é assediada sexualmente pelo Conde.

A história de Praga está em cada passo que a gente dá na cidade. O passado fascinante da capital tcheca se mistura com folclore nas lendas misteriosas narradas sobre a cidade. Dizem que cegaram o mestre que criou relógio astronômico de Praga para que ele não construísse outro tão belo para nenhuma outra cidade da Europa. Na praça principal do centro histórico, tem um prédio fininho, vermelho escuro, que fica ao lado da torre do relógio. Em frente a ele, você vai encontrar 27 cruzes brancas desenhadas no chão. Elas são um tributo aos 27 nobres do antigo Reino da Bohemia que foram decapitados ali depois de se rebelarem contra o imperador austríaco Ferdinand II. Outra história narra que o Rei Charles IV resolveu criar a região de New Town quando um astrônomo da corte anunciou a previsão de que a parte antiga da cidade seria destruída por um incêndio. O rei fez questão de supervisionar toda a obra e, um dia, quando percebeu que os operários haviam aberto uma rua que não estava aprovado no projeto, ficou injuriado e mandou nomeá-la de Nekázanka – “a rua da desordem” – para que ficasse eternamente registrado de que ele não a havia mandado construir. Dizem que quando o bairro judeu começou a se formar em Praga, houve muita discussão para decidir onde e como construiriam uma nova sinagoga. Havia apenas uma, que mais tarde foi demolida e substituída pela linda Sinagoga Espanhola. Até que um velho sábio profetizou que bastava eles escavarem uma tal colina e todas as questões seriam resolvidas. Os judeus então começaram a escavar e encontraram uma sinagoga inteirinha construída com pedras de Jerusalém. Daí o nome paradoxal Old New Synagogue, a sinagoga que é nova e velha ao mesmo tempo.

O padre local (František Horlivý) ajuda Jánošík com o encobrimento durante suas visitas à aldeia. No entanto, seus telefonemas frequentes e mais uma briga com o conde provam ser sua ruína. Com a ajuda de um traidor, os homens do conde descobrem o paradeiro de Jánošík e o derrotam e seu bando durante uma festa com bebidas em uma taverna. Jánošík é enforcado. A narrativa central é enquadrada em uma história ambientada na época do lançamento do filme, na qual um caminhante (Theodor Pištěk) e amigos (Mária Fábryová, Jozef Chylo) param em um redil de ovelhas na montanha onde o pastor-chefe comenta sobre a estatura do caminhante semelhante a os lendários Jánošík`s e narra para eles o enredo do filme.  Em 1931, Milos Havel liderou a indústria cultural com a construção de um estúdio de cinema moderno em Barrandov. Após a sua concepção, o estúdio recebia em torno de 80 filmagens todos os anos. Após a invasão da Tchecoslováquia em 1939, os alemães assumiram grande parte dos estúdios Barrandov Film. A década de 1950 representou uma mudança nas políticas públicas do país depois do Golpe Comunista de 1947. O estúdio Barrandov Film e outras instalações foram nacionalizados até 1990. Em pouco tempo, os comunistas introduziram suas novas ideias para a indústria cultural, também conscientes do poder da mídia. Histórias realistas sociais e da classe trabalhadora, bem como filmes de propaganda antiamericana se tornaram populares, como The Kidnapping (1952), dirigido por Ján Kadar e Elmar Klos.

Metodologicamente lembramos que todo questionamento é uma procura. Toda procura retira do procurado sua direção prévia. Questionar é procurar cientemente o ente naquilo que ele é, e portanto, como ele é. A procura ciente pode transformar-se em uma investigação se o que se questiona foi determinado de maneira libertadora. O questionamento enquanto “questionamento de alguma coisa” possui um questionado. Todo questionamento de... é, de algum modo, um interrogatório acerca de... Além do questionado, pertence ao questionamento um interrogado. Na investigação, isto é, na questão especificamente teórica, deve-se determinar e chegar a conceber o questionado. No questionado reside, pois, o perguntado, enquanto o que previamente se intenciona, aquilo em que o questionamento alcança sua meta. Enquanto procura, o questionamento necessita de uma orientação, prévia do procurado. Para isso, o sentido do ser já nos deve estar sendo de alguma maneira disponível. Este estado indeterminado de uma compreensão do ser já sempre disponível no limiar de um mero conhecimento verbal – esse estado indeterminado de uma compreensão do ser já sempre disponível é, em si mesmo, um fenômeno positivo que necessita de esclarecimento. Uma investigação sobre o sentido do ser não pode pretender dar este esclarecimento em seu início.

A interpretação dessa compreensão mediana do ser só pode conquistar um fio condutor com a elaboração do conceito do ser. É a partir da claridade do conceito e dos modos de compreensão explícita nela inerentes que se deverá decidir o que significa essa compreensão.  Quer do ser obscura e ainda não sendo esclarecida. E quais espécies de obscurecimento ou impedimento, são possíveis e necessários para um esclarecimento explícito do sentido do ser. A imediata compreensão do ser vaga e mediana pode também estar impregnada de teorias tradicionais e opiniões sobre o ser, de modo que tais teorias constituam, secretamente, fontes primárias de compreensão geral dominante. O procurado no questionamento do ser em sua essência não é algo inteiramente desconhecido, embora seja, de início, algo completamente inapreensível. O questionado da questão a ser elaborada é o ser, o que determina o ente como ente, como o ente já é sempre compreendido, em qualquer discussão que se pretenda. O ser dos entes não é em si apensa um outro. Se questionado, o ser exige um modo próprio de demonstração que se distingue da descoberta de um ente. Em consonância, acentua Heidegger que o perguntado, o sentido do ser, requer também uma conceituação própria que, por sua vez, também se diferencia dos conceitos em que o ente alcança a determinação de seu significado.

Na medida em que o ser se constitui o questionado e ser diz sempre ser de um ente, o que resulta como interrogado na questão do ser é o próprio ente. Este ente é como que interrogado em seu ser. Mas para se poder apreender sem falsificações os caracteres de seu ser, o ente já deve se ter feito acessível antes, tal como é em si mesmo. Quanto ao interrogado, a questão do ser exige que se conquiste e assegure previamente um modo adequado de acesso ao ente. Chamamos de “ente”, afirma Heidegger, muitas coisas e em sentidos diversos. Ente é tudo que falamos, tudo que entendemos, com que nos comportamos dessa ou daquela maneira, ente é também o que e como nós mesmos somos. Ser está naquilo que é como é, na realidade, no ser simplesmente dado (Vorhandenheit), no teor e recurso, no valor e validade, na pre-sença, no “há”. Em qual dos entes deve-se ler o sentido do ser? De que ente deve partir a saída para o ser? O ponto de partida é arbitrário ou será que um determinado ente possui primazia na elaboração da questão do ser? Qual é este ente exemplar e em que sentido possui primazia?

O ente pode vir a ser determinado em seu ser sem que, para isso, seja necessário já dispor de um conceito explícito sobre o sentido do ser. A “pressuposição” do ser possui o caráter de uma visualização preliminar do ser, de tal maneira que, nesse modo visual, o ente previamente dado se articule provisoriamente, em seu mediato ser. Essa visualização do ser orientadora do questionamento, nasce da compreensão cotidiana do ser em que nos movemos desde sempre e que, em última instância, pertence à própria constituição essencial da presença. Tal “pressuposição” nada tem a ver com um pró-estabelecimento de um princípio do qual se derivaria, por dedução, uma conclusão. Ah! não pode haver “círculo vicioso” na colocação da questão sobre o sentido do ser porque não está em jogo, na resposta, uma fundamentação dedutiva, mas uma exposição de-demonstrativa das fundações. Na questão sobre o sentido do ser não há “círculo vicioso” e sim uma curiosa “repercussão ou percussão prévia” do questionado (o ser) sobre o próprio questionar enquanto modo de ser do ente determinado. Ser atingido essencialmente pelo questionado pertence ao sentido mais autêntico da questão do ser. Isso, porém, significa apenas que o ente, dotado de caráter da presença, traz em si mesmo uma remissão talvez até privilegiada à questão do ser. Com isso não se prova o primado ontológico de um determinado ente? No que se pretende afirmar o ser é sempre o ser de um ente.

República Tcheca é um país da Europa Central, limitado ao norte pela Polônia e pela Alemanha; a leste, pela Eslováquia; ao sul, pela Áustria; a oeste, pela Alemanha. A capital do país é Praga, que também é sua maior e mais populosa cidade. A Boémia, na parte ocidental do país, é cercada por morros baixos e forma uma bacia drenada pelo Labe (Elba) e Moldava (Vltava). Morávia, a parte oriental também é montanhosa e é banhada pelo rio Morava. Silésia, a parte do norte da Morávia, entre a Morávia e a Polônia. No século XIX, as terras Tchecas tornaram-se a potência industrial da monarquia e do núcleo da República da Tchecoslováquia, que foi formado em 1918, após o colapso do Império Austro-Húngaro após a 1ª guerra mundial. Depois de 1933, a Checoslováquia permaneceu como a única e principal democracia na Europa Central. Na sequência política do Acordo de Munique e da anexação polonesa de Zaolzie, a Tchecoslováquia caiu politicamente sob ocupação alemã durante a 2ª guerra mundial. Em 1945, uma grande parte do país foi libertada pelo Exército Vermelho, e a gratidão subsequente para os soviéticos, combinada com a desilusão com o Ocidente por não intervir, levou o Partido Comunista da Tchecoslováquia a alcançar a vitória nas eleições gerais de 1946. Após o golpe de Estado em 1948, a Tchecoslováquia tornou-se um Estado comunista sob a influência soviética. Em 1968, aumentando a insatisfação com o regime, culminou com um movimento de reforma reconhecido mundialmente como a Primavera de Praga, que terminou com uma invasão dos exércitos dos países do Pacto de Varsóvia, com exceção da Roménia.

O catolicismo foi a principal religião da Chéquia (96,5% em 1910). Porém, começou a declinar após a 1ª grande guerra (1914-18) e a dissolução do Império Austro-húngaro, devido a um movimento social popular antiaustríaco e anticlerical. Durante o regime comunista sob a Tchecoslováquia, as propriedades da Igreja foram confiscadas e a atuação religiosa passou a ser “supervisionada”. Com o fim do comunismo, em 1991, 39% dos Tchecos ainda eram católicos, mas a porcentagem vem declinando ininterruptamente, chegando a apenas 10% de católicos em 2011, a mesma porcentagem de católicos da Inglaterra, um país de maioria anglicano. As leis que estabelecem a liberdade religiosa foram criadas pouco após a revolução de 1989, revogando as leis que a cerceavam, promovidas pelo regime comunista. Apesar disso, a Chéquia tem uma das populações menos religiosas do mundo, sendo o país com a terceira população mais ateia do mundo, atrás apenas da gigantesca China e do Japão.  O povo Tcheco tem sido caracterizado como socialmente “tolerante” e mesmo “indiferente à religião”. Estatisticamente segundo o censo realizado em 2011, 34% da população declarou que não tinha religião, 10,3% era católica romana, 0,8% era protestante e 9% seguidora de outras formas possíveis de religião, mas 45% da população não respondeu à pergunta sobre o que é religião.    

O diretor Otakar Vávra se tornou o cineasta mais importante da rigorosa era comunista. As décadas a partir dos anos 1960 até o início dos anos 1990 viram um programa de censura um pouco menos rigoroso no cinema tcheco, oferecendo assim mais oportunidades para alguns diretores inovadores retratarem aventuras e ficção. Desde aquela época, The Shop on Main Street (1965) de Ján Kadár e Elmar Klos, que ganhou o Óscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira permanece entre os mais marcantes. O filme foi escrito por Ladislav Grosman e dirigido por Ján Kadár e Elmar Klos. Foi financiado pelas autoridades centrais da Tchecoslováquia, assim como em quase todos os filmes sob o regime comunista, produzido no Barrandov Film Studio em Praga e filmado com um elenco eslovaco em locações na cidade de Sabinov no nordeste da Eslováquia e no Barrandov Studios e palco de som. É estrelado por Jozef Kroner como o carpinteiro Tóno Brtko e a atriz polonesa Ida Kamińska como a viúva judia Rozália Lautmannová. O filme ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1965, e Kamińska foi indicada um ano depois para Melhor Atriz em um papel principal. O filme foi inscrito no Festival de Cinema de Cannes de 1965. Durante a 2ª guerra mundial (1939-1945), envolvendo a maioria das nações do mundo, incluindo todas as grandes potências, organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a guerra mais abrangente da história política das nações, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. Ipso facto, oferece -se a um carpinteiro eslovaco de boas maneiras Anton “Tóno” Brtko a propriedade das noções básicas de costura, ou seja, uma loja de armarinhos de uma judia idosa e quase surda, Rozália Lautmannová, como uma arianização o seu regulamento é promulgado.                         

Enquanto Brtko tenta explicar a Lautmannová, que está alheio ao mundo exterior e geralmente confuso, que ele agora é seu supervisor e proprietário da loja, Imrich Kuchár, um oponente eslovaco da arianização, informa Brtko que o negócio não é lucrativo e Lautmannová depende de doações. A comunidade judaica então se oferece para pagar a Brtko um salário se ele continuar no comando, para evitar que seja dado a um novo arianizador possivelmente implacável. Ele aceita e deixa Lautmannová acreditar que ele é o sobrinho dela que veio ajudar. Seu relacionamento cresce até que as autoridades prendem os judeus para transporte. Brtko não sabe se deve entregar ou esconder Lautmannová. Bebendo sem parar, ele perde a coragem e tenta persuadi-la e então forçá-la a se juntar aos prisioneiros judeus na rua, mas então interrompe suas tentativas quando os vê sendo levados. Quando Lautmannová toma conhecimento do pogrom, ela entra em pânico e, na tentativa de silenciá-la, Brtko a empurra para dentro de um armário. Ela cai, quebrando o pescoço e morre. Devastado, Brtko se enforca. O filme termina com uma sequência de sonho com os já falecidos Lautmannová e Brtko correndo e dançando juntos pela praça da cidade. O roteiro tem uma história bilíngue tcheco-eslovaca. O roteirista Ladislav Grosman (1921–1981) nasceu e cresceu na Eslováquia. Grosman publicou seu precursor do roteiro, o conto The Trap (Past), em tcheco em 1962. Apenas três de seus temas foram usados ​​no filme. Posteriormente, ele o retrabalhou e expandiu, ainda em tcheco, como um roteiro de narrativa literária publicado em 1964 sob o título The Shop on Main Street (Obchod na korze), que já continha a história do filme, embora não no formato de roteiro usual (norte-americano).  Ele retrabalhou um roteiro de filmagem com diálogos eslovacos em cooperação com os diretores designados. O único outro idioma no filme é o iídiche, às vezes erroneamente identificado como alemão, limitado a várias linhas que a Sra. Lautmannová murmura para si mesma. Sua leitura hebraica do Sidur é indistinta.

            O cineasta tcheco Jirí Menzel foi vencedor do Oscar e de vários festivais internacionais. Ele conquistou o Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira pela história agridoce da ocupação nazista de Trens Estreitamente Vigiados (1966), seu primeiro longa como diretor, após diversos curtas e papéis, como ator, em clássicos do cinema tcheco - entre eles, O Acusado e Coragem para Todos os Dias, ambos de 1964. Menzel foi uma figura importante da new wave tcheca, ao lado de outros diretores que romperam fronteiras, como Milos Forman e Vera Chytilova, enfrentando o regime soviético com propostas estéticas e conteúdo ousados. Seu filme seguinte, a comédia Um Verão Caprichoso (1968), venceu o Festival de Karlovy Vary, o mais importante festival de cinema do Leste Europeu, mas o terceiro, Andorinhas por um Fio (1969), foi banido pelo governo e só lançado em 1990, após a queda do regime comunista. Passado no final dos anos 1940, Andorinhas por um Fio causou polêmica ao mostrar o tratamento dado a “elementos burgueses” suspeitos (artistas e professores), que eram forçados a trabalhar num ferro-velho como reabilitação. Ao finalmente ser exibido para o público e crítica, 21 anos após filmagem, venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim.

A década de 1960 se desenvolveu na Nouvelle Vague Tcheca um movimento artístico que surgiu da insatisfação com o regime comunista que havia tomado a Tchecoslováquia à partir de meados da década de 1940. De 1918 a 1946, a Tchecoslováquia foi um Estado democrático semelhante à maioria dos estados de economia capitalista do ocidente. A idade de ouro do cinema tcheco, é frequentemente associada ao início dos trabalhos de diretores como Miloš Forman, Věra Chytilová, Jiří Menzel e outros. A Tchecoslováquia permaneceu ocupada até 1989 quando, através da Revolução de Veludo, o regime comunista foi derrotado e uma República parlamentar multipartidária foi formada. A Revolução de Veludo de 17 de novembro a 29 de dezembro de 1989, refere-se à revolução não agressiva na antiga Checoslováquia que testemunhou a deposição do governo comunista daquele país. Esta é vista como uma das mais importantes revoluções de 1989. Em 17 de novembro de 1989, a polícia reprimiu uma manifestação estudantil em Praga. Este evento desencadeou uma série de manifestações populares de 19 de novembro até o fim de dezembro. Até 20 de novembro, o número de manifestantes pacíficos em Praga passou de 200 mil a meio milhão de pessoas. Um movimento geral envolvendo todos os cidadãos da Checoslováquia foi feito em 27 de novembro.  

A Nova Onda Tcheca é um termo usado para os cineastas tchecoslovacos que começaram a fazer filmes na década de 1960. Os diretores comumente incluídos são Miloš Forman, Věra Chytilová, Ivan Passer, Pavel Juráček, Jiří Menzel, Jan Němec, Jaromil Jireš, Vojtěch Jasný, Evald Schorm, Hynek Bočan, Juraj Herz, Juraj Jakubisko, Štefan Uher e outros. O movimento às vezes era chamado de “milagre do filme da Checoslováquia”. Os filmes tocaram em temas sociais que para cineastas anteriores nos países comunistas tinham raramente conseguiram evitar as objeções do censor, tais como os jovens equivocados da sociedade checoslovaca retratado em Miloš Forman`s Preto Peter (1963) e Amores de uma Loira (1965), ou aqueles que estão presos em um turbilhão surrealista em věra chytilová`s Daisies (1966) e Jaromil Jires Valerie e seu Semana de Maravilhas (1970). Os filmes frequentemente expressavam humor decadente e absurdo em oposição aos filmes social-realistas dos anos 1950. A Nova Onda Tchecoslovaca diferia da Nova Onda Francesa por conter narrativas mais fortes e, como esses diretores eram filhos de uma indústria cinematográfica nacionalizada, eles tinham maior acesso a estúdios e financiamento estatal. Eles também fizeram mais adaptações, incluindo a de Jaromil Jireš do romance de Milan Kundera, The Joke (1969).

No Quarto Congresso da União de Escritores da Tchecoslováquia, em 1967, Milan Kundera descreveu essa onda do cinema nacional como uma parte importante da história da literatura tchecoslovaca. The Firemen`s Ball, de Forman (1967), outro filme importante da época, continua sendo um filme cult mais de quatro décadas após seu lançamento. A maioria dos filmes rodados durante a New Wave eram em língua tcheca, em oposição a eslovaco. Muitos diretores vieram da prestigiosa FAMU, a Escola de Cinema e TV da Academia de Artes Cênicas de Praga (FAMU) é uma escola de cinema de Praga, República Tcheca, fundada em 1946 como um dos três ramos da Academia de Artes Cênicas de Praga. Vale lembrar é a quinta escola de cinema mais antiga do mundo, localizada em Praga, enquanto os Barrandov Studios, administrados pelo Estado, estavam localizados nos arredores de Praga. Alguns diretores tchecos proeminentes incluem Miloš Forman, que dirigiu The Firemen`s Ball, Black Peter e Loves of a Blonde durante esse tempo, Věra Chytilová que é mais conhecida por seu filme Daisies, e Jiří Menzel, cujo filme Closely Watched Trains (Ostře sledované vlaky,1966) ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Jiří Menzel foi uma figura importante da new wave tcheca, ao lado de outros diretores que romperam fronteiras, como Milos Forman e Vera Chytilova, enfrentando o regime soviético com propostas estéticas e conteúdo ousados.

Seu filme seguinte, a comédia Um Verão Caprichoso (1968), venceu o Festival de Karlovy Vary, o mais importante festival de cinema do Leste Europeu, mas o terceiro, Andorinhas por um Fio (1969), foi banido pelo governo e só lançado em 1990, após a queda do regime comunista. Passado no final dos anos 1940, Andorinhas por um Fio causou polêmica ao demonstrar o tratamento dado a “elementos burgueses” suspeitos (artistas e professores), que eram forçados a trabalhar num ferro-velho como reabilitação. Ao finalmente ser exibido para o público e a crítica, 21 após sua filmagem original, venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim. O filme era uma adaptação de um livro do romancista tcheco Bohumil Hrabal, também autor do livro em que Trens Estreitamente Vigiados tinha se baseado, e que ganhou uma terceira adaptação do diretor, em Shortcuts (1981), agraciada com um prêmio especial do Festival de Veneza. O cineasta era seguidamente premiado por sua capacidade de filmar interpretações irônicas da vida e satirizar figuras que detinham poder de autoridade. Não por acaso, ainda voltou a ser indicado ao Oscar pela comédia de humor decadente My Sweet Little Village (1985), foi premiado como Melhor Diretor no Festival de Montreal por The End of Old Times (1989) e ganhou consagração nacional por seu penúltimo filme, I Served the King of England (2006), que após láureas nos festivais de Berlim, Sofia e outros, venceu quatro Leões Tchecos, comparativo ao Oscar da República Tcheca, incluindo Melhor Filme e Diretor.

Com o colapso dos outros governos comunistas e o aumento dos protestos de rua, o Partido da Checoslováquia anunciou no dia 28 de novembro que iria acabar com o poder e desmantelar o Estado de partido único. Uma espécie de cerca, com arames farpados e outras obstruções, foi removida da fronteira com a Alemanha Ocidental e com a Áustria no começo de dezembro. No dia 10 de dezembro, o presidente Gustáv Husák apresentou o primeiro grande governo não-comunista na Checoslováquia desde 1948, e renunciou. Alexander Dubček foi eleito presidente do parlamento federal em 28 de dezembro e Václav Havel, escritor reconhecido que estava à frente da revolução, tornou-se presidente da Checoslováquia em 29 de dezembro de 1989. Em novembro de 1989, a Tchecoslováquia voltou a ser uma democracia liberal através da pacífica Revolução de Veludo, sociologicamente uma “revolução pelo alto”. No entanto, as aspirações nacionais eslovacas foram reforçadas e, em 1º de janeiro de 1993, o país pacificamente dividiu-se nas independentes nacionalidades Chéquia e Eslováquia. Ambos os países passaram por reformas econômicas e privatizações, com a intenção de criar uma economia de mercado. Este processo foi geralmente bem sucedido; em 2006, a Chéquia foi reconhecida pelo Banco Mundial como um “país desenvolvido” e, em 2009, o Índice de Desenvolvimento Humano classificou a nação como “Desenvolvimento Humano Muito Alto”.

A partir de 1991, a Chéquia, originalmente como parte da Tchecoslováquia e, desde 1993, por direito civil e político próprio, tem sido um membro do Grupo de Visegrád e desde 1995, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou Económico (OCDE) é uma organização econômica intergovernamental com 37 países membros, fundada em 1961 para estimular o progresso econômico e o comércio mundial. A Chéquia aderiu à Organisation du Traité de l`Atlantique Nord (OTAN) em 12 de março de 1999 e da União Europeia em 1º de maio de 2004. Em 21 de dezembro de 2007, a Chéquia aderira ao espaço Schengen, uma convenção de partidários de “economia ideológica” entre países europeus sobre uma política de abertura das fronteiras nacionais e de livre circulação de pessoas entre os países signatários. Em 1º de agosto de 2007, foi criado o Instituto para o Estudo dos Regimes Totalitários. Em 3 de junho de 2008, no Palácio de Wallenstein, sede do senado tcheco, foi firmada a Declaração de Praga sobre Consciência Europeia e Comunismo que equipara os crimes contra a humanidade. O cenário político da Chéquia abrange um amplo espectro de partidos políticos, desde o semi-reformado Partido Comunista da Boêmia e Morávia na extrema-esquerda até os vários e mais extremados partidos nacionalistas na extrema direita. Geralmente, a direita liberal é dividida, exceto no caso específico do gigantesco Partido Democrático Cívico, e tem falhado a várias tentativas de unificação. O eleitorado checo se mostrou dividido nas eleições parlamentares de junho de 2002, dando maioria à coalizão dos social-democratas (ČSSD), de centro-esquerda e dos comunistas. Não houve um governo funcional “por causa do ferrenho anticomunismo de Vladimír Špidla”. Politicamente os resultados levaram a um governo de coalizão do ČSSD (Czech Social Democratic Party).  

Represrentou uma coalizão com os democrata-cristãos (KDU-ČSL) União Cristã e Democrata-Partido Popular Checoslovaco, um partido político da República Checa de ideologia democrata cristã e os liberais (US-DEU), Freedom Union – Democratic Union, enquanto os democratas cívicos (ODS) Partido Democrático Cívico é um partido político de centro-direita/direita da República Tcheca e comunistas (KSČM), Partido Comunista da Boêmia e Morávia  ficaram na oposição. Após os resultados da eleição de junho de 2004 para representação no Parlamento Europeu, o governo promoveu uma reforma ministerial com a mesma base aliada, mas excluindo Špidla, a Social Democratic Party, após uma revolta em seu próprio partido. Nas eleições de 2006, o parlamento entrou em um impasse, pois dois grupos se dividiram em exatamente 50 por cento das cadeiras, demorando meses até que o partido de direita, ODS, conseguiu fazer de Mirek Topolánek, membro do Partido Democrático Cívico, primeiro-ministro, em coligação com o Partido Cristão-Democrata (KDU-ČSL) e o Partido Verde. Foi a primeira vez na história social que o Partido Verde checo conseguiu os necessários mínimos 5 por cento dos votos para entrarem no Parlamento. O partido US-DEU foi encerrado, depois de serem rejeitados nas urnas. O primeiro-ministro é o chefe de governo e mantém poderes consideráveis, incluindo o direito de determinar a maior parte da política interna e externa, mobilizar a maioria parlamentar e nomear ministros. Václav Klaus, agora ex-presidente da Chéquia, ex-presidente dos democratas cívicos (ODS). Como chefe-de-Estado formal, tem poderes específicos de direito de veto, nomear juízes do Tribunal Constitucional, indicar o primeiro-ministro e dissolver o parlamento sob raras e especiais condições.

O parlamento é bicameral, com uma Câmara dos Deputados e um senado. Após a divisão da antiga Tchecoslováquia, os poderes e responsabilidades do agora extinto parlamento federal foram transferidos para o Conselho Nacional Tcheco, que se renomeou como Câmara dos Deputados. Os deputados são eleitos a cada quatro anos em eleições proporcionais com cláusula de barreira de 5% dos votos. Há politicamente 14 distritos eleitorais que coincidem com as regiões administrativas do país. Como o sistema político nas condições checas produz repetidamente governos “fracos”, pois um problema específico é que o apoio recebido pelos comunistas, cerca de 20% do eleitorado, é rejeitado por todos os outros partidos, há debates constantes sobre mudanças, mas com poucas chances reais de fazer avançar as reformas. Uma tentativa de ampliar elementos de maioria tweaking os parâmetros do sistema proposta pelo ČSSD e o ODS durante seu “acordo de oposição” em 1998-2002, foi veementemente rejeitada por partidos menores e impedida pelo Tribunal Constitucional como contrária demais ao princípio de representação proporcional.  O primeiro senado foi eleito em 1996; seus membros têm mandato de seis anos, sendo um terço dos senadores renovados a cada dois anos. O senado é relativamente impopular na opinião pública e sofre com baixo comparecimento eleitoral de até 10% em alguns distritos. A instância judicial máxima do país é a Suprema Corte. O Tribunal Constitucional, que arbitra questões constitucionais, é nomeado pelo presidente e seus 15 juízes têm mandatos de 10 anos. A Chéquia tem fortes laços com a Eslováquia, a Polônia e a Hungria como membro do Grupo de Visegrad, bem como com Alemanha, Israel, Estados Unidos da América e os outros Estados-membros da União Europeia. As autoridades checas têm apoiado dissidentes na Birmânia, Bielorrússia, Moldávia e Cuba.

Bibliografia geral consultada.

HAMES, Peter, A Nova Onda da Tchecoslováquia. Columbia University Press: Editor Wallflower Press, 1985; KORMIS, Mônica, “História e Cinema: Um Debate Metodológico”. In: Estudos históricos, vol. 5, nº 10, pp. 237-50; 1992; FERRO, Marc, Cinema e História. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1992; KUNDERA, Milan, La Identidad. Traduzido do francês por Beatriz de Moura. Barcelona: Tusquets Editores, 1998; FELIPE, Marcos Aurélio, Pedagogia da Sétima Arte: As Potencialidades Epistemológicas, Históricas e Educacionais do Cinema. Programa de Pós-Graduação em Educação. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003; DELAGE, Christian, La Verité par l`Image. De Nuremberg au Procès Milosevic. Paris: Éditions Denoël, 2006; OLIVEIRA, Bernardo Jefferson de (Org.), História da Ciência no Cinema. Belo Horizonte: Editor Argvmentvm, 2005; Idem, “Cinema e Imaginário Científico”. In: História, Ciência, Saúde. Manguinhos (RJ), vol. 13 (Suplemento), pp. 133-50, outubro 2006; SANTOS, Patrícia da Silva, (Im) possibilidades na Literatura de Franz Kafka. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, 2009; AUMONT, Jacques “et al”, A Estética do Filme. Campinas: Editora Papirus, 2007; SILVA, Márcia Regina Barros da, “O Filme de Temática Científica: Possibilidades de uma Documentação Histórica”. In: Cad. hist. ciênc. vol.3 nº2. São Paulo, 2007; OWEN, Jonathan, Avant-garde para a New Wave: Cinema Tchecoslovaco, Surrealismo e Anos 60. New York; Oxford: Editor Berghahn Books, 2011; TOGNOLLLI, Dora, “Dinheiro e Psicanálise”. In: Ide (São Paulo) vol.37 no.58 São Paulo jul. 2014; PEDROLO, Fabiana Moreno Domingos, Faces e Interfaces do Cinema de Poesia: A Insustentável Leveza do Ser e a Forma Técnica de Narrar a Liberdade. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Universidade Estadual Oeste do Paraná, campus Cascavel, 2018; MAGER, Juliana Muylaert, É Tudo Verdade? Cinema, Memória e Usos Públicos da História. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Faculdade de Educação. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2019; REIS, Adriel Diniz dos, A Experiência de Samuel Beckett no Cinema. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais. Faculdade de Ciências Sociais. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2021;  entre outros.

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