“O otimista é um
tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.
Ariano Suassuna
Ariano Suassuna era descendente da família
ítalo-brasileira Cavalcanti, que se estabeleceu em Pernambuco com o imigrante
florentino Filippo Cavalcanti, morto em Olinda por volta de 1614. Seu sobrenome
deriva de um engenho que era propriedade da família Cavalcanti e se chamava
“Suassuna”. Nome este que acabou sendo adotado por alguns ancestrais dessa
família como apelido no Nordeste do Brasil. Nascido em João Pessoa em 16 de
junho de 1927 foi um dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta brasileiro. Idealizador
do chamado “Movimento Armorial” e autor de obras como: 1) “Auto da Compadecida”,
drama nordestino apresentado em três atos. Contém elementos da literatura de
cordel e está inserido no gênero da comédia, se aproximando do barroco católico
brasileiro. Trabalha com a linguagem oral e apresenta também o regionalismo
através da caracterização do nordeste; 2) “O Romance d`A Pedra do Reino”, é
ambientada no começo da 1ª República, ou República das Oligarquias no alvorecer
do século XX. É uma obra totalmente passional, dotada de uma paixão fanática,
iluminada e beatífica como Antônio Conselheiro de Canudos, e, 3)
“Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, foi um preeminente defensor da cultura
nordestina. É inspirado em um episódio
ocorrido no século XIX, no município sertanejo de São José do Belmonte, a 470 km do Recife, transformado em lenda em Portugal depois de desaparecer na
África com a Batalha de Alcácer-Quibir: sob o domínio espanhol, os portugueses
sonhavam com a volta do rei que restituiria a nação tomada à força. O
sentimento sebastianista ainda hoje é rememorado em Pernambuco, durante a
Cavalgada da Pedra do Reino, por manifestação popular individual e coletiva que acontece anualmente,
onde inocentes historicamente foram sacrificados pela volta do rei.
Formou-se
na Faculdade de Direito em 1950 e, no mesmo ano, recebeu o Prêmio Martins Pena
pelo “Auto de João da Cruz”, peça inspirada em folhetins da literatura de
cordel. Em 1956, Ariano abandonou a advocacia para ser professor de Estética na
Universidade Federal de Pernambuco. Desde então, novos trabalhos foram
encarados: “O Casamento Suspeitoso”, “O Santo e a Porca”, “O Homem da Vaca”, “O
Poder da Fortuna” e “A Pena e a Lei”, essa última premiada dez anos depois no Festival Latino-Americano de Teatro. Em
1957, casa-se com Zélia de Andrade Lima, que lhe deu seis filhos. E esses, por
sua vez, lhe deram 13 netos como herdeiros. Em 1959, novamente na companhia do amigo Hermilo
Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste. Entre 1958-79, dedicou-se
também à prosa de ficção, publicando o “Romance d`A Pedra do Reino”, “Príncipe
do Sangue do Vai-e-Volta” (1971) e “História d`O Rei Degolado nas Caatingas do
Sertão” / “Ao Sol da Onça Caetana” (1976), classificados por ele do ponto de vista técnico-metodológico como “romance
armorial-popular brasileiro”. Com a bem-sucedida carreira de
dramaturgo, Ariano resolveu dedicar-se às aulas de Estética na Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE). Em 1976, defendeu a tese de
Livre-Docência: “A Onça Castanha” e a “Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a
Cultura Brasileira”. Ariano se aposentou como professor em 1994.
Ariano Suassuna iniciou a redação do “Romance d`A
Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, seu nome completo, em
1958, para concluí-lo somente uma década depois. Quando o autor percebeu o que
o levou a escrever o romance: a morte do pai, quando tinha apenas três anos de
idade – tragédia pessoal presente na literatura de Suassuna, e a redenção do
seu rei – uma reação contra o conceito vigente na época, segundo o qual as
forças rurais eram o obscurantismo (o mal) e o urbano o progresso (o bem). A
história, baseada na cultura popular nordestina e inspirada na literatura de
cordel, nos repentes e nas emboladas, é dedicada ao pai do autor e a mais doze cavaleiros,
entre eles Euclides da Cunha, Antônio Conselheiro e José Lins do Rego. Sempre
ligado por inteiro à cultura, Ariano iniciou em 1970, na capital de
Pernambuco, o chamado “Movimento Armorial”, que visava o desenvolvimento e o reconhecimento
das formas de expressão populares tradicionais.
Todos os atores que se detiveram sobre as
características do imaginário individual (o sonho) e coletivo (os mitos, os
ritos, os símbolos) repararam na imediatez insólita da imagem. A imaginação voa
imediatamente no espaço e a flecha imaginada por Zenão perpetua-se para além da
contagem do tempo existencial. Esta, por sua vez, faz perfeição essencial dos
objetos imaginários, a sua pobreza essencial é uma bem-aventurada ausência de
acidente. No domínio da fantástica pura, no sonho (cf. Augé, 1997), os
observadores ficaram sempre surpreendidos pela oposição da fulgurância dos
sonhos e do lento processo temporal da percepção. A imagem engendra em todos os
sentidos, sem se preocupar com as contradições, um luxuriante enxame de
imagens. Sobre o pensamento que raciocina do mesmo modo que sobre o pensamento
que percepciona pesa ainda mais o caminhar laborioso da existência, enquanto o
pensamento que imagina – o real como realidade e a realidade como fantasia - tem
consciência de ser satisfeito instantaneamente e arrancado ao encadeamento
temporal.
Assim, por exemplo, compreende-se mal como é que Henri
Bergson assimila esta fulguração onírica ou fantástica
à duração concreta, pois que o “desapego” do sonho aparece antes de mais como
um “adiamento” do tempo, e nos sonhos e nos delírios o “dado imediato” é a
imagem, não a duração, uma vez que o “sentido o tempo” está como que dissolvido
na ideia que temos da realidade com a qual consentimos. Decerto o criticismo
recusa-se a conceder uma realidade a esse tempo que permanece puramente formal,
mas não deixa de ser paradoxalmente verdade que em Immanuel Kant como em Henri Bergson,
guardadas as proporções, o tempo possui uma espécie de mais-valia psicológica sobre o
espaço. Assim, “dado imediato” para um, ou “condição a priori da generalidade
dos fenômenos”, para outro, minimizam o espaço em proveito da intuição da
temporalidade.
Assim, a função fantástica pelo se caráter fundamental
de imediatez, de pobreza existencial, aparece-nos como incompatível com a assim
chamada intuição da duração, com a mediação do devir. A memória seria ato de
resistência da duração à matéria puramente espacial e intelectual. A memória e
a imagem, do lado da duração e o espírito, opõem-se à inteligência e à matéria,
do lado do espaço. Por fim, na célebre exposição à teoria da fabulação, de Henri Bergson, já sem se preocupar com a memória à qual reduz primitivamente a
imaginação, faz da ficção o “contrapeso” natural da inteligência, o vigário do impulso vital e do instinto
eclipsado pela inteligência: reação da natureza contra o poder dissolvente da
inteligência. É a memória que reabsorve na função fantástica e não o inverso. A
memória, longe de ser intuição do tempo, escapa-lhe no triunfo de um tempo
“reencontrado”, logo negado. Enfim, a memória pertence de fato ao domínio do
fantástico, dado que organiza esteticamente a recordação. A memória, como o
imaginário individual (o sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos) erguem-se contra as faces do tempo e assegura ao ser, contra a
dissolução o devir, a continuidade da consciência e a possibilidade de
regressar, de regredir, para além das necessidades do destino. A arte favorece o desenvolvimento da criatividade e da intuição, nos levando a inovar e imaginar mais no sentido de resolver os problemas que afligem a humanidade. A originalidade da arte, procurando integrar o conhecimento da técnica com os aspectos intuitivos presentes na interação entre o sensorial e o racional permite, mais do que nunca, o atingimento de nossa consciência transpessoal – aquela que vai além de nosso cérebro, ultrapassando os limites de tempo e lugar. A arte é a expressão da própria vida do artista que se manifesta nos sons, nos gestos, na palavra, criando a chamada “magia”. A arte seria, então, o impulso dos seus desejos, de suas necessidades próprias e de sua sociologia emocional. O “Movimento Armorial” surgiu sob a inspiração e
direção do prócer Ariano Vilar Suassuna, com a colaboração de um grupo de
artistas e escritores da região Nordeste do Brasil. Contando com o apoio institucional
do Departamento de Extensão Cultural da Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários
da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Teve início no âmbito
universitário, mas ganhou apoio oficial da Prefeitura do Recife e da Secretaria
de Educação do Estado de Pernambuco. Foi lançado oficialmente, no dia 18 de
outubro de 1970, com a realização de um concerto e uma exposição de artes
plásticas realizados no Pátio de São Pedro, no centro da cidade de Recife,
Pernambuco.
“A Arte Armorial Brasileira é
aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos
folhetos do Romanceiro Popular do Nordeste (literatura de Cordel), com a Música
de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus cantares, e com a xilogravura que
ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos
populares com esse mesmo Romanceiro relacionados”. (cf. Jornal da Semana, 20 de maio de 1975).
Esta
corrente como expressão e forma irradiada de pensamento são marcadas
principalmente pela tendência de Suassuna em sintetizar elementos e figuras da
cultura do povo nordestino, em particular e obras clássicas da literatura
universal. Esta mistura de gostos, gestos e expressões representa o leitmotiv que inspira o intermitentemente e seus companheiros do Movimento Armorial, criado para fazer
face ao massivo domínio dos imperativos culturais estadunidenses no Brasil. A Corrente Armorial está profundamente
vinculada em suas características essenciais à produção da literatura de cordel,
à moda de viola, a instrumentos como a rabeca, a qual cria a “atmosfera” sonora
que sustenta o canto dos músicos que seguem esta idealização da arte. As capas
que ilustram seus trabalhos são manufaturadas com a técnica própria da
xilogravura de origem chinesa, em que o artesão utiliza um pedaço de madeira para entalhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução. Em seguida, utiliza tinta para pintar a parte em relevo do desenho.
A
arte do “trovadorismo”, proveniente da Península Ibérica, chegou ao
chamado “Novo Mundo”, e floresceu tanto
na Américas Espanhola, quanto na Portuguesa. Houve um tipo de literatura
popular em verso no México, Chile, Nicarágua e Argentina muito parecida com o folheto
nordestino. Até a gravura popular usada para ilustrar os “corridos mexicanos”,
e as “folhas soltas” da lira popular chilena, apresentam características
parecidas com a brasileira, em particular nordestina, sem falar que muitos dos
temas aproveitados pelos autores da literatura de cordel nordestina também
foram explorados naqueles países. O que torna o romanceiro bastante singular,
porém, é o formato padrão adotado desde os primórdios por Leandro Gomes de
Barros, João Martins de Athayde, Francisco das Chagas Batista e outros
importantes poetas-editores. Não domino o tema, mas admiro-o, não pretendendo
mais que um olhar, como para uma mulher que meu desejo, se me permitem dizer
que é escolhida como ponto de vista. E, segundo Carlos Drummond de Andrade,
homenageado com estátua no Rio de Janeiro, foi, “no julgamento do povo, rei da
poesia do sertão e do Brasil em estado puro”.
É
neste sentido que estamos precisando o que significa o termo espaço. O Movimento Armorial deu um impulso
significativo à cultura brasileira, permitindo, assim, que ela fosse
interpretada dentro e fora do Brasil. Ele não se restringiu ao âmbito cultural,
uma vez que estendeu sua influência também ao universo da moda e à esfera
comportamental, no sentido psicológico, gerando desde então uma marca cultural existencial
típica do final do século XX. Nesta corrente cultural tudo que representa a
cultura popular é realmente significativo. Desde as encenações em ruas e
praças, com imagens extraídas do contexto mítico, cantares. Influenciando a
moda a partir de trajes de príncipes tecidos com farrapos, bichos enigmáticos
como o boi e o cavalo-marinho, integrantes do arquétipo “bumba-meu-boi”,
incluindo a tradição dos “teatros de bonecos” e outros elementos e artefatos da
criatividade cultural nordestina. Neste aspecto, ocupou não só burocraticamente
os cargos de secretário de Cultura de Pernambuco e secretário de
Assessoria do governador de Estado..
Ele
assumiu a Cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito em 3 de
agosto de 1989, na sucessão de Genolino Amado. Desde 1990 ocupa a cadeira
número 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Araújo Porto Alegre,
o Barão de Santo Ângelo (1806-1879). Ele também se tornou membro da Academia
Paraibana de Letras em 9 de outubro de 2000. No mesmo ano, Ariano Suassuna ainda se
tornou doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sucesso
e talento reconhecidos, em 2002, Ariano Suassuna foi tema de enredo no carnaval
carioca na escola de samba Império Serrano. Em 2008, foi novamente tema de
enredo, desta vez da escola de samba ManchaVerde no carnaval paulista. Em
2006, também ganhou o título de doutor
Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará, mas que veio a ser
entregue apenas em 10 de junho de 2010, às vésperas de completar 83 anos. Em 2011, quando Eduardo Campos, então governador de Pernambuco, foi reeleito presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro - PSB, Ariano foi eleito presidente de honra do partido. Na oportunidade, declarou que era “um contador de história e que encerraria sua vida política neste cargo”. Em 2013 sua mais famosa obra, o Auto daCompadecida foi o tema da escola de samba Pérola Negra nos desfiles de escola de samba em São Paulo. Durante o mandato de Eduardo Campos em Pernambuco, Ariano Suassuna foi seu Assessor Especial até abril de 2014.
Bibliografia geral consultada.
MARQUES, Roberta
Ramos, Deslocamentos Armoriais: Da Afirmação Épica do Popular na Nação
Castanha de Ariano Suassuna ao Corpo-História do Grupo Grial. Tese de
Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Universidade Federal de
Pernambuco, 2008; VOGADO, Eguimar Simões, Metaficção e História Espiral
Narrativa de Ariano Suassuna: Leitura Poético-alegórico do Romance Pedra do
Reino. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências e Letras. Araraquara:
Universidade Estadual Paulista, 2008; CARDOSO, Maria Inês Pinheiro, Cavalaria
e Picaresca no Romance D' A Pedra do Reino de Ariano Suassuna. Tese
de Doutorado. Departamento de Letras Modernas. Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2010; CARVALHO, Solange
Peixe Pinheiro de, As Muitas Faces de uma Pedra: O Universo Lexical da Obra
em Prosa de Ariano Suassuna. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação
em Filologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2011;
BORBA, Romina Quadros, O Arlequim Nordestino: As Personagens-palhaço de
Ariano Suassuna. Dissertação Mestrado. Instituto de Artes. Campinas:
Universidade Estadual de Campinas, 2012; MARQUES, Adeilson de Abreu, O
Percurso Místico-Literário. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em
Cultura e Sociedade. São Luís: Universidade Federal do Maranhã, 2014; OLIVEIRA,
Anderson Bruno da Silva, A Invenção do Sertão no Romance d`A Pedra do
Reino. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História.
Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Recife: Universidade Federal de
Pernambuco, 2015; COSTA, Luís Adriano Mendes, “As (Des) Continuidades (Pós)
Armoriais: Entre o Ser e o Devir”. In: Sociopoética, vol.1, nº 15, 2015;
RODRIGUES, Daniella Carneiro Libânio, A Arte Segundo Ariano Suassuna: A
Intermidialidade e a Poética Armorial. Programa de Pós-Graduação em Estudos
Literários. Faculdade de Letras. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas
Gerais, 2015; entre outros.
______________
*Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).
“O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade”. Karl Mannheim
As unidades de geração desenvolvem perspectivas,
reações e posições políticas e afetivas diferentes em relação a um mesmo dado problema.
O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz
surgirem diversidades nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção
ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um
mesmo âmbito social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma
adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional.
Mas a forma como grupos de uma mesma conexão geracional lidam com os fatos
históricos vividos, por sua geração, fará surgir distintas unidades geracionais
no âmbito da mesma conexão geracional no conjunto da sociedade. Na
verdade, inicialmente, a classe médica em geral acaba por marginalizar as
ideias de Freud; seu único confidente durante esta época é o médico Wilhelm
Fliess. Depois que o pai de Freud falece, em outubro de 1896, segundo as cartas
recebidas por Fliess, Freud, naquele período, dedica-se a anotar e analisar
seus próprios sonhos, remetendo-os à sua própria infância e, no processo,
determinando as raízes de suas próprias neuroses. Tais anotações tornam-se a
fonte etnográfica para a obra “A Interpretação dos Sonhos”.
Durante o curso
desta autoanálise, Freud chega à conclusão de que seus próprios problemas eram
devidos a uma atração por sua mãe e a uma hostilidade em relação a seu pai. É o
que constitui o famoso “complexo de Édipo”, que se torna o “coração”, por assim
dizer, na concepção da teoria de Freud sobre a origem da neurose em todos os
seus pacientes investigados. Nos primeiros anos do século XX, são publicadas
suas obras em que contém suas teses principais: “A Interpretação dos Sonhos” e
“A psicopatologia da vida cotidiana”. Freud já não mantinha mais contato nem
com Josef Breuer, nem com Wilhelm Fliess. No início, as tiragens das obras não
animavam Freud, mas logo médicos de vários lugares: Eugen Bleuler, Carl Jung,
Karl Abrahams, Ernest Jones, Sandor Ferenczi, demonstram respaldo às suas ideias
e passam a compor o “Movimento Psicanalítico”. O filme Kids
é odrama norte-americano de 1994, escrito
por Harmony Korine, dirigido por Larry Clark e produzido pelo cineasta Gus Van
Sant. Apresenta Chloë Sevigny,
Leo Fitzpatrick, Justin Pierce e Rosario Dawson. O filme tem como escopo um dia na vida de um grupo de jovens ditos sexualmente
ativos de Nova Iorque. Demonstra seu comportamento diante do consumo de sexo e
drogas em meados dos anos 1990.
O filme tem como protagonista um skatista em
busca de sexo e drogas. Nova York serve como representação de cenário irradiado
do conturbado mundo dos adolescentes. Que indiscriminadamente consomem drogas e
quase nunca praticam sexo de forma segura. Um garoto, que idealiza seu deseja só
transar com virgens. E uma jovem, que só teve um parceiro, mas é soropositivo.
Este arquétipo serve de base para as tramas paralelas e bem articuladas que
ilustram, como em qualquer ser humano, que poderá prejudicar seriamente sua
vida se não estiver bem orientado sexualmente. Mas isto é, pela má utilização
da informação global (quase) impossível! O
conceito de archetypus só se aplica indiretamente às noções concietuais de représentations
collectives, na medida em que designar apenas aqueles conteúdos psíquicos que
ainda não foram submetidos a qualquer elaboração consciente. Representam,hic et nunc, um dado anímico imediato. Como
tal, o arquétipo difere sensivelmente da fórmula historicamente elaborada.
Especialmente em níveis mais altos dos ensinamentos secretos, aparecem sob uma
forma que revela seguramente a influência da elaboração consciente, a qual
julga e avalia. Sua manifestação imediata, como a encontramos em sonhos e
visões, é mais individual, incompreensível e ingênua do que nos mitos. O
arquétipo representa, em essência,um
conteúdo inconsciente, que se modifica através de sua conscientização e
percepção, assumindo matizes que variam de acordo com a consciência individual
na qual se manifesta.
Do
ponto de vista dos impactos sociais muitas sessões de “Kids” sofreram tentativas
de boicote, como ocorrera há décadas com o filme: “Last Tango à Paris”. Na Grã-Bretanha, onde o Parlamento condenou o
filme, era comum ver manifestantes do lado de fora dos cinemas. Nos Estados
Unidos, a produção recebeu uma classificação etária de não recomendado para
menores de 17 anos - algo particularmente irônico, considerando que “Kids”
tinha como uma de suas produtoras a Miramax, na época propriedade da gigante
Walt Disney. A controvérsia gerada entre os executivos foi tão grande que o
estúdio foi, sob certas condições sociais, forçado a criar uma empresa à parte,
a “Shining Excalibur Pictures”, com a finalidade mercadológica de distribuir a
obra mundialmente. Em Kids, o próximo filme que vai indignar os guardiões da
moralidade americana, as crianças são uma praga. Os adolescentes, muitos ainda
no ensino fundamental, não conseguem sobreviver por uma hora sem violar várias
dezenas de leis e convenções: eles furtam, bebem, usam drogas, roubam dinheiro,
chutam gatos, espancam e talvez assassinem um estranho e se envolvem em uma
interminável, caça irracional por sexo, sem camisinha. A solução
dificilmente seria aceita hoje. - “Seria impossível fazer esse filme agora”,
afirmou Korine ao tablóide Guardian. – “Não teria como ninguém sair impune disso
tudo”.
Larry Clark é um cineasta genial.
Não é de hoje que o autor de Kids, Another Day in Paradise, ou ainda “Ken
Park” fascina e gera polêmica em torno de seus filmes onde aborda a vida dos
teens de maneira crua e sem tabus. Do alto de seus 69 anos, Clark esbanja
vitalidade e têm os dois pés bem fincados na era digital. Seu último filme,
Marfa Girl, que recebeu o grande prêmio da sétima edição do Festival de Roma.
Cansado do sistema de distribuição hollywoodiano o diretor decidiu ir direto ao
encontro de seu público lá onde ele está, ou seja, na rede internet. – “Os
adolescentes passam seu tempo na frente do computador, seja para organizar uma
saída ou para paquerar então é lá que o filme estará também”. Filmado na cidade
de Marfa, Texas – aquele vilarejo do deserto que tem a “loja-escultura” da
Prada – o filme narra a história de amor de Adam, 16 e de sua vizinha Donna,
23. Os conflitos étnicos e sociais entre as comunidades artísticas brancas e
hispânicas e a presença constante da polícia de imigração servem de pano de
fundo à trama cinematográfica. O Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos
Estados Unidos da América (U. S. Immigration and Customs Enforcement - ICE) é
uma agência policial subordinada hierarquicamente ao Departamento de Segurança
Interna (United States Department of Homeland Security - DHS), responsável por
detectar, investigar e corrigir vulnerabilidades relacionadas à fronteiras,
infraestrutura, transportes, e economia.
Em Kids,
o cineasta Larry Clark realiza um recorte
de geração (cf. Mannheim, 1993; cf. Weller, 2010) em que prevalece a perspectiva
do “enclausuramento”. Ao supostamente buscar uma interferência constante do ambiente
dentro do filme. Ou, ao querer simplesmente atualizar o mundo dos jovens. Ou
ainda, diante da tensão de um mundo que já existia independentemente dele. Acabou
retendo a adolescência nova-iorquina numa tragédia de aniquilamento simultaneamente
de dentro e de fora. Os adolescentes de “Kids” não podem ser imaginados como
experimentos de laboratório aos quais se dão todos os tipos de substância, resultando
no imobilismo absoluto e, em última análise, na morte precoce. Enquanto a
maioria dos adultos está indiferente a essa questão, tema nevrálgico da
modernidade – o sexo, o cineasta se põe dentro dela. Deixa-se envolver com
fascínio e preocupação. Os personagens de “Kids” consomem drogas. Participam de
orgias para preencher um tempo que, na modernidade vagueia livre.
O filme tem o
mérito de um “engagement”, sem fatalismo, sem estratégia de choque. Mas
utilizando uma linguagem realista, o filme abre o cenário cinematográfico com
Telly, um Don Juan pálido e esquelético, deflorando uma adolescente, e termina
com um estupro embalado por drogas em uma festa. Não existe julgamento
moral, apenas um olhar que observa à distância. Para Sigmund
Freud (1972) e Claude Lévi-Strauss (1962), o tabu expressara um sentimento
coletivo sobre um determinado comportamento dicotômico, num ambiente entre
amigos, de um lado, e inimigos, do outro, funcionando de uma forma articulada
entre dois condicionamentos comportamentais - biológico e cultural ou vice-versa.
Assim o tabu seria expresso de forma diferente das regras sociais, que são uma
construção cultural típica de sociedades mais complexas. Os tabus da linguagem
dividem-se em três grupos, de acordo com o uso ou a motivação psicológica: uns
são devido ao medo, outros a um sentimento de delicadeza e outros, ainda, a um
sentido de decência e decoro. Os tabus de medo têm a ver com
o pavor aos seres sobrenaturais, que impuseram tabus sobre seus nomes, como o demônio. As criaturas e as coisas vulgares dotadas de qualidades
sobrenaturais podem tornar-se alvo de terror e tabus.
Analogamente quando o filme: Le Dernier Tango à Paris estreou nos Estados Unidos da América em 1975 foi diante de uma enorme
controvérsia. O frenesi da imprensa populista em torno dele gerou enorme
interesse do público (cf. Aslan, 2010), assim como grande condenação moral,
típica de norte-americanos, levando a reportagens de capa nas duas maiores
revistas semanais do país. A revista “Time” – que colocou o ator Marlon Brando
na capa: “Last Tango in Paris Cover Story” – e “Newsweek” – “Tango: The Hottest
Movie” em 12 de fevereiro, 1973. O Village Voice descreveu “passeatas de
comitês de moralidade na porta de cinemas” e “mulheres bem vestidas vomitando”
(cf. “Last Tango in Paris: Can it arouse the
same passions now?”. In: “The
Independent”). Vincent Canby, crítico do jornal “The New York Times”, descreveu
o contexto sexual do filme como “a expressão artística da era de Norman
Mailer”. O principal centro do escândalo foram às cenas de sexo anal, onde “Paul”
sodomiza “Jeannie”, com manteiga “como lubrificante”. E quando pede a ela “que
enfie os dedos em seu cu”, ou, “prometa fazer sexo com um porco”, provando sua
devoção.
A prestigiada crítica de arte Pauline Kael, da revista The New Yorker, deu ao filme um dos mais entusiásticos endossos de sua
carreira profissional, considerando que ele tinha “mudado a face de uma forma
de arte, um filme que as pessoas esperam por ele há muito, muito tempo, desde
que filmes existem”. Seu elogio, vindo de alguém tão comedida neles e com tanto
prestígio na chamada indústria cultural, foi republicado pela United Artists
num anúncio do filme em página dupla na edição dominical do New York Times. Na versão que foi
mostrada na pré-estreia mundial, no Festival de Cinema de Nova York, havia uma
cena em que Paul afugentava de seu apartamento um vendedor de bíblias,
colocando-se de quatro e latindo como um cachorro. A cena foi elogiada pela
crítica de cinema Pauline Kael na revista New Yorker, mas Bertolucci decidiu
cortá-la da edição final.
Uma semana depois “a polícia confiscou todas as
cópias por ordem da Justiça e Bernardo Bertolucci foi processado por
obscenidade”. Robert Altman assistiu declarou que saiu da sala de projeção e
disse a si próprio: - “Quem vai se preocupar se eu fizer um novo filme? Minha
vida pessoal e artística nunca mais será a mesma”. A
década de 1990 começou com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria,
sendo esses seguidos pela consolidação da democracia, globalização e
capitalismo global. Fatos marcantes para a década foram a Guerra do Golfo e a
popularização do computador pessoal e da Internet.
Otimismo e esperança seguiram o colapso do Comunismo, mas os efeitos colaterais
do fim da Guerra Fria estavam só começando, como o advento terrorista em regiões
do 3° Mundo, especialmente na Ásia. O 1° Mundo experimentou crescimento
econômico estável durante toda a década. O Reino Unido, depois de uma recessão
em 1991-92 e a desvalorização da libra, conseguiu 51 bimestres seguidos de
crescimento que se seguiram no novo século.
Até nações com menor
representatividade no mercado econômico mundial, como a Malásia, tiveram
aperfeiçoamentos gigantescos. Mas deve-se notar que a economia dos Estados
Unidos da América permaneceu relativamente, sem crescimento econômico superavitário durante a primeira metade da
década. Contudo, dependendo do ponto de vista, muitos países,
instituições, companhias e organizações consideraram os anos 1990 como tempos
prósperos. Politicamente, foram anos de democracia expansiva. Os antigos países
do Pacto de Varsóvia logo saíram de regimes autoritários para governos recentemente
eleitos. Ocorreu com países economicamente em desenvolvimento como Taiwan, Chile,
África do Sul e Indonésia. Apesar da prosperidade e democracia, houve um lado
maléfico significativo. Na África, o aumento nos casos de doenças sexualmente
transmissíveis e inúmeras guerras levaram á diminuição da expectativa de vida
interrompendo o crescimento econômico. Em ex-nações soviéticas com a queda do socialismo Leste europeu, houve fuga de
capital e o Produto Interno Bruto (PIB) decrescente. Crises financeiras denominadas para países “em desenvolvimento”, permanecem e foram comuns depois de 1994, disseminados pela
globalização.
E eventos trágicos como as guerras dos Bálcãs, genocídio de
Ruanda, a Batalha de Mogadíscio e a 1ª guerra norte-americana do Golfo Pérsico, assim
como a demanda e propaganda contra o terrorismo, levou ao “choque de Estado”, para se referirem aos militares norte-americanos contra civilizações
Iraque, Irã etc. Mas esses fatos sociais e políticos foram apenas rememorados com
relevância na década de 2000. A cultura jovem aceitou o “Grunge” como mídia.
Passou a ser diversificada se ramificando em “tribos” num universo social muito
diverso do que decorreram desde o superficialismo e consumismo até a militância
ambientalista e antiglobalizante dos dias atuais. A expressão nas roupas e
através de tatuagens e “piercings” também fora marcante, bem como o consumo de
drogas com o surgimento do “ecstasy” ligado a cultura de música eletrônica o
aumento no consumo de maconha na classe média em geral. O jovem se
viu envolvido cada vez mais com sexo precoce. Foi vitima do aumento da
violência e descaso de políticas públicas nas esferas sobre
juventude nos centros urbanos.
O grunge tornou-se comercialmente bem-sucedido na
primeira metade da década de 1990, devido principalmente aos lançamentos das
célebres “Nevermind”, do Nirvana e “Tem”, do Pearl Jam. O termo grunge – que em seu sentido original significa “sujeira” ou “imundície” em inglês – descreve tanto o estilo visual do cabelo desgrenhado, roupas velhas e folgadas de bandas e fãs, quanto o som saturado e distorcido das guitarras que dão o tom agressivo as músicas. O sucesso dessas bandas
impulsionou a popularidade do chamado rock alternativo e fez do “grunge” seu estilo
musical e a forma mais popular de “hard rock” neste período de viragem estética e musical. No entanto, muitas
bandas “grunges” estavam desconfortáveis com tal popularidade. Apesar de a
maioria das bandas “grunges” ter se separado ou desaparecido no final da década
de 1990, sua influência continua a afetar o rock contemporâneo. A popularidade
do “grunge” começaria a diminuir em meados de 1990. Das grandes bandas que
deram vida ao movimento musical, só estão ativas em 2013: “Alice in Chains”, “Mudhoney”,
“Soundgarden”, “The Melvins” e “Pearl Jam”.
No cinema da década de 1990, o “pop” casa-se com o
clássico. A palavra de ordem é diversidade: “O Silêncio dos Inocentes” entra
para a história da cultura ao ganhar os cinco principais Óscares; “A Lista de
Schindler” emociona de forma chocante multidões de pessoas pelo mundo
cosncientizado pelo holocausto; “Forrest Gump”, com o homem diante da guerra e
da morte, apresenta um astro definitivo, Tom Hanks; Quentin Tarantino é
revelado como um dos grandes gênios da modernidade e muda o rumo dos
acontecimentos ao revolucionar com o extraordinário “Pulp Fiction”; “Um Sonho
de Liberdade” emociona com uma das mais belas histórias do cinema; e Sharon
Stone cruza fatalmente suas pernas na sedução erótica de “Instinto Selvagem”. A
plateia se toca e se eletriza com histórias sensíveis, como a representação “The
Piano” e “Magnolia”. Tom Hanks ganha duas estatuetas Óscares consecutivos e Julia Roberts se torna “a
musa da década” ao estrelar a saborosa “Pretty Woman”. No Brasil, o cinema é
novamente reinventado e “Central do Brasil” conquista a crítica ocidental,
vencendo o Festival de Berlim e o Globo de Ouro. A cultura brasileira tornou-se
mais valorizada, com a “ressurreição” do cinema e a boa recepção de músicos
brasileiros no exterior. O esporte também passou relativamente por bons
momentos, com 25 medalhas olímpicas e títulos mundiais no futebol masculino e
basquete feminino.
Bibliografia geral consultada.
MÁRQUEZ, Gabriel
García, La Increíble y Triste Historia de
la Cândida Eréndira y de su Abuela Desalmada. Colombia: DeBols!llo, 1972; DE MARCHI, Luigi, Wilhelm Reich: Biografía de una idea. Barcelona: Península, 1974;
REICH, Wilhelm, La Función del Orgasmo.
Buenos Aires: Paidós, 1974; Idem, O Combate Sexual da Juventude. 2ª edição. Lisboa: Editor Antídoto, 1978; DELEUZE,
Gilles, Cinéma I – l`Image-Mouvement.
Paris: Éditions Minuit, 1983; ALBERONI, Francesco, O Erotismo, Fantasias e Realidades do Amor e da Sedução. São Paulo: Editor Circulo do Livro, 1986; FAUSTO NETO, Antonio,
Mortes em Derrapagens – Os Casos Corona e Cazuza. Rio de Janeiro: Editor
Rio Fundo, 1991; MANNHEIM, Karl, “El Problema de las Generaciones”. In: Revista Española de Investigaciones
Sociológicas, n° 62, pp. 193-242; 1993; BARROS, Myriam Moraes Lins de (Organizadora), Velhice
ou Terceira Idade? Estudos Antropológicos sobre Identidade, Memória e Política.
Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998; HERNÁNDEZ, Fernando, “¿ De qué Hablamos quando Hablamos de Cultura Visual?”. In: Educação & Realidade, 30 (2):
9-34, jul./dez. 2005; ASLAN, Odette, O Ator no Século XX. São Paulo: Editora Perspectiva,
2010; WELLER, Wivian, “A Atualidade do Conceito de Gerações de Karl Mannheim”.
In: Soc. estado. Vol. 25 n° 2. Brasília May/Aug. 2010; BENTES, Arone do
Nascimento, O Patrimonialismo como Cultura Institucional no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas. Tese de Doutorado em Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Manaus:
Universidade Federal do Amazonas, 2015; KLOTZ-SILVA, Juliana, Hábitos Alimentares e Comportamento: Do que Estamos Falando? Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde. Centro Biomédico. Instituto de Nutrição. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2015; entre outros.
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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).
“Para
um artista, o fracasso e o sucesso são iguais. Os dois são impostores”.
Antônio Abujamra
O
sentido de fabuloso comparativamente
ao sentido artístico, filosófico, estético e jornalístico de Antônio Abujamra
pode ser compreendido ao romance de Juan Rulfo,
“Pedro Páramo”, adaptado à cena pelo Teatro Meridional, que os
escritores do que viria a ser conhecido como “realismo mágico” ou “fantástico”
vieram beber inspiração. A história passa-se numa aldeia fantasma, na cercania da fazenda da Meia-lua, num território do
México oitocentista dominado por quatro gerações de Páramos. Juan Preciado vem
em busca do pai, Dom Pedro, mas encontra apenas morte, de lugares algures no
túmulo que nos é narrada. A obra mistura magia e realidade, mortos e vivos
convivendo entre si. Pesadelos, delírios, memórias, vozes do além, os
fragmentos não se distinguem claramente, nem se separam bem dos pensamentos do
leitor, tal é o poder de sugestão de Juan Rulfo que, narrados, misturam-se nos
sonhos de quem os lê. Por ironia do destino, no programa “Provocações”,
Abujamra sempre perguntava ao entrevistado como gostaria de morrer, ante as
respostas repetidas vezes “em casa, dormindo”.
Em primeiro lugar, talvez tenham sido os desafios
característicos de uma época da história que transformaram a cultura da América
Latina em um vasto arsenal de fatos surpreendentes, insólitos, brutais,
incríveis, encantados; isto é, “uma profusão de fantasias, maravilhas e
barroquismos”. Os impasses e as façanhas de uma época permitem reler o passado
e o presente. É como se um novo horizonte iluminasse de repente todo o vasto
mural da história, revelando fatos e feitos que adquire outro movimento, som,
cor. O romancista pode ser um cronista “fora do tempo”, narrando o imaginado e
o acontecido segundo a luz que o ilumina. Ele pode representar
“um estilo de olhar” quando o realismo mágico é “superação
do realismo social, crítico”. Tem sido visto como um estilo novo.
Poema: “Tabacaria”, de Fernando Pessoa por Antônio Abujamra, no Programa “Provocações”.
Emerge de uma época em que ele estaria esgotado, ou
revelando limitações. A fabulação do artista, então, cria outros meios de
expressão, abre horizontes novos à imaginação. Entre as soluções formais mais
frequentes, podem-se citar: a desintegração da lógica linear de consecução e de
consequência do relato, através de cortes na cronologia fabular, da
multiplicação e simultaneidade dos espaços da ação; caracterização polissêmica
dos personagens e atenuação da qualificação diferencial do herói; maior dinamismo
nas relações entre o narrador e o narratário, o relato e o discurso, através da
diversidade das localizações, da auto-referencialidade e do questionamento da
instância produtora da ficção. Muitos reconhecem que a transição do realismo
social ao mágico ocorre simultaneamente à redescoberta das culturas de índios e
negros. São crenças, tradições, estórias, lendas e mitos que expressam outras
formas de ser, outros sentidos da vida e trabalho, do tempo e espaço.
Em segundo lugar, o ceticismo científico tem relação
com o ceticismo filosófico, mas eles não são idênticos. Muitos praticantes do
ceticismo científico não são adeptos do ceticismo filosófico clássico. Quando
críticos de controvérsias científicas, terapias alternativas ou
paranormalidades são ditos céticos, isto se refere apenas à postura cética
científica adotada. O termo cético é usado atualmente para se referir a uma
pessoa que tem uma posição crítica em determinada situação, geralmente por
empregar princípios do pensamento crítico e métodos científicos, melhor
dizendo, o ceticismo científico para verificar a validade de ideias. Os céticos
veem a evidência empírica como importante, já que ela provê provavelmente o
melhor modo de se determinar a validade de uma ideia. Apesar de o ceticismo
envolver o uso do método científico e do pensamento crítico, isto não
necessariamente significa que os céticos usem estas ferramentas constantemente.
Os céticos são frequentemente confundidos com, ou até
mesmo apontados como, cínicos. Porém, o criticismo cético válido em oposição a
dúvidas arbitrárias ou subjetivas sobre uma ideia, origina-se, contudo, de um
exame objetivo e metodológico que geralmente é consenso entre os céticos. Note
também que o cinismo é geralmente tido como um ponto de vista que mantém uma
atitude negativa desnecessária acerca dos motivos humanos e da sinceridade.
Apesar de as duas posições não serem mutuamente exclusivas, céticos também
podem ser cínicos. Cada um deles representa uma afirmação fundamentalmente
diferente sobre a natureza do mundo. De outra parte, os céticos científicos
constantemente recebem também, acusações de terem a “mente fechada” ou de
inibirem o progresso científico. Isto ocorre devido às suas exigências de
evidências cientificamente válidas. Os céticos, por sua vez, argumentam que
tais críticas são, em sua maioria, provenientes de adeptos de disciplinas
pseudocientíficas, cujas visões de mundo não são adotadas ou suportadas pela
ciência ocidental convencional.
Contudo, a ciência moderna é construída “sob um pé
limiar”, talvez, entre o ceticismo e a credulidade. Por um lado, a ciência deve
estar sempre aberta a novas ideias, desde que apoiadas em evidências
científicas, mas que posteriormente devem ser comprovadas, de modo a assegurar
a veracidade de seus resultados. Sempre que uma nova hipótese é formulada ou
uma nova alegação é realizada, toda a chamada “comunidade científica” se
mobiliza de modo a comprovar sua viabilidade teórica e prática. Como em
qualquer outro plano, quanto mais incomuns forem às novas ideias e invenções,
mais resistência tende a enfrentar durante seu escrutínio por meio do método
científico. Uma consequência disso é que vários cientistas através da história,
ao apresentarem suas ideias, foram inicialmente recebidos com alegações de
fraude por colegas que não desejavam ou não eram capazes de aceitar algo que
requereria uma mudança em seus pontos de vista estabelecidos como pontos de
vistas.
Antônio Abujamra estudou filosofia e jornalismo na
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC-RS-, onde iniciou
sua carreira como ator, em meados dos anos 1950, na peça “Assim é se lhe parece”,
de Pirandello, no Teatro Universitário de Porto Alegre. A estreia profissional
ocorreu em 1961, ano em que dirigiu “Raízes”, de Arnold Wesker, com Cacilda
Becker. No mesmo ano, dirigiu a peça “José de Parto à Sepultura”, de Augusto
Boal, no Teatro Oficina. Como diretor, foi um dos principais da original TV
Tupi e, como ator, teve atuação destacada. Na década de 1980, engaja-se na
recuperação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), com destaque para “Os Órfãos
de Jânio”, de Millôr Fernandes, e “Hamletto”, de Giovanni Testori, sendo esta
dirigida por ele no TBC e em Nova York, para o Theatre for the New City. Participa da revolução cênica efetivada
nas décadas de 1960 e 1970, caracterizando seu trabalho artístico pela ousadia,
inventividade e espírito provocativo.
Nas décadas de 1980 e 1990, desenvolve espetáculos em
que crítica e lúdico se fundem num ceticismo bem-humorado, que é o eixo de sua
personalidade. Como Diretor em TV (1968-1997), como ator (1967-2-011), no
cinema (1989-2012). Entre seus trabalhos em teatro encontram-se “Volpone”, de
Ben Johnson; “Hair”, de Gerome Ragni e James Rado; “A secreta obscenidade de
cada dia”, de Manuel Antonio de la Parra; “Retrato de Gertrude Stein quando
homem”, de sua autoria e “O inferno são os outros”, de Jean-Paul Sartre. Em
1998, esteve na cidade de Monte Carlo, principado de Mônaco, ao lado de
celebridades como Claudia Cardinale, Annie Girardot e Yehudi Menuhin, compondo
parceria no júri do Festival Mundial de
Televisão, com o brilho de ser o único latino-americano convidado. Comandou
o programa “Provocações”, da TV Cultura, no ar desde 6 de agosto de 2000, onde
adotou um estilo próprio de fazer entrevistas. O último programa foi exibido no
feriado do mártir Tiradentes, tendo o Eduardo Sterblitch como convidado. Antônio
Abujamra foi quem levou o ator Othon Bastos para a televisão, depois do grande
sucesso do ator ao interpretar “Corisco” no filme: “Deus e o diabo na terra do
sol”, de Glauber Rocha. Era pai do também ator e músico André Abujamra. As atrizes
Clarisse Abujamra e Iara Jamra são suas sobrinhas.
Do ponto de vista técnico-metodológico, forma-se em
filosofia e jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul - PUC/RS, Porto Alegre, em 1957. Inicia-se como crítico teatral e, paralelamente,
faz suas primeiras incursões como ator e diretor no Teatro Universitário, entre
1955 e 1958, nas montagens: “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa, “À Margem da
Vida” e “O Caso das Petúnias”, de Tennessee Williams, “A Cantora Careca” e “A
Lição”, de Eugène Ionesco, e Woyzeck, de Georg Büchner. Viaja à Europa, em 1959,
como bolsista, estudando língua e literatura espanholas, em Madri. Faz estágio
em Villeurbanne, na França, com o diretor Roger Planchon, acompanhando as
montagens “Henrique IV”, de William Shakespeare, e “Almas Mortas”, de Nicolas
Gogol; e com Jean Villar, em “A Resistível Ascensão de Arturu Ui”, de Bertolt
Brecht, no Théâtre National Populaire,
TNP, em Paris. Estagia ainda no prestigioso Berliner
Ensemble, em Berlim.
Na primeira metade dos anos 1980, Abujamra se engaja
no projeto de recuperar artisticamente o Teatro
Brasileiro de Comédia - TBC. Inaugura novas salas e implanta um movimento
que faz vir à luz alguns novos autores e diretores. Entre seus espetáculos mais
significativos no TBC estão: Os Órfãos de Jânio, de Millôr Fernandes, 1981;
Hamletto, de Giovanni Testori, 1981, peça que ele dirigirá mais duas vezes: no
próprio TBC, 1984, e em Nova York, para o Theatre for the New City, 1986; “Morte
Acidental de um Anarquista”, de Dario Fo, 1982; e “A Serpente”, de Nelson
Rodrigues, 1984. Um dos maiores sucessos de sua carreira, “Um Orgasmo Adulto
Escapa do Zoológico”, de Dario Fo, 1984, traz um solo virtuosístico que projeta
a atriz Denise Stoklos para uma carreira internacional e é aplaudido em vários
festivais fora do Brasil.
Em 1987, encerrado o projeto do TBC, Abujamra dirige,
para a Companhia Estável de Repertório
- CER, de Antonio Fagundes, a superprodução “Nostradamus”, de Doc Comparato,
grande êxito de bilheteria. Enfim, aos 55 anos de idade, Abujamra inicia sua
carreira de ator. Em dois anos, atua em duas telenovelas e três peças e é
premiado pelo desempenho no monólogo “O Contrabaixo”, de Patrick Süssekind,
1987. No ano seguinte, encena mais uma colaboração com Nicette Bruno e Paulo
Goulart, “À Margem da Vida”, de Tennessee Williams. Em 1991, recebe o Prêmio Molière pela direção de “Um Certo Hamlet”,
espetáculo de estreia da companhia “Os Fodidos Privilegiados”, fundada por
Abujamra para ocupar o Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro. Vale lembrar que “Provocações” é um programa da TV Cultura às terças-feiras às 23h30. Era reprisado nas madrugadas das quintas-feiras às 4h30. Apresentava entrevistas instigantes e provocativas, com ênfase no entrevistado, com intervenções fabulosas de Antônio Abujamra.
O apresentador também lia textos e recitava poemas de pessoas famosas ou não. Além disto, há o quadro de pensamento“Vozes das
ruas”, no qual transeuntes expressavam suas opiniões acerca de diversos
assuntos. A trilha sonora de abertura foi elaborada pelo filho de Abujamra, o músico
e ator André Abujamra. O programa, que estreou em 6 de agosto de 2000, tem
duração média de 25 minutos. Ficou no ar até 28 de abril de 2015 devido a morte
de seu apresentador Antônio Abujamra com 82 anos de idade. Dentre seus
principais entrevistados estão: Eduardo Sterblitch Rita Cadillac, Ratinho, Eva
Wilma, Clóvis Rossi, Clodovil Hernandes, Tom Zé, Juca Kfouri, Mino Carta,
Cristiane Torloni, Rubens Ewald Filho, José Celso Martinez Corrêa, Dom Paulo
Evaristo Arns, Miguel Arraes, Ariano Suassuna, Silvio de Abreu, Paulo Autran,
Norma Bengell, Pitty, Marisa Orth, Luiza Erundina, Mário Bortolotto, Maguila,
Paulo Vanzolini, Ziraldo, Agnaldo Timóteo, Caco Barcellos, Luiz Gonzaga
Belluzzo, Mônica Iozzi e a atriz e cantora Elza Soares.
Enfim, TV Cultura é uma rede de televisão brasileira
com sede em São Paulo, capital do estado homônimo. Emissora de televisão
pública e comercial de caráter educativo e cultural, foi fundada em 20 de
setembro de 1960 pelos Diários Associados
e reinaugurada em 15 de junho de 1969 pela Fundação Padre Anchieta, sediada na
capital paulista, gerando programas de televisão educativos que são
transmitidos para todo o Brasil via satélite e através de suas afiliadas e
retransmissoras em diversas regiões do Brasil. É mantida pela Fundação Padre Anchieta,
uma fundação sem fins lucrativos que recebe recursos públicos, através do
governo do estado de São Paulo, e privados, através de propagandas, apoios
culturais e doações de grandes corporações. No dia 30 de janeiro de 2015, o
instituto de pesquisa britânico Populus
divulgou que a importante e reveladora notícia que a TV Cultura brasileira “é o segundo canal de maior qualidade do
mundo, atrás apenas da BBC One”, o principal canal de televisão da BritishBroadcastingCorporation no Reino Unido. Foi inaugurado a 2 de novembro de 1936 como BBC TelevisionService, e foi o primeiro serviço regular de teledifusão considerado tecnologicamente com um alto nível de resolução.
Bibliografia geral consultada.
DUVIGNAULD, Jean, Sociologia do Comediante. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 1972; CASTRO, Silva, La
Lettera sulla Scoperta del Brasile di Pero Vaz de Caminha. Pádua:
Università di Padova, 1984; WEILLER, Maurice, “Para conhecer o pensamento de
Montaigne”. In: Ensaios de Montaigne. Brasília: UnB/Hucitec, 2ª edição.
Vol. III, 1987, pp. 3-135; MICHALSKI, Yan, “Antônio Abujamra”. In: Enciclopédia
do Teatro Brasileiro Contemporâneo/CNPq. Rio de Janeiro, 1989; LUIZ, Macksen,
“Hamlet para Brasileiro Ver”. In: Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 16
junho de 1991; PEREIRA, Maria Lúcia, “Quem é esse Diretor?”. In: O Inspetor
Geral. Direção de Máximo Gorki; texto Maria Lúcia Pereira. São Paulo, 1994;
CAMPOS, Regina Salgado, Ceticismo e Responsabilidade: Gide e Montaigne na
obra Crítica de Sérgio Milliet. São Paulo: Editora Annablume, 1996; SANDRONI,
Paula, Primeiras Provocações: Antônio Abujamra e o Grupo Decisão.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Teatro. Rio de Janeiro:
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2004; HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich, Fenomenologia do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2007; EVA, Luiz Antônio
Alves, A Figura do Filósofo: Ceticismo e Subjetividade em Montaigne. São
Paulo: Edições Loyola, 2007; GINOT, Isabelle; MICHEL, Marcelle, La Danse au
XXe Siècle. Paris: Éditions Larousse, 2008; SILVA, Daniel Furtado Simões da, O Ator e o Personagem: Variações e Limites no Teatro Contemporâneo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Artes. Escola de Belas Artes. Belko Horizonte: Universidade Federal de Minas Grais, 2013; OLIVEIRA, Natássia Duarte
Garcia leite, Teatro Dialético em Terras Estranhas - A (In)diferenciação
entre Sujeito e Objeto na Formação Cultural. Programa de Pós-Graduação em
Educação. Faculdade de Educação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2013;
PINTO, Pedro Arnaldo Henrique Serra, Eu, o Outro e a Nossas Circunstâncias:
O Legado de Stanislavski para uma Formação Teatral Eticamente Comprometida.
Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas. Salvador:
Universidade Federal da Bahia, 2013; BENEVIDES, Lourdinete Silva, Abriam-se
as Cortinas: A História da Informação Teatral em Aracaju, Sergipe (1960-2000).
Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Aracaju: Universidade
Federal de Sergipe, 2015; entre outros.
_________________
* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).
“Entre os estudos, comecemos por aqueles que nos façam livres”. Michel de Montaigne
No
sentido contemporâneo a primeira universidade brasileira foi criada no Rio de
Janeiro, em 1920, pelo então presidente da República, Epitácio Pessoa. Fundou-a
para perpetuar, dentro da nova entidade, “os usos e costumes dos cursos
isolados que viriam a lhe dar origem”. Porque, na verdade, o governo juntou
“vários cacos”, na expressão de Leonardo Boff (2007), entre institutos
isolados, numa soma mecânica e não integrativa, e sobre todo o conjunto colocou
uma Reitoria, como órgão de comando. Até
1950 a universidade no Brasil era praticamente inexistente. Na próxima década de 1960
cresceu quantitativamente em número de instituições. Durante os anos 1970 assumiu
o papel de instituição de pesquisa, principalmente nas universidades públicas da região sudeste.
Os professores passaram a ter carreira acadêmica, formação em pós-graduação, salários e garantias sociais melhores
que no período anterior. Foram construídos prédios, surgiram novos laboratórios
e bibliotecas.
Durante o Governo Lula, hic et nunc a grande maioria das carreiras do serviço público
federal foi posicionada, na prática elevando salários, muitas vezes defasados
durante os anos de aperto no Governo FHC, embora ao fim e ao cabo este se
vanglorie de ter feito “o maior acordo do trabalhismo no mundo”, pois ao final
da década de 1980 e início da década de 1990, o país sofreu – em todos os
sentidos que o vocábulo alberga – a imposição de planos econômicos de natureza
heterodoxa que, dentre outros deletérios efeitos, deixou de conferir aos valores
recolhidos ao Fundo de Garantia sobre Tempo de Serviço, a devida correção monetária. Um processo da chamada “modernização
sistêmica”, contudo, só tem lugar no início da década dos anos 1990, quando
setores empresariais e governos brasileiros voltam sua atenção para a educação,
avançando em quase todos seus níveis.
Mas dos sucessivos governos de Estado e federação desde
os governos de Leonel de Moura Brizola (PDT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quase todos os segmentos sociais de
trabalhadores resolveram seus problemas salariais, menos os problemas circusncritos aos salários nas universidades
públicas brasileiras. Para termos uma ideia do que significa hoje o salário de
um professor universitário, basta dizer que um professor em DE – Dedicação Exclusiva, e não se sentindo
representados pelo ANDES, um grupo de professores fundou um Sindicato paralelo,
o Proifes, embora muitos professores
tenham acreditado que poderiam ter algum avanço para conseguir o que outras
carreiras conseguiram, mas a realidade não se mostrou de fato tão favorável. De
1980 em diante iniciou-se um processo político-ideológico claro de degradação atual nas universidades
brasileiras: cursos reduzidos, energia dos professores canalizada para obter
recursos e evitar a degradação dos salários, através de greves ininterruptas,
que nem sempre levaram ao resultado desejado com a implantação dos chamados Planos de
Cargos, Carreira e Valorização (PCCV).
Diante dos impactos negativos dos cortes de até 75% da verba Proap - Programa de Apoio à Pós-Graduação e do Proex - Programa de Apoio aos Programas de Excelência - recentemente comunicados pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) às universidades -, várias entidades e organizações, vinculadas à Pós-Graduação, têm expressado sua preocupação e repúdio, como da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), Associação Nacional de História (ANPUH), Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), Fórum dos Pró-Reitores de Pós-Graduação e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). No entanto, a maioria dos dirigentes das Instituições Federais de Ensino acabou não se manifestando a respeito. - “O Secretário da Sesu/MEC passou a chamar cada reitor individualmente para negociar o corte das verbas, principalmente de capital – na qual houve a redução de 47%”. As informações estão contidas no comunicado nº 25 Comando Nacional de Greve da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior ANDES, sindicato brasileiro, com sede em Brasília (DF) e seções sindicais nos locais de trabalho, que representa professores de ensino superior.
“Provenho da área que é chamada de
Ciências Humanas ou de Humanidades. Sem nenhum espírito bairrista, penso que é
hora de integrar mais a nossa área no centro de decisões da SBPC. Tenho a meu
favor a experiência como pesquisador de Humanas, autor de vários livros de
filosofia política e, recentemente, de uma obra que procura fazer dialogarem a
filosofia e a sociedade brasileira. Como, além disso, montei o projeto de um
curso experimental para a USP (o de Humanidades, inspirado no de Ciências
Moleculares) e fui diretor de entidades científicas (a própria SBPC e, antes
dela, a ANPOF), bem como membro do Conselho Deliberativo do CNPq, sinto-me à
vontade para notar alguns pontos importantes, que valem para todas as ciências.
As Ciências Humanas aparecem socialmente com menor importância do que de fato
têm. Gosto de perguntar às pessoas quanto, do que levam sobre o corpo, vem da
pesquisa científica mais recente” (cf. Ribeiro, 2003).
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), oficialmente Lei Complementar nº 101, promulgada em 4 de maio de 2000, e em vigor em sua publicação em 5 de maio de 2000, é uma Lei Complementar brasileira que tenta impor o controle público dos gastos da União, estados, Distrito Federal e municípios condicionado à capacidade de arrecadação de tributos desses entes políticos. Tal medida foi justificada pelo costume, na política brasileira, de gestores promoverem obras de grande porte no final de seus mandatos, deixando a conta para seus sucessores. A Lei de Responsabilidade Fiscal também promoveu a transparência dos gastos públicos. A lei obriga que as finanças sejam apresentadas detalhadamente ao Tribunal de Contas da União, do Estado ou dos Municípios. Tais órgãos podem aprovar as contas ou não. Em caso das contas serem rejeitadas será instaurado investigação em relação ao Poder Executivo, podendo resultar em multas ou mesmo conforme resultado das investigações na proibição de tentar disputar novas eleições. Embora o Poder Executivo seja o principal agente responsável pelas finanças públicas, o foco da Lei de Responsabilidade Fiscal, os Poderes Legislativo e Judiciário também são submetidos à referida norma. A lei não inova a Contabilidade do Orçamento público à medida que introduz diversos limites de gastos, conhecido como Gestão Administrativa, seja para as despesas do exercício, seja para o grau de endividamento. O filósofo Renato Janine Ribeiro torna-se ministro da Educação.
A Lei de Responsabilidade Fiscal determina o estabelecimento de metas fiscais trienais.
Isso permite que os governantes aparentemente consigam planejar as receitas e
as despesas, podendo corrigir os problemas sistêmicos que possam surgir no meio
do caminho na trajetória de governo. Metaforicamente é como conduzir um barco. Mas é conditio
sine qua non quando se tem um rumo possível para planejar as manobras necessárias
para se chegar lá. Mesmo que sejam metas difíceis e tenham que ser corrigidas
ao longo do caminho. Criada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a
Lei de Responsabilidade Fiscal provocou uma mudança substancial na maneira como é conduzida a gestão
financeira dos três níveis de governo. Tornou-se preciso saber planejar o que
deverá ser executado, pois além da execução devem-se controlar os custos
envolvidos, cumprindo o programado dentro do custo previsto. Sua criação fez
parte do cáculo de reformas do Estado promovido pelo governo
federal para estabilizar a economia brasileira, reduzir o “risco país” e
estimular investimentos externos no país, a partir do Plano Real. Passados 15 anos, a LRF tem-se constituído um imbróglio para a implantação do
PCCV no caso das universidades públicas estaduais.
O princípio ético-político é que a universidade deve
estar comprometida com a qualidade de ensino e de formação intelectual de seus pesquisadores
e alunos. Com a produção científica, artística, estética, filosófica e
tecnológica. Com o atendimento às necessidades, aos anseios e às expectativas
da sociedade global, em sua “complexidade humana”. Formando profissionais
técnicos e “policompetentes”, no sentido da complexidade que Edgar Morin emprega, desenvolvendo
soluções para problemas locais, regionais e nacionais. A história da
universidade brasileira deve deixar para trás o “simbolismo sindical” e seu
heroísmo. Sem perder de vista períodos longos de submissão e subserviência aos
poderes públicos, que serviram para ilustrar, orientar, criticar e engrandecer
a função acadêmica. Ipso facto,
caminha notadamente para um plano de eficiência global. Para a manutenção e
garantia da subsistência de seus próceres do ponto de vista da excelência e
padrão de ensino. A regulamentação do PCCV urge para as universidades públicas como compromisso social.
Em 1985 é criado o Ministério da Cultura. Em 1992, uma
lei federal transformou o MEC no Ministério da Educação e do Desporto e,
somente em 1995, a instituição passa a ser responsável apenas pela área da
educação. Uma nova reforma na educação brasileira foi implantada em 1996.
Trata-se da mais recente LDB, que trouxe diversas mudanças às leis anteriores,
com a inclusão da educação infantil (creches e pré-escola). A formação adequada
dos profissionais da educação básica também foi priorizada. Ainda em 1996 o
Ministério da Educação criou o importante Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) para atender ao
ensino fundamental. O Fundef vigorou até 2006, quando foi substituído pelo
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb). Agora, toda a educação básica brasileira, da creche ao
chamado Ensino Médio, passa a ser beneficiada com recursos federais que em tese se estenderá
até meados de 2020.
A então presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou o nome do filósofo Renato Janine Ribeiro (USP) para assumir o Ministério da
Educação. O professor de Ética e Filosofia tem alguns desafios imediatos, principalmente
com o FIES, além do próprio orçamento global da Educação Brasileira, da
inserção do Brasil na Academia mundial, a qualidade do Ensino Superior “versus”
seu acesso, projetos consistentes na base infantil, a defesa de um currículo
acessível e comprometido para a base fundamental e o avanço do ensino técnico
em todo o Brasil. Segundo pesquisadores, gestores e especialistas da área, um
nome como Janine Ribeiro é bem recebido por causa de sua experiência tanto em
sala de aula e em cargos de fomento de pesquisa e avaliação educacional, quanto
por seu trabalho de pesquisa acadêmica nas áreas de filosofia política, ética e
democracia.
O ministro Renato Janine Ribeiro afirmou, de forma
indireta, que o governo federal passa por um momento de dificuldades diante da
redução de recursos dos ministérios, mas ponderou que é em situações como essa
que se vê o valor das pessoas. Em vídeo enviado ao portal G1, no dia do
anúncio, o ministro defendeu o corte e destacou que, a partir dele, será
possível ter um cenário mais claro sobre uma nova edição do Fies no segundo
semestre de 2015, o que ainda não está definido. - “A sinalização da presidenta
é muito importante, existem cálculos no orçamento que têm que ser feitos (...).
Então, dentro disso vamos dedicar particular atenção ao Fies. É uma questão de
poucos dias para terminar a tensão e nós podermos ter um resultado claro”. O
dinheiro para o financiamento, não sai do orçamento do Ministério
de Educação e Cultura, alvo do corte de R$ 9,4 bilhões. Os recursos têm como
origem a emissão de títulos da dívida pública, feita pelo Tesouro Nacional.
Por conta do Fies, a educação superior tem tomado
conta da mídia sobre educação. Os dados apresentados demonstraram que as
empresas do ensino privado em nosso país receberam aumentos consideráveis nos
últimos anos, tendo ultrapassado a casa dos R$ 20 bilhões em 2014. Dados
publicados recentemente pela imprensa também mostraram que as instituições
utilizaram os recursos para o seu custeio e têm incentivado os estudantes já
matriculados a utilizarem as bolsas, ao invés de ampliarem o quantitativo de
matrículas e vagas. Essas instituições podem diminuir a oferta ou zerá-la caso não
haja recursos. Os estudantes são obrigados a ressarcir os valores alguns anos
mais tarde. Quanto à educação pública, o sistema federal de ensino superior
realizou um dos maiores programas de expansão na última década, mas não os
governos estaduais e aí reside a contradição do problema. Entre 2003 a 2014, foram mais de 420 novas unidades de ensino técnico e tecnológico, perfazendo um total de 562 unidades ou escolas organizadas em 38 institutos federais no país. Entre 2003 e 2016, o Ministério da Educação concretizou a construção de mais de 500 novas unidades referentes ao plano de expansão da educação profissional, totalizando 644 campi em funcionamento. São 38 Institutos Federais presentes em todos estados, oferecendo cursos de qualificação, ensino médio integrado, cursos superiores de tecnologia e licenciaturas. Essa Rede é formada por instituições que não aderiram aos Institutos Federais, mas oferecem educação em todos os níveis. São dois Cefets, 25 escolas vinculadas a Universidades, o Colégio Pedro II e uma Universidade Tecnológica.
A contabilidade pública precisa
romper com o paradigma da aderência do fato social
contábil a sua conformidade com a lei. Pois a importância da divulgação
está exatamente no registro dos eventos econômicos, segundo sua ocorrência
econômica ou de custos sobre o patrimônio público. As informações fornecidas
pela contabilidade governamental pouco contribuem para o fortalecimento do
sistema de informações do governo. Quer porque são editados em prazos incompatíveis
com os exigidos para a adequada tomada de decisões políticas no âmbito da administração pública,
quer porque dão ênfase a aspectos legais como primícias para a evidenciação do patrimônio
sem se preocupar com aspectos qualitativos ou quantitativos em questões das novas políticas
públicas. De forma geral, o gasto público é definido tendo como representação o
conjunto de dispêndios do Estado necessário ao funcionamento dos serviços
públicos, além de encargos assumidos no interesse geral da comunidade. Desta
forma, a despesa pública compreende as autorizações
para gastos com as várias atribuições e funções governamentais. Ou seja, a
despesa pública corresponde à distribuição e ao emprego das receitas para o custeio
de diferentes entes e para os investimentos públicos.
Nesse sentido, torna-se
essencial para o controle e manutenção dessas despesas, garantir não só o
reconhecimento dos custos com pessoal ativo e inativo, mas o uso de instrumentos
gerenciais capazes de garantir a sua minimização mantendo investimentos
nevrálgicos em setores da administração. Como forma de controle das despesas
com pessoal a Lei de Responsabilidade Fiscal delimitou um limite para esses gastos que não ultrapasse 50%
do valor da Receita Corrente Líquida para a União, os Estados e o Distrito
Federal e 60% no caso dos municípios. Após
a consumação do golpe institucional, a nova gestão do Ministério da Educação
cortou em média 30% dos orçamentos das universidades públicas, comprometendo as
despesas correntes e a manutenção e expansão de turmas dos cursos de graduação
e pós-graduação. O objetivo consorciado do governo golpista consiste em
intensificar o processo de sucateamento das universidades, abrindo
evidentecaminho para a privatização do
ensino público. Com isso, sucumbem-se as metas de expansão de vagas no ensino
superior público, previstas no Plano
Nacional de Educação (Lei 13.005, PNE), aprovado em 2014. O projeto do
golpe de Estado de 2016 visa atingir a soberania nacional, restringindo o
acesso ao ensino superior público e comprometendo os compromissos do Estado em
formar novos mestres e doutores – base para o desenvolvimento social, econômico
e tecnológico da nação. No Brasil, a pós-graduação é majoritariamente ofertada
por instituições públicas, enquanto que a graduação é predominantemente privada
– e o PNE pretendia inverter a lógica de acesso à graduação, ampliando as
matrículas públicas. Nos últimos anos a educação básica sofre intenso ataque contínuo do
projeto privatista de mercantilização, tanto na estrutura financeira-organizacional dos
sistemas de ensino e das escolas, como na concepção metodológica curricular. Enfim, segundo Michael Löwy o que aconteceu no Brasil, com a destituição da presidente eleita Dilma Rousseff, foi um golpe de Estado. Golpe de Estado pseudolegal, “constitucional”, “institucional”, parlamentar ou o que se preferir. Mas golpe de Estado. Parlamentares – deputados e senadores – profundamente envolvidos em casos de corrupção (fala-se em 60%) instituíram um processo de destituição contra a presidente pretextando irregularidades contábeis, “pedaladas fiscais”, para cobrir déficits nas contas públicas – uma prática corriqueira em todos os governos anteriores! Não há dúvida de que vários quadros do PT estão envolvidos no escândalo de corrupção da Petrobras, mas Dilma não… Na verdade, os deputados de direita que conduziram a campanha contra a presidente são uns dos mais comprometidos nesse caso, começando pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (recentemente suspenso), acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão fiscal etc. A prática do golpe de Estado legal parece ser a nova estratégia das oligarquias latino-americanas. Testada em Honduras e no Paraguai (países que a imprensa costuma chamar de “República das Bananas”), ela se mostrou eficaz e lucrativa para eliminar presidentes (muito moderadamente) de esquerda. Agora foi aplicada num país que tem o tamanho de um continente.
Em
2015, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional a Lei 9.637/98, autorizando as escolas públicas a
serem geridas por Organizações Sociais (OSs), retirando, assim, a exclusividade
do Poder Público em administrá-las. Em 2017, conjuga-se um teatro de operações
políticas com a terceirização indiscriminada (Lei 13.429), a Reforma
Trabalhista (Lei 13.467), aliada à Lei das OSs, avança em inúmeras formas de
contratos precários que poderão atingir todos os profissionais da educação
escolar pública (professores, pedagogos e funcionários administrativos). Essa
nova estrutura organizacional e de contratação de pessoal imposta à escola
pública brasileira, além de estimular a terceirização de sua gestão para
políticos-empresários que atuam na área educacional através de OSs, também
remontará a nefasta prática do nepotismo e de contratações políticas que a
Constituição Federal de 1988 tinha conseguido estancar. Um retrocesso sem
precedentes!E, dado sequência à pavimentação
da privatização e mercantilização da educação no nível básico, a “reforma” do
Ensino Médio (Lei 13.415) visa a criar reserva de mercado para as empresas
educacionais especializadas na Educação Profissional, visto que mais da metade
do currículo escolar desta etapa poderá ser destinada às áreas de formação
específica, com preponderância para a educação técnica e profissional aos
estudantes das classes subalternas. A 1ª mulher eleita na América Latina foi Violeta Barros, em 1990, na Nicarágua. Apesar da importância da eleição, ela é conhecida como Violeta Chamorro, sobrenome do marido - pela maioria das pessoas é lembrada como viúva do jornalista Pedro Joaquín Chamorro, assassinado pela ditadura que assolava o país. Ou seja, a primeira mulher eleita para uma Presidência na América Latina “precisa ter a memória vinculada a um homem”. A 2ª mulher a presidir um país latino-americano foi Mireya Moscoso, que governou o Panamá entre 1999 e 2004. Em todas as biografias, Mireya “é descrita como esposa do Presidente Arnulfo Arias Madrid”. Michelle Bachelet foi eleita em 2006 para governar o Chile. Ela é a 1ª mulher a presidir o Chile pela segunda vez, desde a ditadura do general Augusto Pinochet. As referências de “esposa” e “viúva” também são usadas para Cristina Kirchner, que governa a Argentina desde 2007. O mandato termina em 2015 e ela não poderá se candidatar novamente, de acordo com Constituição do país. A 5ª Presidenta eleita na América Latina venceu as eleições de 2010, assim como Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores (PT). Laura Chinchilla presidiu a Costa Rica até maio deste ano. Antes de ocupar o cargo, ela já havia sido vice-presidente de Óscar Arias Sanchez. Dilma Rousseff é a 1ª mulher a governar o Brasil, vencendo as eleições de 2010 e 2014, mas foi derrubada pelo golpe de Estado de 17 de abril de 2016. Lembra-nos os versos de Cora Coralina quando afirma: - “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir”.
Bibliografia geral consultada.
TRAGTEMBERG,
Maurício, Burocracia e Ideologia. 2ª edição. São Paulo: Editora Ática,
1992; GERTZ, René Ernaini (Organizador), Max Weber e Karl Marx. São
Paulo: Editora Hucitec, 1994; REZENDE, Flávio da Cunha, “Descentralização,
Gastos Públicos e Preferências Alocativas dos Governos Locais no Brasil
(1980-1994)”. In: Dados, volume 40, n° 3, pp. 264-279, 1997; SLOMSKI,
Valmor, Teoria do Agenciamento no Estado - Uma Evidenciação da Distribuição
de Renda Econômica Produzida pelas Entidades Públicas de Administração Direta.
São Paulo: Tese de Doutorado em Controladoria e Contabilidade. Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade. São Paulo: Universidade de São Paulo,
1999; RIBEIRO, Renato Janine, A Universidade e a Vida Atual. 1ª edição.
Rio de Janeiro: Editor Campus, 2003; NOBRE, Renard Freire, Perspectivas da
Razão: Nietzsche, Weber e o Conhecimento. Belo Horizonte: Editora
Argumentum, 2004; CARRASQUEIRA, Simone de Almeida, Investimentos das
Empresas Estatais e Endividamento Público. Rio de Janeiro: Editor Lúmen
Juris, 2006;MENDES, Luiz
Antonio Arnaud, Diretrizes para Implantação da Gestão ambiental na UERJ -
Campus Francisco Negrão de Lima, Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado em
Engenharia Ambiental. Faculdade de Engenharia. Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, 2005; SILVA, Neusa Cardim, Repositório Digital da Universidade
Pública: O Caso da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Dissertação de Mestrado em Ciência da
Informação. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro;
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, 2011; DURKHEIM,
Émile, Da Divisão do Trabalho Social. São Paulo: Editora WMF Martins
Fontes, 2015; TUPY, Igor Santos, Impactos Regionais de Crises Financeiras:
Estudo sobre as Respostas dos Estados Brasileiros à Crise Financeira Global.
Dissertação de Mestrado em Economia. Faculdade de Ciências Econômicas. Belo
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2015; entre outros.