Luiz Melodia - Artista Popular & Tipógrafo da Pérola Negra.
Ubiracy de Souza Braga
“Carnaval, carnaval, carnaval, eu fico triste quando chega o carnaval”.
Luiz Melodia
Como
“arte do efêmero”, a música não pode ser completamente reconhecida e por isso é
tão difícil enquadrá-la inicialmente em sua dinâmica social, com a formação das cidades, em um conceito
simples no âmbito da formação cultural. A música também pode ser definida como
uma forma de linguagem que se utiliza da voz, instrumentos musicais e outros
artifícios, para expressar algo a alguém. Um dos poucos consensos é que ela
consiste em uma combinação de sons e de silêncios, numa sequência simultânea ou
em sequências sucessivas e simultâneas que se desenvolvem ao longo do tempo
social. Neste sentido, engloba toda combinação de elementos sonoros destinados
a serem percebidos pela audição. Isso inclui variações nas características do
som, caracterizados pela altura, duração, intensidade e timbre, sendo ainda que podem ocorrer sequencialmente o ritmo e a melodia, ou simultaneamente a harmonia. Ritmo, melodia e harmonia são
entendidos aqui apenas em seu sentido de organização temporal, pois a música
pode conter propositalmente harmonias ruidosas, que contém ruídos ou sons
externos ao tradicional e arritmias com ausência de ritmo formal ou desvios
rítmicos.
A música representa uma forma de arte que se constitui na combinação de vários sons e ritmos, seguindo uma pré-organização historicamente. É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana. Não se conhece nenhuma civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais próprias. Embora nem sempre seja feita com esse objetivo, a música pode ser considerada como uma forma de arte, considerada por muitos como sua principal função. A criação, a performance, o significado e até mesmo a definição de música variam de acordo com a cultura e o contexto social. A música vai desde composições fortemente organizadas e a sua recriação na performance, música improvisada até formas aleatórias. Pode ser dividida em gêneros e subgêneros, contudo as linhas divisórias e as relações entre gêneros musicais são muitas vezes sutis, algumas vezes abertas à interpretação socialmente do tipo individual e ocasionalmente controversas. Dentro das artes em geral, a música pode ser classificada como uma arte de representação social, uma arte sublime, uma arte de espetáculo. Definir a música sociologicamente, não é tarefa fácil porque apesar de ser intuitivamente reconhecida por qualquer pessoa, no âmbito histórico da sociologia é difícil encontrar um conceito que abarque todos os significados dessa prática.
Mais
do que qualquer outra manifestação humana, a música contém e manipula o som e o
organiza no tempo. Talvez por essa razão ela esteja sempre fugindo a qualquer
definição, pois ao buscá-la, a música já se modificou, já evoluiu. E esse jogo
do tempo é simultaneamente físico e emocional. E é nesse ponto que o consenso
deixa de existir. As perguntas que decorrem desta simples constatação encontram
diferentes respostas, se encaradas do ponto de vista social do criador
(compositor), do executante (músico), do historiador, do filósofo, do
antropólogo, do linguista ou do amador. Para indivíduos de muitas culturas, a
música está extremamente ligada à sua vida. A música expandiu-se ao longo dos
anos, e atualmente se encontra em diversas utilidades não só como arte, mas
também como a militar, educacional ou terapêutica (musicoterapia). Além disso,
tem presença central em diversas atividades coletivas, como os rituais
religiosos, festas e funerais. Há evidências de que a música é reconhecida e
praticada desde a pré-história. Provavelmente a observação dos sons da natureza
tenha despertado no ser humano, através do sentido auditivo, a necessidade ou
vontade de uma atividade que se baseasse na organização de sons. Embora nenhum
critério científico permita estabelecer seu desenvolvimento de forma precisa, a
história da música confunde-se com a própria história do desenvolvimento da
inteligência e da cultura humana.
Vale lembrar que o termo específico “música
popular brasileira” (MPB) já era historicamente utilizado na vida cotidiana no início do século
XX, sem, entretanto, definir um “movimento social” ou grupo de artistas e da
popularidade de um gênero musical organizadamente determinado pelo processo de
miscigenação na cidade. No ano de final da segunda guerra mundial (1945), o
livro: “Música Popular Brasileira”, de Oneyda Alvarenga, relaciona o termo a
“manifestações populares, como o bumba-meu-boi”. Somente duas décadas depois
ganharia também a sigla Música Popular Brasileira e a concepção que se tem
atual do termo. A música popular brasileira surgiu exatamente em um momento de
declínio da Bossa Nova, gênero renovador na música brasileira, surgido na
segunda metade da década de 1950, considerado um processo simultaneamente
industrialista e desenvolvimentista do eixo urbano do Rio de Janeiro-São Paulo.
Influenciado pelo jazz norte-americano, a a invenção da Bossa Nova
deu novas marcas simbólicas ao samba tradicional. Mas na primeira metade da
década de 1960, a Bossa Nova passaria por evidentes transformações culturais e,
a partir de uma nova geração de compositores, o movimento chegaria ao fim já na
segunda metade daquela década. Ipso facto, se as portas da percepção sobre o
samba estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito.
Inicialmente,
o estilo que seria conhecido como MPB era denominado como Música Popular
Moderna (MPM), terminologia utilizada pela primeira vez em 1965, para
identificar: a) canções que já se diferenciavam da bossa nova, b) que não eram
samba, nem moda ou marchinha, c) mas, que aproveitavam simultaneamente a
suavidade do repertório da bossa nova, d) o carisma das tradições regionais e o
cosmopolitismo de canções norte-americanas, que se tornaram conhecidas do
público brasileiro por meio do cinema. Um dos primeiros exemplos de canção
rotulada como Música Popular Moderna foi “Arrastão”, de Edu Lobo e
Vinícius de Moraes, que em 1965, interpretada por Elis Regina, venceu o 1º
Festival de Música Popular da TV Excelsior. Em 1966, o samba “Pedro
Pedreiro”, de Chico Buarque, também foi classificado como MPM, pois não era
bossa nova, nem jovem guarda e nem música de protesto. Também em 1966, um
conjunto vocal de Niterói, até então conhecido como “Quarteto do CPC”, sigla do
Centro Popular de Cultura, adotou o nome “MPB 4”. Na virada da década de 1960
para a de 1970, deixou-se de adotar a sigla MPM que foi substituída pela sigla
MPB – Música Popular Brasileira.
A
Música Popular Brasileira, não por acaso que é vagamente entendida como um estilo musical que iniciou-se em meados dos anos
1960, a tipos de música que surgiram, comparativamente após o início, origem e evolução da Bossa Nova. Todavia ideia do gênero musical “bossa negra” é antiga. - “Ela surgiu em Miami
(Estados Unidos da América), em cima do palco, enquanto eu dava uma canja no show do
Hamilton. Foi um “jam” que aconteceu sem ensaio. O repertório foi escolhido na
hora e incluiu canções de artistas que admiramos - como Baden Powell e Vinícius
de Moraes, e outros. O resultado foi ótimo e no camarim decidimos que tínhamos
que levar a parceria adiante”, lembra Diogo Nogueira. Durante cinco anos os
artistas mantiveram contato social e em 2014 conseguiram afinar as agendas de trabalho
para a concretização da Bossa Negra. – “Começamos a montar o repertório e o
processo todo, incluindo a produção do álbum, levou cerca de seis meses”,
completa Hamilton de Holanda.
Nascido
em 1951 no morro do Estácio, no Rio de Janeiro, Luiz Melodia bebeu do samba direto da fonte:
o bairro é central na gênese do ritmo. Mas gostava também das guitarras da
Jovem Guarda. Luiz Melodia iniciou sua carreira musical em 1963 com o cantor Mizinho, ao mesmo tempo em que trabalhava como
tipógrafo e músico em bares noturnos. Em 1964 formou o conjunto musical “Os
Instantâneos”, com Manoel, Nazareno e Mizinho, tocando sucessos da chamada Jovem Guarda, um movimento cultural
brasileiro surgido em meados da década de 1960, que mesclava música,
comportamento e moda e no estilo musical da bossa nova, com o referido grupo
formado com amigos. Essa experiência e a atmosfera lúdica em que vivia do
tradicional samba dos morros cariocas resultaram em uma mescla de influências e
de sentido de coisas e pessoas que proporcionaram a Luiz Melodia um estilo
único de representação da música brasileira. Chamou à atenção de um frequentador do morro do Estácio, o poeta Wally Salomão e de Torquato
Neto (1944-1972). Através de Wally, Gal Costa acabou reconhecendo um de seus
compositores prediletos, resultando na gravação de “Pérola negra” no disco “Gal
a todo vapor” (1972). Pouco depois era vez de “Estácio, Holly Estácio”, ganhar
sua interpretação na voz grave da extraordinária Maria Bethânia.
Foi nesta época historicamente que assumiu o nome
de Luiz Melodia - apropriando o
sobrenome artístico de seu pai Oswaldo -, e lançou em 1973 seu primeiro e
antológico disco “Pérola negra”. Foi casado com a produtora e cantora Jane
Reis, com quem tem o filho Mahal, também cantor/compositor, e integrante da
dupla de hip hop Aliança 21 com/ Tigrão. Estácio é um bairro da Zona Central
da cidade do Rio de Janeiro. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), no ano 2000,
era de 0,829, o 70º melhor da cidade do Rio de Janeiro. O seu nome é uma
homenagem ao fundador da cidade, o invasor Estácio de Sá. A tradicional Igreja
do Divino Espírito Santo remonta ao século XVIII. Abriga ainda a sede da
Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro. O local onde se situa o atualmente o bairro
do Estácio (RJ) já foi reconhecido pelo nome de Mata Porcos, devido ao fato de existir
nas redondezas uma mata para onde fugiam alguns porcos de um matadouro situado
no local. Posteriormente, como acesso ao bairro, foi aberto o Caminho de
Mata-Porcos, depois renomeado para Rua Nova do Conde da Cunha, Rua da Sentinela
e finalmente Rua Frei Caneca. Bairro inicialmente proletário, na gestão de
Pereira Passos foi erguido uma vila operária ao longo da Av. Salvador de Sá,
perto de onde se instalou a fábrica da cervejaria Brahma que posteriormente, em
1985, abasteceu o evento Rock`in Rio.
Erguido
com o nome de Casa de Correção da Corte, na época do imperador Pedro II, o
Complexo Penitenciário Frei Caneca, um prédio que começou a ser erguido em 1850
no Centro do Rio de janeiro e que se transformou durante 150 anos em oito
pavilhões – onde estiveram encarcerados presos políticos famosos
internacionalmente, como o escritor Graciliano Ramos, que a publicação,
naqueles anos, dos romances Caetés e São Bernardo, já tornara uma celebridade,
foi preso em 3 de março de 1936, sem acusação formal, como ocorrera comparativamente
com Luís Inácio da Silva, nestes dias, interrogatório ou processo mas suspeito
de envolvimento com a Aliança Nacional Libertadora - ANL. Seu fim começou com a
demolição, em 2003, do presídio feminino Nelson Hungria, transferido para o
complexo de Bangu e da escola de gestão penitenciária. Em novembro de 2006, sua
memória fora apagada, com a demolição da penitenciária Milton Dias Ferreira, assim
como a de Lemos de Brito e Romero Neto.
Machado de Assis era morador do bairro do Catete, na segunda metade do
século XIX, a música que existia no Brasil estava dividida entre a popular, as
polcas, por exemplo, e aquela apreciada pela elite social: a música clássica
europeia e as óperas. Bellini, Donizetti e Rosini eram populares nos subúrbios
dos bairros das principais cidades entre os brasileiros. O povo tocava violão,
nos morros, nos subúrbios através dos fazia batuques enquanto cantava músicas
com inspiração africana, influenciadas pelas polcas e valsas que vinham da
Europa colonizadora. Conjuntos formados por brancos e mestiços de classe média
tocavam em festas familiares, onde não havia piano. Os teatros de revista da
Praça Tiradentes apresentavam tangos, maxixes e habaneras. A polca surgiu na
Brasil em 1845 e fez extraordinário sucesso. Nos bailes de carnaval e nos
clubes, tocavam polcas, maxixes, valsas e choros. Os seresteiros cantavam
modinhas e lundus e se apresentavam, muitas vezes, em casas ricas com seu
violão, escandalizando com seus temas sensuais e levando a música popular para
os salões.
Machado
de Assis pôde assistir, no decorrer do século XIX e no começo do século XX, as
alterações amplas e decisivas no cenário social e político internacional e
nacional, nos costumes, nas ciências da natureza e da sociedade, nas técnicas e
em quase tudo o que entende no âmbito do progresso material. Alguns estudiosos
supõem, no entanto, erroneamente que as crenças antropológicas atribuídas a
Machado de Assis como um escritor engajado são falsas e que ele não esperava
nada ou quase nada da história e da política. Afrodescendente, testemunhou a tardia
Abolição da Escravatura e a mudança política no país quando a República
substituiu o Reinado, e foi grande comentador e relator dos eventos
político-sociais. Suas crônicas estão repletas destes comentários. Em 1868, por
exemplo, D. Pedro II demitiu o gabinete liberal de Zacarias de Góis e
substitui-o pelo gabinete conservador de Itaboraí. Grêmios e jornais liberais
acusaram a atitude do imperador de bonapartista. Machado de Assis testemunhou
com simpatia aos liberais. Em 1895 com a morte de Joaquim Saldanha Marinho,
liberal, maçom e republicano escreveu: - “Os liberais voltaram mais tarde,
tornaram a sair e a voltar, até que se foram de vez, como os conservadores, e
com uns e outros o Império”. Machado de Assis como afrodescendente e liberal
não estava só, e era fervorosamente contrário à escravidão.
Sua obra foi de fundamental
importância para as escolas literárias brasileiras do século XIX e XX e surge
nos dias de hoje como de grande interesse acadêmico e público. Influenciou
grandes nomes das letras, como Olavo Bilac, Lima Barreto, Drummond de Andrade,
John Barth, Donald Barthelme e outros. Para a as frações da classe dominante o
óbice maior não vinha do nosso Estado constitucional, que representava o
latifúndio e dele se servia: o obstáculo era interposto pela nova matriz
internacional, a Inglaterra. Em seu tempo de vida, alcançou relativa fama e
prestígio pelo Brasil, contudo não desfrutou de popularidade no exterior em
função da divisão internacional do trabalho. Contudo, na modernidade tendo em
vista sua inovação, imaginação e audácia em temas precoces e paradoxais, é
frequentemente visto como o escritor brasileiro de produção intelectual sem
precedentes, de modo que, recentemente, seu nome e sua obra têm alcançado
diversos críticos literários, estudiosos e admiradores do mundo inteiro.
Machado de Assis é considerado um dos grandes gênios da história da literatura,
ao lado de autores como Dante, Shakespeare e Camões. Entende-se a reivindicação do mais desenfreado
laissez-faire, contrapondo-se no plano pragmático ou das ideias a hostilidade
que despertava entre os proprietários o controle social da sua nação por um
Estado-nação estrangeiro.
Mas
como o denominador ideológico comum era o liberalismo econômico, que conhece na
época a sua fase áurea, só restava à retórica escravista uma saída para o
impasse. Demonstrar que as ideias mestras da doutrina clássica, porque justas
deveriam aplicar-se com justeza às circunstâncias, tanto quanto às
peculiaridades nacionais. A atenção e o respeito ostensivo ao particular, tão
insistentes nos escritos conservadores de Edmund Burke, permeiam a ideologia
romântico-nacional que vai de Francisco de Varnhagen a José de Alencar, de
Vasconcelos a Olinda, de Paraná a Itaboraí. Será o topo maior da argumentação
de cunho protelatório: dar tempo ao tempo, já que o Brasil colonizado e
periférico não é a Europa, e é preciso respeitar as diferenças, que na
interpretação de literária de Alfredo Bosi (1992: 195) tem como escopo analítico
crítico a filtragem ideológica e contemporização. As estratégias do nosso
liberalismo intra-oligárquico em todo o período em que se constituía o Estado
nacional.
Machado de Assis nasceu em 21 de
junho de 1839, no Morro do Livramento, no centro do Rio de Janeiro, então
capital do Império, em pleno Período Regencial. Seu pai Francisco José de Assis, foi um mulato que
pintava paredes, filho de Francisco de Assis e Inácia Maria Rosa, ambos pardos
e escravos alforriados. A mãe foi a lavadeira Maria Leopoldina da Câmara
Machado, portuguesa e branca, filha de Estevão José Machado e Ana Rosa. Consta
que a família Machado de Assis imigrara para o Brasil em 1815, oriunda da Ilha
de São Miguel, no arquipélago português dos Açores. Os pais de Joaquim Maria
Machado de Assis sabiam ler e escrever, fato quase incomum naquele tempo e
estratificação social. Ambos eram agregados da Dona Maria José de Mendonça
Barrozo Pereira, esposa do falecido senador Bento Barroso Pereira, que abrigou
seus pais permitindo morar com ela. As terras do Livramento eram ocupadas pela
chácara da família de Maria José e já em 1818 o terreno começou a ser loteado
de tão imenso que era dando origem à Rua Nova do Livramento. Maria José
tornou-se madrinha do bebê e Joaquim Alberto de Sousa da Silveira, seu cunhado,
tornou-se o padrinho, de modo que os pais de Machado resolveram homenagear os
dois nomeando-o com seus nomes.
Nascera junto a ele uma irmã, que
morreu jovem, em seus 4 anos, em 1845. Iniciou seus estudos numa escola pública
da região, mas aparentemente não se demonstrou interessado por ela. Ocupava-se
também em celebrar missas, o que lhe fez conhecer o Padre Silveira Sarmento,
que de acordo com certos biógrafos, se tornou seu mentor de latim e amigo. Os
biógrafos notam hic et nunc que, interessado pela boemia e pela Corte,
imiscuiu-se para subir socialmente abastecendo-se de superioridade e domínio
intelectual. Para isso, assumiu diversos cargos técnicos públicos, passando
pelo Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo
precoce notoriedade em jornais onde publicava suas primeiras poesias e
crônicas. Em sua maturidade, reunido a colegas próximos, fundou e foi o
primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras. Sua extensa obra
constitui-se de nove romances e peças teatrais, duzentos contos, cinco
coletâneas de poemas e sonetos, e mais de seiscentas crônicas. Fundou o
periódico: “O Jequitinhonha”, com o seu cunhado Josefino Vieira em 1860, por
meio do qual teria difundido o ideal republicano. No entanto, a República lhe
trouxe muitos desagrados econômicos e políticos, mas como letrado percebeu um
mundo em agonia, sendo “uma voz inquietante que fala baixo, mas provoca
sempre”.
Historicamente
o bairro região abrigou até o final do século XX, a zona do meretrício da
cidade que não era o único. O lado trágico dessa história higienista é que o
lixo é um indicador curioso de desenvolvimento cultural de um bairro, classe ou
nação. O bairro se define como uma organização coletiva de trajetórias
individuais: com ele ficam postos à disposição dos seus usuários “lugares” na
proximidade dos quais estes se encontram necessariamente para atender as suas
necessidades cotidianas. Mas o contato interpessoal que se efetua nesses
encontros é, também ele aleatório, não calculado previamente; define-se pelo
acaso dos deslocamentos exigidos pelas necessidades da vida cotidiana: no
elevador, na mercearia, no supermercado. Passando pelo bairro é impossível não
encontrar algum “conhecido”, mas ainda permite dizer de antemão que e onde (na
escadaria, na calçada). Datam desse
período as instalações hospitalares para atendimento materno-infantil São
Francisco de Assis, junto à Estação Praça Onze do metrô. O bairro possui grande
importância cultural por estar associado às origens do samba. Foi cantado nos
versos de Noel Rosa e de outros compositores de primeira grandeza da música
popular brasileira. É conhecido como o “Berço do Samba”, por ter visto nascer a
Primeira Escola de Samba, em 1928, a agremiação “Deixa Falar”, fundada por
Ismael Silva. Abriga a Escola de Samba Estácio de Sá, campeã do carnaval
carioca dez vezes entre 1965 e 2015. A tradicional Igreja do Divino Espírito Santo
remonta ao século XVIII. A Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro (PIBRJ)
foi organizada em 24 de agosto de 1884, mas posteriormente foi transferida para
o novo templo entre a Cidade Nova e o bairro do Estácio, no centro do Rio de
Janeiro.
O
nome “Escola de Samba” foi criado pelo compositor Ismael Silva. De acordo com
os registros, perto da sede da “Deixa Falar” havia uma escola normal. Então, os
sambistas do bairro do Estácio eram chamados de “mestres” ou “professores”. E
foi assim que viraram os verdadeiros mestres das primeiras escolas de samba do
Rio de Janeiro. A primeira Escola de
Samba do Rio de Janeiro segundo historiadores do Carnaval foi a “Deixa Falar”,
fundada em 1928 por sambistas do bairro do Estácio, bairro da região Central do
Rio de Janeiro. Alguns desses fundadores da cultura popular aparecem misturados
às pastoras da escola. Colorida de vermelho e branco, ela fez sucesso e
estimulou a criação de outras agremiações. Os fundadores da Escola adaptaram o
samba aos desfiles carnavalescos modernos, com a introdução do andamento mais
rápido e a criação de novos instrumentos como o surdo de marcação e a cuíca.
Foi aí que o samba-enredo começou a nascer. Antes de passar por uma fase de
modernização, a festa era celebrada em Cordões Carnavalescos e Ranchos. Em seu
livro “Blocos”, o jornalista João Pimentel relembra a importância social do
grupo formado por Tião Maria, que inspirou a criação de outras agremiações: -
“Talvez por estar localizado em uma região central da cidade, o Bafo da Onça
reunia a Zona Norte e a Zona Sul, mas tinha sua base vital na animada população
do bairro”.
Em
2003 o bloco desfilou juntamente com o “Bloco Cacique de Ramos” e o “Bloco
Boêmio de Irajá”, como “hors concours” na Avenida Rio Branco, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Entre esses blocos e
ranchos destacavam-se: “Rancho Carnavalesco União dos Caçadores” (campeão de
vários carnavais); “Rancho Carnavalesco Unidos do Cunha”; “Rancho Carnavalesco
Inocentes do Catumbi”; “Bloco Carnavalesco Astória Futebol Clube”, tricampeão
de “Banho Fantasia” na orla da praia
de Copacabana e o “Bloco Carnavalesco Vai Quem Quer”, que apesar de pertencer
ao bairro do Flamengo, portanto nas proximidades do Centro, também desfilava nas ruas do Catumbi. No ano
de 2011 a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro contabilizou estatisticamente
420 blocos inscritos para desfile nas ruas do centro da cidade e avenidas e
ruas da Zona Sul (praias), dentre os quais o próprio Bafo da Onça, e do
subúrbio carioca o Boêmio de Irajá, do subúrbio da Leopoldina o bloco Cacique
de Ramos, integrando-se como os mais tradicionais da cidade do Rio de Janeiro.
Em
seu livro “Blocos”, o jornalista João Pimentel relembra a importância do grupo
formado por Tião Maria, que inspirou a criação de outras agremiações: - “Talvez
por estar localizado em uma região central da cidade, o Bafo da Onça reunia a
Zona Norte e a Zona Sul, mas tinha sua base vital na animada população do
bairro”. Em 2003 o bloco desfilou juntamente com o “Bloco Cacique de Ramos” e o
“Bloco Boêmio de Irajá”, como “hors concours” na Avenida Rio Branco. Entre
esses blocos e ranchos destacavam-se: “Rancho Carnavalesco União dos Caçadores”
(campeão de vários carnavais); “Rancho Carnavalesco Unidos do Cunha”; “Rancho
Carnavalesco Inocentes do Catumbi”; “Bloco Carnavalesco Astória Futebol Clube”,
tricampeão de “Banho Fantasia” na orla
da praia de Copacabana e o “Bloco Carnavalesco Vai Quem Quer”, que apesar de
pertencer ao bairro do Flamengo, portanto nas proximidades do Centro, também desfilava nas ruas do Catumbi. No ano
de 2011 a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro contabilizou estatisticamente
420 blocos inscritos para desfile nas ruas e avenidas e
ruas da Zona Sul (praias), dentre o próprio Bafo da Onça, e do
subúrbio carioca o Boêmio de Irajá, e da Leopoldina o bloco Cacique
de Ramos, integrando-se como os mais tradicionais do Rio de Janeiro. A
“Deixa Falar” virou samba de carnaval, influenciando não só sambistas morro do Estácio mas compositores profissionais.
A Jovelina Pérola Negra, cujo nome de
batismo era Jovelina Farias Delford, foi uma cantora e compositora brasileira e
uma das grandes damas do samba. Voz rouca, forte, amarfanhada, de tom popular e
força batente. Herdeira do estilo de Clementina de Jesus foi, como ela,
empregada doméstica antes de fazer sucesso no mundo artístico. Nascida em
Botafogo, Jovelina Pérola Negra logo fincou pé na Baixada Fluminense, em
Belford Roxo. Apareceu para o grande público ao participar do histórico disco
“Raça Brasileira”, em 1985. Pastora do Grêmio Recreativo Escola de Samba
Império Serrano ajudou
a consolidar o pagode. Verdadeira tiete do partidário Bezerra da Silva,
Jovelina Pérola Negra começou a demonstrar com voz e talento seus pagodinhos no Vegas Sport Clube, no
bairro de Coelho Neto, levada pelo amigo Dejalmir, que também lançou o nome artístico
Jovelina Pérola Negra, “homenagem à
sua cor reluzente”. Gravou cinco discos individuais conquistando um extraordinário Disco de
Platina. Atualmente são encontradas apenas as coletâneas de obras musdicaisi com os grandes
sucessos realizados como “Feirinha da Pavuna”, o extraordinário “Bagaço da Laranja”,
gravado com Zeca Pagodinho, “Luz do Repente”, “No Mesmo Manto” e “Garota Zona
Sul”, e outros. Infelizmente o sucesso chegou tardiamente ao mercado fonográfico e não realizou o sonho de
“ganhar muito dinheiro e dar aos filhos tudo o que não teve”.
Sua
história social representa um testemunho de sofrimento, luta e superação na vida
como mulher e artista. De empregada doméstica a vendedora ambulante de linguiça
nunca desistiu do sonho de se tornar cantora. Era fã de Bezerra da Silva, e sob
sua inspiração começou a fazer apresentações no Vegas Sport Clube, no bairro
Coelho Neto, levada pelo amigo Dejalmir. Vale lembrar que foi o próprio
Dejalmir quem escolheu seu nome artístico, Jovelina Pérola Negra, em homenagem
a sua cor. De Coelho Neto foi para Belford Roxo e depois para o bairro de Madureira,
onde no Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano desfilou anos a fio
na ala das Baianas. Na Estrela de Madureira conheceu o cantor e sambista Roberto
Ribeiro, Jorginho do Império e outros nomes consagrados da escola de Madureira.
Começou a cantar ao lado desses artistas e virou atração no Show Botequim do Império, que acontecia
na quadra da escola, durante os ensaios, para aumentar o caixa que financiava
desfiles. Não se demorou em que seus fãs a considerassem herdeira naturais de
Clementina de Jesus, herança das grandes vozes femininas do samba brasileiro.
Jovelina
Pérola Negra, cujo nome de batismo era Jovelina Farias Delford, foi uma cantora
e compositora brasileira e uma das grandes damas do samba. Voz rouca, forte,
amarfanhada, de tom popular e força batente. Jovelina foi uma das peças mais
importantes na condução do samba de fundo de quintal e do pagode para a linha
de frente da MPB. A artista estreou na música tardiamente, em 1985, quando já
tinha 40 anos, com sua participação em três faixas da coletânea Raça Brasileira. No ano seguinte a
cantora gravava seu primeiro disco solo com sambas de sua autoria e de
compositores como Nei Lopes e Monarco. Ao todo gravou seis discos, entre eles, “Sorriso
Aberto”, em 1988, “Sangue Bom”, em 1991, “Vou da Fé”, em 1993, quando conquistou
um disco de platina. Nascida em Botafogo, Jovelina Pérola Negra logo fincou pé
na Baixada Fluminense, em Belford Roxo. Apareceu para o grande público ao
participar do histórico disco “Raça Brasileira”, em 1985. Pastora do Império
Serrano ajudou a consolidar o pagode. Verdadeira tiete do partidário Bezerra da
Silva, Jovelina começou a dizer seus pagodinhos no Vegas Sport Clube, em Coelho
Neto, levada pelo amigo Dejalmir, que também lançou o nome Jovelina Pérola
Negra, “homenagem à sua cor reluzente”. Gravou cinco discos individuais
conquistando um Disco de Platina. Atualmente são encontradas as
coletâneas com os grandes sucessos como “Feirinha da Pavuna”, o extraordinário “Bagaço
da Laranja”, gravado com Zeca Pagodinho, “Luz do Repente”, “No Mesmo Manto” e “Garota
Zona Sul”, e outros. O sucesso chegou e não realizou o sonho de
“ganhar muito dinheiro e dar aos filhos tudo o que não teve”. Jovelina morreu
de enfarte, aos 54 anos, dormindo em casa, no bairro da Pechincha, região administrativa de Jacarepaguá, que em Tupi significa: “enseada do lugar dos jacarés”, através da junção dos termos îakaré (jacaré), paba
(lugar) e kûá (enseada).
Bibliografia
geral consultada.
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e Etnicidade: Romanesthán, Nação Cigana Imaginada. Belo Horizonte.
Dissertação de Mestrado. Departamento de Sociologia e Antropologia.
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de Nomeação: Deslocamento das
Representações numa Teia de Discursos Mitológico-Científicos e Práticas Sociais”.
In: Rev. Antropol. Vol.49 n.°2 São
Paulo July/Dec. 2006; GOÉS, Ludenbergue, Mulher
Brasileira em Primeiro Lugar: O Exemplo e as Lições de Vida de 130 Brasileiras
Consagradas no Exterior. São Paulo: Ediouro Publicações, 2007; SOUZA,
Tárik, Tem Mais Samba: Das Raízes à Eletrônica. São Paulo: Editora 34, 2008; SANTOS, Michel Rosada dos, Nascentes e Tributários de um Rio Musical - Salve Estácio, Cidade Nova e Praça Onze dos Bambas! E a Vila de Noel...“Só quer mostrar que faz samba também...”. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de janeiro, 2009; GOMES, Rodrigo, Samba no Feminino: Transformações das
Relações de Gênero no Samba Carioca nas Três Primeiras Décadas do Século XX.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Música. Florianópolis: Universidade do Estado de Santa Catarina, 2011; GREGORY, Jonathan Alexander Araújo, Os Carnavais do Monobloco: Um Estudo
Etnomusicológico sobre Blocos e Oficinas de Percussão no Rio de Janeiro.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Música. Rio
de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012; SANCHES, Taísa de
Oliveira Amendola, Cidade, Segregação Urbana e Política Habitacional no Rio
de Janeiro: O Caso do Bairro Carioca. Dissertação de Mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais. Departamento de Ciências Sociais. Centro de
Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
2015; ERMAKOFF, George;
FRAGOSO, dom Mauro, Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, 425 anos.
1590-2015. Rio de Janeiro: Casa Editorial, 2016; Artigo: “Poucos Artistas Brasileiros foram tão originais quanto Luiz Melodia”. In: https://www.correiobraziliense.com.br/app/2017/08/05/; entre outros.
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