“As lições de outrora não podem ser esquecidas”. José Marques de Melo
Em
primeiro lugar, Ser é a representação do conceito que engloba
características objetivas e subjetivas da realidade e da existência histórica e
sociológica humana. O conceito de Ser atravessa toda a história da filosofia,
desde os seus primórdios como filosofia primeira. Embora situado pela filosofia
indiana desde o século IX a.C., foi o eleata Parmênides quem introduziu, no
Ocidente, esse longo debate duradouro, que percorre os séculos e as diversas
culturas. Assim, temos a passagem da representação abstrata, para o conceito
claro e concreto através do acúmulo de determinações. Aquilo que por movimento
dialético separa e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e
objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia Absoluta
que é a força geradora, a vida e o espírito eterno. Mas a Ideia Absoluta seria
uma existência abstrata se a noção de que procede não fosse mais que uma
unidade, e não o que é em realidade, isto é, a noção que, por um giro
negativo sobre si mesma, revestiu-se novamente de forma subjetiva. A
determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a
faculdade de poder abstrair as coisas, até sua própria vida, o que não estamos querendo significar o vazio da inexistência.
Vale lembrar que a interligação dos processos de trabalho é primeiramente de ordem técnica, na medida em que está contida a relação nos meios de trabalho e envolve imediatamente trabalhadores em condições específicas de trabalho. Em seguida é de ordem social, basicamente quanto à escala e quanto ao sentido de conjunto de satisfazer necessidades sociais. É, finalmente, de ordem tecnológica, na medida em que a produção, circulação, uso, dos produtos resultantes dos processos de trabalho interligados, são o próprio sistema social no âmbito de determinada cultura ou sociedade. Produzindo e consumindo determinados produtos de forma como o fazem, os homens primeiro tecnologicamente produzem sua sociedade e todas as relações sociais nela existentes. Um sistema de trabalho é uma estrutura de relações sociais onde o que está em jogo é o próprio processo de trabalho. O trânsito que realmente efetuam no circuito produtivo permanece sendo o de um movimento entre forças que se encontram objetivadas num sentido preciso pelo trabalho e no processo de trabalho com o objetivo de transformar um produto com valor-de-uso. Nesse fluxo que o constitui enquanto movimento tecnicamente orientado, o valor-de-uso inerente aos produtos que entram no processo de trabalho é também, necessariamente, valor-trabalho qualificado que chamamos informação.
Queremos dizer com isso, que a concepção “meios de comunicação de massa” só responde ao sentido da comunicação social moderna a partir da existência de meios de comunicação social e das “massas” intercomunicadas. Precisa, por assim dizer, a existência de fontes de notícias, um sistema de transmissão de notícias, uns polos de recepção e transmissão e uns receptores que tenham estabelecido uma determinada informação. Este processo histórico, deste ponto de vista, só se alcança a partir da imprensa no século XV e o desenvolvimento do comércio e do correio coincidente com a expansão da burguesia comercial renascentista. Considera-se assim, de um ponto de vista americanista e eurocentrista, que a partir do século XV e até o século XIX seguiremos assistindo a uma comunicação social embrionária, que em muito pouco responde a atual concepção assumida, já que diversa. A condição significativa da mensagem, é o que passa a ser o “eixo”, na falta de melhor expressão e o objeto de conhecimento na área dos chamados estudos da comunicação. Tal como se as práticas sociais, produto de relações sociais e de produção sua reduzissem à sua dimensão significativa, como produtores/consumidores, mas sem encontrarem-se intrinsecamente envolvidos. Concordamos com Lopes (1991): “As questões pertinentes à comunicação, ao contrário do que se pode levar a pensar, nem mesmo se originam nem se esgotam com as chamadas sociedades de massa”.
A necessidade de comunicar-se sempre
foi o motor de todo tipo de codificações expressivas, sendo a linguagem e a
escrita instrumentos de comunicação oral e escrita sujeitos as limitações de
espaço e tempo e a sua transmissão através da distância entre emissor e
receptor. Simplificadamente, pode-se dividir em quatro fases a história da
codificação de signos e fonemas aos serviços da relação inter-humana, a saber:
mnemônica, pictórica, ideográfica e fonética. A primeira, se caracterizou pelo
emprego de objetos reais como dados ou mensagens entre pessoas que viviam
alheios e não pertenciam ao mesmo sistema convencional de comunicação. Os
antigos peruanos, escreve Albert A. Sutton, os chineses, e inclusive tribos
primitivas mais recentes, utilizaram com muita frequência o quipo, ou
seja, cada um dos cordões nodosos usados pelos peruanos, no tempo da monarquia
dos Incas, que formavam um método
mnemônico, fundado nas cores e ordens dos cordões, número e disposições dos
nós, etc., ou série de cordas atadas para comemorar acontecimentos felizes, para
servir como instrumentos de cálculo ou guardar recordações dos mortos das
tribos. Na segunda, pictórica, a
comunicação se transmite mediante a pintura, a representação dos objetos. Essas
gravuras aparecem não só na pintura rupestre, e também sobre objetos variados:
utensílios, armas ou artigos de valor empregados para o intercâmbio comercial.
Na terceira, ideográfica, resulta de
uma associação de símbolos pictográficos com objetos ideais. Nesta fase, os
signos se empregam cada vez mais na representação de ideias numa progressiva
separação da estrutura do objeto a comunicar e uma modelação cada vez mais
simbólica que aproximará no signo alfabético, na escritura. A expressão ideográfica
serviu para as formas primitivas de relatos etnográficos, tal como podemos
valorar na escritura ideográfica das culturas pré-colombianas ou mesopotâmicas,
ainda que o máximo tino cultural deste sistema de comunicação foi a escrita
hieroglífica dos egípcios. A última, fonética, se estabelece quando o signo
representa um som, fora das palavras inteiras, de sílabas ou do que hoje
chamamos letras, como uma unidade fonética menor. A invenção do alfabeto é o
ponto máximo da codificação da comunicação propiciada precisamente por
aqueles povos de maior desenvolvimento social e de maior interrelação comercial
com outros povos. O alfabeto chave de intercomunicação e ao mesmo tempo
um aríete de penetração cultural em mãos dos povos da antiguidade criadores das
primeiras rotas de comércio marítimo e terrestres. Fosse qual fosse o sistema de
signos empregados para a comunicação necessitavam um suporte onde
inscrever-se e a possibilidade de âmbito de emissão e recepção.
José Marques de Melo nasceu em
Palmeira dos Índios, estado de Alagoas, em 15
de junho de 1943, falecendo no estado de São Paulo, em 20 de junho de
2018. Foi um jornalista, pesquisador e professor universitário brasileiro,
reconhecido por ter sido o primeiro Doutor em Jornalismo e um dos
principais teóricos da comunicação no país. Formou-se em jornalismo pela
Universidade Católica de Pernambuco em 1964, bacharel em Ciências Jurídicas e
Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco em 1965 e fez pós-graduação em
Ciências da Informação Coletiva no Equador, em 1966. No mesmo ano, iniciou
carreira acadêmica no Recife, no período anterior à sua ida a São Paulo.
Tornou-se professor da Universidade de São Paulo ainda no final da década de
1960, porém foi impedido de exercer à docência em universidades públicas
brasileiras durante o regime golpista militar entre os anos de 1974 a 1979, ano
em que foi anistiado e retomou suas funções na Universidade pública. Foi também
professor na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Metodista de São Paulo.
Em 1989, exerceu o cargo de diretor da Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo, mandato cumprido até 1993.
Em 1970, após a realização da II Semana de Jornalismo, com o tema “Censura e Liberdade de Imprensa”, o professor recebeu a visita de policiais em busca das fitas gravadas do evento. Foi informado de que sua vida estava sendo vasculhada. Em 1972, após a realização da IV Semana de Jornalismo, foi enquadrado no Decreto-Lei 477/1969, que definia “infrações disciplinares praticadas por professores, alunos, funcionários ou empregados de estabelecimentos de ensino público ou particulares”. A causa da advertência foi a apostila “Técnica do Lide”, compilada por seus alunos. Consistia em uma seleção de trechos de jornais da época, mostrando os vários tipos possíveis de lide em uma notícia. A apostila havia sido editada em 1968 e reeditada em 1972, circulado em várias universidades brasileiras e ganhado destaque internacional. Os militares consideraram o material tendencioso. Marques de Melo foi acusado de praticar magistério “subversivo”, estimulando os alunos a denegrir a imagem do Brasil no exterior e incitando-os contra o regime militar. Embora tenha sido absolvido pelo ministro da Educação, Jarbas Passarinho, tornou-se persona no grata na universidade, foi discriminado e afastado do cargo de diretor do Departamento de Jornalismo da Escola de Comunicação e Artes. Vigiado ostensivamente pelos agentes de segurança, depois de defender sua tese de doutorado e se tornar o primeiro doutor em Jornalismo do país em 1973, decidiu fazer pós-doutorado nos Estados Unidos da América, na Universidade de Wisconsin. Ao retornar, em 1974, foi surpreendido com sua demissão sumária da Universidade de São Paulo, considerada cassação branca. Ficou impedido de lecionar e pesquisar na instituição e de atuar em universidades públicas de 1974 a 1979.
Uma forma de atividade generalizada que tomou lugar na vida social não pode, evidentemente, permanecer tão desregulamentada, em seu desempenho e atividade, sem que disso resulte os impactos sociais sobre a divisão do trabalho e as mais profundas perturbações. Mas sofrer no trabalho não é uma fatalidade. É, em particular, como decorre e testemunhamos, uma fonte de desmoralização geral real. Pois, precisamente porque as funções econômicas absorvem maior número de cidadãos, para o pleno desenvolvimento da vida social, há uma multidão de indivíduos, como dizia Freud, cuja vida transcorre quase toda no meio industrial e comercial; a decorrência disso é que, como tal meio é pouco marcado pela moralidade, a maior parte da existência transcorre fora de toda e qualquer ação moral. A tese funcionalista expressa na pena de Émile Durkheim (2010), como uma espécie de antídoto da civilização, e que o sentimento do dever cumprido se fixe fortemente em nós, é preciso que as próprias circunstâncias em que vivemos permanentemente desperto. A atividade de uma profissão só pode ser regulamentada eficazmente por “um grupo próximo o bastante dessa mesma profissão para conhecer bem seu funcionamento, para sentir todas as suas necessidades e poder seguir todas as variações destas”. O único grupo que corresponde a essas condições é o que seria formado por todos os agentes de uma mesma condição reunidos num mesmo corpo. E que a sociologia durkheimiana conceitua de corporação ou grupo profissional. É na ordem econômica que o grupo profissional existe tanto quanto a moral profissional. Desde que, não sem razão, a supressão das antigas corporações, não se fizeram mais do que tentativas fragmentárias e incompletas para reconstituí-las em novas bases sociais.
José Marques de Melo começou a trabalhar como jornalista, em 1959, profissionalmente integrando as equipes dos seguintes jornais brasileiros: Gazeta de Alagoas (AL) e Jornal de Alagoas (AL), atuando depois no Jornal do Commércio (PE), Última Hora/Nordeste (PE), A Gazeta (SP), O São Paulo (SP) e na Revista de Cultura Vozes (RJ). Colaborou ainda com os jornais O Estado de S. Paulo (SP), Folha de S. Paulo (SP), Correio Braziliense (DF), Zero Hora (RS), Diário do Grande ABC (SP), Diário de Pernambuco (PE) e A Tarde (BA). Do ponto de vista científico, literário e jornalístico, publicou cerca de 173 livros que abordaram temas em torno da mídia, cultura popular e gêneros do jornalismo. Em 1977, fundou a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, tornando-se o primeiro presidente da entidade de classe. Foi agraciado com as seguintes distinções honoríficas: Prêmio Wayne Danielson de Ciências da Comunicação, da Universidade do Texas (Austin, Estados Unidos da América); Medalha Rui Barbosa, do Ministério da Cultura (Rio de Janeiro); Professor Honoris da Universidade Católica de Santos (São Paulo); Presidente de Honra da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, e Professor Emérito da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
Inserido em uma rica trajetória, dentro e fora da universidade, pelo legado de
Luiz Beltrão, pioneiro nos estudos da comunicação, José Marques de Melo se
tornou um dos maiores nomes do campo extraordinário do jornalismo e da ciência
da comunicação. No próximo dia 20/8/2015, Marques de Melo receberá o título de Doutor
Honoris Causa pela Universidade Estadual de Alagoas (UFAL). Ainda não havia
sido agendada a solenidade em que a Universidade Federal do Piauí (UFPI) outorgará
a ele semelhante comenda. Em 5/9, às 19 horas, durante o 38º Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação, no Rio de Janeiro, ele recebeu das mãos
de Francisco Sierra, diretor do Centro Internacional de Estudos Superiores de
Comunicação para a América Latina (Ciespal), a Medalha de Ouro, que é o reconhecimento da comunidade acadêmica aos mais importantes
pensadores da comunicação social na América Latina. Ao seu lado estarão o boliviano Luis Ramiro Beltrán e o colombiano Jesus Martin Barbero.
Maceió, é o
município mais populoso de Alagoas de acordo com o Censo estatístico e
demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com 957 916
habitantes. Integra, territorialmente com outros dez municípios, a Região
Metropolitana de Maceió, totalizando 1,3 milhão de habitantes em 2015, sendo o
município mais populoso do estado de Alagoas, o 5º maior mais populoso do
Nordeste e o 16º de todo o país. A cidade tem uma temperatura média anual de 26
a 30 graus centígrados. Na vegetação original do município, pode-se observar a
presença de herbáceas (gramíneas) e arbustivas (poucas árvores e espaçadas).
Com uma taxa de urbanização de 99,75%, seu Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) é de 0,721%, considerado alto pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) e o primeiro do estado. Faz divisa geográfica com as
cidades São Luís do Quitunde, Rio Largo, Satuba, Marechal Deodoro. O primeiro
núcleo urbano surge no início do século XVIII a partir do Engenho Massayo, que
não se sabe quem era proprietário e nem a sua exata localização topográfica,
que pode ter sido na atual Praça D. Pedro II ou em uma área mais próxima do
Riacho Massayo, o sofrido Salgadinho.
Nas tardes de domingos e feriados os bondes de burros tinham grande
movimentação. Os cidadãos respeitáveis, as senhoras da sociedade, as
melindrosas e almofadinhas, que constituíam a geração de seu tempo, na primeira
e segunda década do século XIX, utilizavam o bonde para ligeiros passeios, e
claro, para ir e vir das matinês dos cinemas Floriano e Capitólio que iniciavam
o sistema sonoro com a Melodia da Broadway e a Marcha dos Granadeiros.
Os cinemas Odeon, Delícia e o Ideal continuavam a exibir
os chamados filmes mudos, decerto, com orquestras de pianos e violinos tocando
nas belas salas de espera dos cinemas. Depois, passando às salas de projeções
para execução de partituras musicais, mas analogamente adaptadas ao enredo dos
filmes em exibição comercial. As famílias utilizavam como meio de comunicação e
transporte urbano o bonde de burros para comparecer às procissões, atos
cívicos, comícios políticos e encontros nas casas de chá, sorveterias e
restaurantes. A cidade de Maceió vivia um período político atribulado: o
prefeito anterior, Lauro de Almeida Lima, fora assassinado a tiros um ano
antes, após desentender-se com um fiscal de tributos do estado. Este, por sua
vez, foi fuzilado em seguida pelo delegado de polícia. O banho de sangue
traumatizou a população urbana da cidade. O vice-prefeito Manuel Sampaio Luz
cumpriu o restante do mandato.
Com a proximidade das eleições municipais, os políticos começaram a articulação estrategicamente para escolher o membro político e sucessor tentando dissipar o clima de comunicação político que beirava de forma sombrio. Era um ambiente inóspito, típico da República das oligarquias quando os partidos interferiam pouco nas eleições. Contudo, o que demandava valor de troca era a representação dos caciques políticos populistas, geralmente reconhecidos fazendeiros. Em Palmeira dos Índios, a política das últimas quatro décadas era dominada pela família Cavalcanti, aliados do governador alagoano Pedro da Costa Rego do Partido Democrata (PD). Após negociações, a cúpula indicou o Graciliano Ramos, que estava com 35 anos de idade, fama de honesto, culto, austero e, principalmente, amigo dos “caciques do partido”. Aliado ao bom trânsito político havia sido bem sucedido como presidente da Junta Escolar na gestão anterior, uma espécie de secretário municipal da educação. Chamado para uma reunião, Graciliano Ramos reagiu bem aprovando o projeto técnico-social objetivando torná-lo prefeito. Pedro da Costa Rego aprendeu as primeiras letras e cursou o primário com sua tia, Ana Oliveira e Silva, que era proprietária de uma escola particular institucionalizada. Em Maceió, frequentou o Liceu Alagoano até a morte do pai ocorrida em 1897. Após esse curto período em Maceió, Costa Rego e seu irmão Rosalvo foram morar no Rio de Janeiro, na casa do tio e jornalista Antônio José de Oliveira e Silva, que era redator da Gazeta de Notícias publicado no Rio de Janeiro, e que circulou comercialmente entre os anos desde agosto de 1875 e 1942.
Após sete anos de estudos no Mosteiro de São Bento, localizado no Morro de São Bento, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. É um dos principais monumentos de arte colonial da cidade e do país. Costa Rego concluiu o curso ginasial em 1906. Contando com a ajuda do tio, Costa Rego começou a trabalhar no jornalismo. Cumpria uma tradição da família que já tinha na profissão os tios Pedro Amâncio da Costa Rego e Oliveira e Silva, os primos Zadir Índio, Otávio Brandão, Luiz Viveiros Costa (Lucas Viveiros), Rodolpho, Paulo e Pedro Motta Lima. No Correio da Manhã, teve um papel expressivo de trabalho como revisor, repórter-policial, cronista parlamentar e redator-chefe. Com o pseudônimo de Bárbaro Heliodoro, publica na coluna social: “Para ler no bonde”. O reconhecimento dos leitores o colocou dentre os principais jornalistas do país. O Gogó da Ema foi plantado entre o fim do século XIX e o ano de 1910 no sítio Ponta Verde, propriedade de Dona Constância Araújo, que futuramente daria origem ao bairro de mesmo nome. Aos poucos ele se tornou alvo da atenção de famílias, casais de namorados e, mais tarde, dos processos comunicacionais de turistas. Com o aumento da busca por petróleo no Brasil nos anos 1930, diversas perfurações foram realizadas em Alagoas entre 1939 e 1942, sendo duas delas instaladas na área ao redor do coqueiro, uma em terra firme e a outra nos arrecifes próximos, esta, inclusive, posteriormente foi aproveitada para a construção do citado farol da Ponta Verde. Na segunda metade dos anos 1940 o poder municipal local começou a dar alguma atenção ao seu ilustre morador.
Em
1946 a prefeitura de Reinaldo Carlos de Carvalho Gama cercou o coqueiro com
algumas estacas para protegê-lo, e em 1948 a gestão do prefeito João Teixeira
de Vasconcelos construiu no entorno praça com banquinhos (cf. Barros, 2005). No
dia 28 de julho de 1955 Maceió acordou com a notícia do tombamento do Gogó da
Ema, ocorrido na tarde do dia anterior, 27 de julho do corrente ano. Segundo a
obra Maceió de Outrora, de Félix Lima Júnior, o coqueiro, que teve seu tronco
deformado devido a um ataque de pragas sofrido nos primeiros anos, “caiu aos
poucos, devagarzinho”, e populares das redondezas, “imediatamente”, “cortavam
as palhas e colheram os frutos”. No dia
seguinte foi iniciada uma operação para reerguê-lo. Sob a orientação de
especialistas o Gogó da Ema foi recolocado em pé após 2 dias. Resistiu durante
todo o segundo semestre, sendo declarado morto em dezembro de 1955, ainda de
pé, desabando em definitivo no dia 22 de janeiro de 1956. A morte do coqueiro,
segundo os relatos, tem várias causas. Em Maceió de Outrora, Lima Júnior
atribui o início do fim à busca por petróleo na região, principalmente às obras
realizadas nos arrecifes próximos, que estimularam o avanço do mar sobre a base
do coqueiral. O historiador Luís Veras Filho, na série Maceió História -
Costumes, aponta para a construção do Porto de Jaraguá em 1940, “que ocasionou
mais acentuadamente a invasão marítima”, alterando as correntes oceânicas
“quando a Prefeitura construiu o bisonho cais-de-proteção, que não resistiu à
fúria do mar”.
É
o maior produtor brasileiro de sal-gema. Seu setor industrial diversificado é
composto de indústrias químicas, açucareiras, de álcool, de cimento e
alimentícias. Possui agricultura, pecuária e extração de gás natural e
petróleo. Possui o maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado, R$ 9 143 488
000 e proporcionalmente o 40º maior PIB do Brasil. As festividades realizadas
na cidade anualmente atraem uma enorme quantidade de turistas. Podem ser
citados o São João Massayó, antigo Maceió Forró e Folia, Verão Massayó, antigo
Maceió Verão e o extinto evento carnavalesco Maceió Fest, além das
festas de Natal e réveillons como o Réveillon Absoluto, o Réveillon
Paradise, Allure e o Réveillon Célébrations. Do ponto de vista
histórico, antropológico e ecológico, destaca-se culturalmente com a edificação
de importantes monumentos, museus, como o Mirante da Sereia (Arte), o Memorial
Gogó da Ema (Biologia), o Memorial Teotônio Vilela (Democracia), o Memorial à
República e de formação do pensamento político regionalista, o Museu Palácio
Floriano Peixoto, o Museu Théo Brandão, o Teatro Deodoro. A cidade foi
emancipada em 1839 da Vila de Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul, atualmente
cidade de Marechal Deodoro. Reconhecida como “Cidade-Sorriso” e “Paraíso das
Águas”, e comparativamente, em termos ecológicos é considerada o “Caribe
brasileiro”, devido às suas belezas naturais, que atraem turistas do mundo.
Isto quer dizer que a cultura e a sociedade, vem articular-se a uma estrutura
de relações sociais. No próprio processo de produção estão inseridas as bases
de produção e reprodução social.
Chama-se
idealidade precisamente esta supressão da exterioridade. Entretanto, o espírito
não se detém na apropriação, transformação e dissolução da matéria em sua
universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade
representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até esse
poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as
coisas, enquanto pensamento filosófico, como princípio universal, a ideia
eterna que as engendra e nelas se manifesta. Isto quer dizer que o espírito
finito se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza, a seguir em
oposição com esta e finalmente em identidade com esta, porque suprimiu a
oposição e voltou a si mesmo e, consequentemente, o espírito finito é a ideia,
mas ideia que girou sobre si mesma e que existe por si em sua própria
realidade. A Ideia absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à
natureza, produz-se através dela como espírito, que através da supressão de sua
exterioridade entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois,
ao encontrar a si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece
a si mesmo, suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto.
Chegando
assim à Ideia a ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita
de suas diferenças, sua absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através
da natureza abre-se a história da humanidade e a história humana é o processo
que medeia entre isto e a realização do espírito consciente de si. A filosofia
hegeliana centra sua atenção sobre esse processo e as contribuições mais
expressivas de Hegel ocorrem precisamente nesta esfera, do espírito. Melhor
dizendo, à existência na consciência, no espírito chama-se saber, conceito
pensante. O espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à consciência.
Como consciência em geral tenho eu um objeto; uma vez que eu existo e ele está
na minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensar, é o espírito
precisamente isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é. Nisto
consiste a grande diferença: o homem sabe o que ele é. Logo, em primeiro lugar,
ele é real. Sem isto, a razão, a liberdade não são nada. O homem é
essencialmente razão. O homem, a criança, o culto e o inculto, é razão. Ou
melhor, a possibilidade para isto, para ser razão, existe em cada um, é dada a
cada um.
A virtù é essencial, mas defronta-se todo o tempo com a fortuna, que pode ser ou não favorável, podendo ser tão adversa que a virtù não encontra possibilidades de realizar-se. Mas a fortuna pode ser influenciada pelo descortino, a atividade e a diligência do príncipe. Ocorre pari passu a todos os sentidos de desenvolvimentos, nexos, contradições e transformações em curso, desenvolvem-se uma nova configuração histórico-social de vida, trabalho e cultura, desenhando uma totalidade geo-histórica de alcance global, compreendendo indivíduos e coletividades, povos, nações e nacionalidades, culturais e civilizações. Esse é o novo e imenso palco da história, no qual se alteram mais ou menos radicalmente os quadros sociais e mentais de referência de uns e outros, em todo o mundo. É o imenso, complexo e difícil palco e teatro da política, como teoria e prática. A noção de desenvolvimento, nas pegadas da história de Hegel a Marx, passam a ser central depois dessa concepção e, para o bem ou para o mal sobretudo no mundo contemporâneo.
Mesmo a ideia de progresso, que implicava que o depois pudesse ser explicado em função do antes, encalhou, de certo modo nos recifes do século XX, ao sair das esperanças ou das ilusões que acompanharam a travessia do mar aberto pelo século XIX. Esse questionamento refere-se a várias ocorrências distintas entre si que não atestam um progresso moral da humanidade, e sim, uma dúvida sobre a história como portadora de sentido, dúvida renovada, essencialmente no que se refere ao seu método, objeto e fundamentalmente nas grandes dificuldades não só em fazer do tempo um princípio de inteligibilidade, como ainda em inserir aí um princípio de identidade. A história: isto é, uma série de acontecimentos econômicos, políticos e sociais, reconhecidos como acontecimentos por muitos, acontecimentos que podemos pensar que importarão aos olhos dos historiadores e jornalistas de amanhã e, ao qual cada um de nós, por mais consciente que seja de nada representar nesse caso pode vincular algumas circunstâncias ou imagens particulares, como se fosse a cada dia menos verdadeiro que os homens, que fazem a história sob condições determinadas (pois, senão, quem mais?), não sabem que a fazem. Um discurso político, no âmbito da consciência, tem uma estrutura e finalidade muito diferente do discurso econômico, mas politicamente pode operar no nível da análise a dimensão econômica produzindo efeitos específicos em termos de persuasão.
A razão, aparentemente, não ajuda em nada a criança, o inculto. É somente uma possibilidade, embora não seja uma possibilidade vazia, mas possibilidade real e que se move em si. Assim, por exemplo, dizemos que o homem é racional, e distinguimos muito bem o homem que nasceu somente e aquele cuja razão educada está diante de nós. Isto pode ser expresso também assim: o que é em si, tem que se converter em objeto para o homem, chegar à consciência; assim chega para ele e para si mesmo. A história para Hegel, é o desenvolvimento do Espírito no tempo, assim como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço. Deste modo o homem se duplica. Uma vez, ele é razão, é pensar, mas em si: outra, ele pensa, converte este ser, seu em si, em objeto do pensar. Assim o próprio pensar é objeto, logo objeto de si mesmo, então o homem é por si.
A racionalidade produz o racional, o pensar produz os pensamentos. O que o ser em si é se manifesta no ser por si. Todo conhecer, todo aprender, toda visão, toda ciência, inclusive toda atividade humana, não possui nenhum outro interesse além do aquilo que filosoficamente é em si, no interior, podendo manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença se descobre toda a diferença na história do mundo. Os homens são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza e condição. Isto pertence à essência do homem: a liberdade. O distinto (ou diferente) vem assim a ser atualmente, na existência. Porém do mesmo modo que se faz justiça à unidade, pois o diferente que é posto como tal é anulado novamente. Tem que regressar à unidade; porque a unidade do diferente consiste em que o diferente seja um. E somente por este movimento é a unidade verdadeiramente concreta. É algo concreto, algo distinto. Entretanto contido na unidade, no em si primitivo. O gérmen se desenvolve assim, não muda. Se o gérmen fosse mudado desgastado, triturado, não poderia evoluir. Na alma, enquanto determinada como indivíduo, as diferenças estão enquanto mudanças que se dão no indivíduo, que é o sujeito uno que nelas persiste e, segundo Hegel, enquanto momentos do seu desenvolvimento. Por serem elas diferenças, à uma, físicas e espirituais, seria preciso, para determinação ou descrição mais concreta, antecipar a noção do espírito cultivado. As diferenças são: 1) curso natural das idades da vida, desde a criança, o espírito envolvido em si mesmo, passando pela oposição desenvolvida, a tensão de uma universalidade ela mesma ainda subjetiva em contraste com a singularidade imediata, isto é, como o mundo presente, não conforme a tais ideais, e a situação que se encontra, em seu ser-aí para esse mundo, o indivíduo que, de outro lado, está ainda não-autônomo e em si mesmo não está pronto para chegar à relação verdadeira, ao reconhecimento da necessidade e racionalidade objetivas do mundo já presente, acabado; em sua obra, que leva a cabo por si e para si, o indivíduo retira.
Por
sua atividade, uma confirmação e uma parte, mediante a qual ele é algo, tem uma
presença efetiva e um valor objetivo (homem); até a plena realização da unidade
com essa objetividade do conhecer: unidade que, enquanto real, vem dar na
inatividade da rotina que tira o interesse, enquanto ideal se liberta dos
interesses mesquinhos é das complicações do presente exterior. O espírito manifesta aqui sua independência da
própria corporalidade, em poder desenvolver-se antes que nela torne. Com
frequência, crianças têm demonstrado um desenvolvimento espiritual que vai
muito mais rápido que sua formação corporal. Esse foi o caso histórico,
sobretudo em talentos artísticos indiscutíveis, em particular no gênio da
música. Também em relação ao fácil apreender de variados conhecimentos,
especialmente na disciplina matemática; e tal precocidade tem-se mostrado não
raramente também em relação a um raciocínio de entendimento, e mesmo sobre
objetos éticos e religiosos. O processo de desenvolvimento do indivíduo humano
natural decompõe-se então em uma série de processos, cuja diversidade se baseia
sobre a relação do indivíduo para com o gênero. Essas diferenças são as
apresentações das diferenças do conceito. A idade da infância é o tempo da
harmonia natural, da paz do sujeito consigo e com o mundo. Um começo sem-oposição quanto a velhice fim sem-oposição. As oposições que surgem
ficam sem interesse mais profundo.
Deve
ser suprassumida como essa unidade imediata do indivíduo com seu gênero
e com o mundo em geral; é preciso que o indivíduo progrida a ponto de se
contrapor ao universal, como a Coisa assente-para-si, pronto e subsistente; e
de apreender-se em sua autonomia. Essa autonomia, essa oposição, primeiro se
apresenta em uma figura tão unilateral quanto, na criança, a unidade do
subjetivo e do objetivo. O jovem desagrega a ideia efetivada no mundo, de modo
a atribuir-se a si mesmo a determinação do substancial: o verdadeiro e o bem; e
atribui ao mundo, pelo contrário, a determinação do contingente, do acidental.
Não se pode ficar nessa oposição não-verdadeira: o jovem deve, antes, elevar-se
acima da dela à inteligência de que, ao contrário, deve-se considerar o mundo
como o substancial, e o indivíduo, inversamente, só como um acidente; e que,
portanto, o homem só pode encontrar sua ativação e contentamento essenciais no
mundo que se lhe contrapõe firmemente, que segue seu curso com autonomia; e
que, por esse motivo, deve conseguir a aptidão necessária para a Coisa. Chagado
a esse ponto de vista, o jovem tornou-se homem. Pronto em si mesmo, o homem
considera também a ordem ética do mundo não como a ser produzida só por ele,
mas como uma ordem pronta, no essencial. Assim ele é ativo pela Coisa, não
contra ela; assim se mantém elevado, acima da subjetividade unilateral do
jovem, no ponto de vista da espiritualidade objetiva.
É
bem verdade que a liberdade no pensamento tem somente o puro pensamento por sua
verdade; e verdade sem a implementação da vida. Por isso, para Hegel, é ainda
só o conceito da liberdade, não a própria liberdade viva. Com efeito, para ela
a essência é só o pensar em geral, a forma como tal, que afastando-se da
independência das coisas retornou a si mesma. Mas porque a individualidade,
como individualidade atuante, deveria representar-se como viva; ou, como
individualidade pensante, captar o mundo vivo como um sistema de pensamento;
então teria de encontrar-se no pensamento mesmo, para aquela expansão do agir,
um conteúdo do que é bom, e para essa expansão do agir, um conteúdo do que é
bom, e para essa expansão do pensamento, um conteúdo do que é verdadeiro. Com
isso não haveria, absolutamente nenhum outro ingrediente, naquilo que é para a
consciência, a não ser o conceito que é a essência. Porém, aqui o conceito
enquanto abstração, separando-se da multiplicidade variada das coisas, não tem
conteúdo nenhum em si mesmo, exceto um conteúdo que lhe é dado. A consciência,
quando pensa o conteúdo, o destrói como um ser alheio; mas o conceito é
conceito determinado e justamente essa determinidade é o alheio que o conceito
possui nele.
Esta
unidade do existente, o que existe, e do que é em si é o essencial da evolução.
É um conceito especulativo, esta unidade do diferente, do gérmen e do desenvolvido.
Ambas estas coisas são duas e, no entanto, uma. É um conceito da razão. Por
isso só todas as outras determinações são inteligíveis, mas o entendimento
abstrato não pode conceber isto. O entendimento fica nas diferenças, só pode
compreender abstrações, não o concreto, nem o conceito. Resumindo, teremos uma
única vida a qual está oculta. Mas depois entra na existência e separadamente,
na multiplicidade das determinações, e que com graus distintos, são
necessárias. E juntas de novo, constituem um sistema. Essa representação é uma
imagem da história da filosofia. O primeiro momento era o em si da realização,
e em si do gérmen etc. O segundo é a existência, aquilo que resulta. Assim, o
terceiro é a identidade de ambos, mais precisamente agora o fruto da evolução,
o resultado de todo este movimento. E a isto Friedrich Hegel chama “o ser por
si”. É o “por si” do homem, do espírito mesmo. Somente o espírito chega a ser
verdadeiro por si, idêntico consigo.
O
que o espírito produz, seu objeto de pensamento, é ele mesmo. Ele é um
desembocar em seu outro. O desenvolvimento do espírito é um desprendimento, um
desdobrar-se, e por isso, ao mesmo tempo, um desafogo. No que toca mais
precisamente a um dos lados da educação, melhor dizendo, à disciplina, não se
há de permitir ao adolescente abandonar-se a seu próprio bel-prazer; ele deve
obedecer para aprender a mandar. A obediência é o começo de toda a sabedoria;
pois, por ela, a vontade que ainda não conhece o verdadeiro, o objetivo, e não
faz deles o seu fim, pelo que ainda não é verdadeiramente autônoma e livre,
mas, antes, uma vontade despreparada, faz que em si vigore a vontade racional
que lhe vem de fora, e que pouco a pouco esta se torne a sua vontade. O capricho
deve ser quebrado pela disciplina; por ela deve ser aniquilado esse gérmen do
mal. No começo, a passagem de sua vida ideal à sociedade civil pode parecer ao
jovem como uma dolorosa passagem à vida de filisteu. Até então preocupado
apenas com objetos universais, e trabalhando só para si mesmo, o jovem que se
torna homem deve, ao entrar na vida prática, ser ativo para os outros e
ocupar-se com singularidades, pois concretamente se se deve agir, tem-se de
avançar em direção ao singular. Nessa conservadora produção e desenvolvimento
do mundo consiste no trabalho do homem. Podemos dizer que o homem só produz o
que já existe. É necessário que um progresso individual seja efetuado. A consciência moral não pode renunciar à felicidade.
Bibliografia
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