Hans Magnus Enzensberger - Consciência & Teoria da Comunicação.
Ubiracy de Souza Braga
“No somos suficientemente inteligentes para saber que és la inteligencia”. Hans Magnus Enzensberger
Hans
Magnus Enzensberger nasceu em 1929, em Kaufbeuren, Suábia, Alemanha quando
vivenciou ainda adolescente a 2ª guerra mundial, pois em 1945, aos 16 anos, foi
recrutado para as chamadas tropas Volkssturm (milícia popular alemã),
convocadas nos últimos dias de guerra pela Wehrmacht. Antes da chegada do
Partido Nazista ao poder, o termo Wehrmacht era usado em sentido geral para
descrever as forças armadas de qualquer nação. Por exemplo, o termo “Britische
Wehrmacht” referia-se às forças armadas britânicas. Mas é um termo alemão que
significa “Força de Defesa”, e que pode ser entendido como meios/poder de
resistência, referiu-se ao conjunto das forças armadas da Alemanha durante o
Terceiro Reich entre 1935 e 1945 e englobava o Exército (“Heer”), Marinha de
Guerra (“Kriegsmarine”), Força Aérea (“Luftwaffe”) e tropas das Waffen-SS, que
apesar de não serem da Wehrmacht, eram frequentemente dispostas junto às suas
tropas. Substituiu a anterior Reichswehr, criada em 1921, após a derrota
alemã na 1ª grande guerra. Em 1955, as novas forças armadas alemãs foram
reorganizadas sob o nome de Bundeswehr. Durante os dez anos de sua
existência, aproximadamente 18 milhões de combatentes serviram na Wehrmacht.
Cerca de 3,5 milhões morreram em combate na 2ª guerra mundial, sendo 88% na
frente russa.
Após
a morte do presidente Paul von Hindenburg (1847-1934) em 2 de agosto de 1934,
todos os oficias e soldados das forças armadas da Alemanha fizeram um juramento
de lealdade a Adolf Hitler. Em 1935, a Alemanha começou a desprezar
deliberadamente as restrições do Tratado de Versalhes, e o alistamento foi
reintroduzido em 16 de março de 1935. A lei de alistamento traria o novo nome Wehrmacht,
cujo símbolo seria uma “versão estilizada da Cruz de Ferro”. A existência da Wehrmacht,
termo alemão que significa força de defesa, foi oficialmente anunciada em 15 de
outubro de 1935. Acredita-se que o número de soldados que nela serviram durante
sua existência de 1935 a 1945 seja de aproximadamente 18,2 milhões. Discípulo de Adorno e Horkheimer alguns de
seus trabalhos de caráter político mais conhecido referem-se à sua concepção
teorética sobre a chamada “indústria cultural” (cf. Enzensberg, 1966).
Especialmente profética é a consciência de Enzensberger do poder da mídia.
Movido por uma intransigência política que o leva a negar o discurso triunfante
do “capitalismo tardio”, um dos conceitos mais mencionados ao se discutir seu
approach é à noção Weltekel, ou “nojo do mundo”.
Sua
raiva parece dirigir-se primordialmente contra a tendência contemporânea à
passividade política enquanto “mito do progresso” (cf. Catarino, 1988). Segundo
Hans Magnus Enzensberger, o término de ideologias hegemônicas fez eclodir
guerras civis que, em meados dos anos 1990, atingiam a marca de pelo menos
quarentas casos de grande gravidade em âmbito global (cf. Enzensberger, 1976;
1985; 1995). Do ponto de vista globalidade Enzensberger admite que as utopias
fossem, sem exceção, “plantas europeias” para a edificação de sociedades
utópicas, em que não mais Adão mandava, mas o Novo Homem. As tentativas
terminaram em ressaca, vide o “Anno Mirabilis” de 1989 que como representação
da queda, ou colapso do Muro de Berlim um símbolo não só da chada Guerra Fria,
e em grande parte do contemporâneo mundo ocidental também foi muito “quente”, mas também a divisão
política internacional da Europa depois de 1945. Em meados de 1942, a Wehrmacht
- as forças armadas nazistas - e as tropas do Eixo já ocupavam boa parte da
Europa continental, do Norte da África e quase um quarto do território
soviético. Contudo, após falharem em conquistar Moscou e serem derrotados em
Stalingrado, as forças nazistas retrocederam.
A entrada dos Estados
Unidos da América na guerra ao lado dos Aliados forçou a Alemanha a ficar na defensiva,
acumulando uma série de derrotas a partir de 1943. Nos últimos dias do
conflito, durante a Batalha de Berlim em 1945, Hitler se casou com Eva Braun sua
amante de longa data, Eva Braun. No dia 30 de abril de 1945, os dois cometeram
suicídio para evitar serem capturados pelo exército vermelho. Seus corpos foram
queimados e enterrados. Uma semana mais tarde a Alemanha se rendeu formalmente.
Sob a liderança de Adolf Hitler, com uma ideologia racialmente motivada, o
regime nazista perpetrou um dos maiores genocídios da história da humanidade,
matando pelo menos 6 milhões de judeus e milhares de outras pessoas que Hitler
e seus seguidores consideravam como Untermenschen (sub-humanos) e
socialmente indesejáveis. Os nazistas também foram responsáveis pela morte de
mais de 19,3 milhões de civis e prisioneiros de guerra. Além disso, no total,
29 milhões de soldados e civis morreram como resultado do conflito na Europa
durante a II Guerra Mundial (1939-1945). O número de fatalidades neste
conflito foi sem precedentes e ainda é uma das guerras mais mortais da
história. Como
um dos mentores do movimento estudantil na Alemanha, Enzensberger manteve sua
condição de escritor e analista político, postura que se perpetuou mais tarde,
quando criticou o ideário individual (sonho) e coletivo (rito, mito, símbolo) já desgastado da esquerda, segundo seu biógrafo Jörg
Lau (1999), nascido em 1964, editor no semanário alemão Die Zeit.
As suas áreas temáticas são o Islão, o liberalismo, a
integração e a religião. Publicou vários ensaios, o mais recente dos quais – Leitkultur – sobre o novo patriotismo e
a cultura de esquerda resultantes do fato de a Alemanha se ter tornado um país
de imigração. Imediatamente após a guerra, “ganhou a vida” comercializando no
mercado paralelo. Contudo, estudou Literatura e Filosofia nas universidades de
Erlangen, Freiburg, Hamburgo e na Sorbonne, onde se doutorou em 1955. Trabalhou
como Redator na rádio de Stuttgart e exerceu a docência até 1957, com o volume
de poesias Verteidigung der Wölfe. Em
1963, com 33 anos de idade, foi um dos autores mais jovens a receber o
prestigioso Prêmio Georg Büchner. Entre 1965 criou a revista Kursbuch e em 1975 foi membro do Grupo 47, e desde 1985 como Editor da
série literária Die Andere Bibliothek.O
Prêmio Georg Büchner é o mais importante prêmio literário da literatura alemã.
Seu nome homenageia o escritor e dramaturgo alemão Georg Büchner (1813-1837). O
prêmio foi fundado em 1923, na época da República de Weimar, pela câmara de
deputados do Estado Popular de Hesse (extinto em 1946, hoje: Hesse) para
decorar artistas ligados com Hessen. Entre 1933 e 1944 o prêmio foi substituído
por um prêmio da cidade alemã Darmstadt. Desde 1951 o Georg-Büchner-Preis é concedido
anualmente pela Deutsche Akademie für Sprache und Dichtung. A doação de
3.000 marcos alemães em 1951 subiu até 2004 para 40.000 Euros, sendo assim um
dos mais dotados prêmios literários da Alemanha.
Como é sabido, viajar para países distantes, continentais, era incomum entre
seus conterrâneos, mas o escritor, um viajante incansável, viveu na França,
México, Estados Unidos da América, Itália, Noruega, Cuba, União Soviética e,
desde 1979, mora em Munique. Foi considerado um rebelde por seus poemas agressivos
e seus textos em prosa. Em 2008 obteve o Prêmio Príncipe de Astúrias de Comunicación y Humanidades. A
psiquiatria nos ensina que uma fase depressiva facilmente reverte para um
quadro de mania e vice-versa. Algo nos faz supor que tal reviravolta repentina
pode ser observada não só em pacientes individuais como também em grandes
coletividades. Nos anos 1970 e 1980 a depressão parecia preponderante. Por toda
parte ensaiavam-se roteiros de decadência. A “Guerra Fria”, com seus bloqueios
e conflitos envolvendo nações-fantoche, havia causado a paralisia da política
internacional. Esboçaram-se catástrofes ambientais de todo tipo ideal. O Clube de Roma profetizou o esgotamento
de todos os recursos finitos a curtíssimo prazo. Tornou-se muito conhecido a
partir de 1972, ano da publicação do relatório intitulado: “Os Limites do
Crescimento”, elaborado por uma equipe do MIT - MassachusettsInstitute of
Technology, contratada pelo Clube de
Roma e chefiada por Dana Meadows. O relatório, que ficaria conhecido como “Relatório
do Clube de Roma” ou “Relatório Meadows”, tratava de problemas cruciais no
âmbito da sociedade pós-industrial.
Estava em curso o futuro da humanidade tais como energia, poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional, foi publicado e vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre ambiente mais vendido da história social e política. Fase um do Projeto sobre o Previsão da Humanidade tomou forma definitiva nas reuniões realizadas no verão de 1970, em Berna (Suíça), e Cambridge, Massachusetts (Estados Unidos da América). Em duas semanas na conferência em Cambridge, o professor
Jay Forrester do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT) apresentou o modelo global que permitiu a
identificação clara de muitos componentes da problemática e sugeriu uma técnica
para analisar o comportamento e as relações mais importantes desses componentes.
Esta apresentação levou à fase um no fabuloso MIT, onde o trabalho pioneiro do prof. Forrester
e outros no campo disciplinar da dinâmica de sistemas criou um corpo de conhecimentos
excepcionalmente adequado para o desenvolvimento da pesquisa científica. Utilizando modelos matemáticos, o MIT
chegou à conclusão de que o planeta Terra não suportaria o crescimento devido à pressão gerada sobre os recursos naturais e energéticos e
ao aumento da poluição, tendo em conta o fulminante avanço científico e tecnológico.
A
Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior
dos oito planetas do Sistema Solar. É também o maior dos quatro planetas
telúricos. É por vezes designada como Mundo ou Planeta Azul. Lar de milhões de
espécies de seres vivos, incluindo os seres humanos, a Terra é o único corpo
celeste onde é reconhecida a existência de vida. O planeta formou-se há 4,56
bilhões de anos, e a vida surgiu na sua superfície depois de um bilhão de anos.
Desde então, a biosfera terrestre alterou de forma significativa a atmosfera e
fatores abióticos do planeta, permitindo a proliferação de organismos
aeróbicos, como a formação da camada de ozônio, que em conjunto com seu campo
magnético, bloqueia radiação solar prejudicial, permitindo a vida no planeta. A
sua superfície exterior é dividida em segmentos rígidos, chamados placas
tectônicas, que migram sobre a superfície terrestre ao longo de milhões de
anos. Aproximadamente 71% da superfície é coberta por oceanos de água salgada,
com o restante consistindo de continentes e ilhas, contendo lagos e corpos de
água que contribuem para a hidrosfera. Os polos geográficos da Terra
encontram-se majoritariamente cobertos por mantos de gelo ou por banquisas. Uma
bomba-relógio é a designação sociológica de um artefato denominado bomba
que é acionada para detonação através de um período de tempo, geralmente
calculado por um relógio.
A
utilização dessa técnica, permite que o artefato seja abandonado ou alojado em
um local, sem a presença humana. Possui diversos propósitos, como fraude em
seguros, terrorismo, assassinato e como arma de guerra. A palavra também é
usada metaforicamente. - Esse problema é uma bomba-relógio significa algo que
algo deve ser feito para sua realização, antes que exploda. A carga explosiva é
o componente principal de qualquer bomba, e faz-se a maior parte do tamanho e
do peso da mesma. É o elemento nocivo da bomba juntamente com quaisquer
fragmentos ou estilhaços que a deflagração pode produzir com o seu recipiente
ou objetos vizinhos. A carga explosiva é detonada por um detonador. Trata-se um
mecanismo de uso de tempo. Uma bomba-relógio pode ser fabricada
profissionalmente, separadamente ou como parte do dispositivo, ou pode ser
improvisado a partir de um timer caseiro, como um despertador, relógio de
pulso, timer de cozinha digital ou manual, computador ou notebook. Ipso facto,
existem vários métodos e processos de trabalho através do qual o ponto de
ignição pode ser ajustado. Muitas vezes, é utilizado um relógio que pode ser ajustado
e é construída na bomba.
Em
outros modelos como as bombas que foram usados no atentado terrorista de
Dresden é um detonador química usado. Quando a bomba atinge o solo quebrando
uma cápsula de vidro com acetona. A acetona, dissolve-se lentamente numa
partição de plástico para uma quantidade de ácido. Este ácido reage com uma
substância química diferente, e conduz a explosão da bomba. Dependendo da
concentração de acetona na cápsula, o tempo de ignição pode ser definido para
mais ou para menos. Os principais tipos de bomba-relógio são: bomba de ação
retardada, bombas lançadas por aeronaves com um atraso para aumentar o dano,
dispositivo explosivo improvisado, bombas caseiras com um atraso para permitir
que a pessoa engajada que dispõe a bomba possa escapar e não ser percebida e, bombas
profissionais ou bélicas, onde tem sua utilidade de uso em atividades
pragmáticas. O interior da Terra permanece ativo e relativamente sólido, um
núcleo externo líquido que gera um campo magnético, e um núcleo interno sólido,
composto, sobretudo por ferro. A Terra interage com objetos em movimento
no espaço, em particular com o Sol e a Lua. A Terra orbita o Sol uma vez por
cada 366,26 rotações sobre o seu próprio eixo, o que equivale a 365,26 dias
solares ou representa um (01) ano sideral.
O
eixo de rotação da Terra possui uma inclinação de 23,4° em relação à
perpendicular ao seu plano orbital, reproduzindo variações sazonais na
superfície do planeta, com período igual a um ano tropical, ou, 365,24 dias
solares. A Lua é o único satélite natural reconhecido da Terra. O atual modelo
consensual para a formação da Lua é representado pela hipótese do grande impacto. É uma
hipótese astronômica que postula a formação da Lua através do impacto de um
planeta com aproximadamente o tamanho de Marte, reconhecido como Theia, com a
Terra. Ela é responsável pelas marés, estabiliza a inclinação axial da Terra e
abranda gradualmente a rotação do planeta. A Lua pode ter afetado
dramaticamente o desenvolvimento da vida ao moderar o clima do planeta.
Evidências paleontológicas e simulações de computador demonstram que a
inclinação axial do planeta é estabilizada pelas interações cíclicas de maré
com a Lua. Albert Einstein concluiu seu doutorado em Física, em 1905 e remeteu
para a Revista Anais de Física, em Leipzig, 30 folhas com 4 artigos,
entre eles a formulação inicial da sua famosa Teoria da Relatividade,
que revelaram ao mundo ocidental uma nova visão do Universo.
Ele
propôs uma formula para a equivalência entre massa e energia a célebre equação
E = mc², pela qual a energia (E) de uma quantidade de matéria, com massa (m), é
igual ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz, representada por
(c). Seus estudos e questionamentos supõem o princípio da teoria atômica e da
energia nuclear. Após a publicação dos artigos seu talento é reconhecido
socialmente. Com 30 anos, tornou-se professor de Física na Universidade de
Zurique. No ano seguinte leciona na Universidade de Praga do Império
Austro-Húngaro. Em 1912 ocupou a cadeira de Física, da Escola Politécnica
Federal da Suíça. Em 1913, foi nomeado institucionalmente Privatdozent, um título
universitário próprio das universidades de língua alemã na Europa. Serve para designar
professores que receberam uma habilitação (livre-docência), além de reconhecimento
formal de uma aptidão e autorização para exercê-la, mas que não receberam a
cátedra de ensino ou de pesquisa. Por esta razão, lembrava Max Weber, o Privatdozent não recebe
nenhuma remuneração por parte do governo. Porém, esta é uma passagem
obrigatória antes de obter a cátedra para a Universidade de Berlim, Diretor do
Instituto Kaiser Wilhelm de Física e Membro da Academia de Ciências da
Prússia.
Em 25 de novembro de 1915, ele
subiu ao palco da Academia de Ciências da Prússia e declarou ter concluído sua
exaustiva pesquisa de uma década em busca de um entendimento novo e mais
profundo da gravidade. A Teoria da Relatividade Geral, afirmou Einstein, estava
concluída. A nova radical visão das interações entre espaço, tempo, matéria, a
energia e a gravidade foi um feito reconhecido como uma das maiores conquistas
intelectuais da humanidade. Em 1919, Einstein tornou-se reconhecido em todo o
mundo, depois que sua teoria foi comprovada em experiência realizada durante um
eclipse solar. Em 1921, o cientista Albert Einstein foi agraciado com o Prêmio
Nobel de Física por suas contribuições abstratas à Física Teórica e,
especialmente por sua descoberta da Lei do Efeito Fotoelétrico. No dia 10 de
novembro de 1922, durante a cerimônia de entrega do Nobel de Física, Einstein
estava no Japão e infelizmente não pode recebê-lo pessoalmente. Foi
representado, na cerimônia de consagração entrega do prêmio, pelo embaixador
alemão na Suécia.
A
sociedade pós-industrial formada por três esferas distintas e simultaneamente, a social, politica
e cultural, sociologicamente, onde o axial principal é a tecnologia tem como
principal atividade o processamento de informação com base nas telecomunicações
e computação e tem como princípios o valor e o conhecimento em contraponto com o
valor sobre o trabalho da era industrial. A centralidade do conhecimento teórico
assim como as inovações tecnológicas e expansão do setor dos serviços do
trabalho torna o trabalho intelectual (concepção) mais frequente e importante
que a simples execução de tarefas no âmbito da divisão internacional do
trabalho e concomitantemente da chamada sociedade civil mundial. Estas transformações
profundas na organização trabalho e mundialização da cultura originam mudanças
estruturais também profundas na cultura, politica e economia política de uma dada
sociedade reconhecida como pós-industrial. Falava-se
no “inverno nuclear”. Estados de espírito apocalípticos espalhavam-se além das
telas cinematográficas da indústria cultural hollywoodiana e em geral da TV. É evidente que as sociedades ocidentais haviam ficado afoitas com sua
decadência no período pós-colonial. Bem antes da virada do milênio já se
anunciava o quadro de mania.
Segundo o site
do ClubedeRoma (cf. Meadows,
1972), seus membros são personalidades oriundas de diferentes comunidades, como
a científica, acadêmica, política, empresarial, financeira, religiosa, cultural.
Seu presidente honorário é o diplomata espanhol Ricardo Díez-Hochleitner. Em
outubro de 2010, o Clube tinha dois presidentes, Dr. o Ashok Khosla, da Índia,
e o Dr. Eberhard von Koerber, da Alemanha, e dois vice-presidentes, o Professor
Heitor Gurgulino de Souza, do Brasil, e o Dr. Anders Wijkman, da Suécia. O
trabalho do Clube de Roma é apoiado
por um pequeno secretariado, instalado em Winterthur, no cantão de Zurique,
Suíça, chefiado por Ian Johnson, do Reino Unido. O clube contava com membros efetivos, honorários
e associados, de diferentes países. Os membros honorários são: Jacques Delors (França),
Belisario Betancur (Colômbia), César Gaviria (Colômbia), Fernando Henrique
Cardoso, Hélio Jaguaribe, Cândido Mendes
de Almeida (Brasil), Mikhail Gorbachev, da Rússia, Vaclav Havel (República
Tcheca), Enrique Iglesias (Uruguai), o rei Juan Carlos I (Espanha), a rainha Beatriz (Países Baixos),
para ficarmos nestes exemplos.
Enzensberger
compreendeu que o processo econômico de industrialização traz consigo as
últimas premissas, portanto, as tecnológicas, sem as quais não se pode induzir
industrialmente a consciência através
dos meios sociais de comunicação. A tecnologia do rádio, do cinema e da
televisão foi estabelecida só em fins do século XIX, isto é, um momento em que
a eletrotécnica há muito fora introduzida na produção industrial de bens de
consumo. Dínamo e motor elétrico precederam amplificadores e câmera
cinematográfica. Esse atraso histórico corresponde à evolução econômica.
Contudo as premissas técnicas da “indústria da consciência” não precisam ser
ainda conquistadas, elas já estão dadas, e definitivamente. De outro lado, suas
condições políticas e econômicas até hoje só se deram plenamente nos países
mais poderosos em competição no mundo. Mas sua concretização é iminente em toda
parte. Trata-se de um processo irreversível. Consequentemente, qualquer crítica
à indústria da consciência que pretenda a sua eliminação, é impotente e
obscura. Ela se baseia na sugestão suicida de retroceder na industrialização,
liquidando-a. O fato de que tal autoliquidação seja possível à nossa
civilização por meios técnicos torna as propostas de seus críticos reacionários
uma ironia macabra. Não foi assim que imaginaram essa reivindicação; deveriam
desaparecer apenas os “tempos modernos”, o “homem-massa” e a televisão. Mas os
seus críticos pretendiam ficar a salvo. De qualquer forma, os efeitos da
indústria da consciência foram descritos, em detalhes, e por vezes com grande
argúcia. Em
relação aos países capitalistas, a crítica ocupou-se especialmente dos massmedia
e da publicidade. Com excessiva facilidade, conservadores e mesmo analistas marxistas
concordaram em censurar o caráter comercial dessas atividades. Essas acusações
não atingem o cerne da questão.
Sem falar que dificilmente seria mais imoral
lucrar com a multiplicação de notícias ou de sinfonias do que com pneus, ou
seja, uma crítica desse tipo ignora exatamente o que distingue historicamente a
consciência de todas as demais, a saber: que o desenvolvimento
das mídias eletrônicas, indústria da consciência tornou-se o marca-passo do
desenvolvimento socioeconômico da sociedade global. Nos seus ramos mais
evoluídos ela nem trabalha mais com mercadorias; livros e jornais, quadros e
fitas gravadas são apenas seus substratos materiais, que se volatizam sempre
mais com a crescente maturidade técnica, desempenhando papel econômico
destacado somente em seus ramos mais antiquados, como as tradicionais editoras.
O rádio, não pode mais ser comparado a uma fábrica de fósforos. Seu produto é
totalmente imaterial. Não se produzem
nem se divulgam entre as pessoas bens, mas “opiniões, juízos e preconceitos,
conteúdos de consciência os mais variados”. Quanto mais recuam os seus suportes
materiais, quanto mais são fornecidos de forma abstrata e pura, tanto menos a
indústria viverá da sua venda de mercadorias.
Portanto,
a exploração material precisa
abrigar-se atrás do imaterial e
conseguir por novos meios a adesão dos dominados. A acumulação de poder
político segue-se à de riquezas. Já não se penhora apenas força de trabalho,
mas a capacidade de julgar e de decidir-se. Não se elimina a exploração, mas a consciência da exploração. Começa-se com
a eliminação de alternativas a nível industrial, de um lado através de
proibições, censura e monopólio estatal sobre todos os meios de produção da indústria
da consciência, de outro lado através de “autocontrole” e da pressão através
da realidade econômica. Em lugar do depauperamento material, a que se referia
Marx, aparece um processo imaterial, que se manifesta mais claramente na
redução das possibilidades políticas do indivíduo: uma massa de joões-ninguém políticos, à revelia dos
quais se decide até mesmo o “suicídio coletivo”, como tem ocorrido
particularmente nos Estados Unidos da América (EUA), defronta-se com uma quantidade
cada vez menor de políticos todo-poderosos. Que esse Estado seja aceito e
voluntariamente suportado pela maioria, é hoje a mais importante façanha que
tem como escopo a aura da indústria da consciência. A
ambiguidade que existe nessa situação, de que a “indústria da consciência”
precisa sempre oferecer aos seus consumidores aquilo que depois lhes quer
roubar, repete-se e aguça-se quando se pensa em seus produtores: os intelectuais. Estes não dispõem do aparato
industrial, mas o aparato industrial é que dispõe deles; mas também essa
relação não é unívoca. Muitas vezes acusou-se a indústria da consciência de
promover a liquidação de “valores culturais”. O fenômeno demonstra em que
medida ela depende das verdadeiras minorias produtivas. Na medida em que ela
rejeita seu trabalho por considerá-lo incompatível com sua missão política, ela
se vê dependendo dos serviços de intelectuais oportunistas e da adaptação do
antigo, que está apodrecendo sob as suas mãos. Os mandantes da “indústria da
consciência”, não importa quem sejam, não podem lhe comunicar suas energias
primárias. Devem-nas àquelas minorias a cuja eliminação ela se destina, melhor
dizendo: seus autores, a quem desprezam como figuras secundárias ou petrificam
como estrelas, e cuja exploração possibilitará a exploração dos consumidores. O
que vale para os clientes da indústria vale mais ainda para seus produtores;
são eles há um tempo seus parceiros e seus adversários.
Ocupada com a multiplicação da consciência, ela multiplica suas próprias contradições e alimenta a diferença entre o que lhe foi encomendado e aquilo que realmente consegue executar. É
neste sentido que, para Enzensberger, toda crítica analítica à indústria da
consciência é inútil ou perigosa se não reconhecer essa ambiguidade. Quanta
insensatez se faz neste sentido, já se deduz do fato político de que a maioria
dos que a analisam nem refletem sobre sua própria posição; como se a crítica
cultural não fosse ela mesma parte daquilo que está criticando, como se
houvesse possibilidade de se manifestar sem servir-se da indústria da
consciência, ou melhor, sem que a indústria da consciência dela se servisse. Todo
o pensamento não dialético perdeu aqui seu direito e não há retorno possível.
Perdido também estaria quem, por má vontade contra os aparatos industriais, se
recolhesse a uma suposta exclusividade, pois os padrões industriais há muito
invadiram as reuniões dos conventículos. É preciso distinguir como na
esfera política, entre ser incorruptível e ser derrotista.
Não se trata de
rejeitar cegamente a chamada indústria da consciência, mas de adentrar no seu perigoso
jogo. Para isso são precisos novos conhecimentos, uma vigilância preparada para
qualquer forma de pressão. O poeta, romancista, crítico cultural e ensaísta alemão Hans Magnus
Enzensberger, estivera no Instituto Goethe de São Paulo para um público de 200 pessoas. O tema programado para o debate era outro. Enzensberger deveria falar sobre seu livro: Guerra Civil, editado pela Editora Companhia das Letras. Mas optou por recuperar aspectos de seu ensaio: Mediocridade e Loucura. A classe média, disse Hans Magnus Enzensberger, é a vanguarda da mediocridade. Ela absorveu em seu “purê imaginário” a chamada alta cultura burguesa e a baixa cultura proletária. Nos dias de hoje tanto os burgueses e operários não têm projetos de vida alternativos. Eles imitam a classe média. Os primeiros compram carros mais caros e erguem palacetes em Miami. Os últimos se desdobram para pagar as prestações da geladeira. Mas o horizonte de ambos é sempre o mesmo. Todos
almejam aquela minúscula e boçal felicidade que aparece, por exemplo, no rosto
de cada motorista exibindo seu celular pelas ruas de São Paulo. Como escreve
Enzensberger, “essa sociedade é medíocre. Medíocre são os seus donos do poder e
suas obras artísticas, seus representantes e seu gosto, suas alegrias, sua
opinião, sua arquitetura, seus meios de comunicação, seus vícios, sofrimentos,
costumes”.
O tema da guerra civil analisado magistralmente por Marx, acabou
vindo à tona através das intervenções dos dois ilustres convidados presentes, o
crítico literário Roberto Schwarz e o historiador Nicolau Sevcenko, que
afirmavam com razão que nossos “mosqueteiros intelectuais” defendiam a
atualização da sociedade com o modo de vida da Europa, a modernização do País,
sua integração na ordem internacional e a elevação do nível intelectual da
população. Os caminhos propostos para alcançar tais horizontes eram variados,
demarcados pela ideia de liberalização das iniciativas (ou a individualização
das referências) que deveriam acontecer no ambiente social da concorrência pela
via liberal e pela ampliação da participação política. Enfim, a seleção das fontes
secundárias de nossos homens de ciência é compreensível através do princípio da
utilidade das teorias sociais para lidar com as especificidades da sociedade
brasileira. O racismo das teorias científicas europeias do período tinha origem
aristocrática, e se enquadrava perfeitamente no contexto social do Império do
Brasil. Nossa elite social e política branca burguesa racista, urbana e per se ilustrada aceitava as teorias que
justificavam seus privilégios e, nos intelectuais engajados acadêmicos
ou não que se consideravam progressistas e republicanos, essa aceitação
implicava um aparente contrassenso. Na verdade, o liberalismo brasileiro se
caracterizou por uma cisão entre princípios liberais e democráticos. As elites
sociais do Segundo Reinado estabeleceram uma estrutura de poder onde o
liberalismo conviveu com a manutenção das desigualdades políticas.
Bibliografia geral consultada.
ARON, Raymond, La Société Industriell et la Guerre. Paris: Éditions Plon, 1985; Idem, Dimensions de la Consciense Historique. Paris: Editeur Julliard, 1985; CATARINO, Maria
Helena Horta Simões, Mausoleum de Hans Magnus Enzensberger: A Balada Moderna
e o Mito do Progresso. Tese de Doutorado em Literatura Alemã. Faculdade de
Letras. Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas. Coimbra: Universidade
de Coimbra, 1988; ARCHIBALD, Thomas – “Energy and the mathematization of
electrodynamics in Germany, 1845-1875”. In: Archives Internationales
d’Histoire des Sciences, nº 39, 1989; ENZENSBERGER, Hans Magnus, Política y Delito.
Barcelona: Editorial Seix Barral, 1966; Idem, Para uma Crítica de la
Ecología Política. Barcelona: Editorial Anagrama, 1974; Idem, Contribución
a la Crítica de la Ecologia Política. Puebla: Universidad Autónoma de
Puebla, 1976; Idem, Com Raiva e Paciência: Ensaios sobre Literatura,
Política e Colonialismo. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1985; Idem, Eu
Falo Dos Que Não Falam. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985; Idem, O
Curto Verão da Anarquia: Buenaventura Durruti e a Guerra Civil Espanhola.
São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1987; Idem, Perspectivas de Guerra
Civil. Madrid: Ediciones Anagrama, 1994; Idem, Mediocridade e Loucura.
Rio de Janeiro: Editora Ática, 1995; Idem, O Diabo dos Números. São
Paulo: Editora Companhia das Letras, 1997; Idem, O Naufrágio do Titanic.
Rio de Janeiro: Editora Companhia das Letras, 2000: CASTILLO, María Dolores
Tiestos del, “Los Primeiros Passos de un Agitador de Conciencias en la España
de Franco: Traducción y censura de Política y Delito de Hans Magnus
Enzensberger”. In: Cartaphilus - Revista de Investigación y Crítica Estética,
4 (2008), 188-195; NICOLAU, Marcos
Fabiano Alexandre, O Conceito de Formação Cultural (Bildung) em Hegel.
Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira. Faculdade
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Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica. São Paulo: Pontifícia
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