segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Clube de Regatas Flamengo - 120 Anos de Futebol da Nação Rubro-Negra.

                                                    Giuliane de Alencar & Ubiracy de Souza Braga 
    
Eu teria um desgosto profundo. Se faltasse o Flamengo no mundo”. Lamartine Babo

Lamartine de Azeredo Babo nascido no Rio de Janeiro, em 10 de janeiro de 1904 e falecido nesta cidade em 16 de junho de 1963, foi compositor popular brasileiro. Era um dos doze filhos de Leopoldo Azeredo Babo e Bernarda Preciosa Gonçalves, sendo um dos três que chegaram à idade adulta. Era tio de Osvaldo Sargentelli, cujo pai - Leopoldo - nunca o reconheceu oficialmente. Lamartine Babo nasceu no bairro da Tijuca no mesmo ano da fundação do seu clube de coração, o tradicional America Football Club. Tijucano e americano fanático, Lamartine protagonizou cenas memoráveis como o desfile que fez em carro aberto pelas ruas do centro do Rio, fantasiado de diabo, comemorando o último campeonato do América, em 1960. Mesmo tendo sido um leigo em técnica musical, Lamartine criou melodias resultantes de seu “espírito inventivo e versátil”. Começou a compor com catorze anos de idade - a valsa “Torturas do Amor” e, aos dezesseis anos, compõe a opereta “Cibele”. Quando foi para o Colégio São Bento dedicou-se a músicas religiosas. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Porém, foi através das marchinhas carnavalescas, cantadas como “O Teu Cabelo Não Nega”, “Grau 10”, “Linda Morena”, e “A Marchinha do Grande Galo”, que o seu nome se tornou mundialmente conhecido como o Rei do Carnaval.

Em suas letras, predominavam o humor refinado e a irreverência. Lamartine compôs a toada “Zeca Ivo” em homenagem ao seu amigo e compositor José Ivo da Costa, o Zeca Ivo. Também compôs em parceria com Zeca Ivo o fado-toada “A vida é um inferno onde as mulheres são os demônios”. Como poucos, Lamartine alcançou os dois extremos da alma brasileira: a gozação e o sentimento. Em 1937, na cidade mineira de Boa Esperança, numa situação inusitada, compôs o famoso samba-canção Serra da Boa Esperança. Em 1949 compôs os hinos alternativos (não-oficiais) dos 11 participantes do Campeonato Carioca de Futebol daquele ano, com patrocínio do programa de rádio Trem da Alegria, que lançou LPs de cada um dos clubes. Em um só dia Lamartine Babo compôs os famosos hinos dos considerados seis maiores e mais tradicionais times de futebol do Rio de Janeiro - sendo o primeiríssimo em seu coração o America Football Club, além de Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo e Bangu. Em seguida foram escritos os hinos dos clubes considerados “menores”, apesar de não menos tradicionais e importantes, sendo eles o São Cristóvão, Madureira, Olaria, Bonsucesso e Canto do Rio. Esses hinos são, verdadeiramente, hinos populares, sendo os hinos oficiais da maioria dos clubes músicas diferentes. Segundo o professor e músico Bruno Castro, os hinos populares do extraordinário compositor carioca  Lamartine Babo não foram escritos todos de uma vez só, em um único dia".

O conceito de etnia/nação nasce academicamente com a globalização das ciências humanas em geral, mas, sobretudo a partir das crescentes critica ao conceito de raça e, em particular, ao conceito de tribo. Contudo, é ainda considerado no âmbito do debate por muitos como uma noção pouco definida. O termo etnia surgiu no início do século XIX para designar as características culturais próprias de um grupo, como a língua e os costumes. Foi criado por Georges Vacher de Lapouge, antropólogo e teórico da eugenia francês, ateu, anticlerical e militante socialista, tido como um dos fundadores do Partido Operário Francês, de Jules Guesde, posteriormente fundido à Seção Francesa da Internacional Operária (SFIO) em 1902. Tomava a raça como fator dominante na história entendida: a) pelas características hereditárias; b) baseado em laços culturais compartilhados, de modo a diferenciar esse aspecto do conceito de raça associado às características físicas. Eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton, significando o ponto de vista do “bem nascido”. Galton definiu eugenia como “o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente”.
 O tema é bastante controverso, particularmente após o surgimento e ascensão da eugenia nazista, que veio a ser parte fundamental da ideologia de “pureza racial”, a qual culminou no Holocausto. Apesar de ainda haver discussão sobre o uso e abrangência do termo “Holocausto“, o genocídio nazista contra os judeus foi parte de um conjunto mais amplo de atos de opressão e de assassinatos em massa agregados cometidos pelo governo nazista contra vários grupos étnicos, políticos e sociais na Europa. Entre as principais vítimas não judias do genocídio estão ciganos, poloneses, comunistas, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos, Testemunhas de Jeová e deficientes físicos e mentais. Segundo estimativas recentes baseadas em números obtidos desde a queda da União Soviética em 1991, um total de cerca de onze milhões de civis, principalmente eslavos e prisioneiros de guerra foram intencionalmente mortos pelo regime nazista. O termo eugenia é anterior ao termo genética, pois este último só foi cunhado em 1908, pelo cientista e biólogo William Bateson (1785-1873). Numa carta dirigida a Adam Sedgewick, datada de 18 de abril de 1908, Bateson usou pela primeira vez o termo genética para descrever o estudo da variação e hereditariedade. Desde seu surgimento diversos estudiosos, mas principalmente os que declaram que existem graves problemas éticos relativos à questão da eugenia, como a discriminação de pessoas por categorias e hierarquias, pois ela acaba por rotular seres humanos como aptos ou não aptos para a reprodução.
                                        

 A etnia como objeto de estudo da Antropologia se caracterizou desde cedo como tema principal da Etnologia, ciência que se propõe a estudar diferentes grupos étnicos, constituindo-se em torno da própria noção de etnia. Nesse sentido, não importa se o grupo realmente descende de uma mesma comunidade original: o que importa é que os indivíduos compartilhem essa crença em uma origem comum. Uma crença confirmada, pelos costumes semelhantes. Assim, uma etnia se sente parte de uma mesma comunidade que possui religião, língua, costumes e logo, uma cultura em comum. Não importa somente o fato social e cultural de as pessoas que compõem uma etnia compartilharem os mesmos costumes, mas, sobretudo o fato de elas acreditarem fazer parte de um mesmo grupo. Nesse sentido, a etnia é uma construção artificial do grupo, e sua existência depende de seus integrantes quererem e acreditar fazer parte dela. O termo etnia não é sinônimo de raça. A palavra raça caiu em desuso pela comunidade científica quando se corresponde ao diferentes grupos humanos. A ideia de etnia é um conceito diferente da noção social de raça que se usava até a metade do século XX, e abrange mais aspectos culturais. A etnia, ou grupo étnico, divide uma uniformidade cultural, igualmente com as mesmas tradições, reconhecimentos, técnicas, habilidades sociais, língua e comportamento. Pesquisadores da etnicidade também consideram as características genéticas como sendo étnicas.
         O conceito de etnia, bem como o de tribo, é usado em substituição ao de nação, para as chamadas sociedades primitivas passando erroneamente a idéia de nação  pertencer exclusivamente aos Estados contemporâneos. Dessa forma, o conceito de etnia tem sentido etnocêntrico. Nesta medida, a Antropologia trabalha também com a noção conceitual de etnicidade, que é um sentimento de pertencimento exclusivamente a um determinado grupo étnico e social e no caso do futebol um conceito de identidade. O Flamengo é o clube de futebol mais popular do Brasil, e também do mundo, com uma estimativa entre 33 e 40 milhões de torcedores espalhados por todas as cinco regiões geográficas do Brasil. O número expressivo de flamenguistas credencia o clube, como uma nação, segundo alguns levantamentos, como o clube de maior torcida de futebol em todo o mundo. Além do prestígio com o futebol, o Flamengo também se destaca em outras modalidades esportivas coletivas e individuais, notadamente no remo, no pólo aquático e no basquetebol. Neste último, é um dos clubes tradicionais do país, tendo o basquetebol masculino já conquistado 40 títulos cariocas, cinco brasileiros, três sul-americanos, uma liga das Américas e um Mundial Interclubes em 2014.
Flamengo campeão Carioca de 1914.
O Flamengo é um dos maiores clubes de futebol do Brasil e do mundo. Em sua longa história já enfrentou grandes agremiações de todos os continentes, tanto por torneios oficiais, quanto por amistosos. De acordo com estudo realizado pela agência de marketing esportivo Gerardo Molina-Euroamericas, o Flamengo é a equipe com a maior torcida do mundo, com 39,1 milhões de torcedores. O Rubro-Negro, porém, fica atrás do time argentino Boca Juniors quando a comparação é feita em relação à população total do país. Enquanto o time carioca contaria com 25% dos torcedores do Brasil, 46,8% dos hermanos torceriam pelo time de Buenos Aires. Ainda de acordo com o levantamento feito em países como Brasil, Argentina, México, Espanha, Alemanha, Itália, Inglaterra, Portugal, França, Holanda e Japão, o Corinthians aparece somente em quarto lugar na lista, com 28 milhões de torcedores. O Chivas, do México, com 33,8 milhões, é o segundo, seguido do também time mexicano América, que tem 29,4 milhões de adeptos. O Juventus, da Itália, teria uma torcida com 26,3 milhões de pessoas. A pesquisa lembra ainda que proporcionalmente à população dos países, comparativamente, o time Boca Juniors supera, além do Flamengo, grandes agremiações como São Paulo, Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique, Milan, Inter de Milão, Manchester da Inglaterra e Ajax da Holanda.
      Dentre suas maiores glórias no futebol, destacam-se as conquistas da Copa Intercontinental e da Copa Libertadores em 1981, além de 5 títulos do Campeonato Brasileiro, a Copa União em torneio realizado pelo Clube dos 13 e reconhecido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em seu guia oficial como Campeonato Brasileiro, 3 da Copa do Brasil e 33 do Campeonato Carioca, constituindo-se o maior vencedor da competição. Entre outros feitos desportivos, o Flamengo foi eleito o 9° maior clube de futebol do Século XX, em levantamento realizado pela FIFA - Fédération Internationale de Football Association é um dos cinco clubes do país ao lado de clubes como o Cruzeiro, Santos, São Paulo e Internacional que jamais foram rebaixados para a segunda divisão nacional. Ipso facto, detém, junto ao Botafogo de Futebol e Regatas, a maior sequência invicta do futebol brasileiro com 52 partidas em 1979. Por outro lado, foi o primeiro clube reconhecido a atingir a marca de mil jogos na 1ª divisão nacional em partida realizada contra o Santos Futebol Clube no dia 27 de julho de 2009. 
           Historicamente em fins do século XIX o remo dominava o Rio de Janeiro. O futebol começava apenas a aparecer em alguns clubes, mas ainda era olhado com certo temor, pois não estava sendo recebido com entusiasmo pela sociedade carioca. A criação de um grupo organizado com o objetivo de disputar competições de remo com clubes de outros bairros surgiu entre jovens do charmoso bairro do Flamengo, no Café Lamas, no Largo do Machado. Nestor de Barros, José Agostinho Pereira da Cunha, Felisberto Laport, Augusto Lopes, Mário Spindola e José Félix da Cunha Meneses compraram um barco, chamaram-no de “Pherusa”. A embarcação precisava ser consertada. Tiveram que leva-la para a antiga praia de Maria Angu, hoje conhecida como praia de Ramos, lá havia um armador local que se dispusera a consertar a baleeira. Batizada de Pherusa, em 6 de outubro ela foi lançada ao mar. Em 6 de outubro de 1895, os antes citados, juntamente com Maurício Rodrigues Pereira e Joaquim Bahia, saíram da Ponta do Caju, e com o tempo desfavorável, foram rumo à Praia do Flamengo, mas o vento fez o barco virar. Bahia nadou até a praia para conseguir ajuda e chegaram algumas horas depois. A chuva parou rapidamente e outro barco, o “Leal”, resgatou os jovens e o que tinha restado da Pherusa. Houve reforma da embarcação, mas ela foi roubada e desapareceu definitivamente. 
Um novo barco foi comprado e recebeu o nome de “Scyra”. Na noite do dia 17 de novembro de 1895, muita gente estava em um dos corredores da casa número 22 da Praia do Flamengo, onde Nestor de Barros morava num dos quartos. Lá, há muito tempo, já haviam abrigado “Pherusa”, e agora guardavam “Scyra”. A reunião teve por objetivo a fundação do Grupo de Regatas do Flamengo. Naquela mesma noite foi eleita a primeira diretoria: Domingos Marques de Azevedo; presidente; Francisco Lucci Colas; vice-presidente; Nestor de Barros; secretário; Felisberto Cardoso Laport; tesoureiro. Além dos eleitos, foram destacados como sócio fundador José Agostinho Pereira da Cunha, Napoleão Coelho de Oliveira, Mário Espínola, José Maria Leitão da Cunha, Carlos Sardinha, Maurício Rodrigues Pereira, Desidério Guimarães, Eduardo Sardinha, Emido José Barbosa, José Félix Cunha Meneses, George Leuzinger, Augusto Lopes da Silveira, João de Almeida Lustosa e José Augusto Chairéo, sendo que os três últimos faltaram à reunião, mas foram considerados sócios fundadores. A data da fundação do clube foi acordada como 15 de novembro, feriado nacional do golpe de implantação da República militar de 1889, mas também é o 319º dia do ano no calendário gregoriano e paralelamente de representação social dos 320º aniversários em anos bissextos.
As cores iniciais foram o azul e ouro em listras horizontais bem largas,  entretanto, em 1898, por proposta de Nestor de Barros, houve mudança para as atuais: vermelho e preto. Novos barcos foram sendo comprados e o Mengo começou a destacar-se nas competições. Na I Regata do Campeonato Náutico do Brasil, no dia 5 de junho de 1898, conquistou a sua primeira vitória, com “Irerê”, uma baleeira a dois remos. Anteriormente o Flamengo só havia obtido colocações secundárias e muitos segundos lugares, o que lhe valeu, inclusive, o apelido de “Clube de Bronze”. Em 1902, diante de seu crescimento, houve a transformação para Clube de Regatas do Flamengo. A partir de 1902, o remo passou a dividir com o futebol a preferência popular. Assim, a diversidade dos associados do Flamengo, os fez tornaram-se sócios também do Fluminense para acompanhar o futebol. E os do clube das Laranjeiras vieram para o rubro-negro a fim de acompanhar as regatas. Alberto Borgerth pela manhã remava pelo Clube de Regatas Flamengo e à tarde jogava pelo  Fluminense Football Club no âmbito da diversidade que coroa ambas as agremiações cariocas.
           Entretanto, em 1911 houve a cisão no “Flu” e muitos jogadores do tricolor vieram para o Rubro-negro, resolvendo em assembleia do dia 8 de novembro de 1911 fundarem um Departamento de Esportes Terrestres, com Alberto Borgerth na direção. A briga entre Oswaldo Gomes e muitos dos jogadores do primeiro quadro do Fluminense foi a razão da discórdia. Originalmente pensou-se em uma simples adesão ao Botafogo, mas como o alvinegro, na época, era o grande rival do tricolor Carioca, a ideia foi logo descartada. Em seguida consideraram a ideia de reforçar o já estabelecido Paysandu, mas também foi vetado, uma vez que o clube era composto exclusivamente de ingleses. Finalmente, surgiu a ideia de Borgerth, de se criar uma seção de futebol no Flamengo. A proposta foi aprovada e consagrada na assembleia do clube, realizada no dia 8. Na Praia do Russel foram feitos os primeiros treinos e no dia 3 de maio de 1912, já devidamente filiados à Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, a esquadra realizou sua primeira partida. Foi no campo do América que os rubro-negros venceram o time Mangueira por 16 a 2, sendo juiz Belfort Duarte.
O quadro do rubro-negro formou-se com Baena; Píndaro e Nery; Coriol, Gilberto e Galo; Baiano, Arnaldo, Amarante, Gustavo e Borgerth. Já em 1912, o Mengão conquistou seu primeiro título no futebol, o Campeonato Carioca de Futebol do 2º Quadro. O primeiro uniforme foi chamado de “papagaio de vintém”, mas em 1914 o clube adotou a camisa “cobra coral” que só durou até 1916 e venceu seu primeiro Campeonato Carioca e o segundo no ano seguinte. Em 1921, o “Fla” conquistou o seu segundo bicampeonato carioca, e em 1925, conquistou seis títulos no futebol profissional: Campeonato Carioca, Campeonato Carioca de 2º Quadro, Troféu Torre Sport Club-Pe, Troféu Agência Hudson-PE, Troféu Jornal do Comércio de Pernambuco-PE e Troféu Sérgio de Loreto-Pe, um recorde até então. Em 1927, foi eleito o “clube mais querido do Brasil”, levando a Taça Salutaris, vencendo o Vasco da Gama em um concurso do Jornal do Brasil. No ano de 1930, porém, o Flamengo teve seu pior aproveitamento em um ano no futebol. Em 1933 a equipe fez sua primeira excursão internacionalizando o futebol para fora do Brasil e no dia 14 de maio do mesmo ano fez seu último jogo como amador, vencendo o River Plate por 16 a 2 gols. Os torcedores do Flamengo estão contando os dias para testemunhar um dos jogos mais importantes da história do social clube. Após 38 anos, o Rubro-Negro volta à final da Libertadores da América para encarar o River Plate no sábado (23/11/2019), às 17h (de Brasília), no estádio Monumental, em Lima, no Peru.
A Copa Libertadores da América, é a principal competição de futebol entre clubes profissionais da América do Sul, organizada pela Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) desde 1960. É a competição de clubes mais importante do continente, sendo um dos torneios mais prestigiados do mundo, juntamente com a Liga dos Campeões da UEFA. O nome do torneio é uma homenagem aos principais líderes da Independência das nações da América do Sul: José Artigas, Simón Bolívar, José de San Martín etc. Quatro clubes por país competem na Liberadores da América, enquanto que a Argentina e o Brasil têm seis e sete clubes representantes. Tradicionalmente, uma fase de grupos quase sempre foi usada, mas o número de times por chave variou por diversas vezes. O torneio consiste em três etapas, com a primeira fase sendo iniciada geralmente no fim de janeiro. As seis equipes da primeira fase juntam-se aos outros 26 times previamente classificados na segunda, na qual existem oito grupos compostos por quatro equipes cada. Os dois melhores times de cada grupo vão pra fase final eliminatória, sempre em jogos de ida-e-volta até as semifinais; a final, que é disputada em jogo único num local previamente escolhido, é disputada preferencialmente em novembro. O vencedor da Libertadores se classifica para a disputa da Copa do Mundo de Clubes da FIFA e na Recopa Sul-Americana do ano seguinte.
 Do ponto de vista da internacionalização do futebol contemporâneo o Clube de Regatas do Flamengo é 9º Maior Clube do Século XX da FIFA. Líder nacional do Ranking Folha desde 2017. Obteve o maior número de conquistas do Campeonato Brasileiro na década de 1980. Um dos cinco únicos clubes do mundo que já venceram a Seleção Brasileira de Futebol. Um dos três clubes do país que jamais foram rebaixados para a segunda divisão do campeonato nacional. Único clube do país a ter disputado todas as edições do Campeonato Brasileiro desde 1971. Sexto clube brasileiro no que diz respeito ao somatório de títulos reconhecidos de abrangência nacional e internacional (sem considerar títulos estaduais ou regionais). Clube do Estado do Rio de Janeiro com o maior número de títulos oficiais no futebol, considerando títulos de todas as abrangências: internacional, nacional e regional/estadual. Sexta posição no ranking de títulos internacionais de clubes brasileiros. Segundo lugar no ranking de títulos nacionais. Maior sequência invicta do futebol brasileiro com 52 partidas (empatado com o Botafogo). Considerando década começando no ano 0 e terminando em ano 9 (como em 1980 a 1989), o Flamengo é um dos 3 únicos clubes a serem campeões em quatro décadas diferentes do Brasileirão, ocorrendo que o Flamengo foi campeão nos anos 1980, 1990, 2000 e 2010. Considerando década começando no ano 1 e terminando em ano 0, como por exemplo em 1971 a 1980, o Flamengo é, juntamente ao Palmeiras, um dos 2 únicos clubes a serem campeões em cinco décadas diferentes do Brasileirão. Além disso, o Flamengo foi campeão nas décadas de 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010, mas exclusivamente o Flamengo em 5 décadas consecutivas. 
Marilene Dabus nascida em 1939 no Rio de Janeiro e morta em 17 de janeiro de 2020 foi jornalista brasileira e a primeira mulher a cobrir com informações o futebol no Brasil. Ela surgiu no jornalismo em 1969, participando de um programa de perguntas e respostas sobre o Flamengo, na TV Tupi, e, graças ao sucesso, passou a ser a setorista do clube no jornal Ultima Hora. O fato de entrevistar jogadores ainda no gramado escandalizou o Rio de Janeiro no início de sua carreira, no final dos anos 1960. Diz-se que entrevistava os jogadores ainda nos vestiários depois dos jogos, em momentos de descontração, o que lhe garantia informações exclusivas. Ela também chegou a cobrir a Seleção Brasileira nos preparativos para a Copa do Mundo de 1970. Nos anos 1970, assumiu a vice-presidência de Comunicações do Flamengo e, com estratégias elaboradas, ajudou no crescimento da torcida durante a década seguinte. Foi ela quem sugeriu o apelido Ninho do Urubu para o Centro de Treinamento George Helal. Em 2009, o Flamengo batizou sua nova Sala de Imprensa como Sala Jornalista Marilene Dabus, então Assessora de Imprensa do clube. – “É mais do que justo dar o nome da Marilene para esta sala. Trata-se da primeira mulher a trabalhar com jornalismo esportivo no Brasil”, declarou o presidente do Flamengo, Márcio Braga. 

O Flamengo é o clube de futebol mais popular do Brasil, com uma torcida estimada em 40,4 milhões de torcedores espalhados por todas as regiões do Brasil. Segundo levantamento conduzido pela agência de marketing desportivo Gerardo Molina-Euroamerica, o Flamengo é, em números absolutos, o clube de futebol com o maior número de seguidores em todo o mundo. Além do prestígio com o futebol, o Flamengo também se destaca em outras modalidades esportivas coletivas e individuais, notadamente no remo, no polo aquático e no basquetebol. Neste último, é um dos clubes mais tradicionais do país, tendo a sua equipe de basquetebol masculino conquistado quarenta e sete títulos estaduais, oito títulos Brasileiros de Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões, Liga Sul-Americana, Liga das Américas, Champions League Américas e duas Copas Intercontinentais FIBA. Tombada pela prefeitura em 17 de outubro de 2007, a torcida do Flamengo é a maior do Brasil e do Mundo, espalhada em todas as regiões, com maior concentração nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.]

Um torcedor no futebol é uma pessoa que aprecia e torce para um determinado clube ou seleção nacional de futebol, podendo ser um torcedor normal ou organizado. No futebol, os fãs do esporte são mais numerosos devido à popularidade e condições: estádios ao ar livre com capacidade para dezenas de milhares de pessoas e uma grande liberdade de expressão, ao contrário de esportes como tênis, em que a concentração de jogadores requer que o público seja, ao contrário, silencioso. Existem vários níveis de envolvimento. Torcedores casuais são os que vão ocasionalmente para estádios ou locais de reunião de torcidas de forma independente. Alguns vão assistir aos jogos em bares ou pubs que transmitem os jogos através de televisão. Outros torcedores, chegam a serem sócio torcedor do seu time favorito, onde pagam uma anualidade, ou mensalidade para terem descontos e acessos aos jogos do time como equipe mandante. Essa proporção depende de fatores, incluindo as conquistas do clube e o grau local do entusiasmo pelo futebol. Existem os torcedores mais aficionados que são organizados em grupos apoiadores oficiais ou não-oficiais. Estas associações de adeptos são criadas para organizar o incentivo, contudo, também podem provocar atos de vandalismo e brigas. Estes últimos por vezes possuem mais energia: Alguns clubes têm vários grupos de torcedores, por vezes, mais de dez. Entre esses grupos de adeptos, alguns torcedores usam desse fato para praticarem crimes, e residem principalmente no uso da violência, característica deste último. Dependendo do local, alguns itens são proibidos de se levar para um estádio, em São Paulo, Brasil, é proibido entrar com bandeiras com cabo, latas de refrigerante ou cerveja, qualquer tipo de bebida alcoólica, fogos de artifício. Outros aparatos como cornetão, megafones e instrumentos musicais como tamborim e tambores são permitidos. Muito torcedores usam lança chamas, sinalizadores e sinalizadores de fumaça, embora o uso destes é controversa ou não em alguns países dentro de estádios. Pesquisas através dos diversas meios consideram que o clube tenha entre 33 e 40 milhões de torcedores somente no Brasil. 

A pesquisa mais recente sobre torcidas no país, realizada pelo Ibope em parceria com o jornal Lance, no ano de 2014, aponta o clube com 16,2% das escolhas, seguido pelo Corinthians com 13,6%, São Paulo com 6,8%, Palmeiras com 5,3% e Vasco com 3,6%. Segundo a pesquisa, 80% da torcida do Flamengo - cerca de 25 milhões de torcedores - não é oriunda do Rio de Janeiro, estado de origem do clube e no qual se localiza sua sede social e o estádio que recebe seus jogos de futebol. No Rio de Janeiro, a torcida responde por 48,2% da população, o que, em números absolutos, corresponde a cerca de 7,9 milhões de torcedores. Um estudo feito em 2012 pela agência argentina de marketing esportivo Gerardo Molina-Euromericas, apontou o Flamengo como a equipe com a maior torcida do mundo. Segundo pesquisas do instituto Datafolha o Flamengo é o time com mais torcedores nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, é o segundo time com mais torcedores na região Sudeste atrás somente do Corinthians e o quarto no Sul do Brasil. Embora não seja o clube com mais torcedores nas regiões Sudeste e Sul, o Flamengo figura como o clube mais popular nos estados de Santa Catarina e Espírito Santo, e se destaca no estado de Minas Gerais, como o terceiro time com mais seguidores. O fato de o clube ter uma torcida imensa em regiões fora do Sudeste, faz com que torcedores rivais (especialmente os do Corinthians) afirmem que o número de torcedores do Flamengo na verdade está inflacionado por conter muitos “simpatizantes” ou “torcedores mistos” que dizem torcer para o Flamengo, mas que na verdade torcem por outros clubes e tem o Flamengo apenas como segunda opção.

A torcida rubro-negra tem a melhor média geral de público em jogos do Campeonato Brasileiro, terminando por 11 vezes na frente. Detém o recorde de participações nos maiores públicos da história do futebol brasileiro. Dos 244 maiores públicos já registrados, a torcida teve participação direta em 103, à frente do Vasco, segundo no ranking, com 58 participações. No campeonato brasileiro de futebol, dos 10 maiores públicos a torcida registra participação em 6 jogos, sendo detentora do recorde de público do torneio em partida realizada contra o Santos em 29 de maio de 1983 no estádio Maracanã com presença de 155 523 mil pessoas. Em 10 de outubro de 2007 a “Camisa 12” do Flamengo foi aposentada em homenagem a esta torcida. A ideia partiu de Reginaldo Beltrão, um conselheiro do clube à época, e foi aceita pelo então presidente Márcio Braga. A carta enviada pelo conselheiro sugeria a aposentadoria do número, para homenagear o que chamou de maior jogador da história do Flamengo. Em 1979 foi fundada a torcida Fla-Gay, a primeira torcida de gênero do Brasil. A torcida do Flamengo é referida carinhosamente por seus seguidores e pela mídia em geral como Nação Rubro-Negra, originando-se esse termo das proporções de tamanho, diversidade e difusão dos torcedores em todas as regiões do Brasil.

Bibliografia geral consultada.
MORIN, Edgar, Cultura de Massas no Século XX. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 1981; AUGÉ, Marc, “Football: de l`Histoire Sociale à l`Anthropologie Religieuse”. In: Le Débat, n°19, 1982; ARRIGHI, Giovanni, O Longo Século XIX – Dinheiro, Poder e as Origens de nosso Tempo. Rio de Janeiro: Editor Contraponto; São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 1994; CASTRO, Ruy, O Vermelho e o Negro: Pequena Grande História do Flamengo. São Paulo: Editora DBA, 2001; TAGUIEFF, Pierre-André, La Couleur et le Sang. Paris: Éditions Mille et Une Nuits, 2002; HOLLANDA, Bernardo Borges Buarque de, O Clube como Vontade e Representação: O Jornalismo Esportivo e a Formação das Torcidas Organizadas de Futebol no Rio de Janeiro (1967-1988). Tese de Doutorado. Departamento de História. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2008; GIULIANOTTI, Richard, Sociologia do Futebol: Dimensões Históricas e Socioculturais do Esporte dsa Multidões. São Paulo: Editora Noiva Alexandria, 2012; COUTINHO, Renato Soares, Um Flamengo Grande, um Brasil Maior: O Clube de Regatas do Flamengo e o Imaginário Político Nacionalista Popular (1933-1955). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense, 2013; COUTINHO, Renato Soares, Um Flamengo Grande, Um Brasil Maior: O Clube de Regatas Flamengo e Imaginário Político Nacionalista Popular (1933-1955). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2013; Artigo: “Flamenguista de Floripa vira Símbolo de Campanha do Time na Libertadores”. In: http://www.lancenet.com.br/01/04/2014; PADEIRO, Carlos Henrique de Souza, O Predomínio do Entretenimento no Jornalismo Esportivo Brasileiro. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação. Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015; BARROS, Denis Thiago Santos de, Arquibancada Invisível: Sociabilidade, Classe e Gênero entre Torcedores de Futebol na Internet. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015; entre outros.

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