terça-feira, 26 de março de 2024

Folhas de Outono – Cinema, Encontro Casual & Almas em Helsinque.

                                                                          O amor não se vê com os olhos, mas com o coração”. William Shakespeare

           Com o aumento do número de automóveis e das opções de locais de encontro, como cinemas e salões de jazz, o envolvimento dos pais no processo social de cortejo começou a diminuir. Encontros casuais se tornaram mais comuns na experiência de namoro de adolescentes e jovens adultos. Visões religiosas e moralistas das décadas anteriores também levaram a protestos públicos nas comunidades e na imprensa consumista, além de questionamentos sobre o que era percebido como mudanças nos padrões morais entre a geração mais jovem. Alguns historiadores da cultura sugerem que a libertação sexual na década de 1920 representou em grande parte resultado de mudanças culturais e evolução dos papéis de gênero. Mulheres buscavam ingressar na faculdade e no mercado de trabalho; muitas deixaram seus lares e casamentos ruins para trás e buscaram independência. O automóvel era mais um meio novo e conveniente para permitir relacionamentos do que um fenômeno causal. Além disso, os jovens da década de 1920 consideravam que os códigos sexuais e morais da era vitoriana eram opressivos; o boêmio continuou a influenciar e ser adotado por essa geração após a Primeira Guerra Mundial, e as melindrosas surgiram como exemplos de estilo de vida na cultura popular. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, as “festas do toque”, em que o toque sejam carícias ou as chamadas “preliminares” era a atração principal, se tornaram parte do estilo de vida melindrosa. A indústria cinematográfica, por meio da era do Pré-Código de Hollywood, promoveu ainda mais a rebelião contra os valores morais da Era vitoriana, à medida que os filmes começaram a retratar mulheres donas de sua sexualidade. O cinema a partir da década de 1960 tem continuado essa tendência.

            A análise sociológica de Max Weber precisa as consequências inevitáveis dentro do movimento protestante, das tendências ascéticas da conduta dos primeiros adeptos que formam, em princípio a mais forte antítese da relativa fraqueza moral do luteranismo. A gratia amissibilis luterana, que podia ser sempre reconquistada através da contrição penitente, não continha em si nenhuma sanção para o que é, para nós, o resultado mais importante do protestantismo ascético: uma ordenação racional sistemática da vida moral como um todo. A fé luterana deixou, deste modo, inalterada a espontânea vitalidade da ação impulsiva e da emoção ingênua. Faltava o estímulo para o constante autocontrole e, assim, para uma regulamentação deliberada da vida de cada um, introduzido pela melancólica doutrina de Calvino. Um gênio religioso como Martin Lutero (1483-1543) podia viver sem dificuldades nesta atmosfera de liberdade e, enquanto seu entusiasmo fosse bastante poderoso, sem perigo de recair no status Naturalis. Esta forma de piedade simples, sensível e peculiarmente emocional, que é o ornamento de muitos dos mais destacados tipos do luteranismo, como a sua moralidade livre e espontânea, encontra poucos paralelos no genuíno puritanismo, mas muito mais no suave anglicanismo de homens como Hookes, Chillingsworth etc. Para o luterano comum, mesmo para o mais convicto apoiado nas ideias protestantes da Reforma, nada era mais certo que ele estar temporariamente enquanto a confissão ou o sermão durassem – acima do status Naturalis.

Havia uma grande diferença, que era muito chocante entre os padrões morais das cortes e dos príncipes reformados e dos luteranos, os últimos sendo frequentemente degradados pela embriaguez e pela vulgaridade. O fato é que ao luteranismo, em razão de sua doutrina de graça, faltava uma sanção psicológica da conduta sistemática que o compelisse à racionalização metódica da vida. Na Noruega, Suécia e Finlândia, vale lembrar que predominam a atividade pesqueira e a extração de madeira. É nessa região que ocorrem as mais baixas temperaturas climáticas de todo o continente europeu. Os Alpes Escandinavos representam a principal formação montanhosa da região. Estendem-se próximos ao litoral, no sentido Norte-Sul. Suas elevações são acompanhadas de planaltos, com alguns lagos e vales glaciais. Esses vales formaram-se pela erosão do gelo; posteriormente, foram invadidos pela água do mar. São os fiordes. Comuns sobretudo no litoral norueguês. O verdadeiro “muro montanhoso” é acompanhado por fiordes a oeste e ladeado por planícies que se voltam em direção à Suécia, no litoral do mar Báltico. Além de planícies alguns países da região possuem várias depressões criadas pela erosão glacial. Nessas depressões originaram-se diversos lagos, como se observa na Finlândia. Antes do século XIX, o termo Nórdico ou setentrional, era usado habitualmente no sentido de incluir a Rússia Europeia, os Países Bálticos naquela época Livônia e Curlândia e Groenlândia. Mais recentemente, quando a Europa foi submetida à região do Mediterrâneo, todas as regiões próximas ao mar, incluindo Alemanha, os Países Baixos e a Áustria, passaram a ser associadas ao termo.

                                

Folhas de Outono (Kuolleet lehdet) representa um filme de comédia dramática romântica germano-finlandês de 2023, dirigido e escrito por Aki Kaurismäki. Folhas de Outono é um filme finlandês de comédia dramática dirigido e roteirizado por Aki Kaurismäki. O longa-metragem acompanha a história social de Ansa (Alma Pöysti) uma estoquista de supermercado e Holappa (Jussi Vatanen), um ex-alcoolatra. Completamente desconhecidos, os caminhos dos dois acabam se cruzando acidentalmente, na cidade, em um bar de karaokê numa noite qualquer em Helsinki. Automaticamente atraídos um pelo outro, eles decidem sair em um Encontro e, talvez, começar um relacionamento improvável que pode ser a solução para afastar a solidão existencial de ambos - mas uma série de adversidades e mal-entendidos faz com que os dois acabem se afastando. Este é o vigésimo longa-metragem do experiente diretor, e uma continuação da série iniciada com Proletariat, que foi originalmente planejada trilogia e já inclui Varjoja paratiisissa (1986), Ariel (1988) e Tulitikkutehtaan tyttö (1990). Os atores Alma Pöysti e Jussi Vatanen interpretam os papéis principais de trabalhadores no processo produtivo da fábrica. O filme foi produzido pela Sputnik e Bufo.  O filme estreou em 22 de maio de 2023 no 76º Festival de Cinema de Cannes e foi selecionado para concorrer à Palme d`Or na seção principal da competição, onde ganhou o Prêmio do Júri. Lançado na Finlândia em 15 de setembro de 2023, foi aclamado pela crítica e foi eleito um dos cinco melhores filmes internacionais de 2023 pelo National Board of Review. O filme foi escolhido como candidatura para melhor filme internacional no Oscar 2024.              

A liberdade intelectual não pode ser vista apenas como uma forma determinada como condição social e possibilidade de expressão. É uma noção que se torna necessário sociologizar, culturalizar, complexificar, termodinamizar. Está ligada a um contexto cultural pluralista, dialógico, conflitual agitado. Necessita não apenas das condições que se tornam, de fato, permissivas, mas, também das condições dinâmicas societárias irradiadas pelas crises, turbulências, conflitos nas ideias e visões de mundo. Comparativamente, como ocorre no mundo físico, a termodinâmica do mundo das ideias só é fecunda, produtiva ou criadora entre certos patamares, dentre os quais não podem ser determinados a priori. Aquém desses limiares, não há “efervescência cultural” e, além, a turbulência torna-se dispersiva ou explosiva. Não se pode determinar uma temperatura intelectual ideal, ainda mais que não há nenhum termômetro ad hoc. Mas, para Morin (2008), assim a verdadeira vida realiza-se na temperatura de sua própria destruição, a verdadeira vida de uma efervescência cultural desenrola-se quase na temperatura de sua própria ebulição. Se podemos conceber o complexo das liberdades, então podemos compreender a cultura enquanto representação seja tanto libertação, quanto prisão para o conhecimento ou para o pensamento social irradiado.

 A cultura aprisiona-nos no seu etno-sócio-centrismo, seu hic et nunc, nos seus imperativos categóricos e proibições, nas suas normas e normalizações, nas suas limitações e encobrimentos, nos seus artigos de fé e também de desconfiança, nas suas verdades e nos seus erros. Mas, ao mesmo tempo, a cultura oferece-nos uma linguagem, um saber, uma memória, um processo comunicativo, uma possibilidade de trocas linguísticas, verificações e refutações. Quando comporta em si a pluralidade dialógica e a abertura para as outras culturas e os outros saberes exteriores, oferece-nos as condições e possibilidades de emanciparmos relativamente das suas limitações e dissimulações. Com o desenvolvimento da cultura crescem, naturalmente, o artificial e o frívolo na esfera do pensamento; além de pequenos imprinting locais e sofísticos multiplicam-se em outros tantos diaforismos e trissotinadas; um “alto cretinismo” instala-se nas esferas superiores; a proliferação da abstração e da matematização mascara o real concreto ou mesmo de análise, que deviam traduzir, mas, ao mesmo tempo crescem e multiplicam-se as brechas que permitem as autonomias e as liberdades, as possibilidades de acesso aos problemas essenciais e universais, mesmo sob a pressão das frivolidades e dos “altos cretinismos”, usado para descrever uma pessoa de pouca inteligência e lunática, os problemas decisivos permanecem confinados a uma minoria tola, medíocre, desviante.

Helsinque, com mais de 620 mil habitantes, é a capital da República da Finlândia e a maior cidade do país. Está localizada na parte meridional do país, na costa do Golfo da Finlândia, e é uma das mais habitáveis e socialmente desenvolvidas capitais do mundo. Helsínquia forma uma conurbação com outras três cidades, Espoo, Vantaa e Kauniainen que, no seu conjunto, constituem a chamada Área Metropolitana de Helsinque. Em 1952 a cidade acolheu os Jogos Olímpicos de Verão, o que reforçou a importância de Helsinque no panorama desportivo mundial. No ano 2000 foi eleita Capital Europeia da Cultura, na celebração do seu 450º aniversário. Em 2005 recebeu Campeonato Mundial de Atletismo. A economia da cidade é baseada principalmente nos serviços. A maior parte das grandes empresas finlandesas têm a sua sede na região metropolitana de Helsinque, devido às ligações internacionais, redes de logística e disponibilidade de mão-de-obra na cidade. A Região metropolitana de Helsinque contribui em torno de um terço do Produto Nacional Bruto (PNB) da Finlândia que, por sua vez, representa quase o dobro da média per capita global da Finlândia. As principais ações do país estão na Bolsa de Valores de Helsinque. O turismo em Helsinque é amplamente dominado e ligado à cultura.

A cidade tem muitos museus como o Museu Nacional (Kansallismuseo), o Museu de Arte Contemporânea (Kiasma), o Museu de Arte Clássica (Ateneum) e o Museu de História Natural. Além disso, como no resto dos países nórdicos, comparativamente a arquitetura e o design são de grande importância civil e social. O Classicismo inspirou a arquitetura de diversos prédios da cidade, entre os mais conhecidos estão a Catedral e a Universidade de Helsínquia. A cidade possui uma rica história, marcada por conflitos contra outros povos, principalmente os russos. Na pequena ilha de Suomenlinna, também chamada de Sveaborg, encontra-se a antiga fortificação no localizada no porto da cidade. A fortificação foi construída pelos suecos para defender a Finlândia, especialmente contra os russos. A configuração subterrânea invulgar tem tornado a igreja Temppeliaukio kirkko um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. Como atração turística destaca-se a Catedral de Helsinque, luterana (1830-1852) de estilo neoclássico e a catedral ortodoxa russa de Uspenski (1868), desenhada por Alexander Gornostayev (1808-1862), de grande valor artístico. Também é digno de menção o conjunto neoclássico da Praça do Senado, na parte antiga da cidade. O maior museu histórico em Helsinque é o Museu Nacional da Finlândia, que exibe uma vasta coleção histórica tendo ponto de partida da pré-história ao século XXI.

O museu possui um edifício estilo a um castelo medieval neorromântico e é uma atração turística. Outro importante museu histórico na cidade é o Museu da Cidade de Helsínquia, que divulga aos visitantes a história social de Helsínquia 500 anos antes da atualidade. A Universidade de Helsinque também tem muitos museus importantes, incluindo o Museu Universitário e o Museu de História Natural. A Galeria Nacional finlandês é constituída por três museus: Museu de Arte Clássica Ateneum, Museu de Arte Clássica finlandesa e o Museu de Arte Clássica Europeu Sinebrychoff. Possui também museus pouco menos atrativos, como o Museu Kiasma e o Museu de Arte Moderna. O velho Ateneum, um palacete de estilo neorrenascentista construído e inaugurado no Século XIX, é um dos principais edifícios históricos da cidade, enquanto o Museu Kiasma é moderno e provavelmente o edifício mais meticuloso em Helsínquia. Helsínquia tem três grandes teatros: O Teatro Nacional Finlandês, o Teatro da Cidade de Helsinque e o Teatro Sueco. Os eventos de grande importância social e cultural, como a Ópera Nacional, geralmente são realizados em Helsinque ou outra grande cidade do país. A cidade é considerada é um polo de música popular no Norte da Europa amplamente reconhecida e de fato aclamada. Helsinque também possui o maior centro de feiras livres do país.

Não estamos interessados na questão do que era abstrato e oficialmente ensinado nos compêndios éticos de seu tempo e espaço singular, por maior significado prático que isto possa ter tido através da influência ideológica da disciplina da Igreja, do trabalho pastoral e da pregação. Estamos mais interessados em algo inteiramente diferente: na influência daquelas sanções psicológicas que, originadas da crença religiosa e da prática da religião, orientavam a conduta e a ela prendiam o indivíduo. Essas sanções eram, em larga medida, derivadas das peculiaridades das ideias religiosas. Não queremos perder de vista o homem singular deste tempo preocupava-se com dogmas abstratos, cuja extensão, por si só pode ser entendida quando percebemos a conexão de sentido desses dogmas com os “interesses religiosos práticos”. São indispensáveis algumas reflexões sobre o dogma, que, ao leitor não versado em teologia, parecerão obscuras, quanto serão precipitadas e superficiais para o teólogo. Em Calvino, o decretum horribile derivou não da experiência religiosa, como ocorre para Lutero, mas da necessidade lógica do pensamento; que aumenta em cada progresso da consciência deste pensamento religioso.

Max Weber (2003) lembra que, seu interesse religioso não está no homem, mas em Deus. Melhor dizendo, é algo omnipresente em que Deus não existe para os homens, mas estes por causa de Deus. E tudo o que acontece, até mesmo que parte dos homens seja acolhida para a bem-aventurança, só pode ter algum sentido como meio para a glória e a majestade de Deus. Aplicar padrões de Justiça terrena aos Seus desígnios soberanos é desprovido de sentido e é um insulto à Sua Majestade, uma vez que Ele, e apenas Ele, é livre, não está submetido a lei nenhuma. Seus desígnios só podem ser entendidos, ou mesmo conhecidos, por nós, na medida em que seja de Seu agrado nos revelar. Tudo mais, inclusive o significado de nosso destino, está envolto em mistério, cuja penetração seria impossível e cujo questionamento seria presunçoso. O condenado reclamar do seu destino seria o mesmo, comparativamente, que os animais deplorassem o fato de não terem nascido homens, porque tudo que é de carne está separado de Deus por um abismo, e Dele merece apenas a morte eterna, na medida em que Ele não tiver deliberado diferentemente para a glorificação de Sua Majestade. Sabemos apenas que uma parte da humanidade está salva, e outra, condenada. Pressupor que o mérito humano ou a culpa no sentido religioso participem da determinação deste destino, no sentido weberiano, seria algo como considerar os desígnios absolutamente livres de Deus, estabelecidos para a eternidade, passíveis de mudança por influência humana, e isto constitui uma contradição impossível.

Desapareceu o Pai Celestial do Novo Testamento tão humano e compreensível, que se alegra com o arrependimento de um pecador como a mulher que encontrou com a moeda de prata perdida. Seu lugar foi ocupado por um ser transcendental, que, em seus desígnios incompreensíveis, decidiu por assim dizer seu destino e regulou os detalhes do cosmos na eternidade. A graça de Deus, uma vez que seus desígnios não podem mudar, é tão impossível de ser perdida por aqueles a quem Ele a concedeu, como é inatingível para aqueles aos quais Ele a negou. Aquele grande processo histórico-religioso da eliminação da magia do mundo, que começara com os velhos profetas hebreus em conjunto com o ideário helenístico. A igreja Luterana é a religião nacional da Finlândia, cerca de 71% dos Finlandeses são luteranos de acordo com dados de 2017, o Luteranismo tem feito parte da Finlândia desde a conversão da Dinamarca. A Reforma sueca começou durante o reinado do rei Gustav Vasa (1527) e chegou à sua conclusão em 1560. A Suécia, como outros países nórdicos, adotou a forma luterana de protestantismo. O primeiro bispo luterano de Turku foi Martinus Johannis Skytte (1477-1550), ex-vigário geral da província dominicana de Dacia. Ele manteve a maioria das antigas formas católicas dentro da Diocese, que fazia parte da Igreja da Suécia, agora afirmativamente independente.

A reforma doutrinária da Igreja finlandesa ocorreu durante o episcopado de Mikael Agricola (1510-1557), que estudou na Universidade de Wittenberg sob Martin Luther. Agricola traduziu todo o manuscrito do Novo Testamento e grandes porções do Antigo Testamento para o finlandês. Além disso, ele escreveu uma grande quantidade de textos litúrgicos finlandeses no espírito da Reforma, enquanto preservava uma série de costumes decididamente católicos, como a retenção de muitos dias santos, incluindo o Dia da Visitação de Maria e da Santa Cruz, e o uso da Bíblia. mitra do bispo. Enquanto imagens e esculturas de santos foram retidas nas igrejas, elas não eram mais veneradas. Agrícola curiosamente foi “o primeiro bispo de Turku que foi casado”. No final do século XVI, a Reforma Sueca estava finalmente completa, e o século seguinte era reconhecido como o período da ortodoxia luterana. A afiliação à igreja era obrigatória, assim como a frequência semanal ao Serviço Divino. Tanto na Rússia quanto na Suécia, o luteranismo foi afetado pela teologia do iluminismo, com o efeito de poder secularizar a Igreja. O estilo de vida pródigo dos vigários das paróquias, causaram ressentimento público que se tornou visível nos movimentos populares de avivamento local.

A estrutura da Igreja Evangélica Luterana da Finlândia é baseada principalmente na divisão geográfica. Cada membro pertence à paróquia do seu domicílio, com fronteiras paroquiais seguindo os limites municipais. As grandes cidades, por outro lado, são geralmente divididas em várias paróquias, com a localização geográfica das casas dos membros determinando sua filiação paroquial. O número de membros de uma paróquia varia de algumas centenas em pequenos municípios a cerca de 60.000 membros na paróquia de Malmi, em Helsinque. De acordo com a Lei da Igreja, a paróquia é responsável por “todo o trabalho prático realizado pela igreja”. A paróquia é chefiada pelo vigário e pelo conselho paroquial. Ambos são eleitos pelos membros, usando votos iguais e fechados. O mandato do conselho paroquial é de quatro anos, enquanto o vigário é eleito vitalício ou até os sessenta e oito anos de idade. Uma paróquia é uma pessoa coletiva de natureza pública, capaz de tributar os seus membros. O montante do imposto cobrado é decidido pelo conselho paroquial e cai entre 1 e 2,25 por cento do rendimento pessoal. Na prática, o imposto é cobrado pelo estado, consignado por uma taxa.  Do ponto de vista da autonomia, financeiramente, as paróquias são responsáveis ​​por si mesmas. Contudo, as paróquias pobres podem ser assistidas pela administração central. Por outro lado, todas as paróquias são responsáveis ​​por contribuir com 10% de sua renda para a administração central da igreja e das dioceses. Os assuntos do dia-a-dia da administração paroquial são atendidos pelo vigário e a junta paroquial, eleitos pelo conselho paroquial. Nas cidades, as paróquias têm um conselho paroquial comum, mas juntas paroquiais separadas.

Do ponto de vista histórico todos os meios mágicos de salvação como superstição e pecado, chega aqui à sua conclusão lógica. O puritanismo genuíno rejeitava até todos os sinais de cerimônia religiosa na sepultura e enterrava seus entes mais próximos e mais queridos sem cânticos ou ritual, a fim de que nenhuma superstição, nenhuma crença nos efeitos de forças de salvação mágicas ou sacramentai, pudessem imiscuir-se. Combinada com as rígidas doutrinas da absoluta transcendência de Deus e da corrupção de tudo que se refere à matéria, esta solidão interna do indivíduo contém, por sua vez e imediatez, a razão da atitude inteiramente negativa do Puritanismo para com todos os elementos sensuais e emocionais presentes na cultura e religiosidade, pois são inúteis para a salvação analogamente e fomentam ilusões sentimentais e superstições idólatras. Isto prepara a base para um antagonismo fundamental para com todos os tipos de culturas sensualistas, no entanto forma uma das razões deste individualismo malgrado de tendência pessimista e despido de ilusões, que, compreendemos contemporaneamente, pode ser identificado no caráter nacional e nas instituições dos povos de passado puritano, em contraste com os ângulos bem diferentes dos quais, a posteriori o Iluminismo encarou categoricamente os homens.

Vale lembrar que as 95 Teses ou Disputação do Doutor Martinho Lutero (1483-1546) sobre o poder e eficácia das Indulgências são uma lista de proposições para uma disputa acadêmica escrita em 1517 por Martin Lutero, professor de teologia moral da Universidade de Vitemberga, Alemanha, as quais iniciaram a Reforma Protestante, uma cisma da Igreja Católica que transformou profundamente a Europa. Lutero enviou as Teses anexadas a uma carta a Alberto de Mainz, o Arcebispo de Mainz, em 31 de outubro de 1517, data que é considerada historicamente o início da Reforma Protestante e que é comemorada anualmente como o Dia da Reforma Protestante. Lutero também pode ter afixado as Teses na porta da Igreja do Castelo de Vitemberga e de outras igrejas em Vitemberga, de acordo com o costume da Universidade, em 31 de outubro, ou em meados de novembro. As Teses foram reimpressas pelo processo gráfico in statu nascendi traduzidas e distribuídas por grande parte da Alemanha e também da Europa. Iniciou-se uma “guerra panfletária” como meios de comunicação com o pregador de indulgências Johann Tetzel, contribuindo para a difusão positivas das ideias e da fama reformista de Lutero. Os superiores eclesiásticos de Lutero de forma autoritária o julgaram de heresia, o que culminou na sua excomunhão em 1521. Embora a publicação das Teses seja o início da Reforma Protestante, Lutero não considerava as indulgências tão importantes como questões teológicas que dividiriam a igreja, como a justificação pela fé e o livre arbítrio.

Sua descoberta viria mais tarde tornar-se um busílis, sendo que ele não via a escrita das Teses como divergente de suas crenças e contrárias daquelas da Igreja Católica. A Martin-Luther-Universität Halle-Wittenberg, também designada como MLU, é uma universidade orientada para a pesquisa social localizada nas cidades de Halle an der Saale e Vitemberga na Saxónia-Anhalt, Alemanha. Foi fundada em 1502 por Frederico III da Saxônia e a Universidade de Halle foi fundada em 1694 por Frederico I da Prússia, antes denominado Frederico III de Brandemburgo. A atual Universidade Martinho Lutero formou-se através da fusão de duas instituições universitárias. Uma delas fundada em Vitemberga em 1502 e outra em Halle, no ano de 1694. A história dessas duas instituições universitárias teve momentos marcantes. Por um lado, em Vitemberga lecionaram Martinho Lutero e Filipe Melâncton e, através desses dois personagens históricos, tornaram-se esta cidade e sua universidade centros da Reforma Protestante na Alemanha. Por outro lado, a Universidade de Halle tornou-se, em torno de 1700, o ponto de partida do Renascimento alemão, principalmente devido à atuação pragmática jurista Christian Thomasius e do filósofo Christian Wolff. Em 1813, Napoleão fechou a Universidade de Vitemberga por um curto período. Devido à reordenação territorial após as guerras napoleônicas, as universidades se unificaram em Halle em 1817. Essa especificidade das instituições encontra-se marcada no brasão duplo da Universidade Martinho Lutero.

 Nas Teses, Lutero afirmou que o arrependimento requerido por Cristo para que os pecados sejam perdoados envolve o arrependimento espiritual interior e não meramente uma confissão sacramental externa. Ele argumentou que as indulgências paradoxalmente levam os cristãos a evitar o verdadeiro arrependimento e a tristeza pelo pecado, acreditando que podem renunciá-lo comprando por um valor monetário uma indulgência. Estas também, de acordo com ele, desencorajam os cristãos de dar aos pobres e realizarem outros atos de misericórdia, acreditando que os certificados de indulgência eram mais valiosos espiritualmente. Apesar de Lutero ter afirmado que suas posições sobre as indulgências estavam de acordo com as do papa, as teses desafiaram uma bula pontifícia do século XIV, as quais afirmavam que “o papa poderia usar o tesouro do mérito e as boas obras dos santos do passado para perdoar a punição temporal pelos pecados”. As Teses são formuladas como proposições a serem discutidas em debate não representariam necessariamente as opiniões de Lutero, porém ele as esclareceu na obra: Explicações da Disputa sobre o Valor das Indulgências. Em fevereiro de 1518, o papa Leão solicitou ao chefe dos eremitas agostinianos, a ordem religiosa de Lutero, para convencê-lo a parar de difundir suas ideias sobre indulgências.

Lutero recebeu uma convocação para Roma em agosto de 1518. Ao apresentar suas opiniões mais abertamente, Lutero parece ter reconhecido que as implicações de suas crenças o afastavam do ensino oficial do que inicialmente sabia. Ele disse mais tarde que talvez não tivesse iniciado a controvérsia se soubesse até onde esta assim o conduziria. As Explicações foram reconhecidas como a primeira obra da Reforma Protestante de Lutero. Johann Tetzel (1465-1519) respondeu às Teses solicitando que Lutero fosse queimado por praticar heresia e que o teólogo Konrad Wimpina (1460-1531) escrevesse 106 teses contra a obra de Lutero. Tetzel defendeu-as perante a Universidade Europeia Viadrina em janeiro de 1518. Em torno de 800 exemplares da disputa impressa foram enviados para serem vendidos em Vitemberga, mas muitos estudantes da Universidade as pegaram do livreiro e as queimaram. Lutero ficou cada vez mais temeroso de que a situação estivesse fora de controle e que ele estaria pondo sua vida em perigo. Para aplacar seus oponentes, ele publicou a questão religiosa inferida sob o tema Um Sermão Sobre a Indulgência e a Graça, que não desafiou a autoridade do papa. Este panfleto, escrito em alemão, era muito curto e de fácil compreensão para os leigos.

A força de persuasão de Tetzel era tão grande que a campanha pelas indulgências ou perdões comprados por dinheiro alvoroçou toda Alemanha e acabou criando um opositor, menos oral mais cerebrino, Martinho Lutero, também padre, mas professor de teologia, que decidiu responder com 95 teses contra as indulgências. A Basílica de São Pedro foi construída, os cofres se encheram de moedas, tantas e tantas a ponto de Tetzel ser repreendido por seus superiores, porém, o que foi pior para a Igreja, a estrutura monolítica do cristianismo se arrebentou com a Reforma. Roma ganhou uma basílica, mas perdeu sua primazia. De divisões em divisões o cristianismo chegou ao evangelismo dos nossos dias no Brasil, no qual a maioria dos chamados pastores do gado sequer fizeram estudos de teologia. Extraordinários vendedores de barbatanas para colarinho na praça da Sé, em São Paulo, converteram-se em anunciadores do céu para todos, desde que pagos os dízimos e feitas as ofertas generosas para Deus. Como se Deus fosse um coletor de impostos. Sendo este o primeiro trabalho religioso bem-sucedido de Lutero, acabou por ser reimpresso vinte vezes. Johann Tetzel respondeu “com uma refutação ponto-a-ponto, citando a Bíblia e teólogos importantes”, porém, seu panfleto não era tão popular comparativamente quanto o de Lutero. A resposta ao panfleto de Tetzel, por outro lado, foi outro grande sucesso comunicativo de publicação. Outro crítico proeminente das Teses foi João Maier, amigo de Lutero e teólogo da Universidade de Ingolstadt. Maier escreveu uma refutação, destinada ao bispo de Eichstätt, intitulada Os Obeliscos.

O nome foi utilizado em referência aos obeliscos usados para marcar passagens heréticas em textos na Idade Média, sendo este um ataque pessoal áspero e inesperado, e na esfera política, acusando Lutero de heresia e estupidez. Lutero respondeu em privado com Os Asteriscos, intitulado após as marcas de asteriscos usadas para destacar textos importantes. A resposta de Lutero foi violenta e expressou a opinião que João Maier não compreendeu a matéria que ele escreveu. A disputa entre Lutero e Maier tornar-se-ia pública no debate de Leipzig em 1519. Lutero foi convocado pela autoridade do papa para defender-se contra acusações de heresia de Tomás Caetano (1469-1534) em Augsburgo, em outubro de 1518. Tommaso De Vio, reconhecido como Caetano foi um frade dominicano, exegeta, filósofo, teólogo e que se torna cardeal italiano. Mais tarde, mutatis mutandis - Lutero escreveria sobre seu discurso em que formulou as Teses ele permaneceu um papista, e não parecia pensar que as Teses representariam uma ruptura com a doutrina católica estabelecida. No entanto, foi fora da controvérsia das indulgências que o movimento intitulado Reforma começou, todavia, a controvérsia propeliu Lutero para a posição de liderança que ele iria desempenhar nesse movimento. 

As Teses também tornaram evidente que Lutero acreditava que a igreja não estava pregando corretamente e que isto colocava os leigos em grave perigo. As teses contradiziam o decreto do Papa Clemente VI, que afirmava que as indulgências são “o tesouro da igreja”.  Este desprezo pela autoridade papal pressagiou conflitos posteriores. Em 31 de outubro de 1517, o dia em que Lutero enviou suas teses à Alberto, foi comemorado como o início da Reforma já em 1527, momento em que Lutero e seus amigos brindaram com um copo de cerveja para comemorar o “pisoteio das indulgências”. A publicação das Teses foi estabelecida na historiografia da Reforma como o início do movimento por Filipe Melâncton na obra História de Vita et Actis Lutheri, de 1548. Durante o Jubileu da Reforma de 1617, o centenário de 31 de outubro foi comemorado com uma procissão à Igreja de Vitemberga, onde Martin Lutero teria afixado as teses. Como questão ligada ao processo de comunicação uma gravura demonstra Lutero escrevendo as Teses na porta da igreja com uma gigantesca pena, a qual penetra na cabeça de um leão que simboliza o Papa Leão X. Em 1668, o dia 31 de outubro foi oficializado como propaganda da igreja o Dia da Reforma Protestante, um festival anual da Saxônia e que se espalhou por terras.

A interpretação dessa compreensão mediana do ser só pode conquistar um fio condutor com a elaboração do conceito do ser. É a partir da claridade do conceito e dos modos de compreensão explícita nela inerentes que se deverá decidir o que significa essa compreensão. Quer do ser obscura e ainda não sendo esclarecida. E quais espécies de obscurecimento ou impedimento, são possíveis e necessários para um esclarecimento explícito do sentido do ser. A imediata compreensão do ser vaga e mediana pode também estar impregnada de teorias tradicionais e opiniões sobre o ser, de modo que tais teorias constituam, secretamente, e portanto, fontes primárias de compreensão geral dominante. O questionado da questão a ser elaborada presente é o ser, o que determina o ente como ente, como o ente já é sempre compreendido, em qualquer discussão que se pretenda. O ser dos entes não é em si apenas um Outro. O ser exige um modo próprio de demonstração na linguagem que se distingue da descoberta. Acentua compreender que o perguntado, o sentido do ser, requer também uma conceituação própria que, por sua vez,  se diferencia dos conceitos em que o ente alcança a determinação de seu significado.

As ideias movem-se, mudam de lugar, ganham força na história, apesar das formidáveis determinações internas e externas globais. O conhecimento transforma-se, progride, regride. Crenças e teorias renascem; outras, antigas, morrem. A primeira condição de uma dialógica cultural é a pluralidade e diversidade de pontos de vista. Essa diversidade cultural é potencial e está em toda parte. Toda sociedade comporta indivíduos genética, intelectual, psicológica e afetivamente muito diverso, apto, portanto, a outros pontos de vista cognitivamente muito variados. São, justamente, essas diversidades de pontos de vista culturais e políticos que inibem e a normalização reprime. Do mesmo modo, as condições sociais ou acontecimentos aptos a enfraquecerem o imprinting, segundo o pensamento de Edgar Morin, e a normalização permitirão às diferenças individuais exprimirem-se no domínio cognitivo. Essas condições de fato aparecem nas sociedades que permitem o encontro, a comunicação e o debate de ideias. A dialógica cultural supõe o comércio, constituído de trocas múltiplas de informações, ideias, opiniões, teorias; o comércio das ideias é tanto mais estimulado quanto mais se realizar com ideias de outras culturas do passado. O intercâmbio das ideias sociais produz o enfraquecimento dos dogmatismos e intolerâncias sociais e religiosas, o que resulta no próprio crescimento humano.

Comporta a competição, a concorrência, o antagonismo, o conflito social, moral e político, entre ideias, concepções e visões de mundo. A trivialização do conhecimento não faz produto do conhecimento apenas um produto determinado, faz também dele um produto qualquer. Mas as ideias podem tornar-se ideológicas na medida em que sua estrutura obedece às estruturas socioprofissionais, sua produção integra-se entre os outros processos de produção e a cultura torna-se cognoscível a partir das categorias econômicas do capital e do mercado. Mas nem a informação, nem a teoria, nem o pensamento abstrato, nem a cultura são produtos triviais, ainda que mais não seja pelo fato de serem, ao mesmo tempo, produtos/produtores e, mesmo comportando hologramaticamente a dimensão socioeconômica, não poderiam ser reduzidas a isso. A redução trivializante não teme exercer-se como sujeito sobre o conhecimento científico. Este nível abstrato como qualquer outro é apropriado pelo pensamento, como a religião e através da ciência, com suas relações de força e monopólios, lutas e estratégias, seus interesses e seus ganhos.

Mas, por seu lado, os estudos de etnografias dos laboratórios, estes que parecem ter dinamismo, demonstram-nos como se estabelecem mediações, em função de posições, ou status, as lutas e a utilização de alguns truques diabólicos pelo reconhecimento per se, pelo prestígio ou pela glória, com as negociações necessárias ao estabelecimento de uma prova, os ritos de passagem na pesquisa e na universidade. A motivação primeira do cientista é a notoriedade.  Mas não se pode reduzir o interesse científico ao interesse econômico, a vontade de pesquisar ao desejo de prestígio, a sede de conhecimento à sede de poder, em alguns casos terrenos sim. A sociologia não pode ser considerada uma concepção que exclui o indivíduo ou que, no máximo, o tolera. É uma concepção humanista, mas que deve implicá-lo e explicitá-lo. Sobre a aquisição do conhecimento pesa um formidável determinismo. Ele nos impõe o que se precisa conhecer, como se deve conhecer, se pode conhecer. Comanda, proíbe, traça os rumos, estabelece os limites, ergue cercas de arame e conduz-nos ao ponto onde devemos ir.

E também que conjunto prodigioso de determinações sociais, culturais e históricas é necessário para o nascimento da menor ideia, da menor teoria. Não bastaria limitarmo-nos a essas determinações que pesam do exterior sobre o conhecimento. É necessário considerar, também, os determinismos intrínsecos ao conhecimento, que são, segundo Edgar Morin, muito mais implacáveis. Em primeiro lugar, princípios iniciais, comandam esquemas e modelos explicativos, os quais impõem uma visão de mundo e das coisas que se governam/e controlam de modo imperativo e proibitivo a lógica dos discursos, pensamentos, teorias. Ao organizar os paradigmas e modelos explicativos associa-se o determinismo organizado dos sistemas de convicção e de crença que, quando reinam em uma sociedade, impõem a todos a força imperativa do sagrado, a força normalizadora do dogma, a força proibitiva do tabu. As doutrinas e ideologias dominantes nas sociedades dispõem também da força imperativa e coercitiva que evidencia aos convictos e o temor inibitório aos desalmados. A partir deste fundamento, compreendemos que ordem, desordem e organização são essenciais para o entendimento da questão da complexidade, pois se desintegram e se desorganizam ao mesmo tempo.

Nesse entendimento, constata-se que o sentido da realidade se dá por meio da relação do todo com as partes e vice e versa em uma análise integradora em que não é pertinente examinar o fenômeno a partir de uma única matriz de racionalidade. A desordem torna-se indispensável para a organização social da vida humana, pois a sociedade é dependente de acontecimentos/fatos que possam modificar a ordem já estabelecida para gerar novos meios de organização entre os sujeitos. Há um imprinting cultural, matriz que estrutura o conformismo, e há uma normalização que o impõe. O imprinting é um termo que Konrad Lorentz propôs para dar conta da marca incontornável pelas primeiras experiências do jovem animal, como o passarinho que, ao sair do ovo, segue como se fosse sua mãe, o primeiro ser vivo ao seu alcance. Há um imprinting cultural que marca os humanos, desde o nascimento, com o selo da cultura, primeiro familiar e depois a escola, prosseguindo na universidade ou na profissão. Contrariamente à orgulhosa pretensão dos intelectuais e cientistas, o conformismo cognitivo não é de modo algum uma marca de subcultura que afeta principalmente as camadas subalternas da sociedade. Os subcultivados sofrem um imprinting normalização atenuados e opiniões pessoais diante do balcão de café do que num coquetel literário.

Embora contrariados em contradição com seu desenvolvimento liberal intelectual que permite a expressão de desvios e de ideias e formas escandalosas, o imprinting e a normalização crescem paralelamente com a aquisição real da cultura. O imprinting cultural determina à desatenção seletiva, que nos faz desconsiderar tudo aquilo que não concorde com as nossas crenças, e o recalque eliminatório, que nos faz recusar toda informação inadequada às nossas convicções, ou toda objeção vinda de fonte técnica considerada ruim. A normalização manifesta-se de maneira repressiva ou intimidatória. Cala os que teriam a tentação de duvidar ou de contestar. A normalização, portanto, com seus subaspectos de conformismo, exerce uma prevenção contra o desvio e elimina-o, se ele se manifesta. Mantém, impõe a norma do que é importante, válido, inadmissível, verdadeiro, errôneo, imbecil, perverso. Indica os limites a não ultrapassar. As palavras que não devem proferir. Os conceitos a desdenhar, as teorias a desprezar. O imprinting assimila a perpetuação dos modos de conhecimento e verdades estabelecidas. Obedece a processos de tribunais: uma cultura produz modos de conhecimento entre os homens dessa própria cultura. Através do seu modo de conhecimento, reproduzem a legitimidade que a produz. As crenças que se impõem são fortalecidas pela fé que as suscitaram. Se reproduzem não somente os conhecimentos, mas as estruturas e os modos reguladores que determinam a invariância desses conhecimentos.  

É isto exatamente o que ocorre. A prova disso, no entanto, ocorre com as anulações de concursos quando não surge o candidato certo. Mas o inegavelmente ridículo é quando operam um parecer contrário. Sustentando que a carreira do pesquisador não apresenta o desempenho (fálico) estimulado, ultrapassado pela quase “meia verdade”, caraterizada pelo conceito de estigma especificamente propalado por um cientista político estudioso das relações concretas de poder nas instituições. Mas isso não deve mascarar ou anular a originalidade complexa da comunidade/sociedade constituída pela trupe de cientistas, nem as ideias fixas, as obsessões intelectuais, themata, autônomas e dissociadas da estrutura social, que animam ou dispensam a busca específica da verdade objetiva da qual Michel Foucault, com razão, apoiando-se na exterioridade visível que Magritte nomeia seus quadros dizendo: “Ceci n`est pas um pipe”, para impor respeito à denominação. Nesse espaço quebrado e à deriva, que exige respeito, estranhas relações se tecem, intrusões se produzem, bruscas invasões destrutoras, quedas de imagens em meios às palavras, fulgores verbais que atravessam os desenhos e fazem-no voar em pedaços.

 Pacientemente, Paul Klee constrói um espaço sem nome nem geometria, entrecruzando a cadeia dos signos e a trama das figuras. Magritte, quanto a ele, mina em segredo um espaço que parece mante na disposição tradicional. Mas ele o cava com palavras: e a velha pirâmide da perspectiva está carcomida em seu secreto mórbido está aponto de ruir, a sair de si própria e isolar-se. A arte da conversa, segundo Foucault (2016: 49) cotidianamente, “é a gravitação autônoma das coisas que fizeram suas próprias palavras na indiferença dos homens, impondo-a a eles, sem mesmo que eles o saibam, em sua tagarelice cotidiana”.  De fato, há nas formas sociais de motivação científica, um complexo variável e instável de interesse e desinteresse, do qual as buscas do graal de verdade, objetividade científico-social, elucidação são partes integrantes. A cegueira sobre tudo o que não é ambição, conhecimento e interesse e vaidade nos esclarece apenas sobre as motivações e os comportamentos dos que semeiam a cegueira. O que ocorre é que à sombra do paradigma dominante, o jovem Marx insistia em referir-se a ideologia dominante e intenso cretinismo, coquetel de racionalização delirante, de sofística refinada e  de grosseria determinista, trivializou pela força o não-trivial.

Ele se manifestou na biologia no determinismo pangenético, na linguística, na antropologia, na psicanálise e, evidentemente, na sociologia, na qual a complexidade das interações sociedade, a cultura e a sociedade e os indivíduos, foi ocultada pela concepção ao mesmo tempo determinista e trivial da sociedade e a organização do conhecimento; pisoteia todo o que deriva da criação intelectual; reduz a teoria e as ideias a puros objetos, produtos, instrumentos. Todas as interpretações deterministas, redutoras, trivializante têm algo em comum, por um lado, a ignorância do complexo das condições negativas ou permissivas favoráveis ao conhecimento e à ideia autônomos e, e por outro lado, uma rejeição extraordinária da ideia de indivíduo, inventor, criador; de resto, é aterrador ver o ódio suscitado entre os autores, os inventores e os criadores dessa desindividualização pela própria ideia de autor, inventor e criador. Percy Adlon é diretor, produtor e roteirista alemão. É considerado como um dos mais respeitados profissionais do cinema alemão, e de fato Adlon trabalhou como ator, antes de se tornar reconhecido como produtor de documentários. Em 1981, escreveu e dirigiu sua primeira peça teatral, Celeste, o relato etnográfico dos últimos dias de Proust, narrado por sua empregada.

A Monarquia da Finlândia representou uma monarquia constitucional que existiu na Finlândia até o ano de 1919, e inclui a Carélia, Åland, Lapônia, Kaleva e as Terras do Norte. A Finlândia declarou Independência da Rússia em 6 de dezembro de 1917, levando a um debate sobre se o novo Estado deveria declarar-se uma República ou permanecer uma monarquia. Na Declaração de Independência, os monarquistas eram uma minoria no Parlamento finlandês, e a Finlândia foi declarada uma república. No entanto, após a Guerra Civil Finlandesa, e embora o Partido Social Democrata pró-república tenha sido em grande parte excluído do Parlamento, o príncipe Frederico Carlos de Hesse foi eleito para o trono do Reino da Finlândia em 9 de outubro de 1918. O principal motivo para sua eleição foi a crença que, sendo cunhado do imperador Guilherme II da Alemanha, o seu reinado solidificaria a aliança da Finlândia com a Alemanha e, assim, proporcionaria proteção contra os russos. A adopção de uma nova constituição foi adiada pela Guerra Civil, e a legitimidade da eleição real baseou-se na Constituição da Suécia de 1772, adoptada pelo rei Gustavo III, quando a Finlândia fazia parte da Suécia.

O mesmo documento constitucional também serviu de base para o governo dos czares russos, como grão-duques da Finlândia, durante o século XIX, quando a enfraquecida Suécia perdeu a Finlândia para o Império Russo. A reação do regime bolchevique na Rússia foi, portanto, crucial. A Grã-Bretanha, os Estados Unidos, a Alemanha, a França e os outros países escandinavos mostraram-se inicialmente relutantes em reconhecer a recém-independente Finlândia, à espera da reação russa. Quando o governo de V. I. Lenin reconheceu a Independência da Finlândia, a Alemanha, além da França e de outros países escandinavos, rapidamente seguiu o exemplo. Em 11 de novembro de 1918, foi assinado o armistício entre as facções beligerantes da Primeira Guerra Mundial, e apenas dois dias antes Guilherme II abdicou e a Alemanha foi declarada uma república. A derrota da Alemanha na guerra e o facto declarado de que nenhum dos Aliados da Primeira Guerra Mundial alguma vez aceitaria um príncipe nascido na Alemanha como rei da Finlândia, levaram Frederico Carlos a renunciar ao trono em 14 de dezembro de 1918, sem nunca ter posto os pés no seu reino. Ele tinha hesitado antes devido às circunstâncias da eleição, onde 40% dos membros do Parlamento boicotaram a eleição.

Essa significação ainda é usada nos dias de hoje em certos contextos, como em discussões sobre Renascença Setentrional. Em tempos medievais, o termo “(Ultima) Thule” era usado para inferior a um local semimístico ao extremo norte do continente. No contexto da União Europeia, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Alemanha, Bélgica e Países Baixos são frequentemente vistos como pertencentes ao “Grupo do Norte”. Atualmente o significado do termo é de natureza subjetiva, geralmente determinado pela visão geopolítica de quem nomeia. Isso significa também que a definição é largamente sociopolítica, visto que não há justificativa para incluir a Inglaterra como parte da Europa. Como em todos os municípios finlandeses, o conselho da cidade de Helsínquia, é o principal órgão de tomada de participação na política local, tratando de questões como o planejamento da cidade, escolas, saúde e transporte público. Os 85 membros que compõem o conselho são eleitos a cada 4 anos nas eleições municipais. Tradicionalmente, os conservadores, o Partido de Coligação Nacional (Kokoomus) tem sido o maior partido na política de Helsínquia. Na eleição de 2000, a Liga Verde, ganhou a posição de segundo partido mais popular. Em 2004 o mais popular foi o Partido Social Democrata (SDP). Na eleição de 2008, a Liga Verde voltou a ser o segundo partido mais forte. O Partido Central da Finlândia, apesar de ser um dos três maiores partidos na política nacional, só tem pouco apoio em Helsínquia, como acontece na maioria das outras grandes cidades.

A Finlândia possui uma economia de mercado altamente industrializada, com produção per capita maior que a do Reino Unido, França, Alemanha e Itália. O padrão de vida finlandês é elevado. O setor chave de sua economia é a indústria - principalmente madeireira, metalurgia, engenharia, telecomunicações destaque para a Nokia e produtos eletrônicos. O comércio externo é importante, representando cerca de 1/3 do PIB. Com exceção de madeira e de vários minérios, a Finlândia depende de importações de matérias primas, energia, e alguns componentes de bens manufaturados. Por causa do clima rigoroso, o desenvolvimento da agricultura é limitado a produtos básicos de subsistência. A exploração madeireira, uma importante fonte de renda, fornece um segundo trabalho para a população rural. O processo de rápida integração à Europa Ocidental - a Finlândia foi um dos 11 países que aderiram ao Euro - dominará o cenário dos próximos anos. O crescimento foi fraco em 2002 e se reduziu novamente em 2003 devido à depressão global. O país é o quarto no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial.

Em 2020, o país foi o 41º maior exportador do mundo (US $ 73,3 bilhões, 0,4% do total mundial). Na soma de bens e serviços exportados, chega a US $ 107,4 bilhões, ficando em 36º lugar mundial. Nas importações, em 2019, foi o 43º maior importador do mundo: US $ 73,5 bilhões. Na pecuária, a Finlândia produziu, em 2019, 2,3 bilhões de litros de leite de vaca, 168 mil toneladas de carne suína, 130 mil toneladas de carne de frango, 87 mil toneladas de carne bovina, entre outros. O Banco Mundial lista os principais países produtores a cada ano, com base no valor total da produção. Pela lista de 2019, a Finlândia tinha a 44ª indústria mais valiosa do mundo (US $ 39,6 bilhões).  Em 2019, a Finlândia era o 38ª maior produtor de veículos do mundo (114 mil) e o 37ª maior produtor de aço (3,5 milhões de toneladas). O país também era o 7º maior produtor mundial de papel em 2019. Nas energias não-renováveis, em 2020, o país não produzia petróleo. Em 2019, o país consumia 193 mil barris/dia (57º maior consumidor do mundo). O país foi o 31º maior importador de petróleo do mundo em 2013 (236 mil barris/dia). Em 2020, o país quase não produzia gás natural. Em 2010 a Finlândia era a 33ª maior importadora de gás do mundo (4,7 bilhões de m³ ao ano). O país também não produz carvão. Em 2019, a Finlândia tinha 4 usinas atômicas em seu território, com uma potência instalada de 2,7 GW. Nas energias renováveis, em 2020, a Finlândia era o 28º maior produtor de energia eólica do mundo, com 2,4 GW de potência instalada, e o 51º maior produtor de energia solar do mundo, com 0,3 GW de potência instalada.

Bibliografia Geral Consultada.

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