Giuliane de Alencar
“A
desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do
mundo das coisas”. Marx
O
presente ensaio tem como objetivo oferecer algumas contribuições do ponto de
vista analítico sobre as formações sociais avançadas do capitalismo em sua fase
contemporânea. A abordagem escolhida alcança o debate aprofundado por Luiz
Filgueiras em seu artigo “Padrão de Reprodução do Capital e Capitalismo
Dependente no Brasil atual” (2018) no sentido de interpretar a maneira como as
formas de reprodução do capital, sob a dominância do capital financeiro,
condicionam, inviabilizam ou liquidam as alternativas de avanço dos países
subdesenvolvidos.
Tomando-se
em consideração o caso do Brasil, o processo de mundialização do capital
conferiu determinações próprias quanto ao estudo de sua influência sobre as
relações internacionais. Porém, as determinações no plano dos fatores
político-ideológicos e das relações de classe exercem um nível idêntico ou
superior de preocupação em termos de interpretação conjuntural da realidade
brasileira atual. À medida que o capitalismo se insere mais profundamente em
cada formação mundial, as transformações desencadeadas no âmago de cada país atendem
a uma multipolaridade econômica e política que entra em confronto com os
limites dos seus desenvolvimentos histórico-sociais específicos.
Pensar
a relação social de periferia capitalista, especialmente da América Latina,
significa presumir que a viabilidade de qualquer projeto, mesmo que sejam
pensados internamente, depende em grande parte dos condicionamentos da situação
internacional. É neste sentido das implicações internacionais que a escalada de
tensão da crise ucraniana com o aumento das chances de ocorrer uma invasão
russa, por exemplo, afeta diretamente as nossas vidas no território brasileiro.
A previsão de um conflito bélico no leste europeu provavelmente vai trazer
desequilíbrios não apenas à nível diplomático, mas também com fortes impactos sociais
na nossa economia e agricultura. A Rússia, como grande produtora de petróleo,
pode elevar o preço do combustível que, por sua vez, impacta no aumento da
inflação excedendo a casa dos 10% já sentidos na economia doméstica.
Vale
lembrar que os russos detêm a segunda maior produtora de fertilizantes do
mundo, onde o Brasil se insere na qualidade de consumidor final. A queda na
oferta gerada pelos efeitos de um evento de uma guerra atingirá diretamente um
dos maiores motores de desenvolvimento do nosso país, que é a agricultura
monopolizada pelo agronegócio. Quero dizer com esse exemplo que uma maior
internacionalização dos processos econômicos, políticos e culturais só têm
contribuído para tornar mais complexas e profundas as influências dos assuntos internacionais
no padrão doméstico de produção e de desenvolvimento. Não é de se surpreender
que quase desapareceu ou se tornou imprecisa a possibilidade de estipular onde
inicia e onde termina a influência externa nas questões de trato nacional.
Karl
Marx observou em sua análise de conjuntura a respeito desse tema que embora as
relações econômicas atuassem como verdadeiras máquinas de guerra que
transformam as economias consideradas “menos rentáveis”, incorporando-as a um
mercado mundializado, esta força não se limitaria apenas nisso. Ela iria
gradualmente se transformando até o limiar dessas sociedades, de tal forma que
a interdependência universal entre os estados-nações logo abrangeria a
totalidade dos campos da atividade humana. Em substituição à autossuficiência
do que ele chamou de “velho isolamento local e nacional”, nada ficaria de fora.
Essa “interdependência universal das nações” ocasionaria seus efeitos sobre a
sociedade burguesa dominante.
Será
a partir da interpretação da classe dominante que conseguiremos entender a
formação e as divisões que ocorrem nas principais áreas de influência, os seus
principais atores sociais e as rupturas ou acordos que ocorrem dentro desses
processos de desenvolvimento desigual, intimamente ligados às lutas de classe que
são travadas no interior de cada formação periférica. Os desafios que surgem
dos desdobramentos do capitalismo e a inauguração das novas formas de estar no
mundo, configuram para François Chesnais um espaço privilegiado para o estudo
da financeirização do capital.
Em
“A mundialização do capital” ele defende acertadamente que o investimento
estrangeiro na economia mundial não significa algo novo, pois a instituição das
relações políticas e ideológicas internacionais acompanham pari passu os
mecanismos que asseguram a consolidação e a reprodução do capital. O
capitalismo concorrencial, que Chesnais vai tratar como oligopólio mundial,
elabora de forma protecionista a base ideológica da liberdade de mercado. O que
isso nos revela? Penso que o fenômeno que faz surgir a categoria social de
subdesenvolvimento mantido nos países de capitalismo periférico pode ser
entendido e tem o agravamento da sua condição no âmbito da economia mundial
capitalista.
Em
resumo, entender a análise da estrutura econômica mundial implica
necessariamente um conhecimento de economia política do subdesenvolvimento, ou
seja, as relações nacionais de produção nas formações periféricas dominadas e
exploradas. Quando Chesnais nos orienta que na concorrência mundial o caráter
oligopolista se relaciona com a mútua dependência de mercado, significa que
economias capitalistas dominantes satisfazem a repartição internacional da
mais-valia enquanto produtos de domínio de algumas formações sociais sobre
outras. Isto se institui como se fosse lei, ocultando no plano prático a
dominância e a desigualdade cumulativa.
Em
outras palavras, os setores produtivos e financeiros fundem-se em um vasto
número de operações marcantes para compreendermos o modelo contemporâneo de
exploração capitalista. A financeirização relaciona-se com a natureza
contraditória do capitalismo e a leitura marxista de Chesnais avança
significativamente nos desmembramentos do conceito de capital financeiro
esboçado por Rudolf Hilferding , em 1910 na sua inovadora teoria econômica. Enquanto
fenômeno, a financeirização estudada por Chesnais guarda um grande potencial
reflexivo, tendo em vista que ele abriu o debate para os campos da história, da
política e da sociologia.
Essa
forma irradiada de reflexões foi examinada nos nossos debates em sala,
contemplando desde o conceito de “regime de acumulação com dominância
financeira” presente na obra de François Chesnais, avançando para outros
autores no tocante a relação capital versus trabalho, passando pela lógica de
funcionamento do capital portador de juros, do papel do Estado regulamentador e
tantas outras facetas próprias desse jogo econômico-ideológico de mercado. O
problema reside no fato de que os argumentos que justificam as ações complexas
da economia, ao mesmo tempo, tornam todas as desigualdades (ainda que extremas)
sem nenhuma preocupação.
Quando
Leda Paulani (2009, p. 27) compreende, a partir da leitura de Chesnais, como
inédito “(...) o protagonismo que a propriedade e o rentismo assumiram, bem
como o alojamento dessa posição de exterioridade à produção no seio da própria
produção”, ela faz supor que as contradições originadas na centralidade da
finança comportam “(...) de um lado, a acumulação lenta e, de outro, a finança
insaciável no nível de suas punções”. De forma geral, a valorização financeira
entendida quantitativamente acima da valorização produtiva nos permite observar
dois pontos de significativa importância: 1) a aparente necessidade das
sociedades burguesas de dar um sentido fantasioso para as desigualdades
socioeconômicas e 2) empregar a justificativa da sorte em detrimento do mais
nítido roubo.
Digo
isso porque caracteristicamente o capital financeiro tem rendimentos
imprevisíveis, podendo gerar diversos ganhos ou perdas com grandes facilidades.
Essa probabilidade se torna aceitável dentro de uma hierarquia moral que
justifica e, ao mesmo tempo, potencializa as fortunas como um ganho justo.
Sendo assim, as arbitrariedades do enriquecimento patrimonial se situam muito
adiante das questões relativas à herança, pois a acumulação de riquezas se
multiplica e se perpetua sem limites e para além do cumprimento mínimo de uma
utilidade social. É o exemplo dos rentistas. Medidas como a regulamentação de
um imposto progressivo sobre as chamadas “grandes fortunas” não têm força para
entrar nas pautas de discussão legislativa e soam muitas vezes como perigosas e
atentatórias aos princípios do livre mercado.
A
acuidade da iniciativa capitalista entre os grandes atores corporativistas, por
exemplo, considera como prioritárias as atividades com maior lucro e nesta
medida se insere a negligência ou o menosprezo daquilo que não pode ser medido
segundo os critérios da rentabilidade e do alto nível de rendimento. As
atividades não-lucrativas contrastam com a procura do lucro máximo muito comum
nesse segmento de mercado, trazendo desvantagens para os consumidores. Mas isso
não para por aí. Tudo o que pertence ao domínio coletivo e que se efetiva
através de serviços públicos, sem a preocupação de lucro e com reivindicações
de difíceis apropriações de mercado, ganha forma política.
A
satisfação mínima dessas necessidades coletivas, entretanto, fere de morte as
leis inflexíveis e imutáveis que regem o espírito predatório do sistema
capitalista. Isso significa o motivo de o preço da satisfação mínima das
demandas coletivas por saúde, educação, moradia, renda, vias de transporte,
alimentação, etc., não estarem nas escolhas das transações capitalistas. Existe
a separação entre o cálculo do que os investidores consideram custo da produção
direta e custo social, que passa quase despercebido quanto da percepção dos
frutos de seus investimentos. A conta da cobertura das necessidades coletivas
não fecha dentro de uma provisão de superfaturamento e de superexploração
geradas pelos investidores capitalistas, tendendo a serem negligenciadas ou
subordinadas a prioridades mais lucrativas e, portanto, desiguais.
Durante
décadas a teoria marxista da dependência traçou vias analíticas para o estudo
aprofundado desses fatores condicionantes. No Brasil, entre outros expoentes
que deixaram suas contribuições, está o sociólogo Florestan Fernandes que em
seu livro “Capitalismo Dependente” vai pôr de ponta cabeça a apropriação
conceitual da dependência do ponto de vista teórico e prático, fazendo críticas
aos autores que também trataram do assunto, colocando não apenas os países demarcados
na periferia econômica do mundo como dependentes, mas também o próprio sistema
capitalista que deles precisa. A própria racionalidade do capitalismo faz valer
uma ética pelo avesso.
No
sentido de interpretar como esse sistema se adequa às mudanças se tornando
atual, Florestan (1973, p. 55) adianta que “Por isso, o capitalismo dependente
está sempre se transformando, seguindo as evoluções das sociedades centrais
hegemônicas, sem, no entanto, conseguir mudar o padrão de transformação,
passando da articulação dependente para o desenvolvimento relativamente
autônomo”. Ainda hoje isso se apresenta como paradoxal, pois está entranhado na
própria dinâmica de funcionamento do modo de organização e de produção
capitalista. Por mais que as ditas “razões do negócio” tenham a última palavra,
o ritmo histórico-social de absorção nas sociedades ocidentais modernas (ainda
que subdesenvolvidas) repousam em fatores não-econômicos.
Essa
contradição presente na junção do dinamismo externo e interno gera uma
realidade econômica que só se permite mudar na condição de reproduzir-se por
meio das novas condições ou das novas combinações. É por esta razão que o
padrão de acumulação do capital no viés dependente promove, simultaneamente,
“(...) a intensificação da dependência e a redefinição constante das
manifestações do subdesenvolvimento” (FLORESTAN, p. 57). Enquanto produz
ilusões no mercado interno, eles investem pesadamente na expansão extrema das
economias hegemônicas. É assim que o capitalismo continua preenchendo cada vez
mais as funções que lhe cabem, tornando-se ajustado e ajustável às mudanças da
contemporaneidade.
Enquanto
isso, a sociedade local em vez de erguer-se para a garantia de um equilíbrio
econômico que gere riquezas internas é praticamente destruída pela apropriação
desigual dos fatores que desequilibram as estruturas já desvalorizadas pelo
grande capital. Apenas para citar alguns exemplos: a agricultura primária
(familiar), a apropriação do solo e das reservas naturais são arruinadas pelo
agronegócio; as atividades e serviços em vez de se diversificarem diante das
necessidades locais, são atingidas por uma especialização que não atende a
maioria gerando empobrecimento nas regiões; a mão-de-obra precarizada se dedica
cada vez mais aos trabalhos divididos em frações, sem perspectiva de
estabilidade no emprego, etc.
Surge
então a dinâmica da crise instaurada que foi alvo de debate nos anos setenta,
considerando que não está n horizonte do sistema mundial do imperialismo
conciliar relações mais justas dentro da divisão internacional do trabalho com
o enriquecimento hierarquizado dos grupos hegemônicos do grande capital. A base
da sua existência é a exploração desenfreada e para eles não há formas para
pensarmos um mundo diferente. Indo na esteira de interpretação desse
capitalismo dependente, Luiz Filgueiras vai nos ajudar a fazer uma passagem no
plano de análise que se distancia de um nível mais elevado de abstração contido
no Padrão de Reprodução do Capital (PRC).
Ele
vai propor, de forma complementar e respeitando um nível menor de abstração, o
debate em torno do conceito de Padrão de Desenvolvimento Capitalista (PDC), de
forma a perceber as singularidades da realidade social e das formações
econômico-sociais concretas. Isso indica que a realidade tem um movimento
concreto que entra em contradição e inclui outros elementos ainda mais
complexos que limitam a abstração ampla das condições de seu próprio movimento.
Pensando nisso, Filgueiras vai conceituar o PDC de forma transdisciplinar e
condizente com um fenômeno histórico-estrutural de longo prazo.
De forma concisa, um Padrão de Desenvolvimento Capitalista é definido por um conjunto de atributos - econômico-sociais e políticos - que estrutura, organiza e delimita a dinâmica do processo de acumulação de capital, e as relações econômico-sociais a ele subjacentes, existentes em determinado Estado (espaço) nacional durante certo período histórico. (2018, p. 525).
No nível de interpretação e de
superação dos problemas referentes ao caso brasileiro, Filgueiras divide o
debate em: separação entre economia e política e a hierarquia entre as
dimensões estruturais e conjunturais. A superação desses problemas corresponde
ao próprio viés transdisciplinar do conceito de PDC que o autor expressa na
noção de bloco político no poder, já que estrutura e conjuntura se complementam
e mobilizam forças tanto econômicas quanto políticas. A partir das discussões
em torno da manutenção da forma de dependência associada ao PDC, ele vai
desenvolver o conceito de Padrão Liberal Periférico (PLP) consubstanciado pela
mundialização do capital e as configurações do neoliberalismo no país,
expressas desde 1990.
Entre as características do PLP, sem
querer me alongar nos pontos muito bem descritos no artigo de Filgueiras,
destaco sobretudo o papel e a importância do Estado diante do processo de
abertura financeira do mercado e das privatizações. Essa ideia banalizada de
que a privatização traria prosperidade e que o Estado brasileiro não consegue
gerir a administração das empresas públicas, resultou na sua fragilidade
financeira e de seu poder regulamentador dentro da economia. Nas palavras de
Filgueiras (2018, pp. 529-530):
Em sumo, o padrão é liberal porque foi constituído a partir da abertura comercial e financeira, das privatizações e da desregulamentação da economia, com a clara hegemonia do capital financeiro - frente às demais frações do capital. E é periférico porque o neoliberalismo assume características específicas nos países capitalistas dependentes, as quais o tornam mais regressivo ainda quando comparado à sua agenda e à forma como é operacionalizado nos países capitalistas centrais.
Abro aqui um parêntese para concordar com Harry Braverman sobre o papel do Estado nessas relações, cujo poder é empregado no sentido de estimular o desenvolvimento do capitalismo. Esse fato político não traduz novidade alguma, pois desde a sua origem é assim que sempre foi desempenhado o papel dos governos capitalistas. Contudo, faz-se necessário dizer que “No sentido mais elementar, o Estado é o penhor das condições, das relações sociais, do capitalismo, e o protetor da distribuição cada vez mais desigual da propriedade que esse sistema enseja” (1977, p. 242).
Seu
poder tem sido utilizado pelos governos para locupletar a classe capitalista,
no campo e na cidade, sendo ele o responsável por estabelecer impostos, regular
o comércio nacional e internacional, as terras públicas, os encargos da dívida
pública, os fundos de pensões, as forças armadas, etc. Em outros termos, o
Estado tem sido utilizado como um canal que tem a função de transferir a
riqueza da nação para as mãos de grupos especiais, tanto por meio de
instrumentos lícitos quanto ilícitos. Voltando para o texto de Luiz Filgueiras,
podemos perceber que o programa neoliberal instituído como política de estado
no Brasil, atualiza e até mesmo piora a dependência externa do ponto de vista
financeiro e tecnológico.
Isso
acarreta um grande desequilíbrio no plano da divisão internacional do trabalho,
por garantir uma concentração de renda excessiva em contrapartida do aumento
alarmante das desigualdades sociais, da quebra e destituição de direitos
trabalhistas e da tomada da esfera pública pelo interesse privado. Devo
destacar também que a ocultação de parte substancial dos ativos financeiros
mundiais nos “paraísos fiscais” representa um grande limitador da nossa
possibilidade de analisar a geografia global da má distribuição das riquezas.
Daí a importância do aperfeiçoamento de um Estado fiscal e social, associado às
especificidades dos abismos e da dívida sócio-histórica do nosso país.
Filgueiras
(2018, p. 533) e os demais autores estudados nos provocam em suas análises no
sentido de prosseguirmos nas posições teórico-críticas aqui desenvolvidas, seguros de que se esgotaram os argumentos da construção
política de um projeto nacional de caráter capitalista. A burguesia não se
conforma com a incorporação dos interesses do conjunto da sociedade brasileira,
decidindo seguir com as suas estratégias tacanhas de poder em detrimento das
emergências sociais que se impõem a todo instante. Faz-se urgente e necessário
a quebra desse ethos que autoriza a dependência e a superexploração do
trabalho.
Bibliografia consultada:
BRAVERMAN, Harry. Trabalho
e Capital Monopolista: a degradação do trabalho no século XX. Tradução de
Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1977.
CHESNAIS,
François. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996.
____________.
(Org.). A finança mundializada: raízes sociais e políticas,
configuração, consequências. São Paulo: Boitempo, 2005.
FERNANDES,
Florestan. Capitalismo Dependente e classes sociais na América Latina.
Rio de Janeiro: Zahar editores, 1973.
FILGUEIRAS, Luiz.
Padrão de Reprodução do Capital e Capitalismo Dependente no Brasil atual. Caderno
CRH, Salvador, v. 31, n. 84, p. 519-534. Set./Dez. 2018. Acesso em
16/02/2022: https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/26133/17973.
HILFERDING,
Rudolf. O Capital Financeiro. Introdução de Tom Bottomore. São Paulo:
Nova Cultural. Coleção Os Economistas, 1985.
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