segunda-feira, 17 de abril de 2023

Padre Johnny – Existência, Confiança & Destimidez do Espírito.

          “O tempo é a coisa mais valiosa que podemos oferecer ao outro”. Jan Adam Kaczkowski (1977-2016)

A Polônia tornou-se uma espécie de refúgio para as pessoas que eram perseguidas em outros lugares. Foi oferecido um abrigo seguro na Polônia a muitos grupos protestantes que eram perseguidos, incluindo os Anabatistas, grupo de cristãos que se rebelaram contra algumas doutrinas da Igreja Católica, Bohemian Irmãos ou Morávia Irmãos, entre outros. Os Menonitas, os Batistas, os Irmãos, os Calvinistas entre outros grupos religiosos já existiam na Polônia desde os meados do século XIV. O Calvinismo generalizado passa a ser chamado de Tradição Reformada, Fé Reformada ou Teologia Reformada, ganhando seguidores entre a classe social alta polonesa. Alguns refugiados suíços Calvinistas se estabeleceram na Polônia. A maioria dos Calvinistas na Polônia era limitada à etnia alemã-suíça e eram menos numerosos do que os Luteranos. A fé ortodoxa russa deriva da Igreja Bizantina, que rompeu com a Igreja Católica Romana em 1054. A Igreja Ortodoxa Russa  teve posição limitada no Congresso da Polônia, durante o controle social da Rússia. Os seus membros na Polônia eram, predominantemente, de etnia russa ou bielo-russa. A fé católica romana foi aceita na Polônia em 966 Anno Domini, data considerada fundação da Polônia e tornou-se a fé dominante até 1573. Em 1595, Ucranianos Ortodoxos se uniram à Igreja Católica. 

Eles mantiveram sua liturgia ortodoxa e doutrina, mas reconheceram a autoridade do Papa Católico Romano. A religião Greco-Católica é encontrada no Sudeste da Polônia. Católicos Gregos se tornaram membros da Igreja Ortodoxa Russa, ou da Igreja Católica Romana, depois de emigrarem para os Estados Unidos da América. Embora o Protestantismo tenha feito algumas incursões no século XVII, o Catolicismo manteve-se como a religião dominante da Polônia. Por ser liturgia de fé católica, grupos religiosos foram severamente perseguidos na Polônia, até a Confederação de Varsóvia, em 1573, quando as leis da tolerância foram aprovadas ​​e as várias denominações cristãs obtiveram garantia de proteção por parte do Estado. O cristianismo é uma religião abraâmica monoteísta, ou o reconhecimento de uma tradição espiritual/religiosa identificada com ele, centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, tais como são dispostos e apresentados no manuscrito Novo Testamento. O cristianismo desempenhou um papel de destaque na formação da civilização ocidental pelo menos desde o século IV. E no século XXI conta com 2,4 bilhões de fiéis com cerca de um quarto da população mundial é das maiores religiões do mundo. 

        O cristianismo também é a religião de Estado de diversos países. Os cristãos continuam a ser perseguidos em algumas regiões do mundo, especialmente no Médio Oriente, Norte de África, Ásia Oriental, e Ásia do Sul. A fé cristã acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, Filho de Deus, Salvador e Senhor. A religião cristã expressa um domínio de três vertentes religiosas: o Catolicismo Romano, subordinado ao bispo romano, a Ortodoxia Oriental, historicamente que se dividiu da Igreja Católica em 1054 após o Grande Cisma e o Protestantismo durante a Reforma do século XVI. O protestantismo é dividido em grupos chamados de denominações. Os cristãos acreditam do ponto de vista comunicativo, mediado pela fé, que Jesus Cristo é o Filho de Deus que se tornou homem e Salvador da humanidade, morrendo pelos pecados do mundo. Os cristãos se referem a Jesus como o Cristo ou o Messias. Os seguidores do cristianismo, reconhecidos como cristãos, acreditam que Jesus seja o Messias profetizado na Bíblia Hebraica, a parte das escrituras comum tanto ao cristianismo quanto ao judaísmo.  A teologia cristã ortodoxa alega que Jesus teria sofrido, morrido e ressuscitado para “abrir o caminho para o céu ao homem. Os cristãos acreditam que Jesus, como filho de Deus, teria ascendido aos céus, e professa que a maior parte das denominações ensina que irá retornar para julgar todos os seres humanos, entre vivos e mortos, e conceder a imortalidade aos seus seguidores.         

Jesus também é considerado para os cristãos como modelo par excellence de uma vida virtuosa, e tanto como o revelador quanto a encarnação de Deus. Os cristãos chamam a mensagem de Jesus Cristo de Evangelho (“Boas Novas”), e por isto referem-se aos primeiros relatos etnográficos de seu ministério evangelhos. O cristianismo se iniciou como uma seita judaica e, como tal, da mesma maneira que o próprio judaísmo ou o islamismo, é classificada per se uma religião abraâmica. Após se originar no Mediterrâneo Oriental, rapidamente se expandiu em abrangência e influência, ao longo de poucas décadas; no século IV já havia se tornado a religião dominante no Império Romano, considerado a maior civilização da história ocidental. Durou cinco séculos: começou em 27 a.C. e terminou em 476 d.C. Estendia-se do Rio Reno para o Egito, chegava à Grã-Bretanha e à Ásia Menor. Assim, estabelecia uma conexão com a Europa, a Ásia e África. Durante a Idade Média a maior parte da Europa foi cristianizada, e os cristãos também seguiram sendo uma significante minoria religiosa no Oriente Médio, Norte da África e em regiões de colonização inglesa da Índia. Depois da chamada Era dos Descobrimentos, através de trabalho missionário e da colonização, o cristianismo se espalhou para a América e pelos países e nações organizadas em torno do mundo ocidental. O Oriente Médio é uma categoria social que se refere a área à volta das partes Leste e Sul do Mediterrâneo.                 

É a designação dada ao período da história que decorreu entre o século XV e o início do século XVII, durante o qual, inicialmente, portugueses, depois espanhóis e, posteriormente, alguns países europeus exploraram intensivamente o globo terrestre em busca de novas rotas de comércio. Os historiadores geralmente referem-se à Era dos Descobrimentos como as explorações marítimas pioneiras realizadas por portugueses e espanhóis entre os séculos XV e XVI, que estabeleceram relações políticas com a África, América e Ásia, em busca de uma rota alternativa para as Índias, movidos pelo comércio de ouro, prata e especiarias. Estas explorações no Atlântico e Índico foram seguidas por outros países da Europa, como França, Inglaterra e Países Baixos, que exploraram as rotas comerciais portuguesas e espanholas até ao oceano Pacífico, chegando à Austrália em 1606 e à Nova Zelândia em 1642. A exploração europeia perdurou até realizar o mapeamento global do mundo, resultando numa nova divisão mundial, e no contacto entre civilizações distantes, alcançando as fronteiras mais remotas muito mais tarde, já no século XX. Nas primeiras comunidades cristãs originárias a formação social formadas através de coabitação entre os cristãos oriundos do paganismo e os oriundos do judaísmo gerava por vezes conflitos.

Para concordarmos com o sociólogo Anthony Giddens (1991; 1997) os modos de vida produzidos pela modernidade nos desvencilharam de todos os tipos sociológicos tradicionais de ordem social, de uma maneira que não tem precedentes. Tanto do ponto de vista técnico-metodológico interpretado de forma heurística em termos de sua extensionalidade quanto de sua intensionalidade, as transformações envolvidas na modernidade são mais profundas que a maioria dos tipos de mudança social característicos dos períodos precedentes. Sobre o plano extensional, elas serviram para estabelecer formas de interconexão social que cobrem o globo; em termos intencionais, elas vieram a alterar algumas das mais íntimas e pessoais ipso facto enquanto características de nossa existência cotidiana. Existem, obviamente, continuidades entre o tradicional e o moderno, e nem um nem outro formam um todo à parte; é bem sabido o quão equívoco pode ser contrastar a ambos de maneira grosseira. Mas as mudanças sociais ocorridas durante os últimos três ou quatro séculos – um diminuto período de tempo histórico – foram tão dramáticas e tão abrangentes em seu impacto que dispomos apenas de ajuda limitada de nosso conhecimento de períodos precedentes de transição na tentativa de interpretá-las. A questão comparativa é: como identificar as descontinuidades que separam as instituições sociais modernas das ordens sociais tradicionais?

A sociologia propõe um nível singular de análise abstrato e diverso, e quaisquer generalizações sobre ela são questionáveis. Mas podemos destacar três concepções amplamente defendidas, derivadas em parte do prolongado impacto da teoria social clássica na sociologia, que inibem uma análise satisfatória das instituições modernas. A primeira diz respeito ao diagnóstico institucional da modernidade; a segunda tem a ver com o escopo principal de análise sociológica, em sua especificidade, a sociedade; a terceira se relaciona às conexões entre conhecimento sociológico e as características da modernidade às quais se referem este conhecimento. A tradições teóricas mais proeminentes na sociologia, inclusive as que derivam dos manuscritos formais de Marx, Durkheim e Weber, tendem a dar primazia a mais importante dinâmica de transformação ao interpretar a natureza da modernidade: a força transformadora principal que modela o mundo moderno é o capitalismo. A ordem social emergente da modernidade é capitalista tanto em seu sistema econômico last but not least com em suas outras instituições. Por que deveríamos ter reservas em relação à noção de sociedade conforme ordinariamente utilizada como categorias e conceitos no âmbito do pensamento sociológico? Há duas razões. Mesmo onde não o dizem explicitamente, os autores que veem a sociologia como o estudo das sociedades têm em mente as sociedades associadas à modernidade. 

Ao conceituá-las, eles abstraem em sistemas muito claramente delimitados, com suas próprias unidades sociais internas. Entendidas desta maneira, as sociedades são simplesmente Estados-nação. Embora um sociólogo, falando de uma sociedade específica, possa casualmente empregar o termo nação ou país, o caráter do Estado-nação, é raras vezes diretamente teorizado. Ao descrever o funcionamento e a natureza das sociedades modernas. O problema da ordem é central à interpretação da limitação dos sistemas sociais, porque é definido como uma questão de integração – o que mantém o sistema integrado em face das divisões de interesses que disporiam, em suas relações com as coletividades. Em várias formas de pensamento, sob outros aspectos divergentes, a sociologia tem sido compreendida como geradora de conhecimento sobre a vida social moderna, conhecimento este que pode ser usado no interesse da previsão e do controle. Duas versões deste tema são proeminentes. Uma é a concepção de que a sociologia proporciona informação sobre a vida social que pode nos dar uma espécie de controle sobre as instituições sociais semelhantes àquela proporcionada pelas ciências físicas no domínio da natureza. O conhecimento sociológico mantém uma relação instrumental com o mundo social com o qual se relaciona; tal conhecimento pode ser aplicado de uma maneira tecnológica para intervir na vida social.  Outros autores, inclusive Marx adotam um ponto de vista diferente. A ideia de usar a história para fazer história, é a chave: as descobertas da ciência não podem ser aplicadas a um objeto inerte, mas devem ser filtradas através do auto-entendimento dos agentes sociais em atividade.

 Embora a forma específica da ideologia de atenuação dos conflitos tivesse de ser modificada para se adequar as novas circunstâncias, a necessidade de reproduzir sua substância sob uma forma convenientemente alterada, segundo Mészáros (2004), persistiu mais forte do que nunca. Foi assim que as múltiplas variedades do novo discurso ideológico ficaram em voga após o desaparecimento da tese simplista do fim da ideologia, em virtude de sua capacidade para chamar a atenção sobre contradições culturais vagamente definidas, quando a persistência obstinada da ideologia e o reaparecimento dos desagradáveis conflitos de classe não poderiam mais ser ignorados ou negados. As ideologias adaptadas às novas circunstâncias podiam assumir uma postura levemente crítica com relação às manifestações superficiais dos sistemas sociais e políticos em crise, sem sujeitar à crítica real os antagonismos fundamentalmente explosivos da ordem estabelecida. Por enquanto não precisamos nos preocupar quanto ao caráter duradouro ou efêmero dos produtos intelectuais rivais de um determinado período histórico, pois o que nos interessa no presente contexto é a verdadeira natureza do relacionamento entre o complexo historicamente específico das necessidades sociais e as várias manifestações cultural-ideológicas que emergem de sua base social. Tal relacionamento social tem determinações não unilateralmente, e sim dialético-recíprocas no âmbito dentre as quais as práticas cultural-ideológicas rivais, respondem e ajudam a articular as necessidades que proliferam na sociedade.

O dinamismo da modernidade deriva da separação do tempo e do espaço e de sua recombinação em formas que permitem o zoneamento tempo-espacial preciso da vida social; do “desencaixe” dos sistemas sociais aos fatores envolvidos na separação tempo-espaço; e da ordenação e reordenação reflexiva das relações sociais à luz das contínuas entradas (inputs) de conhecimento afetando as ações de indivíduos e grupos. O calendário, por exemplo, foi uma característica tão distintiva dos Estado agrários quanto a invenção da escrita. Mas o cálculo do tempo que constituía a base da vida cotidiana, certamente para a maioria da população, sempre vinculou o tempo e lugar, e era geralmente impreciso e variável. Ninguém poderia dizer a hora do dia sem a referência a outros marcadores socioespaciais: “quando” era quase, universalmente, ou conectado a “onde” ou identificado por ocorrências naturais regulares. A invenção do relógio mecânico e sua difusão entre virtualmente todos os membros da população que data de primórdios do final do século XVIII, foram de significação-chave na separação entre o tempo e o espaço que permitisse a designação precisa de zonas do dia de trabalho. O tempo ainda estava conectado com o espaço/lugar até que a uniformidade de mensuração do tempo pelo relógio mecânico correspondeu à uniformidade na organização social do tempo com a expansão da modernidade só completada no começo do século. O espaço vazio pode ser compreendido em termos da separação entre espaço e lugar, que se refere ao cenário físico da atividade social.    

Alguns dos últimos permaneciam fiéis às restrições alimentares e recusavam-se a sentar-se à mesa com os primeiros. Na Assembleia de Jerusalém, em 48, decide-se que os cristãos ex-pagãos não serão sujeitos à circuncisão, mas para se sentarem à mesa com os cristãos de origem judaica devem abster-se do hábito comum de comer carne com sangue ou carne sacrificada aos ídolos. Consagra-se assim a primeira ruptura com o judaísmo. A visão de mundo monoteísta do judaísmo era atrativa para alguns dos cidadãos do mundo romano, mas costumes como a circuncisão, as regras de alimentação incômodas, e a forte identificação dos judeus como um grupo étnico, e não apenas religioso, funcionavam como barreiras dificultando o processo de conversão dos homens. Através da influência de Paulo, o cristianismo simplificou os costumes judaicos aos quais os gentios não se habituavam enquanto manteve os motivos de atração. Alguns autores defendem que essa mudança pode ter sido um dos grandes motivos da rápida expansão do cristianismo. Outros interpretam a ruptura com os ritos judaicos mais como uma consequência político-ideológica da expansão do cristianismo entre os não judeus do que como sua causa. 

Estes invocam outros fatores e características como causa da expansão cristã, por exemplo: a natureza da fé cristã que propõe que a mensagem de Deus se destina a toda a humanidade e não apenas ao critério de seu povo escolhido; a fuga da perseguição religiosa empreendida inicialmente por judeus conservadores, e posteriormente pelo Estado Romano; o espírito missionário dos primeiros cristãos com sua determinação em divulgar o que Cristo havia ensinado a tantas pessoas quantas conseguissem. A narrativa da perseguição religiosa, da dispersão dela decorrente, da expansão do cristianismo entre não judeus e da subsequente abolição da obrigatoriedade dos ritos judaicos pode ser lida no livro de Atos dos Apóstolos. De resto, os cristãos adotam as regras e os princípios do Antigo Testamento, livro sagrado dos Judeus. Em junho do ano 66 inicia-se a revolta judaica. Em setembro do mesmo ano a comunidade cristã de Jerusalém decide separar-se dos judeus insurrectos, seguindo a advertência dada por Jesus de que quando Jerusalém fosse cercada por exércitos a desolação dela estaria próxima, e exila-se em Pela, na Transjordânia, o que representa o segundo momento de ruptura com o judaísmo. Após a derrota dos judeus em 70, cristãos e outros grupos judeus trilham caminhos cada vez mais separados. Para o cristianismo o período que se abre em torno do 70 e que segue até 135 caracteriza-se pela definição da moral e fé cristã, bem como de organização da hierarquia e da liturgia. No Oriente, estabelece-se o episcopado monárquico: a comunidade é chefiada por um bispo, pelo seu presbitério e assistido por diáconos. O protagonista do filme Padre Johnny (2022), dirigido por Daniel Jaroszek, a trama cinematrográfica é inspirada na vida existencial de Jan Adam Kaczkowski nascido em 19 de julho de 1977, em Gdynia e falecido em 28 de março de 2016, em Sopot, Polônia. 

Nesta cidade, Patryk Galweski (Piotr Trojan) cometeu um crime e recebeu uma ordem judicial para ir trabalhar em um hospital psiquiátrico. No local ele conhece um padre (David Ogrodnik) pleno de compaixão pelos outros. A formação dessa amizade mudará para sempre a vida de Patryk. É uma cidade portuária da Polônia, situada na região da Pomerânia, no litoral do mar Báltico, constituindo um porto da baía de Gdańsk. Faz parte de uma conjunção de três cidades, nomeadamente Gdynia, Gdańsk e a estância termal de Sopot. Juntas constituem as Três Cidades (em polaco Trójmiasto), com uma população acima de 1 milhão de habitantes. Foi um padre católico polonês, com doutorado em ciências teológicas, bioeticista, vlogger ou vlogueiro, sociologicamente é uma pessoa que produz conteúdo abstrato em vídeo como uma espécie de diário pessoal. Geralmente, demonstra como é sua rotina cotidiana, as atividades sociais que realiza e assuntos sobre os quais reflete. Ele foi organizador e diretor do Puck Hospice localizado na cidade no Norte da Polônia com 11.350 habitantes. Fica em Gdańsk, Pomerânia, na costa Sul do Mar Báltico, na baía de Puck e parte de Kashubia com falantes de Kashubian na cidade, do grupo eslavo dos indo-europeus. A palavra cassubiana vem de kassub, que culturalmente designa “um casaco usado pelos cassubios”. A baía é utilizável somente por pequenos barcos pesqueiros e iates. Há depósitos de sal abaixo da baía de Puck.

O mar Báltico situa-se no Norte da Europa, sendo circundado pela península Escandinava, a Europa continental, e as ilhas Feroe dinamarquesas. Chamado por Públio Cornélio Tácito de Mare Suebicum, por analogia ao povo germânico dos suevos, o primeiro a denominá-lo foi o escritor germânico do século XI Adão de Bremen. Na Idade Média, o mar foi reconhecido por uma variedade de nomes. O nome mar Báltico só começou a predominar a partir das rotas do século XVI. Sua utilidade de uso para denotar a região a Leste começou no século XIX. Em sueco, finlandês, alemão e dinamarquês, é reconhecido como “mar do Leste”, enquanto em estoniano, é chamado de “mar do Oeste”. A origem do nome é controversa, e pode estar ligada à palavra alemã belt (faixa), utilizada para designar os “dois estreitos dinamarqueses que o conectam ao mar do Norte”. Outros acreditam que a origem seja latina balteus, com o mesmo significado. Mas deve-se notar que os nomes dos belts podem estar ligados à palavra dinamarquesa bælte, que também significa faixa. O próprio Adão de Bremen comparou o mar com uma faixa, afirmando que o mar é assim denominado porque ele estica ao longo da terra como uma faixa.

Ele também pode ter sido influenciado pelo nome da ilha lendária mencionada em A História Natural, de Plínio, o Velho. Plínio menciona uma ilha chamada Baltia (ou Balcia) com referência a notas de Píteas e Xenofonte. É possível que Plínio se referisse a uma ilha chamada Basilia (“reino” ou “real”) no ensaio Sobre o Oceano (Περι του Ωκεανου), de Píteas. Baltia também pode ser derivada de “faixa” e significar “perto da faixa do mar (estreito)”. Outros ainda defendem que o nome da ilha se origina da raiz indo-europeia bhel, que significa “branco”. Esta raiz e seu sentido básico permaneceram no lituano (como baltas) e no letão (balts). Uma hipótese relacionada sustenta que o nome originou desta raiz indo-europeia por meio de uma língua báltica, como o lituano. Uma outra explicação é que, derivada da raiz mencionada, o nome do “mar”, como categoria é usado para nomear várias formas de água e substâncias similares em várias línguas europeias, o que pode ter sido originalmente associado com as cores encontradas em pântanos. Ou ainda que o nome era relacionado a pântanos e seu sentido original era de “mar fechado, baía” em oposição a “mar aberto”. Alguns historiadores suecos, por sua vez, acreditam que o nome derive do deus secundário Balder, da mitologia nórdica.

Anteriormente na voivodia de Gdańsk (1975-1998), Puck foi a capital do condado de Puck na voivodia da Pomerânia desde 1999. Kashubian quase desapareceu por causa das sucessivas políticas de assimilação da Alemanha e depois da Polônia especialmente sob o regime comunista revolucionário do pós-guerra. Trata-se de um padre católico que nasceu na cidade de Gdynia, na Polônia, no ano de 1977. Depois de terminar o colegial, Kaczkowski foi admitido no Seminário Teológico de Gdansk, onde em 2002 defendeu sua dissertação de mestrado em Teologia. No mesmo ano foi ordenado sacerdote. Jan Adam Kaczkowski continuou seus estudos e, em 2007, obteve o Doutorado em Teologia na Universidade Cardeal Stefan Wyszyński (1901-1981) de Varsóvia e, um ano depois, concluiu a pós-graduação em bioética na Pontifícia Universidade João Paulo II de Cracóvia. A partir de 2004, envolveu-se na criação de um hospício em Puck. Coordenou a construção do hospício de 2007 a 2009. Permaneceu trabalhando em sua função como diretor da instituição até sua morte. Além de trabalhar no “hospício”, trabalhou como catequista (Catechesis) em uma escola secundária de 2004 a 2011, além de servir como vigário. A catequese é a educação religiosa cristã básica de crianças e adultos, muitas vezes a partir de um livro de catecismo. Começou como educação de convertidos ao cristianismo, mas à medida que a religião se institucionalizou, a catequese foi usada para educação de membros que haviam sido batizados quando crianças.

Jan Kaczkowski enfrentou graves problemas de saúde desde a infância, incluindo ser portador de uma deficiência visual. Durante seu trabalho disciplinar, ético-político e de solidariedade na igreja, costumava visitar pacientes com câncer em hospitais, testemunhando sua aflição. Decidiu criar um hospital provisório, móvel, para cuidados paliativos, chamado The Puck Hospice. Após períodos de trabalho e dedicação, auxiliado por médicos, enfermeiras e sacrifício pessoal, o hospital foi inaugurado em 2009. O Padre Jan Kaczkowski escreveu livros sobre sua vida, influenciando os leitores a lidar afetivamente com doenças terminais e aproveitar este sopro da vida ao máximo, mesmo encontrando-se em vis-à-vis da adversidade comum à atividade humana. Ele foi diagnosticado clinicamente com um grave tumor cerebral em 2012, mas superou todas as expectativas adversas e viveu por mais quatro anos antes de falecer em 2016.  Jan Adam Kaczkowski sofria de problemas de saúde desde o nascimento, tendo um grave déficit de visão e lateral esquerdo Kaczkowski sofria de problemas de saúde desde o nascimento, tendo um grave déficit de visão e paresia. Em 2012, ele foi alcançado com glioblastomae morreu da doença em 28 de março de 2016. Em 11 de abril de 2012, ele foi premiado com a Ordem da Polônia Restituta pelo presidente polonês Bronisław Komorowski. Foi presidente do país de 2010 até 2015. Ele foi agraciado com o título de cidadão honorário de Puck. Em 2022, o filme biográfico foi lançado Johnny sobre sua vida. O filme teve o segundo melhor resultado comercial do filme polonês de bilheteria doméstica em 2022.  

Enquanto estudante do ensino secundário polonês Bronisław Komorowski esteve envolvido em atividades políticas de oposição ao regime comunista, participando em protestos, como o ocorrido em março de 1968. Foi preso pela primeira vez em dezembro de 1971. Fez parte de ações políticas de apoio e ajuda aos trabalhadores feridos nas greves das empresas Radom e Ursus em 1976. Colaborou com a Comissão de Proteção dos Trabalhadores e com o Movimento para a Defesa dos Direitos Humanos e Civis, e ipso facto organizou manifestações patrióticas. Foi impressor, jornalista, editor e distribuidor de imprensa clandestina. Durante os anos de oposição, foi preso e ficou ferido diversas vezes. Durante a Lei Marcial estava internado. Defendeu a dissertação de Mestrado na Faculdade de História da Universidade de Varsóvia. Em 1977 trabalhou na Zespół Prasy Pax uma organização fundada em 1947 e, entre 1980 e 1981, no Centro de Pesquisa Social NSZZ Solidarność (Sindicato independente do Solidariedade) na região da Mazóvia. A partir de setembro de 1982 trabalhou como Editor da revista clandestina “ABC” (Adriático-Báltico-Mar Negro). Durante o período de lei marcial e até 1989 foi professor de História na Escola Secundária de Teologia em Niepokalanów. Entre 1989 e 1990 foi diretor do gabinete de Aleksander Hall no Conselho de Ministros. Entre 1990 e 1993, no governo de Tadeusz Mazowiecki (1927-2013), Jan Krzysztof Bielecki e Hanna Suchocka, foi vice-ministro da Defesa Nacional para os Assuntos Sociais e de Educação.

Entre 2000 e 2001, no governo de Jerzy Karol Buzek, foi ministro da Defesa Nacional. Foi membro da União da Liberdade onde trabalhou como secretário-geral. Mais tarde, juntou-se ao Partido Popular Conservador, do qual foi vice-presidente. Em 2001 tornou-se membro da Plataforma Cívica e aí foi presidente para a região da Mazóvia. Em junho de 2006 foi nomeado vice-presidente do partido.  De 1991 até 2010 foi membro do Parlamento Polaco. Fez parte da Comissão para os Polacos no Exterior e da Comissão para a Defesa Nacional, e depois da Comissão Para os Assuntos Estrangeiros. Em outubro de 2005 foi nomeado vice-presidente do Parlamento Polaco e em novembro de 2007 foi nomeado Presidente do Parlamento. Renunciou ao mandato no dia 8 de julho de 2010, depois de ser eleito Presidente da República da Polônia. Em 10 de abril de 2010, após a morte de Lech Kaczyński e de vários elementos da elite política polaca, num acidente na cidade de Smolensk (Rússia), Komorowski assumiu o cargo de presidente interino. Foi o candidato da Plataforma Cívica para as eleições que aconteceram em 20 de junho e 4 de julho de 2010 onde foi eleito com cerca de 53% dos votos, na segunda volta do escrutínio, tornando-se o quinto presidente da Terceira República Polaca. A 19 de abril de 2012 foi agraciado por mérito com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.

         Cassubianos - mutatis mutandis - não têm o estatuto de “minoria nacional” ou étnica, mas sim de grupo linguístico. Os cassubia nunca existiram politicamente como Estado, nem mesmo como região autônoma. Entre 250.000 e 300.000 pessoas falam ou entendem Kashubian. Cerca de 60.000 pessoas “falam em casa”, na maioria das vezes nas “áreas rurais”, mas o número de pessoas que pertencem ao movimento cultural cassubiano é maior, cerca de meio milhão de habitantes. As administrações locais podem usar o cassubiano, desde 2005, apenas como língua complementar à língua oficial, o polonês. Kashubian é semelhante ao polonês antigo e manteve muitas palavras e fonemas dele. A semelhança serve à representação, que reina sobre ela; a similitude serve à repetição, que corre através dela. Para a opinião popular, Kashubian incorporou apenas 5% das palavras alemãs em seu vocabulário, e esses empréstimos são frequentemente antigos e comuns ao vocabulário polonês. Embora existam muitos dialetos locais do cassúbio onde quase todos os cantões têm seu próprio dialeto, é possível distinguir naturalmente entre cassúbio do Norte e cassúbio do Sul.                      

O Padre Jan Kaczkowski escreveu livros sobre sua vida, influenciando os leitores a lidar afetivamente com doenças terminais e aproveitar este sopro da vida ao máximo, mesmo encontrando-se em vis-à-vis da adversidade comum à atividade humana. Ele foi diagnosticado clinicamente com um grave tumor cerebral em 2012, mas superou todas as expectativas adversas e viveu por mais quatro anos antes de falecer em 2016.  Jan Adam Kaczkowski sofria de problemas de saúde desde o nascimento, tendo um grave déficit de visão e lateral esquerdo Kaczkowski sofria de problemas de saúde desde o nascimento, tendo um grave déficit de visão e paresia. Em 2012, ele foi alcançado com glioblastomae morreu da doença em 28 de março de 2016. Em 11 de abril de 2012, ele foi premiado com a Ordem da Polônia Restituta pelo presidente polonês Bronisław Komorowski. Foi presidente do país de 2010 até 2015. Ele foi agraciado com o título de cidadão honorário de Puck. O filme biográfico é Johnny sobre sua vida. O filme teve o segundo melhor resultado comercial do filme polonês de bilheteria doméstica em 2022. 

Enquanto estudante do ensino secundário polonês Bronisław Komorowski esteve envolvido em atividades políticas de oposição ao regime comunista, participando em protestos, como o ocorrido em março de 1968. Foi preso pela primeira vez em dezembro de 1971. Fez parte de ações políticas de apoio e ajuda aos trabalhadores feridos nas greves das empresas Radom e Ursus em 1976. Colaborou com a Comissão de Proteção dos Trabalhadores e com o Movimento para a Defesa dos Direitos Humanos e Civis, e ipso facto organizou manifestações patrióticas. Foi impressor, jornalista, Editor e distribuidor de imprensa clandestina. Durante os anos de oposição, foi preso e ficou ferido diversas vezes. Durante a Lei Marcial estava internado. Defendeu a dissertação de Mestrado na Faculdade de História da Universidade de Varsóvia. Em 1977 trabalhou na Zespół Prasy Pax uma organização fundada em 1947 e, entre 1980 e 1981, no Centro de Pesquisa Social NSZZ Solidarność (Sindicato independente do Solidariedade) na região da Mazóvia. A partir de setembro de 1982 trabalhou como Editor da revista clandestina “ABC” (Adriático-Báltico-Mar Negro). Durante o período de lei marcial e até 1989 foi professor de História na Escola Secundária de Teologia em Niepokalanów. Entre 1989 e 1990 foi diretor do gabinete de Aleksander Hall no Conselho de Ministros. Entre 1990 e 1993, durante o governo de Tadeusz Mazowiecki (1927-2013), Jan Krzysztof Bielecki e Hanna Suchocka, membros da Defesa Nacional para os Assuntos Sociais e de Educação.

Entre 2000 e 2001, no governo de Jerzy Karol Buzek, foi ministro da Defesa Nacional. Foi membro da União da Liberdade onde trabalhou como secretário-geral. Mais tarde, juntou-se ao Partido Popular Conservador, do qual foi vice-presidente. Em 2001 tornou-se membro da Plataforma Cívica e aí foi presidente para a região da Mazóvia. Em junho de 2006 foi nomeado vice-presidente do partido.  De 1991 até 2010 foi membro do Parlamento Polaco. Fez parte da Comissão para os Polacos no Exterior e da Comissão para a Defesa Nacional, e depois da Comissão Para os Assuntos Estrangeiros. Em outubro de 2005 foi nomeado vice-presidente do Parlamento Polaco e em novembro de 2007 foi nomeado Presidente do Parlamento. Renunciou ao mandato no dia 8 de julho de 2010, depois de ser eleito Presidente da República da Polônia. Em 10 de abril de 2010, após a morte de Lech Kaczyński e de vários elementos da elite política polaca, num acidente na cidade de Smolensk (Rússia), Komorowski assumiu o cargo de presidente interino. Foi o candidato da Plataforma Cívica para as eleições que aconteceram em 20 de junho e 4 de julho de 2010 onde foi eleito com cerca de 53% dos votos, na segunda volta do escrutínio, tornando-se o quinto presidente da Terceira República Polaca. A 19 de abril de 2012 foi agraciado por mérito com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.

Cassubianos - mutatis mutandis - não têm o estatuto de “minoria nacional” ou étnica, mas sim de grupo linguístico. Os cassubia nunca existiram politicamente como Estado, nem mesmo como região autônoma. Entre 250.000 e 300.000 pessoas falam ou entendem Kashubian. Cerca de 60.000 pessoas “falam em casa”, na maioria das vezes nas “áreas rurais”, mas o número de pessoas que pertencem ao movimento cultural cassubiano é maior, cerca de meio milhão de habitantes. As administrações locais podem usar o cassubiano, desde 2005, apenas como língua complementar à língua oficial, o polonês. Kashubian é semelhante ao polonês antigo e manteve muitas palavras e fonemas dele. A semelhança serve à representação, que reina sobre ela; a similitude serve à repetição, que corre através dela. Para a opinião popular, Kashubian incorporou apenas em torno de 5% das palavras alemãs em seu vocabulário, e esses empréstimos valiosíssimos são frequentemente antigos e comuns ao polonês. Embora existam muitos dialetos do cassúbio onde em quase todos os cantões têm seu próprio dialeto, é impossível não distinguir o cassúbio do Norte e o cassúbio do Sul. Kashubian escrito é semelhante com  polonês por causa do vocabulário emprestado e de uma sintaxe semelhante. Na literatura entre Cassúbios fazem utilizações gramaticais, desde o século XV, com o alfabeto latino, de acordo com o progresso do modelo polonês.

      Por outro lado, comparativamente, o cassubiano falado difere muito claramente do polonês, existindo diferenças importantes entre os fonemas, o uso de preposições, o vocabulário, a formação de palavras e as declinações próprias da língua. As regras de acentuação também são muito diferentes, como a queda das vogais em sílabas átonas. As diferenças fonéticas são tais que um polonês não entende imediatamente o cassubiano, o que lhe parece difícil, e ele entende mais facilmente outras línguas eslavas, como o eslovaco ou o tcheco. Kashubian é ensinado de forma fundamental em cerca de 50 escolas primárias e 10 escolas secundárias, e cerca de 6.000 alunos aprendem a língua. Desde 2005, Kashubian é uma disciplina opcional na maturidade o que é equivalente ao bacharelado francês. O linguista alemão de Mecklenburg, Friedrich Lorentz (1870-1937) realizou importantes pesquisas etnolinguísticas sobre a origem da língua e publicou diversos trabalhos sobre ortografia e gramática e um dicionário de cassúbio-pomerânia. O linguista de Cracóvia, Stefan Ramułt (1859-1913), publicou um livro sobre o assunto. Em The Drum (O Tambor) o extraordinário escritor alemão Günter Grass descreve como a mãe e o tio do protagonista Oskar Matzerath “têm que praticar sua língua quase secretamente”. Um contraste com a tradição é inerente a ideia de modernidade. As combinações do moderno e do tradicional podem ser encontradas nos cenários sociais concretos. 

Para Giddens, há um sentido sociológico fundamental no qual a reflexividade é uma característica definidora de toda ação humana. Todos os seres humanos rotineiramente “se mantém em contato” com as bases do que fazem como parte integrante do fazer. A ação humana não incorpora cadeias de interações e motivos agregados, mas uma consistente – e, principalmente, como demonstrou Erving Goffman, nunca passível de ser relaxada – monitoração do comportamento e seus contextos. Além disso, na medida em que a capacidade intelectual criadora de ler e escrever é monopólio de poucos, pois a rotinização da vida cotidiana permanece presa à tradição no antigo sentido. Na modernidade a reflexividade assume algo diferente. Ela é introduzida na própria base de reprodução do sistema, de forma que o pensamento e a ação estão constantemente refratados entre si. A rotinização a vida cotidiana não tem nenhuma conexão intrínseca com o passado, exceto na medida em que o passado por acaso coincide com o que pode ser definido de uma maneira proba à luz do conhecimento renovado. Combinado com a inércia do hábito, isto significa que, mesmo na mais moderna das sociedades, a tradição continua a desempenhar um determinado papel social. Dizer com frequência que a modernidade não é uma adoção do novo por si só, mas a suposição da reflexividade indiscriminada, que é claro, inclui a reflexão sobre a natureza da própria reflexão, provavelmente estamos somente agora, começando a nos dar conta de quão profundamente perturbadora é esta perspectiva. A modernidade é constituída por e através de conhecimento reflexivamente aplicado, mas a equação entre conhecimento e certeza revelou-se erroneamente interpretada. 

Estamos em parte num mundo que é constituído através do conhecimento aplicado, mas onde, ao mesmo tempo, não podemos nunca estar seguros de que qualquer elemento dado deste conhecimento não será revisado. No coração do mundo da ciência sólida, a modernidade vagueia livre. A posição de pivô da sociologia na reflexividade da modernidade vem de seu papel social como o mais generalizado tipo de reflexão sobre a vida moderna como conhecimento organizado. A modernidade é ela mesma profunda e intrinsecamente sociológica. Muito do que é problemático na posição do sociológico profissional, como o fornecedor de conhecimento perito sobre a vida social, deriva do fato de que ele ou ela está, na maior parte, um passo adiante dos leigos esclarecidos praticantes da disciplina. A expansão de nosso entendimento do mundo social poderia produzir uma abrangência progressivamente mais elucidativa das instituições humanas e, per se o crescente controle tecnológico sobre elas, se a vida social já não fosse um truísmo, inteiramente separada do conhecimento humano ou se esse conhecimento pudesse ser filtrado continuamente nas razões para a ação social, produzindo passo a passo aumentos na racionalidade do comportamento em relação a necessidades específicas. O conhecimento reivindicado por observadores peritos em parte e de maneiras muito variadas reúne-se a seu objeto, deste modo em princípio, mas também normalmente na prática alterando-o praticamente. Não há paralelo a este processo na Naturwissenschaften; não é nada semelhante ao que ocorre quando, no campo da microfísica, a intervenção social de um observador muda o que está sendo visto, e conscientemente interpretado, porque está sendo continuamente estudado.

Bibliografia geral consultada.

MARTINS, Andréa França, Cinema e Azul, Branco e Vermelho: A Trilogia de Kieslowski. Dissertação de Mestrado. Escola de Comunicações e Arte. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1996; GIDDENS, Anthony, Modernidad y Identidadel Yo: El yo y la Sociedad en la Época Contemporânea. Barcelona: Ediciones Península, 1997; LUHMANN, Niklas, Confianza. Mexico: Ediciones Universidad Iberoamericana, 1996; ALVIRA, Rafael, La Razón de Ser Hombre. Ensayo acerca de la justificación del ser humano. Madrid: Ediciones RIALP, 1998; WOJTYLA, Karol, El Don del Amor. Escritos sobre a Familia. Madrid: Ediciones Palabra, 2000; WEBER, Max, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo2ª edição. São Paulo: Editora Pioneira, 2003; NOVELLI, José Gaspar Nayme, Confiança Interpessoal na Sociedade de Consumo: A Perspectiva Gerencial. Tese de Doutorado. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2004; MOREIRA, Keila Cruz, Padre Miguelinho: O Intelectual, O Professor, O Revolucionário - Vozes que se Fazem Ouvir. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2005; BRAGA, Ubiracy de Souza, “Bíblia: Exclusividade na Educação Pública?”. In: Jornal O Povo. Fortaleza, 8 de julho de 2014; WEBER, Regina, “Agentes e Intelectuais Étnicos entre Poloneses”. In: Tempos Históricos, Vol. 19, 1º semestre de 2015; pp. 253-273; CAPELLI, Benedetta, “A Beatificação do Cardeal Wyszyński, um Pilar da Igreja Polonesa”. In: https://www.vaticannews.va/2021/09/13; FIGUEIREDO, Nestor, Religião como Objeto de Ciência: A Ideia de uma Disciplina Epistemologicamente Autônoma a partir de uma Abordagem Definicional. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões. Centro de Educação. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2022; SCHOLTZ, Adriana de Jesus, De Polacos a Poloneses, de Problema a Orgulho: Trajetória das Atitudes e Crenças Linguísticas em Virmond/PR. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Centro de Educação, Comunicação e Artes. Cascavel: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2022; COUTO, Vinicius Magno Borges Nunes, Não somos daqueles que dominam a fé dos outros. Tolerância , Irenismo e Liberdade de Existência em Jacó Armínio. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2022;  entre outros. 

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Nina Simone – Ain`t Got No – Pianista, Dororidade & Interpretação.

                                                          Eu te digo o que a liberdade significa para mim: não ter medo”. Nina Simone                 

                   

         Eunice Kathleen Waymon, reconhecida pelo nome artístico Nina Simone (1933-2003), foi uma pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros norte-americanos. O movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos tem como representação social a campanha por direitos civis e igualdade para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos. Os negros foram escravizados nos Estados Unidos da América de 1619, trazidos da África por colonos ingleses, até 1863, com o fim da Guerra Civil, a Proclamação de Emancipação e o início da Reconstrução Americana. A escravidão representou a base da economia dos estados do Sul, e marcou profundamente as relações sociais nessa região escravocrata. Sua causa principal foi a longa controvérsia sobre a escravização dos negros. O conflito eclodiu em abril de 1861, quando as forças separatistas atacaram o Fort Sumter, na Carolina do Sul, pouco depois de Abraham Lincoln (1809-1865) ser eleito e ter “tomado posse como Presidente dos Estados Unidos”. Os legalistas da União no Norte, que também incluíam alguns estados geograficamente ocidentais e do Sul, proclamaram apoio à Constituição, enfrentaram os secessionistas dos Estados Confederados do Sul, que defendiam os direitos em manter a escravidão. Abraham Lincoln foi um político que serviu como o 16° presidente dos Estados Unidos, cargo que ocupou de 4 de março de 1861 até seu assassinato em 15 de abril de 1865. Lincoln falece antes de assistir à ratificação da 13ª Emenda à Constituição que aboliu a escravidão.

        Liderou o país de forma bem-sucedida durante sua maior crise interna, a Guerra Civil Americana, também reconhecida como Guerra de Secessão ou Guerra Civil dos Estados Unidos, travada nos Estados Unidos de 1861 a 1865, entre a União e os Confederados. Sua causa principal foi a longa controvérsia sobre a escravização dos negros, preservando a integridade territorial do país, abolindo a escravidão e fortalecendo o governo nacional. Criado em uma família carente na fronteira Oeste, Lincoln foi autodidata, tornou-se advogado, líder do Partido Whig, deputado estadual de Illinois durante a década de 1830 e membro da Câmara dos Representantes por um mandato durante a década de 1840. Após uma série de debates em 1858, que repercutiu em todo o país demonstrando a sua oposição à escravidão, Lincoln perdeu uma disputa para o Senado para seu arquirrival, Stephen A. Douglas (1813-1861). Lincoln, um moderado de um swing State (“estado decisivo”), garantiu a nomeação para a candidatura presidencial de 1860 pelo Partido Republicano. Com quase nenhum apoio do Sul, ele percorreu o Norte e foi eleito presidente. Sua eleição fez com que estrategicamente sete estados escravistas do Sul declarassem sua secessão da União e formassem os Estados Confederados da América. A ruptura com os sulistas fez com que o partido engajado de Lincoln obtivesse controle do Congresso, mas nenhuma ação ou reconciliação foi realizada. Em seu segundo discurso de posse, ele explicou a dialética em que “ambas as partes desprezavam a guerra, mas uma delas faria guerra ao invés de permitir a sobrevivência da nação e a outra aceitaria a guerra ao invés de deixar esta perecer, e veio a guerra”.

          Um político excepcionalmente astuto e profundamente envolvido com as questões de poder em cada estado, Lincoln apoiou os War Democrats e conseguiu sua reeleição em 1864. Como líder de uma facção moderada do Partido Republicano, Lincoln notou que suas políticas e personalidade haviam “explodido para todos os lados”: os Republicanos Radicais exigiam um severo tratamento do Sul, os War Democrats desejavam um maior comprometimento, pois os “Copperheads”, democratas pacifistas, desprezavam os membros do seu partido que defendiam o conflito e os secessionistas irreconciliáveis tramaram o seu assassinato. Politicamente, Lincoln reagiu, colocando seus oponentes uns contra os outros e apelando para o povo norte-americano com seu poder de oratória. O seu Discurso de Gettysburg, de 1863, tornou-se um dos discursos mais citados na história política dos EUA e um ícone da demonstração dos princípios de nacionalismo, republicanismo, igualdade, liberdade e democracia. Ao fim da guerra, em face da persistente e amarga divisão do país, Lincoln demonstrou-se moderado quanto à sua Reconstrução, “buscando reunir a nação rapidamente através de uma política de reconciliação generosa”. Seis dias depois de o general Robert Edward Lee (1807-1870), comandante das forças Confederadas, se render, Lincoln foi assassinado pelo ator e simpatizante confederado John Wilkes Booth (1838-1865). Como foi o primeiro presidente dos Estados Unidos da América ter sido assassinado, sua morte levou seu país a entrar em luto nacional. Lincoln tem sido consistentemente considerado por estudiosos e pelo povo como um dos três maiores presidentes dos Estados Unidos.


Em fevereiro de 1861, dos trinta e quatro estados do país, sete escravistas do Sul foram declarados por governos como segregados, criando-se os Estados Confederados da América, que organizaram uma rebelião armada contra o governo constitucional. Os Confederados cresceram para abranger, pelo menos, a maioria dos territórios de onze estados, e reivindicaram ainda Kentucky e Missouri por declarações de secessionistas que fugiam da autoridade central da União, mas sem território ou população, tiveram total representação no Congresso Confederado durante a Guerra Civil. Os dois restantes, Delaware e Maryland, foram convidados a ingressar aos Confederados, mas nada de substancial se desenvolveu devido à intervenção das tropas militares da União. Os Estados Confederados nunca foram reconhecidos diplomaticamente pelo governo dos estados ou por qualquer país estrangeiro. Os estados que permaneceram leais aos Estados Unidos eram reconhecidos como União. Rapidamente a União e os Confederados recrutaram exércitos de voluntários, recorrendo também à conscrição (Lei) para preencher as crescentes baixas. Combates intensos durante os quatro anos de guerra deixaram entre 620 mil a 750 mil pessoas mortas, que ainda é o maior número de baixas militares dos Estados Unidos entre outras guerras combinadas que o país travou.

Seu fim ocorreu em 9 de abril de 1865, quando o general confederado Robert Edward Lee se rendeu ao general da União, Ulysses Simpson Grant (1822-1885), na Batalha de Appomattox Court House. Generais confederados dos estados do Sul seguiram o exemplo, com a última rendição em terra a ocorrer em 23 de junho. Grande parte da infraestrutura econômica do Sul foi destruída, principalmente os sistemas de transporte. A Confederação entrou em colapso, a escravidão foi abolida e mais de quatro milhões de escravos negros foram libertados. Durante a chamada Era da Reconstrução que se seguiu à guerra, a unidade nacional foi lentamente restaurada, o governo nacional expandiu seu poder e os direitos civis e políticos foram concedidos gradativamente aos escravos negros libertados por meio de emendas à Constituição. A guerra civil americana é um dos eventos mais violentos da história política mundial estudados e escritos sobre a história daquele país. A Guerra Civil Americana representou “uma das primeiras guerras industriais”. Ocorreu um processo de trabalho integrado entre ferrovias, telégrafos, navios a vapor e navios de ferro e armas de fogo letais que foram produzidos em massa eram empregados extensivamente. A mobilização de fábricas civis, minas, estaleiros, bancos, transporte e suprimentos de alimentos prenunciou o impacto econômico e social da industrialização europeia na 1ª Guerra Mundial (1914-1918), na 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e nos conflitos subsequentes ocidentais.

Continua sendo a guerra mais letal da história norte-americana. De 1861 a 1865, estima-se que 620 mil a 750 mil soldados tenham morrido com um número indeterminado de civis. De acordo com uma estimativa, a guerra matou 10% de todos os homens do Norte entre 20 e 45 anos de idade e 30% de todos os homens brancos do Sul entre 18 e 40 anos. As causas da secessão eram complexas e têm sido controversas desde o início da guerra, mas a “maioria dos acadêmicos identifica a escravidão como uma causa central da guerra”. James Chapin Bradford (1885-1941) escreveu que a questão foi ainda mais complexificada pelos estudos de revisionistas históricos, que tentaram oferecer uma variedade de razões políticas para a guerra. A escravidão foi a fonte central da crescente tensão política na década de 1850. O Partido Republicano estava determinado a impedir qualquer propagação da escravidão, e líderes do Sul ameaçavam a secessão se o republicano Abraham Lincoln vencesse a eleição de 1860. Entretanto, depois que Lincoln venceu, líderes do Sul sentiram que a desunião era a única opção, temendo que prejudicasse a capacidade de promover atos e políticas pró-escravidão.

A escravidão era uma das principais causas de coerção social e de desunião. Embora houvesse opiniões opostas até nos Estados da União, a maioria dos soldados do Norte era considerada indiferente ao assunto, enquanto os confederados travavam a guerra principalmente para proteger uma parte da sociedade do Sul da qual a escravidão era parte econômica importante integrante. Do ponto de vista político antiescravidão, a questão era principalmente sobre a ambiguidade se o sistema antimoderno de escravidão era “um mal anacrônico que era incompatível com o republicanismo”. A estratégia das forças políticas antiescravidão era a contenção, parar a expansão e, assim, “colocar a escravidão no caminho da extinção gradual”. Os interesses dos escravos no Sul denunciaram essa estratégia como uma violação de seus direitos constitucionais. Os brancos do Sul acreditavam que a emancipação dos escravos destruiria a economia do Sul, devido à grande quantidade de capital investido em escravos e ao “medo de integração da população negra de ex-escravos”. Em particular, os Sulistas temiam uma repetição dos “horrores de Santo Domingo”, ou Massacre de 1804, no Haiti, em que quase todos os homens brancos, incluindo homens, mulheres, crianças e até muitos que simpatizavam com a abolição, foram mortos após a bem-sucedida revolta de escravos.

       O historiador Thomas Fleming (1927-2017) compreende e interpreta a frase histórica “uma doença na mente do público” usada pelos críticos dessa ideia e propõe que ela contribuiu para a segregação na Era do abolicionista Jim Crow após a emancipação das leis estaduais e locais que impunham a segregação racial no Sul dos Estados Unidos. Fleming serviu como presidente da Society of American Historians e do PEN American Center. Fleming também passou dez anos como presidente da Mesa Redonda da Revolução Americana de Nova York e foi membro honorário da Sociedade do Estado de Cincinnati de Nova York desde 1975. Ele morava em Nova York com sua esposa, Alice, escritora de livros para jovens. Fleming publicou livros sobre variados eventos e figuras da Era revolucionária. Ele também escreveu sobre outros períodos da história americana e escreveu mais de uma dúzia de romances bem recebidos em vários contextos históricos. Ele disse: - “Nunca quis ser um escritor irlandês-americano, toda a minha ideia era cruzar essa ponte e ser um escritor americano”. Essa foi minha primeira exposição realmente forte ao idealismo secular da América. Esses caras têm esse ideal de dever, honra, país, mas no mundo real, no Exército, muitas outras coisas estão acontecendo. Todas essas leis foram promulgadas no final do século XIX e início do século XX pelas legislaturas estaduais dominadas pelos Democratas após o período da Reconstrução. As leis foram aplicadas entre 1877 e 1964. Esses temores foram exacerbados pela recente tentativa de John Brown (1800-1859) de instigar uma rebelião armada de escravos no Sul. A escravidão era ilegal em grande parte do Norte, tendo sido proibida no final do século XVIII e início do século XIX. Também estava desaparecendo nos estados fronteiriços e nas cidades do Sul, mas estava se expandindo nos distritos têxteis de algodão altamente lucrativos do Sul e Sudoeste rurais. Os escritores subsequentes da Guerra Civil Americana analisaram vários fatores sociais, econômicos e políticos que explicam a real e originária divisão social e historiográfica entre opostos.   

O nome artístico Nina Simone foi adotado aos 20 anos, para que pudesse cantar blues escondida de seus pais e familiares, que não aceitavam sua opção feminina de ser cantora, enquanto treinava para tornar-se uma pianista clássica, em bares de Nova York, Filadélfia e Atlantic City. “Nina” originou-se de Niña, apelido que recebera de seu namorado hispano falante, enquanto “Simone” representou uma homenagem político-afetiva à atriz francesa da qual era fã incondicional, Simone Signoret (1921-1985), e que ela teria visto pela primeira vez atuando no filme francês Casque d’Or (1952), dirigido por Jacques Becker (1906-1960). A história social foi baseada em um triângulo amoroso entre Amélie Élie e os líderes das “gangues” Apache, Manda e Leca, que foi objeto de muitas reportagens sensacionalistas em 1902. É bastante reverenciada – mutatis mutandis - nos meios de trabalho musicais do jazz, mas desempenhou-se com diversos estilos musicais na vida artística, como música clássica, blues, folk, gospel e pop. Segundo suas Memórias, coletadas pelo jornalista Henri Fremont, a jovem Orléanaise se demonstrou precocemente ao se mudar aos treze anos de idade para uma casa com um trabalhador de quinze anos apelidado de “le Matelot”. Encontrados no Hôtel des Trois Empereurs, separados pela força bruta das autoridades da sociedade civil.

Le Matelot então divide sua vida entre reformatórios e fugitivos, mas a aventura com Amélie Élie dura um ano. Ela conhece Dominique François Eugène Leca, reconhecido como François Leca, em um covil em Les Halles chamado Caveau des Innocents. Os pastéis de Kollwitz do Caveau des Innocents em Paris estão entre suas obras mais modernas. Eles demonstram que ela estava familiarizada com os desenhos de Edgar Degas (1834-1917), Hilaire Germain Edgar de Gas, reconhecido como Edgar Degas, um pintor, gravurista, escultor e fotógrafo francês e Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901), e também com as pinturas de Édouard Vuillard (1868-1940), um ilustrador do grupo Les Nabis e pintor francês. O teto abobadado sombrio, as passagens em arco e o piso de paralelepípedos são claramente discerníveis. Manda reaparece, irritada. Ele desencadeia hostilidades esfaqueando Leca. Manda é preso, mas Leca não o tendo reconhecido perante a polícia, é libertado. Ele consolida sua vantagem ao atacar o hotel onde residem Leca e Amélie, sem que ninguém se machuque. A guerra é declarada, uma batalha campal ocorre uma semana depois entre o bando do Manda e o de Leca é baleado de revólver no braço e na coxa e aguarda três dias para ser atendido no Hospital Tenon, onde a polícia vem interrogá-lo e perante o qual cumpre a mesma lei do silêncio. Ao sair do hospital, a quadrilha do Manda esfaqueou Leca mais três vezes no táxi que transportava o ferido. O caso de polícia Manda-Leca está nas manchetes populares cotidianas. Um jornalista do Petit Journal, Arthur Dupin, ficou indignado: - “São costumes apaches, do Extremo Oeste, indignos de nossa civilização” (cf. Kalifa, 2010).

Durante meia hora, no coração de Paris, no meio da tarde, duas gangues rivais brigaram por uma garota das fortificações, uma loira de coque alto, com corte de cabelo de cachorro!”. A polícia interroga Leca novamente e encontra o mesmo silêncio. É o pai de Leca, exausto por esses ataques incessantes do filho, que acaba desistindo do nome do Manda, que então foge. Após um exílio de uma semana em Londres, ele voltou para Alfortville, “onde foi reconhecido, denunciado e preso por um destacamento de cerca de cinquenta policiais”. A imprensa corre, os escritores produzem canções, peças de teatro. Pintores pedem a Amélie para posar. Albert Depré (1861-1937) fez o seu retrato que expôs no Salão. O Théâtre des Bouffes du Nord o contratou para representar ele mesmo em uma peça teatral. Leca e Amélie se beneficiam e vivem dessa renda inesperada. Uma felicidade efêmera, já que a batalha Manda-Leca continua, mas desta vez, Leca assume o papel de um presidiário e se refugia na Bélgica, onde é pego. Nada muda para Amélie, uma multidão assiste ao julgamento do Manda em maio de 1902, especialmente para vê-lo. Manda e Leca são condenados a trabalhos forçados e prisão. Eles partem para a Guiana. Leca escapa do11 de fevereiro de 1916 e não será encontrado. Manda seria solto em 1922, mas, forçado a permanecer na Guiana francesa devido às regras de rebaixamento que o colocavam em prisão domiciliar, morreu aos Saint-Laurent-du-Maroni em 20 de fevereiro de 1936, uma comuna do departamento ultramarino da Guiana Francesa. Situa-se próximo à foz do rio Maroni, junto à fronteira com o Suriname, o menor país independente situado no Planalto das Guianas do continente latino-americano.

Nina Simone após ser impedida de tornar-se uma grande concertista através do conservatório, permaneceu um tempo em Nova York até ir para Atlantic City e, nessa cidade, trabalhando como pianista em um bar, cedia aos pedidos do dono para cantar enquanto tocava piano. Em sua carreira, interpretou canções de diversos estilos, indo do gospel ao soul music, e também compôs algumas canções. Foi uma das primeiras artistas negras a ingressar na renomada Escola de Música de Juilliard, em Nova Iorque. Sua canção Mississippi Goddam (1964) tornou-se hino ativista negro. Fala sobre o assassinato de quatro crianças negras em uma igreja de Birmingham em 1963. Ao se apresentar em um evento militar em Forte Dix, Nova Jersey, em 1971, em plena Guerra do Vietnã, Nina Simone deu voz àqueles que “eram contrários ao conflito, quando cantou um poema em que Deus é chamado de assassino, após 18 minutos de My Sweet Lord, de George Harrison”, nascido em Liverpool, na Inglaterra, em 25 de fevereiro de 1943, o último de quatro filhos de Harold Hargreaves Harrison e sua esposa Louise, nascida Louise French.

Possuía raízes irlandesas, uma vez que seu avô materno, John French, nascera no Condado de Wexford, na Irlanda, imigrando para Liverpool, onde se casou com a jovem do subúrbio londrino, Louise Woollam.  Tinha uma irmã, Louise, de mesmo nome de sua mãe, nascida a 19 de agosto de 1931, e dois irmãos, Harry, nascido a 1934 e falecido nos anos 1990 e Peter, nascido a 1940 e falecido em 2007. Sua mãe, Louise (1911-1970), trabalhava em uma loja de Liverpool e Harold (1909-1978), seu pai, era um motorista de ônibus que, anteriormente, havia trabalhado como dispensário de barcos na White Star Line. Sua família era de formação católica. Nasceu na casa aonde viria a morar pelos seus primeiros seis anos de vida, o número 12 da Arnold Grove, situada em Wavertree, Liverpool. Em 1950, uma modalidade de “Council House” foi oferecida à família, que se mudou para o número 25 da Upton Green, em Speke. No começo dos Beatles, George Harrison era visto pelos outros membros do grupo ainda como “um garoto, por ser o mais jovem dentre os membros integrantes”. Ele foi o primeiro Beatle a ir aos Estados Unidos da América, quando visitou sua irmã Louise em Benton, Illinois, em setembro de 1963.

Em 1964, ele voltaria aos Estados Unidos com os Beatles,  quando se apresentaram no programa de TV, Ed Sullivan Show. Durante esta visita, Harrison ganhou uma guitarra modelo “360/12” da Companhia Rickenbacker; esta guitarra de 12 cordas fez parte de vários solos de George por volta de 1965. Durante o auge da beatlemania, George ficou conhecido como o “quiet Beatle” (“Beatle tímido”), devido à sua maneira introspectiva e tendência a falar pouco durante as entrevistas. Apesar da imagem de “beatle tranquilo”, a maioria dos amigos, como Eric Idle, membro do Monty Python, assegura que na intimidade ele era muito falante, contradizendo a imagem vulgarizada que a imprensa especulava a seu respeito. Harrison escreveu a primeira canção em 1963, “Don`t Bother Me”, no 2° álbum dos Beatles.   Foi a partir de 1965 que George Harrison começou a contribuir com composições para o grupo. No álbum Help! ele lançou duas composições próprias: “I Need You” e “You Like Me Too Much”.

Um importante marco em sua carreira ocorreu na turnê norte-americana de 1965, quando David Crosby, do grupo The Byrds, introduziu George Harrison à cultura indiana “através do trabalho do músico Ravi Shankar”. Fascinado pelo som se tornou um dos maiores responsáveis pela popularização da música indiana nos anos 1960. Após comprar um sitar, um instrumento musical de origem indiana, que é da família do alaúde. É um símbolo da música da Índia. Instrumento de corda beliscada, tal como a guitarra, o banjo, a cítara e o alaúde, entre outros. Se destaca por seu som metálico e glissandos. O nome sitar provém do persa, e significa “de três cordas”, o que é uma alusão à forma original do instrumento. Ele introduziu pela primeira vez na música pop, um instrumento indiano, na canção “Norwegian Wood” do álbum Rubber Soul. Após essa experiência, escreveu algumas canções que utilizaram outros instrumentos indianos como a tabla e o sitar. Em 1967, ele foi responsável pela inclusão de Ravi Shankar no Festival Pop de Monterey, ocorrido de 16 a 18 de junho de 1967 no Monterey County Fairgrounds, em Monterey na Califórnia, nos Estados Unidos da América. Eunice Kathleen Waymon nasceu e foi criada em Tryon, na Carolina do Norte (EUA). 

A sexta de oito filhos de família pobre e religiosa, ela começou a tocar piano aos 3 anos: As primeiras canções que aprendeu foram: God Be With You e Till We Meet Again. Demonstrando um talento natural com o instrumento, ela se apresentava na sua igreja local, que emprestava seus instrumentos musicais para os alunos pobres. Seu concerto de estreia, um recital clássico, foi realizado no seu aniversário de doze anos, no palco da igreja. Simone mais tarde revelou em entrevistas que durante essa apresentação seus pais, que se sentaram na fileira da frente, foram forçados a sentar-se atrás do hall, para abrir espaço para os brancos. Simone, contrariada afirmou que “se recusou a tocar o piano, até que seus pais fossem movidos novamente para a frente da plateia, como estavam antes”. A artista revelou em entrevista que este incidente contribuiu para o seu envolvimento consciente, anos mais tarde, nos movimentos pelos direitos civis dos negros. A mãe de Nina Simone, Mary Kate Waymon, era uma ministra metodista e empregada doméstica. O pai de Simone, John Divine Waymon, era um marceneiro, que também tinha o próprio negócio de “limpeza a seco”, apesar dos seus problemas respiratórios.

As primeiras igrejas são transportes que datam da Antiguidade tardia. Durante a expansão do cristianismo a construção de igrejas e catedrais se espalhou pelo mundo cristão. As técnicas de construção passaram a depender cada vez mais dos materiais disponíveis e das habilidades dos transportadores de cada região. Diferentes estilos arquitetônicos se desenvolveram e se disseminaram pela administração das novas ordens monásticas, de bispos de uma região nomeados para governar outra e pelas mãos de mestres pedreiros itinerantes que frequentemente serviam de arquitetos. Os estilos das igrejas transportadoras foram chamados, sucessivamente, de arquitetura paleocristã, bizantina, românica, gótica, renascentista, barroca, coroando estilos de revivalismo do final do século XVIII até o princípio do XX nosso contemporâneo. E sobreposto a cada um destes estilos religiosos estavam os diversos estilos e características regionais. Entre estas algumas são peculiares à região, nação ou país que, independentemente da forma de seu estilo, aparecem em igrejas projetadas com séculos distantes da diferença entre si.

A palavra igreja, Eclésia, a representação social “casa de Deus” tem diversos significados nos livros Sagradas Escrituras, onde os cristãos se reúnem para cumprir seus deveres religiosos. O templo de Jerusalém era a casa de Deus e a casa de oração. O edifício dedicado pelos cristãos ao culto de Cristo, que os sacerdotes gregos chamavam Kyriaké (“a casa do senhor”), e, na língua inglesa, veio mais tarde a se chamar Kirk e Church. Em Roma, essa assembleia denominada Concio, é aquela que falava Ecclesiastes e Concionator. No Novo Testamento, uma igreja é um grupo de cristãos que seguem a Cristo. A palavra pode ser usada para falar de todos aqueles que servem ao Senhor, não importa onde estejam (cf. Hebreus 12: 22-23). É frequentemente usada para descrever grupos locais de discípulos que se encontram para adorarem, para edificarem uns aos outros e para proclamarem o evangelho de Jesus. É neste ambiente social de igrejas que encontramos homens escolhidos para supervisionar e guiar. Os sistemas comuns de denominações, de ligas internacionais de igrejas e de hierarquias que ligam e governam milhares de igrejas locais, são invenções do homem. Não há modelo bíblico de tais arranjos. No Novo Testamento, os cristãos serviam juntos em congregações locais. Eles eram gratos pelos seus irmãos também reconhecidos em outros lugares. Mas não tentavam criar laços de organização social onde os cristãos de um lugar pudessem dirigir ou governar o trabalho de discípulos de outro lugar. Este modelo se espraia considerado o ensinamento sobre a questão normalizada de organização social da igreja.

É ainda nesse último sentido, para o filósofo Thomas Hobbes, que a Igreja pode ser entendida como uma pessoa, isto é, que ela “tenha o poder de querer, de pronunciar, de ordenar, de ser obedecida, de fazer leis ou de praticar qualquer espécie de ação”. Se não existir a autoridade de uma congregação legítima, qualquer ato praticado por um conjunto de pessoas é um ato individual de cada um dos presentes que contribuíram para a prática desse ato. Não um ato conjunto, como se fosse de um só corpo. Nem um ato dos ausentes ou daqueles que, estando presentes, eram contra a sua prática. Uma Igreja pode ser definida “como um conjunto de pessoas que professam a religião cristã, ligadas à pessoa de um soberano, que ordena a reunião e que determina quando não deverá haver reunião”. Ipso facto, politicamente distingue entre a condição da pessoa e o ofício. Enquanto historicamente na Itália Maquiavel discutia as virtudes e deveres dos príncipes, como para Louis XIV, na França mormente: “o Estado sou eu”, Hobbes na Inglaterra, desafiou, quando “o príncipe poderia ser legitimamente substituído”. Nos Estados semelhantes assembleias são consideradas ilegítimas, se não são autorizadas pelo soberano civil. E ilegítima a reunião em qualquer Estado que tiver sido proibida.

Principalmente as catedrais, entendido o conceito de catedral como templo católico que é a cadeira (cátedra) do bispo ou arcebispo, responsável pelo território da diocese ou arquidiocese, mas também as igrejas de abadia, uma comunidade monástica cristã, originalmente católica (“casa regular formada”), sob a tutela de um abade ou de uma abadessa, que a dirige com a dignidade de pai ou madre espiritual da comunidade, e as basílicas, que representam um grande espaço coberto, destinado à realização de assembleias cuja origem remonta à Grécia Helenística. O seu modelo foi largamente desenvolvido pelos católicos Romanos, sendo mais tarde adaptado como modelo para os templos cristãos que exibem estruturas complexas que raramente são encontradas em igrejas paroquiais. Elas geralmente revelam em análise comparada, em grande medida, o melhor do estilo arquitetural e a concepção e execução do trabalho dos melhores artesãos, ocupando uma posição, eclesiástica e social, que as igrejas paroquiais não tinham. Estas catedrais, ou grandes igrejas são, geralmente, obras-primas da região onde estão assentadas e são objetos de grande orgulho estamental. Muitas catedrais, basílicas e diversas igrejas abaciais estão entre as mais importantes obras da arquitetura mundial. A arquitetura estrutural de catedrais, basílicas e igrejas abaciais é caracterizada principalmente pelo grande tamanho e mobilidade do edifício. Segue uma entre várias tradições de forma, sua função e estilos derivados. E em última instância, das tradições arquitetônicas do cristianismo primitivo consolidadas durante o período Constantiniano.Metodologicamente a combinação de um tipo ideal na sociologia clássica de “religião emocional”, mas ainda ascético, com uma crescente indiferença pelas bases dogmáticas do ascetismo calvinista, ou um repúdio a elas, segundo Max Weber (1973: 75 e ss.) é característica também do movimento anglo-americano correspondente ao pietismo continental: o metodismo

O próprio nome já mostra o que impressionava seus contemporâneos como característica de seus adeptos: o caráter sistemático, “metódico” da conduta no sentido da obtenção da certitudo salutis. Esta foi, desde o início, o centro da aspiração religiosa também para este movimento, e assim perdurou. Apesar de todas as diferenças, sua indubitável relação com certas ramificações do pietismo alemão é mostrado, acima de tudo, pelo fato de o método ter sido usado inicialmente para provocar o ato emocional da conversão. E a ênfase sobre este sentimento – despertada em John Wesley (1703-1791), clérigo anglicano e teólogo arminiano cristão britânico, líder precursor do movimento metodista e, ao lado de William Booth (1829-1912), um pregador metodista britânico fundador do Exército da Salvação, e o primeiro general desta instituição, um dos dois maiores avivacionistas da Grã-Bretanha, pelas influências moravianas-luteranas, levou o curso do metodismo, que desde o início viu a sua missão entre a massa, a tomar um caráter ideal-típico emocional, especialmente na América do Norte. A obtenção pública do arrependimento envolvia, em certas circunstâncias, uma “luta emocional” de tal intensidade, que levava aos mais terríveis êxtases, que, na América, muitas vezes ocorriam em reuniões públicas.

Isto formou a base de uma crença na imerecida posse da graça divina e, ao mesmo tempo, de uma imediata consciência de justificação e de perdão. Esta religião emocional iniciou, e não com pequenas dificuldades, uma aliança peculiar com a ética ascética, para todo o sempre imposta pela racionalidade do puritanismo. Em primeiro lugar, diferentemente do calvinismo, que afirmava serem ilusórias toas as coisas emocionais, manteve o princípio que a única base segura para a certitudo salutis, era um puro sentimento da absoluta certeza do perdão, derivado imediatamente do testemunho do espírito, cujo advento podia ser estabelecido com precisão de dia e hora. Junto a esta, encontra-se a doutrina da santificação de Wesley, que, apesar de constituir um afastamento da doutrina ortodoxa, dela é um desenvolvimento lógico. De acordo com ela, alguém deste modo remido pode, em virtude da divina graça já trabalhando em seu ser, obter a “santificação”, a consciência da perfeição, no sentido da libertação do pecado, mesmo nesta vida, por uma segunda transformação espiritual, geralmente separada e muitas vezes súbita.  Seja qual for a dificuldade em alcançar este objetivo – sobretudo perto do fim da vida -, ele deve inevitavelmente ser buscado, porque garante a certitudo salutis e substitui a “soturna” preocupação do calvinismo por uma semana de confiança. E, ele distingue o verdadeiro convertido ante os seus próprios olhos e ante os olhos dos outros pelo fato de que “pelo menos o pecado não ter mais poder sobre ele”.

O ato da conversão era metodicamente induzido. E, uma vez obtido, não era seguido por um piedoso gozo da comunhão com Deus, à maneira do pietismo emocional de Zinzendorf, mas a emoção, uma vez despertada era dirigida para uma luta racional pela perfeição. O excitamento emocional tomava a forma de entusiasmo, que era apenas ocasionalmente – mas não poderosamente – arrebatador, mas que, de modo algum, destruiu o caráter racional da conduta. A renovação do metodismo criou, assim, somente um complemento para a sua pura doutrina das obas: uma base religiosa para a conduta ascética, depois do abandono da conduta da predestinação. Os sinais dados pela conduta, que formavam um meio indispensável de assegurar a verdadeira conversão, mesmo que suas condições fossem de fato, como Wesley ocasionalmente afirmava, as mesmas que as do calvinismo. De modo geral, podemos, na discussão que segue, deixar de lado o metodismo como um produto tardio já que ele nada acrescentou de novo ao desenvolvimento da ideia de vocação. Entretanto, as mais importantes ideias de todas essas comunidades, que são importantes e cuja influência no desenvolvimento da cultura somente pode ser esclarecida em uma conexão diferente, são algo com o que já estamos familiarizados: os crentes da Igreja. Isto significa que a comunidade religiosa – a “Igreja visível” na linguagem das igrejas da Reforma – já não era considerada como um tipo de fundação de confiança para fins extraterrenos, como uma instituição que necessariamente incluísse tanto os justos como os injustos, seja para conhecer a glória de Deus (calvinista), seja como um meio de trazer aos homens os meios da salvação (católica e luterana), mas apenas como comunidade de pessoas que creem na renovação, e somente estas.

O patrão de Mary Kate, ao ouvir falar sobre o talento da sua filha, dispôs certa quantia para suas aulas de piano. Mais tarde uma poupança foi feita para permitir o prosseguimento da educação de Simone. Com a ajuda do dinheiro dessas bolsas ela conseguiu frequentar a Allen High School for Girls na cidade de Asheville, na Carolina do Norte, cidade para a qual se mudou com a família aos dez anos de idade. Após terminar o ensino médio com 16 anos, e trabalhando há três anos como empregada doméstica, ela tentou ingressar no preparatório Curtis Institute, com a ajuda de um professor particular, a qual economizou muito para conseguir pagar, mas apesar do seu progresso nas aulas de piano, não foi selecionada para estudar no instituto. Simone percebeu que essa rejeição estava ligada diretamente à questão racial, mesmo com a Curtis ter começado” a aceitar candidatos negros” na década de 1940 e do primeiro negro graduado ali ter sido George Walker em 1945, o qual viria a ganhar um Prêmio Pulitzer. Nina Simone, então, em busca do seu sonho de trabalhar com a música, juntou dinheiro e mudou-se um ano depois, aos 18 anos, para viver sozinha em Nova Iorque. Na cidade, começou a trabalhar como garçonete em restaurante. Após conseguir aulas gratuitas de piano em uma igreja, foi aprovada para “estudar música em um Conservatório Escola de Juilliard”.

No início da carreira, tocava em pequenos clubes, no ano em que gravou o dueto I Loves You, Porgy da ópera Porgy and Bess, de George Gershwin, que conheceu através de um álbum de Billie Holiday e apresentou como “um favor a um amigo”. Tornou-se a sua única canção que alcançou o top 20 da Billboard nos Estados Unidos, e o seu álbum de estreia Little Girl Blue foi aceito pela Bethlehem Records. Após o sucesso, Nina Simone assinou um contrato com a Colpix Records e gravou diversos álbuns de estúdio e álbum ao vivo. A Colpix renunciou que Nina efetuasse qualquer controle criativo na produção das músicas, incluindo a escolha do material que seria gravado, tendo que acatar a opinião da gravadora, e em troca ela poderia assinar o contrato com eles, mas Nina Simone não aceitou essa proposta. Nesta época apresentava-se em bares e boates da região cantando blues, jazz, R&B e soul music, para ganhar um bom dinheiro para continuar seus estudos de música clássica, seu ritmo favorito, sendo indiferente sobre ter contrato com alguma gravadora, pois tinha bastante público como cantora solo, cantando suas próprias canções e fazendo alguns covers. Neste sentido, manteve essa atitude de afastamento em relação à indústria fonográfica durante a maior parte da sua carreira.

Nina Simone conheceu o detetive da polícia de Nova York, Andrew Stroud, em um de seus shows, em 1960. Com poucos meses de namoro foram morar juntos. Casaram-se em 1961. Em 12 de setembro de 1962, nasceu, de parto normal, em Nova Iorque, a única filha do casamento: Lisa Simone Waymon Stroud. Devido a desentendimentos frequentes, o comportamento agressivo do marido - com relatos dela e de amigos sobre espancamento - e o fato de seu marido querer que ela “abdicasse da carreira em prol do matrimônio”, culminou no segundo divórcio da cantora, em 1970, após nove anos de união, mas ambos permaneceram amigos. Andrew Stroud, mais tarde, se tornou seu empresário, administrando sua carreira artística. A partir de então, uma mensagem de direitos civis passou a estar presente nos repertórios de gravação de Simone, tornando-se parte das duas apresentações. Nina Simone apresentou-se e discursou em muitos encontros pelos direitos civis, incluindo nas marchas de Selma a Montgomery. Ela defendeu, durante esse período de direitos civis, uma revolução violenta contra o preconceito racial, contrastando com a abordagem não violenta de Martin Luther King (1929-1968), e acreditava que os afro-americanos poderiam, através do combate armado, formar um estado separado. Realizou manifestações em frente à Casa Branca, batendo de porta em porta, chamando-os para lutar contra o genocídio negro, indo à televisão para os políticos que assinassem leis que modificasse a intolerância racial.

          O divórcio, do termo latino divortium, derivado de divertĕre, separar-se representa o rompimento jurídico-político legal e definitivo do vínculo de casamento civil. Em outras palavras, o divórcio pode ser definido como sendo o rompimento legal e definitivo do vínculo de um casamento civil, formalizado através da justiça e/ou de um cartório de registro civil. Sendo o divórcio amigável e/ou litigioso, a separação do casal acontece. O processo legal de divórcio pode envolver questões como atribuição de pensão de alimentos, regulação de poder paternal, relação ou partilha de bens, regulação de casa de morada de família, embora estes acordos sejam complementares ao processo principal. Os países onde mais ocorrem pedidos de rompimento do matrimônio são: Estados Unidos, Dinamarca e Bélgica, com índices entre 55% e 65%. Em contraponto, os países com menor incidência de separação são países extremamente católicos como República da Irlanda e Itália, com números abaixo de 10%. Na maioria das jurisdições, o divórcio carece de ser emitido ou certificado por um tribunal para surtir efeito, onde pode ser bastante estressante e caro a litigância. Outras abordagens alternativas, como a mediação e divórcio colaborativo podem ser um caminho mais assertivo. A anulação não é uma forma de divórcio, mas apenas o reconhecimento, seja a nível religioso, seja civil da falha das disposições do consentimento, o que tornou o casamento inválido; reconhecer o casamento nulo é a mesma coisa que reconhecer que nunca tenha existido. 

Na manhã do dia 15 de setembro de 1963, a organização racista e de ultradireita Ku Klux Klan explode uma bomba durante um culto na Igreja Batista da rua 16, em Birmingham, Alabama, matando quatro jovens meninas. Com sua grande congregação afro-americana, o local era ponto de encontro de líderes dos direitos civis, como o reverendo Martin Luther King Jr. (1929-1968), que certa vez chamou Birmingham de “símbolo do núcleo de resistência à integração”. O governador do Alabama, George Wallace, fez da manutenção da segregação racial um dos objetivos centrais de sua administração. O atentado à igreja era o terceiro em Birmingham após apenas 11 dias do mandado federal que exigia a integração do sistema escolar do estado. Quinze bananas de dinamite foram plantadas no piso da igreja, debaixo de onde estava o banheiro das moças. As bombas detonaram por volta das 10h19, matando Denise McNair, de 11 anos, Cynthia Wesley, Carole Robertson e Addie Mae Collins, todas com 14 anos. Imediatamente após as explosões, membros da igreja, aturdidos e ensanguentados, cobertos de pó e de estilhaços de vidro, vagaram às tontas antes de começar a cavoucar os escombros em busca de sobreviventes. Mais de vinte membros da congregação ficaram feridos. Quando milhares de indignados e irados manifestantes negros se postaram diante do cenário do crime, Wallace enviou centenas de policiais e corpos armados para reprimir a multidão. Dois jovens negros foram assassinados naquela noite, um pela polícia de estado e outro por um poderoso grupo racista ligado a Ku Klux Klan. Enquanto isso, a reação popular ao atentado continuava a crescer, chamando a atenção do mundo globalizado para Birmingham. O reverendo Martin Luther King enviou para os funerais de três das moças mais de oito mil acompanhantes.

Apesar de não haver redes sociais na época, má-interpretação de texto já existia, para desgosto de Nina! Apesar de sua intenção de destacar a injustiça na sociedade e o sofrimento dos afro-americanos, alguns ouvintes interpretaram a música como racista. Eles acreditavam que se baseava em estereótipos negros, tendo a música sido banida de várias estações de rádio importantes. Dentre os diversos covers de Four Women destacamos a adaptação da canção pela cineasta Julie Dash em um curta experimental de 1978, com o mesmo nome; e a peça de 2016, Nina Simone: Four Women, de Christina Ham; no espetáculo, Nina Simone conhece as três primeiras mulheres (ela é a quarta) no local do atentado à Igreja Batista da 16th Street, e se tornam as personagens de sua música. Nina Simone cantou Backlash Blues, escrita por seu amigo Langston Hughes, no seu primeiro álbum pela RCA, Nina Simone Sings the Blues (1967). A Radio Corporation of America, também reconhecida pela sigla como RCA ou RCA Corporation a partir de 1969, representou uma empresa norte-americana de eletrônicos, cuja fundação data de 1919. Inicialmente, foi criada como uma empresa subsidiária da General Electric que, em 1932, tornou-se independente devido a uma ação antitruste do governo norte-americano.

Pioneira no setor de telecomunicações, dominou o mercado de eletrônicos e de comunicação nos Estados Unidos por mais de 5 décadas. Nos anos 1920, foi uma das maiores fabricantes de aparelhos receptores de rádio, mantendo-se no topo da crescente indústria do rádio. Na mesma época, fundou a primeira rede de rádio dos Estados Unidos, a National Broadcasting Company (NBC). Nas décadas seguintes, tornou-se, também, pioneira na introdução e no desenvolvimento da televisão, tanto em preto e branco quanto em cores. Neste período de ascensão e dominância no mercado, a empresa ficou identificada com a liderança de David Sarnoff: gerente geral de carreira quando a empresa foi fundada, tornou-se presidente em 1930 e continuou plena atividade mesmo após a sua presidência, como membro do conselho comercial até o ano de 1969. A empresa entrou em decadência em meados dos anos 1970, quando tentou diversificar e expandir suas operações em torno de um conglomerado. Assim, a empresa sofreu com enormes perdas no mercado de computadores, com diversos projetos que terminaram em fracasso. Em 1986, a RCA foi readquirida pela General Electric que “liquidou as diversas empresas do grupo nos anos subsequentes”. Atualmente, a RCA existe apenas como “marcas registradas” pertencentes à Sony Music, a RCA Records, principalmente e à Technicolor Motion Picture Corporation, que as licenciam comercialmente para outras empresas. 

Em Silk & Soul (1967), gravou a canção I Wish I Knew How It Would Feel to Be Free, de Billy Taylor, e Turning Point. O álbum Nuff Said! (1968) contém gravações ao vivo do Westbury Music Fair, de 7 de abril de 1968, realizado três dias após a morte de Martin Luther King Jr. Dedicou toda a apresentação para ele e cantou Why? The King Of Love Is Dead, escrita pelo seu baterista, Gene Taylor, após receberam a notícia da morte de Martin Luther King. No verão de 1969 ela apresentou-se no Harlem Cultural Festival transformando a peça inacabada To Be Young, Gifted and Black, de Lorraine Hansberry, em uma canção apropriada afetivamente pelos direitos civis. Hansberry foi uma amiga íntima a quem Simone creditou por cultivar a sua consciência social e política. Apresentou a canção ao vivo no álbum Black Gold (1970). Versões da canção foram gravadas por Aretha Franklin no álbum Young, Gifted and Black, de 1972 e por Donny Hathaway.  Um Festival Cultural do Harlem foi proposto pela primeira vez na história  da música negra em 1964 com o objetivo claro “para trazer vida ao bairro do Harlem”.  Em meados da década de 1960, o cantor Tony Lawrence começou a trabalhar em iniciativas comunitárias no Harlem, para igrejas locais, mas a partir de 1966 para o prefeito de Nova York John Lindsay e o comissário de parques August Heckscher.

Em 1967, Lawrence ajudou a organizar o primeiro Festival Cultural do Harlem, com eventos gratuitos que incluíam “uma noite de Hollywood no Harlem, demonstrações de boxe, desfile de moda, grande prêmio de kart, o primeiro concurso de Miss Harlem e concertos apresentando soul, gospel, calipso e música porto-riquenha”. Em 1968, o segundo Festival Cultural do Harlem anual incluiu uma série de concertos musicais com figuras de destaque, incluindo Count Basie, Bobby Blue Bland, Tito Puente e Mahalia Jackson. Foi filmado pelo documentarista Hal Tulchin, e trechos foram transmitidos pela WNEW-TV em Nova York, também reconhecida como Fox 5 New York, é uma emissora de televisão estadunidense localizada na cidade de Nova York, na fronteira entre os bairros Harlem e East Harlem de Manhattan, Nova York. O parque, centrado em um maciço e subiu afloramento de xisto, interrompe o fluxo do trânsito da Quinta Avenida, que é encaminhado ao redor do parque via Mount Morris Park West. O parque também é limitado pela 120th Street ao Sul, 124th Street ao Norte e Madison Avenue a Leste. Opera no canal 5, 27 UHF digital, e é uma emissora própria e geradora da Fox Broadcasting Company. Pertence a Fox Television Stations, que também é proprietária da emissora irmã WWOR-TV. Tony Lawrence também organizou e dirigiu o Festival Cultural do Harlem de 1969, realizado no Mount Morris Park, aos domingos às 15horas, de 29 de junho a 24 de agosto de 1969. Os patrocinadores incluíam o Maxwell House Coffee e o que era então a Divisão de Parques, Recreação e Assuntos Culturais da  cidade de Nova York, mais tarde separada em Parques e Recreação e Assuntos Culturais. Lawrence amplia a diversidade de artistas, incluindo Nina Simone, BB King, Sly and the Family Stone, Chuck Jackson, Abbey Lincoln & Max Roach, the 5th Dimension, David Ruffin, Hugh Masakela, Gladys Knight & the Pips, Stevie Wonder, Mahalia Jackson, Mongo Santamaria, Ray Barretto e Moms Mabley, e outros.

Os cantos religiosos (“spirtuals”) têm sua origem na África, onde a tradição é passada de pai para filho, no qual se deu a ferramenta para o nascimento do blues pelos negros norte-americanos, descendentes de escravos africanos, no final do século XIX. Com os escravos levados como mercadoria para a América do Norte no início do século XIX, a música africana se moldou no ambiente frio e doloroso da vida nas plantações de algodão. Porém o conceito de “blues” só se tornou conhecido após o término da Guerra Civil quando sua essência passou a ser como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana, afrodescendente. Era um modo mais pessoal e melancólico de expressar seus sofrimentos, angústias e tristezas. A cena, que acabou por tornar-se típica nas plantações do delta do Mississippi, era a legião de negros, trabalhando de forma desgastante, sobre o embalo dos cantos, os “blues”.  Riley Ben King, reconhecido como B. B. King nasceu em Itta Bena, Mississippi, em 16 de setembro de 1925 e faleceu em Las Vegas, em 14 de maio de 2015.  Foi um extraordinário guitarrista de blues, compositor e cantor estado-unidense. O “B. B.” em seu nome significa “Blues Boy”, usado como moderador na rádio W.  Foi considerado ao lado dos extraordinários guitarristas Eric Clapton e Jimi Hendrix os melhores guitarristas do mundo ocidental globalizado pela revista norte-americana Rolling Stone.

Ao longo da sua carreira, B.B. King foi distinguido com 15 prêmios Grammy, tendo sido o criador de um estilo musical único e que faria dele um dos músicos mais respeitados e influentes de blues, em todo o mundo, tendo ganhado o epíteto fantástico de “Rei dos Blues”. Era apreciado por seus solos, nos quais, ao contrário de muitos guitarristas, preferia usar poucas notas. Certa vez, B.B. King teria dito: “posso fazer uma nota valer por mil”. A primeira grande oportunidade da sua carreira surgiu em 1948, quando atuou no programa de rádio de Sonny Boy Williamson, na estação KWEM, de Memphis. Sucederam-se atuações fixas no “Grill” da Sixteenth Avenue e mais tarde um anúncio publicitário de 10 minutos na estação radiofônica WDIA, com uma equipe e direção exclusivamente negra. “King’s Sport”, patrocinado por um tônico, tornou-se então tão popular que aumentou o tempo da transmissão e se transformou no “Sepia Swing Club”. King precisou de um nome artístico para a rádio. Ele foi apelidado de “Beale Blues Boy”, como referência à música “Beale Street Blues”, foi abreviado para “Blues Boy King” e eventualmente para B. B. King. Por mera coincidência, o nome de King já incluía a simples inicial “B”, que não correspondia a qualquer outra abreviatura.

O festival de rock de Woodstock também aconteceu em agosto de 1969, e o festival do Harlem ficou reconhecido informalmente como o Black Woodstock. O Festival também contou com a participação de ativistas comunitários e líderes cívicos, incluindo Jesse Jackson. A série de seis concertos gratuitos teve uma audiência combinada de quase 300.000. Para o show com Sly and the Family Stone em 29 de junho de 1969, o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD) se recusou a fornecer segurança e, em vez disso, foi fornecida politicamente por membros do Partido dos Panteras Negras. O cineasta Hal Tulchin usou cinco câmeras de vídeo portáteis para gravar mais de 40 horas de filmagens do Festival. Embora a maior parte deste vídeo não tenha sido lançada comercialmente, a CBS transmitiu um especial de uma hora em 28 de julho de 1969 apresentando a Quinta Dimensão, The Chambers Brothers e Max Roach com Abbey Lincoln. Um segundo especial de uma hora seguiu-se em 16 de setembro na ABC, apresentando Mahalia Jackson, os Staple Singers e o reverendo Jesse Jackson. Mais cinco especiais de TV foram anunciados, mas não parecem ter sido transmitidos.

Nina Simone em sua vida profissional, gravou para o álbum Pastel Blues (1965) a canção Strange Fruit, de Billie Holiday, uma canção sobre o “linchamento de homens negros no Sul”. Também cantou o poema o Images, de William Waring Cuney, em Let It All Out (1966), “sobre a falta do senso de orgulho que viu entre as mulheres afro-americanas”. Além disso, Nina Simone escreveu Four Women, uma canção sobre quatro estereótipos diferentes de mulheres afro-americanas, e incluiu a gravação em seu álbum de 1966 Wild is the Wind. Simone mudou-se da Philips para a RCA Victor em 1967. Segundo Nina Rizzi (2019) “Four Women” é uma canção escrita pela cantora, compositora, pianista e arranjadora e militante pelos direitos civis dos negros Nina Simone. Gravada em abril de 1965 com produção de Hal Mooney e lançada em 1966 no álbum Wild Is the Wind da Philips Records, narra a história social de quatro mulheres afro-americanas diferentes, onde cada uma das personagens representa um arquétipo afro-americano. Thulani Davis, no The Village Voice, chamou a canção de “uma análise instantaneamente acessível do legado condenatório da escravidão, que tornou iconográficas as mulheres reais que conhecíamos. Um hino afirmando nossa existência, nossa sanidade e nossa luta para sobreviver a uma cultura que nos considera anti-femininas. Reconheceu a perda da infância entre as mulheres afro-americanas, nossa invisibilidade, exploração, desafios, e lembrou que na escravidão e no patriarcado, seu nome é o que eles chamam de coisa”. A primeira das quatro mulheres descritas na canção é “Tia Sarah”, personagem que representa a escravidão afro-americana.

A descrição da mulher enfatiza os aspectos fortes e resilientes da mulher negra, “forte o suficiente para suportar a dor”, assim como o sofrimento a longo prazo que teve que suportar, “infligida novamente e novamente”. A segunda mulher que aparece na canção é “Saffronia”, uma mulher miscigenada (“minha pele é amarela”) forçada a viver “entre dois mundos”. Ela é retratada como uma mulher oprimida e sua história é mais uma vez usada para destacar o sofrimento da mulher negra nas mãos de pessoas brancas em posições de poder (“Meu pai era rico e branco / Ele forçou minha mãe até tarde da noite”). A terceira mulher é uma prostituta conhecida como “Coisinha Doce”. Ela encontra aceitação tanto entre negros como brancos, não apenas porque “meu cabelo é bom”, mas também porque ela fornece gratificação sexual (“De quem é a menininha? /Qualquer um que tenha dinheiro para comprar”). A quarta e última mulher é rude, amargurada pelas gerações de opressão e sofrimento impostos ao seu povo (“Sou terrivelmente amarga hoje em dia porque meus pais eram escravos”). Nina Simone finalmente revela o nome da mulher depois de um final dramático durante o qual ela grita: “Meu nome é Buceta!” (sic). Musicalmente falando, a canção tem uma melodia simples com um groove acompanhado de piano, flauta, guitarra elétrica e baixo, que gradualmente se desenvolve em intensidade à medida que progride musicalmente e atinge um clímax comunicativo durante a quarta e última seção. A música termina com Nina Simone alcançando uma nota altíssima, quase chorando ao cantar o nome Peaches. O vocal de Nina Simone torna-se mais apaixonado, rachando de emoção e seu piano se torna frenético e às vezes dissonante, para refletir a angústia da personagem feminina.

Bibliografia geral consultada.

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