sábado, 5 de setembro de 2015

Jane Fonda – Woodstock, Sensualidade & Fisiculturismo

Ubiracy de Souza Braga*

A idade é uma questão de atitude. Quando você sabe o que quer e tem paixão pela vida, permanece jovem”. Jane Fonda


                   
Filha do renomado ator Henry Fonda, Jane Seymour Fonda iniciou sua carreira no cinema em 1960 com o filme: “Tall Story”, ao lado de Anthony Perkins. Mais tarde, despontou com o voguismo em torno do tema “sex symbol” nos filmes: “Cat Ballou” (1965) e “Barbarella” (1968). Em 1971 recebeu seu primeiro Oscar de melhor atriz pelo filme: “Klute – O Passado me Condena”. Em 1978 repetiria a dose por “Amargo Regresso”. Após o divórcio de Roger Vadim, pai de sua filha Vanessa, Jane casou mais duas vezes: com o ativista político Tom Hayden, pai de seu filho Troy e com o magnata das comunicações Ted Turner, proprietário da CNN e da TNT. Jane afirmou que, para acompanhá-lo deixaria sua carreira em segundo plano - o que de fato vem ocorrendo desde 1991 quando anunciou que estava se aposentando da carreira de atriz, mas de forma inusitada retornou às telas com “A Sogra”, em 2005. Ela é reconhecida pelos vídeos de culto ao fisiculturismo que estrelou e produziu entre os anos de 1982 e 1995. Jane Seymour Fonda nasceu em Nova Iorque, em 21 de dezembro de 1937. É uma atriz, escritora, ativista política de esquerda, ex-modelo e “guru de exercícios físicos”.
Antes de dar início à carreira de atriz, Jane foi modelo nos anos 1950, tendo estampado a capa de diversas revistas de moda, entre elas a Vogue. Jane se interessou pela atuação em 1954, após ter atuado com o pai numa produção beneficente da peça “The Country Girl” no Teatro Comunitário de Omaha. Ela estudou no Emma Willard School em Troy e na Faculdade Vassar em Poughkeepsie, onde foi uma aluna notável. Após se formar em Vassar, Jane Fonda morou em Paris por dois anos para estudar arte. Ao retornar, se encontrou com Lee Strasberg, do renomado Actors Studio, organização que oferece curso preparatório para atores. De acordo com Jane Fonda, “Lee Strasberg foi a primeira pessoa, com exceção de seu pai, que lhe disse que tinha talento”.



Lady Jane já assumiu várias personas na vida artística, de jovenzinha linda em comedinhas românticas no início dos anos 1960: “Até os Fortes Vacilam” (1960), “Um Domingo em Nova York” (1963), “Descalços no Parque” (1967), de sex symbol em fantasia futurística dirigida por seu então marido Roger Vadim (“Barbarella”, 1968), de instrutora de fitness em vídeos sobre aeróbica ou coisa parecida, nos anos 1980, de ex-atriz tornada esposa de magnata da TV. Nunca foi propriamente hippie, mas, na época do “flower power”, que foi também a época da contestação de praticamente todos os valores estabelecidos, ela assustou milhões de conterrâneos conservadores que a chamaram de “Hanói Jane” por seu apoio explícito ao aparente inimigo, o regime comunista de Ho Chi Min que acabaria derrotando o Exército mais poderoso do mundo ocidental que já houve na História. No finalzinho dos anos 1960 e ao longo dos 1970 e início dos 1980, disputando com a colega inglesa Vanessa Redgrave o “título de estrela da esquerda”, fez diversos filmes de contestação mais leve ou mais forte ao establishment, tais como: “A Noite dos Desesperados” (1969), “Adivinhe Quem Vem para Roubar” (1977), “Julia” (1977), “Amargo Regresso” (1978), “A Síndrome da China” (1979), “O Cavaleiro Elétrico” (1979), “Como Eliminar Seu Chefe” (1980). Uma comunidade de velhinhos “ripongas”, como se o tempo tivesse parado.
Grace, a personagem de Jane Fonda neste “Paz, Amor”, congelou-se numa cápsula do tempo: mantém, nos Estados Unidos dos anos 2010, o mesmo estilo de vida de quando era jovem e participou, com mais meio milhão de “malucos-beleza”, para lembrarmo-nos de Raul Seixas, da orgia dos “Three Days” de Woodstock. Deu à luz sua única filha enquanto Jimi Hendrix incendiava o palco com sua guitarra em brasa literalmente. Obteve êxtases mais que chuchu na serra, teve mais amantes do que Liz Taylor teve maridos, fumou mais maconha do que Humphrey Bogart fumou nicotina. Em Woodstock pariu, em Woodstock ficou. A pequenina cidade do interior do Estado de Nova York, cercada de idílica paisagem rural, ao mesmo tempo não muito distante da maior metrópole do país e a anos-luz de distância do espírito de Manhattan, o umbigo do capitalismo, acabou atraindo – é o que demonstra o filme, e deve ser verdade – “levas” de bons velhos hippies. Uma grande comunidade de velhinhos “ripongas” vive lá, como se o tempo desmentisse Cazuza (“o tempo não para, não para...”) e tivesse de fato parado. E naquela comunidade Grace é uma espécie de princesa, embora não coroada. Todos a conhecem, a respeitam – até porque sempre foi linda, e continua linda aos 74 anos, teve casos com grandes músicos que todos adoram, cultiva e é fornecedora regular de maconha para a rapaziada, ou melhor, a velharada anticapitalista. 
Após seu mais que decepcionante retorno à telona em 2005, com “A Sogra”,  filme co-estrelado por Jennifer López, Jane Fonda volta como a grande atriz que sempre foi na produção francesa: “E Se Vivêssemos Todos Juntos?”, que estreou na Espanha neste fim de semana. Ativista política, pioneira da aeróbica, empresária milionária, símbolo sexual e atriz de renome, Jane Fonda ainda tinha muita carreira pela frente em 1986, quando após uma grande interpretação no filme: “A Manhã Seguinte”, de Sidney Lumet sugeriria “que sua passagem pelas telonas acabara”. Com esse filme recebia sua sétima indicação ao Oscar em 18 anos, estatueta que já vencera duas vezes com “Amargo regresso” e “Klute - O Passado Condena”, e com essa decisão deixava o cinema aparentemente órfão de um de seus rostos mais vibrantes e expressivos. Ainda estrearia mais dois filmes – “Gringo velho” e “Stanley & Iris” -, mas seu casamento com o magnata Ted Turner, em 1991, confirmou essa aposentadoria, que lhe permitiu dedicar-se a causas humanitárias e desfilar ainda pelo tapete vermelho do Oscar. Com o  divórcio, em 2001, voltaram a soar os sinos do retorno, que só se confirmou em 2005.



Em primeiro lugar, a palavra corpo (“köper”), de origem latina, designava originalmente o mesmo que “coisa”, distinto da analogia em Marx na apreensão do objeto “mercadoria” para compreensão do processo de produção do capital, distinto ainda na formulação dos “fatos sociais”, na explicação positiva das relações sociais na perspectiva sociológica de Émile Durkheim é empregada para designar os objetos distinguíveis, demonstráveis e por isso perceptível pelos sentidos em nosso mundo da vida. Histórica e esteticamente falando, por extensão, o conceito de “corpolatria” refere-se à representação psicofísica do culto do corpo, desconfiança face aos prazeres, insistência sobre os efeitos de seu abuso para o corpo e para a alma, valorização do casamento e das obrigações conjugais, desafeição em relação às significações compreendidas como espirituais atribuídas ao amor pelos rapazes.
 Existe no pensamento dos filósofos na Antiguidade e dos médicos na contemporaneidade, desde o decorrer dos dois primeiros séculos, de acordo com Foucault (1985: 45 e ss.), toda uma severidade da qual testemunham os textos de Soranus e de Rufo de Éfeso, de Musonius ou de Sêneca, de Plutarco assim como de Epicteto ou de Marco Aurélio. Aliás, constitui um fato entre os pensadores antigos e contemporâneos, assim como no âmbito dos autores cristãos tomarem, dessa moral, empréstimos maciços – explícitos ou não; e a maior parte dos historiadores concorda em reconhecer a existência, o vigor e o reforço desses temas de austeridade e manutenção corporal numa sociedade na qual os contemporâneos descrevem, frequentemente para reprova-los, a imoralidade e os costumes dissolutos com o cuidado excessivo do corpo.        
Sustentamos a tese segundo a qual a corpolatria é uma espécie de “patologia da  modernidade”. Ela é caracterizada pela preocupação e cuidado extremos com o próprio corpo, não exatamente no sentido da saúde ou presumida falta dela, como no caso da hipocondria, mas particularmente no sentido narcisístico de sua aparência ou embelezamento físico. Para o corpólatra, a própria imagem refletida no espelho se torna obsedante, incapaz de satisfazer-se com ela, sempre achando que pode e deve aperfeiçoá-la. Sendo assim, a corpolatria se manifesta como exagero no recurso às cirurgias plásticas, gastos excessivos com roupas e tratamentos estéticos, abuso do fisiculturismo, entendido como musculação, uso de anabolizantes, etc.
Do ponto de vista materialista a corpolatria, como fenômeno psicossocial,  aparentemente está relacionada com as mudanças no campo do trabalho produtivo ocorridas no final do século XX, a saber, desde que a distinção entre produção e reprodução social perdeu nitidez, confundindo-se o tempo vital com o tempo de trabalho. Desde então, em muitas profissões e ocupações a aparência corporal e o vigor físico passaram a ser uma espécie de “segunda força produtiva” ao lado da força de trabalho propriamente dita, com o “tempo livre” (cf. Lafargue, 1911; Lafargue, 1983) tendendo a se tornar um segundo turno do trabalho produtivo. Como patologia de saúde coletiva, a corpolatria tende a se agravar tanto mais encontre não só um amplo mercado de produtos e serviços. Mas, sobretudo voltados para o culto ao corpo como a também  propalada espécie de emancipação imagética ou de libertação pessoal dos determinantes repressivos da produção capitalista (cf. Dejours, 1988).
Do ponto de vista estético o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900) já se referia, há mais de um século, que somente as pessoas superficiais não julgam pela aparência. Criado numa família protestante estudou na Port Royal School de Enniskillen e no Trinity College de Dublin, sobressaiu-se como latinista e helenista, sendo, portanto conhecedor do tema. Ganhou depois uma bolsa de estudos para o Magdalen College de Oxford. Tornou-se célebre por suas tiradas sarcásticas e irônicas – muitas, porém, dotadas de uma boa dose de verdade incômoda. Melhor dizendo, para Oscar Wilde, quem tem um mínimo de cultura, alma e inteligência, sabe que o belo chama mais a atenção do que o feio e, portanto, em princípio, é mais importante. Contudo, a segunda tese diz respeito ao fato de que a beleza nunca foi tão importante quanto agora.
Seus trabalhos no teatro no final da década de 1950 estabeleceram as bases para sua carreira no cinema na década de 1960. Ela gravou quase dois filmes por ano até o fim da década a partir de “Tall Story” (1960), no qual recriava uma de suas personagens mais famosas da Broadway: uma líder de torcida que perseguia um astro do basquete, interpretado por Anthony Perkins. Logo em seguida estrelou em “Period of Adjustment” e “Walk on the Wild Side”, ambos lançados em 1962. Em “A Walk on the Wild Side”, pelo papel de uma prostituta, Jane ganhou o Globo de Ouro de atriz novata mais promissora. Em 1963 ela estrelou “Sunday in New York”. O jornal Newsday afirmou que Jane se tratava da “mais adorável e talentosa de todas da nossa nova geração de atrizes”. Entretanto, Jane Fonda também tinha seus depreciadores: no mesmo ano, a Harvard Lampoon a nomeou contraditoriamente “a pior atriz do ano”. Talvez o maior avanço de sua carreira tenha sucedido com “Cat Ballou” (1965), em que interpretava uma professora de escola rural que virava fora-da-lei. O filme, uma comédia western, recebeu cinco indicações ao Oscar, inclusive vencendo o de melhor ator para Lee Marvin e foi um dos dez filmes de maior bilheteria do ano nos Estados Unidos da América. Este filme é considerado para muitos analistas de cinema o ponto de ruptura na carreira de Jane Fonda, trazendo-a para o estrelato aos 28 anos de idade. Após este filme, ela estrelou nas comédias “Any Wednesday” (1966) e “Barefoot in the Park” (1967), a última ao lado do ator e posteriormente diretor Robert Redford.


Em 1972, Jane estrelou como uma repórter ao lado de Yves Montand em “Tout va bien”, clássico marxista de Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin. No mesmo ano, os diretores fizeram um documentário intitulado: “Letter to Jane”, no qual ficam quase duas horas comentando sobre uma foto da atriz quando de sua visita ao Vietnã do Norte. Entre “Klute” em 1971 e “Fun With Dick and Jane” em 1977, passou grande parte da primeira metade da década sem um grande sucesso, apesar de ter estrelado em filmes alternativos aclamados como “A Doll`s House” (1973), “Steelyard Blues” e “The Blue Bird” (1976), o último, filmado na União Soviética, ao lado de Elizabeth Taylor, Ava Gardner e Cicely Tyson. Para ela, sua carreira floresceu após suas declarações contra a Guerra do Vietnã. Esse florescimento deu-se, em partes, pela fundação de sua própria produtora, a IPC Films, com a qual fez filmes que a ajudaram a conquistar de volta o estrelato. O filme de comédia de 1977 “Fun With Dick and Jane” é geralmente considerado seu retorno às bilheterias. No mesmo ano, conseguiu boas críticas por sua performance como a dramaturga Lillian Hellman em “Julia”, filme pelo qual receberia sua terceira indicação ao Oscar de melhor atriz. Durante o período, Jane anunciou que estrelaria apenas em filmes com temas importantes, razão pela qual rejeitou o papel principal em “An Unmarried Woman”. Em 1979 ela estrelou nos sucessos “The China Syndrome”, sobre o desastroso encobrimento de um acidente nuclear, pelo qual recebeu sua quinta indicação ao Óscar de melhor atriz, e “The Electric Horseman” novamente atuando com o genial Robert Redford.
A partir de comentários atribuídos a ela em entrevistas, alguns críticos de cinema  consideraram que ela havia sido culpada profissionalmente por suas opiniões políticas. Entretanto, Jane Fonda nega as afirmações em sua autobiografia de 2005 “My Life So Far”. Agora com 74 anos, com uma maturidade surpreendentemente invejável, parece ter finalmente recuperado a melhor forma e fama. Em “E Se Vivêssemos Todos Juntos?”, dirigido por Stéphane Robelin, aposta precisamente em um envelhecer digno junto a Geraldine Chaplin e Guy Bedos. Falando um esplêndido francês, Fonda interpreta Jeanne, uma mulher que, com câncer e um marido com princípio de Alzheimer, resiste a terminar seus dias em um asilo e cria uma comunidade de luxo com outros companheiros de geração. Enérgica, disciplinada e sutil em sua interpretação, lança um olhar desencantado, no sentido weberiano, mas disposto a seguir adiante que apresentou desde “A Noite dos Desesperados” até “Num Lago Dourado” e que a transformou notavelmente em uma mulher com personalidade forte nestes tempos de crise de identidade individual e coletiva refletida na esfera mundial da política.

Bibliografia geral consultada.

Artigo: “Uma mulher em três atos”. In: Diário do Nordeste. Fortaleza, 30 de agosto de 2015; Artigo: “Jane Fonda volta ao cinema em grande estilo em: E Se Vivêssemos Todos Juntos”? In: http://cinema.uol.com.br/ultnot/efe/2012/06/02/; LACAN, Jacques, O Mito Individual do Neurótico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1953; NOBLE, David, America by design - Science, Technology and the Rise Corporate Capitalism. New York: Alfred A. Knopf Editeur, 1977; BOSI, Ecléa, Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979; FOUCAULT, Michel, Arqueologia do Saber. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1971; Idem, El Orden del Discurso. Barcelona: Tusquets, 1973; Idem, História da Sexualidade. Rio de Janeiro: Graal, 1977, 3 volumes; Idem, “Genealogia e Poder”, pp. 167 e ss.; Idem, “A Governamentalidade”, pp. 277 e ss. In: Microfísica do Poder. 4ª edição. Rio de Janeiro: Graal, 1984; BEAUVOIR, Simone de, A velhice. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1990; NIETZSCHE, Friedrich, Crepúsculo dos Ídolos. Rio de Janeiro: Editora Relume-Dumará, 2000; DOR, Joël, O Pai e sua Função em Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991; CASTRO, Dana, La Mort pour de Faux et la Mort pour de Vrai. Paris: Albin Michel, 2000; GRÜN, Anselm, A sublime arte de envelhecer. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2007; BECKER, Howard, Art worlds. Berkeley: University of California Press, [1982] 2008; ABDO, Carmita Helena Najjar, Sexualidade Humana e sus Transtornos. São Paulo: Leitura Médica, 2010; ARCHER, Michael, Arte Contemporânea – Uma História Concisa. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2012; MEDEIROS, Vívia Gomes de, A Cultura da Boa Forma nas Redes Sociais da Internet: O Corpo como Consumo na Sociedade Contemporânea. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia. Curso de Bacharelado em Nutrição. Centro de Educação e Saúde. Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, 2015; ROCHA, Deizi Domingues; REZER, Ricardo, Estética, Formação Inicial e Dança: Um Olhar para a Formação de Professoers de Educação Física. In: Movimento. Porto Alegre, vol. 21, nº 4, pp. 865-878, out./dez., 2015; GOMES, Guilherme Foscolo de Moura, Fúria do Comentário: Hipertrofia Hermenêutica na Era de Mimes. Tese de doutorado. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Rio de Janeiro: Univeridade do Estado do Rio de Janeiro, 2015;   entre outros. 
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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).

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