quarta-feira, 28 de julho de 2021

A Questão Técnica - Rotinização & Vigência na Universidade Pública.

 

                Eduque-o como quiser; de qualquer maneira há de educá-lo mal”. Sigmund Freud  

            A designação campus ou cidade universitária acabaram por definir o mesmo espaço com os mesmos objetivos praticados. Cidade Universitária era a aspiração inicial dos campi instalados no Brasil: uma pequena cidade, apartada daquelas que poderíamos chamar de regulares. Esse núcleo teria a capacidade de oferecer ensino, mas também de abrigar centros de pesquisa, acolher alunos e professores, oferecer, enfim, todos os serviços que qualquer cidade estruturada oferece. Os serviços que os campi brasileiros oferecem são restritos e insuficientes para os seus usuários. Serviços, como transportes públicos, só funcionam com regularidade nos dias úteis e outros comércios necessários à subsistência são raros e na maioria das vezes quase inexistentes. Os campi não são autossuficientes e por duas razões políticas: 1) Dependem da governabilidade das cidades em que estão localizados; 2) Ipso facto, a cidade universitária politicamente não passa de uma aspiração administrativa que nem sempre se realizou.  Todavia, entendemos que Cidade Universitária é uma expressão que designa campi universitários que se caracterizam em grandes complexos arquitetônicos e também urbanísticos, sendo considerada a melhor forma de estruturação de uma Instituição de Ensino Superior (IES), pois devido ao grandioso espaço físico, toda estrutura em torno das unidades acadêmicas, dos laboratórios e hospitais, dos campos experimentais, complexo desportivo, estacionamentos e congêneres têm condições de ser instalado em um único espaço, assim como há fácil circulação de quase todos os tipos de transporte, desde bicicletas aos carros oficiais e linhas de ônibus que poderiam circular no campus.

          Entre nós brasileiros campus representa o conceito mais apropriado. Trata-se, pois, de um território fechado, com administração independente e que abriga espaços de ensino, aprendizagem e pesquisa. Reúnem alguns poucos serviços fundamentais tais como: refeitórios, lanchonetes, farmácias, fotocopiadora, papelaria e um conjunto de práticas sociais desportivas para o uso cotidiano da comunidade. O sonho da cidade universitária autônoma e independente do Estado, no Brasil, ainda é uma imaginária utopia. Por falta de verbas necessárias, este ideal vem sendo postergado e nem sempre concluído. A história social dos diferentes campi universitários, ressalvados alguns aspectos particulares, é muito semelhante. O Estado desapropria ou, às vezes, “ganha” uma determinada área, geralmente distante da cidade por ser menos onerosa. Solicita a contribuição de alguns profissionais para a elaboração de um plano e um projeto arquitetônico. Realiza solenidades, descerra placas e inicia as obras que, normalmente, intermitentes duram pouco tempo. As verbas terminam e a obra de construção do campus permanece inconclusa. Nova administração, novas esperanças, verbas e equipe, geralmente composta por docentes aparentemente titulados: um novo plano é realizado, novas metas são definidas. Realiza-se o que a verba permite. Fim da verba, fim do grupo técnico e quase sempre fim das obras. O nome Itaperi representa a etimologia da sobrevivência Tupinambá em torno de 200 indivíduos, mas podia atingir até 600 de significado “pequena aldeia no meio da grande floresta”.  

            A posse de diplomas educacionais está habitualmente ligada à qualificação para o cargo. Naturalmente, certidões ou diplomas fortalecem o “elemento estamental” na posição social do funcionário que investe sua carreira no setor público. Habitualmente, a estima social dos funcionários, como tal, é especialmente baixa onde a exigência de uma administração especializada e o domínio das convenções estamentais são fracos. O tipo puro sociológico de funcionário burocrático é nomeado por uma autoridade superior. Uma autoridade eleita pelos governados não é uma figura exclusivamente burocrática. Decerto, a existência formal de uma programação eleitoral não significa, em si, burocraticamente, que atrás dela se esconde uma nomeação – o que ocorre no Estado, especificamente, no caso da nomeação indicada pelos chefes partidários ou das castas de funcionários. A carreira do funcionário eleito não depende, ou pelo menos principalmente de chefe na administração. O funcionário que não é eleito, e nomeado por um chefe, funciona normalmente de modo coerente mais preciso, do ponto de vista técnico-metodológico, porque, na igualdade das outras circunstâncias, é mais favorável que os aspectos funcionais e as qualidades determinam sua seleção e sua carreira. Leigos, os governados podem tomar conhecimento da medida em que um candidato se qualifica para o posto apenas em termos de experiência, e apenas depois de seu serviço: a posse cria o amor da posse.


           Dentro da burocracia a medida de independência, legalmente assegurada pela ocupação social de um cargo, nem sempre é fonte de melhor status para o funcionário cuja posição interna teria essa garantia. De fato, não tem, mas o funcionário se prepara para uma carreira dentro dessa hierarquia do serviço. Passa dos cargos inferiores e de menor remuneração para os postos mais elevados. A isso se juntam o desejo de condicionar o direito ao cargo público, a tendência crescente à organização corporativa e à segurança econômica. Tudo isso cria a tendência de considerar os cargos na divisão social do trabalho (cf. Durkheim, 2010) como prebendas e de uma organização “prebendaria”, pois a transição dessa organização para um funcionalismo assalariado é bastante fluida, para os que estão habilitados através de certificados de cursos de graduação, mestrado e doutorado. A necessidade de levar em conta as qualificações gerais, pessoais e intelectuais, independentes do caráter subalterno da certidão educacional, levou a uma situação na qual os cargos políticos mais elevados, especialmente os cargos de “ministros”, são preenchidos principalmente sem referência a tais certificados ou certidões, exceto na política brasileira. O terreno adequado à burocratização da administração foi sempre o desenvolvimento específico das tarefas administrativas. Embora não signifique que toda formação conhecida e autêntica de grandes Estados, tenha provocado uma administração burocrática. A direção tomada pela burocratização e suas razões variam conforme o uso do pragmatismo. O progresso da burocratização na própria administração estatal é um fenômeno paralelo da democracia.

          Tese: Na Universidade Estadual do Ceará os cargos para funcionamento da burocracia são mais importantes do que as carreiras dos professores-pesquisadores. Independente da crise mundial da sociedade que se encontra em sua dimensão crítica, a eleição para Coordenador (a) e Vice-Coordenador (a) de curso de graduação de oferta regular da Universidade Estadual do Ceará, para o biênio 2021-2023 terá votação remota, utilizando o sistema Helios Voting. A novidade consta no Edital  09/2021 divulgado pela Comissão Eleitoral da Universidade Estadual do Ceará. Para a votação, cada eleitor receberá, em seu e-mail institucional, login e senha, pessoais para acessar a cabine de votação. O Helios Voting é um sistema colaborativo, de código aberto que foi criado em 2009 e já é amplamente utilizado por instituições de ensino superior em todo o Brasil, a exemplo da Universidade de São Paulo, do Instituto Federal de Educaçã, Ciência e Tecnologia do Ceará, da Universidade Federal de Minas Gerais, da Universidade de Brasília, dentre outras. 

        Para a professora Germana Paixão, presidente da Comissão Eleitoral da Universidade Estadual do Ceará (UECE), o Helios possui acesso facilitado, podendo ser utilizado por celular, por computador ou por tablet. “Para dar mais suporte aos eleitores que vão votar pela primeira vez utilizando o sistema, a Comissão Eleitoral irá disponibilizar, no site www.uece.br/eleicoes,  três canais de suporte ao eleitor: uma lista de perguntas mais frequentes (FAQ) com as respectivas respostas; um vídeo tutorial autoexplicativo e, no dia das eleições, serão disponibilizados dois contatos telefônicos para que os eleitores possam tirar eventuais dúvidas de acesso” comenta. Na Universidade Estadual do Ceará, o sistema foi adaptado, testado e implantado pelo Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação (DETIC), de forma a viabilizar as eleições online. - “O sistema garante o segredo do voto aos eleitores, uma vez que possibilita a rastreabilidade e comprovação do seu voto”, destaca a diretora da Divisão de Desenvolvimento do DETIC, professora Mariela Inés Cortés. “Com ajuda do sistema será possível uma maior participação dos eleitores e uma simplificação dos procedimentos eleitorais na Instituição”, complementa. O sistema foi validado pela Comissão Técnica de Auditoria de Sistema, formada pelos professores do curso de Ciências da Computação da Universidade Estadual do Ceará, Mariela Cortés, Marcial Fernandez e Rafael Lopes. Poderão se candidatar às funções de Coordenador (a) e Vice-coordenador (a), os docentes integrantes da carreira de magistério superior da Universidade, que sejam lotados na unidade de ensino, vinculados ao respectivo curso e estejam em efetivo exercício de suas funções, desde que aprovado em estágio probatório por resolução expedida pelo Conselho Universitário da Universidade Estadual do Ceará.

            Os judeus, disse uma vez Léon Poliakov, são franceses que, ao invés de não irem mais à igreja, não vão mais à sinagoga. Na tradução humorística de Haggadah, essa piada designava crenças no passado que deixaram de organizar práticas. As convicções políticas parecem, hoje, seguir o mesmo caminho. Alguém seria socialista por que foi, sem ir às manifestações, sem reunião, sem palavra e sem contribuição financeira, em suma, sem pagar. Mas reverencial que identificatória, a pertença só se marcaria por aquilo que se chama uma voz. Este resto de palavra, como o voto de quatro em quatro anos. Uma técnica bastante simples manteria o teatro de operações desse crédito. Basta que as sondagens abordem outro ponto que não aquilo que liga diretamente os adeptos ao partido, mas aquilo que não os engaja alhures, não a energia das convicções, mas a sua inércia. Os resultados da operação contam então com restos da adesão. Fazem cálculos até mesmo com o desgaste de toda convicção. Pois esses restos, esses cacos, como insinua e diz Leonardo Boff, indicam ao mesmo tempo o refluxo daquilo em que os interrogados creram na ausência de uma credibilidade mais forte que os leva para outro lugar. Ora, a capacidade de crer parece estar em recessão em todo o campo político. A tática é a arte do fraco. O poder se acha amarrado à sua visibilidade. Mas a vontade de “fazer crer”, de que vive a instituição, fornecia nos dois casos um fiador a uma busca de amor e/ou de identidade. Importa então interrogar-se sobre os avatares do crer em nossas sociedades e sobre as práticas originadas a partir desses deslocamentos. Durante séculos, supunha-se que fossem indefinidas as reservas de crença. Aos poucos a crença se poluiu, como o ar e a água. Percebe-se ao mesmo tempo não se saber o que ela é. Tantas polêmicas e reflexões sobre os conteúdos ideológicos em torno lugar praticado do voto e os enquadramentos para lhe fornecer não foram acompanhadas de elucidação acerca da natureza do ato de crer. Os poderes antigos geriam habilmente a autoridade. Hoje são os sistemas administrativos, sem autoridade, que dispõem de mais força em seus aparelhos técnicos e menos de autoridade legislativa.

            Com a resolução nº 2, de 5 de março de 1975, do Conselho Diretor, pelo Decreto nº 11.233, de 10 de março do mesmo ano, foi criada a Universidade Estadual do Ceará, que teve incorporada ao seu patrimônio as Unidades de Ensino Superior existentes na época: Escola de Administração do Ceará, Faculdade de Veterinária do Ceará, Escola de Serviço Social de Fortaleza, Escola de Enfermagem São Vicente de Paula, Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos, em Limoeiro do Norte, além da Televisão Educativa, Canal 5. Ao firmar-se como Universidade, transformou aquelas Escolas em seus primeiros cursos de graduação, aos quais outros foram somados. Seu primeiro reitor foi o professor Antônio Martins Filho (1904-2002), e, graças ao seu empenho e à sua dedicação junto às autoridades federais, obteve-se o reconhecimento da Universidade Estadual do Ceará, que, incontestavelmente, abriu novas possibilidades de desenvolvimento para o Estado e para a Região. A Universidade Estadual do Ceará teve sua instalação concretizada somente em 1977. Nesse período de dois anos, direcionou seu âmbito de abrangência àquelas profissões mais necessárias ao desenvolvimento do Ceará: Ciências da Saúde – Enfermagem e Nutrição; Ciências Tecnológicas – Matemática, Física, Química, Ciências Pura, Geografia e Ciências da Computação; Ciências Sociais – Administração, Ciências Contábeis, Serviço Social e Pedagogia; Ciências Humanas – Letras, Filosofia, História, Música, Instrumento-Piano e Estudos Sociais e Ciências Agrárias – Medicina Veterinária. No dia 13 de maio de 1977, via lista sêxtupla, foram nomeados, pelo governador Adauto Bezerra do Ceará entre 1975 e 1978, o professor Danísio Dalton da Rocha Corrêa como reitor e o professor João Nazareth Cardoso como vice-reitor.

Em 1981, o professor Danísio Dalton da Rocha Corrêa assumiu a Secretaria de Educação do Estado, e o professor Padre Luiz Moreira assumiu como reitor pro tempore, sendo logo depois nomeado reitor da UECE, por ato do governador Virgílio Távora (1979-1982). Por necessidade de adequação às novas exigências administrativas que se evidenciaram nos três primeiros anos de funcionamento, a FUNEDUCE (Fundação Educacional do Estado do Ceará) foi transformada em Fundação Universidade Estadual do Ceará, a FUNECE, por força da Lei nº 10.262, de 18 de maio de 1979, e do Decreto nº 13.252, de 23 de maio do mesmo ano. Criada com o objetivo de atender às necessidades do desenvolvimento científico e tecnológico do estado do Ceará, a Universidade passou a atuar em outros municípios do Estado, estruturando-se, a partir daí, em rede multicampi com as respectivas Faculdades nos Municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Iguatu, Quixadá, Limoeiro do Norte, Crateús, Ipu, Ubajara, Redenção e Cedro. Por meio de lista sêxtupla, foram nomeados, em 13 de abril de 1984, pelo então governador Gonzaga Mota (1983-1987), os professores Cláudio Régis de Lima Quixadá e Perípedes Franklin Maia Chaves, para as funções de reitor e vice-reitor, respectivamente. A quinta gestão teve como reitor o professor Perípedes Franklin Maia Chaves e como vice-reitor o professor Luiz Tavares Júnior, nomeados pelo governador Tasso Jereissati, em 14 de abril de 1988 que governou o estado do Ceará em três gestões: 1987-1990, 1995-1998 e 1999-2002. Com o Ato do governador Ciro Ferreira Gomes (1991-1994), de 12 de maio de 1992, nomeou para a sexta gestão administrativa da universidade os professores Paulo de Melo Jorge Filho e Hélio Bonfim de Macêdo, respectivamente reitor e vice-reitor.

 Para a 7ª Gestão da Universidade, foram nomeados, em 24 de maio de 1996, o professor Manassés Claudino Fonteles como reitor, e o professor Francisco de Assis Moura Araripe, que assumiu a Vice-Reitoria em 10 de junho de 1996, nomeados pelo. Em 22 de maio de 2000, os professores Manassés Claudino Fonteles e Francisco de Assis Moura Araripe assumiram seu segundo reitorado. Em 6 de outubro de 2003 o professor Manassés Claudino Fonteles afastou-se, e assumiu como reitor o professor Francisco de Assis Moura Araripe, terminando o mandato em 22 de maio de 2004. Os professores Jáder Onofre de Morais e João Nogueira Mota assumiram os cargos de reitor e vice-reitor, respectivamente, para o período de 2004 a 2008. No período de 2008 a 2012, os professores Francisco de Assis Moura Araripe e Antônio de Oliveira Gomes Neto assumiram os cargos de reitor e vice-reitor, nomeados pelo governador Cid Gomes, foi eleito Governador do Ceará, em 2006, derrotando o então ocupante do cargo, Lúcio Alcântara, em primeiro turno, com 62,38% dos votos. Quatro anos depois, foi reeleito, também no primeiro turno, com 62,31% dos votos. No primeiro mandato de governador, o vice foi Professor Pinheiro e, no segundo, Domingos Filho. Os professores José Jackson Coelho Sampaio e Hidelbrando dos Santos Soares, respectivamente reitor e vice-reitor, assumiram, em 23 de maio de 2012 até 22 de maio de 2016, nomeados por ato do governador Cid Ferreira Gomes, sendo novamente eleitos em 2016 para gestão da universidade até maio de 2020. Devido à pandemia da Covid-19, a professora Josete Castelo Branco Sales foi nomeada pelo governador Camilo Santana como reitora pro tempore até a realização das eleições. Em 18 de novembro de 2020, a consulta acadêmica foi realizada, tendo como mais votados os professores Hidelbrando dos Santos Soares e Dárcio Ítalo Alves Teixeira. No dia 13 de janeiro de 2021, os professores mais votados foram nomeados pelo governador Camilo Santana e tomaram posse no dia 15 do mesmo mês. A Universidade Estadual do Ceará é uma instituição constituída em forma de Fundação com personalidade jurídica de Direito Público, criada pelo Dec. nº 11.233, de 10 de março de 1975.

     A contratação de professores substitutos pelo Conselho Universitário da Universidade Estadual do Ceará está disposto na Lei Complementar Estadual nº 14, de 15 de setembro de 1999 e na Lei Complementar Estadual nº 105, de 21 de dezembro de 2011, principalmente no que se refere ao Art. 24 - Para atender “a necessidade temporária de interesse público” e da Universidade Estadual do Ceará (UECE), a Fundação Universidade Estadual do Ceará (FUNECE) poderá efetuar a contratação, por tempo determinado, de Professor Substituto e de Professor Visitante.  § 1º - A contratação, por tempo determinado, de professor substituto a que se refere o caput deste artigo, far-se-á exclusivamente para suprir carências que causem real prejuízo ao ensino, decorrentes de afastamento em razão de: a) licença para tratamento de saúde; b) licença gestante; c) licença por motivo de doença em pessoa da família; d) licença para o trato de interesse particular; e) curso de mestrado, doutorado e pós-doutorado. f) outros casos de licenças e afastamentos temporários previstos na legislação vigente.  Em verdade o Professor Substituto está sendo usado durante 21 anos no lugar e espaço da supressão das categorias de Professor Visitante e de Pesquisador Visitante Estrangeiro. As Universidades Estaduais contam com docentes substitutos como uma parcela expressiva do colegiado, sendo 300 na Universidade Estadual do Ceará, mais de 400 na Universidade Estadual Vale do Acaraú e 300 na Universidade Regional do Cariri. É uma coisa sensível-suprassensível que não se mantém com os pés no chão. Mas põe-se de cabeça para baixo diante das outras mercadorias, dizia Marx, que em sua cabeça de madeira “nascem minhocas que nos assombram muito mais do que se elas começassem a dançar por vontade própria”.  

É assim que ocorre do ponto de vista da organização social e técnica do trabalho a perda de autonomia profissional, pois, somente no interior de sua troca os produtos do trabalho adquirem uma objetividade de valor socialmente igual, separada de sua objetividade de uso, sensivelmente distinta. Essa cisão do produto do trabalho em coisa útil e coisa de valor só se realiza na prática quando a troca já conquistou um alcance e uma importância suficientes para que se produzam coisas úteis destinadas à troca e, portanto, o caráter de valor das coisas passou a ser considerado no próprio ato de sua produção. A partir desse momento, os trabalhos privados dos produtores assumem, um duplo caráter social: 1) como trabalhos úteis determinados, eles têm de satisfazer uma determinada necessidade social e, conservar a si mesmos como elos do trabalho total, do sistema natural-espontâneo da divisão social do trabalho. 2) por outro lado, eles só satisfazem as múltiplas necessidades de seus próprios produtores na medida em que cada trabalho privado e útil particular é permutável por qualquer outro tipo útil de trabalho privado, portanto, na medida em que lhe é equivalente. A igualdade toto coelo dos diferentes trabalhos só pode consistir numa abstração de sua desigualdade real, na redução desses trabalhos ao seu caráter comum como dispêndio de força humana de trabalho, como trabalho humano abstrato. Eles equiparam entre si seus diferentes trabalhos como trabalho humano. Eles não sabem disso, mas o fazem, referia-se Marx, tomando de empréstimo a ideia de Hegel. O interessante deste aspecto ocorre quando confundem o cargo com a profissão. Com a utilização do método de trabalho e de produção com o emprego da técnica de interpretação no trabalho denominando-o “coletivo” ou “comunidade”.

            Na sociologia, admitimos o ponto de vista da análise abstrata, segundo o qual nem todos os especialistas concordam em admitir que as comunidades vegetais apresentam propriedades sociais. De fato, há requisitos da vida social entre os animais que são inconcebíveis em sua analogia no mundo vegetal. Reações ou relações baseadas na capacidade de locomoção, na plasticidade assegurada pelo sistema nervoso, na interdependência dinâmica produzida pela divisão social do trabalho, em tendências mais ou menos conscientes de comportamento, etc., não comportam condições de manifestação nas comunidades de plantas, por maior que seja o grau de sociabilidade inerente aos seus padrões de organização interna. Isso não impede que se reconheça que alguns tipos de relações comunitárias das plantas possuem valor social definido no amplo e diversificado mercado mundial de consumo de drogas. As dificuldades são de ordem descritiva. Raramente se assume um estado de espírito que lhe permita considerar a vida social, independentemente dos padrões mais complexos, que ela alcança a análise comparada entre os animais e os dos homens. Os índios Tupinambá obrigou-o a alargar seu conhecimento das sociedades ditas primitivas, para poder entender, descrever e explicar as estruturas e os dinamismos da sociedade tribal. Descobriu assim, que nenhum sociólogo é capaz de realizar seu ofício antes de percorrer as fases de uma de investigação completa, na qual transmite do levantamento dos dados à sua crítica e à análise e, em seguida, ao tratamento interpretativo propriamente dito. Os que repudiam o estudo de comunidade ou o estudo de caso com obstinação, ignoram esse lado pedagógico do treinamento pela pesquisa empírica sistemática. 

Nas comunidades de plantas de organização simples, os comensais são iguais; nas comunidades de plantas de organização complexa, os comensais são desiguais e concorrem, com suas necessidades diferentes, para uma utilização mais complexa de possibilidades do habitat comum. Do ponto de vista dinâmico, a sociabilidade das plantas é um produto direto da competição, que regula a distribuição dos indivíduos no espeço e o padrão daí resultante da relação deles entre si. No entanto, as variações no grau de sociabilidade podem afetar as condições gerais de interação das plantas. O aumento da sociabilidade, por exemplo, é útil às plantas em competição com outras espécies. A função social do meio não chega a sofrer uma diferenciação nítida; aparece como uma condição, às vezes mal perceptível, da interação dos organismos através da utilização dos recursos do habitat.  É útil ter-se em mente que o sistema de notações dos botânicos não coincide com os dos sociólogos, pois as aglomerações vegetais não possuem, do ponto de vista sociológico, as propriedades específicas da associação propriamente dita. A polêmica, neste plano terreno e abstrato, relaciona-se com os modos de interpretação que correspondam a esses atributos sociais. Alguns biólogos, psicólogos e sociólogos pensam, ao contrário, que as propriedades sociais das comunidades de animais, independentemente do grau técnico em que constituam produtos de mecanismos e de processos extra-sociais, possuem bastante objetividade científico-social para serem considerados isoladamente.

O bairro é sinônimo de mudança e crescimento populacional urbano, tendo em torno de 23 mil habitantes, com uma área total de 2.456 km². Também reclama atenção pelo mimetismo sociológico de algumas ruas presenteadas com nomes (cf. Ginzburg; Poni, 1979) que remetem, comparativamente à alguns países tendo como exemplo: Rua Equador, Alemanha, Peru, Austrália, Suécia, entre outros. O Itaperi é ladeado pelos bairros da Maraponga, Parque Dois Irmãos, Serrinha, Parangaba, Passaré e Dendê.  O Itaperi representa um dos 19 bairros da Regional IV da cidade de Fortaleza. Um bairro que antes oferecia de forma escassa os serviços básicos na comunidade, mas conta com bancos, casas lotéricas, Policlínica, Unidade de Pronto Atendimento 24 horas, ininterruptas, em todos os dias da semana, com equipe assistencial multiprofissional qualificada e compatível com as necessidades de atendimento de cada localidade, com poucos anos de funcionamento na localidade, escola municipal, creche e também a precária Universidade Estadual do Ceará. O bairro dispõe do juizado especial, da 19ª Unidade do Juizado Especial Cível e Criminal de Fortaleza. A população é beneficiada pela beleza da lagoa que se encontra dentro da área da universidade, reconhecida pelos moradores como “lagoa da Universidade Estadual do Ceará”.

Na universidade o homem de certo modo habita e não habita. Se por habitar entende-se simplesmente uma residência. Quando se fala em habitar, representa-se costumeiramente um comportamento social que o homem cumpre e realiza em meio a vários outros modos de comportamento. Não habitamos simplesmente, mas construir significa originariamente habitar. E a antiga palavra construir (“bauen”) diz que o homem é à medida que habita. Mais que isso, significa ao mesmo tempo: proteger e cultivar, a saber, cultivar o campo, cultivar a vinha. Construir significa cuidar do crescimento que, por si mesmo, dá tempo aos seus frutos. No sentido de proteger e cultivar, construir não é o mesmo que produzir. Note bem: em oposição ao cultivo, construir diz edificar. Ambos os modos de construir – construir como cultivar, em latim, colere, cultura, e construir como edificar construções, aedificare – estão contidos no sentido próprio de bauen. No sentido de habitar, ou construir, permanece, para a experiência cotidiana do homem. Aquilo sempre é linguagem de forma tão exclusiva e bela, habitual. Isto esclarece porque acontece um construir por detrás dos múltiplos modos de habitar, por detrás das atividades de cultivo e edificação. O sentido próprio de construir, a saber, habitar, cai no esquecimento. Em que medida construir pertence ao habitar? Quando construir e pensar são indispensáveis para habitá-lo. Ambos são, no entanto, insuficientes para habitá-lo se cada um se mantiver isolado, em certo sentido distantes, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao outro. Ipso facto construir e pensar pertence ao habitar. Permanecem em seus limites.

Sabem, quando aprendemos a pensar, que tanto um como outro provém da obra de uma longa experiência de convívio disciplinar e de um pleno exercício incessante de pensar. Heidegger (2006) é incisivo a este respeito: questionaremos a técnica. Isto quer dizer: trabalhar na construção de um caminho. A técnica não é igual à essência da técnica. Em sua essência não é, de forma alguma, nada de técnico. Além disso, nunca faremos a experiência de nosso relacionamento com a essência da técnica enquanto concebermos e lidarmos apenas com o que é técnico, enquanto a ele nos moldarmos ou dele nos afastarmos. Por isso a tendência é conselheira: considerar sobretudo o caminho e não ficar preso às várias sentenças e aos diversos títulos. O caminho é um caminho do pensamento. Todo caminho de pensamento passa, de maneira mais ou menos perceptível e de modo extraordinário, pela linguagem. Questionando a técnica pretende-se com isto preparar um relacionamento livre com a técnica. Livre é o relacionamento capaz de abrir nossa Pre-sença à essência da técnica. Da resposta à essência é possível fazer a experiência dos limites de tudo que é técnico. Mas a técnica não é igual à essência da técnica. Assim também a essência da técnica não é, de forma alguma, nada de técnico. A maneira mais teimosa, porém, de nos entregarmos à técnica, de acordo com uma lição antiga, é entendermos que a essência de alguma coisa “é aquilo que ela é”.

Metodologicamente Heidegger lembra que todo questionamento é uma procura. Toda procura retira do procurado sua direção prévia. Questionar é procurar cientemente o ente naquilo que ele é, e portanto, como ele é. A procura ciente pode transformar-se em uma investigação se o que se questiona foi determinado de maneira libertadora. O questionamento enquanto “questionamento de alguma coisa” possui um questionado. Todo questionamento de é..., de algum modo, um interrogatório acerca de... Além do questionado, pertence ao questionamento um interrogado. Na investigação, isto é, na questão especificamente teórica, deve-se determinar e chegar a conceber o questionado. No questionado reside, pois, o perguntado, enquanto o que previamente se intenciona, aquilo em que o questionamento alcança sua meta. Enquanto procura, o questionamento necessita de uma orientação, prévia do procurado. Para isso, o sentido do ser já nos deve estar sendo de alguma maneira disponível. Este estado indeterminado de uma compreensão do ser já sempre disponível no limiar de um mero conhecimento verbal – esse estado indeterminado de uma compreensão do ser já sempre disponível é, em si mesmo, um fenômeno positivo que necessita de esclarecimento. Mas, uma investigação científica sobre o sentido do ser não pode pretender dar este esclarecimento em seu início. A interpretação dessa compreensão mediana do ser só pode conquistar um fio condutor com a elaboração do conceito do ser. É a partir da claridade do conceito e dos modos de compreensão nela inerentes que se deverá decidir o que significa essa a particularidade dessa compreensão.  Quer do ser obscura e ainda não sendo esclarecida.

E quais espécies de obscurecimento ou impedimento, são possíveis e necessários para um esclarecimento explícito do sentido do ser. A imediata compreensão do ser vaga e mediana pode também estar impregnada de teorias tradicionais e opiniões sobre o ser, de modo que tais teorias constituam, secretamente, fontes primárias de compreensão geral dominante. O procurado no questionamento do ser em sua essência não é algo inteiramente desconhecido, embora seja, de início, algo completamente inapreensível. O questionado da questão a ser elaborada é o ser, o que determina o ente como ente, como o ente já é sempre compreendido, em qualquer discussão que se pretenda. O ser dos entes não é em si apenas a representação de um outro. Se questionado, o ser exige, portanto, um modo próprio de demonstração que se distingue essencialmente da descoberta de um ente. Em consonância, acentua Heidegger que o perguntado, o sentido do ser, requer também uma conceituação própria que, por sua vez, também se diferencia dos conceitos em que o ente alcança a determinação de seu significado.

Na medida em que o ser se constitui o questionado e ser diz sempre ser de um ente, o que resulta como interrogado na questão do ser é o próprio ente. Este ente é como que interrogado em seu ser. Mas para se poder apreender sem falsificações os caracteres de seu ser, o ente já deve se ter feito acessível antes, tal como é em si mesmo. Quanto ao interrogado, a questão do ser exige que se conquiste e assegure previamente um modo adequado de acesso ao ente. Chamamos de “ente”, afirma Heidegger, muitas coisas e em sentidos diversos. Ente é tudo que falamos, tudo que entendemos, com que nos comportamos dessa ou daquela maneira, ente é também o que e como nós mesmos somos. Ser está naquilo que é como é, na realidade, no ser simplesmente dado (Vorhandenheit), no teor e recurso, no valor e validade, na pre-sença, no “há”. Em qual dos entes deve-se ler o sentido do ser? De que ente deve partir a saída para o ser? O ponto de partida é arbitrário ou será que um determinado ente possui primazia na elaboração da questão do ser? Qual é este ente exemplar e em que sentido possui primazia? O ente pode vir a ser determinado em seu ser sem que, para isso, seja necessário já dispor de um conceito explícito sobre o sentido do ser. A “pressuposição” do ser possui o caráter de uma visualização preliminar do ser, de tal maneira que, nesse modo visual, o ente previamente dado se articule provisoriamente, em seu mediato ser. Essa visualização do ser orientadora do questionamento, nasce da compreensão cotidiana do ser em que nos movemos desde sempre e que, em última instância, pertence à própria constituição essencial da pre-sença.

Tal pressuposição nada tem a ver com um pró-estabelecimento de um princípio do qual se derivaria, por dedução, uma conclusão. Ah! não pode haver “círculo vicioso” na colocação da questão sobre o sentido do ser porque não está em jogo, na resposta, uma fundamentação dedutiva, mas uma exposição de-monstrativa das fundações. Na questão sobre o sentido do ser não há “círculo vicioso” e sim uma curiosa “repercussão ou percussão prévia” do questionado (o ser) sobre o próprio ato de questionar enquanto modo de ser do ente determinado. Ser atingido essencialmente pelo questionado pertence ao sentido mais autêntico da questão do ser. Isso, porém, significa apenas que o ente, dotado de caráter da presença, traz em si mesmo uma remissão talvez até privilegiada à questão do ser. Com isso, no entanto, não se prova o primado ontológico de um determinado ente? No que se pretende começar a afirmar, é notação heideggariana: o ser é sempre o ser de um ente. Questionar a técnica significa perguntar o que ela é. Pertence à técnica a produção e uso de ferramentas, aparelhos e máquinas, como a ela pertencem estes produtos e utensílios em si mesmos e as necessidades a que eles servem. O conjunto de tudo isso é a técnica que é um instrumento. Enfim, a concepção corrente da técnica de ser ela um meio de trabalho e uma atividade humana pode se chamar, portanto, a determinação instrumental e antropológica da técnica. Quem ousaria negar que ela é correta? Somente os impostores. Pois ela se rege evidentemente pelo que se tem diante dos olhos quando se fala em técnica. Tudo depende de se manipular a técnica, enquanto meio e instrumento, da maneira devida. Quem forja um parecer técnico dentro da universidade deveria estar fora dela. Não merece ser chamado de especialista, mestre ou doutor. 

Mas quando a universidade se transforma em uma dimensão política através da produção de significados morais e de costumes, aparentemente justifica a apropriação da técnica moderna enquanto meio para um fim. É por isso que a concepção instrumental da técnica guia todo esforço próprio para colocar o homem num relacionamento direito com o uso da técnica. Pretende-se, como se costuma dizer, “manusear com espírito a técnica”. Pretende-se dominar a técnica. Este querer dominar torna-se tanto mais urgente, quanto mais a técnica ameaça escapar ao controle do homem. Supondo, no entanto, que a técnica não seja um simples meio, como fica então a vontade de dominá-la? Para ser correta, a constatação do certo e exato não precisa descobrir a essência do que se dá e apresenta. Ora, somente onde se der esse descobrir da essência, acontece o verdadeiro em sua propriedade. Assim, o simplesmente correto ainda não é o verdadeiro. E somente este nos leva a uma atitude livre com aquilo que, a partir de sua própria essência, nos concerne. Embora correta, a determinação instrumental da técnica não nos mostra a sua essência. Para chegarmos à essência ou ao menos à sua vizinhança, temos de procurar o verdadeiro através e por dentro do correto. Devemos, pois, perguntar: o que é o instrumental em si mesmo? A que pertence meio e fim? Um meio, afirma Heidegger, é aquilo pelo que se faz e obtém alguma coisa. Chama-se causa o que tem como consequência um efeito. Todavia, causa não é apenas o que provoca um outro. Vale também como causa o fim com que se determina o tipo do meio utilizado. Onde se perseguem fins, aplicam-se os meios, onde reina a instrumentalidade, reciprocamente aí também impera a causalidade.

A filosofia ensina há séculos que existem quatro causas: 1) a causa materialis, o material, a matéria de que se faz um cálice de prata; 2) a causa formalis, a forma, a figura em que se insere o material; 3) a causa finalis, o fim, por exemplo, o culto do sacrifício que determina a forma e a matéria do cálice usado: 4) a causa efficiens, o ourives que produz o efeito, o cálice realizado, pronto. Descobre-se a técnica concebida como meio, reconduzindo-se a instrumentalidade às quatro causas. E se a causalidade for obscura justamente em sua essência, naquilo que ela é? Sem dúvida, há séculos considera-se a doutrina de quatro causas uma verdade caída do céu, clara como a luz do sol. E, não obstante, já é tempo de se perguntar? por que existem precisamente quatro causas? No tocante às quatro causas, o que significa “causa” em sentido próprio? De onde se determina o caráter de causa das quatro causas de modo tão uniforme a ponto de se pertencerem uma à outra numa coerência? Enquanto não nos empenharmos nestas perguntas, a causalidade permanecerá obscura e sem fundamento e, com ela, a instrumentalidade e, com esta, a determinação corrente da técnica. A doutrina das quatro causas remonta historicamente a Aristóteles. Para o pensamento grego tudo o que a posteridade procurou entre os gregos com a concepção e com o título de “causalidade” nada tem a ver com a eficiência e a eficácia de um fazer propriamente. Isto é, as quatro causas interessam-nos porque são os quatro modos, coerentes entre si, de responder e dever. A doutrina de Aristóteles não conhece uma causa chamada eficiente e nem usa uma palavra grega que lhe corresponda.

Enquanto não nos empenharmos nestas perguntas, a causalidade permanecerá obscura e sem fundamento e, com ela, a instrumentalidade e, com esta, a determinação corrente da técnica. Costuma-se conceber a causa como o que é eficiente. Ser eficiente significa, aqui, alcançar, obter resultados e efeitos. Não queremos perder de vista que a causa efficiens, uma das quatro causas, determina de maneira decisiva toda a causalidade. E isso a tal ponto que já não se conta mais a causa finalis entre as causas.  A finalidade não pertence à causalidade. Causa, casus provém do verbo cadere, cair. Diz aquilo que faz com que algo caia desta ou daquela maneira num resultado. Inferimos que, as quatro causas são os quatro modos, coerentes entre si, de responder e dever. Um exemplo pode aclarar.  A prata é aquilo de que é feito um cálice de prata. Enquanto uma matéria determinada, a prata responde pelo cálice. Este deve à prata aquilo de que consta e é feito. O utensílio sacrificial não se deve, porém, apenas à prata. No cálice, o que se deve à prata aparece na figura do cálice e não de um broche ou anel. O utensílio do sacrifício também o que é ao perfil de cálice. Tanto a prata, em que entra o perfil do cálice, como o perfil, em que a prata aparece, respondem, cada uma, a seu modo, pelo utensílio do sacrifício. Responsável por ele é, no entanto, sobretudo, um terceiro modo.

Trata-se daquilo que o define, de maneira prévia e antecipada, pondo o cálice na esfera do sagrado e da libação. Com ele, o cálice circunscreve-se, como utensílio sacrificial. A circunscrição finaliza o utensílio. Com este fim, porém, o utensílio não termina ou deixa de ser, mas começa a ser o que será depois de pronto. É, portanto, o que finaliza, no sentido de levar à plenitude. Por fim, um quarto modo responde ainda pela integração do utensílio pronto: o ourives. Mas, de forma alguma, como causa efficiens, fazendo com que, pelo trabalho, o cálice pronto seja efeito de uma atividade. Os três modos anteriores de responder devem à reflexão do ourives o fato e o modo em que eles aparecem e entram no jogo de pro-dução do cálice sacrificial. Assim, no utensílio, que se dá e propõe no culto, regem e vigem quatro modos de dever e responder. Entre si são diferentes, embora pertençam um ao outro na unidade de uma coerência. O que os une antecipadamente? Em que se joga o jogo de articulação dos quatro modos de responder e dever? Pensando de maneira grega, o que significa responder e dever? Temos, hoje em dia, afirma Heidegger, a tendência de entender a responsabilidade em sentido mortal, como culpa, ou, então, como uma espécie de ação. Em ambos os casos, obstruímos o caminho para o sentido originário do que se chamou posteriormente de causalidade. Enquanto este caminho não se abrir, também não perceberemos o que é propriamente a instrumentalidade do que repousa na causalidade. Para nos precavermos dos mal-entendidos sobre o que é dever e responder, tentemos esclarecer seus quatro modos, a partir daquilo pelo que respondem. 

Segundo o exemplo dado, eles respondem pelo dar-se e propor-se do cálice, como utensílio sacrificial. Dar-se e propor-se designam a vigência de algo que está em vigor. É que os quatro modos de responder e dever levam alguma coisa a aparecer. Deixam que algo venha a viger. Esses modos soltam algo numa vigência e assim deixam viger, a saber, em seu pleno advento. No sentido deste deixar, responder e dever são um deixar-viger. A partir de uma visão da experiência grega de responder e dever, damos aqui a expressão deixar-viger um sentido mais amplo, de maneira que ela evoque à essência grega da causalidade. O significado corrente e restrito da expressão deixar-viger diz, ao contrário, apenas oferecer oportunidade e ocasião, indicando assim uma espécie de causa secundária e sem importância no concerto total da causalidade. Onde, porém, se joga o jogo da articulação dos quatro modos de deixar-viger? Eles deixam chegar à vigência o que ainda não vige. Com isto, são regidos e atravessados, de maneira uniforme, por uma condução que conduz o vigente a aparecer. O que a essência da técnica tem a ver com descobrimento?  Resposta: tudo. Pois é no descobrimento que se funda a produção. Esta recolhe em si, atravessa e rege os quatro modos de deixar-viger a causalidade. À esfera da causalidade pertencem meio e fim, pertence a instrumentalidade. Esta vale como o traço fundamental da técnica. Se questionarmos, pois, passo a passo, o que é propriamente a técnica conceituada, como meio, chegaremos ao descobrimento. Nele repousa a possibilidade de toda elaboração produtiva. A técnica não é, portanto, um simples meio. A questão técnica é uma forma de descobrimento. Levando isso em conta, abre-se diante de nós todo um outro âmbito para a essência da técnica. Trata-se de reter o significado do descobrimento, isto é, da verdade do que é o próprio poder.  

Esta perspectiva nos traz estranheza. E o deve fazer no maior tempo possível e de maneira tão impressionante que, finalmente, levemos a sério uma simples pergunta, a pergunta que nos diz a palavra “técnica”.  É uma palavra proveniente do grego. Devemos considerar duas coisas com relação ao sentido desta palavra. De um lado não constitui apenas a palavra do fazer na habilidade artesanal, mas também do fazer na grande arte e das belas-artes. Ela des-encobre o que não se produz a si mesmo e ainda se dá e propõe, podendo assim apresentar-se e sair, ora num, ora em outro perfil. Técnica é uma forma de desencobrimento. A técnica vige e vigora no âmbito onde se dá descobrimento e des-encobrimento, onde acontece a verdade. Contra esta determinação do âmbito da essência da técnica pode-se objetar e dizer que ela vale para o pensamento grego e, no melhor dos casos, pode servir para a técnica artesanal, mas não alcança a técnica moderna caracterizada pela máquina e aparelhagens. É justamente esta e somente esta que constitui o sufoco que nos leva a questionar “a” técnica. Muito se diz que a técnica moderna é uma técnica incomparavelmente diversa de toda técnica anterior, por apoiar-se e assentar-se na moderna ciência exata da natureza. Entrementes, percebeu-se, com mais nitidez, que o inverso também vale: como ciência experimental, a física moderna depende de aparelhagens técnicas e do progresso da construção de aparelhos.

É correta a constatação desta recíproca influência entre técnica e física. Mas fica sendo apenas mera constatação histórica dos fatos e não diz nada a respeito do fundo e fundamento em que se baseia esta dependência recíproca. A questão decisiva permanece sendo: de que essência é a técnica moderna para poder chegar a utilizar as ciências exatas da natureza?  O que é a técnica moderna? Também ela é um desencobrimento. Somente quando se perceber este traço fundamental é que se mostra a novidade e o nodo da técnica moderna. O desencobrimento que domina a técnica moderna, possui, como característica, o por, no sentido de explorar. Esta exploração se dá e acontece num múltiplo movimento: a energia escondida na natureza é extraída, o extraído vê-se transformado, o transformado, estocado, o estocado, distribuído, reprocessado. Extrair, transformar, estocar, distribuir, reprocessar são todos modos de descobrimento. Todavia, este desencobrimento não se dá simplesmente. Tampouco, perde-se no indeterminado. Pelo contrário, o desencobrimento abre para si mesmo suas próprias pistas, entrelaçadas numa trança múltipla e diversa. Por toda parte, assegura-se o controle. Pois controle e segurança constituem até as marcas fundamentais do desencobrimento explorador. Para Heidegger significa o que denomina dis-ponibilidade (Bestand). Esta palavra significa aqui mais e também algo mais essencial do que mera “provisão”. A palavra “dis-ponibilidade” se faz agora o nome de uma categoria de pensamento. Designa nada mais nada menos do que o modo em que vige e vigora tudo que o desencobrimento explorador atingiu. No sentido da dis-ponibilidade, o que é já não está para nós em frente e defronte, como um objeto.

Quem realiza a exploração que des-encobre o chamado real, como dis-ponibilidade? Evidentemente o homem. Em que medida o homem tem este des-encobrir em seu poder? O homem pode, certamente, representar, elaborar ou realizar qualquer outra coisa, desta ou daquela maneira. O homem não tem, contudo, em seu poder o desencobrimento em que o real cada vez se mostra ou se retrai e se esconde. Não foi Platão que fez com que o real se mostrasse à luz das ideias. O pensador apenas respondeu ao apelo que lhe chegou e que o atingiu. Pois somente à medida que o homem já foi desafiado a explorar as energias da natureza é que se pode dar e acontecer o desencobrimento da dis-posição. Se o homem é, porém, desafiado e dis-posto, não será, então, que mais originariamente do que a natureza, ele, o homem, pertence à dis-ponibilidade? Precisamente por se achar desafiado a dis-por-se de modo mais originário do que as energias da natureza, o homem nunca se reduz a uma mera dis-ponibilidade. Realizando a técnica, o homem participa da dis-posição, como um modo de desencobrimento. O desencobrimento em si mesmo, onde se desenvolve a dis-posição, nunca é, porém, um feito do homem, como não é o espaço, que o homem já deve te percorrido, para relacionar-se, como sujeito, como um objeto. Se o desencobrimento não for um simples feito do homem, onde é e como é que ele se dá e acontece? Não carece procurar muito longe. Basta perceber, sem preconceitos, o apelo que já sempre reivindica o homem, de maneira tão decisiva, que, somente neste apelo, ele pode vir a ser homem. Sempre que o homem abre os olhos e ouvidos e desprende o coração, sempre que se entrega a pensar sentidos e a empenhar-se em propósitos, sempre se solta em figuras e obras ou se esmera em pedidos e agradecimentos, ele se vê inserido no que já se revelou. O desencobrimento já se deu, em sua propriedade, todas as vezes que o homem se sente chamado a acontecer em modos próprios de desencobrimento.

Todo vigente está igualmente próximo e igualmente distante. Em seu desenvolvimento, consagra, domina e reina a falta de distância. Mas todo encurtamento e toda supressão dos afastamentos não nos trazem nenhuma proximidade. Para encontrar a vigência da proximidade, nós nos empenhamos em pensar a jarra na proximidade. Procuramos a vigência da proximidade e achamos a vigência da jarra, como coisa. Mas, neste achado, afirma Heidegger, percebemos, ao mesmo tempo a vigência da proximidade. Pois a coisa coisifica no sentido de, como coisa, reunir e conjugar numa unidade as formas de diferenças. Nesta coisificação da coisa, perduram terra e céu, mortais e imortais. Perdurando assim, a coisa leva os quatro, na distância própria de cada um, à proximidade recíproca de sua união. Este levar consiste em aproximar. Ora, aproximar é a vigência, a essência dinâmica da proximidade. A proximidade aproxima o distante, sem violar-lhe e sim preservando-lhe a distância. Proximidade resguarda a distância.   No resguardo da distância, a proximidade vige e vigora na aproximação. Aproximando desse jeito, a proximidade se resguarda a si mesma e, assim, de acordo com seu modo de ser, permanece sendo a condição de possibilidade do mais próximo. A coisa não está “na” proximidade, como se esta fosse um determinado continente. Proximidade só se dá e acontece na aproximação cumprida pela coisificação da coisa. Coisificando, a coisa deixa perdurar a união dos quatro, terra e céu, mortais e imortais na simplicidade da sua quadratura, que unifica por si mesmo. A terra é o sustentáculo da construção, a fecundidade na aproximação, estimulando o conjunto das águas e dos minerais, da vegetação e da fauna. Quando dizemos terra, já pensamos também, caso pensemos, nos outros três, a partir da simplicidade dos quatro.  

O céu é o caminho do sol, o curso da lua, o brilho das constelações, as estações do ano, luz e claridade do dia, a escuridão e densidade da noite, o favor e as intempéries do clima, a procissão de nuvens e a profundeza do éter. Quando dizemos céu, já pensamos também, caso pensemos, nos outros três, a partir da simplicidade dos quatro. Ipso facto, os imortais são acenos dos mensageiros da divindade. É, na regência encoberta da divindade, que Deus aparece, em sua vigência essencial, que o retira de qualquer comparação com o que é e está sendo. Os mortais são os homens. São assim chamados porque podem morrer. Morrer significa: saber a morte, como morte. Somente o homem morre. O animal finda. Pois não tem a morte nem diante de si, nem atrás de si. A morte é o escrínio do Nada, do que nunca em nível algum, é algo que simplesmente é e está sendo. Ao contrário, o Nada está vigendo e em vigor, como o próprio ser. Escrínio do Nada, a morte é o resguardo do ser. Chamamos aqui de mortais os mortais – não por chegarem ao fim e finarem sua vida na terra, mas porque eles sabem a representação da morte, como morte. Os homens são mortais antes de findar sua vida. Os mortais são mortais, por serem e vingarem, no resguardo do ser. São a referência universal vigente ao ser, como ser. É da e pela vida racional que os mortais devem vir a ser mortais.

Dá-se o nome de mundo a este jogo em espelho, onde se apropria a simplicidade da terra e céu, de mortais e imortais. Mundo é mundo, no vigor que instaura o mundo, que, portanto, mundaniza. Sua particularidade reside em que não se pode explicar a mundanização do mundo por um outro e nem se pode perscrutar-lhe o fundamento em outro ou a partir de outro. Esta impossibilidade não provém de uma incapacidade de explicar e fundamentar do pensamento humano. É simples: causa e fundamento estão em desacordo com paráfrase da mundanização de mundo. Nesta dissonância, repousa a impossibilidade de explicar e fundamentar a mundanização do mundo. Ao exigir aqui uma explicação, o conhecimento humano não se põe acima, mas abaixo da vigência de mundo. O querer explicar do homem não alcança a unidade simples da singularidade unitária do mundanizar. Ao serem representados como um real particular, diante do finito, fundando-se e explicando-se um pelo outro, os quatro conjugados são sufocados em sua vigência essencial. A união da quadratura é o quarteto. Todavia, o quarteto não se dá nem acontece, abraçando os quatro e ajuntando-se lhes, ao depois, nesse abraço. O quarteto também não se esvai e esgota, por estarem os quatro, uma vez dados, apenas um junto dos outros. O quarteto vive na apropriação do jogo e como jogo de espelho dos quatro, que se fiam e confiam no compromisso recíproco de unir o desdobramento.

O jogo do espelho do mundo se concentra na roda de dança da apropriação. E é por isso que a dança não abarca simplesmente os quatro num aro. A dança de roda é o nó (der Ring) de luta que se torce, retorce e contorce no jogo de espelho. Apropriando, o nó de luta ilumina os quatro, no brilho de sua simplicidade. Na luz do brilho, o nó apropria os quatro, abrindo-lhes, por toda parte, para o mistério da vigência. A vigência concentrada do jogo de espelho do mundo assim em luta é o nó que se concentra em pouco (das Gering). Pelo nó do jogo de espelho, que se concentra em pouco, os quatro se desdobram e ajustam à sua vigência unificante, mas própria de cada um. Nesta flexibilidade eles se ajuntam dóceis, mundanizando mundo. A coisificação da coisa se dá na apropriação de propriedades, pelo jogo de espelho e reflexo do nó que se concentra no pouco de sua luta. A coisa leva a quadratura a perdurar. A coisa coisifica mundo, no sentido de concentrar, numa simplicidade dinâmica, as diferenças. Cada coisa leva a perdurar a quadratura em cada duração da simplicidade do mundo. A ausência da proximidade em toda supressão dos afastamentos conduziu ao império da falta de distância. Nesta relação de poder a aproximação da proximidade é a única dimensão própria conjugada do jogo de espelho do mundo. Quando e como as coisas chegam, como coisas? Não chegam através dos feitos e dos artefatos do homem, mas também não chegam, sem a vigilância cotidiana dos mortais. O primeiro passo na direção desta vigília é o passo atrás, o passo de um pensamento apenas, representativo, isto é, explicativo, para o pensamento meditativo, que pensa o conteúdo de sentido. Esta passagem de um pensamento para outro não está, sem dúvida, apenas em simples troca de posição. Algo assim já não pode acontecer nunca porque as posições, junto com seus modos de troca, já estão presas ao pensamento representativo.

O passo atrás abandona todo o nível de um simples posicionar-se. Atrás instala-se numa correspondência que, interpelada pelo ser mundo dentro do mundo, respondendo-lhes em seu próprio âmbito. Uma simples troca de posições não pode propiciar, em nada, o advento da coisa, como coisa, da mesma maneira que, agora, tudo que se põe, como objeto, na ausência da distância, nunca pode simplesmente virar coisa. No entanto, sabemos que o pouco do nó que se concentra no jogo de espelho do mundo apropria o que se faz coisa. É que se aperta o nó de luta, onde o nó da terra e céu, mortais e imortais se conquista pela luta de sua simplicidade, mas que não é, de modo algum, a representação de algo simplesmente dado, pois ao ser pertence não só realidade e necessidade como também possibilidade. Em seu ersatz que segundo essa condição de possibilidade, a própria coisificação se torna flexível e a coisa se faz “andar” de forma cada vez maleável, inaparentemente dócil à sua vigência. A coisa é pouca coisa: a jarra e o banco, a prancha e o arado, mas a seu modo, é também coisa a árvore e o tanque, o riacho e o monte. Coisificando cada vez mais a seu modo, são coisas graça e corça, cavalo e touro. Coisificando cada vez mais de modo diferente, são coisas espelho e broche, livro e quadro, coroa e cruz. Poucas, as coisas também o são em número, quando medidas pelo sem-número dos objetos, com igual valor por toda parte quando medidas pela desmesura da massificação dos homens como seres vivos. Apenas mortais, os homens habitam mundo, como mundo. Apenas o que de mundo se apouca torna-se coisa, pequeno nó de simplicidade.

O exame das relações entre o Estado, a técnica e a universidade pública podem revelar o modo pelo qual se organizam as relações entre diferentes grupos sociais. Devido à própria posição relativa de cada um deles na estrutura de funcionamento, nesta ou naquela esfera de poder, quando estamos em face de uma atividade concreta, e muitas vezes exclusiva, enquanto aparelhos administrativos, órgãos técnicos, de pessoal e recursos, em que as situações e os problemas técnicos e políticos são examinados segundo a sua sucessão ordinária. Essa é uma contingência de toda a situação, à medida que falam, que dizem apenas o que querem, que tomam decisões e agem, revelam também as relações e as estruturas mais íntimas das situações e problemas. Para entendermos a questão da relação de rotinização que ocorre na universidade pública é necessário compreender que o papel da ciência nada mais é que a consciência levada a seu ponto mais alto de clareza. Para que uma instituição social possa progredir nas condições de existência que lhe são dadas, é necessário que o campo da consciência, tanto individual, como coletiva, se estenda e se dignifique. De fato, como os meios em que elas vivem se tornam cada vez mais complexos e também burocráticos e, por conseguinte, cada vez mais imóveis e impessoais, para durar é preciso que as consciências mudem com frequência. Por outro lado, quanto mais obscura uma consciência, mais é refratária à mudança social e institucional, arraigada na aridez dos costumes, porque não vê depressa o bastante em termos de qualidade do que é necessário mudar, nem em que sentido é preciso mudar; ao contrário, uma consciência esclarecida sabe preparar de antemão a maneira de se adaptar a essa mudança necessária. Eis porque a inteligência guiada pela ciência adquire importância maior no curso da vida coletiva.

            Todo estado forte da consciência, para concordarmos com Durkheim (2010), é uma fonte de vida, é um fator essencial de nossa vitalidade geral. Em consequência disso, tudo o que tende a enfraquece-lo nos diminui e nos deprime; resulta daí uma impressão de confusão e de mal-estar análoga a que sentimos quando uma função importante é suspensa ou retardada. É inevitável que reajamos energicamente contra a causa que nos ameaça com tal diminuição, que nos esforcemos por afastá-la, afim de mantermos a integridade de nossa consciência. A palavra função está sendo empregada de duas maneiras bastantes diferentes: 1) ora designa um sistema de movimentos vitais, fazendo-se abstração de suas consequências, ora exprime a relação de correspondência que existe entre esses movimentos e algumas necessidades de funcionamento. Perguntar qual é a função da divisão do trabalho é, portanto, procurar a que necessidade ela corresponde; quando tivermos resolvido essa questão, poderemos ver se essa necessidade é da mesma natureza que aquelas a que correspondem outras regras de conduta cujo caráter moral não é discutido.  Se escolhemos esse termo, é porque qualquer outro seria inexato ou equívoco. Não podemos empregar o sentido presumido de objetivo ou de objeto e falar do fim da divisão social do trabalho, porque seria supor que a divisão do trabalho existe tendo em vista os resultados que vamos determinar. O termo de resultados ou de efeitos tampouco poderia satisfazer-nos, porque não desperta nenhuma ideia de correspondência.

Ao contrário, a palavra papel, no sentido sistêmico, ou função, no sentido normativo, tem a grande vantagem de implicar essa ideia, mas sem nada prejulgar quanto à questão de saber como essa correspondência se estabeleceu, se ela resulta de uma adaptação intencional ou preconcebida ou de um ajuste a posteriori. O que nos importa é saber se ela existe e em que consiste, se não foi pressentida de antemão, nem mesmo se foi sentida ulteriormente. Nada, à primeira vista, parece tão fácil como determinar o papel da divisão do trabalho. Por aumentar ao mesmo tempo a força produtiva e a habilidade do trabalho, ela é condição necessária do desenvolvimento intelectual e material das sociedades; é a fonte da civilização. Por outro lado, como se presta de bom grado à civilização um valor absoluto, sequer se pensa em procurar outra função para a divisão do trabalho. Que ela tenha mesmo esse resultado, é o que não se pode pensar em discutir. Mas se ela não tivesse nenhum outro e não servisse a outra coisa, não se teria razão alguma para lhe atribuir um caráter moral. A vida social deriva inexoravelmente de uma dupla fonte: a similitude das consciências e a divisão do trabalho social. O indivíduo é socializado no primeiro caso, porque, não tendo individualidade própria, confunde-se como seus semelhantes, no âmbito do mesmo tipo de empreendimento coletivo; no segundo, porque, tendo uma fisionomia e uma atividade pessoais que o distinguem dos outros, depende deles na mesma medida em que se distingue e, por conseguinte, da sociedade corporativa que resulta de sua união. Esta divisão dá origem às regras jurídicas que determinam as relações das funções divididas, mas cuja violação acarreta apenas medidas reparadoras sem caráter expiatório.

Nunca é demais repetir que para que as sociedades possam viver nas condições de existência que lhes são dadas, é necessário que o campo da consciência se estenda e se esclareça. Uma consciência esclarecida sabe preparar de antemão a maneira de se adaptar a essa mudança risível. Eis porque é necessário que a divisão social e técnica do trabalho guiada disciplinarmente pela ciência adquira uma importância maior no curso da vida coletiva. A Universidade Estadual do Ceará prescinde da racionalização eficaz dos processos e métodos de trabalho e método de seleção de quadros de pensamento num processo contínuo/anual de composição/recomposição, como ocorre com o apoio institucional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, ou no âmbito político da Sociedade Brasileiro para o Progresso da Ciência - SBPC. Neste aspecto todos os exames seletivos poderiam ocorrer numa única quinzena no mês de julho. Para tanto deveria abdicar de parte de seu passado recente transformando-se por um lado, na Universidade do Estado do Ceará, resgatando seu papel de vanguarda na arte e na política em dois aspectos: 1) o prédio velho da Reitoria poderia transformar-se em Instituto de Arte, Cinema e Jornalismo (IACJ) com o objetivo de agregar ou reconduzir alguns Institutos, Centros e Escolas dispersos ao redor da cidade, para seu interior, cooperando institucionalmente com seu saber técnico e de serviços à sociedade. 2) A antiga estrutura física histórica que ocupa o Departamento de Pessoal poderia se transformar em Laboratórios do IACJ, mas os servidores técnico-administrativos, em troca, seriam reconduzidos para espaços amplos e adequados no prédio da Reitoria, habilitando-se de fato como o “cérebro econômico” da universidade. A Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), por exemplo, a última grande universidade criada por Darcy Ribeiro e o grupo de arquitetos e profissionais da educação, promoveu reestruturação deste tipo com apoio da sociedade. É preciso transformar o útil em agradável, o trabalho habitual em dedicação exclusiva (DE), a “vida nervosa” do problemático campus Itaperi, numa vivência comunitária, comprometida com práticas desportivas, aquáticas, artísticas, estéticas, com moradia para professores/alunos do Ceará, além das categorias de professores Visitantes como já fora citado, comprometidos igualmente com a pesquisa & bem-estar social da comunidade em seu universo.

             O Programa de Acompanhamento Discente (PRADIS), regulamentado pela Resolução nº 921/2012 do Conselho Universitário, da Universidade Estadual do Ceará, tem como objetivo proporcionar apoio institucional para a conclusão dos cursos vigentes, com a maior brevidade, de estudantes que excederam o tempo de integralização curricular. Estudantes de universidades públicas têm um prazo máximo para concluir os cursos de graduação. Em termos gerais, esse prazo corresponde ao tempo normal de duração do curso mais 50%. Isso significa que se trata do controle do tempo necessário à formação técnico-científica. Um aluno que escolhe um curso de graduação com duração de quatro anos, tem mais dois anos para concluí-lo, sob o risco de desligamento da instituição. A Universidade criou esse programa para regularizar alunos que excederam o tempo limite de permanência na instituição para a conclusão do curso. Cerca de 2.300 alunos da Universidade Estadual do Ceará, de um universo de 18 mil estudantes estão nesta situação de rotinização. A Pró-Reitoria de Graduação da instituição coordena o Programa de Acompanhamento Discente. Esses desníveis de 7, 7% de estudantes da graduação geram uma espécie de deflação de prestação de serviços para a manutenção estudantil pelo governo, e degenerescência para a instituição, pois faz com que a Universidade seja obrigada a oferecer disciplinas de uma grade curricular antiga para 2.300 alunos rotinizados. Além disso, a Universidade fica impossibilitada de abrir mais vagas para novos alunos tendo em vista a porosidade criada por este princípio de imobilização. A questão não poderá ser resolvida apenas com o ciclo repetitivo da matrícula, preenchido e assinado através da rotina de “Atualização de Cadastro” e do “Termo de Compromisso e Adesão ao Programa de Acompanhamento Discente da Universidade Estadual do Ceará – UECE/PRADIS”, disponíveis no Aluno On Line. A concepção instrumental da técnica guia todo esforço para colocar o homem num relacionamento direito com a técnica.

            Notadamente, para o que nos interessa, a ocupação de um cargo representa uma profissão. Isso se evidencia, primeiro, na exigência de um treinamento rígido, que demanda toda a capacidade de trabalho durante um longo período de tempo e nos exames especiais que, em geral, são pré-requisitos para o emprego. Além disso, a posição do funcionário tem a natureza de um dever. Isso determina a estrutura interna de suas relações sociais, da forma seguinte: jurídica e praticamente, a ocupação de um cargo não é considerada como uma fonte de rendas ou emolumentos a ser explorada. Nem é tampouco a ocupação do cargo considerada como uma troca habitual de serviços equivalentes, como é o caso dos livres contratos de trabalho. O ingresso num cargo púbico especificamente, é considerado como a aceitação de uma obrigação obediente de administração fiel, em troca de uma existência social segura. É decisivo para a natureza específica da fidelidade ao cargo que, no âmbito da neutralidade axiológica no tipo puro weberiano, ele não estabeleça uma relação pessoal, como era o caso da fé que ainda representava o senhor ou domínio do patriarca nas relações feudais ou patrimoniais. A lealdade na sociedade moderna é dedicada a finalidades impessoais funcionais, quando deve ser compreendido como aquele princípio que vem excluir a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos sobre as suas realizações administrativas casadas.

            A posse de diplomas educacionais está habitualmente ligada à qualificação para o cargo. Naturalmente, certidões ou diplomas fortalecem o “elemento estamental” na posição social do funcionário que investe sua carreira no setor público. Habitualmente, a estima social dos funcionários, como tal, é especialmente baixa onde a exigência de uma administração especializada e o domínio das convenções estamentais são fracos. O tipo puro sociológico de funcionário burocrático é nomeado por uma autoridade superior. Uma autoridade eleita pelos governados não é uma figura exclusivamente burocrática. Decerto, a existência formal de uma programação eleitoral não significa, em si, burocraticamente, que atrás dela se esconde uma nomeação – o que ocorre no Estado, especificamente, no caso da nomeação indicada pelos chefes partidários. A carreira do funcionário eleito não depende, ou pelo menos não depende principalmente, de seu chefe na administração. O funcionário que não é eleito, e sim nomeado por um chefe, funciona normalmente de modo coerente mais preciso, do ponto de vista técnico-metodológico, porque, na igualdade das outras circunstâncias, é mais favorável que os aspectos funcionais e as qualidades determinam sua seleção e sua carreira. Como leigos, os governados podem tomar conhecimento da medida em que um candidato se qualifica para o posto apenas em termos de experiência, e apenas depois de seu serviço. Mas a posse cria o amor da posse. 

            Dentro da burocracia a medida de independência, legalmente assegurada pela ocupação social de um cargo, nem sempre é fonte de melhor status para o funcionário cuja posição interna teria essa garantia. De fato, não tem, mas o funcionário se prepara para uma carreira dentro dessa hierarquia do serviço. Passa dos cargos inferiores e de menor remuneração para os postos mais elevados. A isso se juntam o desejo de condicionar o direito ao cargo público, a tendência crescente à organização corporativa e à segurança econômica. Tudo isso cria a tendência de considerar os cargos na divisão social do trabalho como prebendas e de uma organização “prebendaria” da burocracia, pois a transição dessa organização para um funcionalismo assalariado é bastante fluida, para os que estão habilitados através de certificados de cursos. A necessidade de levar em conta as qualificações gerais, pessoais e intelectuais, independentes do caráter subalterno da certidão educacional, levou a uma situação na qual os cargos políticos mais elevados, especialmente os cargos de ministros, são preenchidos principalmente sem referência a tais certificados ou certidões, exceto na política brasileira. O terreno adequado à burocratização da administração pública representa sempre o desenvolvimento específico das tarefas administrativas. Embora não signifique que toda formação conhecida e autêntica de grandes Estados, tenha provocado uma administração burocrática. A direção tomada pela burocratização e suas razões técnico-administrativas e políticas variam muito. O progresso da burocratização na administração estatal é um fenômeno paralelo da democracia. Se as relações sociais na burocratização da universidade não são democráticas é porque são autoritárias. A modernidade vagueia livre, mas não consegue emascular o véu da noiva. O caráter da farsa, da ilegibilidade das palavras e coisas e da corrupção dos juízos. A noção de talento profissional, nunca é demais repetir está relacionado à aptidão disciplinar ou à inteligência.

Bibliografia geral consultada.

WEISS, Raquel Andrade, Émile Durkheim e a Fundamentação Social da Moralidade. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Filosofia. São Paulo; Universidade de São Paulo, 2010; SAMPAIO, Sônia Maria Rocha (Org.), A Evasão na Educação Superior: Entre Debate Social e Objeto de Pesquisa. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 2011; NAUROSKI, Everson Araújo, Trabalho Docente e Subjetividade: A Condição dos Professores Temporários (PSS) no Paraná. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Setor Ciências Humanas. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2014; CAINELLI, Clívia Martins de Oliveira, Professores Contratados por Tempo Determinado: Sentimentos de um Inquilinato Docente. Dissertação de Mestrado. Programa de Mestrado em Gestão e Práticas Educacionais. São Paulo: Universidade Nove de Julho, 2016; CARDOSO, Marcelle Miranda Fortuci Lopes, A Evasão Discente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Métodos e Gestão em Avaliação. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2017; SILVA, Patrícia Araújo, As Influências Geracionais nas Relações Sociais de Trabalho de uma Instituição de Ensino Superior, à Luz da Psicodinâmica do Trabalho. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Administração. Centro de Estudos Sociais Aplicados. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará, 2019; PELEGRINI, Tatiane; FRANÇA, Marco Túlio Aniceto, “Endogenia Acadêmica: Insights sobre a Pesquisa Brasileira”. In: Estudos Econômicos. São Paulo, vol.50 nº4, pp.573-610, out.- dez. 2020; OLIVEIRA, Luciana David de, Abordagem Triangular: Epistemologia e Cognição. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2021; MINEIRO, Márcia, O Essencial e Invisível aos Olhos: A Concepção dos Estudantes sobre Mediação Lúdica na Educação Superior. Tese de Doutorado. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2021;  entre outros.

domingo, 25 de julho de 2021

Adolpho Bloch - Televisão: Aconteceu, Virou Manchete Global.


                    “A vida só é digna de ser vivida quando se faz algo pela vida em vida”. Adolpho Bloch            

         

           Adolpho Bloch nasceu em Jitomir, a 120 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia, no dia 8 de outubro de 1908, filho de Joseph e Ginda Bloch, de origem judaica. Seu pai era dono de uma litotipografia e orientou os três filhos homens, Adolfo, Arnaldo e Bóris, nas artes gráficas. Ainda criança, Adolpho trabalhou como auxiliar na produção de folhetos de propaganda para a Revolução Russa de 1917, além de imprimir papel-moeda para o governo provisório de Aleksandr F. Kerenski. Em função da instabilidade política gerada pela revolução socialista e das crescentes perseguições aos judeus em Jitomir, a família mudou-se para Kiev, onde Adolpho, além de trabalhar vendendo libretos de ópera, passou a frequentar uma escola comercial. Lá foram novamente vítimas de pogroms, ataques de cossacos aos judeus. As dificuldades financeiras aumentaram com a desapropriação, pelo governo, da litotipografia de Joseph. Em meados de 1921, os Bloch decidiram emigrar. A partir de um contato com um tio residente na Bahia, passaram pela Itália, onde permaneceram dois meses no porto de Nápoles vivendo com grandes dificuldades, e em dezembro embarcaram na terceira classe do navio Red’Itália rumo ao Brasil. O intuito inicial da viagem era juntar algum dinheiro e conseguir vistos para os Estados Unidos da América. Chegando ao Rio de Janeiro no início de 1922, a família estabeleceu-se em Aldeia Campista, na Zona Norte, optando por permanecer no Brasil.

Com os poucos recursos que trouxe da Rússia, Joseph Bloch estabeleceu uma pequena gráfica, com máquinas impressoras manuais, para a qual Adolfo trabalhava procurando encomendas no comércio. Estudando à noite no Colégio Pedro II, já nessa época começou a frequentar redações de jornais da cidade do Rio de Janeiro, onde travou contato com jornalistas e escritores. Seu primeiro grande negócio, que tornou reconhecida a gráfica dos Bloch, foi a impressão massiva de papel de seda especial para embalar laranjas para exportação. Com os rendimentos daí provenientes, comprou sua primeira casa, em Copacabana. Depois da morte do pai, assumiu com os dois irmãos o comando da gráfica. Em 1931, naturalizou-se brasileiro. Em 1939, inaugurou a primeira sede própria da gráfica, na rua Frei Caneca. Na mesma ocasião, iniciou as obras de construção de um parque gráfico em Parada de Lucas. Em 1951, teve a ideia de criar uma revista semanal ilustrada do tipo Paris-Match, uma revista semanal de língua francesa. Ela cobre as principais notícias nacionais e internacionais, com recursos de estilo de vida de celebridades. Adolpho Bloch comprou máquinas, instalando a redação na sede da rua Frei Caneca, no centro do Rio de Janeiro. Enfrentou a resistência de todos, inclusive dos irmãos, que consideravam impossível competir com a revista O Cruzeiro, dos Diários Associados, lídereres do mercado editorial com tiragem semanal média de cerca de 500 mil exemplares. Em 26 de abril de 1952, foi para as bancas o primeiro número da revista Manchete, que, embora enfrentasse dificuldades em seus primeiros anos, reunia uma equipe de jornalistas e escritores notáveis, como Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Sérgio Porto, Oto Lara Resende, Fernando Sabino, entre outros.

Na tarde de 20 de abril de 1960 iniciaram as cerimônias de inauguração com a entrega da chave da cidade para o presidente. À zero hora do dia 21 de abril de 1960, durante uma missa solene, Brasília foi declarada inaugurada em um clima de emoção e euforia, e o presidente e vários entre o público foram às lágrimas. Pelas ruas os candangos expressavam sua alegria. Às 8h da manhã foi dado o Toque de Alvorada pela banda dos Fuzileiros Navais e minutos depois Juscelino hasteou a bandeira nacional diante do Palácio do Planalto. Em seguida Brasília iniciou suas atividades como capital, quando o presidente recebeu os cumprimentos das delegações diplomáticas. Às 9h30min foram instalados os Três Poderes, às 10h15 min, na Catedral de Brasília ainda inacabada, o Núncio Apostólico instalou a Arquidiocese de Brasília, e às 11h30min foi realizada a primeira sessão solene do Congresso Nacional. Ao fim da sessão Juscelino foi carregado nos ombros pelos parlamentares como um herói. À tarde a população se reuniu no Eixo Rodoviário Sul para assistir a um desfile militar, com a passagem do Fogo Simbólico da Unidade Nacional. As comemorações se repetiram e só encerraram oficialmente na noite de 23 de abril, com a representação de uma alegoria escrita por Josué Montello, que foi encenada com a participação de militares em parada, jovens da sociedade carioca, tratores e um helicóptero descendo do firmamento, e inúmeros figurantes portando ferramentas de trabalho, personificando os candangos. A tônica da peça, narrava a fundação das três capitais brasileiras. Foi o contraste entre o velho e a adesão decidida ao novo, resgatando figuras históricas e para melhores dias, contra um cenário colorido por fogos de artifício e diante do aplauso frenético da população.


Adolpho Bloch representou um dos grandes incentivadores do governo do presidente Juscelino Kubitschek (JK), defendendo especialmente a construção da nova capital. Foi graças à divulgação por ele promovida que o slogan “50 anos em cinco” (cf. Benevides, 1976), retirado de um discurso de campanha de Juscelino, se tornou famoso como símbolo do governo JK, entre 1956 e 1961. Sua eleição foi marcada pelo plano de ação “Cinquenta anos em cinco”, marca do desenvolvimentismo, já que o ideal era trazer ao Brasil o desenvolvimento econômico e social. Segundo JK, se com outros governantes este processo levaria cinquenta anos, com ele levaria apenas cinco. Trouxe diversas empresas estrangeiras para o país, entre elas, as automobilísticas Chrysler e Ford através do Grupo Executivo da Indústria Automobilística, já que ele queria incentivar o comércio de carros, além de televisões e outros bens de consumo duráveis. Em resumo, procurou alinhar a economia brasileira à economia norte-americana. Foi também o primeiro a abrir um escritório jornalístico no Planalto Central, para onde enviou uma dupla de repórteres. Apostando no desenvolvimentismo do programa de metas de Juscelino e publicando reportagens sobre a construção de Brasília, a Manchete aumentou sua tiragem e seu volume de publicidade e, com a decadência de O Cruzeiro, tornou-se a primeira revista brasileira. Aproveitando a situação favorável, Bloch reequipou seu parque gráfico e criou novas revistas, como Fatos e Fotos, Jóia, Pais & Filhos, Ele & Ela, Desfile, Amiga, Sétimo Céu e outras. 

A densidade de Manchete com o programa das metas de JK fez com que o já então ex-presidente se aproximasse do editor, justamente no momento em que a política dava uma reviravolta e JK era cassado e obrigado a se exilar, sendo seu nome proibido de receber menção na imprensa. Adolpho não tomou conhecimento da proibição e continuou a dar ampla cobertura e corajosa defesa a JK. Com o nascimento da primeira neta de Juscelino, em Portugal, Adolpho foi convidado a ser padrinho de batismo. Em 1968, inaugurou a nova sede da sua editora, na Praia do Russel (zona sul do Rio), com três prédios projetados por Oscar Niemeyer. Tornou-se amigo íntimo de Juscelino Kubitschek e, quando este foi cassado e exilado pelo regime militar golpista de 1º de abril de 1964, dois meses depois desconsiderou a proibição que seu nome recebesse menção na imprensa, continuando a promover publicamente a defesa do ex-presidente da República, de quem editaria as memórias em três volumes. Embora mantivesse fidelidade a JK, Bloch apoiou a ideologia do “Brasil Grande” promovida pelo regime militar instaurado em 1964. Em novembro de 1968, inaugurou a nova sede de sua editora na praia do Russel, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, projetada pelo comunista Oscar Niemeyer, onde funcionariam, as redações do grupo, as emissoras de FM/AM, o Museu de Arte Brasileira e o Teatro Adolfo Bloch, inaugurado em 1973. 

Do saguão do prédio da Manchete sairia, em 22 de agosto de 1976, o enterro do ex-presidente Juscelino Kubitschek. A história social de Brasília, a capital do Brasil, localizada no Distrito Federal, iniciou-se com as primeiras ideias da capital brasileira no centro do território nacional. A necessidade de interiorizar a capital do país parece ter sido sugerida pela primeira vez em meados do século XVIII, ou pelo Marquês de Pombal, ou pelo cartógrafo italiano a seu serviço Francesco Tosi Colombina. A ideia foi retomada pelos Inconfidentes, e foi reforçada logo após a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808, quando esta cidade era a capital do Brasil. A primeira menção ao nome de Brasília para a futura cidade apareceu em um folheto anônimo publicado em 1822, e desde então seus sucessivos projetos apareceram propondo a interiorização. A primeira Constituição da República, de 1891, fixou legalmente a região onde deveria ser instalada a capital, mas foi somente possível ocorrer em 1956, com a eleição de Juscelino Kubitschek, através de uma aliança política formada por seis partidos, Juscelino foi eleito Presidente da República em 3 de outubro de 1955, com 35,68% dos votos válidos, a menor votação de todos os presidentes eleitos de 1945 a 1960. Assim teve início a efetiva construção da cidade, inaugurada ainda incompleta em 21 de abril de 1960 após um apertado cronograma de trabalho, seguindo o plano urbanístico de Lúcio Costa e orientação arquitetural de Oscar Niemeyer. Os edifícios mais complexos, como os palácios e a catedral, seguiram os projetos estruturais elaborados pelo engenheiro Joaquim Cardozo. 

A partir desta data histórica iniciou-se a transferência dos principais órgãos da administração pública federal para a nova capital, e na abertura da década de 1970 estava em pleno funcionamento. No desenrolar de sua história social e política, Brasília, como capital nacional, e Distrito Federal testemunhou uma série de eventos e palco de grandes manifestações populares. Planejada para 500 mil habitantes em 2000, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística ela possuía nesta data 2,05 milhões, sendo 1,96 milhões na área de zona urbana e cerca de 90 mil na área de zona rural. Este é apenas um dos paradoxos que colorem a história de Brasília. Concebida como um exemplo de ordem e eficiência urbana, como uma proposta de vida moderna e otimista, que deveria ser um modelo de convivência harmoniosa e integrada entre todas as classes, Brasília sofreu na prática importantes distorções e adaptações em sua proposta “idealista primitiva”, permitindo um crescimento desordenado e explosivo, segregando as classes subalternas para a periferia e consagrando o Plano Piloto para o uso e habitação das elites sociais e políticas, além da organização urbana não ter-se revelado tão convidativa para convívio social e familiar como imaginaram seus idealizadores, pelo menos para os primeiros de seus habitantes, que estavam habituados a tradições diferentes. Controversa desde o início, custou aos cofres públicos uma fortuna, jamais calculada exatamente, o que esteve provavelmente entre as causas das crises financeiras nacionais dos anos seguintes à sua construção. O projeto foi combatido como uma insensatez por muitos, e por muitos aplaudido como uma resposta visionária e grandiosa ao desafio da modernização brasileira. 

A construção de Brasília teve um impacto social e político importante na integração da região Centro-Oeste à vida econômica e social do Brasil, mas enfrentou e, como todas as grandes cidades, mesmo planejadas, ainda enfrenta atualmente sérios problemas de habitação, emprego, saneamento, segurança e outros. Por outro lado, a despeito das polêmicas em seu redor, consolidou definitivamente sua função como capital e tornou-se o centro político da vida na nação, e tornou-se também um ícone internacional a partir de sua consagração como Patrimônio da Humanidade em 1987, reconhecida por autores como um dos mais importantes projetos urbanístico-arquitetônicos da história. A partir de um relato verbal de Capistrano de Abreu a respeito de escritos e mapas adquiridos pela Biblioteca Nacional e pelo Arquivo Público Mineiro no leilão da biblioteca do Conde de Linhares, parece que a originalidade da ideia da interiorização da capital se deve a Francesco Tosi Colombina, cartógrafo italiano a serviço da Coroa portuguesa, que visitou Goiás em 1749 e elaborou um mapa do Brasil, quando se realizavam as negociações para o Tratado de Madri de 1750. Mas há indícios de que o Marquês de Pombal tenha sido o mentor da ideia, tendo Colombina realizado a expedição a seu mando. 

O marquês também foi o responsável pela transferência em 1763 da primeira capital do Brasil, até então Salvador, para o Rio de Janeiro. Documentadamente, porém, a primeira sugestão de se mudar a capital para o interior partiu dos Inconfidentes mineiros, que pretendiam levá-la para São João del-Rei, “por ser mais bem situada e farta em mantimentos”, e associavam a mudança ao regime republicano. Anos depois, assim que a corte portuguesa se estabeleceu no Brasil, em 1808, o almirante britânico Sidney Smith recomendou ao príncipe regente Dom João a transferência da sede de governo para o interior, alegando motivos estratégicos. Na mesma época o diplomata Strangford, sugeriu que se mudasse a capital para o sul, para localizá-la em uma região de clima ameno e mais salubre. Em 1809 a Imprensa Régia fez circular um documento alegadamente de William Pitt, primeiro-ministro do Reino Unido, onde ele recomendava a construção de uma Nova Lisboa no Brasil central, sob argumentos semelhantes. Entretanto, muitos pesquisadores consideram o documento apócrifo. No ano seguinte o desembargador Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira apresentou memorial ao príncipe aconselhando a mudança, e a partir de 1813 Hipólito José da Costa, em repetidos artigos publicados no Correio Braziliense, reivindicou a interiorização da capital do Brasil, a ser instalada no vasto Planalto Central.


Historicamente no decorrer das dpecadas de 1930 a 1970, a política econômica governamental foi estatizante ou privatista, nacionalizante ou internacionalista, desenvolvimentista ou estabilizadora, conforme a constelação política dominante e a natureza dos dilemas econômicos existentes na ocasião. Nos anos de 1964, após a deposição do Presidente João Goulart, a política econômica do governo adquiriu nova sistemática e orientação, relativamente ao que se fazia nos anos 1961-1963. Aliás, pode-se mesmo dizer que a política econômica governamental dos anos 1964-1970 adquiriu nova sistemática e orientação relativamente a todas as outras políticas econômicas adotadas pelos governos do país. Sob vários aspectos as diretrizes governamentais, após 1964, corresponderam a um aperfeiçoamento de tendências e realizações efetivadas nas décadas anteriores. Essas diretrizes exprimiram uma das tendências do sistema econômico-político brasileiro. 

Devido aos acentuados desequilíbrios econômicos, sociais e políticos gerados na década de 1950, e acentuados nos anos 1961-63, a política econômica dos governos militares de Castello Branco, Costa e Silva e Garrastazu Médici teve principalmente os seguintes objetivos: estabilização financeira; “racionalização” do sistema produtivo, desde o mercado de capitais até as relações sociais de produção; e reintegração do subsistema econômico brasileiro no sistema capitalista mundial. Isto é, a forma pela qual o poder público foi levado a interferir nos destintos níveis da economia brasileira teve por finalidade controlar (ou eliminar) certos tipos de desequilíbrios e pontos de estrangulamento internos e externos. Entenda-se, entretanto, que a modernização conservadora (política) racionalização taylorista-fordista do subsistema econômico era uma condição necessária tanto para a integração no sistema mundial como para a retomada do crescimento nacional. Vale lembrar neste aspecto é praticamente impossível pensar em Carnaval e não se lembrar das transmissões da Rede Manchete, certo? Então relembre na lista a seguir algumas das proezas que a emissora dos Bloch fazia na démarche da folia e ao longo do ano também): 1 – Durante o Carnaval, toda a programação da Manchete se voltava aos festejos, com a transmissão dos desfiles, debates, programas especiais e telejornais. 

O restante das atrações da grade praticamente parava. 2 – Para esquentar a galera de foliões, só a Manchete exibia os desfiles completos das escolas de samba vencedoras dos anos anteriores, geralmente ao longo do sábado. 3 – Durante todo o ano tinha Carnaval na Manchete, com os programas Feras do Carnaval e Esquentando os Tamborins. As atrações eram exibidas, por exemplo, em programetes antes do Jornal da Manchete e das novelas das emissoras, além de algumas edições especiais com maior duração. 4 – Só a rede Manchete tinha a transmissão do Paulo Stein. O narrador, que comandava o futebol da emissora, acabou se especializando na cobertura carnavalesca e virou referência no setor de mídia, junto com o saudoso Fernando Vannucci, que fazia a locução na rede Globo. Era uma saudável competição de mercado televisiva. 5 – Só a Manchete começava a transmissão dos desfiles às 18horas no domingo e na segunda-feira e exibia todas as escolas de samba para todo o Brasil. A rede Globo, continua até os dias de hoje, cortando a primeira escola de cada dia para não prejudicar a sua grade. 6 – Só a TV Manchete fazia uma apuração paralela, levando ao público as imagens televisas de forma inédita como ocorre em 1992, para confirmar os resultados do Carnaval. 

As brigas e discussões eram similares às que vemos nos debates de futebol, já que se tratam de duas paixões nacionais. 7 – Além dos desfiles, todo mundo esperava a transmissão dos concursos de fantasia no final da manhã e na parte da tarde, como o do extraordinário Hotel Glória, no Rio de Janeiro, principalmente para ver os luxuosos trajes de Clóvis Bornay. 8 – Também eram exibidos os principais bailes do Rio de Janeiro, cujas beldades focalizadas faziam a alegria dos marmanjos. 9 – Só o canal tinha o Botequim do Samba ou Botequim da Manchete (dependendo do ano), onde, nos intervalos dos desfiles, as estrelas do Carnaval soltavam a voz e tomavam todas ao vivo. Nesse ponto, o Camarote Globeleza, da Globo, ficava bem atrás. 10 – Vez ou outra, aparecia alguém mais alegrinho no Botequim, fazendo a alegria da galera: pena que ainda não existiam as redes sociais para registrar. 11 – Só a Manchete tinha um telejornal próprio para a época, que era o Jornal do Carnaval - o nome mudava conforme o tema da cobertura. 12 – Todo mundo carnavalesco ficava esperando o comercial que anunciava a Revista Manchete especial do Carnaval para ver quais beldades da época estavam na capa. 13 – Só na rede Manchete que o eterno Abelardo Barbosa, o Chacrinha, na até então trabalhando na rede Globo de televisão, foi entrevistado ao vivo em 1987 e disse que “achou o desfile do caralho”. As celebridades falavam o que queriam, na lata (cf. Castro, 2021).

Adolpho Bloch (Rede Manchete) e
Roberto Marinho (Rede Globo de Televisão)
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Paulo Stein começou a trabalhar no Jornal dos Sports em 1968, onde ficou até 1969. Foi repórter e pauteiro do O Estado de S. Paulo de 1969 a 1978. No rádio trabalhou na Tupi de 1971 a 1976 e na Nacional de 1976 a 1981. Foi colunista do jornal O Fluminense entre 1978 e 1981. Na televisão, foi narrador, diretor de esportes e apresentador do programa Bola na Mesa na TV Bandeirantes Rio de Janeiro de 1977 a 1982. Em 1983, foi para a Rede Manchete onde foi diretor de esportes e, além da cobertura esportiva, se consagrou também nas transmissões de carnaval, que na emissora narrou de 1984 a 1998, sendo o primeiro locutor que transmitiu do Sambódromo Carioca e também no de Manaus. Narrou o carnaval de São Paulo por vários anos e o de Salvador, em 1993. Em 1996, Stein foi para a RecordTV, mas voltou em 1997 para a Manchete, onde também participou da cobertura da Copa do Mundo de 1998. Paulo Stein esteve na Manchete até 1999, quando foi colocado à disposição em novembro daquele ano pela RedeTV!, que comprou a emissora do grupo Bloch em maio. Além disso, escreveu para as revistas Manchete, Fatos & Fotos, Manchete Esportiva e Placar. Foi também professor de telejornalismo e radialismo. Deu aulas na Faculdade Pinheiro Guimarães de 1993 a 1996. Foi diretor de redação entre 2000 e 2001 do site MeDeiBem. 

Em 2001, passou a integrar a equipe da TVE Brasil onde apresentou o EsporTVisão. Entre 2008 e 2010, passou a integrar a equipe da ESPN Brasil atuando como apresentador do programa Bate-Bola 2.ª edição, na sede carioca da emissora. Em 2011, passa a integrar a equipe do SporTV e Premiere, dos quais saiu em 2019, não retornando mais ao vídeo. Em 2009, depois de 11 anos fora das transmissões do carnaval carioca, comandou a transmissão do desfile para a Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso, na CNT do Rio de Janeiro, que é uma emissora de televisão brasileira sediada na cidade do Rio de Janeiro, capital do estado homônimo. Opera no canal 9 e é uma emissora própria e geradora da CNT, juntamente à CNT Curitiba e à CNT Tropical. Era concebida como uma possibilidade dependente da forma pela qual a economia do Brasil fosse absorvida no “capitalismo mundial integrado”, sob a hegemonia dos Estados Unidos da América (EUA). Essa reorientação das relações da sociedade civil (classes sociais) entre o Estado (sociedade política) e a economia (setor produtivo), conforme ela se exprimia nas diretrizes da política econômica governamental, concretizou-se em várias normas e técnicas de ação postas em prática pelo poder público. 

Antes a efetivação do projeto social aconteceu na presidência de Juscelino Kubitschek, que assumiu o governo em 1956, mas desde a campanha eleitoral anterior ele firmara sua disposição de cumprir o que determinava a lei constitucional, no célebre comício na cidade goiana de Jataí, a 5 de abril de 1955, tendo sido este o ponto de partida. Em 15 de março de 1956 o presidente criou a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O engenheiro Israel Pinheiro foi indicado como presidente da companhia, o arquiteto Oscar Niemeyer como diretor técnico, que imediatamente começou a elaborar projetos para os primeiros edifícios, como o Catetinho, o Palácio da Alvorada e o Brasília Palace Hotel Ele também foi o organizador de um concurso público para a criação do projeto urbanístico do núcleo da cidade, o chamado Plano Piloto. Em 12 de março de 1957 iniciou-se a seleção dos projetos no Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. No dia 16 foi apresentado como vencedor o plano de Lúcio Costa, em votação unânime. O júri do concurso foi composto por Israel Pinheiro, presidente, sem direito a voto; Oscar Niemeyer, pela Novacap; Luiz Hildebrando Horta Barbosa, pelo Clube de Engenharia; Paulo Antunes Ribeiro, pelo Instituto de Arquitetos do Brasil; William Holford, da Universidade de Londres; André Sive, professor de urbanismo em Paris e conselheiro do Ministério de Reconstrução da França, e Stamo Papadaki, da Universidade de Nova Iorque. Contudo, desde logo o concurso foi criticado. O presidente do IAB, Paulo Ribeiro, alegando ter sido colocado à parte da escolha, não assinou o relatório final, e retirou-se, dando um voto em separado. Marcos Konder, convidado por Niemeyer, se recusou a participar, considerando os prazos curtos e o Edital com uma regulamentação irregular. Alguns participantes também manifestaram seu desagrado.

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) é uma instituição fundada em 26 de janeiro de 1921 com o objetivo de fomentar a discussão da arquitetura e urbanismo e divulgar a profissão do arquiteto perante a sociedade brasileira. É a entidade profissional dos arquitetos mais antiga no país e a única representante no Brasil da União Internacional de Arquitetos, órgão máximo profissional e cultural dos arquitetos no mundo. O IAB atua através de órgãos estaduais e em conselhos referentes a assuntos relativos aos profissionais arquitetos e a sociedade, com ênfase nas questões que envolvem a formação do arquiteto e na divulgação da atividade deste profissional. O IAB organiza, desde a década de 1940 o Congresso Brasileiros de Arquitetos e, em conjunto com a Fundação Bienal, o IAB é responsável pela organização da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. Fundado no Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1921, vale lembrar que o IAB é a mais antiga das entidades brasileiras dedicadas à arquitetura, ao urbanismo e ao exercício da profissão. O IAB não tem fins lucrativos e seus dirigentes não são remunerados. O IAB adotou o modelo federativo de organização e conta com Departamentos autônomos em todos estados do país, que possuem, por sua vez, núcleos locais nos municípios de maior relevância. A entidade é liderada pela Direção Nacional, responsável pela articulação e coordenação dos Departamentos, pelas ações de abrangência nacional e internacional. A instância política é o Conselho Superior, composto por representantes dos Departamentos e pelos Conselheiros Vitalícios, ex-presidentes da entidade.

Em 1921, ano em que o Rio de Janeiro presencia outra expansão urbana, durante o governo de Epitácio Pessoa, presidente da república entre 1919 e 1922, o período de governo foi marcado por revoltas militares que acabariam na chamada Revolução de 1930, a qual levou Getúlio Vargas ao governo central. Foi deputado federal em duas conjunturas, ministro da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, procurador-geral da República, senador três vezes, chefe da delegação brasileira junto à Conferência de Versalhes e juiz da então Corte Permanente de Justiça Internacional, mas também com a nova organização das estruturas sociais, nasce o Instituto Brasileiro de Architectura. A entidade foi criada no dia 26 de janeiro, após reunião de 27 arquitetos e engenheiros na Escola Nacional de Belas Artes. A agitação crescente em torno das artes e da política brasileira abriu portas para um período de efervescência, que gerou a Semana de Arte Moderna de 1922 e o Manifesto Surrealista. Diante de tantas transformações, o Instituto, com apenas um ano de trajetória, viu seus membros se dividirem. Mas a cisão não durou muito tempo: em 1925, os dois grupos se fundem no Instituto Central de Arquitetos, presidido por Fernando Nereu de Sampaio, cujo objetivo principal era a consolidação e união da classe. O período entre 1931 e 1942 é marcado por produções emblemáticas da arquitetura brasileira: o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, de Oscar Niemeyer; o Grande Hotel de Ouro Preto; a Avenida Presidente Vargas; os prédios Decó, em Copacabana, Rio de Janeiro; e o Park Hotel, de Lúcio Costa, em Friburgo (RJ), entre outras. Durante seis mandatos sucessivos, de 1936 a 1943, Nestor Egydio de Figueira mantém-se na presidência do IAB, encerrando a fase dos presidentes fundadores e abrindo campanha pela eleição de grandes nomes da arquitetura.

Desde a década de 1960 quando surgiram os Especiais do Festival de Música Popular Brasileira, pela TV Record, até o final da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando os novos talentos, registravam índices recordes de audiência. No Festival conheceu Chico Buarque, mas acabou desistindo de gravá-lo devido “à impaciência com a timidez do compositor”. Elis Regina participou do especial intitulado: “Mulher 80”, pela Rede Globo de Televisão, num desses momentos marcantes para os telespectadores. O programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema dizia respeito à condição da mulher brasileira e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, entre elas: Maria Bethânia, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Elis Regina, Gal Costa e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher. A antológica interpretação de “Arrastão” de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, no Festival, escreveu um novo capítulo na história social da música brasileira, inaugurando a MPB - Música Popular Brasileira e apresentando uma Elis Regina ousada com uma interpretação inesquecível, encenada pouco depois de completar apenas 20 anos de idade e coroada com o reconhecimento do Prêmio Berimbau de Ouro. 

O Troféu Roquette Pinto veio na sequência, elegendo-a a Melhor cantora do ano. Fã incondicional de Ângela Maria, a quem prestou várias homenagens, Elis Regina impulsionava uma carreira não menos gloriosa, possibilitando o lançamento do primeiro Long Play individual, “Samba eu canto assim” (CBD, selo Philips). Pioneira, em 1966 lançou o selo Artistas, “registrando o primeiro disco independente produzido no Brasil”, intitulado “Viva o Festival da Música Popular Brasileira”, gravado durante o festival. Rede Tupi foi uma rede de televisão aberta brasileira. Sua matriz e geradora, a TV Tupi de São Paulo, inaugurada em 18 de setembro de 1950 pelo jornalista Assis Chateaubriand, foi a primeira emissora de TV a operar no país. Pertencia aos Diários Associados, que, detendo vários jornais e rádios, era um dos maiores conglomerados de mídia do Brasil. Outros canais viriam a ser inaugurados pelo grupo econômico em algumas localidades do país, formando futuramente uma das primeiras redes nacionais. Durante a década de 1950, a Tupi era o canal de maior audiência do Brasil, seguido pela RecordTV/TV Rio (Rede das Emissoras Unidas) e pela TV Paulista. 

A partir da década de 1960, o canal perderia a liderança de audiência para a RecordTV e posteriormente o segundo lugar para a TV Excelsior, ocupando então o terceiro lugar. Em 1967, foi superado em audiência pela TV Globo, assumindo o quarto lugar de audiência no restante da década. Durante a década de 1970, devido a extinção da TV Excelsior, passa novamente a ocupar o terceiro lugar, sendo superado pela Rede Globo, em primeiro lugar desde 1969, e pela RecordTV, em segundo lugar. Em 1972, havia 64 estações geradoras de televisão no país. A maioria se limitava a retransmitir a programação dos três grandes grupos geradores: Globo, Record e Tupi. Em 18 de julho de 1980, devido a problemas administrativos e financeiros, a Tupi saiu do ar com parte de suas concessões cassadas pelo Governo Federal. Os ativos da emissora foram adquiridos pelo Grupo Silvio Santos (proprietários do SBT), pelo Grupo Bloch (Rede Manchete, que seria extinta em 1999 e teria as suas concessões adquiridas pela RedeTV!) e pelo Grupo Abril (que operaria a MTV Brasil de 1990 até 2013, substituindo-a pela Ideal TV e então vendendo a sua concessão em 2015 a Spring Comunicação, que fundaria em 2020 a Loading, no entanto a venda de concessão foi anulada em 2020.

Com o fim da Rede Tupi em 1980, o governo federal decidiu licitar duas novas redes de televisão. Todos sabemos que Silvio Santos ganhou uma das redes e imediatamente as colocou no ar. Mas pouca gente sabe que esse era o menor dos pacotes, formado por canais do Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belém (PA) e Porto Alegre (RS). O maior conglomerado, formado por emissoras do Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Fortaleza (CE) ficou com o Grupo Bloch. Ao contrário do Grupo Silvio Santos, que já possuía o Centro de Televisão da Vila Guilherme e uma emissora funcionando plenamente (TVS Rio), os Bloch tiveram que construir toda a infraestrutura do zero. Não havia estúdios, equipamentos, transmissores, antenas, artistas, diretores, funcionários...precisaram de 2 anos e US$ 50 milhões só para colocarem a rede no ar. A construção da sede e as suas configurações certamente merecerá um capítulo a parte, nas próximas postagens. Por hora, é bom frisar que o novo prédio foi construído do lado da Editora Manchete, com o mesmo padrão, dando um resultado final de ampliação do prédio antigo. O novo prédio era moderno, todos os equipamentos comprados colocavam a TV Manchete como a emissora com maior capacidade tecnológica da América do Sul. Em 1983, A TV Manchete era única emissora do hemisfério sul que possuía um departamento de computação gráfica (Manchete Computer Graphic).

Ainda teve grande êxito com o espetáculo “Transversal do Tempo”, em 1978, de um clima extremamente político e tenso; com o “Essa Mulher” em 1979, sob a direção de Oswaldo Mendes, que estreou no Anhembi em São Paulo e excursionou pelo Brasil no lançamento do disco homônimo; com o samba “Saudades do Brasil”, em 1980, sucesso de crítica e público pela originalidade, tanto nas canções quanto nos números com dançarinos amadores, direção de Ademar Guerra e coreografia de Márika Gidali (“Ballet Stagium”); e finalmente o último espetáculo, “Trem Azul”, em 1981, direção de Fernando Faro. Data desta época a frase: “Neste país só duas cantam: Gal e eu”. Elis Regina sai do Inferno para o Paraíso. Ao Inferno, ela chega ao ser metaforicamente “enterrado” no “Cemitério dos Mortos-Vivos do Caboco Mamadô” – para onde o cartunista Henfil, no semanário O Pasquim, mandava pessoas que, na opinião dele, colaboravam com a ditadura militar golpista no início da década de 1970.  Ao Paraíso, Elis ascende ao liderar um grupo de artistas: Fagner, Belchior, Gonzaguinha, João Bosco, Jards Macalé e Carlinhos Vergueiro, e outros, que fazem vários shows para levantar dinheiro para o Fundo da Greve do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, no ABC paulista, em 1979.

Essa vivência política é um lado pouco conhecido na vida pessoal e artística de Elis Regina que, aos 18 anos, foi sozinha para o Rio de Janeiro, aonde chegou a morar num quarto-e-sala na Rua Barata Ribeiro, 200, em Copacabana, um prédio tipo “balança-mas-não cai”, celebrizado com a peça teatral: “Um Edifício Chamado 200”, de Paulo Pontes. Dirigido por Carlos Imperial, “Um Edifício Chamado 200” é também um filme brasileiro de 1973, baseado em peça homônima de Paulo Pontes e José Renato. Alfredo Gamela é um carioca de 20 anos, que vive num pequeno apartamento num edifício “treme-treme” de Copacabana com sua amante Karla e, embora não tenha dinheiro, gosta de aparentar que é um homem rico. As mulheres descobrem que Gamela vive num mundo de mentira, mas ele supera as dificuldades momentâneas. E o arguto sociólogo Herbert de Souza, o famoso Betinho, indiretamente, teve a ver com um dos motivos sociais para a passagem de Elis do “Inferno para o Paraíso”: a gravação, em março de 1979, de uma das músicas politicamente mais engajadas da MPB, “O Bêbado e a Equilibrista”. De João Bosco e Aldir Blanc, a música foi uma espécie de hino de um dos mais importantes movimentos sociais e políticos da história do Brasil: a luta pela Anistia (que não foi) ampla, geral e irrestrita. Contudo, o plano urbanístico de Brasília, diferentemente de outros criados para cidades já existentes, foi um todo integralmente planejado desde o início. O Relatório do Plano Piloto de Brasília explicitava as intenções que “Brasília deve ser concebida não como um simples organismo capaz de preencher satisfatoriamente, sem esforço, as funções vitais próprias de uma cidade moderna qualquer, não apenas como urbis, mas como civitas, possuidora dos atributos inerentes a uma Capital”.

A arquitetura da nova capital foi confiada a Oscar Niemeyer. Um dos mais originais e brilhantes discípulos da estética modernista de Le Corbusier, Niemeyer buscou a criação de formas claras, leves, simples, livres, nobres e belas, sem considerar apenas seu aspecto típico funcional.  Durante o governo estadual do brigadeiro Faria Lima, de 1975 a 1979, Bloch foi nomeado presidente da Fundação dos Teatros do Estado do Rio de Janeiro (Funterj). No desempenho dessa função, promoveu a restauração dos teatros Municipal e João Caetano e construiu, em tempo recorde, o Teatro Villa-Lobos. Em 1978, recebeu o título de doutor honoris causa, em cerimônia realizada pelo Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, do qual era colaborador. No mesmo ano, em homenagem aos seus 70 anos, foi publicado, por iniciativa de amigos, um livro com artigos que escrevera para a revista Manchete na década de 1970, intitulado O pilão. Um segundo volume desse livro seria editado dez anos depois. Em 12 de setembro de 1982, data em que o ex-presidente Juscelino completaria 79 anos, inaugurou em Brasília o Memorial JK, projetado por Oscar Niemeyer e construído, sob seu comando, a partir de doações. Em junho de 1983, inaugurou a Rede Manchete de Televisão, com estações próprias nas importantes cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza, além outras 40 afiliadas pelo território nacional. Menos de dez anos depois a rede estaria mergulhada em graves dificuldades econômico-financeiras, a tal ponto que, em junho de 1992, devido ao acúmulo de dívidas, 49% de suas ações foram vendidas. O comprador foi Hamilton Lucas de Oliveira, do grupo Indústria Brasileira de Formulários (IBF), que seria acusado de comprar a empresa “num acerto com o esquema de corrupção que envolveu o ex-tesoureiro do presidente Fernando Collor de Melo, Paulo César Farias”.  

 A Indústria Brasileira de Formulários representou a indústria gráfica que produzia formulários, folhas matriciais e produtos gráficos em geral, era reconhecida principalmente por imprimir ingressos, passagens de avião, bilhetes de loteria e outros formulários. Em 1990, a empresa comprou o Diário Comércio e Indústria, publicadora responsável pelos jornais DCI e Shopping News e pela revista semanal Visão. O DCI pertenceu a Hamilton Lucas de Oliveira até o ano de 2002, quando foi vendido para as Organizações Sol Panamby, de Orestes Quércia. Em 1991, Hamilton faz seu primeiro investimento em uma emissora de televisão ao comprar 40% das ações da TV Jovem Pan, tal fato social foi divulgado pela imprensa, tendo o Jornal do Brasil indagado na matéria intitulada: “Por que, afinal, um grupo sem nenhuma experiência com empresas jornalísticas estaria entrando nesse ramo de negócio num momento econômico difícil?”. Os planos de Hamilton eram de declarar a falência da emissora para que seu valor de mercado despencasse e assim, pudesse comprar as ações dos demais sócios e ter poder maior ou total sobre a programação do canal. Em 1993, com as investigações do escândalo PC Farias e a descoberta de um cheque de 300 mil dólares para a empresa de Hamilton Lucas, resultando na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis fraudes na emissora. A CPI concluiu tecnicamente que houve prática de sonegação fiscal, dívidas previdenciárias e enriquecimento ilícito da parte de Hamilton Lucas e Tuta.  

A IBF também fechou um acordo com a Bloch Editores em 1992 para administrar a Rede Manchete de Televisão. Nesta conjuntura econômica, o grupo Bloch sofria uma grave crise financeira. Durante sua administração, a IBF transferiu a sede da emissora para São Paulo, além de ter problemas por não cumprir com obrigações trabalhistas, atrasar salários dos funcionários e descumprir cláusulas contratuais. Em abril de 1993 por determinação da justiça, a Bloch Editores retomou o comando da emissora. Nos anos seguintes, o empresário travou uma disputa judicial contra os donos da Manchete para tentar retomar o controle do canal, tendo causado problemas para a Bloch Editores quando esta buscava um comprador para a emissora em 1998. Em dezembro deste mesmo ano, a Justiça do Rio de Janeiro determinou que a Manchete pertencia aos Bloch e condenou Hamilton Lucas ao pagamento de 6,5 milhões de reais como indenização por danos morais a eles. Em abril de 1999, Hamilton consegue uma nova liminar na justiça para impedir a venda da emissora para o grupo TeleTV. Esta liminar foi derrubada por um juiz em 6 de maio do mesmo ano, permitindo que a emissora fosse finalmente vendida para Amilcare Dallevo Júnior e Marcelo de Carvalho. Em julho do mesmo ano, a Bloch Editores pede concordata preventiva e declara em seu pedido, além de motivos econômicos, que “o descumprimento de obrigações contratuais pelo grupo Hamilton Lucas de Oliveira” teria colaborado evidentemente para a ruína financeira da poderosa empresa. Em 1999, Hamilton Lucas de Oliveira foi condenado a quatro anos e dois meses de prisão, além do pagamento de 240 salários mínimos por sonegação fiscal e pelo não pagamento de contribuições previdenciárias dos funcionários da IBF entre os meses de março e outubro de 1992. Em abril de 2002, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal reduziu sua pena para três anos de prisão e o pagamento de 180 salários mínimos. Após diversos recursos e processos ocorridos nos anos seguintes, em fevereiro de 2016, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki decidiu manter uma pena de quatro anos e seis meses em regime semiaberto contra o empresário pela apropriação indébita de recursos previdenciários.

Teori Zavascki foi o Ministro indicado ao Supremo Tribunal Federal pela presidente Dilma Rousseff (PT), Relator da Operação Lava-Jato na Corte, que no telefonema de Jucá e Machado onde se falava em “estancar a sangria” da operação foi tratado como um homem que “não tinha ligação com ninguém, um cara fechado, um burocrata”; que sofreu ameaças junto com sua família, que estava prestes a retirar o sigilo de mil delações em duas semanas, morreu hoje na queda de um avião. Coincidentemente o fato ocorreu na região onde também caiu o helicóptero do deputado Ulysses Guimarães. E agora, a relatoria da operação Lava-Jato no Supremo irá para o substituto de Teori que será indicado pelo presidente golpista Michel Miguel Elias Temer Lulia (PMDB), citado 43 vezes na Operação Lava-Jato. O afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência da República é sem dúvida o capítulo mais vergonhoso e criminoso da história política brasileira. Dilma Rousseff foi acusada de praticar uma manobra contábil nas contas públicas, as chamadas “pedaladas fiscais”. Contra ela não foram levantadas e demonstradas quaisquer suspeitas de enriquecimento ilícito aproveitando-se do cargo em benefício próprio. Politicamente, se ela cometeu “crime de responsabilidade”, também o fizeram e deveriam perder o cargo 16 políticos dos 27 atuais governadores brasileiros, que utilizam o mesmo artifício (truque) político-administrativo de contabilidade pública para “fechar” a utilização de vebas de compras e contas em seus Estados.

Operação Lava Jato foi uma investigação criminal em andamento pela Polícia Federal do Brasil, que deflagrou sua fase ostensiva em 17 de março de 2014, cumprindo mais de cem (100) mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de “condução coercitiva”, visando apurar um esquema de “lavagem de dinheiro” que movimentou de 10 a 20 bilhões de reais em propina. É a 16º moeda mais negociada no mundo. É a segunda mais negociada na América Latina e quarta mais negociada nas Américas. Estima-se que hoje existam mais de oito milhões de moedas perdidas do real. Ao final de dezembro de 2016, a Lava Jato obteve um acordo de leniência com a empreiteira Odebrecht que proporcionou o maior ressarcimento da história mundial. Os valores ultrapassam 6 bilhões de reais, a serem pagos pelo grupo econômico Odebrecht e pela Braskem. A Odebrecht e Braskem assinaram acordos de leniência com a Suíça e com os Estados Unidos, que também aparentemente investigam o escândalo de corrupção, para suspender ações judiciais contra as empresas nestes países. Os acordos foram assinados no âmbito da “Operação Lava Jato”.

Esta dimensão da esfera política nada tem a ver com corrupção, supostamente o principal motivo. É tudo oportunismo político sujo, golpista. O plano do conspirador e vice-presidente Michel Temer foi revelado através de um vazamento de áudio no noticiário noturno da rede Globo. O ângulo era criar um falso clima “positivo” no sentido do “impeachment”, com M. Temer já atuando como presidente-golpista e posicionando-se como o portador pródigo de “boas notícias”. Naquela quarta-feira do dia 11 de julho de 2016, parte significativa do Brasil “parou” para acompanhar a votação no Senado sobre a admissão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao todo, 80 parlamentares tiveram direito a voto, destes, 55 se declararam favoráveis à abertura das investigações, e consequentemente ao afastamento compulsório de Dilma Rousseff. Um levantamento feito pelo Jornal do Brasil demonstra estatisticamente que, dos 55 senadores que se declararam favoráveis ao processo, 34 respondem ou já responderam algum tipo de problemas judiciais: Ataídes Oliveira (PSDB-TO), Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), Ciro Nogueira (PP-PI), Dario Berger (PMDB-SC), Eduardo Amorim (PSC-CE), Ivo Cassol (PP-RO), Marta Suplicy (PMDB-SP), Paulo Bauer (PSDB-SC), Romero Jucá (PMDB-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO), Zezé Perrella (PDT-MG). As teorias sociais que envolvem as especulações em torno da morte do ministro Teori Zavascki ganham força na história com fatos recentes vividos por ele e sua família. Em março de 2016, antes da farsa que culminou com o “impeachment” da presidente Dilma Rousseff (PT), Zavascki foi hostilizado por manifestantes “Anti-PT” depois de contestar uma decisão política do juiz federal Sergio Moro.

Naquela conjuntura política o ministro decidiu que a investigação política de escutas telefônicas que envolviam Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT) deveria ser enviada ao Supremo. Na noite de 22 de março, um grupo foi à casa de Zavascki em Porto Alegre (RS) e pendurou na fachada do prédio uma faixa de “Teori traidor”. Em maio, Francisco Prehn Zavascki, filho do ministro, “escreveu no Facebook que sua família estava sofrendo ameaças”. No mês seguinte ao post do filho na rede social, o ministro confirmou a ameaça durante um evento no Rio de Janeiro, mas minimizou seu conteúdo afirmando: - “Não tenho recebido nada sério”. Zavascki ocupava a função de ministro do STF desde 29 de novembro de 2012 e, desde 19 de março de 2016, também atuava como ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele era o Relator da Operação Lava Jato no STF e seria o responsável por decidir se a corte vai homologar ou não o acordo de delação premiada de 77 executivos da Odebrecht, esperada para fevereiro. A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou em nota que “perdemos um grande brasileiro”. Ela citou que teve “o privilégio de indicá-lo para ministro do STF, com ampla aprovação do Senado”, e disse que Zavascki: - “desempenhou esta função com destemor como um homem sério e íntegro”.

Etnograficamente o acidente ocorreu próximo à Ilha Rasa, a dois quilômetros da cabeceira da pista do aeroporto, no litoral da bela Paraty. O avião modelo Beechcraft C90GT decolou do aeroporto chamado Campo de Marte, em São Paulo, e caiu no mar provavelmente por volta das 13h30, momento em que pouco chovia em Paraty. O aeroporto da cidade não está equipado para pousos por meio de instrumentos, o que pode dificultar aterrissagens de aeronaves em momentos de baixa visibilidade. Também não há torre de controle ou estação meteorológica no local. O avião, cuja capacidade é de oito passageiros, era de propriedade do hotel Emiliano, um luxuoso empreendimento com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro. De acordo com informações empíricas da Folha de S. Paulo, as horas após a queda da aeronave foram movimentadas no hangar do Campo de Marte onde o bimotor era guardado. Por volta das 19h, diz o jornal, “um funcionário chegou ao local dizendo ser o responsável pelas câmeras de segurança e recolheu computadores do hangar”. Minutos depois, membros da Aeronáutica e da Polícia Federal também estiveram no local em busca das imagens do circuito interno. O perfil reservado do ministro, avesso a holofotes, foi tema de conversa entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Nessa conversa, frequentemente lembrada em discussões “conspiratórias” nas redes sociais, gravada em março e divulgada em maio de 2016, Jucá sugere que apenas uma “mudança” no governo federal – que, segundo ele, seria resultado de “pacto” nacional, “com o Supremo, com tudo” - poderia “estancar essa sangria” provocada pela Operação Lava Jato. Em outro momento da conversa, Sérgio Machado afirma que o ideal seria buscar um elo com Zavascki. - “Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori, mas parece que não tem ninguém”, ao que Jucá responde: - “Não tem. É um cara fechado, foi ela (Dilma) que botou. Um cara... burocrata. Da... ex-ministro do STJ”. Com a morte inusitada de Zavascki, a relatoria da Lava-Jato pode ser designada ao ministro que o substituirá na Corte, ser escolhido por Michel Temer, citado nas investigações. A presidenta do STF ministra Cármen Lúcia pode abrir uma exceção.

Enfim, Relator da operação “Lava Jato” no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Teori Zavascki estava responsável pelos processos que envolvem o esquema de corrupção da Petrobras desde março de 2014, quando começaram a chegar à mais alta corte do país os primeiros recursos contra decisões do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos casos na primeira instância. Ao longo dos dois anos em que relatou a Lava Jato, Teori tomou decisões polêmicas e inéditas, como a ordem de prisão do então senador Delcídio do Amaral por tentativa de obstrução da Justiça. O magistrado também surpreendeu o país ao determinar o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do comando da Câmara dos Deputados e do mandato parlamentar. Em maio do ano passado, o ministro afastou Eduardo Cunha do mandato e da presidência da Câmara. O afastamento havia sido solicitado pela PGR cinco meses antes “sob a alegação de que o peemedebista estava atrapalhando as investigações da Lava Jato”. Além de julgar os recursos contra decisões de Moro, era competência do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, autorizar as operações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público que envolvia pessoas com foro privilegiado, como políticos e autoridades do Judiciário. Além disso, cabia ao relator analisar pedidos de habeas corpus dos presos da operação Lava Jato. Teori ainda era responsável por homologar os acordos de delação premiada que envolvia pessoas com foro. No momento, o caso mais importante que ainda aguardava sua homologação era a “delação premiada” de 77 executivos do Grupo Odebrecht.  O ato para reconhecer oficialmente a validade jurídica dos acordos estava previsto para o início de fevereiro, quando Teori retornaria do recesso do Judiciário. Porém, segundo juízes auxiliares do magistrado, a intenção era antecipar para o final de janeiro a homologação dos acordos de dirigentes da empreiteira. Com o aval de Teori Zavascki, a Procuradoria Geral da República (PGR) poderia iniciar novas investigações com base contida nos depoimentos apresentados.

Rede Manchete, reconhecida como TV Manchete representou uma rede de televisão comercial brasileira fundada na cidade do Rio de Janeiro pelo jornalista e empresário ucraniano naturalizado brasileiro Adolpho Bloch. Fazia parte do Grupo Bloch, conglomerado de comunicação que publicava a revista Manchete através da Bloch Editores, sendo que o nome dado para a emissora de televisão refere-se a esta revista. Com equipamento sofisticado e inicialmente buscando um público de classe alta, a Manchete tornou-se conhecida pela sua programação baseada no jornalismo ágil, na cobertura do esporte nacional e internacional, apresentando grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo de futebol e os jogos olímpicos, além de coberturas especiais como a do carnaval, que virou a sua marca registrada. Na teledramaturgia, a Manchete fez história com a primeira novela fora da Rede Globo a liderar a audiência do horário nobre desde 1970, feito concretizado com a exibição da novela Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa, em 1990. Foi produzida pela Rede Manchete e exibida entre 27 de março e 10 de dezembro de 1990, em 216 capítulos. Sucedeu Kananga do Japão e antecedeu A História de Ana Raio e Zé Trovão na faixa das 21h30. Escrita por Benedito Ruy Barbosa, teve direção de Carlos Magalhães, Roberto Naar e Marcelo de Barreto e direção geral de Jayme Monjardim. Contou com a participação de Cristiana Oliveira, Cláudio Marzo, Marcos Winter, Ittala Nandi, José de Abreu, Elaine Cristina, Sérgio Reis e Ewerton de Castro nos papéis principais. Em 2016, a Veja elegeu Pantanal como a quarta melhor novela da televisão, atrás de Roque Santeiro (1985-86), na terceira posição, e de Vale Tudo (1988-89) e Avenida Brasil (2012), empatadas em 1º lugar.

Na ocasião, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) manifestou interesse na compra da rede. Alegando que Hamilton Lucas de Oliveira não cumprira a cláusula do contrato que previa o pagamento das dívidas da empresa, Bloch requereu na justiça a anulação da venda à IBF. Em abril, obteve liminar que lhe permitiu retomar o controle da emissora, dando início a uma disputa judicial pela posse integral da rede. No mês seguinte, o Banco do Brasil começou “a investigar suas contas e as acusações de que teria emitido grande número de cheques sem fundo e duplicatas frias”. Embora conseguisse normalizar a folha de pagamentos da TV Manchete, Bloch continuou a enfrentar sérias dificuldades para equilibrar receita e despesa, o que gerava constantes problemas na programação da rede. Em maio de 1995, a emissora teve equipamentos de estúdio arrestados pelo Banco do Brasil como garantia do pagamento de dívidas. Em 19 de novembro de 1995, Adolfo Bloch faleceu de embolia pulmonar e disfunção da válvula mitral, aos 87 anos de idade, ao submeter-se a uma cirurgia cardíaca no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Foi casado com Luci Mendes e com a apresentadora Ana Bentes. Não teve filhos. Seu sucessor nos negócios foi o sobrinho Pedro Jaques Kapeller, que ocupava a vice-presidência das empresas Bloch. Entre os muitos títulos honoríficos que recebeu, figuram a Legião de Honra da França, a Ordem do Mérito Militar, a Ordem do Mérito do Congresso Nacional, a Ordem Nacional do Mérito Industrial e a Ordem do Mérito Judaico. Obteve os prêmios de Benemérito da Comunicação Social (1971), Prêmio Mascate (1977), Empresário Nacional (1983), Personalidade Brasil-Israel (1982) e Publicitário do Ano (1987). Além de programação comunicativa própria, a rede televisiva é lembrada pelo público por ter transmitido produções como tokusatsu, uma das formas mais populares de entretenimento japonês. No Brasil, o tokusatsu começou a ser exibido na década de 1950 nos cinemas e na década de 1960 na televisão, porém atingiu a sua popularidade no país durante as décadas de 1980 e 1990 (e animes), abrindo as portas para estes gêneros na televisão brasileira.

Apesar de ser um termo japonês, também se refere as séries que seguem a mesma linha de produção e conceito ao redor do mundo. Sendo assim a origem do tokusatsu é japonesa, mas existem tokusatsu chinês, tokusatsu coreano, tokusatsu francês, tokusatsu brasileiro, tokusatsu norte-americano etc. O entretenimento tokusatsu lida frequentemente com ficção científica, fantasia, terror ou super-heróis, mas alguns filmes e programas de televisão em outros gêneros podem também ser considerados como tokusatsu. Os tipos mais populares de tokusatsu incluem filmes de monstros kaiju, como a série de filmes do Godzilla e Gamera; séries de TV sobre super-heróis, como as franquias Kamen Rider e Metal Hero; e dramas mecha como Giant Robo. Alguns programas de televisão tokusatsu combinam vários desses subgêneros, por exemplo, as franquias Ultraman e Super Sentai. Em 1985, com dois anos de existência, os prejuízos de retorno de investimento e comercialização da Rede Manchete eram evidentes. Em 1988, Adolpho Bloch quis vender a emissora pelo valor de 200 milhões de dólares. Na década de 1990, o deputado Paulo Octávio (PRN), em sociedade com o empresário João Carlos Di Genio, fez uma proposta de compra pelo mesmo valor, mas não se concretizou. Em junho de 1992, a IBF assumiu 49% das ações, mas em abril de 1993 teve a gestão cassada. Adolpho Bloch recebeu de volta o encargo da rede nacional, com os salários dos funcionários atrasados seis meses e greve recém organizada e mobilizada.

Pedindo um tempo aos empregados, ele conseguiu, em quatro meses, normalizar o pagamento da folha. Porém, o esforço de caixa continuou repercutindo na programação. Sem receber seus salários desde dezembro de 1992, os funcionários entraram em greve no início de 1993 e, em março, chegaram a ocupar a sede da emissora, paralisando por algumas horas a programação. No dia 10 de maio de 1999, a Rede Manchete colocava um ponto final na sua conturbada trajetória. Foi neste dia que a emissora de Adolpho Bloch encerrou as suas transmissões, sendo sucedida pela TV!, que se tornaria a RedeTV! em novembro do mesmo ano de 1999.  Sua primeira novela foi Antonio Maria, de 1985, escrita e dirigida por Geraldo Vietri. No entanto, seu primeiro sucesso no segmento foi sua sucessora, Dona Beija, protagonizada por Maitê Proença. Escrita por Wilson Aguiar Filho, o folhetim se destacou pelo bom texto e pelas cenas programadas de nudez. São lendárias as cenas da personagem-título cavalgando nua. A sensualidade seria uma constante na produção de teledramaturgia da Rede Manchete, que exibia estrategicamente suas novelas num horário mais tardio. Outras produções em teledramaturgia da Manchete também se destacaram no decorrer dos anos 1980, como Corpo Santo, Helena, Kananga do Japão e Carmem, esta última assinada por Gloria Perez e protagonizada por Lucélia Santos. O maior sucesso da história da emissora viria em 1990: Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa. A saga da família Leôncio e a história de Juma (Cristiana Oliveira), a “moça que virava onça”, fez a audiência da Manchete ir às alturas, chegando aos 30 pontos no Ibope, anteriormente reconhecido como Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, uma empresa de pesquisas de mercado, opinião e política.

No entanto, outras novelas da Manchete chamaram a atenção, como A História de Ana Raio e Zé Trovão e Xica da Silva, outro sucesso. Brida, sua última produção, também entrou para a história, mas não por um bom motivo: com problemas financeiros, a emissora interrompeu a produção da obra, exibindo um último capítulo no qual um locutor narrava os desfechos dos personagens. A Manchete também fez história na programação infantil. Foi a emissora que revelou Xuxa Meneghel e Angélica, que apresentaram, em fases distintas, o Clube da Criança. Além disso, o canal exibiu infantis como Lupu Limpim Clapá Topô, Dudalegria, A Turma do Arrepio e Clube do Seu Boneco, entre muitos outros. Mas a maior marca da emissora nesta seara foi mesmo a exibição de desenhos e séries japoneses, como Jaspion, Changeman, Solbrain, Winspector, Patrini, Os Cavaleiros do Zodíaco, Shurato, Sailor Moon e Yu Yu Hakusho, entre tantos outros. O canal também tinha um jornalismo expressivo, visto em programas como Jornal da Manchete, Manchete Esportiva, Programa de Domingo, Repórter Manchete, entre outros. Pela emissora, passaram nomes como César Filho, Clodovil, Márcia Peltier, Claudete Troiano, Lucinha Lins, Ferreira Neto, Roberto D’Ávila, Otávio Mesquita, Sérgio Mallandro, Luiz Bacci, Tiririca, Virgínia Novick, inclusive os irmãos Sandy e Junior, que apresentavam o Sandy & Jr Show nas noites agradáveis de sábado.

Bibliografia geral consultada.

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