quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Teorias da Comunicação, Reprodução e Consumo nos Bairros

                                                                                        Ubiracy de Souza Braga
O bairro é uma porta de entrada e de saída entre espaços qualificados e o espaço quantificado”. Henri Lefebvre

                         
O bairro se define como uma organização coletiva de trajetórias individuais. A organização da vida cotidiana se articula ao menos segundo dois registros: 1. Os comportamentos, cujo sistema se torna visível no espaço social da rua e que se traduz pelo vestuário, pela aplicação mais ou menos estrita dos códigos de cortesia, o ritmo de andar, o modo como se evita ou ao contrário se valoriza este ou aquele espaço público. 2. Os benefícios simbólicos que se espera obter pela maneira de “se portar” no espaço do bairro aparecem como o lugar onde se manifesta um “engajamento” social: uma arte de conviver com parceiros (vizinhos, comerciantes) que estão ligados a você pelo fato concreto, mas essencial, da proximidade e da repetição. Existe uma regulação articulando um ao outro esses dois sistemas com o auxílio do conceito de conveniência, que surge no nível dos comportamentos, representando um compromisso pelo qual cada pessoa, renunciando à anarquia das pulsões individuais, contribui para a vida coletiva,  retirando daí benefícios simbólicos necessariamente protelados. Pela relação “saber comportar-se”, o usuário se obriga a respeitar para que seja possível a vida cotidiana.  
   A contrapartida desse tipo de imposição é para o usuário a certeza de ser reconhecido e, portanto, considerado afetivamente por seus pares, e fundar assim em benefício próprio uma relação de forças nas diversas trajetórias que percorre. O bairro é por definição, um domínio do ambiente social, pois constitui para o usuário uma parcela conhecida do espaço urbano na qual positiva ou negativamente ele se sente reconhecido. Pode-se, portanto apreender o bairro, simplificadamente, como esta porção do espaço público em geral em que se insinua um “espaço privado particularizado” pelo fato do uso quase cotidiano desse espaço social integrado. A fixidez do habitat dos usuários, o costume recíproco do fato da vizinhança, os processos de reconhecimento que se estabelecem graças á coexistência concreta em um mesmo território urbano, todos esses elementos práticos se nos oferecem como imensos campos de exploração em vista de compreender um pouco melhor esta grande desconhecida que é a nossa vida cotidiana.

 
A história social do bairro Benfica origina-se no período compreendido entre o final do século XIX até o início da década de 1950. A “Planta da Cidade de Fortaleza e Subúrbios”, projetada por Adolfho Herbster em 1875, a área espacial do futuro bairro já tinha sido anexada à área urbana (cf. Vasconcelos, 2015: 42). Portanto, a parte do bairro denominada Gentilândia, surgiu nos últimos anos do século XIX, quando o coronel e banqueiro José Gentil Alves de Carvalho, nascido em Sobral em 11 de setembro de 1866, transferiu-se para Fortaleza em 1893 onde com outros parentes, fundou a firma Frota e Gentil. Dedicando-se principalmente ao ramo de tecidos a firma prosperou com muitas representações. Casou-se em 1866 com Maria Amélia Tome da Silva Frota, também de Sobral com quem teve 15 filhos. Adquiriu de João Antonio Garcia a área onde é a Reitoria da Universidade Federal do Ceará. A Chácara Garcia passava a ser Chácara Gentil e, remodelada em 1918, perdeu as feições rurais para virar palacete.
Na década de 1920 o destaque era a presença das chácaras de duas famílias ilustres. Os Manços Valente com residência nas proximidades das caixas d’água de ferro que possuíam como casa principal uma mansão de três andares de frente para a Avenida Visconde do Cauípe, atual avenida da universidade, e duas casas menores direcionadas para a Rua Tristão Gonçalves pertencentes aos herdeiros da família. E a família Gentil que possuía a chácara de maior dimensão na qual se localizava quatro mansões cuja principal era residência do patriarca, o Cel. José Gentil Alves de Carvalho, localizada de frente para a Av. Treze de Maio onde adentrava o bonde vindo do Centro que ia para o Prado. Vizinhas a essa, na direção da estrada de Arroches, estava a residência de sua filha Beatriz Gentil Campos, um bangalô de aluguel onde residiu Aziz Kalil e próximo ao final da linha de bondes do Benfica estava a residência de seu filho João Gentil, considerada a mansão mais moderna da cidade, tanto que o presidente Getúlio Dornelles Vargas hospedou-se nela em sua visita ao Ceará em 1935. O empresário dos Bancos Frota e Gentil, do Centro de Fortaleza construíram “uma cidade dentro do bairro em formação”. Ipso facto, a história de José Gentil se confunde com a do bairro Benfica. A maior parte da Chácara Gentil foi desmembrada durante sua vida, para compor os quarteirões, as ruas e as praças do pequeno bairro da Gentilândia implantado na década de 1930. Da área construída parte foi reservada para a família Gentil e o restante foi alugado para famílias da emergente classe média.
 O bairro surge como o domínio onde a relação espaço/tempo é a mais favorável para um usuário ordinário que deseja deslocar-se por ele a pé saindo de sua casa. Por conseguinte, é o pedaço da cidade atravessado por um limite distinguindo o espaço privado do espaço público: é o que resulta de uma caminhada, da sucessão de passos numa calçada, pouco a pouco significada pelo seu vínculo orgânico com a residência. Diante do conjunto da cidade, atravancado por códigos que o usuário não domina, mas que deve assimilar para poder viver aí, em face de uma configuração dos lugares impostos pelo urbanismo, diante dos desníveis sociais internos ao espaço urbano, o usuário sempre consegue criar para si algum lugar de aconchego, itinerários para o seu uso ou seu prazer, que são as marcas que ele soube, por si mesmo, impor ao espaço urbano. Metodologicamente o bairro é uma noção dinâmica, que necessita de progressiva aprendizagem. Vai progredindo mediante a repetição do engajamento do corpo do usuário no espaço público até exercer uma apropriação. A trivialidade desse processo, partilhado por cidadãos, torna inaparente a sua complexidade enquanto prática cultural e a sua urgência para satisfazer o desejo urbano dos usuários da cidade.    
 


            
A expansão da Vila Gentil foi planejada por seu proprietário praticamente em todos os detalhes. As residências projetadas por ele para as famílias de maior poder aquisitivo não possuíam garagem porque havia um quarteirão destinado a elas na própria Gentilândia para que a entrada de carros na frente das residências não prejudicasse a beleza arquitetônica do conjunto. A preservação das frondosas mangueiras que compunham sua chácara quando da construção da vila é outro fator apontado como diferencial desse espaço no Benfica. O periódico O Povo, na capital ao noticiar o falecimento do comerciante, em 12 de março de 1941 destaca a Vila Gentil e as preocupações urbanísticas de seu idealizador: - “Amigo de Fortaleza construiu dentro da capital uma cidade moderna, higiênica e aprazível, aquela que lhe tem o nome. Encantado pela paisagem, perdia horas noturnas diante de uma planta de construção, dedicado a estudar o meio de poupar as árvores” (cf. Pereira, 2008: 67).
Pelo fato do seu uso habitual, o bairro pode ser considerado como a privatização progressiva do espaço público. O bairro constitui o termo médio de uma dialética existencial entre o dentro e o fora. E é na tensão entre esses dois termos, um dentro e um fora, que vai aos poucos se tornando o prolongamento de um dentro, que se efetua a apropriação do espaço. Um bairro poder-se-ia dizer, é assim uma ampliação do habitáculo; pelo usuário, ele se resume á soma das trajetórias individuais inauguradas a partir do seu local conscrito na origem de sua habitação. Não é propriamente uma superfície urbana transparente para todos ou estatisticamente mensurável, mas antes as condições e possibilidades oferecidas a cada um de inscrever na cidade um sem-número de trajetórias cujo núcleo irredutível continua sendo sempre a esfera do privado.  Existe, além disso, a elucidação de uma analogia formal entre o bairro e a moradia: cada um deles tem, com os limites que lhe são próprios, a mais alta taxa de controle pessoal possível, pois tanto aqueles como esta são os únicos lugares vazios onde, de maneira diferente, se pode fazer aquilo que se quiser. O limite público/privado, que parece ser a estrutura fundadora do bairro para a prática de um usuário, não é apenas uma separação, mas dialeticamente constitui uma separação que une.
A relação entrada/saída, dentro/fora se imiscui dentre outras relações sociais como casa/trabalho, conhecido/desconhecido e assim por diante, mas representa sempre uma relação social entre uma pessoa e o mundo material e social, condicionado por uma dialética constitutiva da autoconsciência que vai haurir, nesse movimento de ir e vir, de mistura social e de recolhimento íntimo, a certeza de si mesma enquanto imediatamente social. Essa diferença entre a essência e o exemplo, entre a imediatez e a mediação, quem faz não somos nós apenas, mas a encontramos na própria certeza sensível; e deve ser tomada na forma em que nela se encontra, e não como nós acabamos de determina-la. Na certeza sensível, por exemplo, um momento é oposto como o essente simples e imediato, ou como a essência: o objeto. O outro momento, porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, mas por meio do Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto faz que seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido – enquanto o saber não é, se o objeto não souber que pode ser. Trata-se assim da singularidade imediata de apreensão do objeto.

O outro momento, porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, mas por meio de Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto que seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido – enquanto o saber não é, se o objeto não é. O objeto, portanto deve ser examinado, para vermos se é de fato, na certeza sensível mesma, aquela essência que ela lhe atribui; e se esse seu conceito – de ser uma essência – corresponde ao modo imediato como se encontra na certeza sensível. Enfim, nós não temos, para esse fim, de refletir sobre o objeto, nem indagar o que possa ser em verdade; mas apenas no âmbito da filosofia de Hegel através da ideia de formação em “considerá-lo como a certeza sensível o tem nela”.
Para sermos breves, pensamento social e particularmente a Antropologia tem por tradição hic et nunc desvalorizar ontologicamente a imaginação, e sociologicamente sua função fomentadora de erros e falsidades. No limite, a “imaginação sociológica”, para lembrarmo-nos de Wright Mills, é reduzida pelos clássicos e contemporâneos àquela concepção de sensação de uma imagem remanescente ou repetida e consecutiva do imaginário individual (o sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos). Desvalorizado para explicar “conexões imaginativas”, capaz de estimular a criatividade no âmbito da teoria social, sem perder a conexão de sentido com o imaginário social, que pode cometer o erro de reduzir a imaginação a um puzzle técnico-metodológico. A teoria produz significados reflexivamente de um ponto de vista sobre um ponto de vista.
Assim, a análise reproduz um “recorte” empírico a meio caminho entre a solidez da sensação e a pureza da ideia correlata ao associacionismo psicológico ao abrir dimensões novas no continuum de elucidação da consciência. Associar a questão da consciência à formação e significado nas relações de poder oligárquico, tolda as organizações populares que enquadram a chamada “opinião pública” inexistente. As comissões oficiais funcionam segundo uma lógica para criar um grupo com todos os elementos exteriores necessários para formar uma opinião digna de ser expressa. De acordo com determinados padrões nas democracias modernas porque representam conquistar o poder, mas, sobretudo saber exercê-lo através das mediações da autoridade na sociedade contemporânea. Temos assim a formação publicitária da informação.    
Enfim, a prática do bairro introduz um pouco de gratuidade no lugar da necessidade; ela favorece uma utilização do espaço urbano não finalizado pelo seu uso somente funcional. No limite, visa conceder o máximo de tempo a um mínimo de espaço para liberar possibilidades de deambulação. A cidade é, em seu sentido característico, “poetizada” pelo sujeito: este a “refabricou” para o seu uso próprio desmontando as correntes do aparelho urbano: ele impõe à ordem externa da cidade a sua lei de consumo do espaço. O bairro é, por conseguinte, no sentido econômico do termo, um objeto de consumo do qual se apropria o usuário no modo da privatização do espaço público. Aí se acham reunidas todas as condições para favorecer esse exercício: conhecimento dos lugares, trajetos cotidianos, relações de vizinhança (política), relações como os comerciantes (economia), sentimentos difusos de estar no próprio território (etologia), tudo isso como indícios cuja acumulação e combinação produzem, e mais tarde organizam o dispositivo social e cultural segundo o qual o espaço urbano se torna não somente o objeto de um conhecimento, mas o lugar de um reconhecimento. 
A conveniência se impõe em primeiro à análise pelo seu papel negativo. Ela se encontra no lugar da lei, aquela que torna heterogêneo o campo social proibindo que aí se distribua em qualquer ordem e a qualquer momento não importa que comportamento social. Isto quer dizer que a conveniência mantém relações muito estreitas com os processos de educação implícitos a todo grupo social: ela se encarrega de promulgar as “regras” do uso social, enquanto o social é o espaço do outro, e o ponto médio da posição da pessoa enquanto ser público. A conveniência é o gerenciamento simbólico da face pública de cada um de nós desde que nos achamos na rua. A conveniência é simultaneamente o modo pelo qual se é percebido e o meio obrigatório de se permanecer submisso a ela. No fundo, ela exige que se evite toda dissonância no jogo dos comportamentos, e toda ruptura qualitativa na percepção do meio social. Por isso é que produz comportamentos estereotipados, “prêt-à-porter” sociais, que têm por função possibilitar o reconhecimento “de não importa quem em não importa que lugar”.  
 

O bairro representa um universo social que não aprecia muito a transgressão; esta é incompatível com a suposta transparência da vida cotidiana, com sua imediata legibilidade. Esta se deve efetuar, aliás, esconder-se nas trevas dos “lugares reprováveis”, fugir para os refolhos privados do domicílio. O bairro é um palco “diurno” cujos personagens são, a cada instante, identificáveis no papel que a conveniência lhes atribui: a criança, o pequeno comerciante, a mãe de família, o jovem, o aposentado, o padre, o médico, máscaras e máscaras por trás das quais o usuário do bairro é “obrigado” a se refugiar para continuar usufruindo dos benefícios simbólicos com os quais pode contar. A conveniência tende sempre a elucidar os bolsões noturnos do bairro, o incansável trabalho de curiosidade que, como um inseto de imensas antenas, explora com paciência todos os cantinhos do espaço público, sonda os comportamentos, interpreta os acontecimentos e produz sem cessar um rumor questionante incoercível: Quem é quem e faz o quê? De onde vem este novo freguês?
Quem é o novo locatário? A tagarelice e a curiosidade são as pulsões interiores absolutamente fundamentais na prática cotidiana do bairro que procura uma “razão para tudo”, mede tudo pela régua da conveniência. Enfim, se é possível dizer que todo rito é a assunção ordenada de uma desordem pulsional inicial, o seu “trancafiamento” simbólico no campo social, então a conveniência é o rito do bairro. A conveniência subtrai à troca social os ruídos que poderiam alterar a imagem do reconhecimento; é ela que filtra tudo o que não visa a clareza. Mas, e esta é a sua face positiva, se ela impõe a sua coerção, o faz em vista de um benefício simbólico que se há de adquirir ou preservar. O conceito de conveniência ganha particular pertinência no registro do consumo. Como relação cotidiana com a busca dos alimentos e dos serviços. Comprar não é trocar dinheiro por alimentos (mercadoria), mas, além disso, ser bem servido quando se é bom freguês. O ato da compra vem “aureolado” por uma “motivação” que, poder-se-ia dizer, o precede antes de sua efetividade: a fidelidade. Esse algo mais, não contabilizável na lógica estrita da troca de bens e serviços, é diretamente simbólico: é o efeito do consenso, de um acordo tácito. É o fruto de um longo costume recíproco pelo qual um sabe o que pode pedir ou dar ao outro, em vista de melhorar a relação com os objetos desejantes da troca.
Bibliografia geral consultada. 
LIPOVETSKY, Gilles, O Crepúsculo do Dever: A Ética Indolor dos Novos Tempos Democráticos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2004; PEREIRA, Ilaina Damasceno, Lugares no Bairro: Uma Etnografia no Benfica. Fortaleza: Dissertação de Mestrado em Geografia. Universidade Federal do Ceará, 2008; CAMPOS, Ricardo Marnoto de Oliveira, Pintando a Cidade: Uma Abordagem Antropológica ao Graffiti Urbano. Tese de Doutorado em Antropologia Visual. Lisboa: Universidade Aberta, 2007; LASSALA, Gustavo, Pichação não é Pixação. São Paulo: Altamira Editorial, 2010; CERTEAU, Michel de; GIARD, Luce; MAYOL, Pierre, A Invenção do Cotidiano. 2. Morar, cozinhar. 12ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2013; pp. 46 e ss.; DEJOURS, Christophe, Le Choix - Souffrir au Travail n`est pas une Fatalité. Paris: Bayard Éditions, 2015; RODOLFO, Renato Mesquita, A Universidade (Federal) do Ceará entre o Benfica e a Gentilândia: Espaços, Lugares e Memórias (1956-1967). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em História. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará. 2015; CHAGAS, Juliana Almeida, Pixação e as Linguagens Visuais no Bairro Benfica: Uma Análise dos Modos de Ocupação de Pixos e Graffiti e de Suas Relações Entre Si. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Departamento de Ciências Sociais. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2015; VASCONCELOS, Monica Monteiro da Costa, A Cidade em Movimento: Práticas Educativas do Morar e Conviver no Bairro Benfica. Dissertação de Mestrado.  Fortaleza: Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Educação, 2017; entre outros.

domingo, 27 de agosto de 2017

Criança Esperança - Pirâmide Social & Trapézio na Formação.

                                                                                          Ubiracy de Souza Braga

Pra pedir dinheiro até ator global vira atendente de telemarketing”. Todyone   

        
                      
            O telemarketing representa o termo que designa a promoção de vendas e serviços por telefone. Com o tempo, passou a designar também serviços de cobrança e outros, como atendimento ao consumidor e suporte técnico por telefone. Estes serviços são feitos por empresas especializadas em trabalhos de divulgação e de orientação aos clientes em vários segmentos do mercado e utilizam em suas operações, grandes ambientes denominados call centers ou centrais de atendimento, chamadas de serviço de atendimento ao cliente (SAC)), permitindo variantes como por exemplo, serviço de atendimento ao telespectador (SAT). Na década de 1980, o serviço se expandiu para outras áreas, inclusive a política, quando o consultor em marketing Mauro Ferreira o introduziu pela primeira vez, isto aconteceu mais precisamente na campanha para vereador e prefeito do Rio de Janeiro em 1988. A partir daí foi-se desenvolvendo e se tornou em uma das mais poderosas estratégias políticas e de venda. O telemarketing se tornou um sistema impopular, porque entra em contato com o telefone dos clientes de maneira, muitas vezes, inoportuna e desnecessária do ponto de vista do cliente. 
         Além disso, a maioria das ligações é feita aleatoriamente por máquinas, que nem sempre conectam o operador a tempo pra falar com o possível cliente. Por isso, em segundos a ligação cai, logo depois de causar a perturbação. A Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, informa que estudos de mercado estimam que ao menos um terço das ligações indesejadas no Brasil tem por objetivo a venda de serviços de telecomunicações. Dessa forma, a Anatel exigiu das empresas de telefonia uma solução para o problema, criando, assim o “Não me perturbe” - um cadastro nacional para o bloqueio de ligações de telemarketing das empresas de telecomunicações. Para não receber mais as ligações de telemarketing de operadoras de telefonia, basta acessar https://naomeperturbe.com.br/ e cadastrar os números do seu celular e do telefone fixo para não receber mais esses telefonemas. O telemarketing tem sido utilizado eficazmente para potenciar negócios e impactar diretamente o consumidor. De entre as principais vantagens para as empresas utilizarem o telemarketing enquanto meio de comunicação com o seu consumidor atual ou prospecto destacam-se as seguintes atividades.
      Interatividade: O telemarketing constitui um meio muito pessoal e interativo; Flexibilidade: As ações de telemarketing tem uma flexibilidade muito grande porque pode servir para, num determinado momento, potenciar uma campanha, e no momento seguinte para incentivar os consumidores a ir ao ponto de venda; Rapidez: A qualquer momento uma estratégia pode ser modificada, uma vez que as informações sobre a implementação das ações chegam rapidamente; Optimização: Num só contacto podem ser recolhidas muitas informações sobre um cliente e as suas necessidades e preferências; Controle: As operações de telemarketing são relativamente fáceis de controlar e de implementar, se devidamente alicerçadas num sistema informático; Alvo: O fornecedor de serviços de telemarketing adapta facilmente o conteúdo e o preço dos seus serviços consoante a segmentação desejada; Cobertura:  Pode atingir distâncias continentais em segundos, pois permite uma cobertura larga e controlada; Comodidade: Tanto para o comprador quanto para o vendedor; Custo; Vender por Telemarketing tem custo mais flexíveis já os custos de comissões, estrutura e logística são menores que num ponto de venda físico; Rapidez: Um operador de telemarketing pode efetuar mais contatos que um vendedor num mesmo período de tempo social.
                                            

          Toda organização é uma construção histórica e social. A origem das formas de organizar, das estruturas administrativas e da direção capitalista está estreitamente relacionada à evolução dos sistemas de cooperação. O mestre artesão é libertado do trabalho manual passando a diretor quando a quantidade de mais-valia produzida induz. As formas de cooperação na manufatura, analisadas por Marx, gênese das estruturas administrativas contemporâneas e da função dirigente imposta pelo caráter antagônico do processo capitalista de produção, orientam-se pela apropriação de mais-valia. O estudo das estruturas administrativas das organizações e suas relações técnicas com a produção não explicam profundamente o significado destas relações por trás das organizações. Para isso, as estruturas administrativas e a função autoritária devem ser analisadas como primícias do desenvolvimento das forças produtivas. Da necessidade de reprodução ampliada do capital e da necessidade de dominação expressa nos mercado global da informação e comunicação social que se impõe como necessidade das redes inseridas no processo de globalização e não do trabalho.
O programa assistencialista “Criança Esperança” surgiu da simbolização do ator Renato Aragão que durante a seca no Ceará, em 1985, resolveu ajudar seus conterrâneos e pediu auxílio à rede Globo onde trabalha. No ano seguinte, em 1986, a Globo resolveu fixar o projeto social em sua grade anual, mas voltado para crianças e com um nome diferente, durante o programa comemorativo dos 20 anos de Os Trapalhões, por isso, o especial teve nome “20 Anos Trapalhões - Criança Esperança”. No início, a rede Globo de Televisão constituiu afinidade eletiva com o Fundo das Nações Unidas Para a Infância (UNICEF), em que possibilitou que a rede do Sr. Roberto Marinho pudesse exibir shows anuais ao vivo. Naquele ano foi realizado um Programa Especial dos Trapalhões com nove (9) horas de duração também contemplando o domingo. O objetivo era publicitar a opinião pública sobre “a situação da infância no Brasil”. A partir de 1987, surge a ideia do “Programa Especial para solicitar contribuições financeiras que viessem a ser repassadas para entidades com trabalho voltado para crianças em vulnerabilidade social”. A burocracia é uma forma de organização social onde a hierarquia de autoridade se sobrepõe à divisão técnica e social do trabalho. 
O surgimento de novas técnicas de racionalização do trabalho social, possibilitou o desenvolvimento de novas especializações e concomitantemente criaram-se interdependências organizacionais através da necessidade da cooperação, resultando na ampliação do sistema burocrático. Desenvolveu-se a tecnologia avançada associada à organização autocrática, monística, hierárquica de uma era mais simples. Mas o que precisamos ressaltar é que a representação dessa necessidade de cooperação não surgiu como decorrência do avanço tecnológico. A associação da tecnologia dita avançada a uma organização autocrática, hierárquica, de uma era desenvolvimentista mais simples, responde também a uma necessidade política. Evidencia-se uma necessidade de controle social da força de trabalho em que o uso moderno de burocracia, como organização institucionalizada, representa outra resposta a uma necessidade real que transforma a esfera de ação técnica em política.           
          Em 2013, o Mesão da Esperança cresceu e costurou a programação da rede Globo durante o dia. No sábado - 31 de agosto - de 08h às 23h30, os apresentadores Alex Escobar, Ana Furtado, André Marques, Glenda Kozlowski, Glória Maria, Sandra Annenberg, Tadeu Schmidt, Tiago Leifert e Zeca Camargo, comandaram cerca de 200 artistas que se revezaram para atender às ligações dos telespectadores. Conduzido por Flávio Canto, Dira Paes, Lázaro Ramos e Leandra Leal, o show empresarial da campanha “Criança Esperança 2016” reuniu talentos da música nacional, promovendo encontros inéditos. O cantor sertanejo Luan Santana foi o primeiro a se apresentar nos Estúdios da rede Globo, no Rio de Janeiro. Também passaram pelo palco Carlinhos Brown, Michel Teló, Marcelo Jeneci, Ana Carolina e Anitta, entre outros. Além das apresentações musicais, vídeos exibidos durante o espetáculo levantaram o debate e a reflexão social sobre questões em torno do racismo, violência, educação e gênero. A Campanha Criança Esperança no decorrer de 30 anos, “vem criando oportunidades de desenvolvimento para crianças, adolescentes e jovens”. Em 2016, são apoiados 62 projetos sociais em várias regiões do Brasil, além dos três Espaços Criança Esperança, localizados nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. As listas completas dos projetos encontram-se no site desta campanha.
                 
            Nestes dias tivemos uma aparente festa pela solidariedade na campanha “Criança Esperança 2017” da rede Globo de televisão com a UNESCO que atua na defesa dos direitos da criança de adolescente. A apresentadora Simone Castro e o repórter cinematográfico Josivan Gomes foram ao Rio de Janeiro conferir os bastidores de toda essa mega produção. A festa “Criança Esperança” representou um dia em que toda a programação da Rede Globo ficou voltada para o projeto, transmitindo os bastidores. E o Programão traz a cobertura completa do famoso “Mesão da Esperança”, quando  artistas, desportistas e famosos “se juntam em uma corrente de amizade e atendem às ligações dos doadores”. Além da troca de experiências com profissionais de TV e web, de várias emissoras afiliadas. A equipe da Rede Clube produziu flashes para a programação durante todo o fim de semana, entradas ao vivo e reportagens para os telejornais locais. “Criança Esperança” é uma campanha nacional de mobilização social que ideologiza a conscientização em prol dos direitos da criança e do adolescente, promovida pela rede Globo de Televisão, inicialmente em parceria com a UNICEF e atualmente com a UNESCO. O projeto social é uma das mais bem-sucedidas marcas econômicas relacionadas a programas  dirigidos às crianças carentes em todo o mundo ocidental. Anualmente, são realizados os shows que incentivam as doações feitas pelos telespectadores e por várias instituições, além disso, é claro, com a participação dos atuais “mobilizadores do Criança Esperança”.           
Historicamente, vale lembrar, o grande mérito de Lewis Morgan, afirma Friedrich Engels, é o de ter descoberto e restabelecido em seus traços essenciais esse fundamento pré-histórico da nossa história escrita e o de ter encontrado, nas uniões gentílicas dos índios norte-americanos, a chave para decifrar importantíssimos enigmas, ainda não resolvidos, da história da Grécia, Roma e Alemanha. Sua obra não foi trabalho de um dia, como ocorre na modernidade através de survey`s. Levou cerca de 40 anos elaborando seus dados. O estudo da história da família começa, de fato, em 1861, com o “Direito Materno”, de Bachofen. Nesse livro o autor formula as seguintes teses, resumidamente: 1. Primitivamente, os seres humanos viveram em promiscuidade sexual; 2. Estas relações excluíam toda possibilidade de estabelecer, com certeza, a paternidade; 3. Em consequência desse fato, as mulheres, como mães, como únicos progenitores conhecidos da jovem geração, gozavam de grande apreço e respeito, chegando ao domínio feminino absoluto; 4. A passagem para a monogamia incidia na transgressão de uma lei religiosa antiga, em que devia ser castigada, ou cuja tolerância se compensava com a posse da mulher por outros homens. Bachofen encontrou as provas dessas teses em trechos da literatura clássica por ele reunidos com zelo singular.
            O sucessor imediato de Bachofen nesse terreno entrou em cena em 1865, sem jamais ter ouvido falar dele. Esse sucessor foi J. F. Mac Lennan, o polo oposto de seu predecessor. Ao invés do místico genial, temos aqui um árido jurisconsulto; em lugar de uma exuberante e poética fantasia, as plausíveis combinações de um arrazoado de advogado. Mac Lennan encontra em muitos povos selvagens, bárbaros e até civilizados, dos tempos antigos e modernos, uma forma de matrimônio em que o noivo, só ou assistido por seus amigos, deve arrebatar sua futura esposa da casa dos pais, simulando um rapto com violência. Este costume deve ser vestígio de um costume anterior, pelo qual os homens de uma tribo obtinham mulheres tomando-as realmente de outras tribos, pela força. Mas como teria nascido esse “matrimônio por rapto”? Enquanto os homens puderam encontrar mulheres suficientes em sua própria tribo, não tiveram motivo para semelhante procedimento. Por outro lado, e com frequência não menor, encontramos em povos não civilizados certos grupos que em 1865 ainda eram muitas vezes identificados com as próprias tribos no seio dos quais era proibido o matrimônio, vendo-se os homens obrigados a buscar esposas – e as mulheres, esposos – fora do grupamento social; outro costume existe, pelo qual os homens só devem procurar suas esposas no seio de seu próprio grupo.
       Além disso, também Morgan observara e descrevera perfeitamente o mesmo fenômeno, em 1847, em suas cartas sobre os iroqueses, e em 1851 na Liga dos Iroqueses, ao passo que a mentalidade do advogado de Mac Lennan causou confusão ainda maior sobre o assunto do que a causada pela fantasia mística de Bachofen no terreno do direito materno. Outro mérito de Mac Lennan consiste em ter reconhecido como primária a ordem de descendência baseada no direito materno, conquanto, também aqui, conforme reconheceu mais tarde, Bachofen se lhe tenha antecipado. Mas, também neste ponto, ele não vê claro, pois fala, sem cessar, “em parentesco apenas por linha feminina” (“kinship through females only”), empregando continuamente essa expressão. Exata apara um período anterior, na análise de fases posteriores de desenvolvimento e verdade que a filiação e o direito de herança continuam a contar-se segundo a linha materna. O parentesco por linha paterna também já está reconhecido e se expressa na estreiteza de critério do jurisconsulto, que forja um termo jurídico socialmente fixo e continua aplicando-o, sem modifica-lo.                           
Não obstante, sua teoria foi acolhida na Inglaterra com grande aprovação e simpatia. Mac Lennan foi considerado por todos como o fundador da história da família e a primeira autoridade na matéria. Sua antítese entre as “tribos” exógamas e endógamas continuou sendo a base reconhecida das opiniões dominantes, apesar de certas exceções e modificações admitidas, e se transformou nos antolhos que impediam ver livremente o terreno explorado e, por conseguinte, todo progresso decisivo. Em face do exagero dos méritos de Mac Lennan, que ficou em voga na Inglaterra e, seguida a moda inglesa, em toda a parte, devemos assinalar que, ratifica o genial Friedrich Engels, com sua antítese dialética de “tribos” exógenas e endógamas, baseada na mais pura confusão, ele causou um prejuízo maior do que os serviços prestados em suas próprias pesquisas.
Imediatamente depois, em torno de 1871, apareceu Morgan com documentos novos e, sob muitos pontos de vista, decisivos. Convencera-se que o sistema de parentesco próprio dos iroqueses, e ainda em vigor entre eles, era comum a todos os aborígenes dos Estados americanos, quer dizer, estava difundido em todo o continente, ainda quando em condição formal com os graus de parentesco que resultam do sistema conjugal ali imperante. Incitou, então, o governo federal norte-americano que recolhesse informes sobre os sistemas de parentesco dos demais povos, de acordo com um formulário e quadros elaborados por ele mesmo. Morgan publicou os dados coligidos e as conclusões que deles tirou em seu “Sistema de Consanguinidade e Afinidade da Família Humana” em 1871, levando, assim, a discussão para um campo infinitamente mais amplo. Tomou como ponto de partida os sistemas de parentesco e, reconstituindo as formas de família a eles correspondentes, abriu novos caminhos à investigação e criou a possibilidade de se ver muito mais longe na pré-história da humanidade. A aceitação desse método reduzia a pó as frágeis definições de Mac Lennan.
O descobrimento da primitiva gens do direito materno, como etapa anterior à gens de direito paterno dos povos civilizados, tem, para a história primitiva, a mesma importância que a teoria da evolução de Darwin para a biologia e a teoria da mais-valia, enunciada por Marx, para a economia política. Essa descoberta permitiu a Morgan esboçar, pela primeira vez, uma história da família, onde pelo menos as fases clássicas da sua evolução, em linhas gerais, são provisoriamente estabelecidas, tanto quanto permitem os dados. Evidentemente, iniciou-se uma nova era no estudo da pré-história da etnologia. Em torno da gens de direito materno, gravita, toda essa ciência; desde seu descobrimento, sabe-se em que a direção encaminhar as pesquisas e o que estudar, assim como de que modo devem ser classificados os resultados. Por isso, fazem-se nesse terreno, progressos muito mais rápidos que antes de aparecer o ensaio de Morgan, “Ancient Society”. Reconstituindo retrospectivamente a história da família, chega, de acordo com a maioria de seus colegas, à conclusão de que existiu uma época primitiva em que imperava, no seio da tribo, o comércio sexual promíscuo, de modo que cada mulher pertencia igualmente a todos os homens e cada homem a todas as mulheres.
           No século XIX, já se havia feito menção a esse estado primitivo, mas apenas de modo geral; Johann Bachofen foi o primeiro; um dos seus maiores méritos, fato essencial que o levou a sério e procurou seus vestígios ou indícios nas tradições históricas e religiosas. Em segundo lugar quando nos referimos historicamente à infância podemos nos referir a esta etapa da vida como uma abstração, como um conjunto de fatores sociais que instituem determinadas posições que incluem a família, a escola, pai, mãe, entre outros que colaboram para que haja determinados modos de pensar e viver a infância. A respeito disso, basta verificarmos que desde o século XII até início do século XX, a sociedade vem criando conceitos e modelos para infância, além de mecanismos que a valorizem, principalmente a infância pobre e desvalida, pois de acordo com a obra de Ariès, o sentimento sobre a infância se dá nas camadas mais nobres da sociedade. Resgatar a história social da criança brasileira é vis-à-vis rememorar com o passado e presente que se intui, e que não se pode ignorar através das tragédias que atravessaram a vida de milhares de meninos e meninas adolescentes. O abandono de bebês, a venda de crianças escravas separadas de seus pais, a vida em instituições que significavam mera sobrevivência, as violências cotidianas que não excluem os abusos sexuais, as doenças, queimaduras e fraturas que sofrem no trabalho escravo persistente e operário, são fatores sociais graves à memória por mais de três séculos a história da infância no Brasil.
                                      
As organizações usam da imagem e de sua simbolização para criar um discurso, no qual, os atores sociais integrantes do contexto organizacional (cf. Touraine, 1984), possam se identificar e sintam-se parte do espetáculo organizacional. Surgem modelos de gestão caracterizados pela linguagem simbólica e pela disseminação de imagens. A sociedade do espetáculo e do hiper-espetáculo permeia as literaturas das ciências sociais contemporâneas. Guy Debord, por outro lado, é pioneiro na explicação do “espetáculo” como uma forma de sociedade em que a vida real é fragmentada, se já não é um truísmo, sociologicamente, onde os indivíduos passam a contemplar e a consumir mercadologicamente as imagens de quase tudo o que lhes falta em sua existência real. A realidade torna-se imagem e as imagens tornam-se aparentemente realidade. A unidade que falta ao indivíduo recupera-se no plano da imagem. Enquanto, a primeira fase do domínio da economia sobre a vida caracterizava-se pela conspícua degradação do ser em ter, no espetáculo chegou-se ao reinado soberano do aparecer social. As relações entre os homens são mediadas pelas coisas e subsumidas diretamente pelas imagens. Nos dias 19 e 20 de agosto, toda a programação da rede Globo é dedicada ao programa empresarial Criança Esperança, chamada de “Maratona da Esperança”.
Um time de “mobilizadores” sociais esteve à frente do chamado “Mesão da Esperança” para comandar as entradas (ao vivo) em toda a programação da rede Globo. No sábado, Ana Paula Araújo, Zeca Camargo, Fernanda Gentil, Fabiana Karla, Angélica, Luciano Huck, Sandra Annenberg, Monica Iozzi, Maria Julia Coutinho e Fátima Bernardes, “ancoraram” as participações nas edições especiais do É De Casa, Globo Esporte, Estrelas, Caldeirão do Huck, além das novelas e dos telejornais. No domingo, Patrícia Poeta, Ana Furtado, Ana Maria Braga, Fernanda Lima, Claudia Leitte e Regina Casé apresentam os flashes, a partir do Esporte Espetacular e outros apresentaram até o Fantástico. Uma noite de reflexão e celebração à união. A noite de sábado foi marcada pelo tradicional show “Criança Esperança”, ao vivo, após a ideologia da novela “A Força do Querer”, diretamente dos Estúdios Globo, com direção de Raoni Carneiro e artística de Rafael Dragaud. O time de “mobilizadores” formado por artistas globais: Leandra Leal, Dira Paes, Flávio Canto e Lázaro Ramos foram os apresentadores do espetáculo, que teve como tema “Sua Esperança Não Está Sozinha”, contrariando Paulo Coelho quando se refere ao ator em encontros no palco. Vídeos nevrálgicos à sociedade brasileira como ética, família, violência, diversidade, conduziram a sonoridade estética e filantrópica abaixo da linha do Sul do Equador nas representações musicais.
Bibliografia geral consultada.
TOURAINE, Alain, Le Retour de l`acteur. Essai de Sociologie. Paris: Éditions Fayard, 1984; LANDIM, Leilah, Para Além do Mercado e do Estado? Filantropia e Cidadania no Brasil. Rio de Janeiro, 1993; FERNANDES, Rubens Cesar, Privado Porém Público: O Terceiro Setor na América Latina. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Relume Dumará, 1994; PEREIRA, Custódio, Captação de Recursos (Fund Raising): Conhecendo Melhor Porque as Pessoas Contribuem. São Paulo: Editor Mackenzie, 2001; DEL PRIORE, Mary, História da Infância no Brasil. 4ª edição. São Paulo: Editor Contexto, 2004; GOMES, Ana Ângela Farias, A Midiatização do Social: Globo e Criança Esperança Tematizando a Realidade Brasileira. Tese de Doutorado em Ciências da Comunicação. São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2007; SOUZA, Alessandro Souza de, Manifestações do Público Receptor sobre Ações de Responsabilidade Sociocomunicacional: Um Estudo de Caso a partir das Comunidades do Projeto Criança Esperança no Orkut. Dissertação de Mestrado em Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação. São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2009; CARDOSO, Ercio do Carmo Sena, Televisão e Conexão Social Dimensões Significativas de uma Campanha. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Belo Horizonte: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2011; SANTOS, Vitória Brito, Ela se Juntou com um Cara! Um Estudo sobre Casamento de Crianças no Brasil. Comunicação e Direitos Humanos. Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social. Dissertação de Mestrado. Novo Hamburgo: Universidade Feeevale, 2017; FERREIRA, Eveline Andrade, Políticas Educacionais na Escola: O Papel Mediador dos Diretores. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Centro de Educação. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará, 2017; MITRAUD, Francisco Silva, Comunicação, Consumo e Mobilizações Contemporâneas. Representações Midiáticas da Multidão em Contextos de Resistência. Tese de Doutorado. Escola de Propaganda e Marketing em Comunicação e Práticas de Consumo. São Paulo: Escola Superior de Propaganda e Marketing, 2017; entre outros.    

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Mar de Fogo - Cinema, Tradição & Sabedoria Histórica Sioux.

                                                                                     Ubiracy de Souza Braga
 
                          “Não aponte apenas o caminho, seja o guia”. Sabedoria Sioux
 

Durante o processo civilizatório da América do Norte, vários povos indígenas entraram em contato com os colonizadores franceses, espanhóis e ingleses. Entre as  culturas instaladas naquela região, emergem os índios Sioux. A origem do termo tem a ver com a expressão “serpente” e era o termo costumeiramente utilizado pelas tribos inimigas que conheciam esta instigante civilização, que se auto-intitula como Dakota.  A civilização Sioux (ou Dakota) é bastante diversificada, e ainda se subdivide em outros três grandes grupos: os tétons, yanktons e santees. Dentro de cada uma dessas divisões temos a presença de outras tribos entre as quais se destacavam os hunkpapas, os oglalas e brulés. O povo Sioux, ou Dakota, que é como se autodenomina, também reconhecido como Lakota, Teton, Titunwan (moradores da pradaria) e Teton Sioux referido à serpente ou inimigo é um povo que, desde tempos imemoriais, através da política do reconhecimento étnico se dá quando o grupo étnico se apresenta culturalmente diferente, numa conjuntura multicultural habitando as planícies localizadas entre os rios Missouri e Missouri, o segundo mais longo curso de água dos Estados Unidos, perdendo a primeira posição para o rio Missouri, que é afluente do Mississippi. Considerados juntos, formam a maior bacia hidrográfica da América do Norte. Quando medido da nascente do Missouri, o comprimento total do conjunto Missouri-Mississippi é de aproximadamente 6270 km na região nordeste dos Estados Unidos da América.
Massacre de Wounded Knee (cf. Liggett, 1998) foi um genocídio de nativos  ocorridos em 29 de dezembro de 1890, perto de Wounded Knee Creek (“Čhaŋkpé Ópi Wakpála”) na Reserva Indígena de Pine Ridge, pertencente ao povo Dacota, no estado da Dakota do Sul, Estados Unidos da América. Etnograficamente representou a última batalha sangrenta das Guerras Indígenas. No dia anterior, um destacamento de 7º Regimento de Cavalaria dos EUA, comandado pelo Major Samuel M. Whitside interceptou um grupo composto por índios Miniconjou e 38 Hunkpapa que eram liderados pelo chefe tribal Spotted Elk, perto de Porcupine Butte, e acompanhou-o por 8 km a oeste até Wounded Knee Creek, onde eles fizeram um acampamento. O restante do 7º Regimento de Cavalaria chegou liderado por James W. Forsyth, e cercou o acampamento com o apoio de quatro canhões Hotchkiss. Na manhã de 29 de dezembro, as tropas entraram no acampamento para “desarmar” os Lacotas. Durante o processo de desarmamento dos Lacotas, ocorreu o caso de um nativo chamado Black Coyote que estava relutante em abrir mão de seus rifles, alegando que ele tinha pago preço muito caro por essas armas.


Segundo o plano original, Custer teria de encontrar os índios rebeldes, mandar um aviso para o forte, esperar pela chegada de outras duas colunas do Exército e, só então, avançar. Mas Cabelos-longos, como era chamado pelos índios, transbordava de ambição. Em depoimento ao jornalista John Finerty, que, em 1890 publicou o livro War-Path and Bivouac (Em Pé de Guerra e Bivaque), o general John Gibbon afirmou ter alertado Custer para que aguardasse por reforços. E o comandante teria dito: “Não, eu não esperarei”. A vitória sobre os índios seria sua glória pessoal. “Ele era implacável. Mudava de opinião o tempo todo e sempre achava que estava certo. Nunca pedia palpite a seus oficiais. A nós, restava obedecer”, relatou James Horner, cabo da 7ª Cavalaria e um dos sobreviventes do massacre, também em depoimento a Finerty. A controversa briga sobre os rifles de Black Coyote intensificou-se e um tiro foi disparado, o que resultou em um tiroteio provocado pela 7ª Cavalaria de forma indiscriminada por todos os lados do local, matando homens, mulheres e crianças, bem como alguns dos seus próprios companheiros soldados. Os poucos guerreiros Lacota que ainda tinham armas começaram a atirar em resposta para os soldados que os atacavam, que rapidamente foram reprimidos pelas armas dos indígenas. Alguns Lacotas sobreviventes fugiram, mas cavaleiros dos Estados Unidos por vingança perseguiram e mataram muitos nativos que estavam desarmados.
           O campo de batalha foi designado, em 15 de outubro de 1966, local do Registro Nacional de Lugares Históricos e em 21 de dezembro de 1965, um Marco Histórico Nacional. Vale lembrar que a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (2007) afirma ainda que todas as doutrinas, políticas e práticas baseadas na superioridade de certos povos ou indivíduos ou que eles defendem por motivos de origem nacional ou diferenças os direitos raciais, religiosos, étnicos ou culturais são racistas, cientificamente falsos, legalmente inválidos, moralmente condenáveis ​​e socialmente injustos. Reafirmando que, no exercício de seus direitos, os povos indígenas devem estar livres de todas as formas de discriminação. Preocupado com o fato de que os povos indígenas sofreram injustiças históricas como resultado, entre outros, da colonização e do desaparecimento de suas terras, territórios e recursos, o que os impediu de exercer, em particular, seu direito ao desenvolvimento de acordo com suas próprias necessidades e interesses. Reconhecendo a necessidade urgente de respeitar e promover os direitos intrínsecos dos povos indígenas, derivados de suas estruturas e culturas políticas, econômicas e sociais, de suas tradições espirituais, história e filosofia, especialmente os direitos históricos inalienáveis sobre suas terras, territórios e recursos. Reconhecendo a necessidade urgente de respeitar e promover os direitos dos povos  afirmados em tratados, acordos e outros acordos construtivos com os Estados, etc.
           Diante de milhões de anos uma linhagem de animais se deslocou para os desertos da península arábica e, posteriormente, pelo Egito, chegou aos desertos do Norte da África. Esse animal se destacou devido a sua grande resistência, velocidade, agilidade e eficiência nas guerras chamando a atenção de reinos e povos que buscaram aprimorar e manter pura as raças. As tribos beduínas do deserto foram as grandes responsáveis pela domesticação e seleção genética das qualidades e da preservação da pureza racial do Cavalo Árabe. Durante séculos, cavalos árabes viveram no deserto em estreita associação com os humanos. Para abrigo e proteção contra roubo, as igrejas de guerra prezadas eram às vezes mantidas na barraca de seus donos, perto das crianças e da vida familiar diária. Apenas os cavalos com uma disposição naturalmente boa foram autorizados a se reproduzir, com o resultado de que os árabes de hoje tenham um bom temperamento que, entre outros exemplos, os torna uma das poucas raças onde as regras da Federação Equestre dos Estados Unidos relativas à Fédération Équestre Internationale é a instituição internacional que dirige as associações de esportes equestres. A FEI foi fundada em 1921, e sua sede fica localizada na cidade de Lausanne, na Suíça. Ingmar De Vos da Bélgica é a presidente da instituição desde 2014, que permite que menores exibam garanhões em quase todas as classes, incluindo aqueles limitados a “pilotos” menores de 18 anos.
 
                   
             Por outro lado, o árabe também é classificado como uma raça “de sangue quente”, uma categoria que inclui outros cavalos refinados e espirituosos criados para a velocidade, como o Akhal-Teke, e o Thoroughbred. Como outros tipos de sangue quente, a sensibilidade e a inteligência dos árabes possibilitam o aprendizado rápido e uma maior comunicação com seus donos e montadores. Por ter grande resistência e possuir capacidade de galope o cavalo árabe é utilizado em corridas que ocorrem em desertos. Um exemplo desse esporte acontece no deserto da Jordânia. Onde são 120 km para serem percorridos, aliás, cavalgados no deserto de Wadi Rum, sul da Jordânia, no International Endurance Race. Essa competição reúne cavaleiros do Oriente Médio que buscam o mesmo objetivo. No entanto, sua inteligência também lhes permite aprender maus hábitos tão rápido quanto os bons e eles não toleram práticas de treinamento ineptas ou abusivas. Algumas especialistas constatam que é mais difícil treinar um cavalo de “sangue quente”. No outro extremo do espectro, os mitos românticos às vezes são contados sobre cavalos árabes que lhes dão características quase divinas.
Na representação fílmica: “Mar de Fogo” (2004), dirigido por Joe Johnston, uma estrada de cerca de 3 mil milhas de comprimento, foi durante anos, um trecho no deserto árabe que só os cavalos de linhagem nobre conseguiam cruzar. Em 1890, o Sheik Riyash, interpretado pelo experiente Omar Sharif, indicado ao Oscar pelo famoso “Lawrence da Arábia”, de 1962, convida o cowboy Frank Hopkins - Viggo Mortensen também indicado ao Oscar por “Senhores do Crime” (2008) e reconhecido pela trilogia “O Senhor dos Anéis” - para um desafio único. Em 1958, Boris Pasternak publicou seu mais conhecido trabalho no mundo ocidental: o romance Doctor Zhivago. O livro não pôde ser publicado na então União Soviética, devido às críticas feitas ao regime comunista na obra. Os originais do livro foram contrabandeados para fora da chamada “Cortina de Ferro” e editados na Itália, tornando-se rapidamente, através do consumo, em um verdadeiro best-seller, fazendo de Pasternak ganhador do Nobel de Literatura.
Os índios Dakota fazem parte de uma confederação de Sete Tribos Sioux, a Grande Nação Sioux ou os Sete Fogos do Conselho e fala o idioma Dacota, um dos três principais dialetos da língua Sioux. O nome Sioux, relacionado com a expressão “serpente” lhes foi dado por serem considerados ótimos de guerra. Os Sioux eram grandes agricultores e caçadores. Plantavam o milho e caçavam grandes animais, como  os  búfalos e os bisões, dos quais compartilhavam a carne entre todas as famílias da aldeia. Os ossos usavam para fazer artesanato e fabricar armas. Já o couro, era utilizado para a confecção de roupas e tendas. No início dos anos 1800, os Sioux constituíam uma civilização numerosa e complexa, com mais de 170 tribos reconhecidas. Com a Independência dos Estados Unidos, em 4 de julho de 1776, houve grande conflitos com os índios Dakota que resistiram por um longo tempo. Hoje, porém, vivem em pequenos grupos nos estados norte-americanos de Dakota do Norte e Dakota do Sul.
            Para ser um Chefe Sioux era preciso ter no mínimo 50 anos de idade. Eles sabiam que as pessoas mais vividas são naturalmente mais experientes e sábias. O verdadeiro chefe era dotado de compaixão e fidelidade ao grupo, muitas vezes em sacrifício da própria individualidade, isto é, individualidade humana na perspectiva da totalidade. Tudo está ligado, como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas. O que acontece à Terra recai sobre os filhos da Terra. Não foi o homem que teceu a trama da vida. Ele é só um fio dentro dela. Tudo o que fizer à teia estará fazendo à si mesmo. Mas, de toda a rica história dos índios povo Sioux, o mais fascinante é a filosofia de vida que levavam os integrantes das tribos. Dotada de um sábio conhecimento, eles usam exemplos simples, triviais em sua relação de apropriação da natureza, mas extremamente valiosos e fundamentais que nos fazem ampliar a consciência, através da observação empírica de fatos sociais e de aspectos culturais que designam excesso ou falta sob a forma de sobrevivência em nossa vida.
Uma das maiores contribuições dos Sioux para as gerações presentes e futuras foi sua filosofia, expressada em versos, poemas, frases e citações diversas, em especial sobre a relação do ser humano com a nossa única morada, o planeta Terra.  Os Sioux deixaram consolidada parte de seus ensinamentos em um Código de Conduta, conhecido através das “20 Leis dos Sioux”, em que se destacam principalmente, a caridade, o amor, o respeito às crenças dos outros, especialmente objetos religiosos e sagrados, isso é proibido, a honestidade como o grande teste para a sua herança do universo, a natureza como parte da nossa família terrena, os pensamentos maus causam doenças da mente, do corpo e do espírito. A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e avareza, originam-se de uma alma perdida, portanto, ore para que eles encontrem o caminho do Grande Espírito. Enfim, procure conhecer-se, por si próprio. Não permita que outros façam seu caminho por você. É sua estrada, e somente sua. Outros podem andar ao seu lado, mas está claro que ninguém pode andar por você. Finalmente, trate os convidados em sua morada com muita consideração - sirva-os o melhor alimento, a melhor cama e trate-os de forma admirável com respeito e honra.         
Entretanto, pelo fato de ser um livro proibido pelo governo de Moscou, Pasternak foi impedido de receber o Nobel e acabou sendo obrigado a devolver a honraria. Entretanto, Pasternak não viveu para ver seu livro adaptado para as telas. Ele morreu em 1960. Encontra-se sepultado no Cemitério Peredelkino, Moscou na Rússia. A proibição da publicação de Doutor Jivago dentro da União Soviética vigorou até 1989 quando a política de Abertura de Mikhail Gorbatchev liberou a publicação da obra.  Neste ano, os russos puderam conhecer a saga de Jivago. Em 1965, Doutor Jivago ganhou uma adaptação para o cinema, com Omar Shariff, no papel principal. O filme ficou famoso também por sua bela trilha sonora, “Lara`s Theme”.  Frank Hopkins, que foi um grande montador do cavalaria do exército dos Estados Unidos, aceitou o convite para montar Hidalgo, o cavalo mais rápido do sheik (Omar Shariff), em uma disputa contra alguns dos cavalos mais hábeis e velozes do mundo. Em sua compreensão essa disputa, fora do individualismo possessivo “deixa de ser apenas por seu orgulho para se tornar também uma questão de sobrevivência”. Frank Hopkins, encarnado por um Viggo Mortensen é também um mestiço de índio e branco que sofre um trauma ao ver uma tribo de Sioux exterminada. Os mitos do chamado “Velho Oeste” agora se torna um verdadeiro circo caricato, afeito às lendas ordinárias, como o filme deixa claro. Após o massacre dos índios em Wounded Knee, pelo qual Frank se sente em parte responsável, ele é um homem amargurado e entregue à bebida que sobrevive através de exibições a cavalo num circo itinerante.

       A masculinidade de Hopkins, alcoólatra e decadente, cavalga seu adorado e cativante mustang Hidalgo em apresentações patéticas com Buffalo Bill. Isso até receber um convite para participar de uma competição no deserto do Oriente Médio, organizada pelo sheik Riad. Será a primeira vez que um estrangeiro tentará o prêmio, e cavalgando um animal mestiço contra os puros-sangues árabes, o que aparentemente representa uma ofensa aos muçulmanos. Frank com seu mustang Hidalgo precisam enfrentar os perigos do chamado “mar de fogo”, como é conhecido o deserto árabe. O mustang é um mito, mas também uma necessidade americana. Robusto, miscigenado e cavalgando livre pelas planícies, é uma negação politica da tragédia do processo civilizatório norte-americano, traduzido em massacres contra os índios e segregação racial. O filme Mar de Fogo, narra a história social real de um impávido e, sobretudo, invencível cavaleiro de maratonas.  
Ao chegar à Arábia, percebe que vai enfrentar não apenas tempestades de areia, nuvens de gafanhotos e areias movediças, mas também um grupo de trambiqueiros astutos que farão tudo para ganhar a corrida. É então que entram na história social diversos elementos estranhos. Entre eles está a improvável atração romântica entre o caubói e a filha de um xeique (Omar Sharif), (do árabe sheikh, com origem no persa shāh, significa rei ou soberano), que quase arranca os testículos de Frank por ele apenas dirigir a palavra a sua filha. Há também um príncipe (Said Taghmaoui) que prefere morrer a perder, além de um rebelde (Silas Carson) que não passa de um ladrão de cavalos. A visibilidade do filme é extraordinária, filmado no Marrocos um dos países mais bonitos do continente africano e vários locais na região no oeste norte-americano, Johnston e a diretora de fotografia Shelly Johnston conferiram às paisagens desérticas aparentemente uma beleza silenciosa, ágil e encantadora. Mesmo que a história ficcional não passe necessariamente no país, se bem que o Marrocos representa tanta diversidade de paisagens e belezas naturais que possibilita a representação de diversos países. Segundo o jornal Le Soir o país recebe produções norte-americanas, representando 41%, seguido pelos britânicos com 33% e pelos franceses com 10%. A Arábia reconhecida como península Arábica ou Árabe, é uma península no sudoeste da Ásia e situada ao nordeste da África na placa árabe.  
Bibliografia geral consultada.
COLOMBRES, Adolfo, Por la Liberación del Indígena: Documentos y Testimonios, Compilación del Proyecto Marandú. Buenos Aires: Ediciones Del Sol, 1975; BROWN, Dee, Enterrem Meu Coração na Curva do Rio. Uma História India do Oeste Americano. 9ª edição. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1981; McDONNELL, Janet, The Dispossession of the American Indian 1887-1934. Bloomington: Indiana University Press, 1991; BENATTI, José Heder; ALENCAR, José Maria, Os Crimes contra Etnias e Grupos Étnicos: Questões sobre o Conceito de Etnocídio. Os Direitos Indígenas e a Constituição. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1993; LIGGETT, Lorie, Wounded Knee Massacre - An Introduction. Bowling Green State University, 1998; THOMSON, Sinclair, Cuando sólo Reinasen los Indios. Política Aymara en la Era de la Insurgencia. La Paz: Ediciones Aruwiyri, 2007; Declaración de las Naciones Unidas sobre los Derechos de los Pueblos Indígenas - Resolución Aprobada por la Asamblea General, 13 de septiembre de 2007; GINOT, Isabelle; MICHEL, Marcelle, La Danse au XXe Siêcle. Paris: Éditions Larousse, 2008; CAMPOS, Daniel Vasconcelos, Irracionalidade e Destino no Pensamento de Max Weber. Tese de Doutorado em Filosofia. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Departamento de Filosofia e Metodologia da Ciência. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2013; LACERDA, Rosane Freire, Volveré, y Seré Millones: Contribuições Descoloniais dos Movimentos Indígenas Latino-Americanos para a Superação do Mito do Estado-Nação. Tese de Doutorado. Faculdade de Direito. Brasília: Universidade de Brasília, 2014; Artigo: “Michael Blake, Vencedor do Oscar por Dança com Lobos, morre aos 69 anos”. In: http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2015/05/SILVA, Liana Amin Lima da, Consulta Prévia e Livre Determinação dos Povos Indígenas e Tribais na América Latina: Re-existir para Co-existir. Tese de Doutorado. Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2017; DIAS, Thiago Cancelier, O Língua e as Línguas: Aldeamentos e Mestiçagens entre Manejos de Mundo Indígenas em Goiás (1721-1832). Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em História. Faculdade de História. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2017; entre outros.