Pavilhão 9 após massacre de presos.
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segunda-feira, 29 de maio de 2017
Crimes de Maio - Rebeliões, Comunicação & Políticas Sociais.
sábado, 27 de maio de 2017
Hans Magnus Enzensberger - Consciência & Teoria da Comunicação.
Hans
Magnus Enzensberger nasceu em 1929, em Kaufbeuren, Suábia, Alemanha quando
vivenciou ainda adolescente a 2ª guerra mundial, pois em 1945, aos 16 anos, foi
recrutado para as chamadas tropas Volkssturm (milícia popular alemã),
convocadas nos últimos dias de guerra pela Wehrmacht. Antes da chegada do
Partido Nazista ao poder, o termo Wehrmacht era usado em sentido geral para
descrever as forças armadas de qualquer nação. Por exemplo, o termo “Britische
Wehrmacht” referia-se às forças armadas britânicas. Mas é um termo alemão que
significa “Força de Defesa”, e que pode ser entendido como meios/poder de
resistência, referiu-se ao conjunto das forças armadas da Alemanha durante o
Terceiro Reich entre 1935 e 1945 e englobava o Exército (“Heer”), Marinha de
Guerra (“Kriegsmarine”), Força Aérea (“Luftwaffe”) e tropas das Waffen-SS, que
apesar de não serem da Wehrmacht, eram frequentemente dispostas junto às suas
tropas. Substituiu a anterior Reichswehr, criada em 1921, após a derrota
alemã na 1ª grande guerra. Em 1955, as novas forças armadas alemãs foram
reorganizadas sob o nome de Bundeswehr. Durante os dez anos de sua
existência, aproximadamente 18 milhões de combatentes serviram na Wehrmacht.
Cerca de 3,5 milhões morreram em combate na 2ª guerra mundial, sendo 88% na
frente russa.
Após
a morte do presidente Paul von Hindenburg (1847-1934) em 2 de agosto de 1934,
todos os oficias e soldados das forças armadas da Alemanha fizeram um juramento
de lealdade a Adolf Hitler. Em 1935, a Alemanha começou a desprezar
deliberadamente as restrições do Tratado de Versalhes, e o alistamento foi
reintroduzido em 16 de março de 1935. A lei de alistamento traria o novo nome Wehrmacht,
cujo símbolo seria uma “versão estilizada da Cruz de Ferro”. A existência da Wehrmacht,
termo alemão que significa força de defesa, foi oficialmente anunciada em 15 de
outubro de 1935. Acredita-se que o número de soldados que nela serviram durante
sua existência de 1935 a 1945 seja de aproximadamente 18,2 milhões. Discípulo de Adorno e Horkheimer alguns de
seus trabalhos de caráter político mais conhecido referem-se à sua concepção
teorética sobre a chamada “indústria cultural” (cf. Enzensberg, 1966).
Especialmente profética é a consciência de Enzensberger do poder da mídia.
Movido por uma intransigência política que o leva a negar o discurso triunfante
do “capitalismo tardio”, um dos conceitos mais mencionados ao se discutir seu
approach é à noção Weltekel, ou “nojo do mundo”.
Sua
raiva parece dirigir-se primordialmente contra a tendência contemporânea à
passividade política enquanto “mito do progresso” (cf. Catarino, 1988). Segundo
Hans Magnus Enzensberger, o término de ideologias hegemônicas fez eclodir
guerras civis que, em meados dos anos 1990, atingiam a marca de pelo menos
quarentas casos de grande gravidade em âmbito global (cf. Enzensberger, 1976;
1985; 1995). Do ponto de vista globalidade Enzensberger admite que as utopias
fossem, sem exceção, “plantas europeias” para a edificação de sociedades
utópicas, em que não mais Adão mandava, mas o Novo Homem. As tentativas
terminaram em ressaca, vide o “Anno Mirabilis” de 1989 que como representação
da queda, ou colapso do Muro de Berlim um símbolo não só da chada Guerra Fria,
e em grande parte do contemporâneo mundo ocidental também foi muito “quente”, mas também a divisão
política internacional da Europa depois de 1945. Em meados de 1942, a Wehrmacht
- as forças armadas nazistas - e as tropas do Eixo já ocupavam boa parte da
Europa continental, do Norte da África e quase um quarto do território
soviético. Contudo, após falharem em conquistar Moscou e serem derrotados em
Stalingrado, as forças nazistas retrocederam.
A entrada dos Estados Unidos da América na guerra ao lado dos Aliados forçou a Alemanha a ficar na defensiva, acumulando uma série de derrotas a partir de 1943. Nos últimos dias do conflito, durante a Batalha de Berlim em 1945, Hitler se casou com Eva Braun sua amante de longa data, Eva Braun. No dia 30 de abril de 1945, os dois cometeram suicídio para evitar serem capturados pelo exército vermelho. Seus corpos foram queimados e enterrados. Uma semana mais tarde a Alemanha se rendeu formalmente. Sob a liderança de Adolf Hitler, com uma ideologia racialmente motivada, o regime nazista perpetrou um dos maiores genocídios da história da humanidade, matando pelo menos 6 milhões de judeus e milhares de outras pessoas que Hitler e seus seguidores consideravam como Untermenschen (sub-humanos) e socialmente indesejáveis. Os nazistas também foram responsáveis pela morte de mais de 19,3 milhões de civis e prisioneiros de guerra. Além disso, no total, 29 milhões de soldados e civis morreram como resultado do conflito na Europa durante a II Guerra Mundial (1939-1945). O número de fatalidades neste conflito foi sem precedentes e ainda é uma das guerras mais mortais da história. Como um dos mentores do movimento estudantil na Alemanha, Enzensberger manteve sua condição de escritor e analista político, postura que se perpetuou mais tarde, quando criticou o ideário individual (sonho) e coletivo (rito, mito, símbolo) já desgastado da esquerda, segundo seu biógrafo Jörg Lau (1999), nascido em 1964, editor no semanário alemão Die Zeit.
As suas áreas temáticas são o Islão, o liberalismo, a integração e a religião. Publicou vários ensaios, o mais recente dos quais – Leitkultur – sobre o novo patriotismo e a cultura de esquerda resultantes do fato de a Alemanha se ter tornado um país de imigração. Imediatamente após a guerra, “ganhou a vida” comercializando no mercado paralelo. Contudo, estudou Literatura e Filosofia nas universidades de Erlangen, Freiburg, Hamburgo e na Sorbonne, onde se doutorou em 1955. Trabalhou como Redator na rádio de Stuttgart e exerceu a docência até 1957, com o volume de poesias Verteidigung der Wölfe. Em 1963, com 33 anos de idade, foi um dos autores mais jovens a receber o prestigioso Prêmio Georg Büchner. Entre 1965 criou a revista Kursbuch e em 1975 foi membro do Grupo 47, e desde 1985 como Editor da série literária Die Andere Bibliothek. O Prêmio Georg Büchner é o mais importante prêmio literário da literatura alemã. Seu nome homenageia o escritor e dramaturgo alemão Georg Büchner (1813-1837). O prêmio foi fundado em 1923, na época da República de Weimar, pela câmara de deputados do Estado Popular de Hesse (extinto em 1946, hoje: Hesse) para decorar artistas ligados com Hessen. Entre 1933 e 1944 o prêmio foi substituído por um prêmio da cidade alemã Darmstadt. Desde 1951 o Georg-Büchner-Preis é concedido anualmente pela Deutsche Akademie für Sprache und Dichtung. A doação de 3.000 marcos alemães em 1951 subiu até 2004 para 40.000 Euros, sendo assim um dos mais dotados prêmios literários da Alemanha.
Consequentemente, qualquer crítica à indústria da consciência que pretenda a sua eliminação, é impotente e obscura. Ela se baseia na sugestão suicida de retroceder na industrialização, liquidando-a. O fato de que tal autoliquidação seja possível à nossa civilização por meios técnicos torna as propostas de seus críticos reacionários uma ironia macabra. Não foi assim que imaginaram essa reivindicação; deveriam desaparecer apenas os “tempos modernos”, o “homem-massa” e a televisão. Mas os seus críticos pretendiam ficar a salvo. De qualquer forma, os efeitos da indústria da consciência foram descritos, em detalhes, e por vezes com grande argúcia. Em relação aos países capitalistas, a crítica ocupou-se especialmente dos mass media e da publicidade. Com excessiva facilidade, conservadores e mesmo analistas marxistas concordaram em censurar o caráter comercial dessas atividades. Essas acusações não atingem o cerne da questão.
Que esse Estado seja aceito e voluntariamente suportado pela maioria, é hoje a mais importante façanha que tem como escopo a aura da indústria da consciência. A ambiguidade que existe nessa situação, de que a “indústria da consciência” precisa sempre oferecer aos seus consumidores aquilo que depois lhes quer roubar, repete-se e aguça-se quando se pensa em seus produtores: os intelectuais. Estes não dispõem do aparato industrial, mas o aparato industrial é que dispõe deles; mas também essa relação não é unívoca. Muitas vezes acusou-se a indústria da consciência de promover a liquidação de “valores culturais”. O fenômeno demonstra em que medida ela depende das verdadeiras minorias produtivas. Na medida em que ela rejeita seu trabalho por considerá-lo incompatível com sua missão política, ela se vê dependendo dos serviços de intelectuais oportunistas e da adaptação do antigo, que está apodrecendo sob as suas mãos. Os mandantes da “indústria da consciência”, não importa quem sejam, não podem lhe comunicar suas energias primárias. Devem-nas àquelas minorias a cuja eliminação ela se destina, melhor dizendo: seus autores, a quem desprezam como figuras secundárias ou petrificam como estrelas, e cuja exploração possibilitará a exploração dos consumidores. O que vale para os clientes da indústria vale mais ainda para seus produtores; são eles há um tempo seus parceiros e seus adversários.
Ocupada com a multiplicação da consciência, ela multiplica suas próprias contradições e alimenta a diferença entre o que lhe foi encomendado e aquilo que realmente consegue executar. É neste sentido que, para Enzensberger, toda crítica analítica à indústria da consciência é inútil ou perigosa se não reconhecer essa ambiguidade. Quanta insensatez se faz neste sentido, já se deduz do fato político de que a maioria dos que a analisam nem refletem sobre sua própria posição; como se a crítica cultural não fosse ela mesma parte daquilo que está criticando, como se houvesse possibilidade de se manifestar sem servir-se da indústria da consciência, ou melhor, sem que a indústria da consciência dela se servisse. Todo o pensamento não dialético perdeu aqui seu direito e não há retorno possível. Perdido também estaria quem, por má vontade contra os aparatos industriais, se recolhesse a uma suposta exclusividade, pois os padrões industriais há muito invadiram as reuniões dos conventículos. É preciso distinguir como na esfera política, entre ser incorruptível e ser derrotista.
Bibliografia geral consultada.
ARON, Raymond, La Société Industriell et la Guerre. Paris: Éditions Plon, 1985; Idem, Dimensions de la Consciense Historique. Paris: Editeur Julliard, 1985; CATARINO, Maria Helena Horta Simões, Mausoleum de Hans Magnus Enzensberger: A Balada Moderna e o Mito do Progresso. Tese de Doutorado em Literatura Alemã. Faculdade de Letras. Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1988; ARCHIBALD, Thomas – “Energy and the mathematization of electrodynamics in Germany, 1845-1875”. In: Archives Internationales d’Histoire des Sciences, nº 39, 1989; ENZENSBERGER, Hans Magnus, Política y Delito. Barcelona: Editorial Seix Barral, 1966; Idem, Para uma Crítica de la Ecología Política. Barcelona: Editorial Anagrama, 1974; Idem, Contribución a la Crítica de la Ecologia Política. Puebla: Universidad Autónoma de Puebla, 1976; Idem, Com Raiva e Paciência: Ensaios sobre Literatura, Política e Colonialismo. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1985; Idem, Eu Falo Dos Que Não Falam. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985; Idem, O Curto Verão da Anarquia: Buenaventura Durruti e a Guerra Civil Espanhola. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1987; Idem, Perspectivas de Guerra Civil. Madrid: Ediciones Anagrama, 1994; Idem, Mediocridade e Loucura. Rio de Janeiro: Editora Ática, 1995; Idem, O Diabo dos Números. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1997; Idem, O Naufrágio do Titanic. Rio de Janeiro: Editora Companhia das Letras, 2000: CASTILLO, María Dolores Tiestos del, “Los Primeiros Passos de un Agitador de Conciencias en la España de Franco: Traducción y censura de Política y Delito de Hans Magnus Enzensberger”. In: Cartaphilus - Revista de Investigación y Crítica Estética, 4 (2008), 188-195; NICOLAU, Marcos Fabiano Alexandre, O Conceito de Formação Cultural (Bildung) em Hegel. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira. Faculdade de Educação. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2013; HOLLANDA, Bernardo Buarque de, “A Guerra Civil de Hans Magnus Enzensberger”. In: http://gvcult.blogosfera.uol.com.br/2015/03/24/; PONTES, Felipe Simão, Adelmo Genro Filho e a Teoria do Jornalismo no Brasil: Uma Análise Crítica. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2015; MUNHOZ, Marcos Martinez, O Grafite de Alexamenos: O Cotidiano na Imagem do Grafite e a Magia da Imagem. Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017; entre outros.
sexta-feira, 26 de maio de 2017
Ivan Illich - Educação, Currículo & Teia de Oportunidades Sociais.
Grau de escolaridade é, por definição, o cumprimento de um determinado ciclo de estudos. Se um indivíduo completou todos os anos de um ciclo e for aprovado, diz-se que este obteve o grau de escolaridade do ciclo em questão. Desse modo, o aprovado no último nível do ensino fundamental, obtém a escolaridade do ensino fundamental. O estudante que obtém a licenciatura não obtém um novo grau ao estudar mais um ano para obter o bacharelado. Os graus de licenciado, bacharel e Tecnólogo são na verdade especificações dentro do ensino superior, assim como os residentes e especialistas não são mais ou menos graduados. A pós-graduação é vista pela Lei brasileira como a continuidade dos objetivos maiores da escolaridade assim chamada entre nós de “ensino superior”. Em relação a quem? Ela afunila os caminhos possíveis, e por vezes traz habilitações mistas entre diversas áreas sem que o estudante precise cursar uma nova graduação. Escolaridade é um termo utilizado para se referir ao tempo de permanência dos alunos no período escolar. É o período onde os alunos desenvolvem suas habilidades de aprendizado, além de desenvolver a capacidade de compreensão do ensino. A escolaridade também está relacionada com a progressão do ensino na escola.
Afundado em bebida enquanto sua ex-mulher e seu meio-irmão tentam ajudá-lo, o diplomata se vê transformado em uma figura trágica e sofrida. A sua história - imagem da agonizante jornada de um homem em direção ao calvário - tornou-se um livro profético publicado em 1947. O projeto e as ideias difundidas pelo CIDOC foram fortemente censurados pela Igreja Católica, fato político que levou Illich a abandonar o sacerdócio no fim dos anos 1960. Depois de 10 anos, as posturas do CIDOC entraram em conflito com o Estado Vaticano. Em 1976 o centro foi fechado com o consentimento daqueles que faziam parte. Devido à sua ascendência judaica, teve de abandonar a Áustria aos cinco anos de idade. Devido ao antissemitismo, fenômeno de longa data, cujas “manifestações de vida”, no sentido simmeliano, e motivos aos quais têm variado consoante a época e o local, os judeus mantiveram-se unidos durante séculos por uma crença e uma tradição comuns. Na Europa, muitos judeus falam iídiche (“Jiddisch”), língua baseada no Alemão, no Hebraico e nas línguas eslavas. A partir dos anos 1980, viajou pelo mundo ocidental, repartindo seu tempo social entre os Estados Unidos da América, México e Alemanha. Em 1982, lançou Gender, logo traduzido para o espanhol, um livro polêmico em que descreve como inatingíveis algumas metas inquestionáveis da sociedade coetânea, como a questão tópica relativa à igualdade entre os sexos.
Foi nomeado professor Visitante de Filosofia e Ciência, Tecnologia e Sociedade na Universidade Estadual da Pensilvânia, e também professor Visitante da Universidade de Bremen. Seus últimos anos foram marcados pela luta contra um câncer na face que o levou à morte em 2002. Seguindo sua crítica esotérica à medicina tradicional utilizou tratamentos alternativos para enfrentar o câncer, que batizou de “Minha mortalidade”. Seu livro mais famoso, fora de dúvida é “Sociedade sem escolas” (1971), uma crítica política à institucionalização da educação nas sociedades contemporâneas. Através de exemplos sobre a natureza ineficaz da educação institucionalizada, se mostrava favorável à autoaprendizagem, apoiada em relações sociais intencionais, e numa intencionalidade fluida e informal. A globalização econômica da educação, antevista por Marx, é um processo que na concepção de Illich ocorre em ondas (embora na economia se descreva como ciclos)com avanços e retrocessos separados por intervalos maculados que podem durar séculos.
Pode-se considerar a abordagem de Ivan Illich semelhante à Marx e Ludwig Feuerbach, ao considerar que a Escola aliena, pois forma nos alunos uma consciência distorcida da realidade social e histórica. “A propriedade privada”, diz Marx, aliena não somente a individualidade dos homens, mas também as das coisas no processo social entre si e no processo social da produção. A educação universal por meio da escolaridade não é possível. Nem seria mais exequível se se tentasse mediante instituições alternativas criadas segundo o estilo das escolas atuais. Nem novas atitudes dos professores para com os seus alunos, nem a proliferação de novas ferramentas e métodos físicos ou mentais nas salas de aula ou nos dormitórios, nem mesmo a intenção de aumentar a responsabilidade dos pedagogos até ao ponto de incluir a vida completa dos seus alunos, teria como resultado a educação universal. A busca de novos canais educativos deverá ser transformada na procura do seu oposto institucional: redes ou células educativas que aumentem a oportunidade de cada um transformar cada momento da sua vida num outro de aprendizagem, de partilha e de interesse. Acreditava contribuir trazendo os conceitos a quem realiza tais investigações sobre as grandes linhas de pensamento no âmbito da educação - e também para quem procura alternativas para outros tipos estabelecidos de serviços.
Para entendermos a dimensão e atualidade do pensamento de Ivan Illich basta rememorarmos a tragédia expressa na interpretação de Brad Pitt no filme: “The Curious Case of Benjamin Button” (2008), baseado no conto homônimo lançado em 1921 pelo escritor F. Scott Fitzgerald tendo em vista que ele se inspirou na frase de Mark Twain: - “A vida seria infinitamente mais feliz se pudéssemos nascer aos 80 anos e gradualmente chegar aos 18?” Trata-se da história de um homem, Benjamin, que em 1918 nasce com a aparência envelhecida e por isso, pensando que ele é um monstro, seu pai o abandona. Benjamin é criado num lar assistencial de idosos e, enquanto pequeno, todos pensavam que ele iria acabar por morrer rapidamente. Durante a sua infância conhece Daisy, o grande amor de sua vida. Apesar de não acreditarem na sua sobrevivência, ele vai ficando mais novo ao longo dos anos, vendo os outros ao seu redor envelhecerem. No decorrer do filme, somos levados a conhecer sua trajetória que é totalmente contrária a natureza comum da vida, onde nascemos, nos tornamos crianças, adolescentes, jovens e, por fim, envelhecemos e vamos ficando cansados. O que caminha da melhor maneira possível, quando criança o misterioso caso do garoto, é um caso curioso para quem está ao seu redor. Ele conhece Daisy, vivida no filme pela atriz Cate Blanchett, os dois ainda crianças brincam e vivenciam grandes momentos juntos. Porém, a vida de Daisy segue o ciclo natural, ela começa a envelhecer e Benjamin Button a ficar cada vez mais jovem. Um desencontro de tempos, como duas pessoas que se amam, mas que não podem se relacionar. Um precisa esperar o tempo do outro para que possam se envolver.