sexta-feira, 29 de março de 2024

Clyde Tombaugh – Astrônomo & Descobridor do Planeta Anão Plutão.

          Se não existe vida fora da Terra, então o universo é um grande desperdício de espaço”. Carl Edward Sagan

         Exploração espacial representa o conjunto de esforços do homem que visam a exploração do espaço e de seus corpos celestes. Enquanto o estudo do espaço, estrelas, e outros astros, é realizada principalmente por astrônomos com instrumentos materiais, a exploração física do espaço é realizada tanto por sondas robóticas não tripuladas, quanto por voos espaciais tripulados. Os corpos celestes e astros sempre foram motivo de grande fascinação na humanidade. Há registros de gregos, mesopotâmicos e astecas de várias notícias celestes. Na Era contemporânea, vários cientistas deram grandes contribuições para que o sonho de explorar o espaço pudesse se tornar realidade, como o russo Konstantin Tsiolkovsky, o alemão Hermann Oberth e o norte-americano Robert Goddard. Antes da 2ª guerra mundial (1939-1945) não havia um esforço conjunto que tivesse por objetivo a exploração física do espaço, mas foi durante a chamada Guerra Fria, com o início da Corrida Espacial, que os Estados Unidos da América e a União Soviética começaram a demonstrar superioridade na inédita exploração do espaço. No ano de 1687, Isaac Newton publicou sua obra Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, dando início à compreensão da realidade física através de leis físicas e matemáticas. Nela, estão descritas praticamente todos os conhecimentos que Newton tinha sobre física, mecânica, astronomia etc. Com a publicação deste livro, surgiu a possibilidade da exploração espacial. Em 1865, o escritor Júlio Verne publicou o livro Da Terra à Lua, descrevendo uma missão espacial no satélite natural da Terra, cujo transporte seria realizado pelo canhão Columbia.  

Essa obra, extraordinária, mesmo sendo uma ficção científica, possui muitos detalhes técnicos que, inclusive, revelam semelhanças com a missão Apollo 11. No ano de 1889, Vincent van Gogh pintou uma de suas mais aclamadas obras, A Noite Estrelada, em que se pode perceber a admiração do artista por astros, estrelas e corpos celestes. Na França, no ano de 1902, Georges Méliès (1861-1938) criou um dos primeiros filmes de ficção científica, em que descrevia abstratamente uma incrível viagem à Lua, chamado Le Voyage dans la Lune. Em 1903, o físico russo Konstantin Tsiolkovsky publicou teorias possíveis de serem aplicadas para colocar foguetes em órbita, além de realizar cálculos das velocidades necessárias para colocar satélites em órbita. Alguns anos depois, em 1914, o inventor americano Robert Goddard patenteou o primeiro projeto de um foguete de combustão. Ainda no século XVI, a observação dos astros era frequentemente realizada a olho nu, e quando era manipulada com algum instrumento, ocorria por meio de instrumentos relativamente pouco eficientes. No século XVII, Hans Lippershey, fabricante de lentes dos Países Baixos, inventou a luneta. Na época da criação a Holanda estava em guerra com a Espanha. O príncipe Holandês achou aquela invenção muito interessante, pois permitia “observar a movimentação dos países inimigos”. Tempos depois, Galileo Galilei construiu sua luneta astronômica que revolucionou a astronomia.

A palavra planeta em grego quer dizer “astro errante”. Depois da invenção do telescópio, outros dois planetas do Sistema Solar foram descobertos: Urano em 1781 por William Herschel (1738-1822), e Netuno em 1846 por previsão de Urbain Jean Joseph Le Verrier (1811-1877) e John Couch Adams (1819-1892). Plutão foi descoberto em 1930 por Clyde William Tombaugh (1906-1997), e classificado astronomicamente até agosto de 2006 como sendo “o nono planeta do sistema solar”. Desde então a União Astronômica Internacional (UAI) reclassificou Plutão como “planeta anão”, quer dizer, constituindo uma nova categoria cosmológica de corpos do sistema solar, na qual também foram encaixados Ceres, o maior objeto do cinturão de asteroides entre as órbitas de Marte e Júpiter, e Éris o maior asteroide do cinturão de Kuiper. Informações sobre asteroides são dadas em Corpos Menores do Sistema SolarO sistema solar contém, além dos planetas e dos planetas anões, um grande número de corpos menores, entre os quais estão incluídos os satélites e anéis dos planetas, os asteroides, os meteoroides e os cometas. Os nomes dos planetas representam uma homenagem à beleza dos deuses romanos: Júpiter, deus dos deuses; Marte, deus da guerra; Mercúrio, mensageiro dos deuses; Vênus, deusa do amor e da beleza; Saturno, pai de Júpiter, deus da agricultura; Urano, deus do céu e das estrelas, Netuno, deus do Mar e Plutão, deus do inferno.

            Clyde Tombaugh nasceu em Streator, Illinois, Estados Unidos da América, a 4 de  fevereiro de 1906. Ainda criança, mudou-se com sua família para uma fazenda no Kansas, mas não tinha vocação para os trabalhos do campo. Queria olhar o céu. Então, passou a construir seus próprios equipamentos, começando por um telescópio refletor de 9 polegadas à base de sucatas, o qual lhe permitiu fazer imagens dos planetas Marte e Júpiter, que foram enviadas para o Observatório Lowell. O diretor deste Observatório, Vesto Melvin Slipher (1875-1969), gostando da qualidade dos desenhos de Tombaugh, convidou-o, em 1929, a trabalhar numa série de fotografias usando um telescópio refrator de 32,5 cm. Foram feitas várias chapas, sendo que aquelas compreendidas no período de 23 a 29 de janeiro de 1930 revelaram um tênue ponto, de magnitude 17, deslocando-se entre as estrelas da constelação de Gêmeos. Era o planeta Plutão. Esta descoberta foi anunciada no dia 13 de março de 1930. Como a massa deste planeta não era suficiente para explicar as perturbações sofridas por Netuno, Tombaugh continuou seu trabalho na busca de um possível décimo planeta. Isto acabou lhe permitindo vasculhar o céu por muitos anos e fazer várias descobertas de aglomerados estelares, estrelas variáveis, novas, nebulosas e alguns planetoides. Recebeu homenagens de diversas universidades norte-americanas, dentre elas a distinção como Professor Emérito da Universidade do Novo México, em 1973. Clyde Tombaugh, próximo aos 91 anos, faleceu no dia 19 de janeiro de 1997 em casa em Las Cruces, Novo México.

            Entre as suas investigações Vesto Melvin Slipher destaca-se por ter medido pela primeira vez a velocidade radial de uma galáxia e por ter descoberto a existência de gás e poeiras no meio interestelar. Seu irmão, Earl Charles Slipher (1883-1894), também foi astrônomo. Earl Slipher nasceu em Mulberry, Indiana, e estudou na Universidade de Indiana. Trabalhou no Observatório Lowell, em Flagstaff, Arizona, onde chegou a ser diretor entre 1916 e 1952. Utilizou o espectroscópio para investigar os períodos de rotação dos planetas e a composição das atmosferas planetárias. Em 1912 observou notadamente pela primeira vez o deslocamento das linhas espectrais numa galáxia, neste caso, a galáxia de Andrómeda, podendo obter assim a primeira determinação da velocidade radial de uma galáxia. Também descobriria que as galáxias espirais sofrem rotação. Em 1909 obteve dados que confirmavam a existência de grandes quantidades de gás interestelar, ideia postulada um ano antes por Jacobus Kapteyn (1851-1922). Em 1912 descobriu a poeira interestelar depois de descobrir que uma nebulosa do aglomerado aberto das Pleiades refletia a luz da estrela próxima, Mérope. Dita nebulosa representava ao mesmo tempo um novo tipo de nebulosas, as “nebulosas de reflexão”. Em 1927 começou a busca de um possível planeta que explicasse as perturbações observadas nas órbitas de Urano e Netuno. Em 1930 Clyde Tombaugh, que fazia parte do engajamento científico pessoal, descobre Plutão, ainda que seu tamanho não explicasse as tantas irregularidades observadas. Retirou-se da Astronomia em 1954 e morreu em 1969, em Flagstaff, Arizona nos Estados Unidos da América.

         O Sistema Solar, de acordo com a teoria “mais aceita”, teve origem a partir de uma nuvem molecular que, por alguma perturbação gravitacional, entrou em colapso e formou a estrela central, enquanto seus remanescentes geraram os demais corpos. Em sua configuração atual, todos os componentes descrevem órbitas praticamente elípticas ao redor do Sol, constituindo um sistema dinâmico no qual os corpos estão em mútua interação mediada sobretudo pela força gravitacional. A sua estrutura tem sido objeto de estudos desde a antiguidade, mas somente há cinco séculos a humanidade reconheceu o fato de que o Sol, e não a Terra, constitui o centro do movimento planetário. Desde então, a evolução dos equipamentos de pesquisa, como telescópios, possibilitou uma maior compreensão do sistema. Entretanto, detalhes sem precedentes foram obtidos somente após o envio de sondas espaciais a todos os planetas, que retornam imagens e dados com uma precisão nunca antes alcançada. O Sistema Solar compreende o conjunto constituído pelo Sol e todos aqueles corpos celestes que estão sob seu domínio gravitacional. A estrela central, maior do sistema, respondendo por mais de 99,85% da massa total, gera sua energia “através da fusão de hidrogênio em hélio, dois de seus principais constituintes”.

            A UAI foi fundada em 1919, com o aparecimento de vários projetos incluindo a Carte Du Ciel, carta celeste ou mapa celeste é um mapa do céu. Os astrônomos costumam dividi-las em grades para usá-las mais facilmente. São usadas para identificar e localizar objetos astronômicos como estrelas, constelações e galáxias, e têm sido usadas para a navegação humana desde tempos antigos. Uma carta celeste difere-se de um catálogo astronômico, que é uma lista ou uma tabulação de objetos astronômicos para um propósito particular, o Solar Union, ou União Internacional para Cooperação em Pesquisa Solar foi uma organização internacional dedicada à pesquisa solar entre 1905 e 1913. É uma das organizações precursoras da União Astronômica Internacional e o International Time Bureau. Sediado no Observatório de Paris, era o escritório internacional responsável por combinar diferentes aspectos de medidas do Tempo Universal. O Departamento também desempenhou um papel importante na pesquisa de manutenção do tempo e campos correlacionados como sobre a rotação da Terra, referenciais e tempo atômico. Em 1987, as responsabilidades burocráticas e científicas do Bureau foram assumidas pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas e pelo Serviço Internacional de Rotação da Terra e Sistemas de Referência.

      O Tempo Universal Coordenado um meio-termo estratégico entre o idioma inglês Coordinated Universal Time e o idioma francês Temps Universel Coordonné, também reconhecido como “tempo civil, tem como representação o fuso horário de referência a partir do qual se calculam todas as outras zonas horárias do mundo. Corresponde à hora de inverno de Portugal Continental e Arquipélago da Madeira e à hora de verão do Arquipélago dos Açores. O Parlamento Europeu decidiu que para todos os países da União Europeia seria uniformemente estabelecido que a hora de verão Daylight Savings Time (DST) se inicia às 02h00 UTC do último domingo do mês de março, sendo acrescida de uma hora, e termina às 02h00 UTC do último domingo do mês de outubro. Em relação ao horário de Brasília, o Tempo Universal Coordenado está três horas adiantado. Isto é: 23:38 em Brasília → 02h38min no padrão UTC. É o sucessor do Tempo Médio de Greenwich (Greenwich Mean Time), cuja sigla é GMT. A nova denominação foi cunhada para eliminar a inclusão de uma localização específica num padrão internacional, assim como para basear a medida do tempo nos padrões atômicos, mais do que nos celestes. Ao contrário do GMT, o UTC não se define pelo Sol ou as Estrelas, mas é sim uma medida derivada do Tempo Atômico Internacional (TAI).

           Devido ao fato social sideral de o tempo de rotação da Terra oscilar em relação ao tempo atômico, o UTC sincroniza-se com o dia e a noite de UT1, ao que se soma ou subtrai “segundos de salto” (leap seconds) quando necessário. Os segundos de salto são definidos, por acordos internacionais, para o final de junho ou de dezembro como primeira opção e para os finais de março ou setembro como segunda opção. Até hoje, somente junho e dezembro foram escolhidos como meses para ocorrer um segundo de salto. A entrada em circulação dos segundos de salto é determinada pelo Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS), com base nas suas medições da rotação da Terra. No uso informal, quando frações de segundo não são importantes, o GMT pode ser considerado equivalente ao UTC. Em contextos mais técnicos é geralmente evitado o uso de “GMT”. UTC é uma variante do tempo universal (universal time, UT) e o seu modificador C (para coordenado) foi incluído para enfatizar que é uma variante de UT. Pode-se considerar como uma solução conciliatória entre a abreviatura inglesa CUT e a francesa TUC. Os tempos UTC de alta precisão só pode ser determinados uma vez, sendo conhecido o tempo atômico, que se estabelece mediante a reconciliação das diferenças observadas entre um conjunto de relógios atômicos mantidos por um determinado número de oficinas do tempo nacionais. Isto é feito sob coordenação do Escritório Internacional de Pesos e Medidas. Não obstante, os relógios atômicos são tão exatos que só os mais precisos computadores necessitam usar estas correções; e a maioria dos utilizadores de serviços de tempo utilizam os relógios atômicos que tenham sido previamente configurados como UTC, para estimar a hora.

            A Terra interage com outros objetos em movimento no espaço, em particular com o Sol e a Lua. A Terra orbita o Sol uma vez por cada 366,26 rotações sobre o seu próprio eixo, o que equivale a 365,26 dias solares ou representa um (01) ano sideral. O eixo de rotação da Terra possui uma inclinação de 23,4° em relação à perpendicular ao seu plano orbital, reproduzindo variações sazonais na superfície do planeta, com período igual a um ano tropical, ou, 365,24 dias solares. A Lua é o único satélite natural reconhecido da Terra. O atual modelo consensual para a formação da Lua é representado pela hipótese do grande impacto. É uma hipótese astronômica que postula a formação da Lua através do impacto de um planeta com aproximadamente o tamanho da massa de Marte, reconhecido como Theia, com a Terra. Ela é responsável pela formação das marés, estabiliza a inclinação axial da Terra e abranda gradualmente a rotação do planeta. A Lua pode ter afetado dramaticamente o desenvolvimento da vida social e psíquica ao moderar o clima do planeta. Evidências paleontológicas e simulações de computador demonstram que a inclinação axial do planeta é estabilizada pelas interações cíclicas de maré com a Lua.   

            Representação artística que demonstra o Sol e os oito planetas do Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Nessa imagem o tamanho dos planetas está em escala; as distâncias entre eles, não. A chamada corrida espacial envolveu esforços pioneiros no lançamento de satélites artificiais, voo espacial tripulado suborbital e orbital em torno da Terra e viagens tripuladas à Lua. A competição efetivamente começou com o lançamento do satélite artificial soviético Sputnik 1 em 4 de outubro de 1957 e concluiu-se com o projeto cooperativo Apollo-Soyuz em julho de 1975. O Projeto de Teste Apollo-Soyuz passou então a simbolizar uma flexibilização parcial das relações tensas entre a União das Repúblicas Socialistas Soviética e os Estados Unidos da América. A corrida espacial teve suas origens na corrida armamentista que ocorreu logo após o fim da 2ª guerra mundial, quando tanto a União Soviética quanto os Estados Unidos capturaram a tecnologia e especialistas de foguetes avançados alemães. As consequências realizaram aumento sem precedentes nos gastos com educação e pesquisa, acelerando avanços científicos sobre tecnologias benéficas para a civilização. Algumas sondas e missões incluem os projetos Sputnik 1, Explorer 1, Vostok 1, Mariner 2, Ranger 7, Luna 9, Apollo 8 e Apollo 11. Wernher von Braun foi um dos próceres no pensamento e desenvolvimento de tecnologias aplicadas de foguetes para a Alemanha.

Embora alegasse neutralidade de seu envolvimento com a política alemã fosse apenas visando não interromper a questão axiológica das pesquisas espaciais e proteger-se de caçadas anticomunistas. Pioneiro e visionário das viagens espaciais, é reconhecido por ter liderado o projeto aeroespacial norte-americano durante a chamada Corrida Espacial, tendo trabalhado como projetista chefe do primeiro foguete de grande porte movido a combustível líquido, e além disso, produzido em série, o Aggregat 4, e por liderar o desenvolvimento do foguete Saturno V, que levou os astronautas dos Estados Unidos da América à Lua, em julho de 1969. Sua contraparte e rival, político do lado soviético, foi o engenheiro Sergei Korolev (1906-1966), um notável ucraniano e o principal projetista de foguetes e de aeronaves soviético durante a corrida espacial entre a União Soviética versus Estados Unidos durante os anos 1950 e 1960. Korolev é considerado do ponto de vista do valor-trabalho “o pai da astronáutica soviética”. Antes de sua súbita morte em 1966, a União Soviética liderava a “corrida espacial”, e os planos para colocar o primeiro homem na lua haviam começado a serem implementados. Sergei Korolev foi, ao contrário do que é propagado, o verdadeiro criador do desafio científico de levar homens à lua, embora a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas não tenha admitido o que pretendia.

Os Estados Unidos da América, em contrapartida, o fizeram através de um desafio ideológico do presidente John F. Kennedy. Segundo o professor James Onnig, em 1961, no afã da conquista, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a internacionalização do espaço, e em 1967, foi assinado o Tratado de Uso do Espaço Cósmico. O documento foi importante já que todos os países aceitaram a ideia de que nenhum país ou empresa poderia se declarar de determinada parte dessa nova fronteira. O problema é que o espaço cósmico está em certo sentido congestionado. Estima-se que sejam mais de 30 mil objetos lançados, 6. 800 toneladas de lixo espacial, 19 mil fragmentos que já caíram na Terra e uma infinidade de eventos preocupantes. Mas do ponto de vista da Física é quase nada. O princípio que norteou essa tragédia foi o da extraordinária Big Sky Theory. O espaço cósmico é tão grande que caberiam todos os experimentos concomitantemente: satélites, objetos e qualquer parafernália tecnológica. Em 2009 e de pouco noticiada ocorreu um acidente espacial.

          A realidade social nos ensina que o real é processual. O que existe deixa de existir; o que não existe passa a existir.  Se falta a consciência dessa processualidade, o sujeito isola o que está percebendo, desliga a parte do todo, perde de vista a conexão que integra o “micro” ao “macro”, a interdependência entre o imediato e a mediação complexa, ente o singular e o universal. Enquanto não enxergarmos a dimensão histórica de um ser, de um objeto, de um fenômeno, de um acontecimento, não podemos aprofundar de fato, a compreensão social que que dele temos. É o movimento histórico que passa por todas as coisas e permanentemente as modifica que as torna concretas. Nesse sentido, tinha razão Friedrich Hegel em sua última jornada, quando escreveu nos volumes Ciência da Lógica que o conceito fundamental da ontologia dialética, aquele que nos permite apreender a dinâmica do ser e do não-ser, é o conceito do devir, do vir-a-ser, do tornar-se. O real é dinâmico e nesta esteira da vida, se o sujeito se abstrai do fluxo em que existe o objeto, e neste sentido a arte, em que se verifica o fenômeno, em que se dá o acontecimento, ele afinal se incapacita para conhecer aquilo com que se defronta. Falta-lhe a possibilidade de pensar a ligação entre o ser particular que está percebendo e o seu não-ser, isto é, aquilo que ele já foi (e não é mais) ou aquilo que ele ainda não é (mas vai se tornar). Sua percepção não se aprofunda, sua representação se cristaliza, fica engessada, coagulada.

      Sabemos que o mito não é uma realidade independente, mas evolui com as condições históricas, étnicas e sociais relacionadas a determinada cultura. Destarte, procura sobreviver e demonstrar por meio do modo de ser, a ação das personagens e as origens das coisas. A realidade é “tudo o que existe”. Em sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, acessível ou entendido pela filosofia, ciência, arte ou qualquer outro sistema de análise. O real é tido como aquilo que existe fora ou dentro da mente. A ilusão quando existente é real e verdadeira em si mesma. Ela não nega sua natureza. Ela diz sim a si mesma. A realidade interna ao ser, seu mundo das ideias, imaginário, idealizado no sentido de tornar-se ideia, e ser ideia, pode - ou não - ser existente e real também no mundo externo. O que não nega a realidade da sua existência enquanto ente imaginário, idealizado. Quanto ao externo - o fato de poder ser percebido só pela mente - torna-se sinônimo de interpretação da realidade, de uma aproximação com a verdade. A relação íntima entre realidade e verdade, o modo em como a mente apreende a realidade, está no cerne da questão da imagem como representação sensível do objeto e da ideia do objeto como interpretação ideal, mental. Ter uma mente aparentemente tranquila em meio à agitação meramente social e aos estímulos que estamos expostos na modernidade contemporânea não é uma atividade pública que pode parecer um luxo.

Ipso facto, a interpretação é o produto de uma atividade social que consiste em estabelecer, simultânea ou consecutivamente, comunicação verbal ou não verbal entre duas entidades que podem estar em contradição, mas sobretudo em oposição assimétrica ou em nível de complementaridade. Conhecer a verdade é vê-la com os “olhos da alma”, ou, com os “olhos da inteligência”. Assim como o Sol dá sua luz aos olhos e às coisas para que haja “mundo visível”, assim também a ideia suprema, a ideia de todas as ideias, o Bem, isto é, a perfeição em si mesma dá à alma e às ideias sua bondade, a sua perfeição, para que haja um “mundo inteligível”. Assim como os olhos e as coisas participam da luz, assim também a alma e as ideias participam da bondade, ou mesmo da perfeição, e é por isso que a alma pode conhecer as ideias. E assim como a visão é passividade e atividade do olho, assim também o conhecimento é passividade e atividade da alma: passividade, porque a alma precisa receber a ação das ideias para poder contemplá-las; atividade, porque essa recepção e contemplação constituem a própria natureza da alma. Como na treva não há visibilidade, também na ignorância não há verdade, pois são para a alma o que a cegueira é para os olhos e a escuridão é para as privações da visão e privação de conhecimento e liberdade. A realidade significa o ajuste entre a imagem e a ideia da coisa, entre verdade e sentido da verossimilhança.

A cosmologia muitas vezes é confundida no âmbito da literatura científica com a astrofísica, que é o ramo da astronomia que estuda a estrutura e as propriedades dos objetos celestes e o universo como um todo através da interpretação da física teórica. A confusão ocorre porque ambas seguem caminhos paralelos sob alguns aspectos, muitas vezes considerados redundantes, embora não o sejam. Os ultraleves, apesar de poderem voar em espaço aéreo controlado, utilizam principalmente o que é designado como G (não controlado), onde se aplicam as regras de voo visual. Existem também espaços aéreos condicionados, divididos per se em três grupos: Áreas proibidas - onde o voo não é permitido. Exemplo: refinarias, fábricas de explosivos, áreas de segurança nacional. Áreas consideradas perigosas onde o voo é permitido, mas existem riscos potenciais para a navegação aérea, quando ocorre em área reservada para utilidade de treinamento de aeronaves civis, voo de planadores. Áreas restritas onde o voo só será permitido com prévia autorização do órgão de controle do espaço aéreo, pois essas áreas podem ser temporariamente “fechadas”, como ocorre com os casos de lançamento de paraquedistas, treinamento de acrobacias, lançamentos de foguetes e assim por diante. O espaço aéreo é internacionalmente dividido em sete classes, correspondentes de A à G.

Cada classe tem diferentes regras e métodos quanto a separação/divisão técnica do trabalho entre aeronaves, controle exercido pelo órgão de tráfego aéreo, exigência de autorização para navegar, condições meteorológicas para voos visuais, limites de velocidade e de contato por rádio com controladores de tráfego. A teoria do Big Bang, por exemplo, depende de duas suposições principais: a universalidade das leis da física e o princípio cosmológico, que afirma que, em grandes escalas, “o universo é homogêneo e isotrópico”. Essas ideias foram inicialmente tomadas como postulados, mas há esforços para testar cada uma delas. Por exemplo, a primeira hipótese foi testada por observações que mostram que o maior desvio possível da constante de estrutura fina em grande parte da idade do universo é de ordem 10-5. Além disso, a relatividade geral passou por testes rigorosos na escala do Sistema Solar e das estrelas binárias. Se o universo em grande escala parece isotrópico visto da Terra, o princípio cosmológico pode ser derivado do princípio copernicano mais simples, que afirma que não há nenhum observador específico ou ponto algum de vantagem. Para este fim, o princípio cosmológico foi confirmado a nível de 10-5 através de observações da radiação cósmica de fundo. O universo foi medido como sendo homogêneo nas maiores escalas no nível de 10%. Wagner Corradi e Fábio Santos: portas abertas para integrar pesquisa de ponta.

Em trabalho recém-publicado pela revista Nature, que revela descobertas sobre o  planeta-anão Eris e confirma o enquadramento de Plutão nessa nova classe de astros, teve participação de três pesquisadores do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais. O professor Wagner Corradi, o recém-doutor Wilson Reis e o doutorando Fabio Santos integram grupo de 14 brasileiros vinculados a oito instituições que analisaram dados do estudo liderado pelo astrônomo Bruno Sicardy, do Observatório de Paris. A definição de características como raio, densidade e tipo de atmosfera de Eris – descoberto em 2005 por Mike Brown e colaboradores –, confirma semelhanças com Plutão e reforça a tese de que este planeta, que foi “rebaixado” em 2006, deve ser considerado parte de uma classe diferente da que reúne Terra, Marte, Júpiter e os outros planetas que compõem o sistema solar. - “A importância dessa descoberta está em que ela coloca Plutão definitivamente na nova classe de planetas-anões”, afirma Wagner Corradi. Para a Universidade Federal de Minas Gerais, a participação no estudo significa passo inédito na direção do reconhecimento internacional e abre portas para novos convites relacionados a pesquisas de ponta e obtenção de financiamentos. - “Esse trabalho põe em evidência a qualidade da pesquisa dos corpos docente e discente do Departamento de Física”, completa Corradi, que tem expertise em fotometria (medida das propriedades físicas a partir da luz emitida pelos objetos) e polarimetria (medida da polarização da luz que permite inferir o campo magnético e propriedades dos grãos de poeira interestelar).

O estudo publicado em outubro teve origem na previsão, feita por Marcelo Assafin, do Observatório do Valongo (UFRJ), de que, no dia 6 de novembro de 2010, Eris ocultaria uma estrela, fazendo-a desaparecer por alguns minutos. Situações do gênero, que lembram os eclipses da Lua e do Sol, são oportunidades de medições fundamentais para que se conheçam as características de um objeto. O grupo de Corradi, que tinha horário reservado no Observatório do Pico dos Dias – do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Brasópolis, Sul de Minas –, foi um dos convidados a participar da observação do fenômeno, que durou de um a dois minutos, dependendo do telescópio, e mobilizou equipes em 26 países. A expectativa era de que, em função da localização, os grupos do Brasil, Chile e Argentina fizessem observação direta. Os centros europeus, por exemplo, mesmo não visualizando o fenômeno, ajudariam na confirmação das previsões. A definição de características como raio, densidade e tipo de atmosfera de Eris – descoberto em 2005 por Mike Brown e colaboradores –, confirma semelhanças com Plutão e reforça a tese de que este planeta (Plutão), que foi “rebaixado” em 2006, deve ser considerado parte de uma classe diferente da que reúne Terra, Marte, Júpiter e os outros planetas que compõem o sistema solar. - “A importância dessa descoberta está em que ela coloca Plutão definitivamente na nova classe de planetas-anões”, afirma Wagner Corradi. Para a UFMG, a participação no estudo significa passo inédito na direção do reconhecimento internacional e abre portas para novos convites relacionados a pesquisas de ponta e obtenção de financiamentos. - “Esse trabalho põe em evidência a qualidade da pesquisa dos corpos docente e discente do Departamento de Física”, completa Corradi, que tem expertise em fotometria, medida das propriedades físicas a partir da luz emitida pelos objetos e polarimetria, medida da polarização da luz que permite inferir o campo magnético e propriedades dos grãos de poeira interestelar.

A relatividade geral descreve a relação do espaço-tempo e métrica, que determina as distâncias que separam aparentes pontos próximos. Os pontos, que podem ser galáxias, estrelas ou outros objetos celestes, são especificados usando um gráfico ou “grade” que é estabelecido em todo o espaço-tempo visível. O princípio cosmológico implica que a métrica deve ser homogênea e isotrópica em grandes escalas, o que singularmente destaca a métrica de Friedmann-Lemaître-Robertson-Walker ou métrica FLRW. A métrica contém um fator de escala, que descreve como o tamanho do universo muda com o tempo. Isto permite uma escolha conveniente de um sistema de coordenadas a ser feito, chamado coordenadas comóveis. Neste sistema de coordenadas a grade se expande junto com o universo e os objetos que estão se movendo apenas por causa da expansão do universo permanecem em pontos fixos na grade. Enquanto a distância coordenada (distância comóvel) deles permanece constante, a distância física entre dois pontos semelhantes cresce proporcionalmente com o fator de escala do universo. Quer dizewr, o Big Bang não é uma explosão de matéria se movendo para fora para preencher um universo vazio. Em vez disso, o espaço em si se expande com o tempo nos lugares e aumenta a distância entre dois pontos comóveis. Com Isaac Newton (1643-1727), descobridor e formulador da lei da gravitação universal no século XVII, foi criada uma sólida base científica para a cosmologia, que passou do campo puramente filosófico para o experimental. A partir do início do século XX, com a criação da Teoria da Relatividade surgiu também a Cosmologia Moderna, cujo artigo foi escrito pelo físico alemão Albert Einstein, em 1917, com o título: Considerações Cosmológicas sobre a Teoria da Relatividade Geral.

Nesse trabalho, Albert Einstein analisava, sob a luz da teoria da relatividade, o universo como um todo, introduzindo o conceito de constante cosmológica. Essa constante cosmológica faria o papel de uma “força antigravidade”, que impediria o universo de colapsar sob a ação da gravidade, permitindo assim a existência de soluções ou modelos cosmológicos estáticos. No entanto, o que Albert Einstein não percebeu ou não quis perceber e preferir ignorar de imediato é que, mesmo com a presença da constante cosmológica era possível obter “soluções matemáticas” que previam um universo dinâmico, em contração ou expansão. Tais famílias de soluções são reconhecidas de fato como “soluções de Friedmann”, em homenagem ao matemático russo Alexander Friedmann (1888-1925), que as obteve em 1922. Com os novos telescópios, ainda no início do século XX, foi possível estudar o universo em escalas então inexploradas. Um pioneiro no estudo sistemático das galáxias além da nossa Via Láctea foi o norte-americano Edwin Hubble (1889-1053), que notou que a maioria das galáxias parecia estar se afastando, e que a velocidade de afastamento aumentava com a distância da galáxia em relação à nossa. Tal observação, confirmada posteriormente, tornou-se uma lei empírica, reconhecida hoje como Lei de Hubble, e era uma “prova” experimental da expansão do universo: as galáxias se afastam umas das outras devido à expansão do espaço entre elas. Além da questão da expansão do universo, começaram a surgir, a partir de 1933, observações astronômicas que indicavam que a quantidade de matéria visível em galáxias era bem menor que a quantidade de matéria necessária para gerar os efeitos gravitacionais observados. O telescópio Hubble não só verificou que a maioria das galáxias tinha ou apresentavam um desvio para o vermelho, mas que este sinal era proporcionalmente tanto maior quanto maior a distância entre as galáxias.

Em 1978, por exemplo, Sandra Moore Faber publicou um trabalho no qual demonstra que a velocidade de rotação de galáxias espirais corresponde a uma concentração de massa maior do que a inferida por observações da luz emitida pela galáxia. Esse problema ficou conhecido como problema da massa faltante. O acúmulo de observações empíricas de naturezas variadas que indicavam a existência dessa matéria invisível, afastou a possibilidade de teorias de gravitação estarem erradas e reforçou a possibilidade de existência de um tipo de matéria desconhecido que não participa das interações fortes nem das eletromagnéticas. A essa matéria foi dada o nome de matéria escura. Observações atuais indicam que, de toda a matéria existente no universo, cerca de 90% deve ser matéria escura. A matéria reconhecida pela física compõe cerca de 10% da matéria do universo. Em outras palavras, o Big Bang não é a singularidade de uma explosão no espaço, mas sim uma complexa operação de expansão do próprio espaço. Como a métrica FLRW assume uma distribuição uniforme de massa e energia, ela se aplica ao nosso universo somente em grandes escalas - concentrações locais de matéria, como a nossa galáxia, estão ligadas gravitacionalmente e, como tal, não experimentam a expansão em grande escala do espaço. O Big Bang ou “grande expansão” representa a teoria cosmológica contemporânea hegemônica e dominante sobre o desenvolvimento inicial do universo. Os cosmólogos usam o termo para se referir à ideia de que o universo estava originalmente muito quente e denso em algum tempo finito no passado. Desde então tem se resfriado gradativamente pela expansão ao estado diluído atual e continua em seu processo de expansão no espaço sideral. A teoria é sustentada por explicações mais completas e precisas a partir de evidências disponíveis e da observação. Medições detalhadas da taxa de expansão do universo colocam o Big Bang no debate em cerca de 13,8 bilhões de anos atrás, que é considerada a idade do universo.

O satélite ativo dos Estados Unidos da América, Iridium 33 se chocou com o satélite desativado russo, Kosmos 2251. O Iridium 33, foi um satélite de comunicação norte-americano, que no dia 10 de fevereiro de 2009, às 19h56 de Moscou (14h56 de Brasília) chocou-se com outro satélite, o Kosmos 2251 a cerca de 800 km de altitude, no zênite da Sibéria, provocando um lançamento de milhares de destroços na órbita baixa da Terra. A “trombada” gerou mais de 2.000 pedacinhos que estão sobre nossas cabeças na atmosfera. Já se pensou em tudo para solucionar o problema. Todas as propostas esbarram na questão dos custos financeiros. Os chineses destruíram seu satélite meteorológico Fengyun 1C com o lançamento de um míssil, fato que ainda gera controvérsia, e mais uma demonstração de força do que de habilidade técnica dos chineses. Cientistas norte-americanos tinham alertado para essa possibilidade nos anos de 1970. Colisões e riscos de acidentes seriam cada vez mais comuns. A situação é real no sentido darwinista, se pensarmos que as evoluções das telecomunicações estão ocorrendo rapidamente. Em 14 de fevereiro de 2009 começa a Era de Aquário – que rege, além do amor e da paz, a liberdade e as mudanças. Acerca dos efeitos visíveis na humanidade, é relatado que estamos sentindo as influências de Aquarius, designado como Orbe de influência no desenvolvimento acelerado a nível individual, social, cultural, científico e tecnológico e, sobretudo, na globalização historicamente ocorrida por todo o decorre do século XX.

A Era Aquarianamutatis mutandis - tende a ser uma era de fraternidade. Baseada na razão onde será possível solucionar os problemas sociais para todos. Com grandiosas oportunidades para o desenvolvimento intelectual e espiritual, dado que Aquarius é um signo aéreo, científico, intelectual e o seu planeta regente, Urano, é associado com a representação da intuição e percepções diretas do coração e, a nível mundano, este planeta rege a eletricidade e tecnologia. Na visão de algumas correntes articuladas de pensamento filosófico perene, em torno do cristianismo, surgiria para substituir a chamada Era de Peixes, sendo que neste caso teria o sentido de representar o símbolo religioso do cristianismo, como teria sido usado pelos primeiros cristãos. As divisões mais básicas no cristianismo contemporâneo ocorrem entre a Igreja Católica Romana, a Igreja Católica Ortodoxa e as várias denominações formadas durante e depois da grandiloquente Reforma Protestante. As maiores diferenças entre Ortodoxia e Catolicismo pode-se afirmar sem temor a erro que são culturais e hierárquicas, enquanto as denominações Protestantes apresentam diferenças teológicas acentuadas para com as duas primeiras, bem como diversificação doutrinária entre suas vertentes. As análises comparativas entre grupos denominacionais devem ser feitas com alguma cautela. Comparações numéricas também podem ser consideradas problemáticas, pois alguns grupos contam como membros, tanto os adultos batizados quanto os filhos batizados dos fiéis, enquanto outros grupos somente contabilizam lisura entre os fiéis adultos.

A chamada Era de Aquário seria a era definida na Bíblia de domínio do anticristo, no sentido nietzschiano, em que a Terra estaria fora de uma influência cristã e por isso representaria “uma era de enganos onde o mal seria encarnado e dominaria por certo tempo”. Segundo o Cristianismo esotérico, a cada vez maior proximidade e posterior entrada na chamada Era de Aquarius - a sucedendo a atual Era de Peixes, ou era regida pela “Espada” - proporcionará à maioria dos seres humanos a descoberta. A verdadeira vivência e o real conhecimento dos ensinamentos Cristãos mais profundos e interiores que Cristo menciona em Mateus (13:11) e Lucas (8:10). Esta era é vista segundo este ponto de vista como uma preparação intermédia para a Nova Jerusalém: os “novos céus e uma nova terra” que virá num tempo não identificado. Naquela que se aproxima é esperada a vinda de um Instrutor espiritual através da escola que funciona como arauto desta era, de um esforço “para dar à Religião Cristã um impulso numa nova direção”. Em termos simplificados, significa que a Era de Peixes se iniciou cerca de 500 d. C., dado que foi a última vez que astronomicamente o equinócio vernal ocorreu no primeiro ponto da constelação Aries, deixando-a e entrando na constelação de Pisces, altura em que os zodíacos intelectual e natural concordaram. Hoje em dia, o equinócio vernal ocorre, astronomicamente, a cerca de nove graus da constelação Peixes e será apenas por volta de 2600 d. C. que realmente finalizará o movimento em retrocesso por Pisces e entrará na constelação de Aquarius.  Vale lembrar que Carl Jung referiu em sua análise, que em meados do século XX, que as Eras astrológicas são baseadas nas constelações reais e não propugnadas de 30 graus do Zodíaco. Como Peixes é uma constelação maior a transição para Aquarius só terá lugar espacialmente por volta de 2600 d. C.

Em 1929, vale lembrar que a União Astronômica Internacional definiu as bordas das 88 constelações benditas oficiais. A borda estabelecida entre Peixes e Aquário localiza assim o início da Era de Aquário por volta de 2600 d. C. De acordo com a astróloga Vanessa Tuleski a Era de Aquário não é, portanto, uma Era que automaticamente vai nos conduzir a fraternidade, a um entendimento extraordinário de quem é e do que o mundo é, a uma nova forma de organização, a uma descoberta sem precedentes de nosso poder mental e a um uso adequado dele. E por que não? Porque Aquário não é um signo melhor do que Peixes, assim como Peixes não é melhor do que Áries, assim como nenhum signo é melhor do que outro. Em cada Era, nós temos escolhas a fazer. A tecnologia, principal promessa da Era de Aquário, tanto pode nos levar a separação de nosso lado instintivo, tornando tudo excessivamente lógico e frio, como pode ser tão aperfeiçoada para que nos leve a sanar os problemas que criamos com sua má utilização. A mente aquariana tanto pode nos levar ao rompimento com antigos comportamentos sociais danosos quanto nos trazer agitação, alienação e rebelião, sintomas já presentes. Mas sem dúvida, caracterizada por uma grande mudança, porque faz parte do símbolo de Aquário.       

O primeiro presidente indicado foi astrônomo francês Édouard Benjamin Baillaud nascido em Chalon-sur-Saône, em 14 de fevereiro de 1848 e morto em Toulouse, 8 de julho de 1934. Entre os cargos que ocupou destacam-se o de diretor do Observatório de Paris, presidente fundador do Escritório Internacional da Hora e da União Astronômica Internacional. Pieter Johannes van Rhijn foi presidente de 1932 até 1958. No Boletim Informativo do UAI n° 100, doze dos catorze últimos Secretários gerais desde 1964, cada um em seu cargo por três anos entre as Assembleias Gerais, recordam as histórias da UAI com suas dificuldades, por exemplo, com oficiais do antigo bloco Soviético, com a junta militar grega, e a razão por trás da decisão não muito popular para esperar uma Assembleia Extraordinária Geral na Polônia, por ocasião do aniversário de 500 anos de Nicolau Copérnico, em Fevereiro de 1973, logo após a Assembleia Geral ordinária na Austrália. A UAI possui 10 145 membros “individuais”, todos são profissionais astrônomos e a maioria são PhD. Existem também 64 membros “nacionais” que representam países afiliados com a UAI. 87% são homens, enquanto somente 13% são mulheres, entre elas a ex-presidente, astrônoma Catherine Jeanne Césarsky nascida em Ambazac, em 1943 é uma astrônoma francesa. O corpo soberano e deliberativo da UAI é sua “Assembleia Geral”, reunindo todos os membros afiliados.

A Assembleia determina as políticas da UAI, aprovando estatutos e regulamentos da União e elegendo diversas comissões. O direito a voto nas questões submetidas à Assembleia varia de acordo com o assunto em discussão. Os estatutos consideram cada assunto dividido em duas categorias: Assuntos de ‘’natureza primordialmente cientifica’’ (determinado pelo Comitê Executivo), seu voto é restrito a membros individuais; e outros assuntos, (como a revisão do estatuto e questões de procedimento), com voto restrito aos representantes dos membros nacionais. Em matéria orçamental que são categorizados como “outros assuntos”, os votos são ponderados de acordo com os níveis de subscrição relativa dos membros nacionais. Um voto de segunda categoria exige uma participação de pelo menos dois terços dos membros nacionais, a fim de ser válido. A maioria absoluta é suficiente para aprovação em qualquer votação, exceto para a revisão do Estatuto que exige dois terços da maioria. Uma igualdade de votos é resolvida pelo voto do presidente da União. Desde 1922, as Assembleias Gerais da UAI são realizadas a cada três anos, com a exceção do período entre 1938 a 1948, devido à Segunda Guerra Mundial. Já foram realizadas 31 assembleias gerais ordinárias e uma extraordinária. As próximas reuniões da assembleia geral serão realizadas na Cidade do Cabo (2024) e em Roma (2027).

Os quatro planetas “mais próximos” do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, possuem em comum uma crosta sólida e rochosa, razão pela qual se classificam no grupo dos planetas telúricos ou rochosos. Mais afastados, os quatro gigantes gasosos, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, são os componentes de maior massa do sistema logo após o próprio Sol. Dos cinco planetas anões, Ceres é o que se localiza “mais próximo” do centro do Sistema Solar, enquanto Plutão, Haumea, Makemake e Éris, encontram-se além da órbita de Netuno. Permeando praticamente toda a extensão do Sistema Solar, existem incontáveis objetos que constituem a classe técnica dos corpos menores. Os asteroides, essencialmente rochosos, concentram-se numa faixa entre as órbitas de Marte e Júpiter que se assemelha a um cinturão. Além da órbita do “último planeta”, a temperatura é suficientemente baixa para permitir a existência de fragmentos de gelo, que se aglomeram sobretudo nas regiões do Cinturão de Kuiper, teorizado na década de 1950 e teve sua comprovação final somente nos anos 1990, como disco disperso e na nuvem de Oort; esporadicamente são desviados para o interior do sistema onde, pela ação do calor do Sol, transformam-se em cometas. Muitos corpos, por sua vez, possuem força gravitacional suficiente para manter orbitando em torno de si objetos menores, os satélites naturais, com as mais variadas formas e dimensões. Os planetas gigantes apresentam sistemas de anéis planetários, uma faixa composta por minúsculas partículas de gelo e poeira.

As teorias que buscam explicar como ocorreu a formação do Sistema Solar começaram a surgir no século XVI, a partir da observação mais acurada do movimento dos corpos. Ao longo do tempo, algumas dessas hipóteses foram ganhando importância. Descartes, por exemplo, sugeriu que o Sol e os planetas surgiram a partir de um vórtice existente no universo primordial. A teoria da captura dos protoplanetas, por seu lado, sugere que estes corpos coalesceram de uma nuvem molecular e, posteriormente, foram capturados pela gravidade do recém-formado Sol, juntaram-se e formaram os planetas. Uma variante deste conceito propõe que os protoplanetas foram capturados pelo Sol a uma estrela de baixa densidade que passou nas proximidades. Laplace foi o responsável por desenvolver a hipótese de que o Sol teria se formado a partir de uma nuvem que girava e se contraía e, ao seu redor, os restantes materiais se condensaram nos demais corpos. Essa teoria, comumente referida como hipótese nebular, passou por algumas adaptações e se tornou a mais aceita no meio científico, especialmente após observações recentes da composição de meteoritos, que conservam características do período em que se formaram, nos primórdios do Sistema Solar, de acordo com a teoria moderna mais aceita, teve origem a partir de uma nuvem molecular que, por alguma perturbação gravitacional, entrou em colapso e formou a estrela central, enquanto seus remanescentes geraram os demais corpos. Em sua configuração atual, todos os componentes descrevem órbitas praticamente elípticas ao redor do Sol, constituindo um sistema dinâmico no qual os corpos estão em mútua interação mediada sobretudo pela força gravitacional.

A hipótese moderna para a origem do sistema solar é baseada na hipótese nebular, sugerida em 1755 pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), e desenvolvida em 1796 pelo matemático francês Pierre-Simon de Laplace (1749-1827), em seu livro Exposition du Système du Monde. Laplace, que desenvolveu a teoria das probabilidades, calculou que como todos os planetas descobertos estão no mesmo plano, giram em torno do Sol na mesma direção, e também giram em torno de si mesmo na mesma direção, com exceção de Vênus, mas que só poderiam ter se formado de uma mesma grande nuvem discoidal de partículas em rotação, a nebulosa solar. A versão moderna da teoria nebular propõe que uma grande nuvem rotante de gás interestelar colapsou para dar origem ao Sol e aos planetas. Uma vez que a contração iniciou, a força gravitacional da nuvem atuando em si mesma acelerou o colapso. À medida que a nuvem colapsava, a rotação da nuvem aumentava por conservação do momentum angular e, com o passar do tempo, a massa de gás rotante assumiria uma forma discoidal, com uma concentração central que deu origem ao Sol. Os planetas teriam se formado a partir do material no disco.

As observações modernas indicam que muitas nuvens de gás interestelar estão no processo de colapsar em estrelas, e os argumentos físicos que predizem o achatamento e o aumento da taxa de spin estão corretos. A contribuição moderna à hipótese nebular diz respeito principalmente a como os planetas se formaram a partir do gás no disco, e foi desenvolvida nos anos 1940 pelo físico alemão Carl Friedrich Freiherr von Weizsäcker (1912-2007). Após o colapso da nuvem, ela começou a esfriar; apenas o Proto-sol, no centro, manteve sua temperatura. O resfriamento acarretou a condensação rápida do material, o que deu origem aos planetesimais, agregados de material com tamanhos da ordem de quilômetros de diâmetro, cuja composição dependia da distância ao Sol: regiões mais externas tinham temperaturas mais baixa, e mesmo os materiais voláteis tinham condições de se condensar, ao passo que nas regiões mais internas e quentes, as substâncias voláteis foram perdidas. Os planetesimais a seguir cresceram por acreção de material para dar origem a objetos maiores, os núcleos planetários. Na parte externa do sistema solar, onde o material condensado da nebulosa continha silicatos e gelos, esses núcleos cresceram até atingiram massas da ordem de 10 vezes a massa da Terra, ficando tão grandes a ponto de poderem atrair o gás a seu redor, e então cresceram mais ainda por acreção de grande quantidade de hidrogênio e hélio da nebulosa solar. É neste sentido que os cientista deram origem assim aos planetas jovianos. Na parte interna, onde apenas os silicatos estavam presentes, os núcleos planetários não puderam crescer muito, dando origem aos planetas terrestres.

A sua estrutura tem sido objeto de estudos desde a antiguidade, mas somente há cinco séculos a humanidade reconheceu o fato de que o Sol, e não a Terra, constitui o centro do movimento planetário. Desde então, a evolução dos equipamentos de pesquisa, como telescópios, possibilitou uma maior compreensão do sistema. Entretanto, detalhes sem precedentes foram obtidos somente após o envio de sondas espaciais a todos os planetas, que retornam imagens e dados com uma precisão nunca antes alcançada. Há cerca de 4,66 bilhões de anos, toda a matéria que hoje forma o Sistema Solar se encontrava sob a forma de gás e poeira pertencentes a uma grande nebulosa com extensão estimada entre cinquenta e cem anos-luz, composta sobretudo por hidrogênio e uma considerável fração de hélio, além de traços de elementos mais pesados como carbono e oxigênio e alguns compostos silicados que formavam a “poeira interestelar”. Em algum momento, por conta de uma provável influência externa, como uma onda de choque provocada pela explosão de uma supernova nas proximidades, uma região em seu interior começou a se tornar mais densa e, por causa da gravidade, progressivamente passou a atrair mais gás em sua direção, dando origem a um núcleo que se aquecia conforme ganhava massa.

Os quatro planetas “mais próximos” do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, possuem em comum uma crosta sólida e rochosa, razão pela qual se classificam no grupo dos planetas telúricos ou rochosos. Mais afastados, os quatro gigantes gasosos, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, são os componentes de maior massa do sistema logo após o próprio Sol. Dos cinco planetas anões, Ceres é o que se localiza “mais próximo” do centro do Sistema Solar, enquanto Plutão, Haumea, Makemake e Éris, encontram-se além da órbita de Netuno. Permeando praticamente toda a extensão do Sistema Solar, existem incontáveis objetos que constituem a classe técnica dos corpos menores. Os asteroides, essencialmente rochosos, concentram-se numa faixa entre as órbitas de Marte e Júpiter que se assemelha a um cinturão. Além da órbita do “último planeta”, a temperatura é suficientemente baixa para permitir a existência de fragmentos de gelo, que se aglomeram sobretudo nas regiões do Cinturão de Kuiper, teorizado na década de 1950 e teve sua comprovação final somente nos anos 1990, como disco disperso e na nuvem de Oort; esporadicamente são desviados para o interior do sistema onde, pela ação do calor do Sol, transformam-se em cometas. Muitos corpos, por sua vez, possuem força gravitacional suficiente para manter orbitando em torno de si objetos menores, os satélites naturais, com as mais variadas formas e dimensões. Os planetas gigantes apresentam sistemas de anéis planetários, uma faixa composta por minúsculas partículas de gelo e poeira.

As teorias que pretendem explicar como ocorreu a formação do Sistema Solar começaram a surgir no século XVI, a partir da observação mais acurada do movimento dos corpos. Ao longo do tempo, algumas dessas hipóteses foram ganhando importância. Descartes, por exemplo, sugeriu que o Sol e os planetas surgiram a partir de um vórtice existente no universo primordial. A teoria da captura dos protoplanetas, por seu lado, sugere que estes corpos coalesceram de uma nuvem molecular e, posteriormente, foram capturados pela gravidade do recém-formado Sol, juntaram-se e formaram os planetas. Uma variante deste conceito propõe que os protoplanetas foram capturados pelo Sol a uma estrela de baixa densidade que passou nas proximidades. Laplace foi o responsável por desenvolver a hipótese de que o Sol teria se formado a partir de uma nuvem que girava e se contraía e, ao seu redor, os restantes materiais se condensaram nos demais corpos. Essa teoria, comumente referida como hipótese nebular, passou por algumas adaptações e se tornou a mais aceita no meio científico, especialmente após observações recentes da composição de meteoritos, que conservam características do período em que se formaram, nos primórdios do Sistema Solar, de acordo com a teoria moderna mais aceita, teve origem a partir de uma nuvem molecular que, por alguma perturbação gravitacional, entrou em colapso e formou a estrela central, enquanto seus remanescentes geraram os demais corpos. Em sua configuração atual, todos os componentes descrevem órbitas praticamente elípticas ao redor do Sol, constituindo um dinamismo no qual os corpos interação mediada sobretudo pela força gravitacional. 

A hipótese moderna para a origem do sistema solar é baseada na hipótese nebular, sugerida em 1755 pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), e desenvolvida em 1796 pelo matemático francês Pierre-Simon de Laplace (1749-1827), em seu livro Exposition du Système du Monde. Laplace, que desenvolveu a teoria das probabilidades, calculou que como todos os planetas descobertos estão no mesmo plano, giram em torno do Sol na mesma direção, e também giram em torno de si mesmo na mesma direção, com exceção de Vênus, mas que só poderiam ter se formado de uma mesma grande nuvem discoidal de partículas em rotação, a nebulosa solar. A versão moderna da teoria nebular propõe que uma grande nuvem rotante de gás interestelar colapsou para dar origem ao Sol e aos planetas. Uma vez que a contração iniciou, a força gravitacional da nuvem atuando em si mesma acelerou o colapso. À medida que a nuvem colapsava, a rotação da nuvem aumentava por conservação do momentum angular e, com o passar do tempo, a massa de gás rotante assumiria uma forma discoidal, com uma concentração central que deu origem ao Sol. Os planetas teriam se formado a partir do material no disco.

As observações modernas indicam que muitas nuvens de gás interestelar estão no processo de colapsar em estrelas, e os argumentos físicos que predizem o achatamento e o aumento da taxa de spin estão corretos. A contribuição moderna à hipótese nebular diz respeito principalmente a como os planetas se formaram a partir do gás no disco, e foi desenvolvida nos anos 1940 pelo físico alemão Carl Friedrich Freiherr von Weizsäcker (1912-2007). Após o colapso da nuvem, ela começou a esfriar; apenas o Proto-sol, no centro, manteve sua temperatura. O resfriamento acarretou a condensação rápida do material, o que deu origem aos planetesimais, agregados de material com tamanhos da ordem de quilômetros de diâmetro, cuja composição dependia da distância ao Sol: regiões mais externas tinham temperaturas mais baixa, e mesmo os materiais voláteis tinham condições de se condensar, ao passo que nas regiões mais internas e quentes, as substâncias voláteis foram perdidas. Os planetesimais a seguir cresceram por acreção de material para dar origem a objetos maiores, os núcleos planetários. Na parte externa do sistema solar, onde o material condensado da nebulosa continha silicatos e gelos, esses núcleos cresceram até atingiram massas da ordem de 10 vezes a massa da Terra, ficando tão grandes a ponto de poderem atrair o gás a seu redor, e então cresceram mais ainda por acreção de grande quantidade de hidrogênio e hélio da nebulosa solar. Deram origem assim aos planetas jovianos. Na parte interna, onde apenas os silicatos estavam presentes, os núcleos planetários não puderam crescer muito, dando origem aos planetas terrestres.

A sua estrutura tem sido objeto de estudos desde a antiguidade, mas somente há cinco séculos a humanidade reconheceu o fato de que o Sol, e não a Terra, constitui o centro do movimento planetário. Desde então, a evolução dos equipamentos de pesquisa, como telescópios, possibilitou uma maior compreensão do sistema. Entretanto, detalhes sem precedentes foram obtidos somente após o envio de sondas espaciais a todos os planetas, que retornam imagens e dados com uma precisão nunca antes alcançada. Há cerca de 4,66 bilhões de anos, toda a matéria que hoje forma o Sistema Solar se encontrava sob a forma de gás e poeira pertencentes a uma grande nebulosa com extensão estimada entre cinquenta e cem anos-luz, composta sobretudo por hidrogênio e uma considerável fração de hélio, além de traços de elementos mais pesados como carbono e oxigênio e alguns compostos silicados que formavam a “poeira interestelar”. Em algum momento, por conta de uma provável influência externa, como uma onda de choque provocada pela explosão de uma supernova nas proximidades, uma região em seu interior começou a se tornar mais densa e, por causa da gravidade, progressivamente passou a atrair mais gás em sua direção, dando origem a um núcleo que se aquecia conforme ganhava massa.

Aparentemente esse fragmento da nebulosa apresentava um lento movimento de rotação que, enquanto se condensava, gradualmente aumentava a sua velocidade angular. Contudo, se essa velocidade se tornasse excessiva, não permitiria a formação da estrela. Por isso, de acordo com a teoria mais aceita, o gás cuja velocidade era muito elevada para incorporar-se ao núcleo era ejetado por ação da formação de um campo magnético que permeava a nuvem, dispersando assim boa parte do momento angular do sistema. Com o núcleo da nuvem cada vez mais denso, formou-se uma esfera achatada de gás com temperatura agora atingindo alguns milhares de graus Celsius, uma protoestrela, cujo diâmetro era equivalente ao da órbita atual de Mercúrio.  A escala Celsius (unidade °C), também reconhecida como a escala centígrada, é uma escala termométrica do sistema métrico usada na maioria dos países do mundo contemporâneo. Teve origem a partir do modelo proposto pelo astrônomo sueco Anders Celsius (1701-1744). Ao seu redor, a nuvem de gás adquiriu um formato achatado devido ao movimento de rotação, formando um disco denominado “nebulosa solar”, que se estendia entre cem e duzentas unidades astronômicas. Ao redor do núcleo a temperatura era relativamente alta, alguns milhares de graus Celsius, ao passar as áreas mais afastadas registravam temperaturas negativas.

Em 1742, o astrônomo sueco Anders Celsius (1701-1744) publicou nos Anais da Academia Real das Ciências da Suécia seu trabalho intitulado: Observações sobre Dois Graus Persistentes de um Termômetro. Neste trabalho, Celsius considerou que uma substância pura muda de estado físico à temperatura constante e baseado nisso, propôs uma nova escala termométrica, a escala de graus centígrados, segundo a qual definiu a temperatura 0 (zero) como sendo a temperatura medida no termômetro equivalente à temperatura em que a água entra em ebulição e 100 sendo a temperatura equivalente ao ponto em que o gelo derrete. Desta forma, diferentemente da convenção moderna, um menor valor representaria uma temperatura mais alta e um maior valor, uma temperatura mais baixa neste modelo. Embora existiram alguns trabalhos paralelos nos anos seguintes, apresentando o valor 0 (zero) para o ponto de derretimento do gelo e 100 para o ponto de ebulição da água, como o “Termômetro de Lyon”, os créditos pela inversão da escala de graus centígrados foram dados ao botânico sueco Carolus Linnaeus (1707-1778) e ao fabricante sueco de instrumentos científicos Daniel Ekström (1711-1755), que juntos produziram o “Termômetro de Linnaeus”. Anteriormente ao modelo proposto por Celsius, já existiam outras escalas baseadas nos estados físicos da água, como a escala Réaumur. Mas devido à sua simplicidade, a escala centígrada tornou-se mundialmente reconhecida, inclusive servindo de base para a criação de outros modelos, como é o caso da escala Kelvin. Em 1948, durante a 9ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, o nome da escala centígrada foi alterado para escala Celsius, para resolver as confusões com o prefixo centi do SI e como forma de homenagear o astrônomo sueco.

Bibliografia Geral Consultada.

TURNER, Victor, La Selva de los Símbolos. Madrid: Siglo Veintiuno Editores, 1980; DAMINELI, Augusto, Hubble – A Expansão do Universo. São Paulo: Odysseus Editora, 2003; RODRIGUES, Paulo Roberto Grangeiro, Astrologia e Personalidade: O Efeito do Conhecimento das Características do Signo Solar em Variáveis pelo 16 p. Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia. Departamento de Psicologia Social e do Trabalho. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2004; BOFF, Leonardo, A Nova Era: A Consciência Planetária. Rio de Janeiro: Editora Record, 2007; BERTRAND, Joseph, Os Fundadores da Astronomia Moderna: Copérnico, Ticho Brahe, Kepler, Galileu e Newton. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 2008; TEIXEIRA, Wilson et al., Decifrando a Terra. 2ª edição. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 2009; HENRIQUE, Alexandre Bagdonas, Discutindo a Natureza da Ciência a partir de Episódios da História da Cosmologia. Dissertação de Mestrado em Ensino de Física. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2011; WUNENBURGER, Jean-Jacques, Gaston Bachelard, Poetique des Images. Paris: Editeur Mimesis, 2012; BORGES, Fabiane Morais, Na Busca da Cultura Espacial. Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2013; SANTOS, Sandro Martins de Almeida, A Família Transnacional da Nova Era e a Globalização do (((Amor))) em Alto Paraíso de Goiás. Tese de Doutorado. Departamento de Antropologia. Brasília: Universidade de Brasília, 2013; SILVA, Patrícia da, Núcleo de Galáxias Gêmeas Morfológicas da Via Láctea: Uma Amostra Completa de 10 Objetos. Tese de Doutorado. Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas. Departamento de Astronomia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2020; TOSI, Amanda Araujo, Utilização da Catodoluminescência Acoplada à Microssonda Eletrônica como um Novo Método Analítico na Classificação Petrológica de Meteoritos Condríticos. Tese de Doutorado em Geologia. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2021; MENEZES, Filipe Henrique de Castro, Termodinâmica de Buracos Negros. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Física. Instituto de Ciências Exatas. Departamento de Física. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2021; NOGUEIRA, Matheus Nilton Vidal, Buracos de Minhoca do Tipo Schwarzschold na Teoria Assintoticamente Segura da Gravidade. Tese de Doutorado. Departamento de Física. Centro de Ciências. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2022; entre outros.

quarta-feira, 27 de março de 2024

Banho de Piscina – Tabu do Corpo & Neutralidade Valorativa em Berlim.

                                             O infortúnio é um degrau para o gênio, uma piscina para o cristão”. Honoré de Balzac 

          Em 2020, a cidade-estado de Berlim tinha uma população de 3 664 088 habitantes registrados em uma área de 891,85 km². A densidade populacional da cidade era de 4 048 hab/km². Berlim é a segunda cidade mais populosa na União Europeia (UE). A área urbana de Berlim compreendia cerca de 4,1 milhões de pessoas em 2014, em uma área de 1 347 km², tornando-se a sétima área urbana mais populosa na UE. A aglomeração urbana da metrópole era o lar de cerca de 4,5 milhões em uma área de 5 370 km². Toda a região Berlim-Brandemburgo tem uma população de mais de 6 milhões em uma área de 30 370 km². A migração nacional e internacional para a cidade tem uma longa história. Em 1685, na sequência da revogação do Édito de Nantes, na França, a cidade respondeu com o Édito de Potsdam, que garantiu a liberdade religiosa e isenção de impostos aos refugiados huguenotes franceses por dez anos. A Lei Maior de Berlim, de 1920, incorporou muitos subúrbios e cidades circunvizinhas da capital alemã. Ela formou a maioria do território que compreende a moderna Berlim e aumentou a população de 1,9 milhão para 4 milhões.

       Berlim tem como capital e um dos dezesseis estados e territórios geográficos da  Alemanha. Com uma população de 3,5 milhões dentro de limites da cidade, é a maior cidade do país, e a sétima área urbana mais povoada da União Europeia. Situada no Nordeste da Alemanha, é o centro da área metropolitana de Berlim-Brandemburgo, que inclui 5 milhões de pessoas de mais de 190 nações. Localizada na grande planície europeia, Berlim é influenciada por um clima temperado sazonal, com a distinção entre as quatro estações do ano: verão, outono, inverno e primavera. Quer dizer, cerca de um terço da área da cidade é composta por florestas, parques, jardins, rios e lagos. Berlim é uma cidade global e um dos mais influentes centros mundiais de cultura, política, mídia e ciência. Sua economia é baseada principalmente no setor de serviços, abrangendo uma variada gama de indústrias criativas, as corporações de mídia e locais de convenções. Berlim também serve como um hub continental com serviços pioneiros para a mobilidade sustentável e conectada de pessoas e seus bens para o transporte aéreo e ferroviário com um destino turístico popular. As indústrias significativas incluem Tecnologia da Informação (TI), farmacêutica, engenharia biomédica, biotecnologia, eletrônica, engenharia de tráfego e comunicação social e energia renovável. A cidade serve como um importante centro do transporte continental e é sede de algumas das mais importantes universidades, eventos esportivos, orquestras e museus. O rápido desenvolvimento econômico e social da metrópole, para não dizer culturalmente, atraiu uma reputação internacional aos seus festivais, arquitetura contemporânea e vida com utilidade de uso noturna, sendo um grande centro turístico e moradia para pessoas de 180 nações diferentes.

A imigração ativa e políticas de asilos em Berlim Ocidental desencadearam ondas de imigração nos anos 1960 e 1970. Atualmente, Berlim é o lar de cerca de 200 000 turcos, tornando-se a maior comunidade turca fora do Estado da Turquia. Na década de 1990, o Aussiedlergesetze habilitou a imigração para a Alemanha de alguns moradores da antiga União Soviética. Hoje, alemães étnicos de países da antiga URSS constituem a maior parte da comunidade de língua russa. A última década experimentou um influxo de vários países ocidentais e algumas regiões da África. Jovens alemães, do restante da Europa e israelenses também se instalaram na cidade. Mais de 60% dos moradores de Berlim não têm nenhuma afiliação religiosa registrada. A maior denominação em 2010 era o corpo das igrejas protestantes regionais, a Igreja Evangélica de Berlim-Brandemburgo-Silesiana Alta Lusácia (EKBO), responsável por 18,7% da população local. A Igreja tem 9,1% dos residentes registrados como seus membros. Cerca de 2,7% da população se identifica com outras denominações cristãs principalmente Ortodoxa Oriental, mas também vários protestantes. Estima-se que 200 mil a 350 000 mil muçulmanos residem em Berlim, entre 6 e 10% da população. Cerca de 0,9% dos berlinenses pertencem a outras religiões. Uma população estimada entre 30 000 e 45 000 residentes são judeus, e aproximadamente 12 mil são registrados em organizações religiosas. 


Uma nação é constituída por um Estado nacional composto por um povo que partilha a mesma origem, história, língua e tradições. Através da nacionalidade, os cidadãos nacionais se distinguem dos estrangeiros. É uma língua germânica ocidental que deriva a maior parte de seu vocabulário do ramo germânico da família de línguas indo-europeias. O alemão é uma das 24 línguas da União Europeia e uma das três línguas de trabalho da Comissão Europeia. O Berlinerisch ou Berlinisch é um dialeto do Berlin Brandenburgish alemão falado em Berlim e na sua área metropolitana. Origina-se de uma variante Mark Brandenburgish. Uma marca de Brandemburgo incluindo Altmark (Leste de Elba),o Mittelmark (entre o Elba e o Oder ), que era considerada uma área central, o Neumark (a Leste do Oder), partes da Baixa Lusácia e territórios dispersos. O dialeto é agora visto mais como um socioleto, em grande parte devido ao aumento da imigração e tendências entre a população educada de falar o alemão padrão na vida cotidiana. As línguas estrangeiras mais comumente faladas na capital alemã são o turco, inglês, russo, árabe, polonês, curda, vietnamita, sérvio, croata e francês. O turco, árabe, curdo, servo-croata são ouvidos mais na parte ocidental da cidade, devido às grandes comunidades do Oriente Médio e ex-iugoslavos. O inglês, vietnamita, russo e polaco têm mais falantes nativos no Leste de Berlim. No final de 2010, Berlim tinha 746 hotéis, com 112 400 camas. A cidade registrou 20,8 milhões de estadias em hotéis e 9,1 milhões de hóspedes em hotéis no mesmo ano.

A estratégia do passado que visava organizar novos espaços urbanos transformou-se meramente em artifícios políticos e muito pouco em torno de reabilitação de patrimônios. Depois de haver inconscientemente projetado a cidade futura, torna-se uma cidade frequentada por sua estranheza, muito mais elevada aos excessos que reduzem o presente, a nada mais que simples escombros como caixas d`água que deixam escapar seu domínio do tempo. Mas os processos técnicos se denunciam já no quadriculamento que atrapalhavam os planejadores funcionalistas que deviam fazer tábula rasa das opacidades contidas nos projetos de cidades transparentes. Afinal qual o urbanismo que não descontroem mais do que uma guerra a questão da memória e da história aldeã, operária, com casas desfiguradas, fábricas desativadas, universidades sem vida, cacos de histórias naufragadas que atualmente formam as ruínas da cidade fantasma ou fantasmas da cidade, antes modernista, cidade de massa, homogênea, como os lapsos de uma linguagem que se desconhece, quem sabe inconsciente. Mas elas surpreendem. O imaginário individual e coletivo, em primeiro lugar, são as formas de representação e as coisas que o soletram. Eles têm uma função social que consiste em abrir uma profundidade no presente, mas não têm mais o conteúdo que provê de sentido a estranheza do passado. Suas histórias políticas deixam de ser pedagógicas para inferir um final claramente trágico. 

O Estado se constitui em relação à forma de governo um duplo contexto:  de um lado, efeitos de poder político em relação a outros Estados, atuais ou potenciais, isto é, os princípios concorrentes – portanto, precisa concentrar “capital de força física” para travar a guerra pela terra, pelos territórios; de outro lado, em relação a um contexto interno, a contrapoderes, isto é, príncipes concorrentes ou classes dominadas que resistem à arrecadação do imposto ou ao recrutamento de soldados. Esses dois fatores favorecem a criação de exércitos poderosos dentro dos quais se distinguem progressivamente forças propriamente militares e forças propriamente policiais destinadas à manutenção da ordem interna. Essa distinção exército/polícia, evidente hoje, tem uma genealogia extremamente lenta, as duas forças têm sido por muito tempo confundido. O desenvolvimento do imposto está ligado às despesas de guerra. O nascimento do imposto é simultâneo a uma acumulação extraordinária de capital detido pelos profissionais da gestão burocrática e à cumulação de um imenso capital informacional. É o vínculo institucional entre Estado e a utilidade de uso estatística: o Estado está associado a um conhecimento racional do mundo social e governamental. A estatística tem como representação o campo da matemática que relaciona fatos sociais e números em que há um conjunto de métodos que nos possibilita coletar dados e analisá-los, assim sendo possível realizar alguma interpretação deles.

O conceito útil de figuração distingue-se de conceitos teóricos da sociologia por incluir expressamente os seres humanos em sua formação social. Contrasta, portanto, decididamente com um tipo amplamente dominante de formação de conceitos que se desenvolve sobretudo na investigação de objetos sem vida, portanto no campo da física e da filosofia para ela orientada. Há figurações de estrelas, assim como de plantas e de animais. Mas apenas os seres humanos formam figurações uns com os outros. O modo de sua vida conjunta em grupos grandes e pequenos é, de certa maneira, singular e sempre co-determinado pela transmissão de conhecimento de uma geração a outra, por tanto por meio do ingresso singular do mundo simbólico específico de uma figuração já existente de seres humanos. Às quatro dimensões espaço-temporais indissoluvelmente ligadas se soma, no caso dos seres humanos, uma quinta, a dos símbolos socialmente apreendidos. Sem sua apropriação, sem, por exemplo, o aprendizado de uma determinada língua especificamente social, os seres humanos não seriam capazes de se orientar no seu mundo nem de se comunicar uns com os outros. Um ser humano adulto, que não teve acesso aos símbolos da língua e do conhecimento de determinado grupo permanece fora de todas as figurações humanas, pois não é um ser humano. As definições de controle social são demasiado amplas e vagas, e, portanto, seria legítimo indagar, escolhendo-as mais ou menos ao acaso, para inferir que resultam em termos de um controle, isto é, qualquer estímulo ou complexo de estímulos que provoca uma determinada reação.

Topless é prática entre famosas como Rihanna, Iza e Deborah Secco e outras mulheres famosas. Topless é um termo originário da língua inglesa que significa “sem o top”, isto é, “sem a peça de roupa que cobre o tronco”. O termo designa uma situação em que uma mulher está nua da cintura para cima, com os seios à mostra.  É bastante comum falar em topless quando uma mulher está na praia ou à beira de uma piscina, geralmente com o objetivo de fazer bronzeamento nas partes comumente cobertas pelo biquíni. Algumas culturas tradicionais, tais como os índios da América Central e do Sul, e também alguns povos da África e da Oceania, não estigmatizam o topless entre as mulheres, sendo visto como uma prática normal. Em praias da Europa, o topless é muito comum; porém, no Brasil, a prática muitas vezes provoca estranhamento, contrariando o clichê que apresenta o país como terra da liberdade de comportamento. Embora a lei brasileira proíba o chamado ultraje público ao pudor, não especifica quais condutas poderiam ser interpretadas como obscenas, não distinguindo, por exemplo, o topless e o uso de biquínis curtos, tão frequentes em praias brasileiras. Todavia, a prática de topless pode vir a ser punida legalmente, dependendo do caso, por ofender a convenção social já estabelecida, fazendo com que a conduta seja interpretada como obscena, portanto, enquadrando-se no tipo penal previsto na legislação e sendo passível de proibição. Não se emprega a expressão para os homens, já que na língua inglesa o termo top não costuma ser utilizado para o vestuário masculino. A eles é destinado o termo sem camisa, normalmente para a proibição da entrada de pessoas nessa situação em bares, lojas e outros estabelecimentos.

Assim, pois, todos os estímulos são controles, pois representam a direção do comportamento por influências grupais, estimulando ou inibindo a ação individual ou grupal. O controle social pode ser definido como a soma total ou, antes, o conjunto de padrões culturais, símbolos sociais, signos coletivos, valores culturais, ideias e idealidades, tanto quanto processos diretamente ligados a eles, pelo qual a sociedade inclusiva, cada grupo particular, e cada membro individual participante superam as tensões e os conflitos entre si, através do equilíbrio temporário, e se dispõem a novos esforços criativos. Ipso facto, em toda a dimensão da vida associativa deverá haver algum ajustamento de relações sociais tendentes a prevenir a interferência de direitos e privilégios entre os indivíduos. De maneira mais específica, são três as funções do estabelecidas pelo controle social: a obtenção e a manutenção da ordem social, da proteção social e da eficiência social. O seu emprego hic et nunc na investigação sociológica contribuiu consideravelmente para produzir uma simplificação ou redução na análise dos problemas sociais, conseguida proporcionalmente, graças à compreensão positiva da integração das contradições correspondentes no sistema de organização das sociedades e da importância relativa de cada um deles, como e enquanto expressão do jogo social.  Embora obscuro e equívoco, em seu significado corrente, o conceito de controle é necessário à questão sociológica na modernidade, encontraram um sistema de referências propício à sua crítica científica, seleção lógica e coordenação metódica.  

O crescimento de um jovem convivendo e habitando comum em figurações humanas, como processo social e experiência, assim como o aprendizado de um determinado esquema de autorregulação na relação com os seres humanos, é condição indispensável ao desenvolvimento rumo à humanidade. Socialização e individualização de um ser humano, são nomes diferentes para o processo. Cada ser humano assemelha-se aos outros, e é, ao mesmo tempo, diferente de todos os outros. O mais das vezes, as teorias sociológicas deixam sem resolver o problema da relação entre indivíduo e sociedade. Quando se fala que uma criança se torna um indivíduo humano por meio da integração em determinadas figurações, como, por exemplo, em famílias, em classes escolares, em comunidades aldeãs ou em Estados, assim como mediante a apropriação e reelaboração de um patrimônio simbólico social, conduz-se o pensamento por entre dois grandes perigos da teoria e das ciências humanas: o perigo de partir de um indivíduo a-social, portanto como que de um agente que existe por si mesmo; e o perigo de postular um “sistema”, um “todo”, em suma, uma sociedade humana que existiria para além do ser humano singular, para além dos indivíduos. Embora não possuam um começo absoluto, não tendo nenhuma outra substância a não ser seres humanos gerados familiarmente por pais e mães, as sociedades humanas não são simplesmente um aglomerado cumulativo dessas pessoas. O convívio em sociedades tem sempre, mesmo no caos, na desintegração, na maior desordem social, uma forma absoluta determinada.

É isso que o conceito de figuração exprime. O processo de concentração física de força pública acompanhada de uma desmobilização da violência ordinária. A violência física só pode ser aplicada por um agrupamento especializado, especialmente mandatado para esse fim, claramente identificado no seio da sociedade pelo uniforme, portanto um agrupamento simbólico, centralizado e disciplinado. A noção de disciplina, sobre a qual Max Weber escreveu páginas magníficas, é capital: não se pode concentrar a força física sem, ao mesmo tempo, controla-la, do contrário é o desvio da violência física, e o desvio da violência física está para a violência física assim como o desvio de capitais está para a dimensão econômica: é o equivalente da concussão. A violência física pode ser concentrada num corpo formado para esse fim, claramente identificado em nome da sociedade pelo uniforme simbólico, especializado e disciplinado, isto é, capaz de obedecer como um só homem a uma ordem central que, em si mesma, não é geradora de nenhuma ordem. O conjunto das instituições mandatadas para garantir a ordem, a saber, as forças públicas e de justiça, são separadas pouco a pouco do mundo social corrente. Essa concentração do capital físico se realiza num duplo contexto. Para uns, o desenvolvimento do exército profissional ligado à guerra, assim, o imposto; também a guerra interior, a guerra civil, a arrecadação do imposto como espécie de guerra civil. 

Do ponto de vista analítico a questão real do corpo percorre a história da ciência e da filosofia. De Platão a Henri Bergson, passando por René Descartes, Baruch de Espinosa, Maurice Merleau-Ponty, Sigmund Freud, Karl Marx, Friedrich Nietzsche, Max Weber (cf. Fanta, 2014) e principalmente no âmbito da analítica do poder de Michel Foucault, onde a definição de corpo demonstra um puzzle caracterizado na relação entre vigilância e punição. Quase todos reconhecem a profusão da visão dualista de Descartes, que define o corpo como uma substância extensa em oposição à substância pensante. Podemos perceber que seguindo este modo de compreensão, sobretudo com o advento da modernidade, o corpo foi facilmente associado a uma máquina. Pensado como um mecanismo elaborado por determinados princípios que alimentam as engrenagens desta máquina promovendo o seu aparentemente “bom funcionamento”. Isto quer dizer que através dos exercícios de abstinência e domínio que constituem a ascese necessária, o lugar atribuído ao conhecimento de si torna-se mais importante: a tarefa de se pôr à prova, de se examinar, de controlar-se numa série de exercícios bem definidos, coloca a questão da verdade – da verdade do que se é, do que se faz e do que é capaz de fazer – no cerne da constituição do sujeito moral. E, finalmente, o ponto de chegada dessa elaboração é ainda e sempre definido pela soberania do indivíduo sobre si mesmo. Neste aspecto Foucault (2014) nos adverte sobre a questão da analítica do poder que se constitui o marco histórico e pontual através da “docilidade dos corpos”. 

Para ele o soldado é, antes de tudo, alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia: e se é verdade que deve aprender aos poucos o ofício das armas – essencialmente lutando – as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, de uma retórica corporal de honra. Eis como ainda no início do século XVIII se descrevia a figura ideal do soldado. Mas na segunda metade deste século, o soldado se tornou algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas: lentamente uma coação calculada percorrer cada parte do corpo, assenhoreia-se dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível, e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos; em resumo, foi “expulso o camponês” e lhe foi dada a “fisionomia de soldado”. Ipso facto, houve, durante a época clássica, uma descoberta do corpo como objeto e alvo de poder. Encontraríamos facilmente sinais dessa grande atenção dedicada então ao corpo que se manipula, modela-se, treina-se, que obedece, responde, torna-se hábil ou cujas forças multiplicam o “homem-máquina”.

O grande livro do homem-máquina foi descrito simultaneamente em dois registros: no anátomo-metafísico, cujas primeiras páginas haviam sido escritas por René Descartes e que os médicos, os filósofos continuaram; o outro, técnico-político, constituído por um conjunto de regulamentos militares, escolares, hospitalares e por processo empíricos e refletidos para controlar ou corrigir as operações do corpo. Dois registros bem distintos, pois se tratava ora de submissão e utilização, ora de funcionamento e de explicação: corpo útil, corpo inteligível. E, entretanto, de um ao outro, pontos de cruzamento. “O homem-máquina” de Julien Offray La Metrie (1709-1751) é ao mesmo tempo uma redução materialista da alma e uma teoria geral do adestramento, no centro dos quais reina a noção de “docilidade” que une ao corpo analisável o corpo manipulável. Em sua significação específica é dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado. Os famosos autômatos, por seu lado, não eram apenas uma maneira de ilustrar o organismo; eram também bonecos políticos, modelos reduzidos de poder: obsessão de Frederico II, rei das pequenas máquinas, dos regimentos bem treinados e dos longos exercícios.

Para Foucault metodologicamente a questão a responder é a seguinte: Nesses esquemas de docilidade, em que o século XVIII teve tanto interesse, o que há de tão novo? Não é a primeira vez, certamente, que o corpo é objeto de investimentos tão imperiosos e urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes mito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações. Muitas coisas, entretanto, são novas nessas técnicas. A escala, em primeiro lugar, do controle; não se trata de cuidar do corpo, massa, grosso modo, como se fosse uma unidade indissociável, mas de trabalha-lo detalhadamente; de exercer sobre ele uma coerção sem folga, de mantê-lo ao mesmo nível prático da mecânica – movimentos, gestos, atitudes, rapidez: poder infinitesimal sobre o corpo ativo. O objeto, em seguida, do controle: não, ou mais, os elementos significativos do comportamento ou a linguagem do corpo, mas a economia, a eficácia dos movimentos, sua organização interna; a coação se faz mais sobre as forças que sobre os sinais; a única cerimônia que realmente importa é a do exercício. A modalidade, enfim, implica uma coerção ininterrupta, constante, que vela sobre os processos da atividade mais que sobre seu resultado e se exerce de acordo com uma codificação que esquadrinha ao máximo o tempo, o espaço, os movimentos.

Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar segundo Foucault disciplinas. Muitos processos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos, nas oficinas também. Mas as disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos XVII e XVIII fórmulas gerais de dominação. Diferentes da escravidão, pois não se fundamentam numa relação de apropriação dos corpos; é até a elegância da disciplina dispensar essa relação custosa e violenta obtendo efeitos de utilidade pelo menos igualmente grandes. Mas também ocorre que são diferentes também da domesticidade, que é uma relação social de dominação constante, global, maciça, não analítica, ilimitada e estabelecida sob a forma de vontade de poder singular do patrão, sendo quase seu “capricho”. Diferentes da vassalidade que é uma relação de submissão altamente codificada, mas longínqua e que se realiza menos sobre as operações do corpo que sobre os produtos do trabalho e as marcas rituais de obediência. Diferentes do ascetismo e das “disciplinas” de tipo monástico, que têm por função realizar renúncias mais do que aumentos de utilidade e obediência, têm como fim um aumento do domínio de cada um sobre seu próprio corpo.

Essa divisão do trabalho social segundo os sexos, indicada no nível da linguagem, é praticada desde o nascimento, pontuada por ritos de passagem e marcada por inumeráveis símbolos. Com efeito, a aceitação e a interiorização da divisão sexual do trabalho tanto entre trabalho doméstico e trabalho assalariado quanto no interior mesmo do trabalho assalariado são o objetivo da socialização inicial das crianças. Essa educação é condição prévia da aceitação e interiorização mesmas da autoridade mediante aprendizado, na escola, das formas de linguagem diferenciadas de acordo com o estatuto social do emissor e do receptor. Assim, desde o nascimento, comparativamente, a menina será educada dentro do respeito pelos homens, que serão os primeiros, contrariamente ao Ladies first da etiqueta ocidental, a ser servidos à mesa e a ter os melhores pedaços; os primeiros a entrar no banho; o que consagra e reproduza o preceito feudal das mulheres dentro e dos homens fora (“oto wa sotomawari, tsuma wa utimawari”) e a regra social de obediência em ordem: quando jovem, ao pai; casada, ao marido, e idosa, ao primogênito.

Esse duplo movimento impulsionou em vários países a abordagem da divisão sexual do trabalho para repensar a questão tópica do trabalho e suas categorias. Essas reflexões levaram a mudança de simbólica da sociologia da família e do paradigma funcionalista que lhe servia de base. No que se referem à sociologia do trabalho, elas permitiram retomar noções e conceitos como de qualificação, produtividade, mobilidade social e abriram novos campos de pesquisa: relação de serviço, trabalhos de cuidado pessoal, mixidade no trabalho, ingresso das mulheres às profissões de nível superior, temporalidades sexuadas, vínculos entre políticas de emprego e políticas para família etc. Tal literatura tinha como escopo aspectos sociais comparativos como o crescimento das taxas de desempenho de atividade no trabalho, o perfil etário da mulher na composição da força de trabalho e as transformações sociais no padrão de mixidade em setores e ocupações enquanto tendências que também se verificavam em outros países.   

A divisão sexual do trabalho é a forma de divisão do trabalho social decorrente das relações sociais entre os sexos; mais do que isso, é um fator prioritário para a sobrevivência da relação social entre os sexos. Essa forma é modulada histórica e socialmente. Tem como características a designação prioritária dos homens à esfera produtiva e das mulheres à esfera reprodutiva e, simultaneamente, a apropriação pelos homens das funções com maior valor social adicionado (políticos, religiosos, militares etc.). Sobre essa definição, todo mundo, ou quase, está de acordo. Contudo, do nosso ponto de vista, sociologicamente falando, era necessário ir mais longe ao plano conceitual. Por isso, propusemos distinguir claramente os princípios da divisão sexual do trabalho e suas modalidades. Essa forma particular da divisão social do trabalho tem dois princípios organizadores: o de separação existente entre trabalhos de homens e trabalhos de mulheres e o princípio hierárquico, segundo o qual, um trabalho de homem “vale” mais que um trabalho de mulher. Esses princípios são válidos tanto no plano teórico quanto no plano empírico para todas as sociedades humanas no tempo e no espaço.         

A Prefeitura de Berlim anunciou que as mulheres poderão frequentar as piscinas públicas da capital da Alemanha sem a parte de cima do biquíni. A decisão é consequência de um processo na Justiça iniciado por uma mulher que, no ano passado, foi expulsa de uma piscina ao ar livre por tomar banho de sol sem cobrir os seios.  Outra mulher afirmou ter sido obrigada a se cobrir em dezembro último, ao frequentar uma piscina coberta.⁠ As autoridades da capital alemã concluíram que ambas foram vítimas de discriminação e afirmaram que todos os frequentadores das piscinas de Berlim agora podem dispensar a parte de cima dos seus trajes de banho.⁠ Portanto, pode ser aplicada mediante um processo específico de legitimação, a chamada ideologia naturalista. Esta rebaixa o gênero ao sexo biológico, reduz as práticas sociais a “papéis sociais” sexuados que remetem ao destino natural da espécie. Com essa perspectiva naturalista e manipuladora da realidade, a ideologia naturalista dificulta a consciência de que a desigualdade entre os sexos é determinada por interesses socialmente construídos. Se os dois princípios (de separação e hierárquico) encontram-se em todas as sociedades conhecidas e são legitimados pela ideologia naturalista, isto não significa, no entanto, que a divisão sexual do trabalho seja um dado imutável. Ao contrário, ela tem inclusive uma incrível plasticidade: suas modalidades concretas variam grandemente no tempo e no espaço, como demonstraram fartamente antropólogos e historiadores (as). O que é estável não são as situações (que evoluem sempre), e sim a distância entre os grupos de sexo. Portanto, esta análise deve tratar dessa distância, assim como das “condições”, pois, se é inegável que a condição feminina melhorou, pelo menos na sociedade francesa, a distância continua insuperável.

 Trata-se antes de tudo da aparição e do desenvolvimento, com a precarização e a flexibilização do emprego, de “nomadismos sexuados”, segundo Kergoat (1998): nomadismo no tempo, para as mulheres é a explosão do trabalho em tempo parcial, geralmente associado a períodos de trabalho dispersos no dia e na semana; nomadismo no espaço, para homens com provisórios canteiros do Banque du Bâtiment et Travaux Publics (BBTP) e do setor nuclear para os operários, banalização e aumento dos deslocamentos profissionais na Europa e em todo o mundo para executivos. Constata-se que a divisão sexual do trabalho molda as formas do trabalho e de emprego e, que a bendita “flexibilização” reforça as formas mais estereotipadas das relações sociais de sexo. O segundo exemplo é o da priorização do emprego feminino, que ilustra bem o cruzamento das relações sociais. Desde a década de 1980, o número de mulheres contabilizadas pelo Institut National de la Statistique et des Études Économiques (INSEE) como “funcionários e profissões executivas de nível superior” mais do que dobrou; eles destacam que cerca de 10% das mulheres ativas são classificadas nessa categoria. Simultaneamente à precarização e à pobreza de um número crescente de mulheres, observa-se, portanto, o aumento dos capitais econômicos, culturais e sociais de uma proporção não desprezível de mulheres ativas no trabalho. Assiste-se também ao aparecimento, pela primeira vez na história social do capitalismo, de uma camada de mulheres cujos interesses diretos, isto é, não mediados como antes pelos homens: pai, esposo, amante, opõem-se frontalmente aos interesses daquelas que foram atingidas pela generalização do tempo parcial, pelos empregos em serviços muito mal remunerados e não reconhecidos socialmente e, de maneira mais geral, pela precariedade.

        Em breve, as mulheres poderão nadar sem a parte de cima do biquíni nas piscinas públicas de Berlim, após uma deliberação das autoridades da cidade. A decisão aconteceu após um processo iniciado por uma mulher que foi expulsa de uma piscina pública por tomar sol topless, ou seja, sem sutiã. Uma outra mulher disse que foi instruída a se cobrir em uma piscina coberta em dezembro. As autoridades concordaram que as duas foram vítimas de discriminação e disseram que todos os visitantes das piscinas de Berlim agora podem usar apenas a parte de baixo do traje de banho como os homens. A decisão será bem recebida por aqueles que defendem o que é reconhecido na Alemanha como Freikörperkultur — palavra que designa o “naturismo” ou “nudismo”, mas que em uma tradução literal significaria “cultura do corpo livre” em alemão. Visitantes estrangeiros que visitam a Alemanha costumam ficar surpresos e, às vezes, totalmente desconcertados ao ver alemães nus brincando em lagos, descansando nos parques ou suando nas saunas. Mas este é um país que considera a nudez pública em alguns ambientes tanto apropriada quanto saudável. Autoridades locais, porém, têm lidado com a questão de saber até que ponto isso é permitido em termos de utilidade de uso socialmente ocorrendo em piscinas municipais. No verão passado, “as cidades de Göttingen e Siegen já haviam permitido que as mulheres nadassem sem o sutiã”.

A operadora de piscinas de Berlim, a Berliner Bäderbetriebe, na verdade não mudou suas regras, que exigem que “a roupa de banho cubra os órgãos genitais”. O Berliner Bäderbetriebe apenas esclareceu que isso se aplica a todos os visitantes, independentemente do gênero. Enfim, as mulheres das sociedades do Norte trabalham cada vez mais e, com uma frequência cada vez maior, são funcionárias e investem em suas carreiras. Como o trabalho doméstico nem sempre é levado em conta nas sociedades mercantis, e o envolvimento pessoal é cada vez mais solicitado, quando não exigido pelas novas formas de organização e gestão de empresas, essas mulheres realizam seu trabalho profissional precisam externalizar o trabalho doméstico. Para isso, podem recorrer à enorme reserva de mulheres em situação precária, sejam francesas ou imigrantes. Essa demanda, maciça no âmbito europeu, criou um imenso alento para as mulheres migrantes que chegam aos países do Norte com a esperança de conseguir um emprego de serviço, neste caso, particularmente no cuidado de crianças e idosos, no em prego doméstico e assim por diante. Essas mulheres, muitas vezes diplomadas, entram em concorrência com as dos países de origem, que têm situação precária e pouco estudo.

Duas relações sociais entre mulheres, inéditas historicamente, estabelecem-se dessa maneira: uma relação de classe entre as mulheres do Norte, empregadoras, e essa nova classe servil; uma relação de concorrência entre mulheres, todas precárias, mas precárias de maneira diferente, dos países do Norte e dos países do Sul e, logo também, de etnias diferentes com a chegada e a esse mercado globalizado em movimento de mulheres dos países do Leste. As relações étnicas começam assim a ser remodeladas através das migrações femininas e da explosão dos serviços a particulares. As relações de gênero também se apresentam de uma forma inédita: a externalização do trabalho doméstico tem uma função de apaziguamento das tensões nos casais burgueses dos países do Norte e em inúmeros países urbanos do Sul, mas, nesse caso, trata-se de movimentos migratórios internos no país em questão e permite igualmente maior flexibilidade das mulheres em relação à demanda de envolvimento das empresas. A reorganização simultânea do método e processo de trabalho no campo assalariado da oficina, da fábrica, e no campo doméstico da casa. O que remete, no que diz respeito a este último, à externalização do trabalho doméstico, mas também à nova divisão do trabalho doméstico, o maior envolvimento de certos pais é acompanhado de um envolvimento quase exclusivo no trabalho parental; duplo movimento de mascaramento, de atenuação das tensões nos casais, de um lado, e a acentuação das clivagens objetivas entre mulheres, de outro: ao mesmo tempo em que aumenta o número de mulheres em profissões de nível superior, e contraditoriamente, cresce o de mulheres que podem ser classificadas de desemprego, flexibilidade, feminização das correntes migratórias.

O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades sociais, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma “anatomia política”, que é também igualmente uma “mecânica do poder”, está nascendo; ela define como se pode ter o domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas ara que operem como se quer, com as técnicas segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos dóceis.  A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência). Em uma palavra: ela associa o poder do corpo; faz dele por um lado uma “aptidão”, uma “capacidade” que ela procura aumentar; e inverte por outro lado a energia, a potência que poderia resultar, e faz dela uma relação de sujeição estrita.

Se a exploração econômica separa a força e o produto do trabalho, a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre uma aptidão aumentada e uma dominação acentuada. Entendida como consumo cultural, a prática do culto ao corpo situa-se como preocupação geral de mobilidade social, que perpassa a estratificação de classes sociais e faixas etárias, apoiada num discurso clínico difuso que se refere tanto a questão estética, quanto a preocupação alimentar com a saúde. Nas sociedades contemporâneas há uma crescente apropriação do corpo, com a dieta alimentar e o consumo excessivo de cosméticos, impulsionados pelo processo de massificação da propaganda/consumo a desde o desenvolvimento econômico dos anos 1980, onde o corpo ganha mais espaço, principalmente nos meios midiáticos. Nesse sentido, as fábricas de imagens estéticas do vencedor como o cinema, televisão, publicidade, revistas etc., têm contribuído para isso. Nos leva a pensar que a imagem da fonte de juventude, associada ao corpo perfeito e ideal, ao sucesso na educação, no trabalho e na vida amorosa atravessa as etnias e classes sociais, compondo de maneiras diferentes diversos estilos de vida.

Esses movimentos desenvolvem-se em um nível material, a externalização, mas, evidentemente, estendem-se às representações ad hoc (os “novos pais”, o casal visto como lugar de negociação entre dois indivíduos iguais de direito e de fato). Contudo, é preciso rever agora a outra modalidade de teorização, a da divisão sexual do trabalho como vínculo social, pois é ela que fundamenta a tese, que hoje adquiriu o estatuto de política – e de política europeia a partir da cúpula de Luxemburgo em 1997 -, da conciliação vida familiar/vida profissional – política fortemente sexuada, visto que define implicitamente um único ator dessa conciliação: as mulheres, e consagra o statu quo segundo o qual homens e mulheres não são iguais perante o trabalho profissional. A ideia de uma complementaridade entre os sexos está inserida na tradição funcionalista da complementaridade de papéis. Remete a uma conceptualização em termos de vínculo social pelos conteúdos de sentido de suas noções como solidariedade orgânica, conciliação, coordenação, parceria, especialização e divisão de tarefas etc. A abordagem em termos de complementaridade é coerente com a ideia de uma divisão entre mulheres e homens do trabalho profissional e doméstico e, dentro do trabalho profissional, a divisão entre tipos e modalidades de empregos que possibilitam a reprodução dos papéis sexuados. É essa expansão dos empregos em serviços nos países capitalistas ocidentais, tanto desenvolvidos como em vias de desenvolvimento, como o Brasil, que oferecem novas “soluções” para o antagonismo entre responsabilidades familiares e profissionais.

Bibliografia Geral Consultada.

MITZMAN, Arthur, La Jaula de Hierro. Una Interpretación Histórica de Max Weber. Madrid: Alianza Universidad, 1976; RODRIGUES, José Carlos, Tabu do Corpo. Rio de Janeiro; Editora Achiamé, 1979; Idem, Ensaios em Antropologia do Poder. Rio de Janeiro: Editora Terranova, 1992; Idem, Antropologia e Comunicação. Rio de Janeiro: Editor Espaço e Tempo, 1989; Idem, O Corpo na História. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1999; HALL, Stuart, Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2003; Artigo: Poor but sexy. In: The Economist, 21 de setembro de 2006; CANADAY, Margot, The Straight State: Sexuality and Citizenship in Twentieth-Century America. Princeton: Princeton University Press, 2009; ELIAS, Norbert, Em Busca da Excitação. Lisboa: Editor Difusão Europeia do Livro, 1992; Idem, O Processo Civilizador: História dos Costumes. Vol. 1. 2ª edição. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2011; FREYMANN, Jean Richard (Éditeur), De La Honte à la Culpabilité. Paris: Éditions Érès, 2012; FIGUEIREDO, Luís Cláudio, A Invenção do Psicológico: Quatro Séculos de Subjetivação 1500-1900. São Paulo: Editora Escuta, 2012; OLIVEIRA, Eduardo Carrascosa, O Naturismo e os Paradoxos da Identidade na Sociedade Contemporânea. Tese de Doutorado. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2012; LE BRETON, David, Adeus ao Corpo: Antropologia e Sociedade. Campinas: Papirus Editora, 2013; FANTA, Daniel, A Neutralidade Valorativa: A Posição de Max Weber no Debate sobre os Juízos de Valor. Tese de Doutorado em Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Sociologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014; VERTZMAN Julio Sérgio, “Embaraço, Humilhação e Transparência Psíquica: O Tímido e sua Dependência do Olhar”. In: Ágora (Rio de Janeiro). Volume XVII. Número Especial; agosto de 2014; ROLNIK, Suely, Cartografia Sentimental: Transformações Contemporâneas do Desejo. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Sulina, 2016; MENDES, Carla Martins, A Construção da Intimidade: Vergonha e Pudor na Família. Dissertação de Mestrado. Departamento de Psicologia. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2017; OLIVEIRA, Taciana Soares de, O Gestor do Lazer dos Clubes Esportivos, Sociais e Recreativos de Belo Horizonte: Uma Visão da Formação e Atuação Profissional. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação: Estudos do Lazer. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2022; Artigo: “Berlim anuncia permissão para topless em piscinas públicas”. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/extra/2023/03/10/; entre outros.