quarta-feira, 3 de setembro de 2025

A Mistake – Discurso-objeto & Efeito de Poder em Profissão de Risco.

                                                               A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia. Michel Foucault                      

           No debate historiográfico foi Carlo Ginzburg quem percebeu que na analítica do poder de Michel Foucault são os gestos e os critérios da exclusão; os exclusos, um pouco menos. Em Histoire de la Folie (1961; 1972) já estava implícita, ao menos em parte, a démarche que levaria Foucault a escrever Les Mots et les Choses (1966) e L`Archeológie du Savoir (1969). Tal trajetória foi muito possivelmente acelerada pelas simples objeções niilistas lançadas por Jacques Derrida contra a Histoire de la Folie (1969). Não se pode falar da loucura, segundo Ginzburg, numa linguagem historicamente participante da razão ocidental, e, portanto, do processo que levou à repressão da própria loucura. O ponto em que se apoia a pesquisa de Foucault – disse Jacques Derrida em poucas palavras – não existe, não pode existir. A essas alturas o ambicioso projeto foucaultiano de uma “arqueologia do silêncio” transformou-se em silêncio puro e simples – por vezes acompanhado da muda contemplação estetizante. É no irracionalismo estetizante, que vai desembocar essa linha de pesquisa. A relação, obscura e contraditória, de Pierre Rivière (cf. Foucault, 1977) com a cultura é apenas mencionada, suas leituras são ignoradas.

Mas Michel Foucault (1926-1984) é um historiador das ideias que quis renovar inteiramente sua disciplina; que desejou, sem dúvida, dar-lhe o rigor que tantas outras descrições, bastante próximas, adquiriram recentemente; mas que incapaz de modificar realmente a velha forma de análise, incapaz de fazer com que transpusesse o limiar da cientificidade, “declara, para iludir, que sempre quis e fez outra coisa”. Toda essa nova nebulosa serviu “para esconder o fato de que permanecemos na mesma paisagem, ligados a um velho solo gasto até a miséria. Eu não teria o direito – afirma - de estar tranquilo enquanto não me separasse da “história das ideias”, enquanto não mostrasse em que a análise arqueológica se diferencia de suas descrições”. Entre “análise arqueológica” e “história das ideias”, os pontos de separação para Foucault são numerosos, mas simplificadamente apresentam quatro distinções: 1ª) A arqueologia busca definir não os pensamentos, as representações, as imagens, os temas, as obsessões que se ocultam ou se manifestam nos discursos; mas os próprios discursos, enquanto práticas que obedecem a regras. Não trata o discurso como documento, mas onde se mantém a parte, a profundidade do essencial; ela se dirige ao discurso em seu volume próprio, na qualidade de monumento. Não busca um “outro discurso” mais oculto. 

Recusa-se a ser “alegórica”; 2ª) Não procura encontrar a transição insensível que liga, em declive suave, os discursos ao que os precede, envolve ou segue. O problema dela é, pelo contrário, definir os discursos em sua especificidade; mostrando em que sentido o jogo das regras que utilizam é irredutível a qualquer outro; segui-los ao longo de suas arestas exteriores para melhor salientá-los. Ela não vai, afirma, em progressão lenta, do campo do confuso da opinião à singularidade do sistema ou à estabilidade definitiva da ciência; não é uma “doxologia”, mas uma análise diferencial das modalidades de discurso; 3ª) A arqueologia não é ordenada pela figura soberana da obra; não busca compreender o momento em que esta se destacou no horizonte anônimo. Não quer reencontrar o ponto enigmático em que o individual e o social se invertem um no outro. Ela não é nem psicologia, nem sociologia, nem, num sentido mais geral, a condição e possibilidade de uma “antropologia da criação”. A obra não é para Michel Foucault um recorte pertinente, mesmo se se tratasse de recolocá-la em contexto global das causalidades que a sustentam. Ela define tipos e regras de práticas discursivas que atravessam obras individuais, às vezes as comandam inteiramente e as dominam sem que nada lhes escape; mas às vezes, também, só lhes rege uma parte. A instância do sujeito criador, enquanto razão de ser de uma obra e princípio de sua unidade lhe é estranha.                                            

arqueologia não procura reconstituir o que pôde ser pensado, desejado, visado, experimentado, almejado pelos homens no próprio instante em que proferiam o discurso; ela não se propõe a recolher esse núcleo fugidio onde Autor e obra trocam de identidade; onde o pensamento permanece ainda o mais próximo de si, na forma ainda não alterada do mesmo, e onde a linguagem não se desenvolveu ainda na dispersão espacial e sucessiva do discurso. Não tenta repetir o que foi dito, reencontrando a sua própria identidade. Não se pretende apagar na modéstia ambígua de uma leitura que deixaria voltar, em sua pureza, a luz longínqua, precária, quase extinta da origem. Não é nada além e nada diferente de uma reescrita; isto é, na forma mantida da exterioridade, uma transformação regulada do que já foi escrito. Não é o retorno ao próprio segredo da origem; é a descrição sistemática de um discurso-objeto. Queremos dizer com isso, que a Arqueologia do silêncio tem como representação social a reconstrução de práticas, saberes, regras e normas que determinam à percepção social do louco, o imaginário individual (o sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos) que nele se investe, o medo que dele se tem, a proteção que dele se necessita, o espaço peculiar onde é enclausurado pela família, pelo Estado, pelos juízes, pelos médicos, o olhar que o objetiva. 

É desse pano de fundo (backgrond) que se pode reconstituir os processos insidiosos de estigmatização, discriminação, marginalização, patologização e confinamento, operando no nível da percepção social, do espaço social, das instituições sociais, do senso comum, do aparelho judiciário, da família, do Estado, do saber médico. O resultado é o mesmo: o silêncio dos sujeitados, silêncio que é o primeiro e mais forte componente da situação de exclusão, a marca mais forte da impossibilidade de se considerar sujeito aquele a quem a fala é de antemão desfigurada ou negada. Do ponto de vista metodológico Carlo Ginzburg tem um percurso de pesquisa dos mais originais e criativos, que extravasa o quadro da historiografia italiana e mesmo da historiografia europeia. A sua obra, com efeito, introduziu diversas rupturas nas maneiras de pensar em História, “mobilizou”, por assim dizer, metodologias e instrumentos de conhecimento analítico oriundos de outras áreas de saber, estabeleceu novas zonas de diálogo com as restantes perspectivas oriundas das ciências humanas e sociais, nomeadamente com a antropologia e a filosofia. Enfim, trata-se aqui de uma intervenção ativa, que procura inverter as relações tradicionais de subordinação da História no que diz respeito à produção dos meios de conhecimento, centrada numa forte preparação filológica, caracterizada pela atenção ao detalhe, ao estudo de caso, à análise do processo significativo, com a valorização dos fenômenos aparentemente marginais, como os ritos de fertilidade, ou dos casos obscuros, protagonizados pelos pequenos e excluídos, cuja dimensão cultural e social vem sendo valorizada de forma lenta e desigual.  

O indivíduo, ator, identidade, grupo social, classe social, etnia, minoria, movimento social, partido político, corrente de opinião pública, poder estatal, todas estas “manifestações de vida”, não mais se esgotam no âmbito da sociedade nacional, o que nos faz admitir que a diferenciação em comunidades locais, tribos, clãs, grupos étnicos, nações e até mesmo Estados, perderam ao menos algo do seu significado anterior. Na chamada “sociedade global” generalizam-se as relações sociais, processos e as estruturas de dominação e apropriação, antagonismo e integração. Modificam-se os indivíduos, as coletividades, as instituições, as formas culturais, os significados das coisas, gentes e ideias, vistos em configurações histórico-sociais. Se as ciências sociais nascem e desenvolvem-se como forma de autoconsciência científica da realidade social, pode-se imaginar que elas podem ser seriamente desafiadas quando essa realidade já não é mais a mesma. Nesse sentido é que a formação da sociedade global pode envolver novos problemas epistemológicos, além de históricos e/ou ontológicos. É o êxtase do estranhamento absoluto que na realidade é fruto de análise e interpretação.

Metodologicamente para Carlo Ginzburg as vítimas da “exclusão social” tornam-se os depositários do único discurso que representa uma alternativa radical às mentiras da sociedade constituída – um discurso que passa pelo delito (cf. Ginzburg, 2001; 2002; Albuquerque Júnior, 2007), pelo canibalismo, que é encarnado indiferentemente nas memórias redigidas por Pierre Rivière ou no seu matricídio. É um populismo às avessas, um populismo “negro” – mas assim mesmo populismo. O que foi dito até aqui para Ginzburg demonstra com clareza a ambiguidade do conceito de “cultura popular”. Às classes subalternas das sociedades pré-industriais é atribuída ora uma passiva adequação aos subprodutos culturais distribuídos com generosidade pelas classes dominantes, ora uma tácita proposta de valores, ao menos em parte autônomos em relação à cultura dessas classes, ora um estranhamento absoluto que se coloca até mesmo para além, ou melhor, para aquém da cultura. É bem frutífera a hipótese formulada por Bakhtin de uma influência recíproca entre a cultura das culturas subalternas e a cultura dominante. Mas precisar os modos e os tempos dessa influência significa enfrentar o problema posto pela documentação.

Mas até que ponto os eventuais elementos sociais da cultura hegemônica, encontráveis na cultura popular, são frutos de uma aculturação mais ou menos deliberada ou de uma convergência mais ou menos espontânea e não, ao contrário, de uma inconsciente deformação da fonte, obviamente tendendo a conduzir o desconhecido ao conhecido, ao familiar?  No ensaio O Queijo e os Vermes, Ginzburg enfrentou um problema parecido no decorrer de sua pesquisa sobre processos contra a bruxaria, entre os séculos XVI e XVII. Ele queria entender o que a bruxaria era na realidade para os seus protagonistas – bruxas e bruxos -, mas a documentação da qual dispunha (processos e, em especial, os tratados de demonologia) parecia constituir tal barreira, que impedia de forma irremediável o conhecimento da bruxaria popular. Esbarrava sempre, com os esquemas de origem culta da bruxaria inquisitorial. Apenas a descoberta de um veio de crenças até aquele momento ignoradas, concentrado nos benandanti, abriu uma brecha naquela parede. Pela discrepância entre as perguntas dos juízes e as respostas dos acusados – a qual não poderia ser atribuída aos interrogatórios sugestivos nem à tortura, vinha à baila um estrato profundo de crenças populares substancialmente autônomas.

O mérito analítico da pesquisa está amparado nas confissões de Menocchio, no século XVI, o moleiro friulano tomado como protagonista constitui em certa medida, um caso semelhante Ao dos benandanti, com a irredutibilidade dos discursos de Menocchio a esquemas conhecidos aponta para um estrato ainda não examinado de crenças populares, de obscuras mitologias camponesas. Mas o que torna muito mais complexa a análise do caso de Menocchio é o fato histórico desses obscuros elementos populares estarem enxertados num conjunto de ideias muito claras e consequentes, que vão do radicalismo religioso ao naturalismo tendencialmente científico, às aspirações utópicas de renovação social. A impressionante convergência entre as posições de um desconhecido moleiro friulano e as de grupos de intelectuais dos mais refinados e conhecedores de seu tempo repropõe com toda força mental o problema da circularidade da cultura formulado por Mikhail Bakhtin. No momento em que equipes inteiras de estudiosos se lançam a empresas imensas de história quantitativa das ideias ou de história religiosa serial, propor uma investigação capilar sobre um moleiro parece paradoxal, quase como o retorno ao tear fabril de Marx, d`O Capital, numa Era de industrialista com utilidade de uso de teares automáticos. 

Não é um objetivo de pouca importância estender às classes subalternas o conceito histórico de indivíduo. Alguns estudos biográficos demonstraram que um indivíduo medíocre, destituído de interesse por si mesmo – e justamente por isso representativo -, pode ser pesquisado como se fosse um microcosmo de um estrato social inteiro num determinado período histórico – a nobreza austríaca ou o baixo clero inglês do século XVI. Seria esse o caso de Menocchio?  Ele não pode ser considerado um camponês típico do seu tempo; seu relativo isolamento na comunidade deixa isso claro. Aos olhos dos conterrâneos Menocchio era um homem, ao menos em parte, diferente dos outros. Mas essa singularidade tinha limites bem precisos: da cultura do próprio tempo e da própria classe não se sai a não ser para entrar no delírio e na ausência de comunicação. Com rara clareza e lucidez, Menocchio articulou a linguagem que estava disponível e inteiramente à sua disposição. Por isso, nas suas confissões é possível encontrar de maneira bastante nítida e esclarecedora, quase exagerada, uma série de elementos convergentes. Esses elementos surgem numa documentação análoga contemporânea em que estão dispersos, ou então só é possível vislumbrá-los. Algumas investigações no âmbito da historiografia confirmam a existência de traços que reconduzem a uma cultura camponesa comum.

Em poucas palavras, mesmo um caso-limite pode se revelar representativo, seja negativamente, seja positivamente, porque permitem circunscrever as possibilidades latentes de alcance apenas através de documentos fragmentários e deformados, provenientes quase todos de “arquivos da repressão”. Com isso, o historiador Carlo Ginzburg quer contrapor pesquisas qualitativas comparativamente às pesquisas não qualitativas. No caso da história quantitativa das ideias, por exemplo, apenas a consciência da variabilidade, histórica e social, da figura do leitor, poderá fornecer de maneira efetiva as premissas de uma história das ideias também quantitativamente diversa. A defasagem entre os textos lidos por Menocchio e o modo como ele os assimilou aos Inquisidores indica que suas posições não são redutíveis a outro livro. Mesmo que Menocchio tenha entrado em contato, de maneira mais ou menos mediada, com ambientes cultos, suas afirmações em defesa da tolerância religiosa, seu desejo de renovação radical da sociedade apresentam um tom coloquial original e não parece resultado de influências externas passivamente recebidas.

As raízes de suas afirmações e desejos estão fincadas muito longe, num extrato obscuro, quase indecifrável, de remotas tradições camponesas. Neste nível poder-se-ia perguntar se o que emerge dos discursos de Menocchio não é mais “mentalidade” do que uma “cultura”, pois não se trata de uma distinção fútil. O que tem caracterizado a história das mentalidades é a insistência nos elementos inertes, obscuros, inconscientes de determinada visão de mundo. As sobrevivências, os arcaísmos, a afetividade, a irracionalidade delimitam o campo específico da história das mentalidades, distinguindo-a com muita clareza de disciplinas paralelas e hoje consolidadas, como a história das ideias ou a história da cultura. Inscrever o estudo de caso de Menocchio no âmbito exclusivo da história das mentalidades significaria, portanto, colocar em segundo plano o fortíssimo componente racional. Com isso não se está de maneira alguma afirmando a existência de uma cultura homogênea, comum tanto aos camponeses aos artesãos da cidade (para não falar dos grupos marginais, os vagabundos), na Europa pré-industrial. Apenas se está querendo delimitar um âmbito no interior do qual é preciso conduzir análises teóricas sempre particularizadas. Ou seu funcionamento não é princípio da razão?

As rupturas gigantescas determinadas pelo fim do monopólio dos letrados sobre a cultura escrita e do monopólio dos clérigos sobre as questões religiosas haviam criado uma situação nova, potencialmente explosiva. Mas a convergência entre as aspirações de uma parte da alta cultura e as da cultura popular já tinha sido declarada de maneira definitiva mais de meio século antes do processo de Menocchio – quando Lutero condenara com ferocidade os camponeses em revolta e suas reivindicações. Com a Contrarreforma iniciara-se uma era marcada pelo enrijecimento hierárquico, pela doutrinação paternalista das massas, pela aparente extinção da cultura popular, pela marginalização mais ou menos violenta das minorias e dos grupos dissidentes. E o próprio Menocchio acabou queimado. Menocchio está inserido numa tênue, sinuosa, porém nítida expressão  que chega até nós: podemos dizer, segundo Ginzburg, que Menocchio é nosso antepassado. Mas é também um fragmento do humano perdido que nos alcançou por acaso. Vindo de um mundo obscuro, o qual através de um gesto, talvez arbitrário, pode incorporar a lucidez à nossa história social.    

            A Mistake tem como representação social um filme de drama médico neozelandês de 2024, escrito, dirigido e produzido por Christine Jeffs, baseado no romance homônimo de Carl Shuker. Christine Jeffs nascida em 29 de janeiro de 1963 é uma diretora, editora e roteirista nascida na Nova Zelândia. Ela é mais reconhecida por dirigir os filmes Rain, Sylvia e Sunshine Cleaning. Jeffs também é reconhecida por seu trabalho em comerciais de televisão. Jeffs tem um Mestrado em Belas Artes pela Universidade de Auckland em 2018, examinando a relação entre um fotógrafo e seu assunto. Ela começou sua carreira trabalhando localmente na pós-produção, principalmente como Assistente de Edição de filmes. Depois, Jeffs passou a frequentar a Australian Film, Television and Radio School, localizada em Sydney, Austrália. Jeffs obteve um diploma em edição de filmes em 1990, após o qual ocupou o cargo de Editora Assistente em três longas-metragens: Ruby and Rata (1990), Crush (1992) e Absent Without Leave (1992). A partir de seu trabalho como Editora Assistente, Jeffs escreveu, dirigiu e editou seu primeiro curta-metragem Stroke em 1993, que inesperadamente ganhou atenção de festivais de cinema como Cannes e Sundance. Após seu sucesso com Stroke, Jeffs começou a receber ofertas para dirigir comerciais.  Pouco menos de uma década depois de Stroke, Jeffs retornou ao cinema e teve sua primeira estreia em longa-metragem como diretora com Rain, adaptado de um romance curto de 1994 de Kirsty Gunn de mesmo nome. Estreando na Quinzena dos Diretores de Cannes, Rain foi muito bem elogiado pela crítica cinematográfica.  

No ano seguinte, a Variety incluiu Jeffs em sua lista anual de “10 Diretores para Assistir”. Em 2003, dois anos após seu sucesso global com Rain, o segundo longa-metragem de Jeffs, Sylvia, foi lançado. Estrelado por Gwyneth Paltrow e Daniel Craig, este filme seguiu as vidas dos poetas Sylvia Plath e Ted Hughes. Jeffs foi solicitada a assumir o projeto bem no início da produção após a saída do diretor anterior, ao que ela afirmou que “[o projeto] teve suas bênçãos e suas maldições, porque é uma situação tão diferente se envolver com um projeto em um estágio tão avançado - em vez de um com o qual você se sentou, sonhou e trabalhou por anos”. Sylvia foi elogiada pelos críticos. Depois de Sylvia, o terceiro longa-metragem de Jeffs, Sunshine Cleaning, foi lançado em 2008 e foi escrito por Megan Holley. O filme estrelou as atrizes de Hollywood Amy Adams e Emily Blunt assumindo os papéis de “duas irmãs que começam um negócio de limpeza especificamente para cenas de crime”. Alan Arkin também estrelou o filme como “o pai peculiar das duas mulheres”. Embora Sunshine Cleaning tenha sido a primeira comédia de Jeffs, ela considera seu primeiro filme, Stroke, “meio engraçado”. Assim como Sylvia, Jeffs foi contratado, last but not least, como diretor “depois que o projeto já havia começado”. Jeffs foi cofundador de uma produtora na Nova Zelândia chamada The Girl Film Company. É estrelado por Elizabeth Banks, Simon McBurney, Mickey Sumner, Rena Owen, Richard Crouchley e Matthew Sunderland. Sua estreia mundializada ocorreu no Festival de Tribeca em 7 de junho de 2024.

Tribeca é um dos vários bairros da cidade de Nova York cujos nomes são abreviações silábicas ou siglas, incluindo SoHo (ao Sul da Houston Street), NoHo (ao Norte da Houston Street), Nolita (ao Norte da Little Italy), NoMad (ao Norte da Madison Square), DUMBO (Down Under the Manhattan Bridge Overpass) e BoCoCa, o último dos quais é na verdade uma coleção de bairros: Boerum Hill, Cobble Hill e Carroll Gardens. O nome Tribeca foi elucidado no início da década de 1970 e originalmente aplicado à área mais estreita delimitada pelas ruas Broadway e Canal, Lispenard e Church, que parece ser um triângulo nos mapas de planejamento urbano. Os moradores dessa área formaram a Cooperativa de Artistas de TriBeCa para registrar documentos legais relacionados a uma disputa de zoneamento de 1973. Um artigo de abril de 1976 no The New York Times descreveu que os moradores usaram nomes como “Lo Cal” e “So So” para o bairro, e que a Comissão de Planejamento da Cidade havia estabelecido o nome e que ele abrangia “Canal Street ao Norte, Barclay Street ao Sul, West Street e Broadway a Leste”. Para um historiador, o nome foi mal interpretado pelo repórter do jornal como se aplicando a uma área muito maior, e é assim que veio a ser o nome do bairro atual. A área agora reconhecida como Tribeca foi cultivada por colonos holandeses em Nova Amsterdã, principalmente Roeleff Jansen que obteve a patente da terra, chamada Dominie`s Bouwery, de Wouter van Twiller em 1636 e sua esposa Anneke Jans, que mais tarde se casou com Everardus Bogardus. A terra permaneceu com a família até 1670, quando a escritura foi assinada para o Coronel Francis Lovelace. Em 1674, os holandeses tomaram posse da área até que os ingleses recuperaram a terra um ano depois. Em 1674, representando o Duque de York, o governador Andros tomou posse da terra.

Tribeca foi posteriormente parte da grande extensão de terra dada à Igreja da Trindade pela Rainha Ana em 1705. Em 1807, a igreja construiu a Capela de São João na Rua Varick e então projetou o Parque São João, delimitado pela Rua Laight, Rua Varick, Ericsson Place e Rua Hudson. A igreja também construiu a Praça Hudson, um empreendimento de casas de tijolos que cercavam o parque, que se tornaria o modelo para o Parque Gramercy. A área estava entre os primeiros bairros residenciais desenvolvidos na cidade de Nova York além dos limites coloniais da cidade e permaneceu principalmente residencial até a década de 1840. Várias ruas na área são nomeadas em homenagem a Anthony Lispenard Bleecker e à família Lispenard. A Beach Street foi criada no final do século XVIII e foi a primeira rua na fazenda de Anthony Lispenard Bleecker ou adjacente a ela, que ficava ao Sul do que é a Canal Street; o nome da rua é uma corruptela do nome de Paul Bache, genro de Anthony Lispenard. A Lispenard Street em Tribeca recebeu o nome da família Lispenard, e a Bleecker Street em NoHo recebeu o nome de Anthony Lispenard Bleecker. Durante a década de 1840 e continuando após a Guerra Civil Americana, a navegação na cidade de Nova York - que então consistia apenas em Manhattan - mudou em grande parte do East River e da área ao redor da South Street para o Rio Hudson, onde os píeres mais longos podiam lidar mais facilmente com os navios maiores que estavam entrando em uso. Além disso, a dragagem dos bancos de areia que ficavam na entrada do Porto de Nova York do Oceano Atlântico tornou mais fácil para os navios navegarem até os píeres no Hudson, em vez de usar a “porta dos fundos” via East River para os píeres de lá. Mais tarde, os píeres do Rio Hudson também receberam carga por meio de vagões ferroviários transportados pelo rio de Nova Jersey.

            Desnecessário dizer que a medicina é considerada uma profissão de risco, tanto pela exposição a agentes biológicos e químicos, quanto pela alta carga de trabalho e responsabilidade sobre a vida dos pacientes. Essa percepção tem levado a Ordem dos Médicos a solicitar que a medicina seja reconhecida como profissão de “desgaste rápido”. Médicos estão expostos a diversos agentes patogênicos em seu ambiente de trabalho, além de substâncias químicas potencialmente perigosas. Acidentes com materiais perfurocortantes, contato com fluidos corporais e exposição a doenças infecciosas são riscos comuns na prática médica. A rotina médica, especialmente em áreas como emergência e terapia intensiva, pode ser exaustiva, com longas jornadas e pressão constante. A responsabilidade sobre a saúde e a vida dos pacientes pode gerar grande pressão, aumentando o risco de erros, mesmo que involuntários. A relação social estabelecida entre médico-paciente é considerada, ipso facto, uma relação de consumo, o que pode levar a processos judiciais em caso de insatisfação social com o tratamento. O estresse e a pressão podem levar a problemas reconhecidos como burnout, ansiedade e depressão. A sobrecarga de trabalho e o estresse podem afetar a qualidade do atendimento e a segurança do paciente. É fundamental que os profissionais de saúde adotem medidas de proteção, como uso de EPIs, protocolos de segurança e higiene, além de buscarem apoio psicológico quando necessário. A medicina ocupacional é essencialmente um conjunto de práticas e saberes para garantir a saúde e segurança dos trabalhadores, com escopo na prevenção de doenças e controle de riscos ambientais. 

            A medicina é uma profissão desafiadora e com riscos inerentes, que exigem atenção constante e medidas de proteção para garantir a saúde e segurança dos profissionais e a qualidade do atendimento aos pacientes. Devido ao seu aparente isolamento, o país desenvolveu uma fauna distinta dominada por pássaros, alguns dos quais foram extintos após a colonização dos seres humanos e dos mamíferos introduzidos por eles. A maioria da população da Nova Zelândia é de ascendência europeia (67,6%), sobretudo britânica, enquanto os nativos māori, ou seus descendentes, tornaram-se minoria societária (14,6%). Asiáticos e polinésios não māori também são grupos de minoria significativa (16,1%), especialmente em áreas urbanas. A língua predominantmente mais falada é o inglês, introduzida pelos colonizadores britânicos, embora também sejam considerados culturalmente entre os idiomas oficiais línguas nativas, como a língua māori. A  Nova Zelândia é um país desenvolvido e industrializado do mundo ocidental/oriental globalizado, e que se posiciona muito bem em análises comparativas internacionais sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), qualidade de vida, “esperança” de vida, alfabetização, educação pública, paz, prosperidade, liberdade econômica, facilidade de fazer negócios, aparente falta de corrupção política e econômica, liberdade de imprensa, democracia e proteção das liberdades civis e de direitos políticos. Suas cidades também estão entre consideradas “mais habitáveis do mundo”. Aotearoa, muitas vezes traduzido como “terra da longa nuvem branca” é o nome māori contemporâneo para a Nova Zelândia e também é usado no inglês neozelandês.                    

        Haka são os representantes das danças típicas do povo Maori. Geralmente demonstram a paixão e intimidação. É usada para dar boas-vindas a visitantes e tribos inimigas. Segundo o povo Maori, Tama-nui-to-ra, o Deus do Sol, tinha duas mulheres, sendo uma delas Hine-raumati, a virgem do verão (perdendo este estatuto!), da qual nasceu Tane-rore, creditado pela origem da dança. Tane-rore representa o vento nos dias quentes de verão, na dança coreografado com o tremor de mãos. Os All Blacks se preparando para a haka no jogo da final da Copa das Três Nações, contra a Austrália, de 2005. Atualmente o Haka é conhecido mundialmente pela performance de intimidação no início dos jogos de Rugby da seleção da Nova Zelândia (All Blacks), que costuma antes de seus jogos executar uma haka específica chamada Ka Mate. Antes da dança o chefe grita como um grito para iniciar, coisa que no caso dos All Blacks é feita pelo jogador de sangue maori mais velho, nāo sendo capitāo da equipe. As palavras são utilizadas nāo só para incitar quem está realizando a dança, mas também para recordar-se o seu comportamento correto. Muitas vezes o tom utilizado para gritar o refrāo é o mesmo no curso de toda a exibição, ou seja, quanto mais alto, estridente e agressivo, feroz e brutal, mais vai incentivar mais o grupo - e intimidar o adversário.

Na língua maori, a palavra maori representa toda a grandeza de uma cultura. Em lendas e outras tradições orais, a palavra distinguia seres humanos mortais de divindades e espíritos. Maori tem cognatos em outras línguas da Polinésia, comparativamente como na língua havaiana (Maoli) e na língua taitiana (Maohi), e provavelmente todos têm sentidos semelhantes. Os primeiros exploradores europeus às ilhas da Nova Zelândia se referiam às pessoas que lá encontraram como aborígenes, nativos ou também chamados neozelandeses. Maori permaneceu como o termo usado pelos maoris “para descreverem a si mesmos”. Em 1947, vale lembrar que o Departamento de Relações Nativas foi renomeado, alternando para Departamento de Relações Maoris para reafirmar a decisão. Não existe registro etnográfico de assentamento na Nova Zelândia antes dos viajantes maoris; por outro lado, evidências arqueológicas indicam que os primeiros habitantes vieram do leste da Polinésia e se tornaram os maoris. Na Nova Zelândia há uma riqueza enorme quanto à tatuagem. E a tatuagem mais importante é feita no rosto. Para muitas culturas, a mão, o rosto e o pescoço ficam fora da pintura corporal. Para os maoris, o homem cobre todo o rosto quanto mais nobre ele é ou pela sua posição social. A tatuagem dá status da tribo ou clã. A colonização europeia da Nova Zelândia foi relativamente recente. Os maoris representaram a última comunidade a ser influenciada pelos europeus.

A identidade maori foi estudada por Ranginui Walker (1997) antropólogo de formação acadêmica e política como chefe do Departamento de Estudos Maori da Universidade de Auckland desde 1992, além de dirigente do Conselho do Distrito Maori de Auckland e membro fundador do Conselho Maori da Nova Zelândia. Sua trajetória como pesquisador e política como dirigente vincula-se estreitamente às lutas pela obtenção de direitos e melhorias na condição social dos Maori, nas quais desempenhou papel de destaque nos últimos anos. Natural de Whakatohea, na Ilha do Norte, é descendente dos Opotiki. Publicou dois livros: Nga Tau Tohetoe. The Years of Anger (1987) e Ka Whawhai Tonu Matou: Struggle Without End (1990) – ambos sobre as formas de organização social e atuação política do movimento maori –, além de mais de quarenta artigos sobre educação, ativismo e política maori. - Em 1967, fui contratado, afirma em depoimento Walker, para ensinar na Universidade de Auckland, quando comecei a cursar o doutorado. Minha principal área de interesse era a antropologia social e tive como professor Ralph Piddington, que em 1950, criou o Departamento de Antropologia.

Ele havia estudado com Malinowski e, assim, muito do seu interesse estava voltado para os desenvolvimentos malinowskianos, como a teoria das necessidades, as noções de estrutura e função social etc. Estes foram meus estudos iniciais em antropologia, com uma ênfase muito grande no trabalho de campo. No mestrado, decidi que faria minha dissertação sobre as relações sociais dos estudantes Maori no Teacher’s College e os ajustes necessários para conviverem com o grupo europeu dominante. Cursei as disciplinas do doutorado entre 1966 e 1967, e escolhi como tema de tese a migração dos Maori do interior para a cidade. Concentrei-me em um bairro e fui a todas as reuniões de comitês, grupos e organizações. Encontrei um processo muito dinâmico, com os Maori tendo de aprender a viver em uma economia monetária: a economia de subsistência tinha de ser posta de lado, pois vivendo na cidade não havia meios de buscar alimentos como faziam no campo, ou à beira-mar; era preciso encontrar um emprego, controlar as despesas, enfrentar a vida urbana. Interessava-me a maneira como essas pessoas formavam novas organizações para ajudar umas às outras a se ajustarem.

            A expectativa de vida de uma criança nascida na Nova Zelândia em 2015 era de 84 anos para as mulheres e 80,2 anos para os homens. A esperança de vida ao nascer deverá aumentar de 80 anos para 85 anos em 2050 e a mortalidade infantil deverá diminuir ainda mais. Em 2050, estima-se, a população deverá chegar aos 5,3 milhões de habitantes, a idade média subirá de 36 anos para 43 anos e a percentagem de pessoas com 60 anos de idade e mais velhas subirá de 18% para 29%. O país tem a maior taxa de suicídio entre os jovens de países desenvolvidos, com taxa de 15,6 suicídios por 100 mil pessoas. O cristianismo é a religião predominante na Nova Zelândia. No censo de 2006, 55,6% da população se identificou como cristã, enquanto que 34,7% não tinham religião de 29,6% em 2001 e cerca de 4% eram afiliados com outras religiões. As principais denominações cristãs são representadas pelo anglicanismo, catolicismo romano, presbiterianismo e o metodismo. Há também um número significativo de cristãos que se identificam com pentecostais, batista, “em que todas as comunidades batistas desejavam ser puras Igrejas, no sentido da inocente conduta de seus membros” (cf. Weber, 1973: 80), membros da A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, centrada em Jesus Cristo e ensina o “Plano de Salvação”, que inclui a existência pré-mortal da humanidade, um plano divino para cada indivíduo, o propósito da vida na Terra através da Expiação de Jesus Cristo, e o potencial para a vida eterna após a morte, e da religião neozelandesa rātana, que tem adeptos entre māori. De acordo com outras religiões significativas incluem o hinduísmo, o budismo e o islamismo. Uma dificuldade na interpretação dos dados de afiliação religiosa é a grande proporção de pessoas que se opõem a responder à pergunta, identificados em cerca de 313 mil entrevistados em 2018. A maioria dos relatórios de porcentagens se baseia no número total de respostas, e não na população real total.              

            Não queremos perder de vista que para a sociologia compreensiva de Max Weber, desde que a predestinação foi rejeitada, o caráter peculiarmente racional da moralidade batista apoiou-se psicologicamente, acima de tudo, na ideia da “espera”, ela descida do espírito que, caracteriza o meeting quaker. A finalidade desta tranquila espera é a superação do impulsivo e do irracional, das paixões e dos interesses subjetivos do homem “natural”. Ele deve calar-se afim de conseguir aquela profunda tranquilidade de alma que é a única em que pode ser ouvida a palavra de Deus. Esta espera pode, naturalmente, sob condições histéricas, resultar em profecias e, enquanto sobreviverem esperanças escatológicas, em certas circunstâncias, até em entusiástica eclosão de quiliasmo, como é possível em todos os tipos similares de religião. Isto realmente aconteceu no movimento que se fragmentou em Münster. Contudo, à medida que o batismo foi afetando a vida profissional secular, a ideia de que Deus somente fala quando silencia a criatura, significou, evidentemente, um incentivo para a tranquila ponderação das ações e para a justificação em termos da consciência do indivíduo. As seitas batistas mais recentes, de modo particular os quakers, adotaram este caráter de conduta, tranquilo, moderado e eminentemente consciencioso. A eliminação da magia do mundo não permitiu nenhum outro recurso psicológico, que não a prática do ascetismo laico.  Uma vez que a estas comunidades nada queriam ter que ver com os poderes políticos e com seu procedimento, disto visivelmente resultou a penetração desta moral ascética, conforme Weber (2003) na vida profissional. Os líderes dos primeiros movimentos sociais batistas foram implacavelmente radicais em sua rejeição do mundanismo, naturalmente, mesmo como ocorre na primeira geração, o modo de vida estritamente apostólico não foi considerado de forma societária como absolutamente essencial para a prova de redenção.

            A Nova Zelândia é um país desenvolvido localizado na Oceania, continente banhado pelo Oceano Pacífico e caracterizado por grande quantidade de ilhas. Possui características geográficas diversas devido ao seu isolamento e, ainda, as recorrentes atividades vulcânicas e sísmicas que ocorrem no seu território. O país foi colonizado pelos europeus, mas a presença dos maoris, população nativa, ainda é culturalmente muito forte. Os neozelandeses possuem uma elevada qualidade de vida humana. A população local é predominantemente adulta e urbana. A economia é diversificada, com destaque para o elevado emprego de tecnologias nas atividades primárias. A infraestrutura é típica de países altamente desenvolvidos, sendo a Nova Zelândia reconhecida por seus governos de cunho progressista. A prática de esportes de aventura faz parte da cultural local, e o país é famoso pelo seu time de Rugby. O isolamento não apenas físico, mas de ordem comunicativa e de trabalho, causou isolamento biológico, resultando em uma ecologia evolutiva dinâmica com exemplos de plantas e animais muito distintos, bem como populações de espécies comuns. Cerca de 82% das Planta vascularplantas vasculares da Nova Zelândia são endêmicas, cobrindo 1.944 espécies em 65 gêneros. O número de fungos registrados na Nova Zelândia, incluindo espécies formadoras de líquen, não é conhecido, nem a proporção desses fungos endêmicos, mas uma estimativa sugere que existem cerca de 2.300 espécies de fungos formadores de líquen na Nova Zelândia e 40% deles são endêmicos. Os dois principais tipos de floresta são dominados por árvores de folhas largas com podocarpos emergentes ou por faias do Sul em climas mais frios. Os demais tipos de vegetação consistem em pradarias, a maioria tussock. Antes da colonização, no âmbito do processo civilizatório estima-se que 80% da terra estava coberta de floresta, com altas áreas alpinas, úmidas, inférteis e vulcânicas sem árvores.

O desmatamento maciço ocorreu depois que os humanos chegaram, com cerca de metade da cobertura florestal perdida para o fogo após o assentamento polinésio. Grande parte da floresta restante caiu após o assentamento europeu, sendo derrubada ou derrubada para dar espaço à agricultura pastoral, deixando a floresta ocupando apenas 23% da terra. As florestas eram dominadas por pássaros, e a falta de predadores de mamíferos levou a que alguns como apteryx, kiwi, kakapo, weka e takahe evoluíssem a ausência de voo. A chegada dos seres humanos, as mudanças associadas ao habitat e a introdução de ratos, furões e outros mamíferos levaram à extinção de muitas espécies de aves, incluindo grandes aves como o moa e a águia-de-haast. A Nova Zelândia, originalmente parte da colônia de Nova Gales do Sul, tornou-se uma colônia da coroa separada em 1841. A colônia ganhou um governo representativo em 1852 e o primeiro parlamento da Nova Zelândia se reuniu em 1854. Em 1856, ela efetivamente tornou-se autogovernada, ganhando a responsabilidade sobre todos os assuntos domésticos, com exceção da política nativa. Controle sobre a política nativa foi concedida em meados da década de 1860. Preocupado com a possibilidade da Ilha do Sul formar uma colônia separada, o premiê Alfred Domett apresentou uma resolução para transferir a capital de Auckland para uma localidade perto do Estreito de Cook. Wellington foi escolhida pelo seu porto e localização central, com o parlamento oficialmente sediado ali pela primeira vez em 1865. Com o aumento do número de imigrantes e os conflitos pela posse de terra, levou às Guerras da Nova Zelândia da década de 1860 a década de 1870, resultando na perda e no confisco de terras nativas māori. Em 1893, o país tornou-se o primeiro do mundo a conceder as mulheres o direito ao voto. Em 1894 pioneiro na adoção da arbitragem obrigatória entre empregadores e sindicatos. Em 1907 declarou-se um domínio dentro do Império Britânico e em 1947 o país adotou o Estatuto de Westminster, o que tornou a Nova Zelândia um reino da Commonwealth

O país se envolveu em assuntos políticos de relações internacionais, lutando ao lado do Império Britânico na primeira e 2ª guerra mundial, e sofrendo os impactos sociais e políticos da Grande Depressão. A depressão econômica levou à eleição do primeiro governo trabalhista e ao estabelecimento de um estado de bem-estar abrangente e de economia protecionista. Entre 1923 e 1926, Conferências Imperiais decidiram que a Nova Zelândia devia ser autorizada a negociar os seus próprios tratados políticos, sendo o primeiro tratado comercial de sucesso estabelecido com o Japão, em 1928. Apesar dessa relativa independência, a Nova Zelândia prontamente seguiu o Reino Unido ao declarar guerra à Alemanha em 3 de setembro de 1939, quando o primeiro-ministro neozelandês, Michael Savage, proclamou: “Onde ela vai, nós vamos; onde ela está, nós estamos”. Em 1951, o Reino Unido virou-se cada vez mais para seus interesses europeus, enquanto a Nova Zelândia juntou-se à Austrália e aos Estados Unidos no tratado de defesa ANZUS. A influência dos Estados Unidos na Nova Zelândia enfraqueceu após protestos sobre a Guerra norte-americana contra o Vietnã, o fracasso dos Estados Unidos em advertir França após o naufrágio do Rainbow Warrior e por desacordos sobre questões agrícolas comerciais, ambientais e sobre a políticas sobre a zona livre de armas nucleares da Nova Zelândia. Apesar da suspensão das obrigações dos Estados Unidos, o tratado ANZUS permaneceu em vigor entre a Nova Zelândia e a Austrália, cuja política externa tem seguido uma tendência semelhante. Próximos, contatos políticos são mantidos entre eles, de livre comércio e organização de viagens que permitem aos cidadãos visitar, viver e trabalhar em ambos os países sem qualquer restrição. Mais de 500 mil neozelandeses vivem na Austrália e 65 mil australianos vivem na Nova Zelândia.

A Nova Zelândia tem uma expressiva presença entre os países insulares do Pacífico. Uma grande proporção da ajuda externa, em contrapartida, vai para esses países e muitos povos do Pacífico migram para a Nova Zelândia em busca de emprego. A migração permanente é regulamentada no âmbito do programa do governo, que permitem até 1.100 samoanos e até 750 habitantes de outras ilhas do Pacífico, respectivamente, para se tornarem residentes permanentes da Nova Zelândia por ano. Um esquema de trabalhadores sazonais de migração temporária foi introduzido em 2007 e em 2009 cerca de 8.000 habitantes das ilhas do Pacífico foram empregados nele. A Nova Zelândia está envolvida no Fórum das Ilhas do Pacífico, Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico e do Fórum Regional da Associação de Nações do Sudeste Asiático, incluindo a Cúpula do Leste Asiático. O país é membro da Organização das Nações Unidas, da Comunidade das Nações, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e os Cinco Acordos de Força de Defesa. A nação experimentou um período de prosperidade crescente após a 2ª guerra mundial e os māori começaram a deixar sua vida rural tradicional e ir para as cidades em busca de trabalho. Um movimento de protesto dos māori desenvolveu-se, criticando o eurocentrismo e trabalhando por reconhecimento da cultura māori e do Tratado de Waitangi. Em 1975, um Tribunal Waitangi foi criado para investigar as violações do tratado e foi habilitado para investigar queixas históricas em 1985. Depois da assinatura do Tratado, no início da década de 1840, o governador da colônia inglesa, William Hobson, teve que eleger uma capital para a colônia. A capital efetiva era Kororareka, na atualidade chamada Russell, em Bay of Islands. Sem dúvida, Kororareka estava muito distante do restante do país e, além disso, tinha uma má reputação moralista cristã devido ao alcoolismo e imoralidade dos seus habitantes. 

Com base nos conselhos do missionário Henry Williamson, Hobson elegeu a praia sul do porto natural de Waitemata como nova capital. Adquiriu-se a terra necessária aos seus proprietários, a tribo maori dos Ngati Whatua, e a cerimónia de fundação teve lugar às 13 horas de 18 de setembro de 1840. Hobson escolheu o nome em honra de George Eden, primeiro duque de Auckland, seu protetor e amigo. Em 1865, a capital mudou-se para Port Nicholson, e o nome para Wellington. As vantagens estratégicas da posição geopolítica central tornaram-se óbvias evidentemente quando a Ilha do Sul cresceu em prosperidade econômica com pesquisa e desenvolvimento (P&D) sobre a descoberta de ouro em Otago e o desenvolvimento da criação de ovelhas e a refrigeração. Politicamente a Força de Defesa da Nova Zelândia é composta por três ramos: a Marinha Real da Nova Zelândia, o Exército da Nova Zelândia e a Força Aérea Real da Nova Zelândia. As necessidades de defesa nacional da Nova Zelândia não são modestas, devido à improbabilidade de ataque direto, mesmo com a presença global do país. A Nova Zelândia lutou nas duas guerras mundiais, com campanhas notáveis em Galípoli, Creta, El Alamein e Cassino. A Campanha de Galípoli desempenhou um papel importante na promoção da identidade nacional da Nova Zelândia e fortaleceu a tradição da Australian and New Zealand Army Corps (ANZAC) compartilhada com a Austrália. 

De acordo com Mary Edmond-Paul, “a Primeira Guerra Mundial tinha deixado cicatrizes na sociedade neozelandesa, com cerca de 18.500, no total, mortos como resultado da guerra, mais de 41 mil feridos e outros afetados emocionalmente, de uma força de combate no exterior de cerca de 103 mil e uma população de pouco mais de um milhão”. A Nova Zelândia também teve uma importante participação na Batalha do Rio da Prata (1939) e na campanha aérea da Batalha da Grã-Bretanha (1940-1941). Durante a 2ª guerra mundial, os Estados Unidos da América tinham mais de 400 mil militares norte-americanos estacionados na Nova Zelândia. Além do Vietnã e das duas guerras mundiais, a Nova Zelândia lutou na Guerra da Coreia (1950-1953), na Segunda Guerra dos Bôeres (1899-1902), na Emergência Malaia, guerra de guerrilha travada entre as forças armadas da Commonwealth e o Exército de Libertação Nacional Malaio (ELNM), o braço militar do Partido Comunista da Malásia, de 1948 a 1960, na Guerra do Golfo, 2 de agosto de 1990 até 28 de fevereiro de 1991 e na Guerra do Afeganistão, é a atual fase da guerra civil afegã, que opôs, inicialmente no período de outubro a novembro de 2001, os Estados Unidos da América, com a contribuição militar da organização armada muçulmana Aliança do Norte e de países ocidentais (Reino Unido, França, Canadá e outros), ao regime talibã. 

O país tem contribuído com forças militares para várias missões de paz regionais e globais, tais como aquelas no Chipre, Somália, Bósnia e Herzegovina, Suez, Angola, Camboja, fronteira Irã-Iraque, Bougainville, Timor-Leste e nas Ilhas Salomão. A nação enviou uma unidade de engenheiros do exército de para ajudar na reconstrução de infraestrutura do Iraque por um ano durante a Guerra do IraqueA Campanha de Galípoli, também reconhecida como Batalha dos Dardanelos, teve como palco a península de Galípoli na Turquia, de 25 de abril de 1915 a 9 de janeiro de 1916, durante a 1ª grande guerra. Foi uma das campanhas mais custosas e trágicas da guerra. Forças britânicas, francesas, australianas e neozelandesas desembarcaram em Galípoli, numa tentativa de invasão da Turquia e captura do estreito de Dardanelos. A tentativa falhou, com pesadas perdas para ambos os lados. Os aliados se retiraram do local durante os meses de dezembro de 1915 e janeiro de 1916. As divisões ANZAC se viram especialmente danificadas, e esta campanha passou a significar certa dissensão por parte dos aliados oriundos da Nova Zelândia e da Austrália, que acusaram as tropas britânicas de arrogância, crueldade e inaptidão, bem como principais responsáveis pelo fracasso das operações. O Anzac Day (25 de abril) continua a ser a comemoração política mais significativa dos veteranos na Austrália e na Nova Zelândia, superando o Dia do Armistício/Dia da Lembrança. 

A Campanha de Galípoli repercutiu profundamente em todas as nações imperialistas envolvidas. Na Turquia, a batalha é percebida como um momento crucial e definitivo na história da nação, tendo em vista a questão política da defesa final da terra-mãe após séculos de desintegração do Império Otomano. A luta estabeleceu as bases para a Guerra de Independência Turca e a fundação da República Turca oito anos depois, sob Atatürk, ele, um comandante remanescente em Galípoli. A Nova Zelândia é uma monarquia constitucional com uma democracia parlamentar, embora a sua Constituição não seja codificada. Elizabeth II é a monarca neozelandesa e a chefe de Estado do país. A rainha é representada pelo governador-geral, que é nomeado a conselho do primeiro-ministro. O governador-geral pode exercer os poderes prerrogativas da Coroa, como revisão de casos de injustiça e nomeações de ministros, embaixadores e outros importantes funcionários públicos e, em raras situações, os poderes moderadores o de demitir um primeiro-ministro, dissolver o parlamento ou recusar o Consentimento Real de um projeto de lei. Os poderes da Rainha e do governador-geral são limitados por restrições constitucionais e não podem normalmente ser exercidos sem o Conselho de Ministros. O gabinete, formado por ministros e liderado pelo primeiro-ministro, é o órgão máximo de formulação de políticas públicas e por decidir as ações mais significativas do governo. Por convenção, os membros do gabinete estão ligados por responsabilidade coletiva de decisões tomadas pelo gabinete.

Bibliografia Geral Consultada.

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