sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Chauki Maddi - Música, Imigração & Tradição Libanesa

                                                                                                      Ubiracy de Souza Braga

                         Tito Madi é uma das vozes mais bonitas do Brasil”. Milton Nascimento


            Chauki Maddi tem como representação o nome de Tito Madi cantor, compositor e pianista brasileiro de transição no âmbito da arte durante as décadas de 1950 e 1960, como intérprete e compositor de sambas-canções paralelo ao nascimento da bossa nova. Nascido em Pirajuí, região Noroeste do Estado de São Paulo, é o filho mais ilustre do município, do qual recebia constantes homenagens. Pirajuí é um município do estado de São Paulo.  Até 1888, a região entre os rios Dourado e Feio era habitada por índios couvades. A partir desse ano alguns exploradores como João Justino da Silva, Joaquim de Toledo Piza e Almeida, Adão Bonifácio Dias, Leão Cerqueira, Ignácio Vidal dos Santos Abreu, Luiz Wolf, Clementino Rodrigues da Silva e Salvador da Costa Sarico tornaram-se agricultores na medida em que começaram a plantar café na região. Em 1902, João Justino da Silva e outros fundaram o patrimônio de São Sebastião do Pouso Alegre. Em 1904, foi celebrada a primeira missa na capela de São Sebastião. A chegada da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil trouxe progresso à vila, fazendo com que ela se elevasse à categoria de distrito de paz pertencente ao município de Bauru em dezembro de 1907 com o nome de “Pirajuhi” pela lei estadual 1 105, de 2 de dezembro de 1907. Tornou-se município em 29 de março de 1915 com o nome atual Pirajuí. Em meados do século XX, do ponto de vista da acumulação cafeeira Pirajuí chegou a ser considerado o maior município cafeeiro do Brasil. Foi sede do governo do estado de São Paulo por um dia e, em meados do século XX, disputada nas ruas, uma prova de automobilismo, talvez pelo pioneirismo foi considerada entre as mais importantes da nação.




         
Chauki Maddi foi colunista no semanário local, O Alfinete.  O toque do piano do músico se adequava ao intimismo das casas de shows (boate), perfeito para a arte de Tito Madi. Filho de imigrantes libaneses cresceu em um ambiente musical, ouvindo o alaúde de seu pai que também tocava violão e bandolim e de seus irmãos mais velhos. Essa influência fez com que aos dez anos Tito Madi cantasse em festas do grupo escolar de sua cidade natal. A imigração libanesa no Brasil teve início oficialmente por volta de 1880, quatro anos após a visita de dom Pedro II ao Líbano. Manuel Diegues Júnior acredita que a presença de turcos, sírios e libaneses no Brasil remonta à época colonial, tendo em vista que Portugal mantinha relações comerciais com a Síria. A segunda metade do século XIX representou a principal época de entrada dos imigrantes libaneses no Brasil, ou seja, de 1860 a 1890. Conforme podemos atestar, os “turco-árabes” já aparecem de outra forma expressiva entre os imigrantes entrados no país no período de 1820 a 1920. A maioria dos imigrantes veio ao país fugindo da falta de perspectiva econômica e de assentamentos da região, então dominada pela política turco-otomana. Contudo, de jornalzinho distribuído na porta do cinema a veículo de comunicação social que imprimiu as páginas de história cultural para ser o orgulho pirajuiense, o semanário “O Alfinete”, alcançou definitivamente o processo social de guarda de memória com a distribuição de notícias na internet - a rede mundial de computadores, através da rede digital.
O Brasil naquela atravessava a primeira fase de urbanização e industrialização, o que tornava propícios os novos negócios. Diferente dos imigrantes europeus, que procuraram no Brasil as terras para cultivo, os libaneses encontraram nas cidades um local para a criação de indústrias e casas de comércio. A maioria deles começou a sua vida no país vendendo mercadorias de porta em porta como mascate. O dinheiro juntado acabou sendo o pontapé para a abertura de pequenas confecções e lojas de tecidos. Muitos dos imigrantes libaneses que vivem ou viveram no Brasil colaboraram inclusive com o desenvolvimento do próprio Líbano, com envio ao país de recursos que propiciaram a construção de hospitais, escolas e bibliotecas. Chauki Maddi iniciou sua carreira artística em 1952, como cantor contratado da Rádio Tupi de São Paulo, formando a segunda emissora de rádio dos Diários Associados, a cadeia de jornais de propriedade de Assis Chateaubriand que adquiriu a Rádio Tupi de São Paulo – que ao ser inaugurado com seus transmissores de 26 KW, tornou-se a mais potente da América Latina – e a Rádio Educadora do Rio de Janeiro que passou a se denominar Rádio Tamoio, dando início à constituição de um importante processo social de comunicação em rede nacional de radioemissoras que chegou a ter 25 estações.
         A primeira, filha pioneira carioca, foi fundada em 1934 e inaugurada em 25 de setembro de 1935. Sua fase de compositor começou no final da década de 1940. Dedicava-se, também, a organizar shows e eventos. Em 1952 mudou-se para São Paulo, indo trabalhar em rádio e televisão, trabalhou na TV Tupi, inaugurada em 1950. Tito Madi ingressou na TV no início e, segundo o cantor, a responsabilidade era muito grande, pois não havia a facilidade técnica do mundo moderno. – “Tudo era feito ao vivo, era mais emocionante do que hoje pois eu tinha que cantar sem errar, a responsabilidade era muito maior”. Criador dos primeiros alto-falantes de sua cidade natal, Tito Madi trabalhou muitos anos em rádio, como locutor e mesmo como redator de textos publicitários. Conservava a voz maviosa transmitida pelo estilo comunicativo das rádios daquele período. Com a popularidade do violão trocou-o pelo acompanhamento de um piano, tocado pelo amigo das noites cariocas Haroldo Goldfarb. Vale lembrar que no lançamento  de “O lirismo de Paulinho Tapajós”, Gerli e Haroldo Goldfarb realizam um inspirado primeiro compact disk onde revisitam a poética obra de Paulinho Tapajós.

 

Em sua démarche Chauki Maddi surpreendentemente, formou-se professor primário antes de sair da cidade de Pirajuí, aos 20 anos. Seguiu para Cornélio Procópio, no Paraná, para lecionar matemática por indicação de um amigo. Mas um carro quebrado que não conseguiu chegar ao seu destino mudou a vida de Tito Madi, que desistiu da carreira acadêmica antes mesmo de entrar na sala de aula. – “Comecei a pensar o que eu queria fazer da minha vida e fui para o Rio”.  Sua fase de compositor começou no final da década de 1940 quando, em 1949, compôs sua primeira música, intitulada “Eu Espero Você”. Assim que Tito resolveu vir para o Rio de Janeiro, em 1955, um amigo lhe perguntou quanto tempo pretendia ficar na cidade. O compositor, inadvertidamente que tinha feito um empréstimo de quatro mil cruzeiros, respondeu que ficariam quatro mil cruzeiros! Então esse amigo lhe emprestou a chave de um apartamento no bairro de Copacabana. Para o cantor libanês “foi uma sorte muito grande, coisa do destino”. Embora tenha morado em bairros nobres da orla marítima carioca como as praias de Ipanema, do Leblon e do Leme, Tito Madi revela que é muito difícil sair da praia de Copacabana porque tem um carinho todo especial pelo bairro.           
 Copacabana é um bairro nobre situado na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. É considerado um dos bairros mais famosos e prestigiados do Brasil e um dos mais conhecidos do mundo. Tem o apelido de “Princesinha do Mar” e “Coração da Zona Sul”. Faz divisa com os bairros nobres da Lagoa, Ipanema, Botafogo, Leme e Humaitá. A população de Copacabana é, em sua maior parte, das classes “médio-alta” e média. Atualmente, o bairro tem a maior concentração populacional da Zona Sul carioca, tendo em torno de 150 mil habitantes em 2013. Também abriga a maior quantidade de idosos do município e um dos maiores do país, proporcionalmente falando, com 16,7% da população acima de sessenta anos. De fato, Copacabana é por vezes apontada como “o bairro com população mais idosa do país”. Copacabana atrai um grande contingente de turistas para seus mais de oitenta hotéis, que ficam especialmente cheios durante as épocas do ano-novo e do carnaval. No fim de ano, a tradicional queima de fogos na Praia de Copacabana internacionaliza uma multidão de pessoas. A orla é lugar de variados eventos nacionais e internacionais durante o ano. A célebre exposição dos United Buddy Bears realizou-se de maio a fim de julho de 2014 na praia carioca, apesar de protestos da FIFA durante toda a Copa do Mundo de futebol.
A Bossa Nova é considerada um subgênero musical derivado do samba e com forte influência do jazz estadunidense, surgido no final da década de 1950 no Rio de Janeiro. De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época, ou seja, a uma reformulação estética dentro do moderno samba carioca urbano. Com o passar dos anos, a Bossa Nova tornar-se-ia um dos movimentos mais influentes da história da música popular brasileira, conhecido em todo o mundo e, especialmente, associado a João Gilberto, Nara Leão, Vinicius de Moraes, Antônio Carlos Jobim, Baden Powell e Luiz Bonfá. A palavra “bossa” apareceu pela primeira vez na década de 1930, em “Coisas Novas”, samba do popular cantor Noel Rosa: O samba, a prontidão/e outras bossas,/são nossas coisas (...). A expressão bossa nova passou a ser utilizado também na década seguinte para aqueles “sambas de breque”, baseado no talento de improvisar paradas súbitas durante a música para encaixar falas. Alguns críticos musicais destacam certa influência que a cultura americana do Pós-Guerra, de músicos como Stan Kenton, combinada ao impressionismo erudito, de Debussy e Ravel, teve na bossa nova, especialmente do cool jazz e bebop.

      Embora tenha pouca influência de música estrangeira como o Jazz, a Bossa Nova possui elementos de samba sincopado. Além disso, havia um fundamental inconformismo com o formato musical de época. Os cantores Dick Farney e Lúcio Alves, que fizeram sucesso nos anos da década de 1950 com um jeito suave e minimalista (em oposição a cantores de grande potência sonora) também são considerados influências positivas sobre os garotos que fizeram a Bossa Nova. Um embrião do movimento, já na década de 1950, eram as reuniões casuais, frutos de encontros de um grupo de músicos da classe média carioca na zona sul, como Nara Leão, na Avenida Atlântica, em Copacabana. Nestes encontros, cada vez mais frequentes, a partir de 1957, um grupo se reunia para fazer e ouvir música. Dentre os participantes estavam novos compositores, como Billy Blanco, Carlos Lyra, Roberto Menescal e Sérgio Ricardo, entre outros. O grupo foi aumentando, abraçando também Chico Feitosa, João Gilberto, Luiz Carlos Vinhas, Ronaldo Bôscoli etc..
A “Bossa Nova” é considerada um subgênero musical derivado do samba e com forte influência do jazz estadunidense, surgido no final da década de 1950 no Rio de Janeiro. De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época, ou seja, a uma reformulação estética dentro do moderno samba carioca urbano. Com o passar dos anos, a Bossa Nova tornar-se-ia um dos movimentos mais influentes da história da música popular brasileira, conhecido em todo o mundo e, especialmente, associado a João Gilberto, Nara Leão, Vinicius de Moraes, Antônio Carlos Jobim, Baden Powell e Luiz Bonfá. A palavra “bossa” apareceu pela primeira vez na década de 1930, em “Coisas Novas”, samba do popular cantor Noel Rosa: O samba, a prontidão/e outras bossas,/são nossas coisas. A expressão bossa nova passou a ser utilizado também na década seguinte para aqueles “sambas de breque”, baseado no talento de improvisar paradas súbitas durante a representação da música para encaixar falas.
Alguns críticos musicais destacam certa influência que a cultura americana do Pós-Guerra, de músicos como Stan Kenton, combinada ao impressionismo erudito, de Debussy e Ravel, teve na bossa nova, especialmente do cool jazz e bebop. Embora tenha pouca influência de música estrangeira como o Jazz, a Bossa Nova possui elementos de samba sincopado. Além disso, havia um fundamental inconformismo com o formato musical de época. Os cantores Dick Farney e Lúcio Alves, que fizeram sucesso nos anos da década de 1950 com um jeito suave e minimalista (em oposição a cantores de grande potência sonora) também são considerados influências positivas sobre os garotos que fizeram a Bossa Nova. Um embrião do movimento, já na década de 1950, eram as reuniões casuais, frutos de encontros de um grupo de músicos da classe média carioca em apartamentos da zona sul, como o de Nara Leão, na Avenida Atlântica, em Copacabana. Nestes encontros, cada vez mais frequentes, a partir de 1957, um grupo se reunia para fazer e ouvir música. Dentre os participantes estavam novos compositores da música brasileira, como Billy Blanco, Carlos Lyra, Roberto Menescal e Sérgio Ricardo, entre outros. O grupo foi aumentando, abraçando também Chico Feitosa, João Gilberto, Luiz Carlos Vinhas, Ronaldo Bôscoli, entre outros.
Em 1959, era lançado o primeiro LP de João Gilberto, “Chega de saudade”, contendo a faixa-título - canção com cerca de 100 regravações feitas por artistas brasileiros e estrangeiros. A partir dali, a bossa nova se tornara uma realidade. Além de João Gilber  to, parte do repertório clássico do movimento deve-se as parcerias de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Consta-se, segundo muitos afirmam, que o espírito bossa-novista já se encontrava na música que Jobim e Moraes fizeram, em 1956, para a peça “Orfeu da Conceição”, primeira parceria da dupla, que esteve perto de não acontecer, uma vez que Vinícius primeiro entrou em contato com Vadico, o famoso parceiro de Noel Rosa e ex-membros do Bando da Lua, para fazer a trilha sonora. É dessa peça, baseada na tragédia Grega Orfeu, uma das belas composições de Tom e Vinícius, “Se todos fossem iguais a você”, já prenunciando os elementos melódicos da Bossa Nova.
 Em 1959, era lançado o primeiro Long Play de João Gilberto, “Chega de saudade”, contendo a faixa-título com cerca de 100 regravações feitas por artistas brasileiros e estrangeiros. A partir dali, a bossa nova se tornara uma realidade. Além de João Gilberto, parte do repertório clássico do movimento deve-se as parcerias de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Consta-se, segundo muitos afirmam, que o espírito bossa-novista já se encontrava na música que Jobim e Moraes fizeram, em 1956, para a peça “Orfeu da Conceição”, primeira parceria da dupla, que esteve perto de não acontecer, uma vez que Vinícius primeiro entrou em contato com Vadico, o famoso parceiro de Noel Rosa e ex-membros do Bando da Lua, para fazer a trilha sonora. É dessa peça, baseada na tragédia Grega Orfeu, uma das belas composições de Tom e Vinícius, “Se todos fossem iguais a você”, já prenunciando os elementos melódicos da Bossa Nova.             
Além de “Chega de saudade”, os dois compuseram “Garota de Ipanema”, outra representativa canção da bossa nova, que se tornou a canção brasileira mais conhecida em todo o mundo, depois de “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso), com mais de 169 gravações, entre as quais de Sarah Vaughan, Stan Getz, Frank Sinatra (com Tom Jobim), Ella Fitzgerald entre outros. É de Tom Jobim também, junto com Newton Mendonça, as canções “Desafinado” e “Samba de uma Nota Só”, dois dos primeiros clássicos do novo gênero musical brasileiro a serem gravados no mercado norte-americano a partir de 1960. Além de “Chega de saudade”, os dois compuseram “Garota de Ipanema”, representativa da bossa nova, que se tornou a canção mais conhecida em todo o mundo, depois de “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso), com mais de 169 gravações, entre as quais de Sarah Vaughan, Stan Getz, Frank Sinatra (com Tom Jobim), Ella Fitzgerald entre outros. É de Tom Jobim também, junto com Newton Mendonça, as canções “Desafinado” e “Samba de uma Nota Só”, dois dos primeiros clássicos do gênero a serem gravados no mercado norte-americano a partir de 1960.
Chegando ao Rio de Janeiro, Tito Madi já fazia sucesso como cantor e compositor em São Paulo. Sua música “Não Diga Não” já estava entre as mais tocadas na “terra da garoa”. – Ele diz o seguinte – “Eu senti a necessidade de vir pra cá, pois o Rio era, e continua sendo, o centro cultural, enquanto São Paulo é o centro comercial do País. Naquela época, os cantores do Rio iam para São Paulo e já era conhecido, o contrário não acontecia”. Em 1952 mudou-se para São Paulo, indo trabalhar na Rádio Tupi, onde viu lançados seus primeiros compactos como cantor e compositor, alcançando relativo sucesso com o samba “Não Diga Não”, pela gravadora Continental. Em 1954, mudou-se para o Rio de Janeiro para trabalhar na TV Tupi, mas continuou compondo e cantando em boates e rádios. Em 1957, ocorreu seu reconhecimento com o sucesso da gravação da valsa “Chove lá fora” e o samba-canção “Gauchinha bem querer”, ambas de sua autoria, com acompanhamento estiloso de Radamés Gnattali e orquestra, pela gravadora Continental. Com repercussão internacional, a música “Chove lá fora” foi gravada por Freddy Cole e pelo grupo norte-americano The Platters.
Neste mesmo ano lançou seu trabalho  reconhecido pela comunicação de massa (cf. Lopes, 1988), a valsa “Chove lá Fora”. O sucesso do disco compacto abriu caminho para o lançamento do seu primeiro álbum, intitulado com o nome daquela canção e no qual é acompanhado pelo pianista Ribamar e o seu conjunto. Devido ao estrondoso sucesso a música obteve amplificação da versão em inglês, intitulada “It's Raining Outside”, gravada inicialmente por Della Reese e o conjunto The Platters, além de vir a ser regravadas pelos mais diversos artistas de seu tempo e na atualidade. Em 1959, profissionalmente muda para a gravadora Columbia Records e passa a trabalhar com o maestro Radamés Gnattali. Em 1939 substituiu Pixinguinha como arranjador da gravadora RCA Victor. Durante 30 anos trabalhou como arranjador na Rádio Nacional (cf. Azevedo, 2002). Foi o autor da parte orquestral de gravações célebres de Orlando Silva para a música “Carinhosa”, de Pixinguinha e João de Barro, ou da gravação original de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. Mas também de “Copacabana”, de João de Barro e Alberto Ribeiro - esta última imortalizada na voz de Dick Farney.

 
Na década de 1950, colaborou com o cineasta Nelson Pereira dos Santos e com o sambista Zé Ketti em filmes importantes como os clássicos “Rio Zona Norte” (1957) e “Rio 40 Graus” (1955) que veio a inspirar, mais tarde o funk da cantora rapper Fernanda Abreu. Em 1960 embarcou para Europa, apresentando-se num sexteto que incluía Acordeão, Guitarra, Bateria e Contrabaixo. Em 1961, troca novamente de gravadora, indo para a Columbia Broadcasting System (CBS), a rede de televisão aberta comercial norte-americana que é a propriedade carro-chefe da notável CBS Corporation. A empresa possui sua sede no CBS Building na cidade de Nova Iorque com maiores instalações de produção e operação na cidade de Nova Iorque no CBS Broadcast Center e em Los Angeles na CBS Television City e no CBS Studio Center.
A CBS é referida às vezes como “Eye Network”, em referência ao icônico logotipo da empresa, em uso desde 1951, por onde passa a trabalhar com o maestro Lyrio Panicali. Em 1963, Wilson Simonal grava várias músicas suas nos seus primeiros discos compactos, culminando com a gravação de “Balanço Zona Sul” no seu álbum de estreia, “Tem Algo Mais”, obtendo grande êxito radiofônico e tornando-se o primeiro sucesso do cantor carioca. A proximidade com a gravadora de Simonal faz com que Tito Madi mudasse para a EMI-Odeon, continuando a trabalhar com Lyrio Panicalli, mas também com o jovem Eumir Deodato. Ficaria na Odeon até 1976, com breve passagem na RCA Victor, em 1968. A partir desta data, seus discos e músicas inéditas começam a rarear, mas continuava fazendo shows pelo país. Em 2001, lançou “Ilhas Cristais”. Seu derradeiro disco foi “Quero te Dizer que te Amo”, de 2015.
A cantora Nana Caymmi investiu em álbum dedicado ao repertório de Tito Madi. Sem produzir disco solo desde 2009, ano em que lançou “Sem Poupar Coração”, Nana voltou aos estúdios para gravar álbum centrado no cancioneiro do compositor e cantor paulista Tito Madi, cuja carreira teve seu auge nos anos 1950, década que compôs dois de seus maiores sucessos: “Cansei de Ilusões” e “Chove Lá Fora”, músicas incluídas para repertório do disco. A produção do álbum de José Milton, produtor com quem Nana trabalha desde os anos 1990, tendo produzido seu irretocável tributo a Dolores Duran, no disco “A Noite do Meu Bem” (1994) e o disco “Resposta ao Tempo” (1998), seu álbum mais bem sucedido comercialmente, por conta da inclusão da faixa título da autoria de Cristovão Bastos e Aldir Blanc, na trilha da minissérie televisiva “Hilda Furacão”, o álbum chegou a vender mais de 100 mil cópias. Antes da gravação do disco dedicado a Tito Madi, Nana entrou na trilha da novela das 18h da Rede Globo, “Tempo de Amar”. A música “Do Amor Impossível”, da autoria de Dudu Falcão, é canção inédita composta especialmente para a trilha da novela e ganhou arranjo de Dori Caymmi e com a gravidade maviosa da voz de Nana Caymmi.
 
Bibliografia geral consultada.

BRECHT, Bertold, “Teoria de la Radio”. In: Sur le Cinéma. Paris: Éditions L`arche, 1970; BERLINCK, Manoel Tosta, Marginalidade e Relações de Classe em São Paulo. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1977; GOLDFEDER, Miriam, Por trás das ondas da Rádio Nacional. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1980; ORTRIWANO, Gisela Swetlana, “Radiojornalismo: Critérios de Seleção de Notícias”. In: Revista Comunicações e Artes. São Paulo, 1984, vol. 13, pp. 7-45; LOPES, Maria Immacolata Vassalo, O Rádio dos Pobres: Comunicação de Massa, Ideologia e Marginalidade Social. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Editora Loyola, 1985; MORAIS, Fernando, Chatô: O Rei do Brasil. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1994; AZEVEDO, Lia Calabre de, No Tempo do Rádio: Radiodifusão e Cotidiano no Brasil. 1923-1960. Tese de Doutorado. Departamento de História. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2002; Idem, A Era do Rádio. 2ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004; TATIT, Luiz, O Século da Canção. Cotia: Ateliê Editorial, 2004; PEREIRA, Leandro Ribeiro, Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A Música Popular Brasileira e seus Arranjadores (década de 1930 a 1960). Dissertação de Mestrado em Música. Programa de Pós-graduação em Música. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006; HABERMAS, Jürgen, Teoria do Agir Comunicativo. 1. Racionalidade da Ação e Racionalização Social. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012; KOURI, Juliana Mouawad, Pelos Caminhos de São Paulo: A Trajetória dos Sírios e Libaneses na Cidade. Dissertação de Mestrado em Estudos Judaicos e Árabes. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; ABDALLA, Ricardo Alfredo, Hospitalidade e Lugar da Memória Árabe na São Paulo/SP do Século XXI. Dissertação de Mestrado em Hospitalidade. São Paulo: Universidade Anhembi Morumbi, 2013; VELLOSO, Rafael Henrique Soares, Aquarelas Musicais das Américas: Projetos Identitários de Nação nas Performances Radiofônicas de Radamés Gnattali e Alan Lomax (1939-1945). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Música. Instituto de Artes. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015; entre outros.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Marta da Silva - Futebolista, Mito & Vontade de Saber.

                                                                                                    Ubiracy de Souza Braga

     O futebol feminino caminha a passos bem curtinhos e lentos”. Marta Vieira da Silva

                        
As mulheres tem sido importantes para o desempenho e desenvolvimento do futebol. Há outros relatos que indicam que, no décimo quinto século, era usual que as mulheres desempenham jogos de bola, especialmente na França e na Escócia. Em 1863, foram definidas regras para prevenir a violência no jogo, conquanto fosse socialmente aceitável para a formação das mulheres. Segundo dados estatísticos da Fédération Internationale de Football Association (FIFA), a primeira partida oficial entre mulheres foi disputada no dia 23 de março de 1885, em Crouch End, Londres, Inglaterra. Há relatos etnográficos, de disputas anteriores, como, por exemplo, uma competição anual, em Lothian, Escócia em 1790. O documento reconhecido sobre o início do futebol feminino remonta a 1894 quando Nettie Honeyball, um ativista dos direitos da mulher, fundou o primeiro clube desportivo britânico chamado Ladies Football Club. Honeyball, convicta de sua causa feminista declarou que pretendia demonstrar que as mulheres poderiam alcançar a emancipação social e ter um lugar importante na sociedade.
Historicamente a 1ª grande guerra (1914-18) foi chave para a superlotação de futebol feminino na Inglaterra. Em consequência da guerra muitos homens foram para o front, e a mulher conquista espaço na força trabalhadora de muitas fábricas. Lá formaram suas próprias equipes de futebol que até então era privilégio de homens. A mais exitosa destas equipes existente foi Dick, Kerr`s Ladies of Preston, Inglaterra. A equipe foi bem sucedida num jogo contra equipe escocesa que levou um “chocolate” de-0. No entanto, no final da guerra, a Football Association (FA) da Inglaterra não reconheceu o futebol feminino, apesar do sucesso e popularidade. Isto levou à formação da English Ladies Football Association cujo início foi difícil devido ao boicote da FA que levou mesmo a mulheres a jogarem em estádios de Rúgbi. Contudo, após a Copa do Mundo 1966, o interesse dos amadores levou a FA a voltar atrás, decidindo em 1969 criar o ramo feminino da Football Association. Em 1971, a Union of European Football Associations (UEFA) instruiu seus parceiros no âmbito da profissionalização do futebol a gerir e promover o futebol feminino e na Europa ele foi consolidado nos anos seguintes. Assim, países como a Itália, EUA e o Japão têm ligas profissionais cuja popularidade não inveja o que foi conquistado pelos seus similares do sexo masculino.

           
Os primeiros registros de partidas mistas brasileiras, com homens e mulheres juntos datam de 1908 e 1909. Em 1913, houve um evento beneficente, que foi considerado por muitos anos como a primeira partida de futebol feminino no Brasil. Em 1941, aconteceu o primeiro jogo masculino apitado por uma mulher, num amistoso entre o Serrano da cidade de Petrópolis contra o clube América do Rio de Janeiro. Na ocasião, o árbitro passou mal e uma atleta da partida preliminar ao amistoso assumiu a arbitragem do jogo apitando-o.  Em 14 de abril de 1941, durante a presidência autoritária de Getúlio Dornelles Vargas, foi criado o Decreto-Lei 3199, proibindo a “prática de esportes incompatíveis com a natureza feminina”, entre eles o futebol. A ditadura estadonovista postergou seu reconhecimento social e político. Este decreto-lei só seria revogado em 1979. Contudo, o Araguari Atlético Clube é considerado o primeiro do Brasil a formar um time feminino. Em meados de 1958 selecionou 22 meninas para um jogo beneficente em dezembro daquele ano. O sucesso desta partida de futebol foi tão grande que a revista “O Cruzeiro” fez matéria de capa sobre a partida.
Vale lembrar que o Artigo 54 do Decreto Lei 3199, apontava incompatibilidade a “natureza feminina” com alguns esportes, proibindo, assim, a prática dos mesmos pelas mulheres. Assim dizia este artigo: - “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos (CND) baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”. Em 2 de agosto de 1965, durante a ditadura militar castellista, a Deliberação n° 7, assinada pelo general Eloy Massey Oliveira de Menezes, Presidente do Conselho Nacional de Desportos (CND), delimitou a linha que segregava o esporte feminino brasileiro: - “Não é permitida [à mulher] a prática de lutas de qualquer natureza, do futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo aquático, polo, rúgbi, halterofilismo e baseball”, dizia a deliberação nº 7 do conselho. Segundo a pesquisadora Katia Rubio, da Universidade de São Paulo, a proibição da prática desportiva feminina no Brasil deixou graves consequências, que atrasaram a história social olímpica do país, mesmo depois que deixou de vigorar o decreto discricionário da chamada Era de Getúlio Vargas. 

A concepção sociológica de Axel Honneth, por exemplo, problematiza a “invisibilidade” como uma patologia social caracterizada por formas intencionais de tornar pessoas invisíveis. De forma semelhante à interpretação da análise da reificação, de arl Marx à Georg Lukács, a invisibilidade também é tratada de um ponto de vista epistemológico e moral, a partir da teoria do reconhecimento. Um ato de reconhecimento pressupõe dois elementos: 1) uma identificação cognitiva de uma pessoa como dotada de propriedades particulares em uma situação particular, e: 2) a confirmação da cognição da existência da outra pessoa como dotada de características específicas, através de ações, gestos e expressões faciais positivas manifestados por quem a percebe. A invisibilidade, por outro lado, significa mais do que a negação desses dois elementos. Sintetizada em expressões como a de um “olhar através”, ela nega a existência do outro do ponto de vista perceptual, como se ele não estivesse presente no campo de observação da visão de quem olha. É importante mencionar do ponto de vista técnico-metodológico na análise uma distinção muito sofisticada entre invisibilidade e visibilidade, de modo que, embora ambas as ideias sejam aparentemente espelhadas, elas conteriam em si mecanismos de funcionamento fundamentalmente diferentes, mas associados.
No conceito negativo (“invisibilidade”) as pessoas afetadas sentem-se como se não tivessem sido percebidas. A perceptibilidade corresponde à capacidade de ver alguém, enquanto a visibilidade designa mais do que mera perceptibilidade porque acarreta a capacidade para uma identificação individual elementar. Desse modo, para as pessoas afetadas em particular, a invisibilidade significaria o sentimento de realmente não serem percebidas ou vistas, ao contrário da ideia de que a invisibilidade significaria puramente a ideia negativa de visibilidade, já que esta funciona segundo pressupostos que vão além da capacidade de ver, pois a visibilidade também inclui, além da visão, as capacidades de identificar, conhecer. Em outras palavras, quem é invisibilizado socialmente sente que sequer é visto. Não entra em jogo neste sentido o sentimento de que não é identificado ou conhecido. A discrepância conceitual que se torna aparente entre invisibilidade visual e visibilidade é devido ao fato de que, com a transição para o conceito positivo, as condições governando a sua aplicabilidade são mais exigentes: enquanto a invisibilidade significa apenas o fato de que um objeto não está presente como um objeto no campo perceptivo de uma pessoa, a visibilidade física requer que nós assumamos uma posição cognitiva diante do objeto dentro de uma estrutura espaço-temporal como algo com propriedades visuais relevantes.  
Segundo a concepção do “jogar à brasileira”, com amplificação principalmente no âmbito dos torcedores, domínio no qual se valoriza a emoção, a brincadeira, a festa, o confronto, mas que está no lado oposto de uma concepção técnica, racional e moderna de futebol que marca cada vez mais o nível dos profissionais. Essa concepção se baseia na definição de uma continuidade estrita entre treino e jogo – “treino é treino, jogo é jogo”, com a adoção de esquemas táticos - a arte do fraco - e disciplinares padronizando as equipes, na valorização da rotina como fator decisivo na preparação competitiva de um time, na defesa de padrões gerenciais de administração dos clubes, na cuidadosa e gradativa produção de bons jogadores através das escolinhas de futebol e das categorias de base e assim por diante. Ipso facto, até então, partidas de futebol feminino só ocorriam em circos, em quadras de futsal. Vários jogos do Araguari ocorreram em cidades de Minas Gerais, inclusive na capital, em Goiânia e Salvador. 
Em 1959 a equipe foi desfeita, por pressão dos religiosos conservadores de Minas Gerais. Em 1967, Asaléa de Campos Micheli, mais conhecida por Léa Campos, foi a primeira mulher a diplomar-se em curso de arbitragem. O Decreto-Lei 3199 proibia as mulheres apenas de jogarem, mas não faziam menção sobre arbitragem. Essa brecha garantiu a Léa o direito de participar do curso de árbitros em Minas Gerais, feito no Departamento de Futebol Amador da Federação Estadual. Em entrevista ao popular programa Esporte Espetacular, da Rede Globo de televisão, desde 1973 apresenta entrevistas, reportagens sobre ciência esportiva, personagens históricos e a relação social do esporte. Em 2007, ela informou que não pode participar sequer da formatura do curso, por represálias em torno de um grupo autoritário de machistas. A primeira seleção de futebol feminino, entretanto, foi convocada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 1988, para disputar e vencer o “Women’s Cup of Spain”, primeira divisão da Liga de Futebol Feminino. Do ponto de vista competitivo o acesso à Liga dos Campeões da Union des Associations Européennes de Football (UEFA) de futebol feminino ocorre através da posição do país no ranking da UEFA. No final da temporada 2016-17, fruto do 27º lugar no ranking, o campeão tem acesso à fase de qualificação no âmbito da competição internacional.
 A UEFA foi fundada a 15 de junho de 1954 em Basileia, na Suíça como consequência de discussões entre as federações da França, Itália e Bélgica. A sede ficou instalada em Paris até 1959, ano em que acabou por mudar-se para a capital suíça Berna. Henri Delaunay foi o primeiro secretário-geral e Ebbe Shwartz o presidente. O seu centro administrativo desde 1995 é em Nyon, Suíça. Era inicialmente composta por 25 federações, mas atualmente representam 55 em sua forma de organização. A Liga dos Campeões é o seu torneio de clubes mais importante. A Liga dos Campeões da União das Associações Europeias de Futebol, originalmente conhecido como a Liga dos Clubes Campeões Europeus é a principal competição interclube da Europa. Participam nela os campeões nacionais dos países filiados à instituição e alguns outros clubes. Acontece paralelamente às competições nacionais, tendo início na segunda metade do ano e terminando no final da primeira metade do ano seguinte. A Liga Europa é a segunda maior competição da Europa. Participam as equipas que ficaram no meio da tabela em campeonatos e equipes que foram terceiras em grupos da champions e as que foram eliminadas das play-offs da champions.
Enfim, a Supercopa da UEFA é a 3ª competição mais importante de futebol da Europa, que se realiza anualmente entre as equipas vencedoras da 1ª e da 2ª competições mais importantes da Europa ao nível de clubes, respectivamente a Liga dos Campeões da UEFA e a Liga Europa da UEFA. A competição realiza-se no início das temporadas nacionais, em Agosto e tem o status de abertura oficial da temporada europeia para os clubes, mesmo com campeonatos e outros certames já iniciados. O Campeonato Europeu é a 2ª competição de seleções mais importante do mundo, e a 3ª competição geral mais bem organizada a perder apenas para Campeonato do mundo e para Liga dos Campeões, a competição foi idealizada no ano de 1927 antes mesmo da UEFA ser criada, mas ela só foi concretizada 10 anos após a criação da UEFA. No inicio a competição tinha apenas 4 seleções representantes no período de 1960 até 1980 quanto o numero de seleções passou a ser 8, dobrando em 1996 quando a competição passou a ter 16 seleções e a partir de 2016 o número de seleções aumentou para 24.
Mesmo com este decreto-lei em vigor, há notícias de algumas práticas do desporto feminino, como, por exemplo, o caso do Araguari Atlético Clube, considerado o primeiro clube do Brasil a formar um time de futebol feminino. Em meados de 1958, este clube selecionou 22 meninas para um jogo beneficente, a ser disputado em dezembro deste mesmo ano. O sucesso desta partida foi tão grande, que a espetacular revista “O Cruzeiro” fez matéria de capa sobre o acontecimento, pois até aqueles dias, partidas femininas de futebol só ocorriam em geral em circos ou quadras de futsal. Com esta divulgação, nos meses seguintes, vários jogos do time feminino do Araguari em cidades de Minas Gerais, Belo Horizonte inclusive, e também em Goiânia e Salvador. Em meados de 1959 a equipe feminina do Araguari foi desfeita, por pressão dos religiosos ultraconservadores de Minas Gerais. Em 1967, Asaléa de Campos Micheli, reconhecida por Léa Campos, foi a primeira mulher a concluir curso de arbitragem. O Decreto-Lei 3199 proibia as mulheres de jogarem, mas não mencionavam arbitragem. Essa brecha na Lei garantiu a Léa participar do Curso de Árbitros em Minas Gerais, realizado no Departamento de Futebol Amador da Federação Estadual. Em entrevista ao Esporte Espetacular, da Rede Globo, em 2007, ela informou que “não pode participar sequer da formatura do curso, por represálias machistas”.
Marta Vieira da Silva, reconhecida como Marta, nasceu em Dois Riachos, no estado de Alagoas, em 19 de fevereiro de 1986. Após atuar no juvenil no Centro Sportivo Alagoano (CSA), Marta iniciou a carreira profissional no Vasco da Gama em 2000 aos 14 anos e também jogou na Associação Atlética Light. Após dois anos no time cruzmaltino, transferiu-se para o mineiro Santa Cruz, onde jogaria por mais duas temporadas, antes de defender o Umeå IK, da Suécia. Por este clube, tornou-se reconhecida na Europa e veio se destacando cada vez mais, até ser considerada a melhor jogadora do mundo. Conquistou, com a seleção brasileira, a medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos de 2003 e 2007, liderando a artilharia da competição com 12 gols. Fora do Brasil desde 2004 defendeu as cores dos times de futebol feminino do Umeã Ik e Rosengard, da Suécia, do Los Angeles Sol e Western New York Flash, dos Estados Unidos. Marta se consagrou por seu ótimo futebol, sendo eleitas cinco vezes consecutivas a melhor jogadora do mundo, entre os anos de 2006 e 2010. Ganhou o prêmio Bola de Ouro em 2004, 2007 e 2010 e o troféu Chuteira de Ouro em 2007.
Foi ainda medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008. Em 27 de setembro de 2007, durante a partida de semifinal na Copa do Mundo de Futebol Feminino, realizada na China, contra os EUA, marcou o gol mais bonito da competição e, para alguns, o gol mais bonito marcado durante existência deste torneio e neste ínterim o Brasil a chegar pela primeira vez em sua história social do desporto feminino à final dessa competição. De acordo com Castro (2011) apesar das regras, métodos e do conceito puramente masculino, o futebol desenvolvido através das mulheres surgiu buscando certo grau de independência e identidade próprias. Infelizmente, por conta da alienação a uma sociedade amplamente machista, onde mulheres rotulam mulheres que ousam, o ímpeto de jogar futebol tornou-se um problema, havendo uma relevante melhora no modo como o futebol feminino foi entendido a partir de 2007. Do ponto de vista da análise crítica a modalidade não é reconhecida profissionalmente, goza de pouco prestígio junto aos meios de comunicação massivos, além de ser avaliada no sentido darwinista-evolucionista por falta da perspectiva “bio” e “fisiológica feminina”, que torna o jogo cadenciado e não menos veloz. A necessidade de mudança, se deu  nos anos em que a modalidade titubeava entre a falta de políticas e investimento econômico.
A situação mudou significativamente nos últimos anos, após iniciativa da ex-diretoria do Santos F. C., agremiação tradicional do estado de São Paulo, ao trazer para a equipe, Marta Vieira da Silva. Tal fato social mudou a precária visibilidade do futebol feminino no país. Alguns clubes ressignificaram seu olhar, seus métodos e postura sobre a modalidade feminina. O futebol feminino dos clubes, quando os tem, é vinculado ao Departamento de Esportes Olímpicos, o que implica ainda em parco investimento profissional. Na referida competição Brasil ficou em 2º lugar e Marta foi escolhida a melhor jogadora da Copa recebendo o prêmio Bola de Ouro e também artilheira da competição com 7 gols. Em 12 de janeiro de 2009, durante a coletiva de imprensa que antecedeu a premiação dos melhores jogadores do mundo de 2008, Marta anunciou sua transferência para o Los Angeles Sol dos Estados Unidos. No clube norte-americano, foi artilheira da liga nacional, levando a equipe ao vice-campeonato.
O condado de Los Angeles, incorporado como County of Los Angeles, é o mais populoso dos 58 condados do estado americano da Califórnia e o mais populoso de todo o país, tendo, inclusive, mais habitantes do que 41 estados. Foi incorporado em 18 de fevereiro de 1850, como um dos 27 condados originais. Fato que ocorreu alguns meses antes da Califórnia ser admitida à União, em 9 de setembro de 1850. A sede e cidade mais populosa do condado é Los Angeles. O condado de Los Angeles representou um dos condados importantes e originais da Califórnia, criado no mesmo ano da incorporação do estado que ocorreu em 9 de setembro de 1850. O condado foi incorporado em 18 de fevereiro do mesmo ano. A área do condado incluía grandes partes do que é agora o Condado de Kern, o Condado de San Bernardino, o Condado de Riverside e o Condado de Orange. Estas partes do território foram cedidas ao Condado de San Bernardino (1853), ao Condado de Kern (1866) e ao Condado de Orange (1889). Em 1893, parte do Condado de San Bernardino se tornou parte do Condado de Riverside. Possui 88 cidades incorporadas e muitas áreas não-incorporadas que correspondem a mais de 65% do condado. A parte mais ao sul do condado é a área mais intensamente urbanizada e abriga a maioria da população que vive ao longo da costa do Sul da Califórnia e do interior das bacias e vales. 

A metade norte é uma grande extensão de deserto, menos povoada, que inclui o Vale de Santa Clarita e o Vale Antelope. Esse último abrange a região nordeste do condado e é adjacente ao Condado de Kern. Entre essas duas áreas do condado estão as Montanhas de San Gabriel e o mais vasto deserto conhecido como Floresta Nacional Angeles. Contém mais de um quarto dos habitantes da Califórnia. É um dos condados do país mais diversificados, que detém a maioria das principais cidades que engloba a Grande Los Angeles e é o centro dos cinco condados que compõem essa área. O condado possui uma população de 10. 014. 009 habitantes e uma densidade populacional de 952,5 hab./km², segundo o censo nacional de 2020 realizado pelo Departamento do Censo dos Estados Unidos da América. Em 1° de agosto de 2009 o Santos anunciou sua contratação, por empréstimo de três meses, até o final de 2009, mas sua apresentação só ocorreu após o término da Liga de Futebol Feminino dos Estados Unidos de 2009. Após o período no Santos Futebol Clube, onde disputou e venceu a Copa Libertadores Feminina e a Copa do Brasil, ela retornou ao Los Angeles Sol. Em 10 de setembro foi apresentada e a estreia ocorreu em 16 de setembro, em um amistoso contra o Comercial-MS em Campo Grande, centro-oeste brasileiro. Após o encerramento das atividades do Los Angeles Sol, ficou disponível para o draft, onde os clubes escolhem para contratação as jogadoras deste clube que encerrou suas atividades.

O clube estreante na Liga, Atlanta Beat, após acordo com o St. Louis Athletica trocou sua posição recebendo por isso algumas jogadoras. Por sua vez, o St. Louis Athletica selecionou Shannon Boxx, meia da Seleção dos Estados Unidos. Em seguida, o Philadelphia Independence selecionou a goleira Karina LeBlanc. A seguir, o FC Gold Pride escolheu Marta Vieira da Silva para sua equipe de futebol. Na temporada 2010, ela foi pela segunda vez consecutiva artilheira da liga, e dessa vez, consequentemente como líder levando seu time ao título.  Em 26 de janeiro de 2011, como nova contratada do Western New York Flash para a temporada da Liga de futebol dos Estados Unidos de 2011. Ela foi apresentada dia 25 de fevereiro de 2011. Em 22 de fevereiro de 2012, foi apresentada novamente como jogadora do Tyresö FF participando atualmente no Damallsvenskan - a reconhecida divisão principal do Campeonato Sueco de Futebol Feminino, com contrato social na temporada de dois anos e onde jogara com a camisa 10. Entrou na Calçada da Fama do estádio Maracanã (RJ), sendo a primeira e, até agora, a única mulher a deixar a marca dos pés neste prestigiado local. Homenageada pelo Museu do Futebol em 2015 no projeto “Visibilidade para o Futebol Feminino”. 

Apesar de já fazer parte do acervo do museu desde sua abertura, em 2008, na Sala das Copas do Mundo, e na Sala Números e Curiosidades, Marta foi a primeira jogadora, junto com Formiga, a integrar a Sala Anjos Barrocos, que até então era exclusiva de jogadores masculinos. Após a falência do Tyresö em 2014, Marta foi contratada pelo FC Rosengård, por seis meses, e possibilidade de prorrogação. – “Recebi várias ofertas da Europa e dos Estados Unidos, mas ainda tenho fome de títulos, especialmente a Liga dos Campeões”, disse na entrevista. – “Vejo um grande potencial no Rosengard, uma equipe forte, e vou fazer todo o possível para que se transforme na melhor da Europa”. Com a equipe bem entrosada ela foi bicampeã da Liga da Suécia de Futebol Feminino em 2014 e 2015, além de acabar obtendo o vice-campeonato em 2016. Aliás, lugar de vice só é perigoso  na política brasileira, mas em futebol é muito honroso. Desde 2016, a equipe compete na National Women`s Soccer League, a primeira divisão do futebol feminino nos Estados Unidos da América. O Pride foi o décimo clube a se juntar à liga e é afiliado ao Orlando City SC da Major League Soccer. A equipe manda seus jogos no Orlando City Stadium. Recebeu o maior público da história da NWSL, quando em 23 de abril de 2016, 23. 403 pessoas assistiram a primeira partida do Pride com a derrota do Houston Dash por 3-1. Em 7 de abril de 2017, Marta foi oficialmente anunciada como nova jogadora do Orlando Pride, dos Estados Unidos.

A National Women`s Soccer League é uma liga profissional de futebol feminino dos Estados Unidos. Organizada pela Federação de Futebol dos Estados Unidos é considerada a principal e mais importante liga de futebol feminino do país. A NWSL foi criada em 2012 como uma sucessora da Women`s Professional Soccer (WPS) (2007-2012), que foi ela própria sucessora da Women`s United Soccer Association (WUSA) (2001-2003), a primeira liga de futebol feminino criada no país em 2001. A liga começou seus jogos em 2013 com 8 times, 4 dos quais eram ex-membros da Women`s Professional Soccer. Com a adição de mais dois times em Houston e Orlando e com a saída do Boston Breakers, a liga conta hoje com um total de nove times.  Desde sua temporada inaugural em 2013, quatro times diferentes foram campeões da liga e quatro foram campeões da temporada regular. O atual campeão da liga é o North Carolina Courage, que também é o campeão da temporada regular (NWSL Shield). O Courage foi o primeiro time na história da liga a ganhar ambos os títulos em 2018 e repetida em 2019.

A temporada da NWSL ocorre de abril à setembro, onde cada time joga 24 partidas, sendo 12 em casa e 12 fora. Ao final da temporada regular, o time com o maior número de pontos é reconhecido com o título da temporada regular. Os quatro clubes com mais pontos se classificam para os playoffs da NSWL, que consistem em duas semifinais de jogos únicos em “mata-mata” quando o 1º enfrenta o 4º; o 2º enfrenta o 3º), com o ganhador de cada semifinal indo para a decisão do torneio em uma final na casa do time com mais pontos na temporada regular. Depois que a Women`s Professional Soccer (WPS) cessou suas atividades em abril de 2012, a Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF) anunciou uma mesa apara discutir o futuro do futebol feminino profissional nos Estados Unidos. A reunião, que contou com a presença de representantes da USSF, dos times da WPS, da W-League (que acabou também deixando de existir em 2015) e da Women`s Premier Soccer League (WPSL), aconteceu em junho e resultou no planejamento para o lançamento de uma nova liga em 2013 com 12-16 times, tirados de cada uma das três ligas. Comparado com a WPS, os times teriam um orçamento salarial relativamente baixo de $500,000, valor que foi rebaixado ainda mais para $200,000.

Em novembro de 2012, foi anunciado que haveria oito times na nova liga e que a competição seria subsidiada pela USSF, pela Federação Canadense de Futebol (CSA) e pela Federação Mexicana de Futebol (FMF). As três federações pagariam os salários das jogadoras de suas respectivas seleções (24 dos EUA, 16 do Canadá e entre 12 e 16 do México), ajudando assim os times a criarem elencos de alta classe sem que tivessem que ultrapassar seus orçamentos salariais. As jogadoras seriam distribuídas de forma o mais igualitariamente possível entre os oito times em um processo de alocação. A Federação Americana cuidaria da organização do evento e do calendário de partidas. Em 29 de novembro de 2012, foi anunciado que Cheryl Bailey havia sido nomeada Diretora Executiva da nova liga. Bailey havia sido Diretora Geral da Seleção de Futebol Feminino dos Estados Unidos entre 2007 e 2011, liderando todo o staff de suporte a seleção durante as Copas do Mundo de 2007 e 2011 e durante os Jogos Olímpicos de Verão de 2008. Durante seu tempo como Diretora Geral da seleção americana, ela foi responsável por todas as áreas da administração, incluindo pagamentos, planejamento das viagens do time e relação com a CONCACAF, FIFA e outras federações.  

O primeiro jogo da NWSL aconteceu em 13 de abril de 2013, quando o Portland Thorns visitou o FC Kansas City, em um jogo que terminou empatado em 1 a 1 e foi assistido por 6,784 no Shawnee Mission District Stadium. A atacante méxico-americana Renae Cuéllar marcou o primeiro gol da história da liga. A temporada de 2013 teve uma média de público de 4,270 pessoas com um pico de 17,619 presentes para assistir a revanche entre Kansas City e Portland em Portland em 4 de agosto. A NWSL se tornou a primeira liga profissional de futebol feminino da história dos Estados Unidos a chegar a nove times com a adição do Houston Dash em 2014. O aparecimento de grupos interessados em ter um time na NWSL continuou, principalmente com times da Major League Soccer (MLS) interessados em também ter um time na NWSL. A temporada de 2015, teve um calendário mais enxuto e alguma instabilidade no início da temporada devido a programação da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2015 no Canadá. Contudo, a competição trouxe também mais exposição na mídia para a NWSL, o que causou um aumento significativo no público frequentando os jogos da liga.

Em 2016, a NWSL se tornou também a primeira liga profissional de futebol feminino da história dos Estados Unidos a existir por mais de três temporadas. Dez equipes participam da liga, todas elas baseadas nos Estados Unidos. Cada clube pode ter um mínimo de 18 e um máximo de 20 jogadoras no elenco a qualquer momento na temporada. Originalmente, cada elenco da liga incluía até três jogadoras da seleção americana, até duas jogadoras da seleção mexicana e até duas jogadoras da seleção canadense. Os times podem também contar com até quatro jogadoras internacionais. As outras vagas no elenco devem ser preenchidas por jogadoras americanas. Os clubes também preenchem seus elencos usando um número de drafts. Após 2017, a Federação Mexicana não aloca mais jogadoras para a NWSL, já que os mexicanos criaram sua própria liga de futebol feminino e o número de jogadoras alocadas e jogadoras internacionais em cada time varia devido a evidente troca de jogadoras entre os times. O condado possui uma extensa rede de via expressa de lendário tamanho e complexidade, que é mantida pelo Caltrans e patrulhada pela Patrulha Rodoviária da Califórnia.

Possui também uma vasta rede de ruas urbanas e suburbanas, a maioria das quais é mantida pelas prefeituras. O condado e a maioria das cidades geralmente fazem um trabalho decente de manutenção e limpeza das ruas. Ambas as estradas e as ruas são conhecidas pelos congestionamentos de tráfego severos. Além do serviço de ônibus metropolitano, inúmeras cidades do condado também operam suas próprias empresas de ônibus e linhas de transporte. O principal aeroporto comercial do condado é o Aeroporto Internacional de Los Angeles (LAX), em Los Angeles. Outros aeroportos importantes incluem o Aeroporto de Long Beach, em Long Beach e o Aeroporto Bob Hope em Burbank. O Aeroporto Regional Los Aangeles/Palmdale está previsto para expandir o serviço comercial. Há também outros aeroportos de aviação geral em Los Angeles, incluindo aeroportos em Van Nuys e Pacoima. Outros aeroportos existem em Santa Mônica, Compton, Torrance, El Monte, Lancaster, La Verne e Hawthorne. Los Angeles é um importante centro de transporte ferroviário de mercadorias, principalmente devido aos grandes volumes de mercadorias que entram e saem das instalações portuárias do condado. Os portos estão ligados à pátios ferroviários e as principais linhas da Union Pacific e da Burlington Northern Santa Fe que conduzem ao leste através de um corredor ferroviário conhecido como o Corredor Alameda. Serviço ferroviário de passageiros é prestado no condado pela Amtrak, pelo Metrô de Los Angeles e pela Metrolink.

Os dois principais portos do condado são o Porto de Los Angeles e o Porto de Long Beach. Juntos, eles controlam mais de um quarto de todo o tráfego de contêiner que entra nos Estados Unidos, tornando o complexo o maior e mais importante do país, e o terceiro maior porto do mundo em volume de transporte marítimo. O Porto de Los Angeles é o maior centro de navios de cruzeiro na costa oeste, por onde passam mais de 1 milhão de passageiros anualmente. Los Angeles é comumente associada com a indústria do entretenimento; todos os seis grandes estúdios: Paramount Pictures, 20th Century Fox, Sony, Warner Bros., Universal Pictures e Walt Disney Studios, estão localizadas dentro do condado. Além do cinema e produção de programas de televisão, outras grandes indústrias do Condado de Los Angeles são o comércio internacional apoiado pelo Porto de Los Angeles e pelo Porto de Long Beach, gravação e produção musical, aeroespacial e de serviços profissionais, tais como direito e medicina. O parque mais visitado do condado é o Parque Griffith, propriedade da cidade de Los Angeles. O condado é também conhecido pelo anual Rose Parade em Pasadena, o anual Los Angeles County Fair em Pomona, o Museu de Arte do Condado de Los Angeles, o Zoológico de Los Angeles, o Museu de História Natural do Condado de Los Angeles, o La Brea, o Jardim Botânico do Condado de Los Angeles, duas pistas de corrida de cavalo e duas pistas de corrida de carro, a Pomona Raceway e a Irwindale Speedway, o RMS Queen Mary localizado em Long Beach, e o Grand Prix of Long Beach, além de quilômetros de praias de Zuma a Cabrillo. 

Bibliografia geral consultada.

GADAMER, Hans-Georg, A Atualidade do Belo: A Arte como Jogo, Símbolo e Festa. Rio de Janeiro: Editor Tempo Brasileiro, 1985; DEJOURS, Christophe, O Corpo entre a Biologia e a Psicanálise. São Paulo: Editora Artes Médicas, 1988; DEBUISSON, Daniel, l`Occident et la Religion: Mythe, Science et Idéologie. Bruxelles: Éditions Complexe, 1998; GIRARD, René, A Violência e o Sagrado. São Paulo: Editora Paz e Terra; Editora Unesp, 1990; RUBIO, Kátia, “A Psicologia do Esporte: Histórico e Áreas de Atuação e Pesquisa”. In: Psicol. cienc. prof. Vol.19 n°3. Brasília, 1999; DECLOS, Marie-Laurence (dir.), Le Rire des Grecs. Grenoble: Éditions Jérôme Million, 2000;  TOLEDO, Luiz Henrique de,  Lógicas do Futebol. Dimensões Simbólicas de um Esporte Nacional. Tese de Doutorado. Departamento de Antropologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2000; MOURA, Eriberto José Lessa de, Relações entre Lazer, Futebol e Gênero. Dissertação de Mestrado em Educação Física. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2003; CICERO, Sulla Natura degli Dei. Milano: Oscar Mandadori Editore, 2004; GOELNER, Silvana Vilodre, “Mulheres e Futebol no Brasil: Entre Sombras e Visibilidades”. In: Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. Vol. 19, n° 2, pp. 143-151, 2005; GARRIGA ZUCAL, José, Nosotros nos peleamos: violência e identidad de una hinchada de fútbal. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2010; AGUIAR, Leonel Azevedo de; PROCHNIK, Luisa, Quanto Vale uma Partida de Futebol? A Relação entre Televisão e Futebol no Cenário Midiático Contemporâneo. In: Revista Logos. Rio de Janeiro. Comunicação e Esporte. Volume 17, nº 02, 2º semestre de 2010; CASTRO, Luciane de, “Brasilien: Frauenfußball zwischen Aufstieg und Machismo in Brasilien”. In:  https://www.boell.de/de/navigation/20mai2011; SALVIANI, Leila; MARCHI JÚNIOR, Wanderley, “O Futebol de Marta na Revista Placar: Recortes de uma História”. In: Espaço Plural. Ano XIV, n° 29, 2° semestre 2013, pp. 298-313; SILVA, Giovana Capucim e, Narrativas sobre o Futebol Feminino na Imprensa Paulista entre a Proibição e a Regulamentação (1941-1983). Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015; PEREIRA, Marcela Caroline, Às Margens de uma Revista Esportiva: A Seleção Brasileira de Futebol Feminina nas Páginas da Placar (1991 – 2015). Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas. Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2018; entre outros.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Patty Hearst - Afeto, Política & Síndrome de Estocolmo.

                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

                                                                   A festa acaba de começar!”. Jan-Erik Olsson

      
   
          A cristianização do país tem início com a “chegada” de estranhos missionários alemães e ingleses no século XI. Em 1397 os quatro países escandinavos foram reunidos através de linhagens e casamentos na União de Kalmar, mas a disputa entre os nobres de cada país pelo trono os separou no início do século XVI. O século XVII viu a Suécia tornar-se uma das principais potências europeias, devido ao sucesso da participação na Guerra dos 30 anos, iniciada pelo rei Gustavo Adolfo II. Esta posição iria “desmoronar-se” no século XVIII, quando a Rússia conquistou os reinos da Europa do norte na Grande Guerra do Norte e, eventualmente, quando em 1809 se assistiu à separação da parte oriental da Suécia, criando-se assim a Finlândia como um grã-ducado Russo. uma guerra travada entre uma coligação composta pelo Czarado da Rússia, Reino da Dinamarca e Noruega e Saxônia-Polônia e a partir de 1715 também Prússia e Hanôver contra o Império Sueco, entre 1700 e 1721. Começou com um ataque coordenado pela coligação em 1700 contra a Suécia, e terminou em 1721 com a conclusão do Tratado de Nystad, e o Tratado de Estocolmo. Um dos resultados desta guerra foi o fim do Império Sueco. O Império colonial sueco durou pouco mais de dois séculos, desde 1638, com a fundação da primeira colônia sob o domínio da rainha Cristina (1632-1654) até 1878, com a descolonização da última colônia sob o rei Óscar II (1872-1907).

Entre os principais combates deste longo conflito destacam-se as batalhas de Narva, Lesnaia e Poltava. A história recente sueca tem sido pacífica. A última guerra na qual participou foi a Campanha Contra a Noruega (1814), que estabeleceu uma união dominada pela Suécia. Esta união dissolveu-se pacificamente em 1905, apesar de alguma ameaça de guerra. A Suécia foi um país neutro durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, com uma pequena excepção, a Guerra do Inverno. Continuou a não se posicionar durante a Guerra Fria e hoje não faz parte de nenhuma aliança militar embora tenha participado nos treinos militares da Organização do Tratado Atlântico Norte. A primeira cerimônia da entrega do Prêmio Nobel foi realizada na antiga Real Academia de Música Sueca, em Estocolmo, em 1901. A partir de 1902 os prémios passaram a ser entregues pelo Rei da Suécia. A economia predominantemente agrícola da Suécia mudou de vilas para fazendas privadas durante a Revolução Industrial.

A industrialização ganhou novo incentivo com a produção de energia hidrelétrica. Aumentou a produção de ferro, aço, papel, têxteis e produtos químicos ao mesmo tempo em que o número de trabalhadores triplica. A participação do setor industrial no produto interno bruto da Suécia foi de 13% em 1861-1865 a 28% em 1911-1915. Contudo essas mudanças não conseguiram trazer melhorias económicas e sociais proporcionais ao crescimento da população. Cerca de um milhão de suecos migrou entre 1850 e 1890, principalmente para os Estados Unidos da América. O século XIX foi marcado pelo surgimento da imprensa liberal de oposição, pelo fim dos monopólios comerciais das guildas em trocas e manufaturas em favor da livre empresa, a introdução de reformas fiscais e eleitorais, a instalação do serviço militar nacional e pelo surgimento dos três partidos que dominariam a vida política sueca na primeira metade do século XX: o Social Democrata, o Liberal e o Conservador.  Nos 24 anos que se seguiram ao fim da segunda guerra instalando-se de 1945-1969, um governo social-democrata (SSA) estável cria o estado-providência mais avançado internacionalmente.

Em 1950 Gustavo VI torna-se rei, em 1953 a Suécia torna-se membra do Conselho Nórdico. Sete anos depois entra para a EFTA. Em 1969 Olof Palme forma governo até 1974, voltando a tê-lo em 1982. Em 1973 Carlos XVI sobe ao trono. Em 1975 há uma reforma constitucional, o Riksdag passa a possuir apenas uma câmara com mandato de três anos. A monarquia passa a ter apenas um papel cerimonial. Em 1986 Palme é assassinado e o seu adjunto Ingvar Carlsson sucede-lhe. Nunca foi encontrado o assassino. Em 1991 o SSA continua a ser o maior partido durante as eleições gerais, mas não consegue formar governo. Carlsson demite-se e Carl Bildt, líder do partido moderado MS forma de coligação de partidos não-socialistas em tempos de recessão.

No ano seguinte medidas de austeridade conseguem acabar com a inflação, mas o SSA recusa-se a suportar mais custos. Em 1994 novas eleições trazem o poder completo ao SSA. Em 1995 juntam a União Europeia. No ano seguinte Carlsson volta-se a demitir e é substituído por Göran Persson (até 2006). Em 1999 o Governo sueco torna-se o primeiro do mundo com mulheres em maioria e nesse mesmo ano a ministra dos negócios estrangeiros, Anna Lindh morre apunhalada. Em referendo realizado em 2003, a maioria da população votou “Não” quanto à adopção do euro como moeda oficial do país. O partido moderado com dirigido por Fredrik Reinfeldt volta ao poder em 2006. A Suécia sofreu particularmente os efeitos da crise económica internacional na sua fase inicial, tendo em 2008 decrescido 0,61% e em 2009, uns preocupantíssimos 5,03%. Em 2010 fez uma enorme recuperação até crescer 6,15%, o máximo crescimento econômico desde 1964, em cresceu 6,82%. Em 2011 continuou a sua recuperação económica com 3,92% de crescimento.

         Estocolmo representa o maior e mais importante centro urbano, cultural, político, financeiro, comercial e administrativo da Suécia desde o século XIII. Sua localização estratégica sobre 14 ilhas no centro-sul da costa leste da Suécia, ao longo do Lago Malar, tem sido historicamente importante. Uma vez que a capital sueca está situada sobre ilhas reconhecidas por sua beleza, a cidade é destino de turistas de todo o mundo, tendo sido apelidada nos últimos anos de “Veneza do Norte”. Estocolmo é conhecida pelos seus edifícios e monumentos extremamente bem preservados, por seus arborizados parques, por sua riquíssima vida cultural e gastronômica, e pela gigantesca qualidade de vida que oferece a seus moradores. Há décadas, Estocolmo figura como uma das cidades mais visitadas dos países nórdicos, com mais de um (01) milhão de turistas anualmente. Tem sido citada entre as cidades mais habitáveis do mundo, sendo uma das mais limpas, organizadas e seguras do mundo.
         A síndrome de Estocolmo foi identificada a partir de uma “situação criminosa” real, em 23 de agosto de 1973 quando houve um assalto bancário em Estocolmo na Suécia, e houve resistência por parte dos reféns em meio às estratégias de resgate da polícia local. Em 1974, Patrícia Hearst, neta de um magnata americano, foi sequestrada e tornou-se talvez o caso mais famoso de pessoa com Síndrome de Estocolmo. Ela assaltou um banco com o grupo que a sequestrou, o autodenominado Symbionese Liberation Army, uma organização revolucionária de orientação marxista dos Estados Unidos da América (EUA), responsável por assassinatos, assaltos a bancos e outros atos de violência política. Sua ação internacionalmente reconhecida concorreu com o sequestro e posterior conversão da herdeira milionária Patty Hearst. As origens do Exército Simbionês de Libertação encontram-se no trabalho desenvolvido pela Black Cultural Association, um grupo de apoio a presidiários negros ativo na prisão de Vacaville em finais da década de 1960 e inícios de 1970. Este grupo de responsabilidade de um professor de Universidade da Califórnia em Berkeley e era integrado por estudantes brancos da classe média partidários de ideais de esquerda, que davam apoio e formação político-ideológica aos presidiários negros. No contexto etnográfico das suas visitas estes jovens no processo de socialização vão propagar entre os presidiários o legado revolucionário de Marx.


            O Exército Simbionês de Libertação inspirava-se no marxismo, incluindo entre os seus objetivos de luta acabar com o racismo, a monogamia e o sistema penitenciário. A organização advogava igualmente a formação no interior do território dos Estados Unidos de lares para as minorias étnicas. Para alcançar os seus objetivos o grupo adotou a tática de “propaganda urbana” do jornalista francês Régis Debray, que consistia em praticar uma série de ações selecionadas, como assaltos e homicídios, cujo resultado seria um grande impacto na mídia; estas ações proporcionariam publicidade e em última instância provocariam a revolta popular e a adesão às propostas da organização. As origens libertárias encontram-se no trabalho desenvolvido pela Black Cultural Association, um grupo de apoio a presidiários negros ativo na prisão de Vacaville em finais da década de sessenta e inícios da década de setenta. Este grupo era da responsabilidade de um professor de Universidade da Califórnia em Berkeley e era integrado por estudantes brancos da classe média partidários de ideais de esquerda, que davam apoio e formação aos presidiários negros. No contexto das suas visitas estes jovens vão propagar entre os presidiários ideais do marxismo enquanto ideologia quando interpela os indivíduos en suas práticas constituindo-os em sujeitos históricos.  
Entre os jovens estudantes que participavam neste projeto político encontravam-se futuros membros do Exército Simbionês de Libertação, como William Wolfe, Russel Little, Joe Remiro e Nancy Ling Perry. Para alguns dos estudantes, os presidiários eram vítimas de um sistema racista enraizado na sociedade norte-americana. Em março de 1973 Donald DeFreeze, condenado por assalto e detido primeiro em Vacaville e depois transferido para a prisão de Soledad consegue escapar. DeFreeze tinha sido dinamizador na cadeia de um grupo chamado “Unsight”, no qual William Wolfe e Russell Little participaram de forma engajada. Ajudado por estes membros fixa residência em Berkeley, junto com as ativistas Nancy Ling Perry e Patricia Soltysik, tornando-se namorado da última. Poucos meses antes tinham chegado a Berkeley, vindos do Indiana, Bill Harris, veterano da guerra do Vietnam e pacifista e a sua esposa, Emily Harris. O casal foi acompanhado por dois amigos, Gary e Angela Atwood. Estes jovens juntam-se a grupos radicais e conhecem DeFreeze e os seus companheiros. No final do Verão de 1973 estas pessoas decidem fundar o Exército de Libertação Simbionês, uma organização revolucionária de orientação marxista dos Estados Unidos.
A 4 de fevereiro de 1974 três membros do Exército Simbionês de Libertação raptaram Patrícia Campbell Hearst, herdeira da família Hearst e estudante de História da Arte na Universidade de Berkeley, quando esta se encontrava no seu apartamento com o seu noivo, Steven Weed. Dois dias depois a organização fez chegar um comunicado à estação de rádio KPFA de Berkeley, na qual afirmava que Patrícia Hearst “era uma prisioneira de guerra”. No dia 12 de Fevereiro a mesma emissora de rádio difundiu uma gravação de Hearst na qual está afirmava estar bem e onde pedia que a sua família procedesse à distribuição de comida entre os pobres em troca da sua libertação. Dez dias depois a família de Hearst fundou um programa de nome “People in Need” que distribui comida por entre 30 mil pessoas, tendo gasto 2 milhões de dólares na ação social.  De acordo com Hearst, ela teria os seus primeiros dois meses de cativeiro encerrada num armário, onde foi violada por DeFreeze e sujeita a doutrinação dos ideais do Exército Simbionês. No dia 3 de abril de 1974 a rádio KSAN emitiu uma nova gravação na qual Patty denunciava o programa “People in Need” e rejeitava a sua família. Patty Hearst anunciou também que tinha se juntado ao Exército Simbionês de Libertação, tendo adotado o nome de guerra de guerrilha “Tania”, em honra à companheira de Che Guevara. A fita é acompanhada por “uma fotografia que se tornou famosa, na qual Patty surgia com uma arma em frente do símbolo da organização, a cobra de sete cabeças”.

                          
          A tática é a arte do fraco. Carl Phillip Gottlieb von Clausewitz, militar do Reino da Prússia que ocupou o posto de general é considerado um grande estrategista militar e teórico da guerra por sua obra “Da Guerra” (“Vom Kriege”). Foi diretor da Escola Militar de Berlim nos últimos 13 anos de sua vida, período em que escreveu a obra “Vom Kriege”, publicada postumamente. Nela ficou reconhecida a tese materialista em que ele define a associação entre guerra e política: - “A guerra é a continuação da política por outros meios”. Especificamente, Clausewitz considerava fundamental que a guerra estivesse sempre submetida à política. Isso porque nenhuma guerra pode ser vencida sem a compreensão precisa dos objetivos e da disponibilidade de meios de trabalho¸ em primeiro lugar, ou sem o cálculo racional das capacidades e das oportunidades, assim como o estabelecimento dos limites éticos ao uso da força - sempre submetida aos objetivos políticos estabelecidos. Suas lições de tática e estratégia vão, além dos exercícios militares propriamente ditos, para se constituírem, inclusive, numa profunda reflexão teórica sobre a filosofia propedêutica da guerra e da paz. 
           O modo pelo qual a tática, verdadeira prestidigitação, se introduz por surpresa numa ordem representa o senso de ocasião. Mediante procedimentos que psicanaliticamente Freud precisa a respeito do chiste, combina elementos audaciosamente reunidos para insinuar o “insight” de uma coisa na linguagem de um lugar para atingir o destinatário. Contudo, sem lugar próprio, sem visão globalizante, cega e perspicaz, como se fica no corpo a corpo sem distância, comandada pelos acasos do tempo, a tática é determinada pela ausência de poder, assim como a estratégia é organizada pelo postulado de um poder. A sua dialética poderá ser iluminada pela antiga arte da sofística, de fortificar ao máximo a posição do mais fraco. Mas destaca a relação de forças que está no princípio de uma criatividade intelectual tão tenaz como sutil, incansável, mobilizada à espera da ocasião. As estratégias são, portanto, ações sociais que, graças ao postulado de um lugar de poder, que produz efeitos de poder políticos elaboram lugares teóricos enquanto sistemas e discursos totalizantes, capazes de articular um conjunto de lugares praticados onde as forças sociais se distribuem.
          Elas combinam três tipos ideal de lugar praticado e visam dominá-los uns pelos outros. Privilegiam, portanto, as relações espaciais. Ao menos procuram elas reduzir a esse tipo as relações temporais pela atribuição analítica de um lugar próprio a cada elemento particular e pela organização combinatória dos movimentos específicos a unidades ou a conjuntos de unidades. O modelo para isso foi antes o militar que o científico. As táticas são procedimentos que valem pela pertinência que dão ao tempo – às circunstâncias que o instante preciso de uma intervenção transforma em situação favorável, à rapidez de movimentos que mudam a organização do espaço, ás relações entre momentos sucessivos de um golpe, como na política, aos cruzamentos possíveis de durações e ritmos heterogêneos.
            A síndrome de Estocolmo recebeu esse nome devido a um sequestro acontecido em Estocolmo, em 23 de agosto de 1973. Dois assaltantes sequestraram quatro funcionários do banco por vários dias. Quando a polícia conseguiu libertar os reféns, eles demostraram simpatia em relação aos sequestradores. As vítimas iam à prisão visitar seus captores e se recusaram testemunhar contra eles durante o julgamento. A síndrome de Estocolmo foi, então, teorizada pelo psiquiatra norte-americano Frank Ochberg. Frank é psiquiatra, um pioneiro na ciência do trauma, um educador e editor do primeiro texto sobre o tratamento do “transtorno de estresse pós-traumático” (TEPT).  Ele é um dos fundadores da psicotraumatologia moderna e serviu no comitê que definiu o TEPT. Recentemente, dedicou parte de seu tempo à educação de jornalistas sobre traumas e, em reconhecimento, a Bolsa de Ochberg do Dart Center recebeu esse nome. As estratégias apontam para a resistência que o estabelecimento de um lugar oferece ao gasto do tempo; as táticas apontam para uma hábil utilização do tempo, das ocasiões de um poder. Os métodos praticados pela arte da guerra cotidiana jamais se apresentam sob uma forma nítida, nem por isso – last but not least – menos certo que apostas feitas no lugar ou no tempo distinguem as maneiras estruturantes de sentir, pensar e agir.              
A síndrome de Estocolmo é uma relação psíquica desenvolvida por uma vítima de sequestro em relação a seus captores. Quanto maior o tempo do sequestro, maior o risco da síndrome. É uma relação social estabelecida quando a intimidade é criada em um lugar por um longo período. Essa intimidade pode ser estabelecida em ambas as direções, ou seja, a vítima e o sequestrador podem desenvolver a simpatia um pelo outro. A vítima, que está chocada e traumatizada no momento do sequestro, às vezes decide agradar seu agressor para salvar sua vida. Essa aproximação afetiva dará à vítima a impressão de se afastar do perigo. Um verdadeiro mecanismo inconsciente de autodefesa e de sobrevivência é colocado em ação. A síndrome de Estocolmo é mais facilmente estabelecida se os sequestradores justificam suas ações com discursos políticos ou ideológicos e não demonstrar sinais de ódio em relação a seus reféns. Na abordagem psicanalítica fundada e descrita por Sigmund Freud, o indivíduo se constitui como um ente à parte do social e que compõe o nível de análise social psicológico.
Freud refere-se aos aspectos que compõem um estado instintivo humano e que acaba por se tornar inibido em prol da convivência em comunidade. A inibição destes aspectos, que são instintivos, consiste numa privação de características que são inatas aos homens, e, esta própria comunicação da privação, acaba por consistir em determinados aspectos de descontentamentos. Neste sentido, os homens em civilização ou civilizados demonstram-se descontentes na busca de sua felicidade, pois seus instintos não são prontamente atendidos em determinada sociedade. No seu ensaio: “O Mal-estar da Civilização”, Freud elabora uma discussão filosófico-social a partir de sua teoria psicanalítica. O autor desenvolve a ideia pragmática segundo a qual, em sociedade, “não há avanço sem perdas”. A ideia central que desenvolve neste ensaio é a de que a civilização é inimiga da satisfação dos instintos humanos. A sociedade modifica a natureza individual, constitui o homem membro da comunidade, adaptando-o no processo vital que torna o indivíduo um ente social.          
Em 1923, no livro “O Ego e o Id”, Freud expôs uma divisão da mente humana em três partes: 1) o ego que se identifica à nossa consciência; 2) o superego, que seria a nossa consciência moral, os princípios sociais e as proibições que nos são inculcadas nos primeiros anos de vida e que nos acompanham de forma inconsciente a vida inteira; 3) o id, isto é, os impulsos múltiplos da libido, dirigidos sempre para o prazer. A influência que Freud exerceu em várias correntes da ciência, da arte, da sociologia e da filosofia foi enorme. Mas não se deve deixar de dizer que muitos filósofos, psicólogos e psiquiatras fazem sérias objeções ao modo como o pai da psicanálise e seus discípulos apresentam seus conceitos: como “realidades absolutas” e não como suportes ou “instrumentos” de explicação que podem ser ultrapassados pela dinâmica científica e, em alguns casos, foram mesmo. Em uma de suas últimas obras “O Mal-Estar na Civilização”, publicado em 1930, Freud descreve a história da humanidade como a “luta entre os instintos de vida” (Eros) e “os da morte” (Tanatos), teoria cujo pioneirismo deu ao fator sexual que era - até Freud - uma área de quase absoluta ignorância para a ciência em geral e a filosofia. A psicanálise é o que se faz através da conversação.
Em suas teorias, Freud afirma que os pensamentos são desenvolvidos por processos diferenciados, relacionando tal ideia à de que o nosso cérebro trabalha essencialmente no campo da semântica. A mente desenvolve os pensamentos num sistema intrincado de linguagem baseada em imagens, as quais são meras representações de significados latentes. Em diversas obras Freud não só desenvolve sua teoria sobre o inconsciente da mente humana, como articula o conteúdo do inconsciente ao ato da fala, especialmente aos atos falhos. Para Freud, a consciência humana subdivide-se em três níveis: consciente, pré-consciente e inconsciente. O primeiro nível de análise contém o material perceptível; o segundo nível, o material latente, mas passível de emergir à consciência com certa facilidade; e o terceiro nível contém o material de difícil acesso, isto é, o conteúdo mais profundo da mente, que está ligado aos instintos primitivos do homem. Os níveis de consciência estão distribuídos entre as três entidades que formam a estrutura psíquica em torno da mente humana, ou seja, o Id, o Ego e Superego. Semelhante à análise dos sonhos, a análise da fala representaria um caminho psicanalítico para investigar os desejos ocultos do homem e as causas das psicopatologias. – “É na palavra e pela palavra que o inconsciente encontra sua articulação essencial”. Deste modo, Freud cria uma inter-relação entre os campos da linguística e da psicanálise, que será retomada por estudiosos posteriores, como ocorre precisamente nos Séminaire de seu maior intérprete: Jacques-Marie Émile Lacan.
            No dia 23 de agosto de 1973, as atenções do mundo globalizado se voltaram à Suécia, acompanhando os desdobramentos de um aparente assalto a um banco em Estocolmo. O incidente ocorrido na Praça Norrmalmstorg, é uma praça central da cidade de Estocolmo, na Suécia. Está situada entre as ruas Hamngatan e Smålandsgatan, no bairro de Norrmalm. É uma área de intensa atividade comercial e de eventos de rua.  O acesso a Norrmalmstorg é feito pela estação de metro de Östermalmstorg e pela paragem de autocarro de Norrmalmstorg zona nobre da cidade, entrou para a história social e política em virtude dos laços afetivos que se formaram entre reféns e seus raptores. Esse tipo de fenômeno psicológico e de um realismo sociológico extraordinário é reconhecido na literatura clínica como Síndrome de Estocolmo. – “Confio plenamente nele, viajaria por todo o mundo com ele”, disse Kristin Enmark em referência ao homem que manteve ela e três colegas reféns durante 6 dias.  
Naquela manhã de agosto, as portas do Sveriges Kreditbanken, no centro da capital sueca, Estocolmo, quando tinham acabado de ser abertas e surpreendentemente  um homem entrou com uma maleta, sacou uma metralhadora e disparou para o teto. – “Fiquei com medo, claro”, diz Kristin Enmark em entrevista à BBC. - “Me joguei no chão. O ladrão veio em minha direção e fez sinais para que eu e uns colegas nos levantássemos. Acho que meu cérebro deixou de funcionar. Era um terror sem nome. Nem em meus piores pesadelos eu imaginara que algo assim poderia acontecer comigo”. O Assalto de Norrmalmstorg, um novo fato de ordem política e social ocorreu próximo à Praça Norrmalmstorg, localizada no centro da famosa área comercial de Estocolmo, capital da Suécia. Em 23 de agosto de 1973, três mulheres e um homem foram feitos reféns aparentemente em um assalto a um banco de Estocolmo, que durou 6 dias. Para a surpresa de todos, os reféns desenvolveram uma relação especial com os raptores, que depois é reconhecida como Síndrome de Estocolmo. Apesar do que se acredita a história de que duas delas acabaram se casando com eles não é verdadeira.  
            A sucursal do Le Crédit Lyonnais um dos maiores bancos da Europa. Engloba a rede de varejo na França que foi cindida do Crédit Lyonnais quando o Crédit Agricole o adquiriu em 2003. A marca LCL substituiu Crédit Lyonnais em 2005 LCL perto na Avenida da Ópera de Paris foi assaltada na noite de sábado para domingo. Os ladrões roubaram o conteúdo de quase 200 cofres privados, cujo valor ainda não é conhecido. Segundo um porta-voz do LCL, “o banco não tinha conhecimento dos montantes depositados pelos seus clientes”, porque o aluguel dos cofres é feito sob o princípio de confidencialidade. A investigação em curso pretende avaliar os prejuízos do assalto, que se supõe serem muito elevados. Christian Julien, um cliente bem conhecido que tinha usado um dos cofres que estavam dentro do banco, disse ao canal televisivo francês BFM, sigla da representação comercial Business FM, original da BFM Business com bens avaliados em torno de 15 mil euros. – “Não tinha muito dinheiro, mas sim joias de qualidade, que pertenciam à minha mulher, que as trouxe de África há muito tempo. Tinham um valor sentimental para nós”. Método semelhante ao “roubo do século”.
Para entrar na sala dos cofres, os especialistas em roubo furaram uma parede com 80 cm de espessura, deixando uma largura suficiente para deixar passar uma pessoa. A porta-voz do gabinete do procurador de Paris, Isabelle Montagne, considera esta “uma forma algo estranha de operar”. Antes de deixarem o edifício, os assaltantes – o guarda diz ter visto três homens, mas outras testemunhas dizem ter visto quatro ou cinco pessoas entrar numa carrinha junto ao banco – incendiou a cave, o que fez disparar os alarmes de incêndio. O sistema anti-incêndio inundou depois a sala dos cofres, tornando mais difícil encontrar vestígios. A polícia pericial só começou os trabalhos de investigação na segunda-feira. Quando sentiu o cheiro a fumo, o guarda já não ouvia os assaltantes. Conseguiu então libertar-se e chamou os bombeiros. Está bem e a receber apoio psicológico. A agência France Presse compara o “modus operandi” deste assalto ao “roubo do século” em França – o célebre assalto de Julho de 1976 feito também num fim-de-semana pelo antigo militar e fotógrafo Albert Spaggiari a uma agência do banco Société Générale, em Nice, na Côte d`Azur. O assalto de Spaggiari rendeu-lhe milhões de francos e uma aura de mito. Segundo o obituário escrito sobre si no New York Times, Spaggiari e os seus homens chegaram a tomar refeições dentro do cofre do Société Générale e escreveram, numa das paredes: - “Sem Armas, Sem Violência, Sem Ódio”. Albert Spaggiari foi denunciado, segundo relatos hic et nunc provavelmente por um comparsa do grupo e condenado “à revelia a prisão perpétua”. Contudo, acabou fugindo quando saltou da janela do gabinete de um juiz. A polícia perseguiu-o durante 12 anos, até à sua morte por cancro, aos 57 anos, em 1989.
Do ponto de vista etnográfico, naquela conjuntura Enmark tinha 23 anos. Foi escolhida como refém por um dos assaltantes. O nome dele era Jan Olsson. Estava fortemente armado e já havia ferido dois policiais que tinham respondido ao alarme. Olsson amarrou os reféns e começou a fazer exigências. Pediu uma grande quantia em dinheiro, um carro e que lhe trouxessem Clarck Olofsson, criminoso que cumpria pena em uma prisão na Suécia. Como estratégia para diminuir a tensão, a polícia tirou Olofsson da cadeia e permitiu que entrasse no banco. |Primeiro, mandou Olsson desamarrar as três mulheres. Logo depois, encontrou um jovem escondido e o levou para junto dos reféns. Em questão de horas, o status de Olofsson como líder foi confirmado pela polícia. O primeiro criminoso, Olsson, aterrorizava Enmark. Mas gradualmente, ela começou a ver no outro, Olofsson, um amigo. – Ele me acolheu sob seu mento protetor e me disse: - “Nada vai acontecer com você”. – “Em todo caso, foi bom, porque se Olofsson fosse fazer mal a alguém, não seria a mim. Não me sinto mal por isso, fiz o que pude fazer para sobreviver”. Quando indagada sobre a possibilidade de que Clarck Olofsson estivesse atraído sexualmente por ela, Enmark respondeu que ele nunca demonstrou nada dessa natureza. – “Nunca me tocou em lugares impróprios”.


                       
Para ela, “tratava-se apenas de duas pessoas se tranquilizando mutuamente. No segundo dia do assalto, a refém sentia tanto respeito por Olofsson que, quando ele deu a ela o telefone do então primeiro-ministro ministro da Suécia, Olof Palme, ela não hesitou em pedir ao premiê que deixasse os criminosos em liberdade. Os reféns ficaram presos durante seis dias no cofre do banco. A polícia fornecia comida e cerveja. Finalmente, no sexto dia, a polícia decidiu furar o teto do cofre e desarmar os sequestradores com gás lacrimogênio – apesar de Olsson ter ameaçado matar os reféns caso os policiais fizessem isso. No final, os criminosos se entregaram e ninguém ficou ferido. O primeiro ladrão, Jan-Erik Olsson, foi condenado a dez anos de prisão e Clarck Olofsson, seu cúmplice a seis anos. Em entrevistas subsequentes, Olsson disse que não conseguiu matar os reféns porque ficou muito próximo deles. Passados 40 anos, Kristin Enmark  se refere a Clarck Oloffson como seu amigo e os dois sempre se correspondem.
Pelo que sabemos Kristin Enmark nunca criticou seus atos. Os reféns foram examinados por  um grupo de psiquiatras e a resposta emocional que tiveram, em termos afetivos e clínicos de identificação com seus captores, passou a ser chamada conforme especialistas de “Síndrome de Estocolmo”. O termo foi cunhado originalmente pelo criminologista e psiquiatra Nils Bejerot. Kristin Enmark, por sua vez, escreveu um livro biográfico tendo como escopo a sua experiência. Nele, ela curiosamente argumenta que a síndrome de Estocolmo não existe! Enfim, a síndrome também reconhecida como “Vinculação Afetiva ao Terror ou Traumática”, não é, entretanto, reconhecida pelos dois manuais reconhecidos da psiquiatria – o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) e o International Classification of Deseases (ICD). Nunca é demais repetir, para lembramos de Marx, que na relação entre teoria e ação, que tais pensadores esquecem que as circunstâncias em que nos inserimos são transformadas precisamente pelos seres humanos e que o educador tem ele próprio de ser reeducado.   

O que aconteceria em seguida fez com que o mundo globalizado em rede tomasse conhecimento de uma nova síndrome, naquela conjuntura política desconhecida, revelada em meio a relatos insanos. A história agora é relembrada na série “Clark”, lançada pela plataforma de streaming Netflix. Com direção de Jonas Åkerlund, o criminoso é interpretado pelo talentoso Bill Skarsgård. Após entrar no banco, Olsson fez três pessoas reféns e pediu à polícia três milhões de coroas suecas, um carro e possibilidade de sair do país. Além disso, exigiu que Clark Olofsson, um dos mais famosos criminosos da Suécia, que havia conhecido enquanto estava na prisão, fosse levado para o banco. A polícia concordou em levá-lo ao local e cumprindo assim o fez. Após a chegada de Olofsson, uma quarta pessoa que trabalhava no estabelecimento foi descoberta e feito refém. Os funcionários permaneceram no local por seis dias. Um verdadeiro horror.

No entanto, o que mais chamou a atenção de todos que souberam do crime após o ocorrido foi que, bandidos e reféns estabeleceram laços afetivos e passaram os dias jogando baralho. Isso mesmo. Kristin Enmark, que tinha 23 anos na época, era a porta-voz dos reféns e conversava com o primeiro-ministro Olof Palme por telefone. No entanto, Enmark defendia “Janne”, chegando até mesmo a afirmar que confiava plenamente nele a ponto de viajar ao redor do mundo com os criminosos. Entretanto, a situação ficaria ainda mais insólita. No terceiro dia do sequestro, os policiais conseguiram fazer um buraco no andar de cima do banco, de modo que os criminosos ameaçaram amarrar os reféns. Mais um ponto negativo para as autoridades. Durante a operação, um policial foi baleado na mão e no rosto. Um fracasso. - “Nunca achei que Janne fosse atirar. Mas claro que tinha medo de morrer. Não sabíamos o que a polícia pensava em fazer”, disse Birgitta Lundblad em documentário produzido por uma rede de TV pública do país.

No sexto e último dia de sequestro, os policiais lançaram gás lacrimogêneo no local, de modo que os assaltantes se renderam. Os reféns, no entanto, inacreditavelmente se recusaram a deixar o local antes de Olsson e Olofsson. Na época, explicaram que tinham medo de que eles fossem punidos. Contudo, não foi a parte mais bizarra de todo o episódio. Os reféns se despediram de seus sequestradores com calorosos abraços. Assim, o caso foi considerado um transtorno psicológico que se desenvolve quando a vítima tenta conquistar a simpatia do sequestrador ou se identificar com ele. Esse transtorno ficou conhecido como “Síndrome de Estocolmo”, nome dado pelo criminologista Nils Berejot, o qual colaborou com a polícia durante o sequestro. Olsson foi condenado a 10 anos de prisão. Porém, por ter alegado ter sido mais um refém, foi absolvido em segunda instância. Dois dos reféns continuaram a trabalhar no banco, enquanto outro estudou psicoterapia e a quarta vítima nunca mais foi vista publicamente.

Bibliografia geral consultada.

LUHMANN, Niklas, “L’Opinione Pubblica”. In: Stato di Diritto e Sistema Sociale. Napoli: Guida Editori, 1978; DURAND, Gilbert, As Estruturas Antropológicas doi Imaginário: Introdução à Arquetipologia Geral. São Paulo: Martins Fontes, 1997; FRANKEL, Jay, “Exploring Ferenczi `s Concept of Identification with the Aggressor: It`s Role”. In: Trauma, Everyday Life, and the Therapeutic Relationship. Psychoanalytic Dialogues, 12 (1), 2002; pp. 101-139; PEDROSSIAN, Dulce Regina dos Santos, A Ideologia da Racionalidade Tecnológica, o Narcisismo e a Melancolia: Marcas do Sofrimento. Tese de Doutorado em Psicologia Social. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2005; RODRIGUES, Cláudia Vanessa Leão da Cunha Lopes, Ensaio sobre o Mecanismo de Defesa Identificação com o Agressor. Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica. Lisboa: Instituto Superior de Psicologia Aplicada, 2006; BERTRAND, Michele, “L´Identification à l´Agresseur”. In: Revue Française de Psychanalyse. Tome LXXIII, (1), 11-20; 2009; SCHMITT, Lara Stresser, Sequestro de Meninas e Síndrome de Estocolmo: Cativeiro, Trauma e Tradução. Dissertação de Mestrado. Departamento de Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Estadual de Maringá, 2013; OLOFSSON, Clarck, “40 Years Ago, this is how Stockholm Syndrome was born”. Disponível em: http://www.thejournal.ie/24.08.2013; SOUZA, Felipe Luís Melo de, O Livro Vermelho de Jung: As Polaridades da Psique e as Concepções de Deus. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Instituto de Ciências Humanas. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2015; FURQUIM, Fernanda, “CBS Desenvolve Projeto de Minissérie sobre o Sequestro de Patty Hearst”. Disponível em: https://veja.abril.com.br/08.02.2017; FREUD, Sigmund, A Interpretaçao dos Sonhos. Porto Alegre: L & PM Editores, 2017; MAGALHÃES, Juan Filipe Loureiro, Terror nas Entrelinhas: O Conceito de Terrorismo como um Discurso de Poder Político e suas Apropriações Ideológicas. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História Comparada. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2017; TOOBIN, Jeffrey, American Heiress: The Kidnapping, Crimes and Trial of Patty Hearst. London: Profile Books, 2017; ABREU, Pedro Aguiar Lopes de, Agências de Notícias do Sul Global: Jornalismo, Estado e Circulação da Informação nas Periferias. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2018, entre outros.