sábado, 26 de setembro de 2015

Leonardo Boff – Cuidado de Si, Ecumenismo & Politização da Fé.

Ubiracy de Souza Braga*

   “O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude”. Leonardo Boff

                  
Leonardo Boff ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1959 e foi ordenado sacerdote em 1964. Em 1970, doutorou-se em Filosofia e Teologia na Universidade de Munique, Alemanha. Ao retornar ao Brasil, ajudou a consolidar a chamada Teologia da Libertação no país (cf. Gutiérrez, 1988). Lecionou Teologia Sistemática e Ecumênica no Instituto Teológico Franciscano em Petrópolis, no Rio de Janeiro durante 22 anos. Seus conceitos teológicos sobre a doutrina Católica com respeito à hierarquia da Igreja, no livro: Igreja, Carisma e Poder, renderam-lhe um processo junto à denominada “Congregação para a Doutrina da Fé”, então dirigida por Joseph Ratzinger. No documento final assinado pelo laureado Cardeal concluiu com as seguintes palavras: “as opções aqui analisadas de Frei Leonardo Boff são de tal natureza que põem em perigo a sã doutrina da fé, que esta mesma Congregação tem o dever de promover e tutelar”. Em 1985, condenado a 1 ano de “silêncio obsequioso” (cf. Arias, 1985), perdeu sua cátedra e funções editoriais na Igreja. Em 1986, recuperou funções, mas sob a “contínua observação de seus superiores”. Em 1992, desligou-se da Ordem Franciscana e dispensa do sacerdócio. Uniu-se matrimonialmente à educadora militante dos direitos civis Márcia Monteiro da Silva Miranda, divorciada e mãe de seis filhos.  
Boff afirma que nunca deixou a Igreja, mas deixou de exercer a função de padre dentro da Igreja: - “Continuei e continuo dentro da Igreja e fazendo teologia como antes”. Sua reflexão abrange os campos da Ética, Ecologia e da Espiritualidade, além de assessorar as Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs) e movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Trabalha também no campo do ecumenismo. Em 1993 foi aprovado em concurso público como professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é  professor Emérito. Foi professor de Teologia e Espiritualidade em vários institutos no Brasil e exterior como a Universidade de Lisboa, Universidade de Salamanca, Universidade Harvard, Universidade de Basel e Universidade de Heidelberg. É doutor honoris causa em Política pela Universidade de Turim, em Teologia pela Universidade de Lund e nas Faculdades EST – Escola Superior de Teologia em São Leopoldo (RS). Sua produção é superior a 60 livros. A maioria de suas obras foi publicada no exterior.
                    

                                                                                    
             De inspiração do método de análise marxista, que tem como escopo a análise concreta de situações concretas, teve origem na oposição ao modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar, principalmente nos anos de 1970, que priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas, com objetivo de exportação de excedentes populacionais e integração estratégica. Contrariamente a este modelo, o MST busca fundamentalmente a redistribuição das terras improdutivas. O MST teve origem na década de 1980, defendendo que a expansão da fronteira agrícola, os “megaprojetos” dos quais as barragens são o exemplo típico, e a mecanização da agricultura contribuíram para eliminar as pequenas e médias unidades de produção agrícola e concentrar a propriedade da terra. Paralelamente, o modelo de Reforma Agrária adotado pelo regime militar priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas, tais como as áreas da rodovia Transamazônica, com objetivo de “exportar excedentes populacionais” e favorecer a integração do território, considerada estratégica do ponto de vista da chamada soberania nacional. Esse modelo de colonização revelou-se, no entender do movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST), inadequado e eventualmente catastrófico para centenas de famílias, que acabaram abandonadas, isoladas em ambiente inóspito, condenadas a cultivar terras reveladas impróprias ao uso agrícola.
             Nesta conjuntura política, intensificou-se o êxodo rural, com abandono do campo por seus habitantes, com a migração de mais de 30 milhões de trabalhadores rurais para as cidades, atraídos pelo desenvolvimento urbano e industrial, durante o chamado milagre brasileiro. Grande parte deles ficou desempregada ou subempregada, sobretudo no início dos anos 1980, quando a economia brasileira entrou em crise. Alguns tentaram resistir na cidade e outros se mobilizaram para voltar à terra. Desta tensão, movimentos locais e regionais se desenvolveram na luta pela terra. Em 1984, apoiados pela Comissão Pastoral da Terra, representantes dos movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores rurais e outras organizações reuniram-se em Cascavel, Paraná, no 1º Encontro Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, para fundar o MST. Apesar de os movimentos organizados pela reforma agrária no Brasil serem relativamente recentes, remontando apenas às ligas camponesas, as associações de agricultores que existiam durante as décadas de 1950 e 1960, o MST entende-se como herdeiro ideológico de todos os movimentos de bases sociais camponesas ocorridos desde que os portugueses invadiram e colonizaram o Brasil, quando a terra foi dividida em sesmarias por favor real, de acordo com o Direito feudal português, o que excluiu em princípio grande parte da população do acesso direto à terra. Contrariamente a esse modelo concentrador da propriedade fundiária, o MST declara buscar a redistribuição das terras através da Reforma Agrária. Desde o início do movimento social em 1985, foram assassinados 1722 militantes, segundo a Comissão Pastoral da Terra.  
             O livro Igreja: Carisma e Poder denuncia a hierarquia e as instituições da Igreja (cf. pp. 65-66, 88, 239-240). Como explicação e justificação para semelhante atitude reivindica “o papel dos carismas e, em particular, do profetismo” (cf. pp. 237-240, 246, 247). A hierarquia teria a simples função de “coordenar”, de “propiciar a unidade, a harmonia entre os vários serviços”, de “manter a circularidade e impedir as divisões e sobreposições”, descartando, pois, desta função “a subordinação imediata de todos aos hierarcas” (cf. p. 248). Não há dúvida de que todo o povo de Deus participa do múnus profético de Cristo (cf. LG 12); Cristo cumpre o seu múnus profético não só por meio da hierarquia, mas também por meio dos leigos. Mas é igualmente claro que a denúncia profética na Igreja, para ser legítima, deve permanecer sempre a serviço burocrático, para a edificação da própria Igreja. Esta não só deve aceitar a hierarquia e as instituições, mas colaborar positivamente para a consolidação da sua comunhão interna; pertence à hierarquia o critério supremo para julgar não só o exercício bem orientado da denúncia profética, como também a sua autenticidade (cf. LG 12).
            Assim, “a Congregação sente-se na obrigação de declarar, igualmente, que as opções aqui analisadas de Frei Leonardo Boff são de tal natureza que põem em perigo a sã doutrina da fé, que esta mesma Congregação tem o dever de promover e tutelar”. Entre as visões de mundo de Friedrich Nietzsche e Leonardo Boff, guardadas as proporções de tempo e espaço, é possível uma aproximação conceitual do ponto de vista das relações de poder. Para Nietzsche o reativo, dialético, é simplesmente conservação de força frente ao inesperado. Que precisa do controle e da submissão daquele que é atingido pelo inusitado. O trágico afirma-se na consciência plena do acaso como constituinte da própria realidade e o “cosmiza” ativamente e não reativamente. O trágico não só afirma a necessidade a partir do acaso, como afirma o próprio acaso. Não só afirma a ordem a partir da desordem, como afirma a própria desordem. Não só afirma o cosmos a partir do caos, como afirma o caos. Reitera, sobretudo, o próprio devir. Essa é a inversão de Nietzsche, para o que nos interessa, que tira do pensamento qualquer pressuposição de sentido e valor, para construí-los a partir do “jogo de forças” visando expansão de potência. Sua tese em relação ao pensamento ocidental pressupõe que o sentido e valor já é uma “Vontade de Potência”, se afirmando como força e moldando os agentes a reagirem contra aquilo que constitui a realidade: a falta de valor em si e sentido próprio. Entrega da Medalha Pedro Ernesto ao teólogo Leonardo Boff.  

Ao longo dos 30 anos em que a Câmara Municipal do Rio de Janeiro funciona no Palácio Pedro Ernesto, foram criadas homenagens para que os vereadores, representantes da população carioca, pudessem agraciar àqueles que se destacaram na sociedade brasileira ou internacional. A Medalha de Mérito Pedro Ernesto é a principal Comenda que a cidade do Rio de Janeiro possui. Além dela, os vereadores também podem oferecer a cada Sessão Legislativa, a Medalha de Mérito Esportivo Pan-Americano, os Títulos Honoríficos e as Moções. A Medalha de Mérito Pedro Ernesto foi criada através da Resolução nº 40, em 20 de outubro de 1980. Ela é a principal homenagem que a cidade do Rio de Janeiro presta a quem mais se destaca na sociedade brasileira ou internacional. Recebeu esse nome em reconhecimento ao trabalho do prefeito Pedro Ernesto (1884-1942), e por isso sua figura aparece estampada nas duas Medalhas que fazem parte do Conjunto. Uma presa ao colar, e a outra para ser colocada na lapela do lado direito do homenageado. Ambas são presas em uma fita de cores azul, vermelha e branca que representam as cores da bandeira da cidade. Primeiro político a dar apoio financeiro ao carnaval, articulado dentro de um projeto social que visava transformar o Rio de Janeiro numa potência do turismo, o prefeito Pedro Ernesto foi considerado um dos maiores benfeitores das escolas de samba, e alcançou tamanha popularidade que chegou a ser cotado para a Presidência da República, antes de ser preso, sob acusação de ser comunista. 

A Teologia da Libertação nasceu da influência de três frentes de pensamento, o Evangelho Social das igrejas norte-americanas, trazido ao Brasil pelo missionário e teólogo presbiteriano Richard Shaull (1919-2002); a Teologia da Esperança, do teólogo reformado Jürgen Moltmann; e a teologia antropo-política que tinha como seus grandes expoentes o teólogo católico Johann Baptist Metz (1928-2019), na Europa, e o teólogo batista Harvey Cox, nos Estados Unidos da América. Especialmente a publicação em 1965, pelo teólogo batista Harvey Cox, “A Cidade Secular”, como contraposição à obra clássica de Santo Agostinho, De Civitate Dei, na qual defende que a divisão entre a cidade dos homens (o mundo terreno) e a cidade de Deus (o mundo espiritual), segundo ele a partir do século XX essa visão encontra-se superada pela contraposição entre a cidade dos operários oprimidos, a cidade dos donos do poder e a cidade dos capatazes opressores no mundo burguês. O marco do nascedouro da Teologia da Libertação, porém, está na publicação da obra: Da Esperança, de Rubem Alves, que tinha o título de “Teologia da Libertação”, criticando a práxis metafísica de uma forma geral e propondo o nascimento ex-nihilo de novas comunidades de cristãos, animados por uma visão e por uma paixão pela libertação humana cuja “linguagem teológica” se tornava de âmbito social e histórico. 

A primeira participação católica no lançamento da Teologia da Libertação foi a publicação da Teologia da Revolução, em 1970, pelo teólogo belga radicado no Brasil José Comblin. Em 1971, Gustavo Gutiérrez publicou Teologia da Libertação. Somente em 1972, Leonardo Boff surge no cenário teológico com a publicação de Jesus Cristo Libertador. Como Rubem Alves estava asilado nos Estados Unidos da América (EUA) neste período, Leonardo Boff passou a ser o reconhecido representante desta importante e reveladora corrente teológica que vivia no Brasil, devido à proteção recebida pela ordem dos franciscanos, à qual ele pertencia. O método de análise destas teologias é indutivo: não parte da Revelação e da Tradição eclesial para fazer interpretações teológicas e aplicá-las à realidade. Mas partem da interpretação da realidade concreta da pobreza e do processo social de exclusão e do compromisso ético-político com a libertação humana para fazer a reflexão teológica e convidar à ação transformadora desta mesma realidade. Ocorre também uma análise crítica à teologia moderna e sua pretensão de universalidade do espírito. Consideram esta teologia eurocêntrica e desconectada da realidade dos países ditos periféricos. Historicamente Teologia da Libertação é uma corrente teológica cristã nascida na América Latina, depois do Concílio Vaticano II e da Conferência de Medellín (1968). Parte da consideração que o Evangelho exige a opção preferencial pelos pobres e que a teologia, para concretizar essa opção, deve usar também as categorias e conceitos das ciências humanas e sociais. É considerada como um movimento social “supradenominacional, apartidário e inclusivista de teologia política, que engloba várias correntes de pensamento que interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais”.

   Ela foi descrita, pelos seus proponentes como reinterpretação analítica e antropológica da fé cristã, em vista dos problemas sociais, mas, seus oponentes a descrevem como uma vertente do marxismo, relativismo e materialismo cristianizado. A Teologia da Libertação dialeticamente está diretamente relacionada ao movimento societário ecumênico, de retorno à união e comunhão de todas as religiões cristãs. Embora tenha se iniciado como um movimento social especulativo dentro da Igreja Católica, na América Latina nos anos 1950-1960, o termo foi cunhado pelo padre peruano Gustavo Gutiérrez em 1971, sendo que mais de 40 anos depois se reconciliou com o Vaticano. Escreveu um dos livros mais carismáticos e famosos de status do movimento social, A Teologia da Libertação. Outros expoentes são Leonardo Boff do Brasil, Jon Sobrino de El Salvador, e Juan Luís Segundo do Uruguai. A Teologia da Libertação desde os anos 1990 sofreu um forte declínio, principalmente devido ao envelhecimento natural de suas lideranças, e a falta de participação social das recentes gerações no âmbito desse movimento. A influência da Teologia da Libertação diminuiu após a condenação ideológica e política pela Congregação para a Doutrina da Fé em 1984 e 1986.
A Santa Sé condenou os principais fundamentos sociais da Teologia da Libertação: a) como a ênfase exclusiva no pecado institucionalizado, coletivo ou sistêmico, b) excluindo os pecados individuais, a eliminação da transcendência religiosa, c) a desvalorização do magistério, e o incentivo à luta de classes. Seu recente discurso aos dirigentes do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, o Papa Francisco alertou para o risco da ideologização: - “Esse método pode levar ao reducionismo socializante. É a ideologização mais fácil de descobrir. Em alguns momentos, foi muito forte. Trata-se de uma pretensão interpretativa com base em uma hermenêutica de acordo com as ciências sociais”. É um organismo da Igreja Católica fundado em 1955 pelo Papa Pio XII a pedido dos bispos da América Latina e do Caribe. O Conselho presta serviços de contato, comunhão, formação, pesquisa e reflexão às 22 conferências episcopais desde o México até o Cabo de Hornos, incluindo o Caribe e as Antilhas. Seus dirigentes são eleitos a cada quatro anos por uma assembleia ordinária que reúne os presidentes das conferências episcopais da América Latina e do Caribe. A sede está localizada na cidade de Santa Fé de Bogotá, a capital e maior cidade da Colômbia. Ela é administrada como o Distrito Capital, embora muitas vezes seja considerada parte de Cundinamarca. Bogotá é uma entidade territorial de primeira ordem, com o mesmo estatuto administrativo que os departamentos colombianos. É o centro político, econômico, administrativo, industrial, artístico, cultural e esportivo do país.

  A afirmação do teólogo católico romano brasileiro Leonardo Boff (n. em 1938) de que a Teologia da Libertação é “a primeira teologia do Terceiro Mundo com ressonância mundial” deve ser efetivamente acertada. Não era possível ficar indiferente a ela, e menos ainda ignorá-la, entre outras razões por causa de sua recepção muito controvertida no Ocidente, sobretudo em Roma. Em termos positivos, na Teologia da Libertação manifesta-se, nas palavras de Johann Baptist Metz, “a tensa transição de uma igreja ocidental mais ou menos homogênea em termos culturais e, neste sentido, monocêntrica para uma igreja mundial com muitas raízes culturais e, neste sentido, policêntrica”. E o próprio Boff decerto é o teólogo latino-americano internacionalmente mais publicado e mais lido. Esses fatos o colocam de saída, num horizonte mundial; seu conflito com a Igreja Católica Romana mundial fez outro tanto. O horizonte mundial,  também corresponde à sua teologia, desenvolvida a partir da urgência do contexto teórico, histórico e pontual explicativos, sempre com vistas não só aos católicos romanos, exclusivamente, portanto, não só ao universo ecumênico cristão, não só aos seres humanos, mas também ao cosmo e ao universo inteiro. As vantagens da doutrina da trindade de Leonardo Boff residem, na estreita relação espiritual que ele compreende e evidentemente obtém discernimento entre Deus e a relação entre o mundo por ele demonstrado e na comunhão do próprio mundo.
Que compreende como planetária e da qual os seres humanos representam apenas uma parte. O Deus revelado nas Escrituras tem como representação três pessoas. Isto é, sem dúvida, um mistério: um só Deus que existe e se revela em três pessoas distintas e divinas. Mas é possível discernir parte deste mistério levando em consideração três indícios presentes na Bíblia: primeiro, o indício de que só existe um Deus; segundo, o indício de que Deus é representante de três pessoas; terceiro, o indício de que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Por mais paradoxal e estranho que pareça, é correto afirmar que o Deus que reclama unicidade é, ao mesmo tempo, o Deus que deve ser compreendido como três pessoas. Após 20 anos escavando a Cidade de Davi, sítio arqueológico de Jerusalém, foi descoberta a fortaleza Cidadela da Primavera. - “A cidadela foi construída para salvar e proteger a água da Fonte do Giom dos inimigos que queriam conquistar as cidades, bem como proteger as pessoas que queriam beber água e voltar para a cidade”, afirma Oriya Dasberg, diretor na Cidade de Davi. Os arqueólogos acreditam que essa é a mesma estrutura conquistada pelo rei Davi em passagem de Samuel e o mesmo local onde Salomão foi ungido rei.
             Esse Deus existe e se revela como três pessoas distintas, que possuem uma única natureza divina. Logo, o Deus revelado nas Escrituras, o Deus que é o único Deus do universo, existe como três pessoas distintas. Deus é a Trindade, representando três pessoas em unidade ontológica. Torna-se claro, também, que efetivamente faz uma diferença, para nosso pensamento teológico e nossa ação, em que Deus cremos e com que imagens e concepções cremos nele. Estas são sempre construtos; decisivo, porém, é que se informe abertamente sobre o surgimento delas e, com isso, se possibilite um diálogo crítico. Na exposição de Leonardo Boff fica claro a imagem particular da trindade é desenvolvida a partir das necessidades da sociedade que, por sua vez, deve ser enfocada a partir da trindade em termos de comunhão. O primeiro aspecto pode ser percebido pelas necessidades da igreja, da sociedade e do cosmo, bem como a partir da oposição a uma igreja hierárquica. A uma sociedade aparentemente não democrática; uma natureza ecologicamente desrespeitada. O segundo aspecto resulta do tratado dogmático e histórico-dogmático da trindade, sobretudo da pericórese. Da confluência dos dois aspectos espirituais surge, para o conspícuo teólogo, uma doutrina da trindade orientada pela contextualidade e catolicidade. 
Bibliografia geral consultada.
BAPTISTA, Paulo Agostinho Nogueira, A Articulação entre Teologia da Libertação e Teologia do Pluralismo Religioso em Leonardo Boff. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2007; PRINCESWAL, Marcelo, O MST e a Proposta de Formação Humana da Escola Nacional Florestan Fernandes para a Classe Trabalhadora: Uma Síntese Histórica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana. Faculdade de Educação. Centro de Educação e Humanidades. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2007; SOUZA, José Carlos Lima de, O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O Moderno Príncipe Educativo Brasileiro na História do Tempo Presente. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Departamento de História. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2008; VILELA, Daniel Marques, Utopias Esquecidas. Origens da Teologia da Libertação. São Paulo: Fonte Editorial, 2013; OLIVEIRA, Kathlen Luana de, Por Palavras e Ações: Há um Mundo entre Nós. Justiça, Liberdade e Comunhão: Sentidos Teológico e Políticos nos Paradoxos da Democracia em Tempos de Direitos Humanos. Tese de Doutorado em Teologia. São Leopoldo: Escola Superior de Teologia, 2013; COUTINHO, Célio Ribeiro, Formação Político-educativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Contexto do Governo Lula (2003 a 2010). Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2014; MATSOVELE, Anastâncio Jemo, O Pai-Nosso na Teologia de Leonardo Boff e na Perspectiva Cultural Moçambicana. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Teologia. Faculdade de Teologia. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2015;  BOFF, Leonardo, Igreja, Carisma e Poder. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1982; Idem, Teologia do Cativeiro e da Libertação. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1998; Idem,  O Despertar da Águia: O Dia-Bólico e o Sim-Bólico na Construção da Realidade. Petrópolis: (RJ): Editoras Vozes, 1998; Idem, Ética da Vida. Brasília: Editora Letra Viva, 1999; Idem, Befreit die Erde! Eine Theologie für die Schöpfung. kbw, Bibelwerk, Stuttgart 2015; entre outros
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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).  

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