“A vida só é digna de ser vivida quando se faz algo pela vida em vida”. Adolpho Bloch
Adolpho
Bloch nasceu em Jitomir, a 120 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia, no dia
8 de outubro de 1908, filho de Joseph e Ginda Bloch, de origem judaica. Seu pai
era dono de uma litotipografia e orientou os três filhos homens, Adolfo,
Arnaldo e Bóris, nas artes gráficas. Ainda criança, Adolpho trabalhou como
auxiliar na produção de folhetos de propaganda para a Revolução Russa de 1917,
além de imprimir papel-moeda para o governo provisório de Aleksandr F.
Kerenski. Em função da instabilidade política gerada pela revolução socialista e
das crescentes perseguições aos judeus em Jitomir, a família mudou-se para
Kiev, onde Adolpho, além de trabalhar vendendo libretos de ópera, passou a
frequentar uma escola comercial. Lá foram novamente vítimas de pogroms, ataques
de cossacos aos judeus. As dificuldades financeiras aumentaram com a
desapropriação, pelo governo, da litotipografia de Joseph. Em meados de 1921,
os Bloch decidiram emigrar. A partir de um contato com um tio residente na
Bahia, passaram pela Itália, onde permaneceram dois meses no porto de Nápoles
vivendo com grandes dificuldades, e em dezembro embarcaram na terceira classe
do navio Red’Itália rumo ao Brasil. O intuito inicial da viagem era
juntar algum dinheiro e conseguir vistos para os Estados Unidos da América.
Chegando ao Rio de Janeiro no início de 1922, a família estabeleceu-se em
Aldeia Campista, na Zona Norte, optando por permanecer no Brasil.
Com
os poucos recursos que trouxe da Rússia, Joseph Bloch estabeleceu uma pequena
gráfica, com máquinas impressoras manuais, para a qual Adolfo trabalhava
procurando encomendas no comércio. Estudando à noite no Colégio Pedro II, já
nessa época começou a frequentar redações de jornais da cidade do Rio de
Janeiro, onde travou contato com jornalistas e escritores. Seu primeiro grande
negócio, que tornou reconhecida a gráfica dos Bloch, foi a impressão massiva de
papel de seda especial para embalar laranjas para exportação. Com os rendimentos
daí provenientes, comprou sua primeira casa, em Copacabana. Depois da morte do
pai, assumiu com os dois irmãos o comando da gráfica. Em 1931, naturalizou-se
brasileiro. Em 1939, inaugurou a primeira sede própria da gráfica, na rua Frei
Caneca. Na mesma ocasião, iniciou as obras de construção de um parque gráfico
em Parada de Lucas. Em 1951, teve a ideia de criar uma revista semanal
ilustrada do tipo Paris-Match, uma revista semanal de língua francesa.
Ela cobre as principais notícias nacionais e internacionais, com
recursos de estilo de vida de celebridades. Adolpho Bloch comprou máquinas,
instalando a redação na sede da rua Frei Caneca, no centro do Rio de Janeiro.
Enfrentou a resistência de todos, inclusive dos irmãos, que consideravam
impossível competir com a revista O Cruzeiro, dos Diários Associados,
lídereres do mercado editorial com tiragem semanal média de
cerca de 500 mil exemplares. Em 26 de abril de 1952, foi para as bancas o primeiro número da revista Manchete, que, embora enfrentasse
dificuldades em seus primeiros anos, reunia uma equipe de jornalistas e
escritores notáveis, como Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Sérgio
Porto, Oto Lara Resende, Fernando Sabino, entre outros.
Na
tarde de 20 de abril de 1960 iniciaram as cerimônias de inauguração com a
entrega da chave da cidade para o presidente. À zero hora do dia 21 de abril de
1960, durante uma missa solene, Brasília foi declarada inaugurada em um clima
de emoção e euforia, e o presidente e vários entre o público foram às lágrimas.
Pelas ruas os candangos expressavam sua alegria. Às 8h da manhã foi dado o
Toque de Alvorada pela banda dos Fuzileiros Navais e minutos depois Juscelino
hasteou a bandeira nacional diante do Palácio do Planalto. Em seguida Brasília
iniciou suas atividades como capital, quando o presidente recebeu os
cumprimentos das delegações diplomáticas. Às 9h30min foram instalados os Três
Poderes, às 10h15 min, na Catedral de Brasília ainda inacabada, o Núncio
Apostólico instalou a Arquidiocese de Brasília, e às 11h30min foi realizada a
primeira sessão solene do Congresso Nacional. Ao fim da sessão Juscelino foi
carregado nos ombros pelos parlamentares como um herói. À tarde a população se
reuniu no Eixo Rodoviário Sul para assistir a um desfile militar, com a
passagem do Fogo Simbólico da Unidade Nacional. As comemorações se repetiram e
só encerraram oficialmente na noite de 23 de abril, com a representação de uma
alegoria escrita por Josué Montello, que foi encenada com a participação de militares
em parada, jovens da sociedade carioca, tratores e um helicóptero descendo do firmamento,
e inúmeros figurantes portando ferramentas de trabalho, personificando os
candangos. A tônica da peça, narrava a fundação das três capitais
brasileiras. Foi o contraste entre o velho e a adesão decidida ao
novo, resgatando figuras históricas e para melhores dias, contra um
cenário colorido por fogos de artifício e diante do aplauso frenético da
população.
Adolpho Bloch representou um dos grandes incentivadores do governo do presidente Juscelino Kubitschek (JK), defendendo especialmente a construção da nova capital. Foi graças à divulgação por ele promovida que o slogan “50 anos em cinco” (cf. Benevides, 1976), retirado de um discurso de campanha de Juscelino, se tornou famoso como símbolo do governo JK, entre 1956 e 1961. Sua eleição foi marcada pelo plano de ação “Cinquenta anos em cinco”, marca do desenvolvimentismo, já que o ideal era trazer ao Brasil o desenvolvimento econômico e social. Segundo JK, se com outros governantes este processo levaria cinquenta anos, com ele levaria apenas cinco. Trouxe diversas empresas estrangeiras para o país, entre elas, as automobilísticas Chrysler e Ford através do Grupo Executivo da Indústria Automobilística, já que ele queria incentivar o comércio de carros, além de televisões e outros bens de consumo duráveis. Em resumo, procurou alinhar a economia brasileira à economia norte-americana. Foi também o primeiro a abrir um escritório jornalístico no Planalto Central, para onde enviou uma dupla de repórteres. Apostando no desenvolvimentismo do programa de metas de Juscelino e publicando reportagens sobre a construção de Brasília, a Manchete aumentou sua tiragem e seu volume de publicidade e, com a decadência de O Cruzeiro, tornou-se a primeira revista brasileira. Aproveitando a situação favorável, Bloch reequipou seu parque gráfico e criou novas revistas, como Fatos e Fotos, Jóia, Pais & Filhos, Ele & Ela, Desfile, Amiga, Sétimo Céu e outras.
A densidade de Manchete com o programa das metas de JK fez com que o já então ex-presidente se aproximasse do editor, justamente no momento em que a política dava uma reviravolta e JK era cassado e obrigado a se exilar, sendo seu nome proibido de receber menção na imprensa. Adolpho não tomou conhecimento da proibição e continuou a dar ampla cobertura e corajosa defesa a JK. Com o nascimento da primeira neta de Juscelino, em Portugal, Adolpho foi convidado a ser padrinho de batismo. Em 1968, inaugurou a nova sede da sua editora, na Praia do Russel (zona sul do Rio), com três prédios projetados por Oscar Niemeyer. Tornou-se amigo íntimo de Juscelino Kubitschek e, quando este foi cassado e exilado pelo regime militar golpista de 1º de abril de 1964, dois meses depois desconsiderou a proibição que seu nome recebesse menção na imprensa, continuando a promover publicamente a defesa do ex-presidente da República, de quem editaria as memórias em três volumes. Embora mantivesse fidelidade a JK, Bloch apoiou a ideologia do “Brasil Grande” promovida pelo regime militar instaurado em 1964. Em novembro de 1968, inaugurou a nova sede de sua editora na praia do Russel, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, projetada pelo comunista Oscar Niemeyer, onde funcionariam, as redações do grupo, as emissoras de FM/AM, o Museu de Arte Brasileira e o Teatro Adolfo Bloch, inaugurado em 1973.
Do saguão do prédio da Manchete sairia, em 22 de agosto de 1976, o enterro do ex-presidente Juscelino Kubitschek. A história social de Brasília, a capital do Brasil, localizada no Distrito Federal, iniciou-se com as primeiras ideias da capital brasileira no centro do território nacional. A necessidade de interiorizar a capital do país parece ter sido sugerida pela primeira vez em meados do século XVIII, ou pelo Marquês de Pombal, ou pelo cartógrafo italiano a seu serviço Francesco Tosi Colombina. A ideia foi retomada pelos Inconfidentes, e foi reforçada logo após a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808, quando esta cidade era a capital do Brasil. A primeira menção ao nome de Brasília para a futura cidade apareceu em um folheto anônimo publicado em 1822, e desde então seus sucessivos projetos apareceram propondo a interiorização. A primeira Constituição da República, de 1891, fixou legalmente a região onde deveria ser instalada a capital, mas foi somente possível ocorrer em 1956, com a eleição de Juscelino Kubitschek, através de uma aliança política formada por seis partidos, Juscelino foi eleito Presidente da República em 3 de outubro de 1955, com 35,68% dos votos válidos, a menor votação de todos os presidentes eleitos de 1945 a 1960. Assim teve início a efetiva construção da cidade, inaugurada ainda incompleta em 21 de abril de 1960 após um apertado cronograma de trabalho, seguindo o plano urbanístico de Lúcio Costa e orientação arquitetural de Oscar Niemeyer. Os edifícios mais complexos, como os palácios e a catedral, seguiram os projetos estruturais elaborados pelo engenheiro Joaquim Cardozo.
A partir desta data histórica iniciou-se a transferência dos principais órgãos da administração pública federal para a nova capital, e na abertura da década de 1970 estava em pleno funcionamento. No desenrolar de sua história social e política, Brasília, como capital nacional, e Distrito Federal testemunhou uma série de eventos e palco de grandes manifestações populares. Planejada para 500 mil habitantes em 2000, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística ela possuía nesta data 2,05 milhões, sendo 1,96 milhões na área de zona urbana e cerca de 90 mil na área de zona rural. Este é apenas um dos paradoxos que colorem a história de Brasília. Concebida como um exemplo de ordem e eficiência urbana, como uma proposta de vida moderna e otimista, que deveria ser um modelo de convivência harmoniosa e integrada entre todas as classes, Brasília sofreu na prática importantes distorções e adaptações em sua proposta “idealista primitiva”, permitindo um crescimento desordenado e explosivo, segregando as classes subalternas para a periferia e consagrando o Plano Piloto para o uso e habitação das elites sociais e políticas, além da organização urbana não ter-se revelado tão convidativa para convívio social e familiar como imaginaram seus idealizadores, pelo menos para os primeiros de seus habitantes, que estavam habituados a tradições diferentes. Controversa desde o início, custou aos cofres públicos uma fortuna, jamais calculada exatamente, o que esteve provavelmente entre as causas das crises financeiras nacionais dos anos seguintes à sua construção. O projeto foi combatido como uma insensatez por muitos, e por muitos aplaudido como uma resposta visionária e grandiosa ao desafio da modernização brasileira.
A construção de Brasília teve um impacto social e político importante na integração da região Centro-Oeste à vida econômica e social do Brasil, mas enfrentou e, como todas as grandes cidades, mesmo planejadas, ainda enfrenta atualmente sérios problemas de habitação, emprego, saneamento, segurança e outros. Por outro lado, a despeito das polêmicas em seu redor, consolidou definitivamente sua função como capital e tornou-se o centro político da vida na nação, e tornou-se também um ícone internacional a partir de sua consagração como Patrimônio da Humanidade em 1987, reconhecida por autores como um dos mais importantes projetos urbanístico-arquitetônicos da história. A partir de um relato verbal de Capistrano de Abreu a respeito de escritos e mapas adquiridos pela Biblioteca Nacional e pelo Arquivo Público Mineiro no leilão da biblioteca do Conde de Linhares, parece que a originalidade da ideia da interiorização da capital se deve a Francesco Tosi Colombina, cartógrafo italiano a serviço da Coroa portuguesa, que visitou Goiás em 1749 e elaborou um mapa do Brasil, quando se realizavam as negociações para o Tratado de Madri de 1750. Mas há indícios de que o Marquês de Pombal tenha sido o mentor da ideia, tendo Colombina realizado a expedição a seu mando.
O marquês
também foi o responsável pela transferência em 1763 da primeira capital do
Brasil, até então Salvador, para o Rio de Janeiro. Documentadamente, porém, a
primeira sugestão de se mudar a capital para o interior partiu dos
Inconfidentes mineiros, que pretendiam levá-la para São João del-Rei, “por ser
mais bem situada e farta em mantimentos”, e associavam a mudança ao regime
republicano. Anos depois, assim que a corte portuguesa se estabeleceu no
Brasil, em 1808, o almirante britânico Sidney Smith recomendou ao príncipe
regente Dom João a transferência da sede de governo para o interior, alegando
motivos estratégicos. Na mesma época o diplomata Strangford, sugeriu que se
mudasse a capital para o sul, para localizá-la em uma região de clima ameno e
mais salubre. Em 1809 a Imprensa Régia fez circular um documento
alegadamente de William Pitt, primeiro-ministro do Reino Unido, onde ele recomendava
a construção de uma Nova Lisboa no Brasil central, sob argumentos semelhantes.
Entretanto, muitos pesquisadores consideram o documento apócrifo. No ano
seguinte o desembargador Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira apresentou memorial ao príncipe aconselhando a mudança, e a partir de 1813
Hipólito José da Costa, em repetidos artigos publicados no Correio
Braziliense, reivindicou a interiorização da capital do Brasil, a ser
instalada no vasto Planalto Central.
Historicamente no decorrer das dpecadas de 1930 a 1970, a política econômica governamental foi estatizante ou privatista, nacionalizante ou internacionalista, desenvolvimentista ou estabilizadora, conforme a constelação política dominante e a natureza dos dilemas econômicos existentes na ocasião. Nos anos de 1964, após a deposição do Presidente João Goulart, a política econômica do governo adquiriu nova sistemática e orientação, relativamente ao que se fazia nos anos 1961-1963. Aliás, pode-se mesmo dizer que a política econômica governamental dos anos 1964-1970 adquiriu nova sistemática e orientação relativamente a todas as outras políticas econômicas adotadas pelos governos do país. Sob vários aspectos as diretrizes governamentais, após 1964, corresponderam a um aperfeiçoamento de tendências e realizações efetivadas nas décadas anteriores. Essas diretrizes exprimiram uma das tendências do sistema econômico-político brasileiro.
Devido aos acentuados desequilíbrios econômicos, sociais e políticos gerados na década de 1950, e acentuados nos anos 1961-63, a política econômica dos governos militares de Castello Branco, Costa e Silva e Garrastazu Médici teve principalmente os seguintes objetivos: estabilização financeira; “racionalização” do sistema produtivo, desde o mercado de capitais até as relações sociais de produção; e reintegração do subsistema econômico brasileiro no sistema capitalista mundial. Isto é, a forma pela qual o poder público foi levado a interferir nos destintos níveis da economia brasileira teve por finalidade controlar (ou eliminar) certos tipos de desequilíbrios e pontos de estrangulamento internos e externos. Entenda-se, entretanto, que a modernização conservadora (política) racionalização taylorista-fordista do subsistema econômico era uma condição necessária tanto para a integração no sistema mundial como para a retomada do crescimento nacional. Vale lembrar neste aspecto é praticamente impossível pensar em Carnaval e não se lembrar das transmissões da Rede Manchete, certo? Então relembre na lista a seguir algumas das proezas que a emissora dos Bloch fazia na démarche da folia e ao longo do ano também): 1 – Durante o Carnaval, toda a programação da Manchete se voltava aos festejos, com a transmissão dos desfiles, debates, programas especiais e telejornais.
O restante das atrações da grade praticamente parava. 2 – Para esquentar a galera de foliões, só a Manchete exibia os desfiles completos das escolas de samba vencedoras dos anos anteriores, geralmente ao longo do sábado. 3 – Durante todo o ano tinha Carnaval na Manchete, com os programas Feras do Carnaval e Esquentando os Tamborins. As atrações eram exibidas, por exemplo, em programetes antes do Jornal da Manchete e das novelas das emissoras, além de algumas edições especiais com maior duração. 4 – Só a rede Manchete tinha a transmissão do Paulo Stein. O narrador, que comandava o futebol da emissora, acabou se especializando na cobertura carnavalesca e virou referência no setor de mídia, junto com o saudoso Fernando Vannucci, que fazia a locução na rede Globo. Era uma saudável competição de mercado televisiva. 5 – Só a Manchete começava a transmissão dos desfiles às 18horas no domingo e na segunda-feira e exibia todas as escolas de samba para todo o Brasil. A rede Globo, continua até os dias de hoje, cortando a primeira escola de cada dia para não prejudicar a sua grade. 6 – Só a TV Manchete fazia uma apuração paralela, levando ao público as imagens televisas de forma inédita como ocorre em 1992, para confirmar os resultados do Carnaval.
As brigas e discussões eram similares às que vemos nos debates de futebol, já que se tratam de duas paixões nacionais. 7 – Além dos desfiles, todo mundo esperava a transmissão dos concursos de fantasia no final da manhã e na parte da tarde, como o do extraordinário Hotel Glória, no Rio de Janeiro, principalmente para ver os luxuosos trajes de Clóvis Bornay. 8 – Também eram exibidos os principais bailes do Rio de Janeiro, cujas beldades focalizadas faziam a alegria dos marmanjos. 9 – Só o canal tinha o Botequim do Samba ou Botequim da Manchete (dependendo do ano), onde, nos intervalos dos desfiles, as estrelas do Carnaval soltavam a voz e tomavam todas ao vivo. Nesse ponto, o Camarote Globeleza, da Globo, ficava bem atrás. 10 – Vez ou outra, aparecia alguém mais alegrinho no Botequim, fazendo a alegria da galera: pena que ainda não existiam as redes sociais para registrar. 11 – Só a Manchete tinha um telejornal próprio para a época, que era o Jornal do Carnaval - o nome mudava conforme o tema da cobertura. 12 – Todo mundo carnavalesco ficava esperando o comercial que anunciava a Revista Manchete especial do Carnaval para ver quais beldades da época estavam na capa. 13 – Só na rede Manchete que o eterno Abelardo Barbosa, o Chacrinha, na até então trabalhando na rede Globo de televisão, foi entrevistado ao vivo em 1987 e disse que “achou o desfile do caralho”. As celebridades falavam o que queriam, na lata (cf. Castro, 2021).
Adolpho Bloch (Rede Manchete) e Roberto Marinho (Rede Globo de Televisão). |
Paulo Stein começou a trabalhar no Jornal dos Sports em 1968, onde ficou até 1969. Foi repórter e pauteiro do O Estado de S. Paulo de 1969 a 1978. No rádio trabalhou na Tupi de 1971 a 1976 e na Nacional de 1976 a 1981. Foi colunista do jornal O Fluminense entre 1978 e 1981. Na televisão, foi narrador, diretor de esportes e apresentador do programa Bola na Mesa na TV Bandeirantes Rio de Janeiro de 1977 a 1982. Em 1983, foi para a Rede Manchete onde foi diretor de esportes e, além da cobertura esportiva, se consagrou também nas transmissões de carnaval, que na emissora narrou de 1984 a 1998, sendo o primeiro locutor que transmitiu do Sambódromo Carioca e também no de Manaus. Narrou o carnaval de São Paulo por vários anos e o de Salvador, em 1993. Em 1996, Stein foi para a RecordTV, mas voltou em 1997 para a Manchete, onde também participou da cobertura da Copa do Mundo de 1998. Paulo Stein esteve na Manchete até 1999, quando foi colocado à disposição em novembro daquele ano pela RedeTV!, que comprou a emissora do grupo Bloch em maio. Além disso, escreveu para as revistas Manchete, Fatos & Fotos, Manchete Esportiva e Placar. Foi também professor de telejornalismo e radialismo. Deu aulas na Faculdade Pinheiro Guimarães de 1993 a 1996. Foi diretor de redação entre 2000 e 2001 do site MeDeiBem.
Em 2001, passou a integrar a equipe da TVE Brasil onde apresentou o EsporTVisão. Entre 2008 e 2010, passou a integrar a equipe da ESPN Brasil atuando como apresentador do programa Bate-Bola 2.ª edição, na sede carioca da emissora. Em 2011, passa a integrar a equipe do SporTV e Premiere, dos quais saiu em 2019, não retornando mais ao vídeo. Em 2009, depois de 11 anos fora das transmissões do carnaval carioca, comandou a transmissão do desfile para a Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso, na CNT do Rio de Janeiro, que é uma emissora de televisão brasileira sediada na cidade do Rio de Janeiro, capital do estado homônimo. Opera no canal 9 e é uma emissora própria e geradora da CNT, juntamente à CNT Curitiba e à CNT Tropical. Era concebida como uma possibilidade dependente da forma pela qual a economia do Brasil fosse absorvida no “capitalismo mundial integrado”, sob a hegemonia dos Estados Unidos da América (EUA). Essa reorientação das relações da sociedade civil (classes sociais) entre o Estado (sociedade política) e a economia (setor produtivo), conforme ela se exprimia nas diretrizes da política econômica governamental, concretizou-se em várias normas e técnicas de ação postas em prática pelo poder público.
Antes a efetivação do projeto social aconteceu na presidência de Juscelino Kubitschek, que assumiu o governo em 1956, mas desde a campanha eleitoral anterior ele firmara sua disposição de cumprir o que determinava a lei constitucional, no célebre comício na cidade goiana de Jataí, a 5 de abril de 1955, tendo sido este o ponto de partida. Em 15 de março de 1956 o presidente criou a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O engenheiro Israel Pinheiro foi indicado como presidente da companhia, o arquiteto Oscar Niemeyer como diretor técnico, que imediatamente começou a elaborar projetos para os primeiros edifícios, como o Catetinho, o Palácio da Alvorada e o Brasília Palace Hotel Ele também foi o organizador de um concurso público para a criação do projeto urbanístico do núcleo da cidade, o chamado Plano Piloto. Em 12 de março de 1957 iniciou-se a seleção dos projetos no Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. No dia 16 foi apresentado como vencedor o plano de Lúcio Costa, em votação unânime. O júri do concurso foi composto por Israel Pinheiro, presidente, sem direito a voto; Oscar Niemeyer, pela Novacap; Luiz Hildebrando Horta Barbosa, pelo Clube de Engenharia; Paulo Antunes Ribeiro, pelo Instituto de Arquitetos do Brasil; William Holford, da Universidade de Londres; André Sive, professor de urbanismo em Paris e conselheiro do Ministério de Reconstrução da França, e Stamo Papadaki, da Universidade de Nova Iorque. Contudo, desde logo o concurso foi criticado. O presidente do IAB, Paulo Ribeiro, alegando ter sido colocado à parte da escolha, não assinou o relatório final, e retirou-se, dando um voto em separado. Marcos Konder, convidado por Niemeyer, se recusou a participar, considerando os prazos curtos e o Edital com uma regulamentação irregular. Alguns participantes também manifestaram seu desagrado.
O
Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) é uma instituição fundada em 26
de janeiro de 1921 com o objetivo de fomentar a discussão da arquitetura e
urbanismo e divulgar a profissão do arquiteto perante a sociedade brasileira. É
a entidade profissional dos arquitetos mais antiga no país e a única
representante no Brasil da União Internacional de Arquitetos, órgão
máximo profissional e cultural dos arquitetos no mundo. O IAB atua através de
órgãos estaduais e em conselhos referentes a assuntos relativos aos
profissionais arquitetos e a sociedade, com ênfase nas questões que envolvem a
formação do arquiteto e na divulgação da atividade deste profissional. O IAB
organiza, desde a década de 1940 o Congresso Brasileiros de Arquitetos e, em
conjunto com a Fundação Bienal, o IAB é responsável pela organização da Bienal
Internacional de Arquitetura de São Paulo. Fundado no Rio de Janeiro em 26 de
janeiro de 1921, vale lembrar que o IAB é a mais antiga das entidades
brasileiras dedicadas à arquitetura, ao urbanismo e ao exercício da profissão.
O IAB não tem fins lucrativos e seus dirigentes não são remunerados. O IAB
adotou o modelo federativo de organização e conta com Departamentos autônomos
em todos estados do país, que possuem, por sua vez, núcleos locais nos
municípios de maior relevância. A entidade é liderada pela Direção Nacional,
responsável pela articulação e coordenação dos Departamentos, pelas ações de
abrangência nacional e internacional. A instância política é o Conselho
Superior, composto por representantes dos Departamentos e pelos Conselheiros
Vitalícios, ex-presidentes da entidade.
Em
1921, ano em que o Rio de Janeiro presencia outra expansão urbana, durante o
governo de Epitácio Pessoa, presidente da república entre 1919 e 1922, o
período de governo foi marcado por revoltas militares que acabariam na chamada Revolução
de 1930, a qual levou Getúlio Vargas ao governo central. Foi deputado federal
em duas conjunturas, ministro da Justiça, do Supremo Tribunal Federal,
procurador-geral da República, senador três vezes, chefe da delegação brasileira
junto à Conferência de Versalhes e juiz da então Corte Permanente de Justiça
Internacional, mas também com a nova organização das estruturas sociais, nasce
o Instituto Brasileiro de Architectura. A entidade foi criada no dia 26
de janeiro, após reunião de 27 arquitetos e engenheiros na Escola Nacional de
Belas Artes. A agitação crescente em torno das artes e da política brasileira
abriu portas para um período de efervescência, que gerou a Semana de Arte
Moderna de 1922 e o Manifesto Surrealista. Diante de tantas
transformações, o Instituto, com apenas um ano de trajetória, viu seus membros
se dividirem. Mas a cisão não durou muito tempo: em 1925, os dois grupos se
fundem no Instituto Central de Arquitetos, presidido por Fernando Nereu de
Sampaio, cujo objetivo principal era a consolidação e união da classe. O
período entre 1931 e 1942 é marcado por produções emblemáticas da arquitetura
brasileira: o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, de Oscar Niemeyer; o Grande
Hotel de Ouro Preto; a Avenida Presidente Vargas; os prédios Decó, em
Copacabana, Rio de Janeiro; e o Park Hotel, de Lúcio Costa, em Friburgo (RJ),
entre outras. Durante seis mandatos sucessivos, de 1936 a 1943, Nestor Egydio
de Figueira mantém-se na presidência do IAB, encerrando a fase dos presidentes
fundadores e abrindo campanha pela eleição de grandes nomes da arquitetura.
Desde a década de 1960 quando surgiram os Especiais do Festival de Música Popular Brasileira, pela TV Record, até o final da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando os novos talentos, registravam índices recordes de audiência. No Festival conheceu Chico Buarque, mas acabou desistindo de gravá-lo devido “à impaciência com a timidez do compositor”. Elis Regina participou do especial intitulado: “Mulher 80”, pela Rede Globo de Televisão, num desses momentos marcantes para os telespectadores. O programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema dizia respeito à condição da mulher brasileira e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, entre elas: Maria Bethânia, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Elis Regina, Gal Costa e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher. A antológica interpretação de “Arrastão” de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, no Festival, escreveu um novo capítulo na história social da música brasileira, inaugurando a MPB - Música Popular Brasileira e apresentando uma Elis Regina ousada com uma interpretação inesquecível, encenada pouco depois de completar apenas 20 anos de idade e coroada com o reconhecimento do Prêmio Berimbau de Ouro.
O Troféu Roquette Pinto veio na sequência, elegendo-a a Melhor cantora do ano. Fã incondicional de Ângela Maria, a quem prestou várias homenagens, Elis Regina impulsionava uma carreira não menos gloriosa, possibilitando o lançamento do primeiro Long Play individual, “Samba eu canto assim” (CBD, selo Philips). Pioneira, em 1966 lançou o selo Artistas, “registrando o primeiro disco independente produzido no Brasil”, intitulado “Viva o Festival da Música Popular Brasileira”, gravado durante o festival. Rede Tupi foi uma rede de televisão aberta brasileira. Sua matriz e geradora, a TV Tupi de São Paulo, inaugurada em 18 de setembro de 1950 pelo jornalista Assis Chateaubriand, foi a primeira emissora de TV a operar no país. Pertencia aos Diários Associados, que, detendo vários jornais e rádios, era um dos maiores conglomerados de mídia do Brasil. Outros canais viriam a ser inaugurados pelo grupo econômico em algumas localidades do país, formando futuramente uma das primeiras redes nacionais. Durante a década de 1950, a Tupi era o canal de maior audiência do Brasil, seguido pela RecordTV/TV Rio (Rede das Emissoras Unidas) e pela TV Paulista.
A partir da década de 1960, o canal perderia a
liderança de audiência para a RecordTV e posteriormente o segundo lugar para a
TV Excelsior, ocupando então o terceiro lugar. Em 1967, foi superado em
audiência pela TV Globo, assumindo o quarto lugar de audiência no restante da
década. Durante a década de 1970, devido a extinção da TV Excelsior, passa
novamente a ocupar o terceiro lugar, sendo superado pela Rede Globo, em
primeiro lugar desde 1969, e pela RecordTV, em segundo lugar. Em 1972, havia 64
estações geradoras de televisão no país. A maioria se limitava a retransmitir a
programação dos três grandes grupos geradores: Globo, Record e Tupi. Em 18 de
julho de 1980, devido a problemas administrativos e financeiros, a Tupi saiu do
ar com parte de suas concessões cassadas pelo Governo Federal. Os ativos da
emissora foram adquiridos pelo Grupo Silvio Santos (proprietários do SBT), pelo
Grupo Bloch (Rede Manchete, que seria extinta em 1999 e teria as suas
concessões adquiridas pela RedeTV!) e pelo Grupo Abril (que operaria a MTV
Brasil de 1990 até 2013, substituindo-a pela Ideal TV e então vendendo a sua
concessão em 2015 a Spring Comunicação, que fundaria em 2020 a Loading,
no entanto a venda de concessão foi anulada em 2020.
Com
o fim da Rede Tupi em 1980, o governo federal decidiu licitar duas novas redes
de televisão. Todos sabemos que Silvio Santos ganhou uma das redes e
imediatamente as colocou no ar. Mas pouca gente sabe que esse era o menor dos
pacotes, formado por canais do Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belém (PA)
e Porto Alegre (RS). O maior conglomerado, formado por emissoras do Rio de
Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Fortaleza (CE)
ficou com o Grupo Bloch. Ao contrário do Grupo Silvio Santos, que já possuía o
Centro de Televisão da Vila Guilherme e uma emissora funcionando plenamente
(TVS Rio), os Bloch tiveram que construir toda a infraestrutura do zero. Não
havia estúdios, equipamentos, transmissores, antenas, artistas, diretores,
funcionários...precisaram de 2 anos e US$ 50 milhões só para colocarem a rede
no ar. A construção da sede e as suas configurações certamente merecerá um
capítulo a parte, nas próximas postagens. Por hora, é bom frisar que o novo
prédio foi construído do lado da Editora Manchete, com o mesmo padrão, dando um
resultado final de ampliação do prédio antigo. O novo prédio era moderno, todos
os equipamentos comprados colocavam a TV Manchete como a emissora com maior
capacidade tecnológica da América do Sul. Em 1983, A TV Manchete era única
emissora do hemisfério sul que possuía um departamento de computação gráfica (Manchete
Computer Graphic).
Ainda
teve grande êxito com o espetáculo “Transversal do Tempo”, em 1978, de um clima
extremamente político e tenso; com o “Essa Mulher” em 1979, sob a direção de
Oswaldo Mendes, que estreou no Anhembi em São Paulo e excursionou pelo Brasil
no lançamento do disco homônimo; com o samba “Saudades do Brasil”, em 1980,
sucesso de crítica e público pela originalidade, tanto nas canções quanto nos
números com dançarinos amadores, direção de Ademar Guerra e coreografia de
Márika Gidali (“Ballet Stagium”); e finalmente o último espetáculo, “Trem
Azul”, em 1981, direção de Fernando Faro. Data desta época a frase: “Neste país
só duas cantam: Gal e eu”. Elis Regina sai do Inferno para o Paraíso. Ao Inferno,
ela chega ao ser metaforicamente “enterrado” no “Cemitério dos Mortos-Vivos do
Caboco Mamadô” – para onde o cartunista Henfil, no semanário O Pasquim,
mandava pessoas que, na opinião dele, colaboravam com a ditadura militar
golpista no início da década de 1970. Ao
Paraíso, Elis ascende ao liderar um grupo de artistas: Fagner, Belchior,
Gonzaguinha, João Bosco, Jards Macalé e Carlinhos Vergueiro, e outros, que
fazem vários shows para levantar dinheiro para o Fundo da Greve do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Bernardo, no ABC paulista, em 1979.
Essa
vivência política é um lado pouco conhecido na vida pessoal e artística de Elis
Regina que, aos 18 anos, foi sozinha para o Rio de Janeiro, aonde chegou a
morar num quarto-e-sala na Rua Barata Ribeiro, 200, em Copacabana, um prédio
tipo “balança-mas-não cai”, celebrizado com a peça teatral: “Um Edifício
Chamado 200”, de Paulo Pontes. Dirigido por Carlos Imperial, “Um Edifício
Chamado 200” é também um filme brasileiro de 1973, baseado em peça homônima de
Paulo Pontes e José Renato. Alfredo Gamela é um carioca de 20 anos, que vive
num pequeno apartamento num edifício “treme-treme” de Copacabana com sua amante
Karla e, embora não tenha dinheiro, gosta de aparentar que é um homem rico. As
mulheres descobrem que Gamela vive num mundo de mentira, mas ele supera as
dificuldades momentâneas. E o arguto sociólogo Herbert de Souza, o famoso Betinho,
indiretamente, teve a ver com um dos motivos sociais para a passagem de Elis do
“Inferno para o Paraíso”: a gravação, em março de 1979, de uma das músicas
politicamente mais engajadas da MPB, “O Bêbado e a Equilibrista”. De João Bosco
e Aldir Blanc, a música foi uma espécie de hino de um dos mais importantes
movimentos sociais e políticos da história do Brasil: a luta pela Anistia (que
não foi) ampla, geral e irrestrita. Contudo, o plano urbanístico de Brasília,
diferentemente de outros criados para cidades já existentes, foi um todo
integralmente planejado desde o início. O Relatório do Plano Piloto de Brasília explicitava as intenções que “Brasília deve ser concebida não como
um simples organismo capaz de preencher satisfatoriamente, sem esforço, as
funções vitais próprias de uma cidade moderna qualquer, não apenas como urbis,
mas como civitas, possuidora dos atributos inerentes a uma Capital”.
A
arquitetura da nova capital foi confiada a Oscar Niemeyer. Um dos mais
originais e brilhantes discípulos da estética modernista de Le Corbusier,
Niemeyer buscou a criação de formas claras, leves, simples, livres, nobres e
belas, sem considerar apenas seu aspecto típico funcional. Durante o governo estadual do brigadeiro
Faria Lima, de 1975 a 1979, Bloch foi nomeado presidente da Fundação dos
Teatros do Estado do Rio de Janeiro (Funterj). No desempenho dessa função,
promoveu a restauração dos teatros Municipal e João Caetano e construiu, em
tempo recorde, o Teatro Villa-Lobos. Em 1978, recebeu o título de doutor
honoris causa, em cerimônia realizada pelo Instituto Weizmann de Ciência, em
Israel, do qual era colaborador. No mesmo ano, em homenagem aos seus 70 anos,
foi publicado, por iniciativa de amigos, um livro com artigos que escrevera
para a revista Manchete na década de 1970, intitulado O pilão. Um
segundo volume desse livro seria editado dez anos depois. Em 12 de setembro de
1982, data em que o ex-presidente Juscelino completaria 79 anos, inaugurou em
Brasília o Memorial JK, projetado por Oscar Niemeyer e construído, sob
seu comando, a partir de doações. Em junho de 1983, inaugurou a Rede Manchete
de Televisão, com estações próprias nas importantes cidades de São Paulo, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza, além outras 40 afiliadas pelo
território nacional. Menos de dez anos depois a rede estaria mergulhada em
graves dificuldades econômico-financeiras, a tal ponto que, em junho de 1992,
devido ao acúmulo de dívidas, 49% de suas ações foram vendidas. O comprador foi
Hamilton Lucas de Oliveira, do grupo Indústria Brasileira de Formulários
(IBF), que seria acusado de comprar a empresa “num acerto com o esquema de
corrupção que envolveu o ex-tesoureiro do presidente Fernando Collor
de Melo, Paulo César Farias”.
A Indústria Brasileira de Formulários representou
a indústria gráfica que produzia formulários, folhas matriciais e produtos
gráficos em geral, era reconhecida principalmente por imprimir ingressos,
passagens de avião, bilhetes de loteria e outros formulários. Em 1990, a
empresa comprou o Diário Comércio e Indústria, publicadora responsável pelos jornais
DCI e Shopping News e pela revista semanal Visão. O DCI
pertenceu a Hamilton Lucas de Oliveira até o ano de 2002, quando foi vendido
para as Organizações Sol Panamby, de Orestes Quércia. Em 1991, Hamilton faz seu
primeiro investimento em uma emissora de televisão ao comprar 40% das ações da
TV Jovem Pan, tal fato social foi divulgado pela imprensa, tendo o Jornal do Brasil
indagado na matéria intitulada: “Por que, afinal, um grupo sem nenhuma
experiência com empresas jornalísticas estaria entrando nesse ramo de negócio
num momento econômico difícil?”. Os planos de Hamilton eram de declarar a
falência da emissora para que seu valor de mercado despencasse e assim, pudesse
comprar as ações dos demais sócios e ter poder maior ou total sobre a
programação do canal. Em 1993, com as investigações do escândalo PC Farias e a
descoberta de um cheque de 300 mil dólares para a empresa de Hamilton Lucas,
resultando na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar possíveis fraudes na emissora. A CPI concluiu tecnicamente que houve
prática de sonegação fiscal, dívidas previdenciárias e enriquecimento ilícito da
parte de Hamilton Lucas e Tuta.
A
IBF também fechou um acordo com a Bloch Editores em 1992 para administrar a
Rede Manchete de Televisão. Nesta conjuntura econômica, o grupo Bloch sofria
uma grave crise financeira. Durante sua administração, a IBF transferiu a sede
da emissora para São Paulo, além de ter problemas por não cumprir com
obrigações trabalhistas, atrasar salários dos funcionários e descumprir
cláusulas contratuais. Em abril de 1993 por determinação da justiça, a Bloch
Editores retomou o comando da emissora. Nos anos seguintes, o empresário travou
uma disputa judicial contra os donos da Manchete para tentar retomar o controle
do canal, tendo causado problemas para a Bloch Editores quando esta buscava um
comprador para a emissora em 1998. Em dezembro deste mesmo ano, a Justiça do
Rio de Janeiro determinou que a Manchete pertencia aos Bloch e condenou
Hamilton Lucas ao pagamento de 6,5 milhões de reais como indenização por danos
morais a eles. Em abril de 1999, Hamilton consegue uma nova liminar na justiça
para impedir a venda da emissora para o grupo TeleTV. Esta liminar foi
derrubada por um juiz em 6 de maio do mesmo ano, permitindo que a emissora
fosse finalmente vendida para Amilcare Dallevo Júnior e Marcelo de Carvalho. Em
julho do mesmo ano, a Bloch Editores pede concordata preventiva e declara em
seu pedido, além de motivos econômicos, que “o descumprimento de obrigações
contratuais pelo grupo Hamilton Lucas de Oliveira” teria colaborado
evidentemente para a ruína financeira da poderosa empresa. Em 1999, Hamilton
Lucas de Oliveira foi condenado a quatro anos e dois meses de prisão, além do
pagamento de 240 salários mínimos por sonegação fiscal e pelo não pagamento de
contribuições previdenciárias dos funcionários da IBF entre os meses de março e
outubro de 1992. Em abril de 2002, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal
reduziu sua pena para três anos de prisão e o pagamento de 180 salários
mínimos. Após diversos recursos e processos ocorridos nos anos seguintes, em
fevereiro de 2016, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki
decidiu manter uma pena de quatro anos e seis meses em regime semiaberto contra
o empresário pela apropriação indébita de recursos previdenciários.
Teori
Zavascki foi o Ministro indicado ao Supremo Tribunal Federal pela presidente
Dilma Rousseff (PT), Relator da Operação Lava-Jato na Corte, que no
telefonema de Jucá e Machado onde se falava em “estancar a sangria” da operação
foi tratado como um homem que “não tinha ligação com ninguém, um cara fechado,
um burocrata”; que sofreu ameaças junto com sua família, que estava prestes a retirar
o sigilo de mil delações em duas semanas, morreu hoje na queda de um avião.
Coincidentemente o fato ocorreu na região onde também caiu o helicóptero do
deputado Ulysses Guimarães. E agora, a relatoria da operação Lava-Jato no
Supremo irá para o substituto de Teori que será indicado pelo presidente
golpista Michel Miguel Elias Temer Lulia (PMDB), citado 43 vezes na Operação Lava-Jato. O afastamento definitivo
de Dilma Rousseff da Presidência da República é sem dúvida o capítulo mais
vergonhoso e criminoso da história política brasileira. Dilma Rousseff foi
acusada de praticar uma manobra contábil nas contas públicas, as chamadas
“pedaladas fiscais”. Contra ela não foram levantadas e demonstradas quaisquer
suspeitas de enriquecimento ilícito aproveitando-se do cargo em benefício
próprio. Politicamente, se ela cometeu “crime de responsabilidade”, também o
fizeram e deveriam perder o cargo 16 políticos dos 27 atuais governadores brasileiros,
que utilizam o mesmo artifício (truque) político-administrativo de contabilidade pública
para “fechar” a utilização de vebas de compras e contas em seus Estados.
Operação
Lava Jato foi uma investigação criminal em andamento pela
Polícia Federal do Brasil, que deflagrou sua fase ostensiva em 17 de março de
2014, cumprindo mais de cem (100) mandados de busca e apreensão, de prisão
temporária, de prisão preventiva e de “condução coercitiva”, visando apurar um
esquema de “lavagem de dinheiro” que movimentou de 10 a 20 bilhões de reais em
propina. É a 16º moeda mais negociada no mundo. É a segunda mais negociada na
América Latina e quarta mais negociada nas Américas. Estima-se que hoje existam
mais de oito milhões de moedas perdidas do real. Ao final de dezembro de 2016,
a Lava Jato obteve um acordo de leniência com a empreiteira Odebrecht que
proporcionou o maior ressarcimento da história mundial. Os valores ultrapassam
6 bilhões de reais, a serem pagos pelo grupo econômico Odebrecht e pela
Braskem. A Odebrecht e Braskem assinaram acordos de leniência com a Suíça e com
os Estados Unidos, que também aparentemente investigam o escândalo
de corrupção, para suspender ações judiciais contra as empresas nestes países.
Os acordos foram assinados no âmbito da “Operação Lava Jato”.
Esta
dimensão da esfera política nada tem a ver com corrupção, supostamente o
principal motivo. É tudo oportunismo político sujo, golpista. O plano do
conspirador e vice-presidente Michel Temer foi revelado através de um vazamento
de áudio no noticiário noturno da rede Globo. O ângulo era criar um falso clima
“positivo” no sentido do “impeachment”, com M. Temer já atuando como presidente-golpista
e posicionando-se como o portador pródigo de “boas notícias”. Naquela
quarta-feira do dia 11 de julho de 2016, parte significativa do Brasil “parou”
para acompanhar a votação no Senado sobre a admissão do processo de impeachment
da presidente Dilma Rousseff. Ao todo, 80 parlamentares tiveram direito a voto,
destes, 55 se declararam favoráveis à abertura das investigações, e
consequentemente ao afastamento compulsório de Dilma Rousseff. Um levantamento feito pelo Jornal do
Brasil demonstra estatisticamente que, dos 55 senadores que se declararam
favoráveis ao processo, 34 respondem ou já responderam algum tipo de problemas
judiciais: Ataídes Oliveira (PSDB-TO), Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), Ciro
Nogueira (PP-PI), Dario Berger (PMDB-SC), Eduardo Amorim (PSC-CE), Ivo Cassol
(PP-RO), Marta Suplicy (PMDB-SP), Paulo Bauer (PSDB-SC), Romero Jucá (PMDB-RR),
Valdir Raupp (PMDB-RO), Zezé Perrella (PDT-MG). As teorias sociais que envolvem
as especulações em torno da morte do ministro Teori Zavascki ganham força na
história com fatos recentes vividos por ele e sua família. Em março de 2016,
antes da farsa que culminou com o “impeachment” da presidente Dilma Rousseff
(PT), Zavascki foi hostilizado por manifestantes “Anti-PT” depois de contestar
uma decisão política do juiz federal Sergio Moro.
Naquela
conjuntura política o ministro decidiu que a investigação política de escutas
telefônicas que envolviam Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do
Partido dos Trabalhadores (PT) deveria ser enviada ao Supremo. Na noite de 22
de março, um grupo foi à casa de Zavascki em Porto Alegre (RS) e pendurou na
fachada do prédio uma faixa de “Teori traidor”. Em maio, Francisco Prehn
Zavascki, filho do ministro, “escreveu no Facebook que sua família
estava sofrendo ameaças”. No mês seguinte ao post do filho na rede
social, o ministro confirmou a ameaça durante um evento no Rio de Janeiro, mas
minimizou seu conteúdo afirmando: - “Não tenho recebido nada sério”. Zavascki
ocupava a função de ministro do STF desde 29 de novembro de 2012 e, desde 19 de
março de 2016, também atuava como ministro substituto do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Ele era o Relator da Operação Lava Jato no STF e seria
o responsável por decidir se a corte vai homologar ou não o acordo de delação
premiada de 77 executivos da Odebrecht, esperada para fevereiro. A
ex-presidente Dilma Rousseff afirmou em nota que “perdemos um grande
brasileiro”. Ela citou que teve “o privilégio de indicá-lo para ministro do
STF, com ampla aprovação do Senado”, e disse que Zavascki: - “desempenhou esta
função com destemor como um homem sério e íntegro”.
Etnograficamente o acidente ocorreu próximo à Ilha Rasa, a dois quilômetros da cabeceira da pista do aeroporto, no litoral da bela Paraty. O avião modelo Beechcraft C90GT decolou do aeroporto chamado Campo de Marte, em São Paulo, e caiu no mar provavelmente por volta das 13h30, momento em que pouco chovia em Paraty. O aeroporto da cidade não está equipado para pousos por meio de instrumentos, o que pode dificultar aterrissagens de aeronaves em momentos de baixa visibilidade. Também não há torre de controle ou estação meteorológica no local. O avião, cuja capacidade é de oito passageiros, era de propriedade do hotel Emiliano, um luxuoso empreendimento com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro. De acordo com informações empíricas da Folha de S. Paulo, as horas após a queda da aeronave foram movimentadas no hangar do Campo de Marte onde o bimotor era guardado. Por volta das 19horas, diz o jornal, “um funcionário chegou ao local dizendo ser o responsável pelas câmeras de segurança e recolheu computadores do hangar”. Minutos depois, membros da Aeronáutica e da Polícia Federal também estiveram no local em busca das imagens do circuito interno. O perfil reservado do ministro, avesso a holofotes, foi tema de conversa entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Nessa conversa, frequentemente lembrada em discussões “conspiratórias” nas redes sociais, gravada em março e divulgada em maio de 2016, Jucá sugere que apenas uma “mudança” no governo federal – que, segundo ele, seria resultado de “pacto” nacional, “com o Supremo, com tudo” - poderia “estancar essa sangria” provocada pela Operação Lava Jato. Em outro momento da conversa, Sérgio Machado afirma que o ideal seria buscar um elo com Zavascki. - “Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori, mas parece que não tem ninguém”, ao que Jucá responde: - “Não tem. É um cara fechado, foi ela (Dilma) que botou. Um cara... burocrata. Da... ex-ministro do STJ”. Com a morte inusitada de Zavascki, a relatoria da Lava-Jato pode ser designada ao ministro que o substituirá na Corte, ser escolhido por Michel Temer, citado nas investigações. A presidenta do STF ministra Cármen Lúcia pode abrir uma exceção.
Enfim,
Relator da operação “Lava Jato” no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro
Teori Zavascki estava responsável pelos processos que envolvem o esquema de
corrupção da Petrobras desde março de 2014, quando começaram a chegar à mais
alta corte do país os primeiros recursos contra decisões do juiz federal Sérgio
Moro, responsável pelos casos na primeira instância. Ao longo dos dois anos em
que relatou a Lava Jato, Teori tomou decisões polêmicas e inéditas, como a
ordem de prisão do então senador Delcídio do Amaral por tentativa de obstrução
da Justiça. O magistrado também surpreendeu o país ao determinar o afastamento
de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do comando da Câmara dos Deputados e do mandato
parlamentar. Em maio do ano passado, o ministro afastou Eduardo Cunha do mandato
e da presidência da Câmara. O afastamento havia sido solicitado pela PGR cinco
meses antes “sob a alegação de que o peemedebista estava atrapalhando as
investigações da Lava Jato”. Além de julgar os recursos contra decisões de
Moro, era competência do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), por
exemplo, autorizar as operações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público
que envolvia pessoas com foro privilegiado, como políticos e autoridades do
Judiciário. Além disso, cabia ao relator analisar pedidos de habeas corpus
dos presos da operação Lava Jato. Teori ainda era responsável por homologar os
acordos de delação premiada que envolvia pessoas com foro. No momento, o caso
mais importante que ainda aguardava sua homologação era a “delação premiada” de
77 executivos do Grupo Odebrecht. O ato
para reconhecer oficialmente a validade jurídica dos acordos estava previsto
para o início de fevereiro, quando Teori retornaria do recesso do Judiciário.
Porém, segundo juízes auxiliares do magistrado, a intenção era antecipar para o
final de janeiro a homologação dos acordos de dirigentes da empreiteira. Com o
aval de Teori Zavascki, a Procuradoria Geral da República (PGR) poderia iniciar
novas investigações com base contida nos depoimentos apresentados.
Rede
Manchete, reconhecida como TV Manchete representou uma rede de televisão
comercial brasileira fundada na cidade do Rio de Janeiro pelo jornalista e
empresário ucraniano naturalizado brasileiro Adolpho Bloch. Fazia parte
do Grupo Bloch, conglomerado de comunicação que publicava a revista Manchete
através da Bloch Editores, sendo que o nome dado para a emissora de televisão
refere-se a esta revista. Com equipamento sofisticado e inicialmente buscando
um público de classe alta, a Manchete tornou-se conhecida pela sua programação
baseada no jornalismo ágil, na cobertura do esporte nacional e internacional,
apresentando grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo de futebol e os
jogos olímpicos, além de coberturas especiais como a do carnaval, que virou a
sua marca registrada. Na teledramaturgia, a Manchete fez história com a primeira novela fora da Rede Globo a liderar a audiência do horário nobre desde 1970, feito concretizado com a exibição
da novela Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa, em 1990. Foi produzida pela
Rede Manchete e exibida entre 27 de março e 10 de dezembro de 1990, em 216
capítulos. Sucedeu Kananga do Japão e antecedeu A História de Ana
Raio e Zé Trovão na faixa das 21h30. Escrita por Benedito Ruy Barbosa, teve
direção de Carlos Magalhães, Roberto Naar e Marcelo de Barreto e direção geral
de Jayme Monjardim. Contou com a participação de Cristiana Oliveira, Cláudio
Marzo, Marcos Winter, Ittala Nandi, José de Abreu, Elaine Cristina, Sérgio Reis
e Ewerton de Castro nos papéis principais. Em 2016, a Veja
elegeu Pantanal como a quarta melhor novela da televisão, atrás de
Roque Santeiro (1985-86), na terceira posição, e de Vale Tudo (1988-89)
e Avenida Brasil (2012), empatadas em 1º lugar.
Na
ocasião, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) manifestou interesse na
compra da rede. Alegando que Hamilton Lucas de Oliveira não cumprira a cláusula
do contrato que previa o pagamento das dívidas da empresa, Bloch requereu na
justiça a anulação da venda à IBF. Em abril, obteve liminar que lhe permitiu
retomar o controle da emissora, dando início a uma disputa judicial pela posse
integral da rede. No mês seguinte, o Banco do Brasil começou “a investigar suas
contas e as acusações de que teria emitido grande número de cheques sem fundo e
duplicatas frias”. Embora conseguisse normalizar a folha de pagamentos da TV
Manchete, Bloch continuou a enfrentar sérias dificuldades para equilibrar
receita e despesa, o que gerava constantes problemas na programação da rede. Em
maio de 1995, a emissora teve equipamentos de estúdio arrestados pelo
Banco do Brasil como garantia do pagamento de dívidas. Em 19 de novembro de
1995, Adolfo Bloch faleceu de embolia pulmonar e disfunção da válvula mitral,
aos 87 anos de idade, ao submeter-se a uma cirurgia cardíaca no Hospital da
Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Foi casado com Luci Mendes e com a
apresentadora Ana Bentes. Não teve filhos. Seu sucessor nos negócios foi o
sobrinho Pedro Jaques Kapeller, que ocupava a vice-presidência das empresas
Bloch. Entre os muitos títulos honoríficos que recebeu, figuram a Legião de
Honra da França, a Ordem do Mérito Militar, a Ordem do Mérito do
Congresso Nacional, a Ordem Nacional do Mérito Industrial e a Ordem
do Mérito Judaico. Obteve os prêmios de Benemérito da Comunicação Social (1971),
Prêmio Mascate (1977), Empresário Nacional (1983), Personalidade Brasil-Israel
(1982) e Publicitário do Ano (1987). Além de programação comunicativa própria,
a rede televisiva é lembrada pelo público por ter transmitido produções como tokusatsu,
uma das formas mais populares de entretenimento japonês. No Brasil, o tokusatsu
começou a ser exibido na década de 1950 nos cinemas e na década de 1960 na
televisão, porém atingiu a sua popularidade no país durante as décadas de 1980
e 1990 (e animes), abrindo as portas para estes gêneros na televisão
brasileira.
Apesar
de ser um termo japonês, também se refere as séries que seguem a mesma linha de
produção e conceito ao redor do mundo. Sendo assim a origem do tokusatsu é
japonesa, mas existem tokusatsu chinês, tokusatsu coreano, tokusatsu francês,
tokusatsu brasileiro, tokusatsu norte-americano etc. O entretenimento tokusatsu
lida frequentemente com ficção científica, fantasia, terror ou super-heróis,
mas alguns filmes e programas de televisão em outros gêneros podem também ser
considerados como tokusatsu. Os tipos mais populares de tokusatsu
incluem filmes de monstros kaiju, como a série de filmes do Godzilla e Gamera;
séries de TV sobre super-heróis, como as franquias Kamen Rider e Metal Hero; e
dramas mecha como Giant Robo. Alguns programas de televisão tokusatsu
combinam vários desses subgêneros, por exemplo, as franquias Ultraman e Super
Sentai. Em 1985, com dois anos de existência, os prejuízos de retorno de
investimento e comercialização da Rede Manchete eram evidentes. Em 1988, Adolpho
Bloch quis vender a emissora pelo valor de 200 milhões de dólares. Na década de
1990, o deputado Paulo Octávio (PRN), em sociedade com o empresário João Carlos
Di Genio, fez uma proposta de compra pelo mesmo valor, mas não se concretizou.
Em junho de 1992, a IBF assumiu 49% das ações, mas em abril de 1993
teve a gestão cassada. Adolpho Bloch recebeu de volta o
encargo da rede nacional, com os salários dos funcionários atrasados seis meses e greve recém organizada e mobilizada.
Pedindo
um tempo aos empregados, ele conseguiu, em quatro meses, normalizar o pagamento
da folha. Porém, o esforço de caixa continuou repercutindo na programação. Sem
receber seus salários desde dezembro de 1992, os funcionários entraram em greve
no início de 1993 e, em março, chegaram a ocupar a sede da emissora,
paralisando por algumas horas a programação. No dia 10 de maio de 1999, a Rede
Manchete colocava um ponto final na sua conturbada trajetória. Foi neste dia
que a emissora de Adolpho Bloch encerrou as suas transmissões, sendo sucedida
pela TV!, que se tornaria a RedeTV! em novembro do mesmo ano de 1999. Sua primeira novela foi Antonio Maria,
de 1985, escrita e dirigida por Geraldo Vietri. No entanto, seu primeiro
sucesso no segmento foi sua sucessora, Dona Beija, protagonizada por
Maitê Proença. Escrita por Wilson Aguiar Filho, o folhetim se destacou pelo bom
texto e pelas cenas programadas de nudez. São lendárias as cenas da
personagem-título cavalgando nua. A sensualidade seria uma constante na
produção de teledramaturgia da Rede Manchete, que exibia estrategicamente suas
novelas num horário mais tardio. Outras produções em teledramaturgia da
Manchete também se destacaram no decorrer dos anos 1980, como Corpo Santo,
Helena, Kananga do Japão e Carmem, esta última assinada
por Gloria Perez e protagonizada por Lucélia Santos. O maior sucesso da
história da emissora viria em 1990: Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa. A
saga da família Leôncio e a história de Juma (Cristiana Oliveira), a “moça que
virava onça”, fez a audiência da Manchete ir às alturas, chegando aos 30 pontos
no Ibope, anteriormente reconhecido como Instituto Brasileiro de Opinião
Pública e Estatística, uma empresa de pesquisas de
mercado, opinião e política.
No
entanto, outras novelas da Manchete chamaram a atenção, como A História de
Ana Raio e Zé Trovão e Xica da Silva, outro sucesso. Brida,
sua última produção, também entrou para a história, mas não por um bom motivo:
com problemas financeiros, a emissora interrompeu a produção da obra, exibindo
um último capítulo no qual um locutor narrava os desfechos dos personagens. A
Manchete também fez história na programação infantil. Foi a emissora que
revelou Xuxa Meneghel e Angélica, que apresentaram, em fases distintas, o Clube
da Criança. Além disso, o canal exibiu infantis como Lupu Limpim Clapá
Topô, Dudalegria, A Turma do Arrepio e Clube do Seu Boneco,
entre muitos outros. Mas a maior marca da emissora nesta seara foi mesmo a
exibição de desenhos e séries japoneses, como Jaspion, Changeman,
Solbrain, Winspector, Patrini, Os Cavaleiros do Zodíaco,
Shurato, Sailor Moon e Yu Yu Hakusho, entre tantos outros.
O canal também tinha um jornalismo expressivo, visto em programas como Jornal
da Manchete, Manchete Esportiva, Programa de Domingo, Repórter
Manchete, entre outros. Pela emissora, passaram nomes como César Filho,
Clodovil, Márcia Peltier, Claudete Troiano, Lucinha Lins, Ferreira Neto,
Roberto D’Ávila, Otávio Mesquita, Sérgio Mallandro, Luiz Bacci, Tiririca,
Virgínia Novick, inclusive os irmãos Sandy e Junior, que apresentavam o Sandy
& Jr Show nas noites agradáveis de sábado.
Bibliografia
geral consultada.
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