quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Leonel Brizola – Educação, Trabalhismo & Legalidade no Brasil.

Ubiracy de Souza Braga*

                                           A política ama a traição. Mas, logo, abomina o traidor”. Leonel Brizola
                                  

Leonel de Moura Brizola foi um engenheiro civil e político brasileiro.  Lançado na vida pública por Getúlio Vargas foi o único político eleito pelo povo para governar dois estados: Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro em toda a história do Brasil. Exerceu também a presidência de honra da Internacional Socialista. Nascido no vilarejo de Cruzinha, então pertencente ao município de Passo Fundo, era filho de camponeses migrados de Sorocaba. Batizado como Itagiba de Moura Brizola, cedo adotou o nome do líder maragato da Revolução de 1923, Leonel Rocha. Representou o movimento armado ocorrido no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, no ano de 1923, em que lutaram, de um lado, os partidários do presidente do Estado, Borges de Medeiros, reconhecidos como Borgistas ou Ximangos, que usavam no pescoço um lenço branco, e de outro os revolucionários aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, chamados Assisistas ou Maragatos, que usavam no pescoço um lenço vermelho. Na convenção do Partido Trabalhista Brasileiro realizada em outubro de 1957, Brizola foi indicado, por larga margem, para ser o candidato do partido ao governo do Rio Grande do Sul na eleição de 1958. Além do PTB, a coligação de Brizola foi formada pelo Partido de Representação Popular e o Partido Social Progressista. 
O Partido Comunista Brasileiro também endossou sua candidatura, mas Brizola rejeitou tal apoio por medo de perder os votos dos católicos da Serra, chegando a divulgar um manifesto de repúdio que recebeu elogios de Dom Vicente Scherer. Embora houve acusações de que o PRP mantinha ligações com movimentos extremistas da Alemanha nazista, Brizola firmou a coligação com o partido pois desejava ganhar os votos dos perrepistas em cidades do interior e em colônias alemãs e italianas, locais onde o PRP possuía uma significativa base de apoio. A campanha trabalhista apresentou um programa de governo em que defendia priorizar as escolas, habitação, energia elétrica e preços justos aos produtores. Em outubro, derrotou Walter Peracchi Barcelos, coronel da Brigada Militar, com 670 003 votos contra 500 944. Sua vitória foi possível graças ao bom desempenho nas grandes cidades; na capital, conseguiu 65% dos votos, 63% em Pelotas e 75% em Canoas. Na Assembleia Legislativa, o PTB elegeu 24 dos 55 integrantes. A disputa pelo Senado Federal foi vencida por Guido Mondin, do PRP, apoiado por Leonel Brizola. Em 31 de janeiro de 1959 foi empossado governador. Com a justificativa de levar agilidade à administração, criou seis secretarias: Administração, Trabalho e Habitação, Economia, Transportes, Energia e Comunicações e Saúde. apresentou nas sextas-feiras à noite, motivo do apelido de “Lobisomem”, um programa na Rádio Farroupilha, em que prestava o acerto de contas ao eleitorado.

  Em 1961, Brizola ganhou atenção nacional ao criar a Campanha da Legalidade, em defesa da democracia e do direito de seu cunhado, o vice-presidente João Goulart, ser empossado presidente da República. Quando Jânio Quadros renunciou à presidência em agosto de 1961, os militares tentaram impedir que João Goulart o sucedesse “em virtude de seus supostos laços com os comunistas”. Depois de ganhar o apoio do general Machado Lopes, do exército local, Brizola criou a Cadeia da legalidade de um grupo de estações de rádio no Rio Grande do Sul, a qual usou para emitir, a partir do Palácio Piratini, uma chamada nacional denunciando as intenções políticas por trás das ações dos militares e incentivando a população a protestar nas ruas. Brizola entregou a Brigada Militar ao comando do exército regional, organizou comitês de resistência democrática, chegando a distribuir armas de fogo a civis, e transformou a sede do governo em uma trincheira.

Em resposta, os ministros militares ordenaram o bombardeio do Piratini, mas organizados os sargentos e suboficiais da Base Aérea de Canoas não cumpriram as ordens dadas pelos seus superiores. Brizola se opôs à mudança para o regime parlamentarista, usada pelos militares como condição para que João Goulart assumisse a presidência da República. Após doze dias de uma guerra civil iminente, Goulart aceitou a proposta dos militares e foi empossado presidente. Foi prefeito de Porto Alegre, deputado estadual e governador do Rio Grande do Sul, deputado federal pelo Rio Grande do Sul e pelo extinto estado da Guanabara (RJ), e duas vezes governador do Rio de Janeiro. Sua influência política no Brasil durou aproximadamente 50 anos, inclusive enquanto exilado pelo golpe de Estado de 1º de abril de 1964, contra o qual foi um dos líderes da resistência. Por duas vezes foi candidato a presidente do Brasil pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), agremiação que fundou em 1980, não conseguindo ser eleito. Morreu aos 82 anos de idade, vitimado por problemas cardíacos. Em concurso realizado pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e pela British Broadcasting Corporation (BBC), o programa de notícias de televisão regional da BBC para a grande Londres e seus arredores em programação ocorrida em 2012, foi eleito um dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos, ipso facto ocupando a 47ª posição no rankingAté a sua extinção empresarial como meio comunicativo em 1965, o partido esteve no centro dos principais acontecimentos da vida política do país. Caracterizou-se pela defesa da democracia liberal e pelo combate aguerrido às correntes sulistas getulistas. Os conceitos do papel apropriado do jornalismo variam de país para país. 

Em algumas nações, os meios de comunicação de notícias são controlados pelo governo e não representam um corpo completamente independente. Em outros, os meios de comunicação são independentes do governo, mas a motivação pelo lucro entra em tensão com as proteções constitucionais da liberdade de imprensa. O acesso comercial à informação livre recolhida por empresas jornalísticas independentes e concorrentes, com normas editoriais transparentes, pode permitir aos cidadãos brasileiros participarem efetivamente do social e processo político. O padrão histórico, social e político da comunicação social tem como uma de suas características principais o vínculo orgânico dos meios massivos de trabalho comunicacional com as representantes elites políticas regionais no território nacional. Expressões modernas “coronelismo eletrônico” ou “cartórios eletrônicos” têm sido ideologicamente utilizadas para caracterizar a tentativa ordinária de políticos para exercer, por intermédio do domínio de mercado da mídia, o controle sobre o mercado eleitoral. Nesse sentido, interessa-nos descrever e explicar o ineditismo da experiência de jornais como O Dia, a Última Hora e o jornal Luta Democrática na conjuntura de seu aparecimento durante o segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954). Ao que parece deu-se “a primeira união entre veículos de comunicação de alcance massivo e sua instrumentalização por parte de lideranças políticas, no ambiente democrático”. Assim, para Marialva Barbosa em sua tese de doutoramento, o século XX trouxe à cena um novo tipo de jornalismo, no qual o investimento em um noticiário amplo buscou um público variado e fortaleceu determinados jornais como empresas. O jornal Correio da Manhã, fundado na cidade do Rio de Janeiro em 1901, é exemplar, por razões políticas e ideológicas, interpelando os indivíduos como sujeitos.

Antes, vale lembrar a tópica da inclusão dos trabalhadores na cena política, em que Angela de Castro Gomes, historiadora e cientista demarca duas fases. Na primeira, que cobre toda a Primeira República, estendendo-se até a promulgação da Constituição de 1934, a direção do processo esteve com os trabalhadores. Segundo a autora, “a ‘palavra operária’, sob o controle de lideranças diferenciais, operou buscando criar as bases de uma nova identidade de classe como fundamento para sua ação política”.  A partir de 1934, em um segundo momento do processo histórico de formação da classe trabalhadora como ator político, a palavra não esteve mais com os trabalhadores. O acesso à cidadania por parte dos setores populares passou a realizar-se via intervenção estatal. Neste quadro, a invenção do trabalhismo e a montagem do sindicalismo corporativista, complementadas pela criação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), constituíram o fundamental da incorporação política dos trabalhadores.     

   A história social da televisão no Brasil tem início comercialmente em 18 de setembro de 1950, quando foi inaugurada a emissora TV Tupi em São Paulo, com equipamentos trazidos por Assis Chateaubriand, fundando assim o primeiro canal de televisão no país. Quatro meses depois, em 20 de janeiro de 1951, entra em funcionamento a TV Tupi Rio de Janeiro. Desde então a televisão desenvolveu-se comercialmente no país representando um fator importante na cultura popular da sociedade brasileira. Em 1955 é inaugurada a TV Rio, aliando-se à TV Record, inaugurada em 1953, às Emissoras Unidas. Em agosto de 1957 iniciam-se as transmissões entre cidades, com um link montado entre a TV Rio e a TV Record, ligando o eixo industrial concentrado nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com a transmissão do Grande Prêmio Brasil de Turfe, direto do Hipódromo da Gávea no Rio de Janeiro. Em 1960 é inaugurada a primeira TV Excelsior em São Paulo, a segunda viria em 1963 no Rio de Janeiro. As duas saíram de funcionamento por decisão jurídico-política-militar em 1970. Em 1959 surge a TV Continental no Rio de Janeiro, com o videotape, mas mormente cassada pelo regime militar em 1972.

No dia 10 de agosto de 1972, é inaugurada a Rede Amazônica, em Manaus, com seu sinal em cores, sendo uma das pioneiras com o uso da tecnologia no país. Em abril de 1977 foi cassada a TV Rio. Em 16 de julho de 1980, foi fechada pelo governo federal a Rede Tupi, emissoras pioneiras da TV no Brasil, no ar desde a década de 1950. No dia 19 de agosto de 1981, Silvio Santos unificou suas emissoras, fundando o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Em 5 de junho de 1983, foi fundada no Rio de Janeiro, a Rede Manchete composta de canais no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e com representação em Brasília. Em março de 1985, o Brasil começou a operar com o seu primeiro satélite, o sistema Brasil-Sat. Em 1987 voltou a funcionar a TV Rio, que mais tarde seria vendida à Igreja Universal. Em 9 de novembro de 1989, a TV Record de São Paulo foi vendida para o milionário Bispo Edir Macedo, iniciando então a Rede Record de Televisão. A primeira TV por Assinatura no Brasil surgiu em 1990, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, comprendendo o eixo industrial, com o sistema de Serviço de Distribuição Multiponto Multicanal (MMDS), que representa tecnologia de comunicação sem fio, usado para redes de “banda larga”, ou, como um método alternativo de recepção de programação de redes televisão a cabo.


          O Bispo Edir Macedo é o fundador e líder evangélico da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e proprietário do Grupo Record e da RecordTV, a segunda maior emissora de televisão do Brasil. Nascido em família católica, Edir Macedo praticou a religião durante a infância, até se converter ao protestantismo evangélico aos 19 anos. Fundou a Igreja Universal, juntamente com seu cunhado Romildo Ribeiro Soares, em julho de 1977. A partir da década de 1980, a igreja se tornaria um dos maiores grupos neopentecostais brasileiros. A RecordTV foi comprada por Macedo em 1989, e sob seu comando, o Grupo Record viria a se tornar um dos maiores conglomerados de mídia no Brasil. É autor de mais de 30 livros de caráter religioso e espiritual, destacando-se os best-sellers: “Nos Passos de Jesus” e “Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?”. Seus livros já ultrapassaram a marca de 10 milhões de exemplares comercializados, o que o torna um dos autores com maior venda de livros no Brasil. Seu blog oficial recebe mais de 4 milhões de visitas por mês. Em 24 de maio de 1992, foi preso após um culto realizado em um antigo templo da igreja localizado no bairro paulista de Santo Amaro, tendo sido acusado de charlatanismo, estelionato e curandeirismo. Ele foi solto da prisão onze dias depois, e as “acusações foram posteriormente arquivadas por falta de provas”.

Em 2009, novamente foi alvo de denúncias, acusado pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, “mas estas acusações foram anuladas porque o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo entendeu que a matéria deveria ser julgada pela Justiça Federal”. Em 2011, fora denunciado pelo Ministério Público Federal em São Paulo pelos crimes de formação de quadrilha para lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Em 2013 ele ainda estava sendo processado juridicamente por autoridades norte-americanas, bem como as autoridades venezuelanas por fraude e lavagem de dinheiro. Foi apontado pela revista norte-americana Forbes como o pastor mais rico do Brasil, quando a publicação estimou seu patrimônio em 1,1 bilhão de dólares, sendo a maior parte decorrente da propriedade da RecordTV. No entanto, Edir Macedo afirma não participar dos lucros ou de quaisquer outros recursos financeiros provenientes da emissora, e que os mesmos seriam reinvestidos na própria empresa, tendo declarado à revista IstoÉ que seu sustento viria da igreja através da “ajuda de custo” paga a pastores e bispos pela instituição e dos direitos autorais dos seus livros. Em 2018 e 2019, estrearam nos cinemas os dois filmes de sua cinebiografia: Nada a Perder, inspirada em sua trilogia de livros autobiográficos de mesmo nome. O filme tornou-se a maior bilheteria do cinema brasileiro.

A história técnica e social da televisão por assinatura começou nos Estados Unidos da América, com a televisão a cabo. No Brasil, a televisão por assinatura surgiu primeiro com o Serviço Especial de Televisão por Assinatura em 1989, isto é, Canal+, inspirado no nome e no logotipo do homônimo francês que transmitia a programação da programadora norte-americana ESPN através do canal UHF 29, em São Paulo. Posteriormente surgiram as retransmissões da italiana RAI e da norte-americana CNN, através dos canais VHF 4 e 5, além da nacional TVM (canal 2 VHF), especializada em programas musicais; e depois com o cabo, em 30 de julho de 1990. A ideia deu tão certo nos Estados Unidos que, de 1984 a 1992, foram investidos 15 bilhões de dólares estadunidenses para o cabeamento de ruas e mais bilhões para o desenvolvimento de programação, financiados pelas operadoras de televisão a cabo. O grande número de assinantes das operadoras de televisão por assinatura fez com que, em meados dos anos 1990, o grande número de cabos instalados nas ruas fosse usado para oferecer outros tipos de serviço, como internet de banda larga, nascendo, assim, a internet a cabo. Em 1997, a indústria de televisão por assinatura faturaria 1,2 bilhão de dólares norte-americanos só com vendas de pay-per-view, que representam “uma das principais fontes de lucro para as operadoras”.

        Em 1999, pela primeira vez, os domicílios somaram mais tempo assistindo à televisão por assinatura do que à televisão aberta. Os métodos de distribuição de televisão por assinatura mais populares são o cabo e satélite. Ao lado desses métodos mais populares, há, também o IPTV, cuja transmissão de sinais é feita via protocolo IP, transmitido em redes xDSL ou Fibra Óptica, o serviço chamado MMDS, cuja transmissão de sinais é via micro-ondas e o Serviço Especial de Televisão por Assinatura (TVA), estes dois últimos já praticamente em desuso. A televisão por assinatura no Brasil tinha, até o mês de agosto do ano de 2011, 11,6 milhões de clientes com aproximadamente 38,3 milhões de moradores em todo o país. O setor era praticamente monopolizado pelas empresas de telecomunicações NET e Sky que distribuem praticamente os mesmos canais de televisão paga, com poucas variações, no entanto, economicamente a Claro TV, chegou com novos preços e canais, e já é a 4ª maior operadora do Brasil. Entre os canais que estes operadores distribuem, estão os canais Globosat, considerados entre os mais consumidos através do mercado telvisivo. Estes canais são de propriedade da Organizações Globo. Recentemente, devido a acordos com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), produtos de uma ação da associação Neo TV que reúne a maioria dos operadores independentes do mercado, tais canais são distribuídos por operadoras independentes.

         Ingressou na política partidária no antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), na condição de um dos fundadores, junto com quadros como José Vecchio e outros oriundos do Movimento Queremista (cf. Macedo, 2008). De imediato, Brizola, junto com Fernando Ferrari, Wilson Vargas, Sereno Chaise e Ney Ortiz Borges, fundaria a primeira agremiação juvenil do PTB, a “Ala Moça”. Brizola era o 23º governador do Rio Grande do Sul republicano quando o presidente Jânio Quadros renunciou, em agosto de 1961. Mas comandou a resistência civil aos golpistas militares e segmentos conservadores e oligárquicos da classe política de impedir a posse do vice-presidente constitucionalmente reeleito, pelo voto popular, João Goulart (1919-1976), ocasião em que corajosamente deflagrou a extraordinária Campanha da LegalidadeEm 1962, Brizola se elege deputado federal pelo extinto estado da Guanabara pela sigla do Partido Trabalhista Brasileiro. 
Recebeu a maior votação no país até aquela data, com um total de 269 mil votos. Para termos uma noção politicamente falando, Amaral Netto, candidato pela União Democrática Nacional, fundado em 1945, ficou comparativamente com inexpressivos 123.383 votos. Como deputado federal, Brizola passou a promover debates e conferências por todo o país. Numa destas conferências, em Belo Horizonte, foi impedido de falar por um grupo de senhoras religiosas, orientadas por expressivos setores conservadores. O que o levou a sugerir que a democracia não se acovardaria frente a rosários, causando certo impacto social em um país de aparente maioria católica. Pesquisas eleitorais visando o não realizado pleito presidencial de 1965 indicavam Leonel Brizola como um dos três candidatos com reais chances de obter a vitória, ao lado de Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda.              
A lei eleitoral de maio de 1945, elaborada sob a supervisão do ministro da Justiça  Agamenon Magalhães, determinou a constituição de partidos políticos de caráter nacional, o que rompia aparentemente com a tradição regionalista da política partidária brasileira. A UDN foi fundada no dia 7 de abril de 1945, reunindo diversas correntes ideológicas que nos anos anteriores haviam-se colocado em oposição à ditadura do Estado Novo. Setores liberais que desde 1943, com o lançamento do Manifesto dos Mineiros, vinham se manifestando pelo fim do regime ditatorial, se articularam para lançar a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República. Para dar sustentação a essa candidatura foi criada a UDN, que num primeiro momento constituiu uma ampla frente anti-Vargas. Participaram da fundação da UDN, setores desalojados do poder pela Revolução de 1930, representados por figuras como o baiano Otávio Mangabeira, o paulista Júlio Prestes ou o ex-presidente Artur Bernardes, e por clãs políticos estaduais como os Konder, de Santa Catarina, ou os Caiado, de Goiás.


Ingressaram também na UDN, outros setores oligárquicos que só romperam com Vargas no decorrer da década de 1930, como José Américo de Almeida, Juarez Távora, Antônio Carlos, Juraci Magalhães, Carlos de Lima Cavalcanti e Flores da Cunha. Havia ainda liberais ditos “históricos”, como os irmãos Virgílio e Afonso Arinos de Melo Franco, Raul Pilla, Pedro Aleixo, Odilon Braga, Milton Campos, e outros. Finalmente, estiveram entre os fundadores do partido curiosamente alguns grupos e personalidades de esquerda, como Silo Meireles, rompido com o Partido Comunista Brasileiro em virtude da aproximação desse partido com Getúlio Vargas, e socialistas como Hermes Lima, Domingos Vellasco e João Mangabeira, aglutinados na chamada “Esquerda Democrática”. Essa frente ampla e pluralista começou a dissolver-se, contudo, ainda durante o ano de 1945 da 2ª guerra. Em Minas Gerais, o grupo ligado ao antigo PRM, liderado por Artur Bernardes, optou por organizar o Partido Republicano (PR), enquanto no Rio Grande do Sul foi criado o Partido Libertador, dirigido por Raul Pilla. Partido Republicano e Partido Liberal, entretanto, mantiveram seu apoio à candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes. No ano seguinte, a Esquerda Democrática abandonaria a UDN para reorganizar o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Em 24 de agosto de 1954- Carlos Lacerda festeja uma suposta renúncia de Getúlio Vargas para depois simular consternação com o suicídio do presidente da República. Com a saída desses setores sociais, o partido político se consolidou como um partido de orientação conservadora.

Até a sua extinção em 1965, o partido esteve no centro dos principais acontecimentos da vida política do país. Caracterizou-se pela defesa da democracia liberal e pelo combate aguerrido às correntes sulistas getulistas. Os conceitos do papel apropriado do jornalismo variam de país para país. Em algumas nações, os meios de comunicação de notícias são controlados pelo governo e não são um corpo completamente independente. Em outros, os meios de comunicação são independentes do governo, mas a motivação comercial pelo lucro entra em tensão com as proteções constitucionais da liberdade de imprensa. O acesso à informação livre recolhida por empresas jornalísticas independentes e concorrentes, com normas editoriais transparentes, pode permitir aos cidadãos participarem efetivamente do processo político. O padrão histórico e político da comunicação social no Brasil têm como uma de suas características principais o vínculo orgânico dos meios massivos de trabalho comunicacional com as representantes elites políticas locais ou regionais. Expressões modernas “coronelismo eletrônico” ou “cartórios eletrônicos” têm sido ideologicamente utilizadas para caracterizar a tentativa ordinária de políticos para exercer, por intermédio do domínio de mercado da mídia, o controle sobre o mercado eleitoral. 

Interessa-nos descrever e explicar o ineditismo da experiência de jornais como O Dia, a Última Hora e o jornal Luta Democrática na conjuntura de seu aparecimento durante o segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954). Ao que parece deu-se “a primeira união entre veículos de comunicação de alcance massivo e sua instrumentalização por parte de lideranças políticas, no ambiente democrático”. Assim, para Marialva Barbosa em sua tese de doutoramento, o século XX trouxe à cena um novo tipo de jornalismo, no qual o investimento em um noticiário amplo buscou um público variado e fortaleceu determinados jornais como empresas. O caso do jornal Correio da Manhã, fundado na cidade do Rio de Janeiro em 1901, é exemplar, por razões políticas e ideológicas, interpelando os indivíduos como sujeitos. Antes, vale lembrar a tópica da inclusão dos trabalhadores na cena política, em que Angela de Castro Gomes, historiadora e cientista demarca duas fases. Na primeira, que cobre toda a Primeira República, estendendo-se até a promulgação da Constituição de 1934, a direção do processo esteve com os trabalhadores. Segundo a autora, “a ‘palavra operária’, sob o controle de lideranças diferenciais, operou buscando criar as bases de uma nova identidade de classe como fundamento para sua ação política”.  A partir de 1934, em um segundo momento do processo histórico de formação da classe trabalhadora como ator político, a palavra não esteve mais com os trabalhadores. O acesso à cidadania por parte dos setores populares passou a realizar-se via intervenção estatal. 

Neste quadro, a invenção do trabalhismo (cf. Gomes, 2004; 2005) e a montagem do sindicalismo corporativista, complementadas pela criação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), constituíram os elementos fundamentais da incorporação política dos trabalhadores. Como vimos em 1° de abril de 1964 os militares depõem Jango do poder com apoio de setores conservadores da sociedade temerosos com o rumo dito “esquerdizante” do governo Goulart. As promessas de manutenção da democracia e de realização das eleições presidenciais de 1965 não foram cumpridas e uma ditadura militar se instalou no Brasil, perdurando por 21 anos, causando perseguições políticas, torturas, abusos de poder e assassinatos. Brizola tentou organizar uma resistência ao golpe a partir do Rio Grande do Sul, para onde se dirigiu João Goulart no dia 2 de abril de 1964. Jango preferiu não ouvir os conselhos de Brizola e do general Ladário Teles, que desejavam a luta armada. Pois considerava um preço alto a ser pago politicamente pelo derramamento de sangue preferindo sair do Brasil para o exílio no Uruguai. Sem apoio, Brizola também foi perseguido naquele país, por intervenção do regime golpista militar brasileiro de 1964. Seu nome integrou a primeira lista de cassados pe1o AI-1, em 10 de abril de 1964, incluindo João Goulart, Jânio Quadros, Luís Carlos Prestes e Celso Furtado e outras 102 pessoas.

Com a anistia política brasileira de fins da década de 1970, retornou ao Brasil. Com a reversão do sistema bipartidário antes imposto pelo regime militar, Brizola quis assumir a antiga legenda PTB - Partido Trabalhista Brasileiro, mas perdeu a disputa do registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral - TSE para Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio Vargas. Fundou, então, juntamente com outros trabalhistas históricos e novos simpatizantes, o PDT – Partido Democrático Trabalhista. O partido viria a se unir à Internacional Socialista, em 1986, quando Brizola foi elevado a vice-presidente da entidade. Poucos meses antes de morrer, Brizola foi feito presidente de honra da Internacional Socialista. Na primeira eleição de que participa após o exílio, Brizola é eleito governador do Rio de Janeiro no ano de 1982. A eleição vinha sendo disputada por Sandra Cavalcanti (PTB), Lysâneas Maciel (PT), Moreira Franco (PDS) e Miro Teixeira (PMDB), que perdem força com a entrada de Leonal Brizola.

            Em 1979, o Brasil teve a Anistia e os que foram exilados pelo regime golpista militar puderam retornar ao país. Brizola retorna e, com a nova lei partidária, tenta reorganizar seu antigo PTB. Porém, Ivete Vargas o derrota na justiça e consegue para si a sigla partidária. De acordo com a avaliação de Brizola e demais dirigentes do PDT, o PTB de Ivete Vargas passou a ser um partido de direita, como de fato acabou por distanciar-se do seu glorioso passado trabalhista. Em 1982 a legenda de Ivete lança como candidato ao governo paulista Jânio Quadros e para o fluminense Sandra Cavalcanti. Ambos militaram na antiga UDN, partido de direita rival dos trabalhistas. O atual Partido Trabalhista Brasileiro nega, sem razão, que seja um partido político de direita, embora tenha uma postura identificada como tal desde seu ressurgimento, em 1980. A cena em que Brizola rasga uma folha de papel com a inscrição PTB, numa coletiva à imprensa, é a marca simbólica, mas politicamente correta do fim de um sonho para os brizolistas.
            O projeto principal e mais polêmico de suas duas gestões no governo fluminense foram os CIEPS - Centros Integrados de Educação Pública. Trata-se de escolas idealizadas, na sua concepção pedagógica, pelo professor e antropólogo Darcy Ribeiro. Seus prédios diferenciam-se bastante dos prédios de escolas tradicionais. Têm o desenho arquitetônico de Oscar Niemeyer. Foram construídos, na sua maioria, em favelas e periferia da capital e do estado do Rio de Janeiro. Isso consolidou o que se poderia denominar de brizolismo entre os eleitores destas áreas que batizaram os CIEPS de Brizolões. Os opositores diziam que os CIEPS eram “caros, de custosa manutenção”, ignorando a importância do projeto, que visava manter as crianças dentro do ambiente escolar durante a maior parte do dia. E ainda acusavam Brizola de “utilizar os centros como arma de propaganda eleitoral”, visando à conquista do eleitorado de outros estados, pois muitos foram erguidos na beira de rodovias. Após o governo Brizola, os CIEPs foram, em grande parte, sucateados pela ignorância e má fé de seus sucessores.
Leonel Brizola e Roberto Marinho.
O projeto arquitetônico dos edifícios é da autoria do arquiteto comunista Oscar Niemeyer, tendo sido erguidas mais de 500 unidades. Uma de suas características é a utilização de peças pré-moldadas de concreto, barateando a sua construção. As escolas são constituídas por três estruturas: o edifício principal, erguendo-se em três pavimentos, abrigando as salas de aula, centro médico, cozinha, refeitório, banheiros, áreas de apoio e recreação; o ginásio esportivo, que também pode receber atividades artísticas e culturais; o edifício da biblioteca e dos dormitórios. No segundo governo de Leonel Brizola, alguns CIEPs passaram a contar com piscinas. Um projeto com características parecidas são os Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAICs), adotado em âmbito nacional a partir da década de 1990. O projeto objetivava, adicionalmente, tirar crianças carentes das ruas, oferecendo-lhes os “pais sociais”, funcionários públicos residentes nos CIEPs que cuidavam de crianças ali residentes. Leonel Brizola era reconhecido por sua forma de falar e pensamento. Sua fala, carregada do sotaque e de expressões gaúchas que parecia cultivar, era quase que uma marca registrada. Não era difícil imitá-lo. Sua retórica era inflamada. 
Não perdia oportunidade para criar caricaturas verbais significativas de seus oponentes, como obteve pregnância ao chamar Lula, de “sapo barbudo”, Paulo Maluf, de “filhote da ditadura” e Moreira Franco, de “gato Angorá”. Era um orador par excellence, carismático, capaz de provocar reações fortes entre partidários e adversários. Seu discurso era baseado concretamente em pontos nevrálgicos da sociedade brasileira, como a valorização da péssima educação pública e a questão nacionalista das perdas internacionais, pagamento de encargos da dívida externa e envio de lucros ao exterior. Dilson Domingos Funaro (1933-1989) foi um empresário brasileiro do ramo de plásticos, proprietário da fábrica de brinquedos Trol. Foi presidente do BNDES e ministro da Fazenda do Brasil durante o governo José Sarney (1985-1987), tomando posse em 26 de agosto de 1985 e deixou o ministério em 29 de abril de 1987. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) é uma empresa pública federal com sede no Rio, cujo principal objetivo representa o financiamento num período de longo prazo e investimento nos segmentos da economia brasileira. Durante seu cargo como ministro da Fazenda, foi responsável pela criação de um plano de estabilização financeira, o Plano Cruzado. Durante seu cargo como ministro da Fazenda, foi responsável pela criação de um plano de estabilização financeira, o Plano Cruzado. Também foi o responsável pela assinatura da moratória unilateral da dívida externa brasileira, conferida em 20 de fevereiro de 1987. 
Dilson Domingos Funaro (1933-1989) foi um empresário brasileiro do ramo de plásticos, proprietário da fábrica de brinquedos Trol. Foi presidente do BNDES e ministro da Fazenda do Brasil durante o governo José Sarney (1985-1987), tomando posse em 26 de agosto de 1985 e deixou o ministério em 29 de abril de 1987. Durante seu cargo como ministro da Fazenda, foi responsável pela criação de um plano de estabilização financeira, o Plano Cruzado. Durante seu cargo como ministro da Fazenda, foi responsável pela criação de um plano de estabilização financeira, o Plano Cruzado. Também foi o responsável pela assinatura da moratória unilateral da dívida externa brasileira, conferida em 20 de fevereiro de 1987. Em um cenário de crise econômica nacional e internacional, Funaro pediria demissão poucos meses depois. Dilson Funaro era filho de Paschoal Funaro e Helena Kraljevic, e neto de Domingos Funaro nascido em Catanzaro, Calabria, Italia. Ele cursou a Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e, vindo de família abastada construiu, ainda jovem, a Cibrape, uma indústria de plásticos. Logo depois adquiriu a empresa Monitora e, posteriormente, a empresa Trol, uma grande fábrica de produtos de plástico para indústria nacional, com proejto empresarial de uso doméstico e brinquedos. Em outubro de 1982, “descobriu” que sofria de câncer linfático, uma das formas mais graves da doença, que apresentou várias recidivas, causando sua morte em 1989. Foi casado com Ana Maria Matarazzo Suplicy, filha de Paul Cochrane Suplicy e Filomena Matarazzo, irmã de Eduardo Matarazzo Suplicy, a quem deixou viúva com seis filhos.

José de Alencar Gomes da Silva teve em suas primeiras participações à campanhas políticas, grande admiração a Juscelino Kubitschek e simpatia ao Partido Social Democrático (PSD). Em 1964 havia grande tensão política no Brasil. De um lado, os militares e os comerciantes e do outros forças de esquerda e sindicais que pregavam a legalidade a favor de Jango e das reformas, liderados por Brizola. Contudo, José Alencar declarou publicamente ser a favor do golpe de Estado. Alencar esperava que após o golpe, fosse realizado em 1965 uma nova eleição presidencial, na qual Juscelino Kubitschek poderia voltar à Presidência, porém ele se desiludiu ao ver que não era aquilo que esperava. Após 19 anos, apoiaria o movimento das Diretas Já. - “O Brasil está passando por um momento muito difícil, muito grave. Por que? Porque a inflação está sendo estimulada, a anarquia está sendo estimulada, a quebra da disciplina e da hierarquia das Forças Armadas está sendo estimulada. Eles estão dando hegemonia na hierarquia militar aos sargentos em relação aos oficiais. E, além do mais, está-se buscando a comunização do Brasil. Nós como democratas, não aceitamos e não aceitaremos isso!”. Em 1993, Alencar filiou-se ao PMDB. E logo a Vice-Presidência do partido. 
Ao viajar por municípios mineiros, vários políticos falaram no nome de Alencar como candidato ao governo de Minas Gerais, ao receber tantos apoios, José Alencar abriu a sua pré-candidatura, além dele também eram pré-candidatos o ex-governador Newton Cardoso e o deputado Tarcísio Delgado. Percebendo que iria perder a nomeação para governador, Newton desistiu da candidatura em apoio a Tarcísio. 13 deputados federais do partido apoiavam Tarcísio (apenas o deputado federal Aloísio Vasconcelos apoiou Alencar). Apesar disso, Alencar tinha o senador Alfredo Campos como vice e as bases de apoio. Venceu na convenção com 51 votos de vantagem. Entretanto, houve uma dissidência no PMDB e a campanha ficou fraca. Os políticos do partido pensavam que Alencar iria ajudar na campanha deles, e como isto não aconteceu ele teve que fazer a campanha por conta própria, sem o apoio do PMDB. Na eleição em 1994, em primeiro turno, Alencar ficou em terceiro lugar, vindo apoiar Eduardo Azeredo no segundo turno.
Em 1998, o ex-presidente Itamar Franco era o candidato a governador de Minas pela coligação, e para o Senado, o candidato era o ex-governador Hélio Garcia. Garcia declarou que não apoiaria nenhum candidato, nem mesmo Itamar. No dia do prazo final de inscrição para os candidatos, Itamar declarou: - “Sem um candidato ao Senado, eu não disputo!”. Com isto, Itamar ameaçou renunciar a candidatura. O PMDB, então apressado para arrumar uma solução, acabou convencendo Alencar a registrar a candidatura, enquanto o partido articulava uma solução melhor. Alencar apoiou Itamar Franco, e iniciou uma campanha política. Reparou que no material de campanha havia apenas o nome do Itamar, sem menção a ele. Por fim, Alencar foi convidado a assumir a candidatura de fato, e não apenas simbolicamente. Seu slogan que se tornou popular, era: - “O 15 de Zé Alencar é o 15 de Itamar. É com o 15 que eu vou”. Nas primeiras pesquisas de intenção de voto, Alencar aparecia com 2% intenção de voto, mas esse índice foi crescendo, até que Hélio Garcia desistiu da candidatura para apoiar a outra candidata, Júnia Marise. Alencar venceu a eleição de 1998, com apenas uma vaga aberta para o Senado com mandato de oito anos, cujo não seria cumprido até o final. 
Em um cenário de crise econômica nacional e internacional, Funaro pediria demissão poucos meses depois. Dilson Funaro era filho de Paschoal Funaro e Helena Kraljevic, e neto de Domingos Funaro nascido em Catanzaro, Calabria, Italia. Ele cursou a Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e, vindo de família abastada construiu, ainda jovem, a Cibrape, uma indústria de plásticos. Logo depois adquiriu a Monitora e, posteriormente, a Trol, uma grande fábrica de produtos de plástico para indústria nacional, uso doméstico e brinquedos. Em outubro de 1982, “descobriu” que sofria de câncer linfático, uma das formas mais graves da doença, que apresentou várias recidivas, causando sua morte em 1989. Foi casado com Ana Maria Matarazzo Suplicy, filha de Paul Cochrane Suplicy e Filomena Matarazzo, irmã de Eduardo Matarazzo Suplicy, a quem deixou viúva com seis filhos.Enfim, em março de 1986 o presidente Sarney e sua equipe econômica liderada pelo ministro da fazenda Dilson Funaro lançaram o Plano Cruzado de combate à inflação, sendo o principal ponto o congelamento dos preços. Sarney apelava à população para que todos se tornassem fiscais e denunciassem fraudes ao congelamento de preços. A popularidade de Sarney aumentou num ano de eleição para os governos estaduais. No programa de televisão de seu partido, Brizola denunciou que o plano econômico era apenas uma estratégia para garantir a vitória do Partido do Movimento Democrático Brasieliro (PMDB), partido de José Sarney, na maioria dos estados e que depois das eleições a inflação voltaria. A previsão de Brizola veio a se confirmar: o PMDB elegeu governadores em 22 dos 23 estados da época e após as eleições houve a liberação dos preços, com a volta da inflação. 
Marcaram bastante na carreira de Brizola os desentendimentos que teve com os grandes monopólios da comunicação, em especial com as Organizações Globo. Roberto Marinho, que controlava o jornal O Globo e a Rádio Globo, fez pressão contra Brizola quando este postulava o cargo de Ministro da Fazenda de João Goulart. Marinho foi um dos empresários que apoiou o Golpe de 1° de abril de 1964, golpe que forçou Brizola a ir para o exílio. Em 1982 Roberto Marinho foi acusado de participar do caso Proconsult, que visava impedir a vitória de Brizola na eleição para governador de 1982, favorecendo Moreira Franco. O plano de fraude eleitoral foi denunciado pelo Jornal do Brasil e abortado após Brizola denunciá-lo pessoalmente na imprensa. Em 1984 Brizola quebrou o monopólio da Rede Globo de televisão nas transmissões de carnaval, concedendo o direito também à Rede Manchete.
A emissora de Marinho então desistiu de cobrir o evento. A expressiva queda de audiência durante os desfiles fizeram a rede Globo recuar e aceitar transmitir o evento a partir de 1985 em pool com a Manchete. Em 1989 Brizola, que liderava as pesquisas de opinião para eleição presidencial, se sentiu sabotado pela Rede Globo após esta ter veiculado acusações pessoais contra ele em rede nacional. Brizola encarou o fato como um favorecimento da Rede Globo a candidatura de Fernando Collor de Melo, ex-governador de Alagoas e que acabou por vencer o pleito. Em 1992, Roberto Marinho, em um editorial no jornal O Globo e no noticiário Jornal Nacional, chamou Brizola de senil. Isso valeu direito de resposta a Brizola no Jornal Nacional, que foi lido por Cid Moreira, dois anos depois, em 1994. Ainda em 1994, Brizola teve outro sério atrito com a TV Globo, após exibição de uma reportagem sobre Neusinha Brizola, onde ela lhe fazia pesadas críticas. Anos depois, Leonel Brizola ganharia direito de resposta na emissora que vem funcionando inegavelmente hic et nunc como partido político.
Bibliografia geral consultada. 

DIAS, Maurício, Jango: Um Filme de Silvio Tendler. Porto Alegre: L&PM Editores, 1984; SILVEIRA, Norberto, Reportagem da Legalidade: 1961/1991. Porto Alegre: NS Assessoria em Comunicação, 1991; RIBEIRO, Darcy, O Livro dos CIEP`s. Rio de Janeiro: Editora Bloch, 1986; Idem, CIEP’s: A Educação como Prioridade. Carta: Falas, Reflexões e Memórias. Brasília. Gabinete do Senador Darcy Ribeiro, nº 3, 1994; AMARAL, Anselmo Ferraz, Brizola e a Legalidade. Porto Alegre: Editora Intermédios, 1996; SENTO-SÉ, João Trajano, Brizolismo: Estatização da Política e Carisma. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1999; SALES, Luís Carlos, O Valor Simbólico do Prédio Escolar. Teresina; Editora da Universidade Federal do Piauí, 2000; MENCARELLI, Fernando Antonio, A Voz e a Partitura: Teatro Musical, Indústria e Diversidade Cultural no Rio de Janeiro (1868-1908). Tese de Doutorado em História Social. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas: Universidade de Campinas, 2003; KUHN, Dione, Brizola: da Legalidade ao Exílio. Porto Alegre: RBS Publicações Editores, 2004; GOMES, Angela de Castro, “Brizola e o Trabalhismo”. In: Anos 90. Porto Alegre, vol. 11, n° 19/20, pp.11-20, jan./dez. 2004; Idem, A Invenção do Trabalhismo. 3ª edição. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 2005; FERREIRA, Jorge, O Imaginário Trabalhista: Getulismo, PTB e Cultura Política Popular. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2005; FERREIRA, Marieta de Moraes (Coord.), João Goulart: Entre a Memória e a História. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2006; BEMFICA, Flavia Cristina Maggi, Governo Leonel Brizola no Rio Grande do Sul: Desconstruindo Mito. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2007; AARÃO REIS, Daniel, As Esquerdas no Brasil. Nacionalismo e Reformismo Radical (1945-1964). Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2007; MACEDO, Michelle Reis, Trabalhadores e Cidadania no Brasil: O Movimento Queremista e a Democratização de 1945. Dissertação de Mestrado em História. Instituto de História. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2008; MACHADO, Juremir, Vozes da Legalidade: Política e Imaginário na Era do Rádio. Porto Alegre: Editora Sulina, 2011; TAVARES, Tânia dos Santos, Grupo de Onze: A Esquerda brizolista (1963-1964). Dissertação de Mestrado em História Social. Rio de Janeiro: UERJ: Faculdade de Formação de Professores, 2013; SILVA, Marco Antônio Medeiros, A Última Revolução: O Governo Leonel Brizola no Rio Grande do Sul, 1959-1963. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2015; entre outros.

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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).   

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