“Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é vida organizada”. Immanuel Kant
O relógio é utilizado como medidor do tempo desde a Antiguidade, em variados formatos que o distinguem das mais antigas invenções com utilidade social humanas. Relojoaria é tanto o termo que designa o seu fabricante, como a loja onde são vendidos. Entre os primeiros relógios, ou horológios em português mais antigo, que se tem conhecimento estão os relógios de sol. Relógios simples de água ou areia são conhecidos por ter existido na Babilônia e no Egito em torno do século XVI a. C. A história etnográfica registra que apareceu na Judeia, mais ou menos em 600 a. C., com os relógios de água (clepsidras) e os relógios de areia (ampulhetas). Em 725 d. C., Yi Xing, um monge budista chinês desenvolveu um relógio mecânico que tinha um complexo sistema de engrenagens e 60 baldes de água que correspondiam aos 60 segundos que fazia uma revolução completa em 24 horas. Em 797 (ou 801), o califa de Bagdá, Harune Arraxide, presenteou Carlos Magno (742-814), com um elefante asiático chamado Abul Abbas e um relógio mecânico de onde saía um cavaleiro que anunciava as horas. Magno foi rei dos francos a partir de 768, rei dos lombardos a partir de 774 e imperador dos romanos a partir do ano 800. Durante o início da Idade Média, Carlos Magno uniu a maior parte da Europa ocidental e central. Ele foi o primeiro imperador reconhecido a governar da Europa ocidental desde a queda do Império Romano do Ocidente cerca de três séculos antes.
Isso
indica que os primeiros relógios mecânicos provavelmente foram inventados pelos
asiáticos. Contudo, embora exista controvérsia sobre a construção do primeiro
relógio mecânico, o papa Silvestre II é considerado no mundo ocidental o
primeiro inventor. Os primeiros relógios mecânicos, muito rudimentares,
surgiram por volta de 1200 no norte da Europa, na região onde se constituiu a
atual Alemanha. Outros grandes construtores e aperfeiçoadores de relógios foram
Ricardo de Walinfard (1344), Santiago de Dondis (1344), seu filho João de
Dondis que ficou reconhecido como Horologius, e Henrique de Vick (1370).
Por volta de 1500, Peter Henlein, na cidade de Nuremberg, fabricou o primeiro
relógio com utilidade de uso social de bolso. Até que, em 1595, Galileu Galilei
descobre o isocronismo. Com os relógios mecânicos surge uma grande variedade de
técnicas de registro da passagem do tempo. Os relógios podem ser classificados através de pêndulo, de quartzo ou cronômetros.
Os
primeiros relógios utilizados foram os relógios de bolso. Eram muito raros e
tidos como verdadeiras “joias”, pois poucos tinham um. Os relógios de bolso
eram símbolo da alta aristocracia. A divisão do dia em horas só aconteceu
quando o astrofísico Galileu Galilei definiu as regras do movimento pendular e
sua impressionante regularidade. Diz-se que o isocronismo do pêndulo foi
descoberto por Galileu quando, numa missa, observou a oscilação de um
candelabro suspenso do teto da igreja, tendo medido o período através da
contagem dos seus batimentos cardíacos. Seja como for, Galileu viria a usar o
pêndulo nas suas experiências com o plano inclinado. Isso foi por volta de 1600
e somente uns 100 anos depois é que surgiriam os ponteiros indicadores de
minutos. Por essa ocasião, os relógios já eram olhados como “joias” e
caracterizavam-se pela beleza e riqueza. Os famosos relógios suíços tiveram
origem em Genebra, por volta do século XVI e um nome é registrado como o
iniciador de tudo: Daniel Jeanrichard (1665-1741), é um relojoeiro de Neuchâtel
considerado o fundador da indústria relojoeira no Jura. Se sua existência
histórica está fora de dúvida, por outro lado, a questão de sua importância e
de seu papel social exato permanece sem solução. Figura guardiã relojoeira de Neuchâtel, Daniel Jeanrichard foi rapidamente mitificado.
A
indústria relojoeira evoluiu rapidamente e tornou-se um marco naquele país,
tanto pelo designer como pela tecnologia de precisão. Com o advento dos
relógios de quartzo, os suíços perderam a hegemonia mundial e nunca mais a
recuperaram. Os relógios de quartzo são muito mais baratos e precisos do
que os relógios mecânicos. O relógio de pulso tem uma história bastante
interessante que envolve Santos Dumont vivia sujando a roupa ao tirar o relógio
do bolso, com as mãos manchadas de óleo enquanto trabalhava nos seus modelos de
aviões. Para evitar esse contratempo, pediu a seu amigo Cartier que fabricasse
um relógio que pudesse ser acomodado no pulso, e esse foi o primeiro relógio de
pulso fabricado na França e chegou a ser chamado de Santos Watch. O relógio de
pulso já era conhecido, mas raramente usado: o exército inglês havia
encomendado 1500 relógios a um fabricante suíço para colocar no pulso de militares,
considerando que seriam mais úteis assim, durante a batalha. Mas foi depois do
episódio com Santos Dumont que Cartier passou a fabricar relógios em série de pulso,
criou fama como fabricante e difusor de sua utilidade por todo o mundo
ocidental.
Alberto Santos Dumont projetou, construiu e voou os primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina. Esse mérito lhe é garantido internacionalmente pela conquista do Prêmio Deutsch em 1901, quando em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu dirigível nº 6, transformando-se em uma das pessoas mais famosas do mundo durante o século XX. Com a vitória no Prêmio Deutsch, prêmio ou prova para ver quem realmente tinha condições de fazer um balão dirigível sair de Saint-Cloud dar a volta na Torre Eiffel e retornar a Saint-Cloud em um tempo igual ou inferior 30 minutos e teve como prêmio o valor de 100.000 francos, criado em 24 de março de 1900 pelo milionário francês Henri Deutsch de la Meurthe, destinado a quem criasse a primeira aeronave dirigível prática. Foi o primeiro a cumprir um circuito testemunhado por especialistas. Foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina. Em 23 de outubro de 1906 voou cerca de 60 metros a uma altura de dois a três metros com o “Oiseau de Proie”, no Campo de Bagatelle, em Paris.
Menos de um mês, em 12 de novembro, diante de uma multidão de testemunhas, percorreu 220 metros a uma altura de 6 metros com o “Oiseau de Proie III”. Esses voos foram os primeiros homologados pelo Aeroclube da França de um aparelho mais pesado que o ar. Apesar de os brasileiros considerarem Santos Dumont como o responsável pelo primeiro voo num avião, na maior parte do mundo o crédito à invenção do avião é dado aos irmãos Wright. Uma exceção é a França, onde o crédito é dado a Clément Ader que efetuou o primeiro voo de um mais pesado que o ar propulsionado a motor e levantando voo pelos seus próprios meios em 9 de outubro de 1890. A FAI - Fédération Aéronautique Internationale é um órgão internacional criado em 1905 que governa e regulariza os esportes aéreos no mundo. no entanto, considera que foram os irmãos Wright os primeiros a realizar um voo controlado, motorizado, num aparelho mais pesado do que o ar, por uma decolagem e subsequente voo ocorridos em 17 de dezembro de 1903 no Flyer, já que os voos de Clément Ader foram realizados em segredo militar, se vindos apenas, a saber, da sua existência muitos anos depois. Por outro lado, o 14-Bis de Dumont teve uma decolagem autopropulsada, tendo sido a primeira atividade esportiva da aviação a ser homologada pela FAI.
Abraj
Al Bait é o complexo arranha-céu construído na cidade de
Meca, na Arábia Saudita. A torre do complexo é a mais alta da Arábia Saudita e
uma das mais altas do mundo, com 601 metros de altura. Todas as sete torres do
complexo estão agrupadas em um único edifício, e a sua área de construção é uma
das maiores do mundo, com exatos 1 500 000 m². Foi inaugurado em 2012. As
torres também são reconhecidas como Mecca Royal Hotel Clock Tower. O edifício
detém vários recordes no âmbito da construção civil: o mais alto hotel do
mundo, a mais alta torre de relógio do mundo, e o maior mostrador de relógio do
mundo, a maior área coberta de um edifício, e o terceiro mais alto do mundo,
ultrapassado pelo Burj Khalifa, no Dubai e pelo Shanghai Tower, em Xangai. Fica a metros da maior mesquita do mundo e local sagrado do
Islão, a Grande Mesquita de Meca. O promotor e empreiteiro da obra é o
Saudi Binladin Group, a maior empresa de engenharia de construção civil da Arábia Saudita.
O hotel é encimado por um relógio de quatro faces, considerado pela Arábia Saudita como o maior relógio do mundo. O relógio é muito maior que o do Big Ben em Londres, que já deteve o título de maior relógio de quatro faces do mundo, assim como o do atual detentor do título, o da Allen-Bradley Clock Tower em Milwaukee, Estados Unidos da América. Os mostradores do relógio saudita têm mais que o quíntuplo da área. Cada uma das faces do relógio tem 46 metros de diâmetro e será iluminada por dois milhões de lâmpadas de “diodo emissor de luz” (LED), junto uma grande inscrição em árabe: الله أكبر (“Deus é grande”), o takbir. Outras 21 000 lâmpadas verdes e brancas, postas no topo do relógio, serão visíveis a uma distância de 30 quilômetros. O brasão de armas saudita aparece no centro de cada face, por trás dos mostradores. Os mostradores também são maiores que o do atual detentor do recorde, no Cevahir Mall em Istambul, com uma face de 36 metros no topo transparente do complexo desse centro comercial. Um teste de três meses no relógio começou em 11 de agosto de 2010, o primeiro dia do mês do Ramadã de 1431 AH. Engenheiros alemães e suíços projetaram o relógio e de acordo com o Ministério de Doações Religiosas, o projeto do relógio custará em torno de 800 milhões de dólares. O relógio conformará o Horário da Arábia (UTC+3).
Em análise comparada o Big Ben é o nome de um grande
sino instalado na torre noroeste do Palácio de Westminster, sede do Parlamento
Britânico, localizado em Londres, no Reino Unido. O nome oficial da torre em
que o Big Ben está localizado era originalmente Clock Tower, mas
ela foi renomeada como Elizabeth Tower em 2012 para marcar o Jubileu
de Diamante da Rainha Elizabeth II. A torre foi inaugurada durante a gestão
de Sir Benjamin Hall, ministro de Estado da Inglaterra, em 1859. A torre foi
construída em estilo neogótico e tem 96 metros de altura, tendo sido concluída
em 1858 e iniciado suas atividades em 7 de setembro de 1859. A Torre do Big Ben
é um ícone cultural britânico, um dos símbolos mais proeminentes na história
social do Reino Unido e frequentemente em cenas de filmes, séries de televisão,
programas ou documentários ambientados em Londres. Em 15 de fevereiro de 1952
tocou 56 vezes, todos os minutos durante o funeral do rei Jorge VI, falecido
com 56 anos de idade. Em 27 de julho de 2012 tocou durante 3 minutos de forma
programada das 8 horas e 12 minutos às 8horas e 15 minutos para anunciar a Abertura
dos Jogos Olímpicos de Verão de 2012. Foi a primeira vez que o sino
tocou fora de sua programação normal desde o funeral do Rei Jorge VI, em 1952. A
torre abriga o maior relógio composto de quatro lados do mundo e é considerada a décima quarta torre
de relógio mais alta do mundo contemporâneo.
O funcionamento do relógio é famoso
por sua confiabilidade. Os designers foram o advogado e horologista
amador Edmund Beckett Denison e George Airy, o Astrônomo Real. A construção foi
confiada ao relojoeiro Edward John Dent; após sua morte em 1853, seu
enteado Frederick Dent concluiu o trabalho, em 1854. Como a torre não estava
completa até 1859, Denison teve tempo para experimentar: em vez de usar o
escapamento deadbeat e remontoire como originalmente projetado,
Denison inventou o escapamento gravitacional duplo de três pernas que fornece a
melhor separação entre o pêndulo e o mecanismo do relógio. O pêndulo é
instalado dentro da caixa à prova de vento fechada sob a sala do relógio.
Tem 13 pés (4,0 m) de comprimento, pesa 660 libras (300 kg), é suspenso em tira de aço para molas de 1⁄64 polegadas (0,40 mm) de espessura e bate a cada 2
segundos. O mecanismo de relógio em sala abaixo pesa cinco toneladas.
No
topo do pêndulo está uma pequena pilha de moedas antigas; estes são para
ajustar a hora do relógio. Adicionar uma moeda tem o efeito de levantar
minuciosamente a posição do centro de massa do pêndulo, reduzindo o comprimento
efetivo da haste do pêndulo e, portanto, aumentando a taxa de oscilação do
pêndulo. Adicionar ou remover um centavo mudará a velocidade do relógio em 0,4
segundos por dia. O relógio tem corda manual, levando cerca de 1,5 horas três
vezes por semana. Em 10 de maio de 1941, um bombardeio alemão danificou duas
das faces do relógio e seções do telhado da torre e destruiu a Câmara dos
Comuns. O arquiteto Sir Giles Gilbert Scott projetou um novo bloco de cinco
andares. Dois andares são ocupados pela câmara atual, que foi usada pela
primeira vez em 26 de outubro de 1950. O relógio funcionou com precisão e soou
durante toda a Blitz. Antes de 1878 o relógio parou pela primeira vez em sua
história, “devido a uma forte queda de neve” nos ponteiros de um relógio. Entre
21 de agosto de 1877 e janeiro de 1878 o relógio foi parado por três semanas
para permitir que a torre e o mecanismo fossem limpos e reparados. A velha roda
de escape foi substituída.
Nascido de uma modesta família de artesãos, depois de um longo período como professor secundário de Geografia, Immanuel Kant veio a estudar Filosofia, Física e Matemática na Universidade de Königsberg e em 1755 começou a lecionar ensinando Ciências Naturais. Em 1770 foi nomeado professor Catedrático da Universidade de Königsberg, cidade da qual nasceu, viveu até o fim da vida e nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e só dedicada exclusivamente aos estudos filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre ciências naturais e exatas. Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado idealismo transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos a priori, aqueles que não vêm da experiência, para a experiência concreta do mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da natureza e da natureza humana de Kant é uma das mais determinantes fontes do relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do século XX. Kant é também reconhecido pela filosofia moral e pela proposta, considerada a primeira moderna, de uma teoria da formação do Sistema Solar, reconhecida como a hipótese Kant-Laplace.
A geografia é uma ciência que estuda a relação entre a Terra e seus habitantes. Os geógrafos querem saber onde e como vivem os homens, as plantas e os animais; onde se localizam os rios, os lagos, as montanhas e as cidades. A palavra geografia vem do grego geographía (γεογραπηία), que significa descrição da Terra. A geografia depende do compartilhamento de outras áreas do conhecimento técnico-científico. Utiliza os dados da química, da geologia, da matemática, da história, da física, da astronomia, da antropologia e da biologia e principalmente da ecologia, pois tanto a Ecologia como a Geografia são estudos e pesquisas com objetos abstratos interrelacionados, porque estão interessados com as análises biológicas, com as análises de fatores geológicos e dos ciclos biogeoquímicos dos ecossistemas, isto é, da relação entre os seres vivos e a utilidade de uso do ambiente como sobrevivência. Os geógrafos utilizam inúmeras técnicas, como viagens, leituras e estudo de estatísticas. Os mapas são seu instrumento etnográfico e meio de expressão mais importante. Além de estudar mapas, os geógrafos os atualizam pesquisas especializadas, aumentando o campo reconhecimento geográfico.
O homem sempre precisou e se utilizou do conhecimento geográfico, ou seja, a dinâmica do espaço geográfico e as ações técnicas e sociais do homem transformando-o com sobrevivência. Os povos pré-históricos tinham de encontrar cavernas para habitar e reservas regulares de água. Tinham também de morar perto de um lugar onde pudessem caçar. Caverna, gruta ou furna é toda cavidade natural rochosa com dimensões que permitam acesso aos seres humanos. Os termos relativos a caverna geralmente utilizam a raiz espeleo-, derivada do latim spelaeum, do grego σπήλαιον, “caverna”, da mesma raiz da palavra espelunca, mas fora do sentido pejorativo de cova. As cavernas são também estudadas pela espeleologia, uma ciência multidisciplinar que envolve análises da geologia, hidrologia, biologia, paleontologia e arqueologia. Sabiam localizar os rastros dos animais e as trilhas dos inimigos. Usavam carvão ou argila colorida para desenhar mapas primitivos de sua região nas paredes das cavernas ou nas peles secas dos animais. O homem aprendeu a lavrar a terra e a domesticar os animais.
Hipótese nebular é uma teoria
sugerida em 1755 pelo filósofo alemão Immanuel Kant e desenvolvida em 1796 pelo
matemático francês Pierre-Simon Laplace (1749-1827) no livro Exposition du Système du
Monde. Segundo essa concepção de teoria, o Sistema Solar teria se originado há cerca de
4,6 bilhões de anos a partir de uma vasta nuvem de gás e poeira. Esse processo
teria evoluído na seguinte sequência: contração da nebulosa graças à existência
de uma força de atração gravitacional gerada pelo aumento da massa em sua
região central. Esta contração teria provocado um aumento da velocidade de
rotação. O calor gerado no interior dessa nebulosa é tal, que desencadeia
reações químicas e físicas que a fazem brilhar; achatamento até à forma de
disco, com uma massa densa e luminosa de gás em posição central, o proto-sol,
correspondente a cerca de 99% da massa da nebulosa; durante o arrefecimento do
disco nebular em torno do proto-sol houve condensação dos materiais da nébula
em grão sólidos. As regiões situadas na periferia arrefeceriam mais rapidamente
que as próximas da estrela em formação. Uma vez que a cada temperatura
corresponde a condensação de um tipo de material com determinada composição
química, teria ocorrido uma separação mineralógica peremptória de acordo com a
distância ao Sol.
Em
cada uma das zonas do disco assim formadas, a força da gravidade provocaria a
aglutinação de poeiras, que formariam pequenos corpos chamados planetesimais,
com diâmetro de cerca de 100 metros. Os maiores desses corpos atraíram os
menores, verificando-se a colisão e o aumento progressivo das dimensões dos
planetesimais. Todo este processo comunicativo, denominado acreção, conduziu à
formação de corpos de maiores dimensões, os protoplanetas e posteriormente, aos
planetas. Nessas condições de elevada
temperatura, a Terra e planetas terão sofrido dois fenômenos que contribuíram
para a sua configuração atual: a diferenciação e a desgaseificação.
A diferenciação, resultante do movimento dos materiais mais densos para o
interior da Terra, por ação da extraordinária força da gravidade, contribui para a atual
disposição concêntrica das diferentes camadas que a constituem com valores
decrescentes de densidade movimentando-se do centro para a periferia.
A
desgaseificação, traduzido na libertação de grandes quantidades de vapor
de água e outros gases do seu interior, estaria na origem da formação da
atmosfera primitiva, uma vez que a força gravitacional do nosso planeta é
suficientemente forte para reter os gases que se libertavam de acumulação do
seu interior. Os planetas mais próximos do Sol são essencialmente constituídos
por materiais mais densos e com pontos de fusão mais altos: silicatos, ferro e
níquel, enquanto os mais afastados são ricos em elementos gasosos: hidrogénio e
hélio, esta constatação é coerente com a ideia geral de que terá havido maior
condensação de elementos pouco voláteis em regiões com temperaturas elevadas
mais próximas do Sol, e aí mantidas pela atração gravítica; e de elementos
muito voláteis em regiões mais afastadas, mais frias e de menor interação
gravítica com o Sol. Todos os planetas realizam movimentos orbitais,
translações, regulares, com a mesma direção e quase coplanares, realizadas no
mesmo plano, o que apoia a ideia de “achatamento” da nebulosa inicial com uma
rotação em torno de um eixo onde se situaria o proto-sol.
A
datação de vários materiais do Sistema Solar aponta para a mesma idade
da terra e dos restantes corpos do Sistema Solar. Tal observação dá
consistência à ideia de um processo de formação simultâneo. A existência de
meteoritos, das cinturas de asteroides interna e externa, asteroides e cometas,
bem como a observação de crateras de impacto em Mercúrio, na Lua, em Marte e
até na própria Terra, permite considerar razoável o processo de acreção. Há um
pequeno pormenor que poderia pôr em xeque esta teoria: o planeta-anão Plutão.
Como já foi frisado, próximo do Sol formaram-se os planetas telúricos, de
grande densidade, como a Terra, Marte, Mercúrio e Vênus, e além do cinturão
interno de asteroides, formaram-se os planetas gasosos, de tão baixa densidade
que, por exemplo sugere a hipótese, se arranjássemos água suficiente para
colocar Saturno, ele provavelmente flutuaria. Ora, Plutão encontra-se para lá
do cinturão de asteroides e não é um planeta gasoso, mas sim telúrico. Os
cientistas admitem a hipótese de Plutão ser um ex-satélite natural de Netuno
que se “libertou” da sua atração gravitacional e adquiriu a sua própria órbita.
Uma órbita tão estranha que chega a cruzar a órbita de Netuno. Ou então um
asteroide ou um planeta de um outro sistema solar que o nosso Sol, através da
sua ação gravitacional, atraiu. A principal contribuição moderna à hipótese
nebular diz respeito a formação dos planetas a partir do gás existente no disco
nebular e é de autoria do renomado físico alemão Carl Friedrich von Weizsäcker.
E não foi por acaso que Carl von Weizsäcker
foi autorizado a retornar à parte da Alemanha administrada pelos aliados
ocidentais em 1946, e tornou-se diretor de um departamento de física teórica no
Instituto Max Planck de Física em Göttingen. De 1957 a 1969, Weizsäcker foi
professor de filosofia na Universidade de Hamburgo. Em 1957 ele ganhou a
medalha Max Planck. Em 1970 formulou uma Weltinnenpolitik. De 1970 a
1980, foi chefe administrativo do Instituto Max Planck para a Pesquisa das
Condições de Vida no Mundo Moderno em Starnberg. Ele pesquisou e publicou sobre
o perigo da guerra nuclear, o que ele via como o conflito entre o Primeiro e o
Terceiro Mundo e as consequências da degradação ambiental. Ele foi um dos oito
signatários do Memorando de Tübingen que pedia o reconhecimento da linha
Oder-Neiße como a fronteira oficial entre a Alemanha e a Polônia e falava
contra um possível armamento nuclear da Alemanha Ocidental. Na década de 1970
ele fundou, juntamente com o filósofo indiano Pandit Gopi Krishna, uma fundação
de pesquisa “para ciências ocidentais e sabedoria oriental”. Após sua
aposentadoria em 1980, tornou-se um pacifista cristão e intensificou seu
trabalho na definição conceitual da física quântica na
interpretação de Copenhague.
Immanuel Kant foi o quarto de nove filhos de Johann Georg Kant, um artesão fabricante de correias e componente das carroças e da mulher Regina. Nascido numa família protestante de formação luterana, teve uma educação austera numa escola pietista, que frequentou graças à intervenção de um pastor. Contudo, tornou-se muito cético relativamente à religião organizada na sua vida adulta embora preservasse a crença em Deus. Passou grande parte da adolescência como estudante, sólido, mas não espetacular, “preferindo o bilhar ao estudo”. Tinha a convicção curiosa de que uma pessoa não podia ter uma direção firme na vida enquanto não atingisse os 39 anos. Com essa idade, era um metafísico menor numa universidade prussiana, mas então uma breve crise existencial o assomou. Pode argumentar-se que ela teve influência na formação intelectual. Foi um competente professor universitário durante quase toda vida. Nada do que fez antes dos 50 anos lhe garantiria qualquer reputação histórica.
Viveu
uma vida extremamente regulada: era acordado todos os dias às 5h00 da manhã por
seu criado Martin Lampe e o passeio que fazia às 15h30 todas as tardes era tão
pontual que as mulheres domésticas das redondezas podiam acertar os relógios
por ele. Kant nunca deixou a Prússia e raramente saiu da cidade natal. Apesar
da reputação que ganhou, era considerado uma pessoa muito sociável: recebia
convidados para jantar com regularidade, insistindo que a companhia era boa
para a constituição física. Por volta de 1770, com 46 anos, Immanuel Kant leu a
obra do filósofo escocês David Hume, por muitos considerados um empirista ou um
cético, considerando-o um naturalista. Kant sentiu-se profundamente inquietado.
Achava o argumento de Hume irrefutável, mas as conclusões inaceitáveis. Durante
dez anos não publicou nada e, em 1781 publicou a Crítica da Razão Pura,
um dos livros mais importantes e influentes da moderna filosofia.
Neste
livro, ele desenvolveu a noção abstrata de um argumento transcendental
para mostrar que, em suma, apesar de não podermos saber necessariamente
verdades sobre o mundo “como ele é em si”, estamos forçados a percepcionar e a
pensar acerca do mundo de certas formas: podemos saber com certeza um grande
número de coisas sobre “o mundo como ele nos aparece”. Por exemplo, que cada
evento estará causalmente conectado com outros, que aparições no espaço e no
tempo obedecem a leis da geometria, da aritmética, da física, etc. Nos cerca de
vinte anos seguintes, até a morte em 1804, sua produção foi incessante. O
edifício da filosofia crítica foi completado com a Crítica da Razão Prática,
que lidava com a moralidade de forma similar ao modo como a primeira crítica
lidava com o conhecimento; e a Crítica do Julgamento, que lidava com os
vários usos dos nossos poderes mentais, que não conferem conhecimento factual e
nem nos obrigam a agir: o julgamento estético e julgamento teleológico (construção
de coisas como tendo fins). Como Kant os entendeu, o julgamento estético e
teleológico conecta os nossos julgamentos morais e empíricos um ao outro,
unificando o seu sistema de vida.
Uma
das obras mais importantes atinge hoje em dia grande destaque
entre os estudiosos da filosofia moral: A Fundamentação da Metafísica dos
Costumes que é considerada por muitos filósofos a mais importante obra já
escrita sobre a moral. É nesta obra exemplar que o filósofo delimita as funções
da ação moralmente fundamentada e apresenta conceitos como o Imperativo
categórico e a Boa vontade. Os trabalhos de Kant são a sustentação e
ponto de início da moderna filosofia alemã; como diz Georg Wilhelm Friedrich
Hegel, frutificou com força e riqueza só comparáveis à do socratismo na
história da filosofia grega. Johann Gottlieb Fichte, Friedrich Hegel, Friedrich
Wilhelm Joseph von Schelling, Arthur Schopenhauer, para indicar apenas os
maiores, inscrevem-se na linhagem desse pensamento que representa uma etapa
decisiva na história da filosofia e está longe de ter esgotado a sua
fecundidade. Immanuel Kant escreveu
alguns ensaios medianamente populares sobre história, política e a aplicação da
filosofia à vida. Quando morreu, estava trabalhando numa projetada “quarta
crítica”, por ter chegado à conclusão de que seu sistema estava incompleto;
este manuscrito foi então publicado como Opus Postumum. Morreu em 12 de
fevereiro de 1804 na cidade em que nasceu e permaneceu durante toda sua extraordinária
vida. Encontra-se sepultado no Cemitério do Caliningrado, Caliningrado, Oblast
de Kaliningrado na Rússia.
Friedrich Hegel nasceu em Stuttgart, Alemanha, no dia 27 de agosto de 1770. Recebeu esmerada educação cristã. Em 1788 ingressou no seminário de Tübingen, que cursou durante cinco anos a fim de se preparar para receber ordens. Foi colega de classe do poeta Friedrich Hölderlin e do filósofo Joseph Schelling, que partilhavam sua admiração pela tragédia grega e pelos ideais da clássica Revolução Francesa. Os primeiros escritos de Hegel versaram sobre assuntos teológicos, mas ao concluir o curso, Hegel não seguiu a carreira eclesiástica, preferiu se dedicar ao estudo da literatura e da filosofia grega. Em 1796 mudou-se para Frankfurt, onde Hölderlin lhe conseguiu um lugar de preceptor. Em 1801 habilitou-se Livre-Docente na Universidade Friedrich Schiller de Jena (Friedrich-Schiller-Universität Jena) situada na cidade de Jena (cf. Crissiuma, 2017), na Turíngia no centro. É uma das dez universidades mais antigas da Alemanha, estabelecida no ano de 1558 segundo os planos do príncipe João Frederico I da Saxônia. O auge da sua reputação ocorreu sob os auspícios do duque Carlos Augusto, patrono de Johann Wolfgang von Goethe, autor do clássico Fausto, poema trágico, obra prima da literatura, quando Fichte, Hegel, Schelling, Friedrich von Schlegel e Friedrich Schiller faziam parte do corpo docente. Ainda no seminário de Tübingen, escreveu com dois outros renomados colegas, os filósofos Friedrich Schelling e Friedrich Hölderlin, o que chamaram de “o mais antigo programa de sistema do idealismo alemão”.
Na
Introdução à Fenomenologia Hegel repete suas críticas a uma filosofia
que não fosse mais que teoria do conhecimento. E não obstante, a Fenomenologia,
como têm assinalado quase todos os seus expressivos comentaristas, marca em
certos aspectos um retorno ao ponto de vista de Kant e de Fichte (cf.
Salvadori, 2014). Em que novo sentido devemos entendê-lo? Ora, se o saber é um
instrumento, modifica o objeto a conhecer e não nos apresenta em sua pureza; se
for um meio tampouco, nos transmite a verdade sem alterá-la de acordo com a
própria natureza do meio interposto. Se o saber é um instrumento, isto supõe
que o sujeito do saber e seu objeto se encontram separados; por conseguinte, o
Absoluto seria distinto do conhecimento: nem o Absoluto poderia ser saber de si
mesmo, nem o saber, fora da relação dialética, poderia ser saber do
Absoluto. Contra tais pressupostos a existência mesma da ciência filosófica,
que conhece efetivamente, é já uma afirmação. Não obstante, esta afirmação não
poderia bastar porque deixa a margem a afirmação de outro saber; é precisamente
esta dualidade o que reconhecia Friedrich Schelling quando opunha o
saber fenomênico e o saber absoluto, mas não demonstrava os laços entre um e
outro. Uma vez colocado o saber absoluto não se vê como é possível no saber
fenomênico, e o saber fenomênico por sua parte fica igualmente separado do
saber Absoluto. Friedrich Hegel retorna ao saber fenomênico, ao saber típico da
consciência comum, e pretende demonstrar como aquele conduz necessariamente ao
saber Absoluto, ou também que ele mesmo é um saber absoluto que, todavia, não
se sabe como tal.
Não
apenas Friedrich Fichte, mas o próprio Johann Schelling, adverte Hösle (2007), tampouco satisfaz
a exigência de uma estrutura de sistema que retorna a si mesma, pois o dualismo
fichteano do Eu e Não-Eu que perdura em última análise no
primeiro projeto resumido de sistema, a saber no Sistema do idealismo transcendental.
Segundo ele, a filosofia tem, com efeito, duas partes – filosofia natural e
filosofia transcendental, a qual, por sua vez, contém, entre outras coisas,
filosofia prática e filosofia teórica. Schelling argumenta do seguinte modo: já
que o saber seria unidade de subjetividade e objetividade, o ponto de partida
da filosofia teria de ser ou o objetivo (a natureza) ou o subjetivo (a
inteligência). Naquele caso, surgiria a filosofia da natureza; neste, a
filosofia transcendental. O objetivo de cada uma dessas duas ciências seria
avançar na direção da outra – portanto, de um lado, “partindo da natureza
chegar ao inteligente”, e, de outro, partindo do subjetivo, “fazer surgir dele
o objetivo”. Esta afirmação apenas poderia fazer sentido se para Hösle, com ela
se tivesse em mente que a inteligência tem de objetivar e naturalizar em atos
práticos e estéticos, como Schelling tenta demonstrar no Sistema. A segunda falha resulta da primeira.
Schelling conhece, em última instância, apenas duas esferas da filosofia, as
quais, na terminologia conceitual concreta de Hegel, pertencem ambas à filosofia da realidade.
Aquela
estrutura que precede à ambas e que Hegel tematiza na Ciência da Lógica não tem
lugar neste projeto de sistema de Schelling. É fácil ver que não se pode um
renunciar a ela, e por três motivos. Em primeiro lugar, somente desse modo se
pode compreender porque ambas as partes são momentos de uma unidade. Não basta
afirmar sua relação mútua, é preciso explicitar estruturas ontológicas gerais
que subjazem de igual modo à natureza e à inteligência. Em segundo lugar,
somente desse modo se pode tornar plausível a dependência da natureza em
relação a uma esfera ideal. E, em terceiro lugar, uma filosofia natural e uma
filosofia transcendental apriorísticas são inconcebíveis sem essa esfera
abrangente, pois a partir de que deveriam ser fundamentadas as primeiras
suposições de ambas as filosofias da realidade? Depois de se desfazer do “resto
de fichteanismo”, ainda reconhecível sobretudo na execução do sistema do
idealismo transcendental, Schelling introduziu na Apresentação, como
base destas duas ciências, o Absoluto, e o definiu como identidade de
subjetividade e objetividade.
No
entanto, não se pode deixar de entender um limite na doutrina schellinguiana do
Absoluto que representa um retrocesso, ficando, no mínimo, aquém de Fichte e,
em certo sentido, até mesmo aquém de Kant: as categorias analíticas que
Schelling utiliza para a caracterização do Absoluto são catadas e, de modo
algum deduzidas do próprio Absoluto. Unidade, identidade, infinitude são
determinações que Schelling toam da tradição e que, em primeiro lugar, ele não
legitima em si e por si – ele apenas mostra que em sua utilização de mera
identidade, antes elas que seu contrário conviria ao Absoluto, o qual é
entendido como unidade de subjetividade e objetividade, e que em segundo lugar,
ele nem sequer põe em um nexo causal ordenado. Simplificadamente, segundo
Vittorio Hösle (2007), o sistema pensamento de Hegel pode ser representado da
seguinte forma: 1) o princípio supremo da filosofia transcendental tem de ser,
com Fichte, uma estrutura iniludível e que fundamente a si mesma
reflexivamente. 2) no entanto, esse princípio não pode ter nada perante si, se
quer ser absoluto; sendo determinado como subjetividade, ele não pode,
portanto, ser subjetividade finita, mas tem de ser com Schelling, unidade de
subjetividade e objetividade ou, em terminologia hegeliana, ideia. 3) com o
reconhecimento, porém, de que o Absoluto é unidade de subjetividade e
objetividade, a filosofia ainda não está concluída. Antes, trata-se de explodir
o caráter pontual desse conhecimento, por quatro motivos: a) a estrutura
absoluta não pode ser posta imediatamente, pois ela mesma seria, na verdade,
uma abstração, da qual nada decorreria; b) apenas assim pode-se alcançar
uma prova da absolutidade dessa estrutura.
Mas então é necessária uma prova, mas de um modo necessariamente diferente de como elas mesmas são pressupostas pela ideia absoluta, se é que o círculo deve ser evitado; c) a determinação da exata relação entre “lógica” e “metafísica”, isto é, entre a doutrina das categorias finitas e a ciência do princípio absoluto, é o problema para o qual em Jena, pelo fim de sua temporada Friedrich Hegel, conseguiu encontrar uma solução que o satisfizesse até o final de sua vida, enquanto, para a maior parte das demais estruturas fundamentais de sua filosofia , ele chegou bem mais cedo a respostas que sustentou até a Enciclopédia. A ideia Absoluta origina, não apenas as categorias lógicas anteriores a ela, por meio das quais ela mesma é constituída, sem abdicar da centralidade de seu sistema, ela mesma é constituída em termos de origem assimétrica. Para resolver esse problema, oferece-se propriamente um caminho. O espírito, reconhece Hegel na batalha das ideias contra Friedrich Schelling - tem de estar acima da natureza, a qual tem de corresponder às categorias deficientes da Ciência da Lógica.
Friedrich
Hegel que parte da análise da consciência comum, não podia situar como
princípio primeiro uma dúvida universal que só é própria da reflexão
filosófica. Por isso mesmo ele segue o caminho aberto pela consciência e a história
detalhada de sua formação. Ou seja, a Fenomenologia vem a ser uma história
concreta da consciência, sua saída da caverna e sua ascensão à Ciência. Daí a
analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a história da filosofia
e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este desenvolvimento é
necessário, como força irresistível que se manifesta lentamente através dos
filósofos, que são instrumentos de sua manifestação. Assim, preocupa-se apenas
em definir os sistemas, sem discutir as peculiaridades e opiniões dos
diferentes filósofos. Na determinação do sistema, o que o preocupa é a
categoria fundamental que determina o todo complexo do sistema, e o
assinalamento das diferentes etapas, bem como as vinculasses destas etapas que
conduzem à síntese do espírito absoluto. Para compreender o sistema é
necessário começar pela representação, que ainda não sendo totalmente exata
permite, no entender de sua obra a seleção de afirmações e preenchimento do
sistema abstrato de interpretação do método dialético, para poder alcançar a
transformação da representação numa noção clara e exata.
Posteriormente
desenvolveu um sistema de pensamento filosófico que denominou “Idealismo Absoluto”, uma
filosofia capaz de compreender discursivamente o Absoluto. Entre 1807 e 1808
dirigiu um jornal em Bamberg. Entre 1808 e 1816 foi diretor do ginásio de
Nuremberg. Em 1816 tornou-se professor da Universidade de Heidelberg. Em 1818
em Berlim, quando ocupou a cátedra de filosofia, período em que encontra a
expressão definitiva de suas concepções estéticas e religiosas. Tinha grande
talento pedagógico, mas considerado mau orador, pois usava terminologias pouco
usadas que dificultavam sua interpretação. Exerceu enorme influência em seus
discípulos que dominaram as universidades da Alemanha. Logo passou a ser o
filósofo oficial do rei da Prússia (cf. Wickert, 2013) Friedrich Hegel descreve
sua concepção filosófica, no prefácio a uma de suas mais célebres obras, a
Fenomenologia do Espírito (1807). O
prólogo é posterior a redação da obra. Foi escrito, passado já o tempo, quando
o próprio Hegel pode tomar consciência de seu avanço e sua descoberta (cf.
Silva, 2017). Tinha como objetivo assegurar o ligamento entre a Fenomenologia, sua obra principal e ponto de chegada de um sistema a qual só aparece como a primeira parte da ciência, e a Lógica que,
situando-se em uma perspectiva distinta da adotada pela Fenomenologia,
deve constituir o primeiro momento de uma Enciclopédia. Explica-se que
neste prólogo que é como um gonzo entre a subjetividade da Fenomenologia
e a objetividade se sentira fundamento da ideia geral de todo o seu sistema
filosófico.
Isto
é, segundo sua concepção que só deve ser justificada pela apresentação do
próprio sistema, tudo decorre de entender e exprimir o verdadeiro não como
substância, mas, precisamente como sujeito. A substância viva é o ser, que na
verdade é sujeito, ou que é na verdade
efetivo, mas só na medida em que é o movimento do pôr-se-a-si-mesmo, ou a
mediação consigo mesmo do tornar-se outro. Como sujeito, é a negatividade pura
e simples, e justamente por isso é o fracionamento do simples ou a duplicação
oponente, que é de novo a negação dessa diversidade indiferente e de seu
oposto. Só essa igualdade se reinstaurando, ou só a reflexão em si mesmo no seu
ser-Outro, é que são o verdadeiro; e não uma unidade originária enquanto tal,
ou uma unidade imediata enquanto tal. O verdadeiro é o vir-a-ser de si
mesmo, o círculo que pressupõe seu fim como sua meta, ipso facto sua antítese, dialeticamente que o tem como princípio, e que só é efetivo mediante sua atualização e seu
fim. Friedrich Hegel era crítico das filosofias
claras e distintas, uma vez que, para ele, o negativo era constitutivo da
ontologia. A clareza não seria adequada para conceituar o próprio objeto.
Introduziu um sistema de pensamento para compreender a história da realidade do mundo,
chamado geralmente dialética: uma progressão na qual cada movimento
sucessivo surge, pois, como solução das contradições inerentes ao movimento
anterior.
Bibliografia
geral consultada.
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