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segunda-feira, 3 de julho de 2023

Eduardo Tornaghi – Fim da Novela Global, Cinema & Crítica Cultural.

                                                                      A televisão ocupa hoje o lugar da literatura de massa”. José Paulo Paes

          Atuação é a arte dos atores, masculino e feminino,  como meio de trabalho e de representação social de outros artistas das artes cênicas. Consiste em imprimir, por meio de diversas técnicas ou mesmo da pura intuição, vida e realidade a um personagem. Muitas vezes tida como fruto da inspiração e até da possessão divina, assumem o controle social de um corpo humano, normalmente prejudicando a saúde e ou seu comportamento, ou da racionalização das emoções, é a parte específica do processo social e de método de trabalho dos artistas da cena pública e que nesta forma aparecem, diferentemente de dramaturgos e diretores. Filho de um mercador, por exemplo, Boccaccio não se dedicou ao comércio como era o desejo de seu pai, preferindo cultivar o talento literário que se manifestou desde muito cedo. Foi um importante humanista, autor de um número notável de obras, incluindo Decameron, e o poema alegórico, Amorosa Visione (1342) e, De Claris Mulieribus (1361), uma série de biografias de mulheres ilustres. O livro apresenta mulheres relegadas ao segundo plano, equiparadas aos homens, com os mesmos direitos de usufruir alguns prazeres da vida, em torno do amor, a liberdade e as aventuras livrescas. O que mais perturbou a sociedade estabelecida em termos de tempo e de lugar praticado foram o realismo e a sensualidade da narrativa. Nada até então havia sido provocado de forma tão chocante do ponto de vista da crítica estética e literária como os termos explícitos de Decameron que ocasionaram as duras críticas e todo o tipo de censuras religiosas.

         Decameron representa o primeiro grande estilo realista da literatura universal. Ao longo de dez dias, sete mulheres e três homens, para ocuparem as longas horas de ócio do seu isolamento combinam os dias em que cada um narraria uma história, subordinada a um tema designado por um deles. Boccaccio é considerado um dos principais precursores do humanismo, que foi de extrema importância no Renascimento Italiano, entre os séculos XIV e XVI na literatura e per se nas artes plásticas. É considerado um dos maiores contadores ou narradores de histórias sociais com uma narrativa singular, comparativamente enquanto social irradiado na Europa do século XIV. As origens da forma discursiva novela, como representação do gênero literário, remontam aos primórdios do Renascimento, designadamente a Giovanni Boccaccio (1313-1375), um importante escritor e poeta italiano do século XIV. Sua principal obra é Decameron, um conjunto de histórias curtas, em realidade do gênero representado pelos contos sociais. Trata-se de cem histórias narrada por dez pessoas, refugiadas numa casa de campo para escaparem aos horrores da Peste Negra (cf. Gottfried, 1983) a qual é objeto de vívida descrição no preâmbulo da obra. O nome pela qual ficou reconhecida é uma das mais devastadoras pandemias na história humana, resultando na morte de 75 a 200 milhões na Eurásia da demografia entre Europa e Ásia, e regiões costeiras entre o Oriente Médio, Sul da Ásia, Ásia Oriental, Sudeste Asiático e Europa, ligado a massa interior da estepe eurasiana da Ásia Central e Europa Oriental.

Embora geograficamente em um continente separado, o Norte da África, histórica e culturalmente, tem sido integrado na história da Eurásia. No continente europeu, estima-se que tenha vitimado um terço da população em geral, sendo o auge da peste entre os anos de 1346 e 1353. Refira-se a analogia noutra obra que foi escrita em francês, com o mesmo tipo de estruturação: L`Heptamerón (1558), da autoria de Margarida de Navarra, rainha consorte de Henrique II de Navarra, e publicada de forma póstuma em 1558. Recebe seu nome originário do grego, que “quer dizer sete dias, estando o oitavo incompleto”. Neste caso, são dez viajantes que se abrigam da violenta tempestade numa abadia. Impossibilitados de comunicarem com o exterior, todos os dias cada um narra uma história, real ou inventada. Em jeito de epílogo, cada uma cena é concluída com comentários dos participantes, em ameno diálogo. Era intenção da autora que, à semelhança do Decameron, a obra compreendesse cem histórias, porém a morte impediu-a de realizar o seu intento, não indo além da segunda história do oitavo dia, num total extraordinário de 72 relatos etnográficos. Será também a morte prematura que poderá explicar certa pobreza de estilo literário, contrabalançada, porém por uma grande perspicácia de verve tanto social quanto psicológica. Os estudos de gênero em geral da literatura de língua portuguesa classificam uma narrativa em romance, novela ou conto.

                                       

É comum dividirmos do ponto de vista técnico-metodológico romance, novela e conto pelo número de páginas. Em média, a novela tem entre 50 e 100 páginas, com uso técnico-metodológico de 20 mil a 40 mil palavras. Entretanto, o romance tem diferenças importantes em relação ao gênero novela, e convém notar a diferença dos termos em diferentes línguas. Os equivalentes de novela em inglês, francês e espanhol são: novella, nouvelle e “novela corta” ou novele, respectivamente, enquanto o romance é chamado novel, em inglês, roman, em francês, e novela, em espanhol. Efetivamente, tradição, educação, linguagem são os componentes nucleares da cultura e formam os ídolos na perspectiva de poder dizer sua palavra. Das 16 novelas entre produzidas comercialmente entre 1975 e 2019, na televisão brasileira, ou que entre 1973 e 2016, Eduardo Tornaghi participou como ator, muitas delas com personagens importantes, está Dancin` Days, entrava no Globoplay, constituindo uma plataforma digital de streaming de vídeos e áudios sob demanda, desenvolvida e operada pela empresa rede Globo televisão.

Lançada em 3 de novembro de 2015, consagrou-se em 2020 com a marca de 20 milhões de usuários e tornou-se líder nacional de streaming. Em 2021, com a finalização do projeto Uma Só Globo do Grupo Globo, o Globoplay se tornou uma marca de uma nova empresa chamada Globo. O serviço oferece produções originais e exclusivas em parceria com os canais da Globo, produtoras internacionais e produtoras independentes, seja em filmes, séries, programas de TV ou podcasts. Tem como principais braços de produção de originais os Estúdios Globo, Globo Filmes, Direção Geral de Jornalismo da TV Globo (DGJE) e divisões de conteúdos do Grupo Globo. Numa ação inédita, a Globo antecipou pela plataforma, praticamente toda a temporada de Supermax, antes da estreia na TV. No dia 16 de setembro, o assinante pôde assistir pela plataforma, 11 episódios na íntegra, ficando apenas o último para ir ao ar simultaneamente com a TV. Pela primeira vez, em 2017, tanto assinantes e não-assinantes puderam acompanhar gratuitamente desfiles de carnaval e as apurações do Rio de Janeiro e de São Paulo, e os melhores momentos da festa em Recife – com o Galo da Madrugada e o Homem da Meia-Noite -, e nas ruas de Salvador. As íntegras dos desfiles do Rio de Janeiro da Série A e Grupo Especial e de São Paulo ficaram disponíveis depois da exibição ao vivo.

E, neste sentido o programa humorístico Sai de Baixo representou um sitcom brasileiro, em formato de teleteatro, exibido pela TV Globo entre 31 de março de 1996 e 31 de março de 2002, totalizando 8 temporadas e 241 episódios. Criado por Luis Gustavo e Daniel Filho, o seriado contou com Miguel Falabella, Aracy Balabanian, Luis Gustavo e Marisa Orth em todas as temporadas como uma família “disfuncional morando em São Paulo” (cf. Sousa, 2020), com os papéis da empregada e do porteiro do lugar sendo interpretados respectivamente: por Tom Cavalcante, Cláudia Jimenez, Márcia Cabrita, Luiz Carlos Tourinho e Cláudia Rodrigues. Com episódios escritos por Miguel Falabella, Rosana Hermann, Maria Carmem Barbosa, Cláudio Torres Gonzaga e Euclydes Marinho, entre outros importantes roteiristas, o programa foi um sucesso de crítica artística e simultaneamente de audiência de público. A partir de maio de 2010 passou a ser reprisado pelo canal de TV por Assinatura Viva.

Em 2013, foram gravados 4 novos episódios, com parte do elenco original, em comemoração aos 3 anos do canal Viva, que foram exibidos entre 11 de junho e 2 de julho, e na TV Globo, entre 3 de novembro e 24 de novembro. Sai de Baixo fez muito sucesso em seu início, por se diferenciar dos demais humorísticos em exibição à época no Brasil. Sai de Baixo foi a primeira experiência de Miguel Falabella como comediante na televisão. O formato do programa era diferente comparativamente também das sitcons norte-americanas, no sentido de que era um programa humorístico bastante informal que por ser gravado no palco de um teatro paulistano, o Procópio Ferreira, estimulava assim a interação com o público. Os atores frequentemente interagiam socialmente com a plateia (quebrando a quarta parede), quando saíam do personagem, esqueciam as falas ou riam das próprias situações que estavam encenando. Cada episódio era gravado 2 vezes, como estratégia e na edição do humorístico eram misturadas, como tática de marketing aquelas melhores imagens de cada gravação. Muitos dos “erros eram editados e não apareciam no final, mas se fosse uma situação que desse graça à história poderia ir ao ar daquela forma”. 

Visando atender uma demanda de consumo do público, em 2018 houve o resgate de humorísticos clássicos da emissora como Toma Lá, Dá Cá, Os Normais, A Diarista e as versões clássicas da Escolinha do Professor Raimundo e Os Trapalhões. Em abril, foram disponibilizados episódios da TV Pirata, série de humor que fez história entre 1988 e 1992 na Globo. Em maio, passou a ter conteúdo voltado para as crianças. Além de receber séries e animações que já são sucesso entre as famílias brasileiras, o acervo conta com uma atração original e inédita: Escola de Gênios – coprodução do Gloob com a Mixer Films que conta a empolgante história de Isaac, um estudante de 12 anos que, por conta de suas habilidades incríveis em Matemática, ganha a oportunidade de estudar nessa escola especial. Entre novos amigos e experiências mirabolantes, Isaac descobre a Robótica, a ciência responsável pela tecnologia em máquinas e, com ela, a possibilidade de “ajudar a irmã tetraplégica a jogar videogame”. A Escola, onde jovens mentes brilhantes encontram maneiras divertidas e inusitadas de aprender, demonstra desafios surpreendentes e experimentos em diversas áreas de estudo, trazendo para as telas a pluralidade e a diversidade social entre as crianças. Além disso, o streaming libera episódios das séries para os assinantes.

A indústria cultural possibilitou nas décadas do século XX, a criação e o funcionamento de sociedades totalmente administradas, que já não precisam se empenhar em justificar suas prescrições e imposições sociais. Sociedade de consumo é um termo utilizado para designar o tipo de sociedade que se encontra numa avançada etapa de desenvolvimento industrial capitalista e que se caracteriza pelo consumo massivo de bens e serviços disponíveis, graças a elevada produção. O conceito de sociedade de consumo está ligado ao de economia de mercado, aquela que encontra o equilíbrio entre oferta e demanda através da livre circulação de capitais, produtos e pessoas, sem intervenção estatal, e, por fim, ao conceito de capitalismo. Em virtude dos fatos sociais, do ponto de vista antropológico, entende-se que esses exageros característicos das sociedades de consumo são provenientes de fatores sociais e principalmente culturais. A massificação dos consumidores tende a aceitá-las passivamente, considerando-as normais, legitimadas pelo simples fato de existirem. Se para a ideologia dominante em uma sociedade determinada, tudo é opinião, não devemos perder de vista que algumas opiniões são falsas e outras corretas. O poder de persuadir os indivíduos das opiniões corretas está ligado à capacidade da ideologia da propaganda, que interpela o indivíduo constituindo-o em sujeito de consumo, com a capacidade de apoiar num vasto sistema reprodutivo educativo. Articulado sob as formas de organização da cultura, corrompida, proporcionado ao público consumidor. 

Do ponto de vista econômico não há dúvida de que o desenvolvimento, partindo de valores para chegar aos preços passa pela intermediação do valor do dinheiro, mas o valor do dinheiro afeta a todos os preços da mesma forma. A questão do valor é subjacente e explica, de fato, as relações entre os preços das mercadorias que refletem as relações entre as quantidades de trabalho socialmente necessário contidas nelas. As relações entre os preços, que na teoria de Marx são fundadas no valor-trabalho, vêm expressas, a grosso modo, na teoria econômica convencional pelo conceito de preços relativos. Os preços – obviamente de mercado – têm nos valores de mercado seu centro de gravitação. E no curto prazo são as variações nas quantidades de trabalho socialmente necessárias que afetam mais fortemente os preços de produção, pois afetam o preço de custo das mercadorias individuais, tanto produzidos por capitais específicos quanto na sua interação social no mercado, que impõe a tendência à equalização constante das taxas de lucro dos capitais individuais. O valor de mercado, em economia, refere-se ao valor que um produto atinge no mercado, baseando-se na concorrência de mercado e lei de oferta e procura. Costuma-se contrapor o valor de mercado ao valor real do produto. O valor de mercado pode ir muito acima ou abaixo do valor comercial real, dependendo da estação que condiciona a escala dos preços dos produtos no mercado de consumo.

Em 31 de janeiro e 1º de fevereiro de 2020, realizou a transmissão ao vivo da 25ª edição do Planeta Atlântida. O público pode acompanhar todas as apresentações do Palco Planeta em tempo real, como Vitor Kley, Kevinho, IZA, Luan Santana, Dilsinho e Dennis DJ na sexta; e Melim, Natiruts, Dado & Bonfá tocam Legião Urbana, Anitta, Gustavo Lima, Alok e KVSH no sábado. Em maio, anunciou que vai lançar mais de 50 novelas antigas no portal e aplicativo. Em agosto, fechou parceria com Premiere para exibir jogos de futebol exclusivos e ao vivo pela plataforma. E ainda no final de agosto, anuncia adição de canais ao vivo da Globosat através de um pacote que engloba o conteúdo do Globoplay e os canais da programadora, com opções de contratar os add-ons dos canais Premiere e Combate. Em novembro, fechou uma parceria inédita com a The Walt Disney Company. Fazendo um combo, com o Disney+ esse pacote vai aliar os conteúdos do Globoplay, Canais Globo e Disney. Ainda em novembro, após várias críticas nas redes sociais, o Globoplay anunciou que vai alterar imagens em baixa qualidade, das novelas produzidas entre 2010-2011 para HD (algumas em SD) que já estão no catálogo da plataforma. O processo de mudança foi realizado aos poucos, e foi finalizado em abril de 2021 e em breve, as novelas Escrito nas Estrelas (2010) e Araguaia (2010-2011) foram readicionados no catálogo, agora em HD e também em SD. Em novembro de 2020, o Globoplay junto com o Gshow alcança a marca de 70 mil títulos no catálogo. O JustWatch apontou que o Globoplay foi o terceiro serviço de streaming que de forma espetacular mais teve títulos adicionados ao catálogo em 2020.

Além das produções nacionais e documentários originais, a plataforma também anunciou a inclusão de folhetins mexicanos através de uma parceria com a Televisa, sendo eles Imperio de Mentiras, Rubí (2020), o Amar a Muerte, La Usurpadora, Marimar e Maria do Bairro. Em março, é anunciada a entrada de Um Maluco no Pedaço. Houve também a adição de tramas turcas no catálogo, como a série Fatmagul: A Força do Amor já exibida no Brasil em 2015 pela Rede Bandeirantes e a série, New Life: Uma Nova Vida. Entre os dias 21 de julho e 8 de agosto, transmitiu ao vivo os Jogos Olímpicos de Verão de 2020, disponibilizando 43 sinais exclusivos através do SporTV+, sem apresentar locução e com sinal gerado do Olympic Broadcasting Services (OBS), sendo distribuído gratuitamente para assinantes do plano Globoplay + canais ao vivo e clientes de operadoras parceiras. Em setembro, foi anunciado que o Globoplay chegará para o Canadá e em mais de 20 países europeus, como Alemanha, Itália, Portugal, Reino Unido, Espanha, França e Suíça a partir de 14 de outubro. Em 19 de outubro de 2021, o Cine Marquise foi reinaugurado na Av. Paulista (SP), patrocinado pelo Globoplay, pela Sabesp e pela Metropolitana de Águas e Energia (EMAE), e duas salas foram nomeadas com o nome do streaming, o “Globoplay 1” e “Globoplay 2”.

Na disputa por espaço no streaming, o Globoplay passou a investir em conteúdo original. Em 06 de setembro de 2018, estreou a sua primeira série original: Além da Ilha, uma comédia de suspense estrelada por Paulo Gustavo e produzida pela Floresta em parceria com o canal Multishow. Em 21 de setembro de 2018, estreou a série Assédio, a primeira série original produzida diretamente nos Estúdios Globo, protagonizada por Antonio Calloni, escrita por Maria Camargo e dirigida por Amora Mautner. Em 14 de novembro de 2018, estreou a primeira temporada da série Ilha de Ferro, com Maria Casadevall, Cauã Reymond, Taumaturgo Ferreira, Klebber Toledo, Sophie Charlotte e grande elenco. Em agosto de 2019, o Globoplay produziu uma quarta temporada de Sessão de Terapia - original do GNT e cancelada em 2014 - e conta novamente com a direção de Selton Mello, que também agora protagoniza a série. A produção também marca a estreia da atriz naturalizada norte-americana Morena Baccarin - reconhecida por produções hollywoodianas como V e Deadpool - em produções brasileiras e de língua portuguesa. Em 23 de agosto de 2019, foi lançado o projeto audiovisual de Luan Santana - Viva. O lançamento foi o primeiro conteúdo musical inédito a integrar o catálogo da plataforma. Em 13 de setembro de 2019, estreou a primeira temporada de Marília Mendonça - Todos os Cantos. Em formato de documentário, a produção demonstra os bastidores de popularidade do atual projeto musical da cantora sertaneja.

Todos os Cantos é o terceiro álbum ao vivo da cantora Marília Mendonça, lançado em 22 de fevereiro de 2019 pela gravadora brasileira Som Livre. O álbum foi baseado no projeto homônimo, um roteiro de shows gravados pela cantora em todas as capitais do Brasil durante os anos de 2018 e 2019. Diferentemente dos discos anteriores de Marília, o repertório de Todos os Cantos “não foi escrito pela cantora”. Mas, foi um sucesso comercial e reuniu várias canções que se tornariam sucessos na carreira da artista, como “Ciumeira”, “Bem Pior que Eu” e “Bebi Liguei”, todas liberadas como singles. O álbum venceu o Grammy Latino de 2019 na categoria Melhor Álbum de Música Sertaneja. Todos os Cantos contaram com um documentário lançado no dia 13 de setembro de 2019 pela plataforma de streaming Globoplay, que mostra os bastidores do projeto de Marília apresentando uma faixa nova ao vivo em todas as capitais do Brasil. O projeto Todos os Cantos tem shows surpresas e gratuitos em várias cidades, onde ela grava o vídeo de uma música nova e lança depois em seu canal no YouTube. Em 17 de maio de 2019, foi lançado a segunda parte do projeto, e em 16 de agosto de 2019 a terceira parte. Em 5 de novembro de 2021, em homenagem póstuma à cantora, que morreu no mesmo dia, os dois primeiros episódios do documentário foram exibidos em Especial programado de última hora pela TV Globo no lugar do Globo Repórter e de Verdades Secretas, enquanto os dois últimos foram exibidos em 7 de novembro dentro do Domingão com Huck. Um compilado de clipes do projeto também foi exibido no dia 7, substituindo o programa Zig Zag Arena.

No dia 13 de março de 2020, a plataforma lançou seu primeiro documentário original: Marielle - O Documentário. Dirigida por José Padilha, a série com 6 episódios traz à tona os bastidores e entrevistas com familiares da vereadora assassinada, Marielle Franco, e seu motorista, Anderson. A primeira aposta do Globoplay em documentários foi um grande sucesso e gerou muitos elogios, apesar do crime horrendo que não foi solucionado até hoje. Em 07 de fevereiro de 2020, estreou a primeira temporada da série Arcanjo Renegado. A obra narra a história de Mikhael (Marcelo Mello Jr.), um sargento comandante de uma equipe do BOPE no Rio de Janeiro, que depois de se envolver em uma operação que terminou em chacina, é transferido para uma unidade policial no interior do estado. No elenco também estão atores como Érika Januza, Leonardo Brício, Dani Suzuki, Álamo Facó, Rita Guedes, Flávio Bauraqui, entre outros. A obra, é uma coprodução do Globoplay e do Multishow com a Afroreggae Audiovisual. Tem criação de José Júnior, direção Geral de Heitor Dhalia e direção de André Godói. No dia 13 de abril de 2020, Marcelo Adnet começou a revirar suas gavetas dentre personagens “para compartilhar, de cara limpa, uma crônica diária direto de sua casa”. O humorista estreou o Sinta-se em Casa, um diário da quarentena produzido exclusivamente para o Globoplay. Vídeos de dois minutos, com imitações e devaneios variados sobre os assuntos mais relevantes do dia anterior: de política até Brasil Big Brother (BBB).

Em 2021, foi anunciado que o streaming do Telecine entraria no Globoplay com o objetivo de ampliar a capilaridade de distribuição e gerar uma experiência integrada com outros conteúdos. “A mudança visa concentrar nosso extenso portfólio em um único ambiente, proporcionando ganho de sinergia operacional”, explicou Silvero Pereira, CEO da empresa. - “Os aprimoramentos são para seguirmos com o compromisso de levar o melhor da magia do cinema em qualquer lugar e da forma que o público quiser”. A integração ocorreu, de fato, em janeiro de 2022, com a adição dos seis canais ao vivo do Telecine para assinantes do Telecine ou do combo Globoplay + Telecine. Globoplay anunciou em fevereiro que estaria entrando comercialmente no Japão e Austrália por meio da sua rede social, Globoplay Internacional, o streaming da Globo, com uma hashtag #GloboplayNoJapão e #GloboplayNaAustrália. Ainda fevereiro foi adicionado no catálogo do Globoplay, primeira animação adulta, As Fabulosas Aventuras dos Freak Brothers, a série é inédita no Brasil. Ela foi lançada em 2020 nos Estados Unidos pela Starburns Industries, que fez também a animação “Ricky and Morty”, que um sucesso. A animação é inspirada na famosa história em quadrinhos “The Fabulous Furry Freak Brothers”, criada por Gilbert Shelton e publicada originalmente entre 1971 e 1997.

Na trama autoral de Gilberto Braga, um marco na TV brasileira, Eduardo Tornaghi interpretava um psiquiatra recém-formado, mas com rosto de galã. Atuou em diversas telenovelas, filmes e peças teatrais. Na televisão obteve destaque como o Rafael da telenovela A Gata Comeu, de 1985.  Foi produzida pela TV Globo e exibida de 15 de abril a 19 de outubro de 1985, em 160 capítulos. Substituiu Livre para Voar produzida de 17 de setembro de 1984 a 13 de abril de 1985 em 184 capítulos e foi substituída por De Quina Pra Lua, de 21 de outubro de 1985 a 25 de abril de 1986, em 164 capítulos sendo ranking da 30ª “novela das seis” exibida pela emissora. Escrita por Ivani Ribeiro, com a colaboração de Marilu Saldanha, contou com a direção de José Carlos Pieri e Herval Rossano, também diretor-geral, sob a supervisão de Daniel Filho. A gerência de produção foi de Carlos Henrique de Cerqueira Leite. É um remake da novela A Barba-Azul, produzida e exibida às 19h00 pela extinta Rede Tupi, entre 1º de julho de 1974 a 15 de fevereiro de 1975, escrita também por Ivani Ribeiro para a extinta Rede Tupi e exibida em 1974. Contou participações de Christiane Torloni, Nuno Leal Maia, Mauro Mendonça, Anilza Leoni, Bia Seidl, Deborah Evelyn, Fátima Freire e Danton Mello. 

Eduardo Tornaghi atuou também em: A Moreninha, produzida pela TV Globo e exibida originalmente de 20 de outubro de 1975 a 6 de fevereiro de 1976, em 79 capítulos, a novela Vejo a Lua no Céu, produzida pela TV Globo e exibida de 9 de fevereiro a 25 de junho de 1976, em 99 capítulos, Memórias de Amor, produzida pela TV Globo e exibida de 5 de março a 1 de junho de 1979, em 82 capítulos. Substituiu A Sucessora e foi substituída por Cabocla, sendo a 17ª “novela das seis” exibida pela emissora. Escrita por Wilson Aguiar Filho, baseada no romance O Ateneu, de Raul Pompeia, com direção de Gracindo Júnior e supervisão de Herval Rossano. Com Eduardo Tornaghi, Sandra Brea, Maneco Bueno, Myrian Rios, Gilberto Martinho e Jardel Filho nos papéis principais, O Espantalho, produzida pelos Estúdios Silvio Santos em 119 capítulos e exibida em 1977 pela TV Record e TVS, líderes da Rede de Emissoras Independentes, cadeia nacional. Escrita por Ivani Ribeiro, teve direção de José Miziara e David Grimberg e as atuações de Jardel Filho, Nathália Timberg, Rolando Boldrin, Theresa Amayo, Carlos Alberto Riccelli, Esther Góes, Eduardo Tornaghi, Carmen Monegal, Guilherme Corrêa e Suzy Camacho nos papeis principais.

A novela Vereda Tropical produzida pela TV Globo e exibida de 23 de julho de 1984 a 2 de fevereiro de 1985, em 164 capítulos. Substituiu Transas e Caretas e foi substituída por Um Sonho a Mais, sendo a 33ª “novela das sete” exibida pela emissora. Escrita por Carlos Lombardi, com argumento e supervisão de texto de Silvio de Abreu, teve direção geral de Jorge Fernando e Guel Arraes. Contou com as atuações de Lucélia Santos, Mário Gomes, Maria Zilda, Walmor Chagas, Geórgia Gomide, Gianfrancesco Guarnieri, Marieta Severo e Paulo Betti. Depois de A Gata Comeu, em 1985, em que namorou a mocinha de Christiane Torloni, ele deu uma de Ana Paula Arósio e não renovou contrato com a Globo. Dois anos depois, fez uma ponta na novela Carmem, da Manchete, vendeu o que tinha e sumiu da cena pública. A novela Carmem foi produzida pela extinta Rede Manchete e exibida entre 5 de outubro de 1987 e 14 de maio de 1988, às 21h30, totalizando 191 capítulos. A trama foi escrita por Glória Perez e dirigida por Luiz Fernando Carvalho e José Wilker, contando com Lucélia Santos no papel principal. A telenovela foi reprisada pela emissora entre os dias 19 de março e 7 de junho de 1990, de forma compacta, em 70 capítulos, de segunda a sábado às 13h e mais tarde às 13h15.

No cinema atuou no longa-metragem O Principe, de 2005, escrito e dirigido por Ugo Giorgetti e em vários outros filmes durante as décadas de 1970 e 1980. Ugo César Giorgetti é um cineasta brasileiro. Trabalha como roteirista e diretor de filmes publicitários desde 1966, a princípio nas agências Alcântara Machado, C&N, Denison e Proeme, mais tarde nas produtoras Cia. de Cinema, Frame e Espiral. No início dos anos 1970 realizou dois curtas-metragens sobre aspectos da cidade de São Paulo. Seu primeiro longa-metragem, intitulado: Quebrando a Cara, iniciado em 1977, mas realizado apenas em 1986, é um documentário, rodado em 16 mm, sobre a carreira e as lutas do boxeador Éder Jofre. Entretanto, Jogo Duro, de 1985, é o primeiro longa-metragem do gênero drama e ficção de Giorgetti, em que narra a história social de um grupo de marginalizados que disputam a ocupação de uma casa em bairro nobre de São Paulo. O filme se passa na década de 1980 e retrata a vida de uma mulher e sua filha vivem clandestinamente em uma casa desocupada de um dos mais nobres bairros de São Paulo, no Pacaembu. O conflito se instala quando essa mulher passa a ser disputada por dois homens: um segurança particular e um empregado de uma imobiliária instalada na casa. O filme Festa recebeu o prêmio de Melhor Filme no Festival de Gramado de 1989.

Em 2004 a Coleção Aplauso Cinema Brasil, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, publicou o volume Ugo Giorgetti - O Sonho Intacto, de Rosane Pavam. Desde 2006, Giorgetti assina coluna nas edições de domingo do jornal O Estado de S. Paulo. Atualmente Eduardo Tornaghi dá aulas de teatro para comunidades “carentes”, do Rio de Janeiro na falta de melhor expressão, escreve e organiza eventos de literatura e divulgação de poesia contemporânea. Participa do Movimento Humano dos Direitos. Aos poucos, tem voltado ao meio artístico em pequenos papéis. Leme é um bairro da Zona Sul do município do Rio de Janeiro, localizado na mesma dependência da Praia de Copacabana. O bairro deve seu nome a Pedro Leme, descendente de flamengos madeirenses que migraram ao Brasil no século XVI. Na Madeira, existe ainda a Quinta do Leme do século XVI. A inauguração do Túnel Novo ou do Leme, em 1906, levou a linha de bondes da Companhia Ferrocarril do Jardim Botânico ao bairro, na Praça do Vigia. Neste ano na orla do Leme e Copacabana foi concluída a suntuosa Avenida Atlântica.  

No Morro da Babilônia ainda havia chácaras históricas, uma delas era pertencente a Wilhelm Marx, pai do famoso paisagista Roberto Burle Marx. E a ocupação de suas encostas se deu em 1915, alcançando seu auge a partir de 1934, quando foram criadas as Comunidades da Babilônia e do Chapéu Mangueira. Entretanto, no Morro do Leme situava-se o Forte Duque de Caxias, construído em 1776, sendo desativado em 1975. Em 1971, houve a duplicação do calçadão. Curiosamente o bairro apresentava estruturas militares: o Forte da Ponta da Vigia, o Forte da Ponta do Anel, o Forte Duque de Caxias e o Forte Guanabara. Nos anos 1950 e 1960, a verticalização atinge o bairro, com a construção dos prédios dos hotéis Meridian da rede francesa Le Méridiens, rebatizado em 2009 como Windsor Atlântica Hotel, além de edifícios residenciais. O ator não é visto na “telinha” desde 2016, quando fez uma participação em “Rock Story”. Mas, mesmo longe dos holofotes, ele não se afastou da representação das artes. Morador do bairro do Leme, Zona Sul do Rio de Janeiro onde é uma figura reconhecida, e tem exercitado seu lado poético “promovendo encontros de leituras e recitais”, para a divulgação de trabalho, como um “militante da arte, da educação, da gentileza e da lucidez; poeta, ator, locutor, palestrante e produtor cultural”. Isto é importante.

Bibliografia geral consultada.

HOINEFF, Nelson, A Nova Televisão: Desmistificação e o Impasse das Grandes Redes. Rio de Janeiro: Editora Relume Dumará, 1996; THOMPSON, Edward Palmer, Costumes em Comum. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1998; ORTIZ, Renato; BORELLI, Silva Helena Simões; HAMBURGER, Esther, O Brasil Antenado: A Sociedade da Novela. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005; OROZCO, Guillermo, “O Telespectador Frente à Televisão: Uma Exploração dos Processos de Recepção Televisiva”. In: Comunicação: Teorias e Metodologias. Volume 5, n° 1, pp. 27-42, 2005; HALBWACHS, Maurice, “A Memória nos Idosos e a Nostalgia do Passado”. In: Revista Brasileira de Sociologia da Emoção. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, vol. 7, nº 21, pp. 633-658. Dez. 2008; GASPAR, Osmar Teixeira, Mídias - Concessão e Exclusão. Um Estudo da Invisibilidade Seletiva Produzida pelos Meios de Comunicação de Massa contra a População Afro-brasileira e suas Implicações nas Relações Raciais no Brasil Contemporâneo. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Direito. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2010; TEIXEIRA, Andres Kalikoske, A Telenovela Econômica: Mercados e Estratégias de Internacionalização. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação. São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2010; FERNANDES, Julio Cesar, A Memória Televisiva como Produto Cultural: Um Estudo de Caso das Telenovelas no Canal Viva. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Comunicação. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2013; CUNHA, Diego da Silva, “Usos e Abusos da Cultura. Richard Hoggart e a Cultura Vivida da Classe Trabalhadora”. In: Revista Comunicação Pública, vol. 9, nº 16, 2014; SOUSA, Paulo José de, Humor, Estereótipos e Preconceitos no Programa Sai de Baixo, da TV Globo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Midiática. São Paulo: Universidade Paulista, 2020; BUENO JUNIOR, Marcelo Narcizo, Um Programa Televisivo sobre Inovação e Tecnologia para a TV Unesp: Desenvolvimento e Reflexões sobre Práxis. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Arquitetura, Arte, Comunicação e Design. Bauru: Universidade Estadual Paulista, 2022; entre outros. 

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Paulo Silvino - Humor & Comédia, Criação na Televisão Brasileira.


                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

                                           Morrer é fácil, difícil é fazer comédia”. Rubens Ewald Filho

         
          No surgimento do teatro, na Grécia a arte era representada, essencialmente, por duas máscaras: a máscara da tragédia e a máscara da comédia. Aristóteles, em sua Arte Poética, para diferenciar comédia de tragédia diz que enquanto esta última trata essencialmente de homens “superiores” (“heróis”), a comédia fala sobre os homens “inferiores”, pessoas comuns da polis. Isso pode ser comprovado através da divisão do trabalho social dos júris que analisavam os espetáculos durante os antigos festivais de Teatro. Ser escolhido como jurado de tragédia era a comprovação de nobreza e de representatividade na sociedade. Já a comissão formada pelo júri da comédia era de cinco membros sorteadas da plateia. A importância da comédia, inicialmente de sentido político, era proporcional à possibilidade democrática do uso de sátira a todo tipo lúdico de ideia. É difícil analisar, sociologicamente, o que faz uma pessoa rir ou o que é engraçado ou não. Uma característica reconhecida da comédia é que ela é uma diversão intensamente pessoal, ou seja, que é próprio e particular culturalmente de cada pessoa.
        Ocorre por volta de meados do séc. VI quando Pisistrato transferiu o antigo e rústico festival dionisíaco dos frutos, para o coração da cidade de Atenas. Com as Dionísias Urbanas, que tinham lugar no fim de março, o povo recebeu um magnífico festival popular em que podia cimentar seus interesses e exibir as glórias de seu Estado aos negociantes que visitavam a cidade. Elas eram consideradas tão sagradas, que violações menores eram punidas como sacrilégio. O Festival começava suntuosamente com uma procissão que escoltava uma antiga imagem de Dioniso, literalmente o “deus pai” do teatro, ao longo da estrada que conduzia à cidade de Eleutéria e regressava depois a Atenas à luz de tochas. A imagem era colocada no métier da orquestra do teatro, com rituais, assentos reservados aos sacerdotes do deus, com grande pompa. Uma das principais características da comédia é a constatação pública sobre o erro, o engano. O cômico está baseado no fato cultural ou político de um ou mais personagens serem enganados ao longo da peça. À medida em que o personagem vai sendo enganado e o equívoco aumentando, o público ri cada vez mais em seu processo de interação social.
           Em seu surgimento, ninguém, se não fosse constituído da cidadania estava a salvo de ser alvo das críticas populares da comédia: governantes, nobres e nem ao menos os deuses, como pode ser visto no ensaio: As Rãs, de Aristófanes (447 a. C. -385 a. C.). A comédia representa a utilidade social de humor nas artes cênicas. Também pode estar presente em um espetáculo, na história social da arte, ou em determinado gênero, na modernidade, com na sátira de um filme, que recorre intensivamente ao humor. De forma geral, comédia é o que é engraçado, que nos faz rir compulsivamente. Uma das principais características da comédia é o engano. Frequentemente, o cômico está baseado no fato social de um ou mais personagens serem enganados através de trocadilhos e gestos habituais ao longo de toda a peça. À medida que o personagem vai sendo enganado e que o equívoco vai aumentando, o público vai gozando cada vez mais. A estética moderna, a partir de Alexander Baumgarten, que introduziu pela primeira vez o termo estética, se construiu como uma tentativa de indagar a especificidade desse “outro saber” e, além disso, de fundar a sua autonomia ao lado do reconhecimento intelectual. Configurando a relação social entre eles, como aquela entre duas formas autônomas no interior do mesmo processo gnosiológico, ela deixava, na sombra o problema fundamental como deveria ser interrogado.   
Na modernidade a comédia encontra grande espaço no teatros como lugar praticado, devido a sua importância social e política enquanto forma de representação e de manifestação coletiva crítica em qualquer esfera: política, social, econômica. Encontra apoio merceológico no processo comunicacional de consumo de massa e é extremamente apreciada por grande parte do público consumidor da chamada indústria cultural ou de entretenimento. Assim, atualmente, não há grande distinção entre a importância artística da tragédia, ideologicamente reconhecida simplesmente como drama ou da comédia. Em defesa do gênero, o crítico de artes e cinema Rubens Ewald Filho lembra o ditado: - “Morrer é fácil, difícil é fazer comédia”. De fato, entre os artistas, reconhece-se que para fazer rir é necessário um ritmo, reconhecido como timing, especial que não é dominado tecnicamente por todos os humoristas. Uma característica reconhecida da comédia é que ela é uma representação social da diversão intensamente coletiva, mas pessoal. Para rir de um fato social ou político é necessário reconhecer: revendo, como na leitura, tornando a conhecer, como no trabalho incessante do aprendizado da escrita, tomando os fatos culturais subjetivamente como parte de determinado valor humano - os homens comuns - a tal ponto que ele deixa de ser mitológico, ameaçador e passa a ser banal, corriqueiro, usual e pode-se, portanto rir intensivamente dele. As pessoas com frequência não acham as mesmas coisas engraçadas, mas quando fazem isso pode ajudar a criar laços poderosos de afeto.    
                                                  

  Paulo Ricardo Campos Silvino esteve desde jovem familiarizado com o meio artístico. Filho do humorista Silvério Silvino Neto e da professora de música e pianista Noêmia Campos Naja Silvino, cresceu em meio aos artistas que, anos mais tarde, viriam a se tornar seus colegas de profissão. Pisou num palco pela primeira vez aos nove anos de idade, quando se atreveu a soprar as falas para um ator de uma peça que o pai participava. Na adolescência, ele se apresentava como crooner de um conjunto de rock, acompanhado por músicos como Eumir Deodato (acordeom), Durval Ferreira (guitarra) e Fernando Costa (bateria). Com o nome de Dickson Savana, em 1958, apresentou-se junto com Erasmo Carlos e Eumir Deodato no extraordinário Clube do Rock, programa comandado pelo apresentador Carlos Imperial na TV Tupi. No ano seguinte, agora sob a alcunha de Silvino Júnior, compôs e cantou a maioria das canções do disco da chamada Nova Geração em Ritmo de Samba, gravado com os amigos Altamiro Carrilho, Durval Ferreira e Eumir Deodato. Até o início dos anos 1960, gravou com vários outros artistas, como o cantor Sílvio César e os conjuntos Tamba Trio e Os Cariocas.

Em 1962, incentivado pelo amigo Gláucio Gil, Paulo Silvino escreveu um espetáculo teatral baseado na letra de Anjinho Bossa Nova, música que havia composto e gravado naquele ano com Os Cariocas. Com um elenco formado por amigos de infância e cenários emprestados de um espetáculo de Dercy Gonçalves, a peça foi um sucesso e marcou sua estreia como ator. Em 1963, 'Anjinho Bossa Nova' ganhou montagem profissional produzida por Fernando D’Ávilla. Elogiado pela crítica como revelação do teatro, Paulo Silvino atuou ao lado de Augusto César Vannucci e Brigitte Blair. Paulo Silvino acha que entrou na televisão por acaso, apenas porque tinha facilidade com humor e não se acanhava diante das câmeras. - “Ser comediante nasceu por acaso. Talvez seja pela minha desfaçatez, porque eu nunca tive inibição de máquina. Tenho tranquilidade com a câmera e tive vantagem em televisão por isso. O riso dos cinegrafistas é o meu termômetro”. Contudo, a carreira na televisão começou na TV Rio, em 1965, como apresentador do programa K Louros e Morenos, uma criação autoral em que os participantes escolhiam o que cantar, mas “só ficavam sabendo como seria a apresentação na hora, por sorteio”. O calouro podia ser obrigado a cantar sua versão para Chega de Saudade, de João Gilberto, vestido de urso enquanto subia e descia a escada.

Em setembro de 1966, Paulo Silvino fez sua estreia na TV Globo, apresentando o “Canal 0”, humorístico de meia-hora de duração que satirizava a programação das emissoras de TV. No início de 1967, a atração passou a se chamar “TV0-Canal 0”. Em abril daquele ano, a emissora estreou o “TV1-Canal ½”, programa similar, apresentado por Agildo Ribeiro. Em julho, houve a fusão dos dois programas, e os dois comediantes passaram a apresentar juntos o “TV0-TV1”. Em 1967, Paulo Silvino foi para a TV Excelsior, onde trabalhou no humorístico “Hotel do Porteiro Doido”, ao lado de comediantes como Castrinho, Consuelo Leandro, Renato Côrte Real, Tião Macalé e Otelo Zeloni. Em 1968, voltou à Globo e, durante três meses, apresentou o programa de variedades “Porque Hoje é Sábado”, ao lado de Lúcio Mauro, Grande Otelo e Dircinha Batista. No ano seguinte, integrou o elenco da primeira versão do humorístico “Balança, Mas Não Cai”, com direção de Augusto César Vannucci. Ao Memória Globo ele revela que “Balança Mais Não Cai”, de que era apresentador, foi um de seus favoritos.

Na década de 1970, o comediante trabalhou nos programas “Faça Humor, Não Faça Guerra” (1970), “Uau, a Companhia” (1972), “Satiricom” (1973) e “Planeta dos Homens” (1976). Deixou sua marca artística como intérprete de personagens lunáticos e criou bordões absurdos como “Ah, eu preciso tanto!”, “Eu gosto muito dessas coisas!”, “Guenta! Ele guenta!”, “Ah, aí tem!” e “Dá uma pegadinha!”. O humorista relembra: “O Satiricom era a sátira da comunicação. Depois, tivemos o Satiricom, a “sátira do comportamento humano”; depois, houve aquele filme o “Planeta dos Macacos”, e o Max Nunes veio com a inversão da ideia: “Agora, o terceiro ano vai ser o Satiricom, a sátira do Planeta dos Homens”. Mas o José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni) não quis mais continuar com Satiricom no nome e o programa virou só “Planeta dos Homens”. Em 1977, Paulo Silvino fez uma participação em um episódio do “Sítio do Picapau Amarelo” como Merlin, o mago da lenda do Rei Arthur. No ano seguinte, trabalhou na novela “O Pulo do Gato”, escrita por Bráulio Pedroso e dirigida por Jardel Mello, fazendo a chamada para as cenas dos próximos capítulos com uma narração ao estilo radiofônico. No final da novela, fez uma participação representando a figura do Destino.

Entre 1981 e 1987, trabalhou no programa “Viva o Gordo” (1981), estrelado por Jô Soares. Em 1983, fez parte do humorístico “A Festa é Nossa”, dirigido por Lúcio Mauro, e ganhou o papel do Louco Vampiro em “O Inspetor Geral”, episódio do Caso Especial escrito por Doc Comparato e Bernardo Carvalho, com Lucélia Santos, Carlos Vereza, Gracindo Jr., José Vasconcellos e Maurício do Valle. Com a saída de Jô Soares da TV Globo em 1989, Paulo Silvino trabalhou durante um breve período como redator do “Domingão do Faustão”. Em 1990, foi para o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) para apresentar o “Condomínio Brasil, programa escrito por Max Nunes que, no entanto, não chegou a estrear. O comediante passou, então, a integrar o elenco de “A Praça é Nossa” e da “Escolinha do Golias”. Em 1993, voltou à TV Globo e trabalhou na “Escolinha do Professor Raimundo”. Em 1995, foi para TV Record, onde participou da “Escolinha do Barulho”. Em 1997, de volta à TV Globo, fez uma breve participação na novela “Zazá”, de Lauro César Muniz. Em 1999, passou a atuar no “Zorra Total”, humorístico dirigido por Maurício Sherman. Entre os vários tipos de personagens que já interpretou no programa, um dos mais famosos era Severino, porteiro da Globo que estava “sempre em dificuldades por servir de quebra-galhos para um diretor”. Um dos bordões do personagem – “Meu negócio é conferir a cara e o crachá” – fez tanto sucesso que virou símbolo de uma campanha interna da emissora sobre a importância do uso do crachá pelos funcionários. Outros personagens de sucesso foram Lobichomen e Teseu.

Em 2015, o “Zorra Total” passou por uma reformulação, transformando-se em um humorístico que destaca, entre outros elementos, a paródia musical. Nessa nova fase, o humorístico passou a ser escrito por Marcius Melhem, Celso Taddei e Gabriela Amaral. No cinema, Paulo Silvino trabalhou tanto como ator quanto como roteirista. Em muitos casos, cumpriu as duas funções: como em “Ascensão e Queda de um Paquera” (1970), “Café na Cama” (1973), “Com a Cama na Cabeça” (1972), “Um Varão Entre as Mulheres” (1974), “O Padre que Queria Pecar” (1975), “A Mulata que Queria Pecar” (1977), “Assim Era a Pornochanchada” (1978), “Os Melhores Momentos da Pornochanchada” (1978) e “Um Marciano em Minha Cama” (1981). Também fazem parte de sua carreira no cinema atuações em “Sherlock de Araque” (1957), “Minha Sogra é da Polícia” (1958), “O Rei da Pilantragem” (1968) e “Um Edifício Chamado 200” (1973), também atuou nos filmes “Rádio Nacional” (2011), “Muita Calma Nessa Hora 2” (2013) e “Até que a Sorte nos Separe 3” (2015). Paulo Silvino permaneceu no elenco de “Zorra”, nome do programa após a reformulação, e esteve no ar até 2020.

A história técnica e social da televisão começou no início do século XX por meio de experimentos realizados por diferentes inventores sociais. Seu desenvolvimento se deu graças a uma série de outros avanços tecnológicos que se estendiam desde o século XIX. Do ponto de vista técnico-metodológico um transistor pode ter apenas um tipo de portador de carga, em um transistor de efeito de campo, ou pode ter dois tipos de portadores de carga em dispositivos de transistor de junção bipolar. Comparado com válvula termiônica, eles são menores e requerem menos energia para operar. Certos tubos de vácuo têm vantagens sobre os transistores em frequências de operação muito altas ou altas tensões operacionais. alguns transistores são feitos para especificações padronizadas por vários fabricantes. O tríodo termiônico é um tubo a vácuo inventado em 1906, que possibilitou a amplificação da tecnologia de rádio e a telefonia típica de longa distância. O tríodo, no entanto, era um dispositivo frágil que consumia uma quantidade substancial de energia. Em 1909, o físico William Eccles (1875-1966) descobriu o oscilador de diodo de cristal. O físico Julius Edgar Lilienfeld depositou uma patente para um transistor de efeito de campo (FET) no Canadá em 1925, que foi planejado para ser um substituto de estado sólido para o tríodo. O físico também apresentou patentes idênticas nos Estados Unidos da América (EUA) em 1926 e 1928. No entanto, não publicou nenhum artigo sobre seus dispositivos técnicos e sociais, nem suas patentes citam exemplos específicos de algum protótipo funcional.

Como a produção de materiais semicondutores de alta qualidade ainda estava caminhando a décadas de distância, as ideias de amplificadores de estado sólido de Lilienfeld não teriam encontrado utilidade de uso nas décadas de 1920 e 1930, mesmo se tal dispositivo tivesse sido construído. Em 1934, o inventor alemão Oskar Heil patenteou um dispositivo similar na Europa. Oskar Heil (1908-1994) foi um engenheiro elétrico e inventor alemão. Ele estudou física, química, matemática e música na Universidade Georg-August de Göttingen e obteve seu doutorado em 1933, por seu trabalho em espectroscopia molecular. Na universidade Oskar Heil conheceu Agnesa Arsenjewa (1901-1991), uma promissora jovem física russa que também obteve seu doutorado na mesma universidade. Eles se casaram em Leningrado, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1934. Juntos eles se mudaram para o Reino Unido para trabalhar no Laboratório Cavendish, da Universidade de Cambridge. Durante uma viagem à Itália, eles co-escreveram um artigo pioneiro sobre a geração de micro-ondas que foi publicado na Alemanha no Zeitschrift für Physik em 1935. Agnesa posteriormente retornou à Rússia para prosseguir trabalhando no Instituto Físico-Químico de Leningrado com o marido. Ele retornou ao Reino Unido; Agnesa, trabalhando no que se tornou assunto sensível, possivelmente não teve permissão para sair. De volta à Grã-Bretanha, Heil trabalhou para a Standard Telephones and Cables.

De 17 de novembro de 1947 a 23 de dezembro de 1947, John Bardeen e Walter Brattain da Bell Labs da AT&T em Murray Hill, Nova Jersey, nos Estados Unidos, realizaram experimentos e observaram quando dois pontos de ouro eram aplicados a um cristal de germânio, um sinal foi produzido com a potência de saída maior que a entrada. O líder do Grupo de Física do Estado Sólido, William Shockley, viu o potencial nos meses subsequentes trabalhando para ampliar o reconhecimento sobre semicondutores. O termo transistor foi cunhado por John Robinson Pierce como uma contração do termo transresistência. De acordo com Lillian Hoddeson e Vicki Daitch, autores de uma biografia de John Bardeen, Shockley propôs que a primeira patente do Bell Labs para um transistor deveria ser baseada no efeito de campo e que ele fosse nomeado como o inventor. Tendo desenterrado as patentes de Lilienfeld que entraram na obscuridade alguns anos antes, os advogados da Bell Labs desaconselharam a proposta de Shockley porque a ideia de um “transistor de efeito de campo” que usasse um campo elétrico como “grade” não era nova. Em vez disso, o que Bardeen, Brattain e Shockley inventaram em 1947 foi o primeiro transistor de contato pontual. Em reconhecimento a essa conquista científica, William Shockley, John Bardeen e Brattain receberam conjuntamente o Prêmio Nobel de Física de 1956 representando a invenção social “por suas pesquisas sobre semicondutores e sua descoberta do efeito do transistor”.

Em 1948, o transistor de “ponto de contato” foi inventado independentemente pelos físicos alemães Herbert Mataré e Heinrich Welker enquanto trabalhavam na Compagnie des Freins et Signaux, uma subsidiária da Westinghouse localizada em Paris. Mataré tinha experiência anterior no desenvolvimento de retificadores de cristal de silício e germânio no esforço de radar alemão durante a 2ª guerra mundial (1939-1945). Usando esse conhecimento, ele começou a pesquisar o fenômeno da “interferência” em 1947. Em junho de 1948, testemunhando correntes fluindo através de pontos de contato, Mataré produziu resultados consistentes usando amostras de germânio produzidas por Welker, semelhante ao que Bardeen e Walter Brattain haviam realizado antes, em dezembro de 1947. Percebendo que os cientistas da Bell Labs já haviam inventado o transistor antes deles, a empresa colocou seu “transístor” em produção para uso na rede de telefonia da França. Os primeiros transistores de junção bipolar foram inventados por William Shockley, da Bell Labs, que solicitou a patente em 26 de junho de 1948. Em 12 de abril de 1950, os químicos Gordon Teal (1907-2003) e Morgan Sparks (1916-2008), da Bell Labs, produziram com sucesso uma junção NPN bipolar que amplificava o transistor de germânio. A Bell Labs anunciou a descoberta deste novo transistor “sanduíche” em um comunicado de imprensa em 4 de julho de 1951. A televisão na Turquia foi introduzida em 1964 pelo provedor de mídia do governo TRT. O primeiro canal de televisão turco, ITU TV, foi lançado em 1952. 

A primeira televisão nacional é o TRT 1. A televisão colorida foi introduzida em 1981. Naquela época o único canal com o nome de TRT 1, e transmitia em vários momentos da linha de dados. O aparelho televisor em sua forma original é ainda interação mais popular, envolve a transmissão de som e imagens por ondas de radiofrequência (RF), que são captadas pelo equipamento. Neste sentido, pode ser considerada uma evolução técnica real do rádio. Em 1923 Vladimir Zworykin registra a patente do tubo iconoscópico, para a transmissão de imagens. Este dispositivo foi o precursor das câmeras televisivas. O primeiro sistema semimecânico de televisor analógico foi demonstrado por John Logie Baird em 26 de janeiro de 1926, em Londres e dois anos depois, em fevereiro de 1928, imagens em movimento foram transmitidas por Baird de Londres para Nova Iorque. Esse sistema era composto de um disco giratório perfurado, no qual luzes de néon se ascendiam por detrás, respondendo ao sinal da estação que capturava as imagens de um disco original idêntico. Os ruídos de comunicação provocados dificultavam a emissão sonora, mas o aparelho reproduzia imagens em 32 linhas de ResoluçãoIsto quer dizer que o significado do  termo se aplica igualmente a imagens digitais, imagens em filme e outros tipos técnicos de uso de imagem. A resolução de imagem pode ser medida de várias formas. Para o que nos interessa, podemos dizer que resoluções mais altas significam mais detalhe na imagem. As resoluções de lentes fotográficas e filmes são citadas como pares de linhas por mm.




O primeiro serviço de alta definição apareceu na Alemanha em março de 1935. Uma das primeiras grandes transmissões televisivas foi dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936. O uso do televisor aumentou enormemente depois da 2ª guerra mundial (1940-1945) devido aos avanços tecnológicos surgidos com as necessidades da guerra e à renda adicional disponível. A primeira transmissão em cores ocorreu comercialmente em 1954, na rede norte-americana National Broadcasting Company (NBC). Um ano antes o governo dos Estados Unidos da América (EUA) aprovou o sistema de transmissão em cores proposto pela rede Columbia Broadcasting System (CBS), mas quando a Radio Corporation of America (RCA) apresentou um novo sistema que não exigia alterações nos aparelhos antigos que consolidou a reprodução em preto e branco, a Columbia Broadcasting System abandonou sua proposta em favor da nova. Em 1960 a Sony Group Corporation introduziu os televisores com a inovação dos transistores. O satélite Telstar transmitia os sinais através do oceano Atlântico. A miniaturização chegou em 1979 quando a Matsushita registrou a patente do televisor de “bolso” com tela plana.
A história da televisão no Brasil tem início comercialmente em 18 de setembro de 1950, quando foi inaugurada a TV Tupi em São Paulo, com equipamentos trazidos por Assis Chateaubriand (cf. Morais, 1994), fundando assim o primeiro canal de televisão no país. Quatro meses depois, em 20 de janeiro de 1951, entra no ar a TV Tupi Rio de Janeiro. Desde então a televisão desenvolveu-se comercialmente no país representando um fator importante na cultura popular da sociedade brasileira. Em 1955 é inaugurada a TV Rio, aliando-se à TV Record, inaugurada em 1953, às Emissoras Unidas. Em agosto de 1957 iniciam-se as transmissões entre cidades, com um link montado entre a TV Rio e a TV Record, ligando o eixo industrial concentrado nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com a transmissão do Grande Prêmio Brasil de Turfe, direto do Hipódromo da Gávea no Rio de Janeiro. Em 1960 é inaugurada a primeira TV Excelsior em São Paulo, a segunda viria em 1963 no Rio de Janeiro. As duas saíram de funcionamento por decisão jurídico-política-militar em 1970. Em 1959 surge a TV Continental no Rio, com o videotape, mas ela seria mormente cassada pelo regime militar em 1972.
Paulo Silvino era um dos poucos e raros humoristas que conseguia ter brilho próprio além dos magnânimos Chico Anysio, Jô Soares, Agildo Ribeiro e Os Trapalhões. Era diferente deles – era o mais ousado, quem mais ficava perto de cruzar a linha do incorreto, ainda mais naqueles tempos bicudos de censura, quando ser incorreto era ser subversivo – quer dizer, ser incorreto era demonstrar claramente que se era contra a ditadura. Paulo Silvino era o rei dos bordões: “passinho pra frente, passinho pra trás”, “dandá pra ganhá tentém”, “dá uma pegadinha”, “nas coxinhas”, “ai, como era grande”, “guenta, ele guenta”. O mais reconhecido é o “cara, crachá”. O porteiro Severino, do Zorra Total, foi seu último personagem de enorme sucesso. Mais do que isso, pois demonstrava-se um comediante completo. Confirmava a essência do humor para Chico Anysio: “não existe humor velho ou novo, existe engraçado ou sem graça”.
No dia 10 de agosto de 1972, é inaugurada a Rede Amazônica, em Manaus, com seu sinal em cores, sendo uma das pioneiras com o uso da tecnologia no país. Em abril de 1977 foi cassada a TV Rio. Em 16 de julho de 1980, foi fechada pelo governo federal a Rede Tupi, emissoras pioneiras da TV no Brasil, no ar desde a década de 1950. No dia 19 de agosto de 1981, Silvio Santos unificou suas emissoras, fundando o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Em 5 de junho de 1983, foi fundada no Rio de Janeiro, a Rede Manchete composta de canais no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e com representação em Brasília. Em março de 1985, o Brasil começou a operar com o seu primeiro satélite, o sistema Brasil-Sat. Em 1987 voltou a funcionar a TV Rio, que mais tarde seria vendida à Igreja Universal. Em 9 de novembro de 1989, a TV Record de São Paulo foi vendida para o milionário Bispo Edir Macedo, iniciando então a Rede Record de Televisão. A primeira TV por Assinatura no Brasil surgiu simultaneamente, em 1990, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com o sistema de Serviço de Distribuição Multiponto Multicanal, que representa tecnologia de comunicação sem fio, usado para redes de “banda larga”, ou, mais comumente, como um método alternativo de recepção de programação de redes televisão a cabo.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1939, Paulo Silvino cresceu nos bastidores do  rádio e do teatro, levado sempre pelo pai, mentor e comediante Silvério Silvino Neto, nascido em São Paulo, em 21 de julho de 1913 e faleceu no Rio de Janeiro, 12 de junho de 1991. Foi um ator, cantor, compositor e radialista. Pai do comediante Paulo Silvino e filho de Ernesto e Leonor Dutra Silvino, estudou no Ginásio do Estado, terminando o secundário aos 17 anos, em 1930. No ano seguinte, estreou na Rádio Educadora Paulista cantando tangos, sob o pseudônimo de Pablo González, apresentando-se ipso facto noutras emissoras paulistas. Em 1932, dirigiu seu repertório para a música nacional por sugestão de Marcelo Tupinambá, dando início também na carreira de compositor. Sua primeira composição a ser gravada foi a marcha Goodbye, meu bem, por Raquel de Freitas na Arte-Fone. Em 1934, cantou com as orquestras de Osvaldo Borba, Gaó, Martínez Grau e Eduardo Patané, e formou com Alvarenga e Ranchinho o trio Mosqueteiros da Garoa. Participou do filme Fazendo Fitas, de Vittorio Capellaro em 1935, junto de Cândido Botelho, Alzirinha Camargo, Januário de Oliveira e outros. Participou de mais seis filmes. Deixou sua carreira de cantor romântico em 1936, transferindo-se para o Rio de Janeiro, e no ano seguinte, entrou em contato com Oduvaldo Cozzi, diretor da Rádio Nacional. Este o aconselhou a deixar a carreira de cantor e se dedicar ao humorismo. Estreou como comediante em janeiro de 1938 na Rádio Nacional, imitando Arnaldo Pescuma, Carlos Galhardo e Lamartine Babo, fazendo sucesso.

No mesmo ano, Orlando Silva gravou com êxito na RCA Victor sua valsa-canção Uma saudade a mais, uma esperança a menos. Em 1938, casou-se com Naja Siqueira Campos, com quem teve um filho, Paulo Ricardo Campos Silvino, nascido seis dias depois de seu aniversário, no ano seguinte. Conquistou grande popularidade interpretando a personagem Pimpinela, com a qual gravou alguns discos pela RCA Victor e estreou programas de rádio: A pensão da Pimpinela (no ar de 1940 a 1942), Aventuras da Pimpinela (até 1944) e, a seguir, Pimpinela, Anestésio e o telefone. Findando-se a ditadura getulista do Estado Novo (1937-45), criou um programa chamado Futebol político, no qual imitava com perfeição Getúlio Vargas, Ademar de Barros e outros políticos. Seu samba-canção Adeus, também chamado Cinco letras que choram, foi gravado por Francisco Alves na Odeon, em 1947. A música fez grande sucesso, tornando-se um clássico da Música Popular Brasileira. Participou com Dercy Gonçalves da revista Fogo no pandeiro, em 1945, voltando a atuar com ela dois anos depois, em Confete na boca. Participou também das revistas Passo da girafa, com Mara Rúbia, e A borracha é nossa! com Eros Volúsia, em 1949. Em 1950, candidatou-se vereador pelo Rio de Janeiro e, depois de uma campanha eleitoral basicamente humorística, foi eleito como o mais votado. No ano seguinte, gravou pelo selo Carnaval, as marchas Mão boba, de Carvalhinho e Marino Pinto, e Costureira, de Luís Soberano, Jorge Abdala e Airton Amorim. Retornou ao rádio em 1953, atuando na Rádio Mayrink Veiga até 1956. Nesse ano, musicou o poema Meus oito anos, do poeta romântico Casimiro de Abreu, dando-lhe a forma de tango, que foi gravado no mesmo ano por Carlos Galhardo na RCA Victor. Também criou uma melodia para o poema Ser mãe de Coelho Neto, gravada por Jorge Goulart na Mocambo, em 1962. Passou a se apresentar esporadicamente no rádio e na televisão. Trabalhando como fiscal do Instituto Brasileiro do Café, continuou compondo. Morreu no Rio aos 77 anos.

Filho de Silvino Netto e Naja Silvino, Paulo Ricardo Campos Silvino não tardou a despontar para a carreira artística. Iniciou a carreira no cinema em 1957, atuando no filme Sherlock de Araque, onde aparece como um cantor de rock and roll, usando o pseudônimo Dixon Savannah. Ao lado de Carlos Imperial no ano seguinte, atuou no filme Minha Sogra é da Polícia, que também teve a participação de Imperial, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Cauby Peixoto. Ao lado de músicos notáveis como Altamiro Carrilho, Durval Ferreira e Eumir Deodato, lançou o Long Play “Nova Geração em Ritmo de Samba”, compondo e interpretando com sua voz abaritonada a maioria das canções, com o pseudônimo Silvino Júnior. Curiosamente escreveu livros eróticos com o pseudônimo “Brigitte Bijou”. Durante as décadas de 1960 e 1970 ampliou sua produção musical e teatral, como escritor e ator no teatro e cinema. Passa pelas emissoras de seu tempo: TV Tupi, TV Continental, TV Rio e TV Excelsior. 

Além de reconhecer a importância de quem conta a piada na frente da televisão,  até descobrir que muitos bordões que ficaram eternizados nasceram de uma mesma mente criativa, como é o caso de Max Nunes, como já se disse alhures, com suas duas décadas dedicadas ao trabalho de fazer rir, criador de um dos esquetes mais hilários da história da televisão: O Primo Rico e o Primo Pobre. Em determinada hora precisamos ser convidados a nos retirar da sala de leitura da biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil, por pura incapacidade de conter o riso. Citando o quadro de humor do porteiro Severino do programa Zorra Total, que tem sua função básica de conferir cara “crachá, cara crachá”, por diversas vezes Severino cisma que a foto no crachá do diretor é a de Vossa Excelência Max Nunes, uma homenagem mais do que merecida a um dos roteiristas do humorístico Viva o Gordo. Mas o destino de quem escreve nem sempre é o de ficar por trás das câmeras, o pessoal do quadro Casseta e Planeta, por exemplo, eles eram figuras demais para ficar apenas no cargo de mentor intelectual da gozação. Foram mais de vinte anos assinando sucessos como TV Pirata e Doris para Maiores, quando arriscaram um voo mais alto, num dos programas humorísticos originais da TV. Um lado pouco reconhecido de Paulo Silvino é que ele tinha uma forte relação empírica e atoral com a música popular brasileira. Esse talento foi descoberto quando fez aulas com a mãe, a pianista e professora Noêmia Campos Silvino.

        Quando era adolescente, ele virou crooner de um conjunto de rock. Nos anos 1950, Paulo Silvino encarnou um tipo pouco lembrado, Dickson Savana, cantor de rock que entrou na onda da revolução mundial causada por  Elvis Presley em 1956. Veio a Bossa Nova em 1958 e, a partir dela, o sambalanço da década de 1960. Foi nesse balanço carioca que o artista se transformou em Silvino Junior, gravando já em 1960 o raríssimo e pouco conhecido álbum “Nova geração em ritmo de samba”. Mas foi a carreira de humorista que o projetou nacionalmente. Iniciou sua trajetória no rádio e, nos anos 1960, quando foi para a TV Rio de Janeiro. Apesar do reclame “Severino” ser seu personagem mais popular, Paulo Silvino fez memoráveis parcerias com Jô Soares, em programas de TV. Estreou na TV Globo em 1967, em TV Ó – Canal Zero e ganha prêmios como representa o melhor comediante de televisão do ano.  
Desde então, apresentou e foi destaque em diversos programas de humor da TV Globo: Faça Humor, Não Faça Guerra, caracterizado como o primeiro programa de humor moderno da TV brasileira, transformando-se num marco com suas glosas e piadas curtas e cortes secos, Satiricom, contava com a participação fixa de Agildo Ribeiro, Paulo Silvino, Jô Soares, Renato Corte Real e Luiz Carlos Miele. Girava em torno de sátiras aos mais variados meios e processos sociais de comunicação, que historicamente se alongava desde a Idade da Pedra, da atividade humana com domínio e fabricação em pedra reconhecido como o período paleolítico, finalizado com a Revolução Agrícola ocorrida há aproximadamente 10 mil anos, como consta da etnologia produzida pelas pesquisas de Darcy Ribeiro. A originalidade do rádio, da escrita, da fala, da música, além, claro, da própria televisão, é satirizada e parodiada, com o Planeta dos Homens, Balança Mas Não Cai, Viva o Gordo e Brasil Pandeiro. Os artistas envolvidos no processo de trabalho artístico usavam o humor como formas de críticas estéticas, políticas e sociais e psicológicas de comportamento, essencialmente em: Satiricom (1973), Planeta dos Homens (1976), apresentando quadros de humor baseados em sátira de costumes, crítica social e paródias de programas de rádio e televisão. Neste aspecto Viva o Gordo (1981) é o primeiro programa dirigido  por Jô Soares na rede Globo de televisão que ironizava a política e os costumes do país.
Vejamos resumidamente o conteúdo de sentido sociológico-humorístico dos refereidos programa televisivos: i) Balança Mas não Cai, foi um programa humorístico criado por Max Nunes e Paulo Gracindo na Rádio Nacional do Rio de Janeiro na década de 1950 e permaneceu até 1967, sendo ancorado por Milton Franco, que apresentava quadros humorísticos, supostamente passados nos apartamentos de um edifício residencial fictício, onde moravam as personagens. O sucesso comercial do programa fez com que seu tírulo se tornasse apelido de um edifício (real) superpopuloso no Centro do Rio de Janeiro e de outro em Belo Horizonte. Na televisão o programa estreou na Rede Globo em 16 de setembro de 1968, exibido nas segundas-feiras à noite, permanecendo no ar até dezembro de 1971. Inicialmente, era apresentado ao vivo e tinha como apresentador Augusto César Vannucci. O programa tornou-se líder de audiência ao reeditar personagens queridos do público no meio audiovisual. Em 1972, o humorístico possou a ser apresentado na TV Tupi e só retoenaria para a Globo em 1982, nos domingos à tarde, com apresentação de Paulo Silvino. No ano seguinte o programa foi cancelado; ii) Planeta dos Homens foi um programa humorístico produzido pela Rede Globo e exibido semanalmente de 1976 a 1982 às 21: 00 horas. A abertura de Planeta dos Homens tornou-se clássica, mostrando uma mulher (Wilma Dias) saindo de uam banana quando um macaco a abria. Inicialmente , ela aprecia  de biquini, mas a censura do governo militar fez a abertura ser refeita com um comportado maiô”. 
O diretor Paulo Araujo é reconhecido do público por suas participações em novelas de sucesso como Irmãos Coragem (1970-1971) e o Homem que Deve Morrer (1971-1972), ambas de Janete Clair e, principalmente, por causa do seriado A Grande Família (2001-2014), em 14 temporadas e 485 episódios, no qual interpretou Agostinho, o genro. Os macacos Sócrates e Charles que apreciam no programa eram feitos por Orival Pessini, com máscaras especiais de sua propriedade. As máscaras de Pessini são feitas de latex e argola. O ator depois continuaria seu trabalho com novos personagens e outras máscaras, em outros programas humorísticos e infantis, sendo desses os amis famosos Patropi, Ranulfo Pereira e Fofão, um personagem fictício dos extintos programas de televisão, infantis brasileiros Balão Mágico e TV Fofão. Interpetado pelo ator e humorista Persini que faleceu no dia 14 de outubro de 2016, tornou-se bastante popular entre as crianças brasileiras nos anos 1980, chegando a ter seu próprio programa, além de dois discos de vinil, bonecos e diversos produtos licenciados; ii) V iva o Gordo,  foi um programa de televisão humorístico exibido pela Rede Globo na década de 1980, com apresentação de Jô Soares e participação de convidados. Composto por esquetes feitos por Jô Soares, com texto de Max Nunes, onde mais de 300 personagens foram compostos  durante seis anos do programa (1981-1987),quando apresentava quadros fixos e esquetes, com personagens vividos pelo humorista e o elenco de apoio, além da participação de convidados especiais. 
Dentre os personagens mais famosos estão o Capitão Gay (criado por Max Nunes, para o Jô Soares e seu assistente Carlos Suely (Eliezzer Motta), Alice no País das Maravilhas, Reizinho, Ciça (ginasta), Aninha (a cozinheira que apresentava um programa de culinária), zé da Galera (com seu bordão Bota ponta Telê!), Vovó Nana, Pai Coruja e Dalva Mascarenhas (a mulheríssima). Grande parte do conteúdo das histórias eram críticasimplícitas ao governo de transição conservadora desse tempo. O último programa foi ao ar em 15 de dezembro de 1987. O título foi retirado de uma peça de teatro do Jô Soares, Viva o Gordo e Abaixo o Regime, fazendo trocadilho com a palavra regime, já que o Brasil estava na fase final da ditadura civil-militar; iv) Brasil Pandeiro, foi um programas produzido e apresentado pela Rede Globo no anos de 1978, sendo levado ao ar uma vez por mês na faixa de programa Sexta super. Mesclava números musicais e humor tendo como estrela a atriz Betty Faria, e seu título era uma referência-homenagem à canção de Assis Valente. No programa, a atriz encarnava a heroína brasileira Maria Maravilha, num quadro criativo com texto de autoria de Ruy Castro.                 
Em 1988, comandou inúmeras vezes o Cassino do Chacrinha, substituindo o Velho Guerreiro. Esteve no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) de 1989 a 1992, onde atuou no tradicional humorísrico A Praça É Nossa, programa de televisão humorístico criado em 1956 por Manuel de Nóbrega e na Escolinha do Golias, com Ronald Golias, programa de televisão humorístico criado por Carlos Alberto de Nóbrega, que foi produzido e exibido pela rede de televisão SBT. Participou da Escolinha do Professor Raimundo (1993 - 1995), na rede Globo, e da Escolinha do Barulho (1999), programa de TV da Rede Record, baseado no formato reconhecido da Escolinha do Professor Raimundo, e com vários personagens na TV Record. De volta à Rede Globo, participa do Programa Zorra Total, onde já fez muitos personagens, entre eles o mulherengo Alceu. Seu humor é fortemente baseado em bordões e piadas ambíguas de duplo sentido. É, portanto, típico daquele que fez escola nos programas no qual atuou cinicamente como comediante nas décadas de 1960 e 1970. São memoráveis os bordões do policial Fonseca, em quadro no qual contracenava com Jô Soares: “Guenta, doutor, ele gueeeeenta!!”, e do porteiro Severino: “isso é uma tremenda bichona, seu diretor” e, do quebra-galho: “Cara, crachá! Cara, crachá!”. O ator busca a piada simples, mas de gosto popular (cf. Agamben, 2017), com estereótipos criativos, popularizando assim a ilustração dos famosos bordões de seus personagens.



 
No cinema brasileiro participou da chanchada Sherlock de Araque (1957), dirigido por Victor Lima para os estúdios da Herbert Richers, estrelado pelo humorista Costinha e pelo Palhaço Carequinha, que atua sem seus trajes circenses. Música de Orlando Costa (Cipó) e número musical com Carlos Imperial e Paulo Silvino. O roteiro foi escrito pelo jornalista e novelista, Moyses Weltman. Minha Sogra É da Policia, Valdemira (Violeta Ferraz) faz um curso de artes marciais e decide abrir uma agência de detetives dentro da própria casa e envolve a família, em especial o genro Evaristo (Costinha), um simples funcionário público, em inúmeras confusões. (1958), O Rei da Pilantragem (1968), as tentativas de conquista do pilantra Bebeto são geralmente interrompidas por acontecimentos intermitentes, surreais. Um Edifício Chamado 200 (1973), Alfredo Gamela é um carioca de 20 anos, que vive num pequeno apartamento num edifício treme-treme do bairro Copacabana com sua amante Karla e, embora não tenha dinheiro, gosta de aparentar que é rico e, para sermos breves, Com a Cama na Cabeça (1973), é um filme brasileiro de comédia erótica de 1973, protagonizado, dirigido, escrito e produzido  pelo baiano de nascimento, carioca por adoção, Mozael Silveira que foi, como tantos, realizador generoso na década de 1970, sendo Paulo Silvino o autor do argumento. A chanchada, é o espetáculo ou filme em que predomina um humor ingênuo, burlesco, de caráter popular. As chanchadas (cf. Dourado, 2013; Moraes, 2018) foram muito populares e comuns no Brasil nas décadas de 1930 e 1960. É neste período de industrialização entre as décadas de 1950 e 1960, que os filmes ganham maior empatia com o consumidor da Sétima Arte e a Atlântida vive seu auge.
Ele fez parte ativamente de uma geração intelectualizada considerada de ouro do humor televisivo no país. As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas e afetivas diferentes em relação a um mesmo dado problema. O nascimento num contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo âmbito social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. Mas a forma como grupos de uma mesma conexão geracional lidam com os fatos históricos vividos, por sua geração, que tendo como escopo a crítica e a autocrítica, fará surgir distintas unidades geracionais no âmbito da mesma conexão geracional no conjunto da sociedade. O tabu expressa, como conceito, um sentimento individual (sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos)  sobre um comportamento dicotômico, num ambiente entre amigos de um lado, e inimigos, do outro. Pode ser compreendido de forma diferente das regras sociais, como construção cultural típica de sociedades mais complexas, de acordo com seu uso ou motivação psicológica: uns são devido ao medo, ou um sentimento de delicadeza e outros, a um sentido de decência e decoro.
Bibliografia geral consultada.

BECKER, Howard, Los Extraños. Buenos Aires: Editorial Tiempo Contemporâneo, 1971; TOURAINE, Alain, La Produzione della Società. Bolonha: Il Mulino, 1973; LASCH, Christopher, A Cultura do Narcisismo: A Vida numa Era de Esperança em Declínio. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1983; MARCONDES FILHO, Marcondes, Televisão: A Vida pelo Vídeo. São Paulo: Editora Moderna, 1988; AUGUSTO, Sérgio, Esse Mundo é um Pandeiro: A Chanachada de Getúlio a JK. São Paulo: Editora Companhia das Letras; Cinemateca Brasileira, 1989; MANNHEIM, Karl, “El Problema de las Generaciones”. In: Revista Española de Investigaciones Sociológicas, n° 62, pp. 193-242; 1993; MEZAN, Renato, A Sombra de Dom Juan. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993; MORAIS, Fernando, Chatô: O Rei do Brasil, a Vida de Assis Chateaubriand. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1994; JAY, Martin, A Imaginação Dialética: História da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisas Sociais, 1923-1950. Rio de Janeiro: Editor Contraponto, 2008; ASLAN, Odette, O Ator no Século XX. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010; FREIRE, Rafael de Luna, Carnaval, Mistério e Gangsters: O Filme Policial no Brasil (1915-1951). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2011; DOURADO, Ana Karícia Machado, Chanchada: Performance do Insólito e Paradoxo do Comediante. Tese de Doutorado. Departamento de História. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; AGAMBEN, Giorgio, Gosto. 1ª edição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017; ORICCHIO, Luiz Zanin, “Como Cantor de Rock e de Samba, Paulo Silvino deixou sua Marca na Música Popular Brasileira”. In: O Estado de S. Paulo, 17 de agosto de 2017; COELHO, Paulo Henrique, “Filhos Relembram Convivência com Paulo Silvino e Agradecem Carinho”. In: https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/17/08/2017; MORAES, Lidianne Porto, Vai que Cola: A Neochanchada como Proposta para uma Comédia à Brasileira. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2018; LE BRETON, David, Antropologia das Emoções. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2019; entre outros.