Leonardo Boff – Cuidado de Si, Ecumenismo & Politização da Fé.
Ubiracy de Souza Braga*
“O que se opõe ao descuido e ao descaso é o
cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude”. Leonardo Boff
Leonardo Boff ingressou na Ordem dos Frades Menores em
1959 e foi ordenado sacerdote em 1964. Em 1970, doutorou-se em Filosofia e
Teologia na Universidade de Munique, Alemanha. Ao retornar ao Brasil, ajudou a
consolidar a chamada Teologia da Libertação no país (cf. Gutiérrez, 1988).
Lecionou Teologia Sistemática e Ecumênica no Instituto Teológico Franciscano em
Petrópolis, no Rio de Janeiro durante 22 anos. Seus conceitos teológicos sobre
a doutrina Católica com respeito à hierarquia da Igreja, no livro: Igreja,
Carisma e Poder, renderam-lhe um processo junto à denominada “Congregação para
a Doutrina da Fé”, então dirigida por Joseph Ratzinger. No documento final assinado
pelo laureado Cardeal concluiu com as seguintes palavras: “as opções aqui
analisadas de Frei Leonardo Boff são de tal natureza que põem em perigo a sã
doutrina da fé, que esta mesma Congregação tem o dever de promover e tutelar”.
Em 1985, condenado a 1 ano de “silêncio obsequioso” (cf. Arias, 1985), perdeu
sua cátedra e funções editoriais na
Igreja. Em 1986, recuperou funções, mas sob a “contínua observação de seus
superiores”. Em 1992, desligou-se da Ordem Franciscana e dispensa do
sacerdócio. Uniu-se matrimonialmente à educadora militante dos direitos civis
Márcia Monteiro da Silva Miranda, divorciada e mãe de seis filhos.
Boff afirma que nunca deixou a Igreja,mas
deixou de exercer a função de padre dentro da Igreja: - “Continuei e continuo
dentro da Igreja e fazendo teologia como antes”. Sua reflexão abrange os campos
da Ética, Ecologia e da Espiritualidade, além de assessorar as Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs) e
movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Trabalha também no campo do ecumenismo. Em 1993
foi aprovado em concurso público como professor de Ética, Filosofia da Religião
e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é professor Emérito. Foi professor de Teologia e
Espiritualidade em vários institutos no Brasil e exterior como a Universidade
de Lisboa, Universidade de Salamanca, Universidade Harvard, Universidade de
Basel e Universidade de Heidelberg. É doutor honoris causa em Política pela Universidade de Turim, em Teologia
pela Universidade de Lund e nas Faculdades EST – Escola Superior de Teologia em
São Leopoldo (RS). Sua produção é superior a 60 livros. A maioria de suas obras
foi publicada no exterior.
De
inspiração do método de análise
marxista, que tem como escopo a análise concreta de situações concretas, teve
origem na oposição ao modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar,
principalmente nos anos de 1970, que priorizava a colonização de terras
devolutas em regiões remotas, com objetivo de exportação de excedentes
populacionais e integração estratégica. Contrariamente a este modelo, o MST
busca fundamentalmente a redistribuição das terras improdutivas. O MST teve
origem na década de 1980, defendendo que a expansão da fronteira agrícola, os
“megaprojetos” dos quais as barragens são o exemplo típico, e a mecanização da
agricultura contribuíram para eliminar as pequenas e médias unidades de
produção agrícola e concentrar a propriedade da terra. Paralelamente, o modelo
de Reforma Agrária adotado pelo regime militar priorizava a colonização de
terras devolutas em regiões remotas, tais como as áreas da rodovia Transamazônica, com objetivo de
“exportar excedentes populacionais” e favorecer a integração do território,
considerada estratégica do ponto de vista da chamada soberania nacional. Esse
modelo de colonização revelou-se, no entender do movimento dos trabalhadores
rurais sem terra (MST), inadequado e
eventualmente catastrófico para
centenas de famílias, que acabaram abandonadas, isoladas em ambiente inóspito,
condenadas a cultivar terras reveladas impróprias ao uso agrícola. Nesta conjuntura política, intensificou-se o êxodo rural, com abandono do
campo por seus habitantes, com a migração de mais de 30 milhões de
trabalhadores rurais para as cidades, atraídos pelo desenvolvimento urbano e
industrial, durante o chamado milagre brasileiro. Grande parte deles ficou
desempregada ou subempregada, sobretudo no início dos anos 1980, quando a economia
brasileira entrou em crise. Alguns tentaram resistir na cidade e outros se
mobilizaram para voltar à terra. Desta tensão, movimentos locais e regionais se
desenvolveram na luta pela terra. Em 1984, apoiados pela Comissão Pastoral da Terra, representantes dos movimentos sociais,
sindicatos de trabalhadores rurais e outras organizações reuniram-se em
Cascavel, Paraná, no 1º Encontro Nacional
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, para fundar o MST. Apesar de os
movimentos organizados pela reforma agrária no Brasil serem relativamente
recentes, remontando apenas às ligas camponesas, as associações de agricultores
que existiam durante as décadas de 1950 e 1960, o MST entende-se como herdeiro
ideológico de todos os movimentos de bases sociais camponesas ocorridos desde
que os portugueses invadiram e colonizaram o Brasil, quando a terra foi
dividida em sesmarias por favor real, de acordo com o Direito feudal português,
o que excluiu em princípio grande parte da população do acesso direto à terra.
Contrariamente a esse modelo concentrador da propriedade fundiária, o MST
declara buscar a redistribuição das terras através da Reforma Agrária. Desde o
início do movimento social em 1985, foram assassinados 1722 militantes, segundo
a Comissão Pastoral da Terra.
O livro Igreja: Carisma e Poder denuncia a hierarquia e as instituições da
Igreja (cf. pp. 65-66, 88, 239-240). Como explicação e justificação para
semelhante atitude reivindica “o papel dos carismas e, em particular, do
profetismo” (cf. pp. 237-240, 246, 247). A hierarquia teria a simples função de
“coordenar”, de “propiciar a unidade, a harmonia entre os vários serviços”, de
“manter a circularidade e impedir as divisões e sobreposições”, descartando,
pois, desta função “a subordinação imediata de todos aos hierarcas” (cf. p.
248). Não há dúvida de que todo o povo de Deus participa do múnus profético de
Cristo (cf. LG 12); Cristo cumpre o seu múnus profético não só por meio da
hierarquia, mas também por meio dos leigos. Mas é igualmente claro que a denúncia
profética na Igreja, para ser legítima, deve permanecer sempre a serviço
burocrático, para a edificação da própria Igreja. Esta não só deve aceitar a
hierarquia e as instituições, mas colaborar positivamente para a consolidação
da sua comunhão interna; pertence à hierarquia o critério supremo para julgar
não só o exercício bem orientado da denúncia profética, como também a sua
autenticidade (cf. LG 12). Assim, “a
Congregação sente-se na obrigação de declarar, igualmente, que as opções aqui
analisadas de Frei Leonardo Boff são de tal natureza que põem em perigo a sã
doutrina da fé, que esta mesma Congregação tem o dever de promover e tutelar”. Entre as visões de mundo de Friedrich Nietzsche e
Leonardo Boff, guardadas as proporções de tempo e espaço, é possível uma
aproximação conceitual do ponto de vista das relações de poder. Para Nietzsche o reativo, dialético, é
simplesmente conservação de força frente ao inesperado. Que precisa do controle
e da submissão daquele que é atingido pelo inusitado. O trágico afirma-se na
consciência plena do acaso como constituinte da própria realidade e o “cosmiza”
ativamente e não reativamente. O trágico não só afirma a necessidade a partir
do acaso, como afirma o próprio acaso. Não só afirma a ordem a partir da
desordem, como afirma a própria desordem. Não só afirma o cosmos a partir do
caos, como afirma o caos. Reitera, sobretudo, o próprio devir. Essa é a
inversão de Nietzsche, para o que nos interessa, que tira do pensamento
qualquer pressuposição de sentido e valor, para construí-los a partir do “jogo
de forças” visando expansão de potência. Sua tese em relação ao pensamento
ocidental pressupõe que o sentido e valor já é uma “Vontade de Potência”, se
afirmando como força e moldando os agentes a reagirem contra aquilo que
constitui a realidade: a falta de valor em si e sentido próprio. Entrega daMedalha Pedro Ernestoao teólogo Leonardo Boff.
Ao
longo dos 30 anos em que a Câmara Municipal do Rio de Janeiro funciona no
Palácio Pedro Ernesto, foram criadas homenagens para que os vereadores,
representantes da população carioca, pudessem agraciar àqueles que se
destacaram na sociedade brasileira ou internacional. A Medalha de Mérito
Pedro Ernesto é a principal Comenda que a cidade do Rio de Janeiro possui.
Além dela, os vereadores também podem oferecer a cada Sessão Legislativa, a Medalha
de Mérito Esportivo Pan-Americano, os Títulos Honoríficos e as Moções. A
Medalha de Mérito Pedro Ernesto foi criada através da Resolução nº 40, em 20 de
outubro de 1980. Ela é a principal homenagem que a cidade do Rio de Janeiro
presta a quem mais se destaca na sociedade brasileira ou internacional. Recebeu
esse nome em reconhecimento ao trabalho do prefeito Pedro Ernesto (1884-1942),
e por isso sua figura aparece estampada nas duas Medalhas que fazem parte do
Conjunto. Uma presa ao colar, e a outra para ser colocada na lapela do lado
direito do homenageado. Ambas são presas em uma fita de cores azul, vermelha e
branca que representam as cores da bandeira da cidade. Primeiro político a dar
apoio financeiro ao carnaval, articulado dentro de um projeto social que visava
transformar o Rio de Janeiro numa potência do turismo, o prefeito Pedro Ernesto
foi considerado um dos maiores benfeitores das escolas de samba, e alcançou
tamanha popularidade que chegou a ser cotado para a Presidência da República,
antes de ser preso, sob acusação de ser comunista.
A
Teologia da Libertação nasceu da influência de três frentes de
pensamento, o Evangelho Social das igrejas norte-americanas, trazido ao Brasil
pelo missionário e teólogo presbiteriano Richard Shaull (1919-2002); a Teologia
da Esperança, do teólogo reformado Jürgen Moltmann; e a teologia
antropo-política que tinha como seus grandes expoentes o teólogo católico
Johann Baptist Metz (1928-2019), na Europa, e o teólogo batista Harvey Cox, nos
Estados Unidos da América. Especialmente a publicação em 1965, pelo teólogo
batista Harvey Cox, “A Cidade Secular”, como contraposição à obra clássica de
Santo Agostinho, De Civitate Dei, na qual defende que a divisão entre a
cidade dos homens (o mundo terreno) e a cidade de Deus (o mundo espiritual),
segundo ele a partir do século XX essa visão encontra-se superada pela
contraposição entre a cidade dos operários oprimidos, a cidade dos donos do
poder e a cidade dos capatazes opressores no mundo burguês. O marco do nascedouro da Teologia da Libertação, porém, está na publicação da obra: Da Esperança,
de Rubem Alves, que tinha o título de “Teologia da Libertação”, criticando a práxis metafísica de uma forma geral e
propondo o nascimento ex-nihilo de
novas comunidades de cristãos, animados por uma visão e por uma paixão pela
libertação humana cuja “linguagem teológica” se tornava de âmbito social e histórico.
A primeira participação católica no lançamento da Teologia da Libertação foi a
publicação da Teologia da Revolução, em 1970, pelo teólogo belga radicado no
Brasil José Comblin. Em 1971, Gustavo Gutiérrez publicou Teologia da
Libertação. Somente em 1972, Leonardo Boff surge no cenário teológico com a
publicação de Jesus Cristo Libertador. Como Rubem Alves estava asilado nos
Estados Unidos da América (EUA) neste período, Leonardo Boff passou a ser o reconhecido representante desta
importante e reveladora corrente teológica que vivia no Brasil, devido à proteção recebida pela ordem
dos franciscanos, à qual ele pertencia. O método de análise destas teologias é indutivo: não
parte da Revelação e da Tradição eclesial para fazer interpretações teológicas
e aplicá-las à realidade. Mas partem da interpretação da realidade concreta da
pobreza e do processo social de exclusão e do compromisso ético-político com a libertação humana para
fazer a reflexão teológica e convidar à ação transformadora desta mesma
realidade. Ocorre também uma análise crítica à teologia moderna e sua pretensão
de universalidade do espírito. Consideram esta teologia eurocêntrica e
desconectada da realidade dos países ditos periféricos. Historicamente Teologia
da Libertação é uma corrente teológica cristã nascida na América Latina, depois
do Concílio Vaticano II e da Conferência de Medellín (1968). Parte da consideração que o Evangelho exige a opção
preferencial pelos pobres e que a teologia, para concretizar essa opção, deve
usar também as categorias e conceitos das ciências humanas e sociais. É considerada como um movimento social
“supradenominacional, apartidário e inclusivista de teologia política, que
engloba várias correntes de pensamento que interpretam os ensinamentos de Jesus
Cristo em termos de uma libertação de injustas condições econômicas, políticas
ou sociais”.
Ela foi descrita, pelos seus proponentes como reinterpretação
analítica e antropológica da fé cristã, em vista dos problemas sociais, mas,
seus oponentes a descrevem como uma vertente do marxismo, relativismo e materialismo
cristianizado. A Teologia da Libertação dialeticamente está diretamente relacionada ao
movimento societário ecumênico, de retorno à união e comunhão de todas as
religiões cristãs. Embora tenha se iniciado como um movimento social especulativo
dentro da Igreja Católica, na América Latina nos anos 1950-1960, o termo foi
cunhado pelo padre peruano Gustavo Gutiérrez em 1971, sendo que mais de 40 anos
depois se reconciliou com o Vaticano. Escreveu um dos livros mais carismáticos e famosos de status do movimento social, A Teologia da Libertação. Outros expoentes são Leonardo Boff do Brasil, Jon Sobrino de El Salvador, e Juan Luís Segundo do Uruguai. A Teologia
da Libertação desde os anos 1990 sofreu um forte declínio, principalmente
devido ao envelhecimento natural de suas lideranças, e a falta de participação social das
recentes gerações no âmbito desse movimento. A influência da Teologia da Libertação
diminuiu após a condenação ideológica e política pela Congregação para a Doutrina da Fé em 1984 e
1986.
A Santa Sé condenou os principais fundamentos sociais da Teologia da
Libertação: a) como a ênfase exclusiva no pecado institucionalizado, coletivo
ou sistêmico, b) excluindo os pecados individuais, a eliminação da
transcendência religiosa, c) a desvalorização do magistério, e o incentivo à
luta de classes. Seu recente discurso aos dirigentes do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) na Jornada
Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, o Papa Francisco alertou para o risco da
ideologização: - “Esse método pode levar ao reducionismo socializante. É a
ideologização mais fácil de descobrir. Em alguns momentos, foi muito forte.
Trata-se de uma pretensão interpretativa com base em uma hermenêutica de acordo
com as ciências sociais”. É um organismo da Igreja Católica fundado em 1955 pelo Papa Pio XII a pedido dos bispos da América Latina e do Caribe. O Conselho presta serviços de contato, comunhão, formação, pesquisa e reflexão às 22 conferências episcopais desde o México até o Cabo de Hornos, incluindo o Caribe e as Antilhas. Seus dirigentes são eleitos a cada quatro anos por uma assembleia ordinária que reúne os presidentes das conferências episcopais da América Latina e do Caribe. A sede está localizada na cidade de Santa Fé de Bogotá, a capital e maior cidade da Colômbia. Ela é administrada como o Distrito Capital, embora muitas vezes seja considerada parte de Cundinamarca. Bogotá é uma entidade territorial de primeira ordem, com o mesmo estatuto administrativo que os departamentos colombianos. É o centro político, econômico, administrativo, industrial, artístico, cultural e esportivo do país.
A afirmação do teólogo católico romano
brasileiro Leonardo Boff (n. em 1938) de que a Teologia da Libertação é “a
primeira teologia do Terceiro Mundo com ressonância mundial” deve ser
efetivamente acertada. Não era possível ficar indiferente a ela, e menos ainda
ignorá-la, entre outras razões por causa de sua recepção muito controvertida no
Ocidente, sobretudo em Roma. Em termos positivos, na Teologia da Libertação
manifesta-se, nas palavras de Johann Baptist Metz, “a tensa transição de uma
igreja ocidental mais ou menos homogênea em termos culturais e, neste sentido, monocêntrica
para uma igreja mundial com muitas raízes culturais e, neste sentido,
policêntrica”. E o próprio Boff decerto é o teólogo latino-americano internacionalmente
mais publicado e mais lido. Esses fatos o colocam de saída, num horizonte
mundial; seu conflito com a Igreja Católica Romana mundial fez outro tanto. O
horizonte mundial, também corresponde à
sua teologia, desenvolvida a partir da urgência do contexto teórico, histórico e pontual explicativos, sempre com vistas
não só aos católicos romanos, exclusivamente, portanto, não só ao universo ecumênico cristão, não só aos
seres humanos, mas também ao cosmo e ao universo inteiro. As vantagens da doutrina da trindade de Leonardo Boff residem, na estreita relação espiritual que ele compreende e evidentemente obtém discernimento entre Deus e a relação entre o mundo por ele demonstrado e na comunhão do próprio mundo.
Que compreende como planetária e da qual os seres humanos representam apenas uma parte. O
Deus revelado nas Escrituras tem como
representação três pessoas. Isto é, sem dúvida, um mistério: um só Deus que
existe e se revela em três pessoas distintas e divinas. Mas é possível
discernir parte deste mistério levando em consideração três indícios presentes
na Bíblia: primeiro, o indício de que só existe um Deus; segundo, o indício de
que Deus é representante de três pessoas; terceiro, o indício de que o Pai é
Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Por mais paradoxal e estranho
que pareça, é correto afirmar que o Deus que reclama unicidade é, ao mesmo tempo,
o Deus que deve ser compreendido como três pessoas. Após 20 anos escavando a Cidade de Davi, sítio arqueológico de Jerusalém, foi descoberta a fortaleza Cidadela da Primavera. - “A cidadela foi construída para salvar e proteger a água da Fonte do Giom dos inimigos que queriam conquistar as cidades, bem como proteger as pessoas que queriam beber água e voltar para a cidade”, afirma Oriya Dasberg, diretor na Cidade de Davi. Os arqueólogos acreditam que essa é a mesma estrutura conquistada pelo rei Davi em passagem de Samuel e o mesmo local onde Salomão foi ungido rei. Esse Deus existe e se revela como três pessoas distintas, que possuem uma única natureza divina. Logo, o Deus revelado nas Escrituras, o Deus que é o único Deus do universo, existe como três pessoas distintas. Deus é a Trindade, representando três pessoas em unidade ontológica. Torna-se
claro, também, que efetivamente faz uma diferença, para nosso pensamento
teológico e nossa ação, em que Deus cremos e com que imagens e concepções
cremos nele. Estas são sempre construtos; decisivo, porém, é que se informe
abertamente sobre o surgimento delas e, com isso, se possibilite um diálogo
crítico. Na exposição de Leonardo Boff fica claro a
imagem particular da trindade é desenvolvida a partir das necessidades da
sociedade que, por sua vez, deve ser enfocada a partir da trindade em termos de
comunhão. O primeiro aspecto pode ser percebido pelas necessidades da igreja, da
sociedade e do cosmo, bem como a partir da oposição a uma igreja hierárquica. A
uma sociedade aparentemente não democrática; uma natureza ecologicamente desrespeitada. O
segundo aspecto resulta do tratado dogmático e histórico-dogmático da trindade,
sobretudo da pericórese. Da confluência dos dois aspectos espirituais surge, para o conspícuo
teólogo, uma doutrina da trindade orientada pela contextualidade e catolicidade.
Bibliografia geral consultada.
BAPTISTA, Paulo Agostinho Nogueira, A Articulação entre Teologia da
Libertação e Teologia do Pluralismo Religioso em Leonardo Boff. Tese de
Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião. Juiz de Fora:
Universidade Federal de Juiz de Fora, 2007; PRINCESWAL, Marcelo, O MST e a
Proposta de Formação Humana da Escola Nacional Florestan Fernandes para a
Classe Trabalhadora: Uma Síntese Histórica. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana. Faculdade de
Educação. Centro de Educação e Humanidades. Rio de Janeiro: Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, 2007; SOUZA, José Carlos Lima de, O Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O Moderno Príncipe Educativo Brasileiro
na História do Tempo Presente. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação
em História. Departamento de História. Niterói: Universidade Federal
Fluminense, 2008; VILELA, Daniel Marques, Utopias Esquecidas. Origens da
Teologia da Libertação. São Paulo: Fonte Editorial, 2013; OLIVEIRA, Kathlen
Luana de, Por Palavras e Ações: Há um Mundo entre Nós. Justiça, Liberdade e
Comunhão: Sentidos Teológico e Políticos nos Paradoxos da Democracia em Tempos
de Direitos Humanos. Tese de Doutorado em Teologia. São Leopoldo: Escola
Superior de Teologia, 2013; COUTINHO, Célio
Ribeiro, Formação Político-educativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST) no Contexto do Governo Lula (2003 a 2010). Tese de Doutorado.
Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira. Fortaleza: Universidade
Federal do Ceará, 2014; MATSOVELE, Anastâncio Jemo, O Pai-Nosso na
Teologia de Leonardo Boff e na Perspectiva Cultural Moçambicana.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Teologia. Faculdade de
Teologia. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2015; BOFF, Leonardo, Igreja, Carisma e Poder.
Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1982; Idem, Teologia do Cativeiro e da
Libertação. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1998; Idem, O Despertar da Águia: O Dia-Bólico e o
Sim-Bólico na Construção da Realidade. Petrópolis: (RJ): Editoras Vozes, 1998;
Idem, Ética da Vida. Brasília: Editora Letra Viva, 1999; Idem, Befreit
die Erde! Eine Theologie für die Schöpfung. kbw, Bibelwerk,
Stuttgart 2015; entre outros
________________
* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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