Ubiracy de Souza Braga
“Morrer é fácil, difícil é fazer comédia”. Rubens Ewald Filho
No surgimento do teatro, na Grécia a arte era representada, essencialmente, por duas máscaras: a máscara da tragédia e a máscara da comédia. Aristóteles, em sua Arte Poética, para diferenciar comédia de tragédia diz que enquanto esta última trata essencialmente de homens “superiores” (“heróis”), a comédia fala sobre os homens “inferiores”, pessoas comuns da polis. Isso pode ser comprovado através da divisão do trabalho social dos júris que analisavam os espetáculos durante os antigos festivais de Teatro. Ser escolhido como jurado de tragédia era a comprovação de nobreza e de representatividade na sociedade. Já a comissão formada pelo júri da comédia era de cinco membros sorteadas da plateia. A importância da comédia, inicialmente de sentido político, era proporcional à possibilidade democrática do uso de sátira a todo tipo lúdico de ideia. É difícil analisar, sociologicamente, o que faz uma pessoa rir ou o que é engraçado ou não. Uma característica reconhecida da comédia é que ela é uma diversão intensamente pessoal, ou seja, que é próprio e particular culturalmente de cada pessoa.
Ocorre por volta de meados do séc. VI quando Pisistrato transferiu o antigo e rústico festival dionisíaco dos frutos, para o coração da cidade de Atenas. Com as Dionísias Urbanas, que tinham lugar no fim de março, o povo recebeu um magnífico festival popular em que podia cimentar seus interesses e exibir as glórias de seu Estado aos negociantes que visitavam a cidade. Elas eram consideradas tão sagradas, que violações menores eram punidas como sacrilégio. O Festival começava suntuosamente com uma procissão que escoltava uma antiga imagem de Dioniso, literalmente o “deus pai” do teatro, ao longo da estrada que conduzia à cidade de Eleutéria e regressava depois a Atenas à luz de tochas. A imagem era colocada no métier da orquestra do teatro, com rituais, assentos reservados aos sacerdotes do deus, com grande pompa. Uma das principais características da comédia é a constatação pública sobre o erro, o engano. O cômico está baseado no fato cultural ou político de um ou mais personagens serem enganados ao longo da peça. À medida em que o personagem vai sendo enganado e o equívoco aumentando, o público ri cada vez mais em seu processo de interação social.
Em seu surgimento, ninguém, se não fosse constituído da cidadania estava a salvo de ser alvo das críticas populares da comédia: governantes, nobres e nem ao menos os deuses, como pode ser visto no ensaio: As Rãs, de Aristófanes (447 a. C. -385 a. C.). A comédia representa a utilidade social de humor nas artes cênicas. Também pode estar presente em um espetáculo, na história social da arte, ou em determinado gênero, na modernidade, com na sátira de um filme, que recorre intensivamente ao humor. De forma geral, comédia é o que é engraçado, que nos faz rir compulsivamente. Uma das principais características da comédia é o engano. Frequentemente, o cômico está baseado no fato social de um ou mais personagens serem enganados através de trocadilhos e gestos habituais ao longo de toda a peça. À medida que o personagem vai sendo enganado e que o equívoco vai aumentando, o público vai gozando cada vez mais. A estética moderna, a partir de Alexander Baumgarten, que introduziu pela primeira vez o termo estética, se construiu como uma tentativa de indagar a especificidade desse “outro saber” e, além disso, de fundar a sua autonomia ao lado do reconhecimento intelectual. Configurando a relação social entre eles, como aquela entre duas formas autônomas no interior do mesmo processo gnosiológico, ela deixava, na sombra o problema fundamental como deveria ser interrogado. Na modernidade a comédia encontra grande espaço no teatros como lugar praticado, devido a sua importância social e política enquanto forma de representação e de manifestação coletiva crítica em qualquer esfera: política, social, econômica. Encontra apoio merceológico no processo comunicacional de consumo de massa e é extremamente apreciada por grande parte do público consumidor da chamada indústria cultural ou de entretenimento. Assim, atualmente, não há grande distinção entre a importância artística da tragédia, ideologicamente reconhecida simplesmente como drama ou da comédia. Em defesa do gênero, o crítico de artes e cinema Rubens Ewald Filho lembra o ditado: - “Morrer é fácil, difícil é fazer comédia”. De fato, entre os artistas, reconhece-se que para fazer rir é necessário um ritmo, reconhecido como timing, especial que não é dominado tecnicamente por todos os humoristas. Uma característica reconhecida da comédia é que ela é uma representação social da diversão intensamente coletiva, mas pessoal. Para rir de um fato social ou político é necessário reconhecer: revendo, como na leitura, tornando a conhecer, como no trabalho incessante do aprendizado da escrita, tomando os fatos culturais subjetivamente como parte de determinado valor humano - os homens comuns - a tal ponto que ele deixa de ser mitológico, ameaçador e passa a ser banal, corriqueiro, usual e pode-se, portanto rir intensivamente dele. As pessoas com frequência não acham as mesmas coisas engraçadas, mas quando fazem isso pode ajudar a criar laços poderosos de afeto.
Paulo
Ricardo Campos Silvino esteve desde jovem familiarizado com o meio artístico.
Filho do humorista Silvério Silvino Neto e da professora de música e pianista
Noêmia Campos Naja Silvino, cresceu em meio aos artistas que, anos mais tarde,
viriam a se tornar seus colegas de profissão. Pisou num palco pela primeira vez
aos nove anos de idade, quando se atreveu a soprar as falas para um ator de uma
peça que o pai participava. Na adolescência, ele se apresentava como crooner
de um conjunto de rock, acompanhado por músicos como Eumir Deodato (acordeom),
Durval Ferreira (guitarra) e Fernando Costa (bateria). Com o nome de Dickson
Savana, em 1958, apresentou-se junto com Erasmo Carlos e Eumir Deodato no extraordinário
Clube do Rock, programa comandado pelo apresentador Carlos Imperial na TV Tupi.
No ano seguinte, agora sob a alcunha de Silvino Júnior, compôs e cantou a
maioria das canções do disco da chamada Nova Geração em Ritmo de Samba,
gravado com os amigos Altamiro Carrilho, Durval Ferreira e Eumir Deodato. Até o
início dos anos 1960, gravou com vários outros artistas, como o
cantor Sílvio César e os conjuntos Tamba Trio e Os Cariocas.
Em
1962, incentivado pelo amigo Gláucio Gil, Paulo Silvino escreveu um espetáculo
teatral baseado na letra de Anjinho Bossa Nova, música que havia composto e
gravado naquele ano com Os Cariocas. Com um elenco formado por amigos de
infância e cenários emprestados de um espetáculo de Dercy Gonçalves, a peça foi
um sucesso e marcou sua estreia como ator. Em 1963, 'Anjinho Bossa Nova' ganhou
montagem profissional produzida por Fernando D’Ávilla. Elogiado pela crítica
como revelação do teatro, Paulo Silvino atuou ao lado de Augusto César Vannucci
e Brigitte Blair. Paulo Silvino acha que entrou na televisão por acaso, apenas
porque tinha facilidade com humor e não se acanhava diante das câmeras. - “Ser
comediante nasceu por acaso. Talvez seja pela minha desfaçatez, porque eu nunca
tive inibição de máquina. Tenho tranquilidade com a câmera e tive vantagem em
televisão por isso. O riso dos cinegrafistas é o meu termômetro”. Contudo, a
carreira na televisão começou na TV Rio, em 1965, como apresentador do programa
K Louros e Morenos, uma criação autoral em que os participantes escolhiam
o que cantar, mas “só ficavam sabendo como seria a apresentação na hora, por
sorteio”. O calouro podia ser obrigado a cantar sua versão para Chega
de Saudade, de João Gilberto, vestido de urso enquanto subia e descia a escada.
Em
setembro de 1966, Paulo Silvino fez sua estreia na TV Globo, apresentando o “Canal
0”, humorístico de meia-hora de duração que satirizava a programação das
emissoras de TV. No início de 1967, a atração passou a se chamar “TV0-Canal 0”.
Em abril daquele ano, a emissora estreou o “TV1-Canal ½”, programa similar,
apresentado por Agildo Ribeiro. Em julho, houve a fusão dos dois programas, e
os dois comediantes passaram a apresentar juntos o “TV0-TV1”. Em 1967, Paulo
Silvino foi para a TV Excelsior, onde trabalhou no humorístico “Hotel do
Porteiro Doido”, ao lado de comediantes como Castrinho, Consuelo Leandro,
Renato Côrte Real, Tião Macalé e Otelo Zeloni. Em 1968, voltou à Globo e,
durante três meses, apresentou o programa de variedades “Porque Hoje é Sábado”,
ao lado de Lúcio Mauro, Grande Otelo e Dircinha Batista. No ano seguinte,
integrou o elenco da primeira versão do humorístico “Balança, Mas Não Cai”, com
direção de Augusto César Vannucci. Ao Memória Globo ele revela que “Balança
Mais Não Cai”, de que era apresentador, foi um de seus favoritos.
Na
década de 1970, o comediante trabalhou nos programas “Faça Humor, Não Faça
Guerra” (1970), “Uau, a Companhia” (1972), “Satiricom” (1973) e “Planeta dos
Homens” (1976). Deixou sua marca artística como intérprete de personagens
lunáticos e criou bordões absurdos como “Ah, eu preciso tanto!”, “Eu gosto
muito dessas coisas!”, “Guenta! Ele guenta!”, “Ah, aí tem!” e “Dá uma
pegadinha!”. O humorista relembra: “O Satiricom era a sátira da comunicação.
Depois, tivemos o Satiricom, a “sátira do comportamento humano”; depois, houve
aquele filme o “Planeta dos Macacos”, e o Max Nunes veio com a inversão da ideia:
“Agora, o terceiro ano vai ser o Satiricom, a sátira do Planeta dos Homens”.
Mas o José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni) não quis mais continuar com Satiricom
no nome e o programa virou só “Planeta dos Homens”. Em 1977, Paulo Silvino fez
uma participação em um episódio do “Sítio do Picapau Amarelo” como Merlin, o
mago da lenda do Rei Arthur. No ano seguinte, trabalhou na novela “O Pulo do
Gato”, escrita por Bráulio Pedroso e dirigida por Jardel Mello, fazendo a chamada
para as cenas dos próximos capítulos com uma narração ao estilo radiofônico. No
final da novela, fez uma participação representando a figura do
Destino.
Entre
1981 e 1987, trabalhou no programa “Viva o Gordo” (1981), estrelado por Jô
Soares. Em 1983, fez parte do humorístico “A Festa é Nossa”, dirigido por Lúcio
Mauro, e ganhou o papel do Louco Vampiro em “O Inspetor Geral”, episódio
do Caso Especial escrito por Doc Comparato e Bernardo Carvalho, com Lucélia
Santos, Carlos Vereza, Gracindo Jr., José Vasconcellos e Maurício do Valle. Com
a saída de Jô Soares da TV Globo em 1989, Paulo Silvino trabalhou durante um
breve período como redator do “Domingão do Faustão”. Em 1990, foi para o Sistema
Brasileiro de Televisão (SBT) para apresentar o “Condomínio Brasil, programa
escrito por Max Nunes que, no entanto, não chegou a estrear. O comediante
passou, então, a integrar o elenco de “A Praça é Nossa” e da “Escolinha do
Golias”. Em 1993, voltou à TV Globo e trabalhou na “Escolinha do Professor
Raimundo”. Em 1995, foi para TV Record, onde participou da “Escolinha do
Barulho”. Em 1997, de volta à TV Globo, fez uma breve participação na novela “Zazá”,
de Lauro César Muniz. Em 1999, passou a atuar no “Zorra Total”, humorístico dirigido
por Maurício Sherman. Entre os vários tipos de personagens que já interpretou
no programa, um dos mais famosos era Severino, porteiro da Globo que
estava “sempre em dificuldades por servir de quebra-galhos para um diretor”. Um
dos bordões do personagem – “Meu negócio é conferir a cara e o crachá” – fez
tanto sucesso que virou símbolo de uma campanha interna da emissora sobre a
importância do uso do crachá pelos funcionários. Outros personagens de sucesso
foram Lobichomen e Teseu.
Em
2015, o “Zorra Total” passou por uma reformulação, transformando-se em um
humorístico que destaca, entre outros elementos, a paródia musical. Nessa
nova fase, o humorístico passou a ser escrito por Marcius Melhem, Celso Taddei
e Gabriela Amaral. No cinema, Paulo Silvino trabalhou tanto como ator quanto
como roteirista. Em muitos casos, cumpriu as duas funções: como em “Ascensão e
Queda de um Paquera” (1970), “Café na Cama” (1973), “Com a Cama na Cabeça”
(1972), “Um Varão Entre as Mulheres” (1974), “O Padre que Queria Pecar” (1975),
“A Mulata que Queria Pecar” (1977), “Assim Era a Pornochanchada” (1978), “Os
Melhores Momentos da Pornochanchada” (1978) e “Um Marciano em Minha Cama”
(1981). Também fazem parte de sua carreira no cinema atuações em “Sherlock de
Araque” (1957), “Minha Sogra é da Polícia” (1958), “O Rei da Pilantragem”
(1968) e “Um Edifício Chamado 200” (1973), também atuou nos
filmes “Rádio Nacional” (2011), “Muita Calma Nessa Hora 2” (2013) e “Até que a
Sorte nos Separe 3” (2015). Paulo Silvino permaneceu no elenco de “Zorra”, nome
do programa após a reformulação, e esteve no ar até 2020.
A
história técnica e social da televisão começou no início do século XX por meio
de experimentos realizados por diferentes inventores sociais. Seu
desenvolvimento se deu graças a uma série de outros avanços tecnológicos que se
estendiam desde o século XIX. Do ponto de vista técnico-metodológico um
transistor pode ter apenas um tipo de portador de carga, em um transistor de
efeito de campo, ou pode ter dois tipos de portadores de carga em dispositivos
de transistor de junção bipolar. Comparado com válvula termiônica, eles são
menores e requerem menos energia para operar. Certos tubos de vácuo têm
vantagens sobre os transistores em frequências de operação muito altas ou altas
tensões operacionais. alguns transistores são feitos para especificações
padronizadas por vários fabricantes. O tríodo termiônico é um tubo a vácuo
inventado em 1906, que possibilitou a amplificação da tecnologia de rádio e a
telefonia típica de longa distância. O tríodo, no entanto, era um dispositivo
frágil que consumia uma quantidade substancial de energia. Em 1909, o físico
William Eccles (1875-1966) descobriu o oscilador de diodo de cristal. O físico
Julius Edgar Lilienfeld depositou uma patente para um transistor de efeito de
campo (FET) no Canadá em 1925, que foi planejado para ser um substituto de
estado sólido para o tríodo. O físico também apresentou patentes idênticas nos
Estados Unidos da América (EUA) em 1926 e 1928. No entanto, não publicou nenhum artigo sobre
seus dispositivos técnicos e sociais, nem suas patentes citam exemplos específicos de algum
protótipo funcional.
Como
a produção de materiais semicondutores de alta qualidade ainda estava
caminhando a décadas de distância, as ideias de amplificadores de estado sólido
de Lilienfeld não teriam encontrado utilidade de uso nas décadas de 1920 e
1930, mesmo se tal dispositivo tivesse sido construído. Em 1934, o inventor
alemão Oskar Heil patenteou um dispositivo similar na Europa. Oskar Heil
(1908-1994) foi um engenheiro elétrico e inventor alemão. Ele estudou física,
química, matemática e música na Universidade Georg-August de Göttingen e obteve
seu doutorado em 1933, por seu trabalho em espectroscopia molecular. Na
universidade Oskar Heil conheceu Agnesa Arsenjewa (1901-1991), uma promissora
jovem física russa que também obteve seu doutorado na mesma universidade. Eles
se casaram em Leningrado, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)
em 1934. Juntos eles se mudaram para o Reino Unido para trabalhar no
Laboratório Cavendish, da Universidade de Cambridge. Durante uma viagem à
Itália, eles co-escreveram um artigo pioneiro sobre a geração de micro-ondas
que foi publicado na Alemanha no Zeitschrift für Physik em 1935. Agnesa
posteriormente retornou à Rússia para prosseguir trabalhando no Instituto
Físico-Químico de Leningrado com o marido. Ele retornou ao Reino Unido; Agnesa,
trabalhando no que se tornou assunto sensível, possivelmente não teve permissão
para sair. De volta à Grã-Bretanha, Heil trabalhou para a Standard Telephones
and Cables.
De
17 de novembro de 1947 a 23 de dezembro de 1947, John Bardeen e Walter Brattain
da Bell Labs da AT&T em Murray Hill, Nova Jersey, nos Estados Unidos,
realizaram experimentos e observaram quando dois pontos de ouro eram aplicados
a um cristal de germânio, um sinal foi produzido com a potência de saída maior
que a entrada. O líder do Grupo de Física do Estado Sólido, William Shockley,
viu o potencial nos meses subsequentes trabalhando para ampliar o
reconhecimento sobre semicondutores. O termo transistor foi cunhado por John
Robinson Pierce como uma contração do termo transresistência. De acordo com
Lillian Hoddeson e Vicki Daitch, autores de uma biografia de John Bardeen,
Shockley propôs que a primeira patente do Bell Labs para um transistor deveria
ser baseada no efeito de campo e que ele fosse nomeado como o inventor. Tendo
desenterrado as patentes de Lilienfeld que entraram na obscuridade alguns anos
antes, os advogados da Bell Labs desaconselharam a proposta de Shockley porque
a ideia de um “transistor de efeito de campo” que usasse um campo elétrico como
“grade” não era nova. Em vez disso, o que Bardeen, Brattain e Shockley
inventaram em 1947 foi o primeiro transistor de contato pontual. Em
reconhecimento a essa conquista científica, William Shockley, John Bardeen e
Brattain receberam conjuntamente o Prêmio Nobel de Física de 1956 representando
a invenção social “por suas pesquisas sobre semicondutores e sua descoberta do
efeito do transistor”.
Em
1948, o transistor de “ponto de contato” foi inventado independentemente pelos
físicos alemães Herbert Mataré e Heinrich Welker enquanto trabalhavam na
Compagnie des Freins et Signaux, uma subsidiária da Westinghouse localizada em
Paris. Mataré tinha experiência anterior no desenvolvimento de retificadores de
cristal de silício e germânio no esforço de radar alemão durante a 2ª guerra
mundial (1939-1945). Usando esse conhecimento, ele começou a pesquisar o
fenômeno da “interferência” em 1947. Em junho de 1948, testemunhando correntes
fluindo através de pontos de contato, Mataré produziu resultados consistentes
usando amostras de germânio produzidas por Welker, semelhante ao que Bardeen e
Walter Brattain haviam realizado antes, em dezembro de 1947. Percebendo que os
cientistas da Bell Labs já haviam inventado o transistor antes deles, a empresa
colocou seu “transístor” em produção para uso na rede de telefonia da França.
Os primeiros transistores de junção bipolar foram inventados por William
Shockley, da Bell Labs, que solicitou a patente em 26 de junho de 1948. Em
12 de abril de 1950, os químicos Gordon Teal (1907-2003) e Morgan Sparks
(1916-2008), da Bell Labs, produziram com sucesso uma junção NPN bipolar que
amplificava o transistor de germânio. A Bell Labs anunciou a descoberta deste
novo transistor “sanduíche” em um comunicado de imprensa em 4 de julho de 1951.
A televisão na Turquia foi introduzida em 1964 pelo provedor de mídia do
governo TRT. O primeiro canal de televisão turco, ITU TV, foi lançado em 1952.
A primeira televisão nacional é o TRT 1. A televisão colorida foi introduzida
em 1981. Naquela época o único canal com o nome de TRT 1, e transmitia em
vários momentos da linha de dados. O aparelho televisor em sua forma original é ainda interação mais popular, envolve a transmissão de som e imagens por ondas de radiofrequência (RF), que são captadas pelo equipamento. Neste sentido, pode ser considerada uma evolução técnica real do rádio. Em 1923 Vladimir Zworykin registra a patente do tubo iconoscópico, para a transmissão de imagens. Este dispositivo foi o precursor das câmeras televisivas. O primeiro sistema semimecânico de televisor analógico foi demonstrado por John Logie Baird em 26 de janeiro de 1926, em Londres e dois anos depois, em fevereiro de 1928, imagens em movimento foram transmitidas por Baird de Londres para Nova Iorque. Esse sistema era composto de um disco giratório perfurado, no qual luzes de néon se ascendiam por detrás, respondendo ao sinal da estação que capturava as imagens de um disco original idêntico. Os ruídos de comunicação provocados dificultavam a emissão sonora, mas o aparelho reproduzia imagens em 32 linhas de Resolução. Isto quer dizer que o significado do termo se aplica igualmente a imagens digitais, imagens em filme e outros tipos técnicos de uso de imagem. A resolução de imagem pode ser medida de várias formas. Para o que nos interessa, podemos dizer que resoluções mais altas significam mais detalhe na imagem. As resoluções de lentes fotográficas e filmes são citadas como pares de linhas por mm.
O primeiro serviço de alta definição apareceu na Alemanha em março de 1935. Uma das primeiras grandes transmissões televisivas foi dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936. O uso do televisor aumentou enormemente depois da 2ª guerra mundial (1940-1945) devido aos avanços tecnológicos surgidos com as necessidades da guerra e à renda adicional disponível. A primeira transmissão em cores ocorreu comercialmente em 1954, na rede norte-americana National Broadcasting Company (NBC). Um ano antes o governo dos Estados Unidos da América (EUA) aprovou o sistema de transmissão em cores proposto pela rede Columbia Broadcasting System (CBS), mas quando a Radio Corporation of America (RCA) apresentou um novo sistema que não exigia alterações nos aparelhos antigos que consolidou a reprodução em preto e branco, a Columbia Broadcasting System abandonou sua proposta em favor da nova. Em 1960 a Sony Group Corporation introduziu os televisores com a inovação dos transistores. O satélite Telstar transmitia os sinais através do oceano Atlântico. A miniaturização chegou em 1979 quando a Matsushita registrou a patente do televisor de “bolso” com tela plana.
A história da televisão no Brasil tem início comercialmente em 18 de setembro de 1950, quando foi inaugurada a TV Tupi em São Paulo, com equipamentos trazidos por Assis Chateaubriand (cf. Morais, 1994), fundando assim o primeiro canal de televisão no país. Quatro meses depois, em 20 de janeiro de 1951, entra no ar a TV Tupi Rio de Janeiro. Desde então a televisão desenvolveu-se comercialmente no país representando um fator importante na cultura popular da sociedade brasileira. Em 1955 é inaugurada a TV Rio, aliando-se à TV Record, inaugurada em 1953, às Emissoras Unidas. Em agosto de 1957 iniciam-se as transmissões entre cidades, com um link montado entre a TV Rio e a TV Record, ligando o eixo industrial concentrado nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com a transmissão do Grande Prêmio Brasil de Turfe, direto do Hipódromo da Gávea no Rio de Janeiro. Em 1960 é inaugurada a primeira TV Excelsior em São Paulo, a segunda viria em 1963 no Rio de Janeiro. As duas saíram de funcionamento por decisão jurídico-política-militar em 1970. Em 1959 surge a TV Continental no Rio, com o videotape, mas ela seria mormente cassada pelo regime militar em 1972.
Paulo Silvino era um dos poucos e raros humoristas que conseguia ter brilho próprio além dos magnânimos Chico Anysio, Jô Soares, Agildo Ribeiro e Os Trapalhões. Era diferente deles – era o mais ousado, quem mais ficava perto de cruzar a linha do incorreto, ainda mais naqueles tempos bicudos de censura, quando ser incorreto era ser subversivo – quer dizer, ser incorreto era demonstrar claramente que se era contra a ditadura. Paulo Silvino era o rei dos bordões: “passinho pra frente, passinho pra trás”, “dandá pra ganhá tentém”, “dá uma pegadinha”, “nas coxinhas”, “ai, como era grande”, “guenta, ele guenta”. O mais reconhecido é o “cara, crachá”. O porteiro Severino, do Zorra Total, foi seu último personagem de enorme sucesso. Mais do que isso, pois demonstrava-se um comediante completo. Confirmava a essência do humor para Chico Anysio: “não existe humor velho ou novo, existe engraçado ou sem graça”.
No dia 10 de agosto de 1972, é inaugurada a Rede Amazônica, em Manaus, com seu sinal em cores, sendo uma das pioneiras com o uso da tecnologia no país. Em abril de 1977 foi cassada a TV Rio. Em 16 de julho de 1980, foi fechada pelo governo federal a Rede Tupi, emissoras pioneiras da TV no Brasil, no ar desde a década de 1950. No dia 19 de agosto de 1981, Silvio Santos unificou suas emissoras, fundando o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Em 5 de junho de 1983, foi fundada no Rio de Janeiro, a Rede Manchete composta de canais no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e com representação em Brasília. Em março de 1985, o Brasil começou a operar com o seu primeiro satélite, o sistema Brasil-Sat. Em 1987 voltou a funcionar a TV Rio, que mais tarde seria vendida à Igreja Universal. Em 9 de novembro de 1989, a TV Record de São Paulo foi vendida para o milionário Bispo Edir Macedo, iniciando então a Rede Record de Televisão. A primeira TV por Assinatura no Brasil surgiu simultaneamente, em 1990, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com o sistema de Serviço de Distribuição Multiponto Multicanal, que representa tecnologia de comunicação sem fio, usado para redes de “banda larga”, ou, mais comumente, como um método alternativo de recepção de programação de redes televisão a cabo.
Nascido
no Rio de Janeiro, em 1939, Paulo Silvino cresceu nos bastidores do rádio e do teatro, levado sempre pelo pai,
mentor e comediante Silvério Silvino Neto, nascido em São Paulo, em 21 de julho
de 1913 e faleceu no Rio de Janeiro, 12 de junho de 1991. Foi um ator, cantor,
compositor e radialista. Pai do comediante Paulo Silvino e filho de Ernesto e
Leonor Dutra Silvino, estudou no Ginásio do Estado, terminando o secundário aos
17 anos, em 1930. No ano seguinte, estreou na Rádio Educadora Paulista cantando
tangos, sob o pseudônimo de Pablo González, apresentando-se ipso facto noutras
emissoras paulistas. Em 1932, dirigiu seu repertório para a música nacional por
sugestão de Marcelo Tupinambá, dando início também na carreira de compositor.
Sua primeira composição a ser gravada foi a marcha Goodbye, meu bem, por
Raquel de Freitas na Arte-Fone. Em 1934, cantou com as orquestras de Osvaldo
Borba, Gaó, Martínez Grau e Eduardo Patané, e formou com Alvarenga e Ranchinho
o trio Mosqueteiros da Garoa. Participou do filme Fazendo Fitas, de Vittorio
Capellaro em 1935, junto de Cândido Botelho, Alzirinha Camargo, Januário de
Oliveira e outros. Participou de mais seis filmes. Deixou sua carreira de
cantor romântico em 1936, transferindo-se para o Rio de Janeiro, e no ano
seguinte, entrou em contato com Oduvaldo Cozzi, diretor da Rádio Nacional. Este
o aconselhou a deixar a carreira de cantor e se dedicar ao humorismo. Estreou
como comediante em janeiro de 1938 na Rádio Nacional, imitando Arnaldo Pescuma,
Carlos Galhardo e Lamartine Babo, fazendo sucesso.
No
mesmo ano, Orlando Silva gravou com êxito na RCA Victor sua valsa-canção Uma
saudade a mais, uma esperança a menos. Em 1938, casou-se com Naja Siqueira
Campos, com quem teve um filho, Paulo Ricardo Campos Silvino, nascido seis dias
depois de seu aniversário, no ano seguinte. Conquistou grande popularidade
interpretando a personagem Pimpinela, com a qual gravou alguns discos pela RCA
Victor e estreou programas de rádio: A pensão da Pimpinela (no ar de 1940 a
1942), Aventuras da Pimpinela (até 1944) e, a seguir, Pimpinela, Anestésio e o
telefone. Findando-se a ditadura getulista do Estado Novo (1937-45), criou um
programa chamado Futebol político, no qual imitava com perfeição Getúlio
Vargas, Ademar de Barros e outros políticos. Seu samba-canção Adeus, também
chamado Cinco letras que choram, foi gravado por Francisco Alves na Odeon, em
1947. A música fez grande sucesso, tornando-se um clássico da Música Popular
Brasileira. Participou com Dercy Gonçalves da revista Fogo no pandeiro, em
1945, voltando a atuar com ela dois anos depois, em Confete na boca. Participou
também das revistas Passo da girafa, com Mara Rúbia, e A borracha é nossa! com
Eros Volúsia, em 1949. Em 1950, candidatou-se vereador pelo Rio de Janeiro e,
depois de uma campanha eleitoral basicamente humorística, foi eleito como o
mais votado. No ano seguinte, gravou pelo selo Carnaval, as marchas Mão boba,
de Carvalhinho e Marino Pinto, e Costureira, de Luís Soberano, Jorge Abdala e
Airton Amorim. Retornou ao rádio em 1953, atuando na Rádio Mayrink Veiga até
1956. Nesse ano, musicou o poema Meus oito anos, do poeta romântico Casimiro de
Abreu, dando-lhe a forma de tango, que foi gravado no mesmo ano por Carlos
Galhardo na RCA Victor. Também criou uma melodia para o poema Ser mãe de Coelho
Neto, gravada por Jorge Goulart na Mocambo, em 1962. Passou a se apresentar
esporadicamente no rádio e na televisão. Trabalhando como fiscal do Instituto
Brasileiro do Café, continuou compondo. Morreu no Rio aos 77 anos.
Filho de Silvino Netto e Naja Silvino, Paulo Ricardo Campos Silvino não tardou a despontar para a carreira artística. Iniciou a carreira no cinema em 1957, atuando no filme Sherlock de Araque, onde aparece como um cantor de rock and roll, usando o pseudônimo Dixon Savannah. Ao lado de Carlos Imperial no ano seguinte, atuou no filme Minha Sogra é da Polícia, que também teve a participação de Imperial, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Cauby Peixoto. Ao lado de músicos notáveis como Altamiro Carrilho, Durval Ferreira e Eumir Deodato, lançou o Long Play “Nova Geração em Ritmo de Samba”, compondo e interpretando com sua voz abaritonada a maioria das canções, com o pseudônimo Silvino Júnior. Curiosamente escreveu livros eróticos com o pseudônimo “Brigitte Bijou”. Durante as décadas de 1960 e 1970 ampliou sua produção musical e teatral, como escritor e ator no teatro e cinema. Passa pelas emissoras de seu tempo: TV Tupi, TV Continental, TV Rio e TV Excelsior.
Além de reconhecer a importância de quem conta a piada na frente da televisão, até descobrir que muitos bordões que ficaram eternizados nasceram de uma mesma mente criativa, como é o caso de Max Nunes, como já se disse alhures, com suas duas décadas dedicadas ao trabalho de fazer rir, criador de um dos esquetes mais hilários da história da televisão: O Primo Rico e o Primo Pobre. Em determinada hora precisamos ser convidados a nos retirar da sala de leitura da biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil, por pura incapacidade de conter o riso. Citando o quadro de humor do porteiro Severino do programa Zorra Total, que tem sua função básica de conferir cara “crachá, cara crachá”, por diversas vezes Severino cisma que a foto no crachá do diretor é a de Vossa Excelência Max Nunes, uma homenagem mais do que merecida a um dos roteiristas do humorístico Viva o Gordo. Mas o destino de quem escreve nem sempre é o de ficar por trás das câmeras, o pessoal do quadro Casseta e Planeta, por exemplo, eles eram figuras demais para ficar apenas no cargo de mentor intelectual da gozação. Foram mais de vinte anos assinando sucessos como TV Pirata e Doris para Maiores, quando arriscaram um voo mais alto, num dos programas humorísticos originais da TV. Um lado pouco reconhecido de Paulo Silvino é que ele tinha uma forte relação empírica e atoral com a música popular brasileira. Esse talento foi descoberto quando fez aulas com a mãe, a pianista e professora Noêmia Campos Silvino.
Quando era adolescente, ele virou crooner de um conjunto de rock. Nos anos 1950, Paulo Silvino encarnou um tipo pouco lembrado, Dickson Savana, cantor de rock que entrou na onda da revolução mundial causada por Elvis Presley em 1956. Veio a Bossa Nova em 1958 e, a partir dela, o sambalanço da década de 1960. Foi nesse balanço carioca que o artista se transformou em Silvino Junior, gravando já em 1960 o raríssimo e pouco conhecido álbum “Nova geração em ritmo de samba”. Mas foi a carreira de humorista que o projetou nacionalmente. Iniciou sua trajetória no rádio e, nos anos 1960, quando foi para a TV Rio de Janeiro. Apesar do reclame “Severino” ser seu personagem mais popular, Paulo Silvino fez memoráveis parcerias com Jô Soares, em programas de TV. Estreou na TV Globo em 1967, em TV Ó – Canal Zero e ganha prêmios como representa o melhor comediante de televisão do ano.
Desde então, apresentou e foi destaque em diversos programas de humor da TV Globo: Faça Humor, Não Faça Guerra, caracterizado como o primeiro programa de humor moderno da TV brasileira, transformando-se num marco com suas glosas e piadas curtas e cortes secos, Satiricom, contava com a participação fixa de Agildo Ribeiro, Paulo Silvino, Jô Soares, Renato Corte Real e Luiz Carlos Miele. Girava em torno de sátiras aos mais variados meios e processos sociais de comunicação, que historicamente se alongava desde a Idade da Pedra, da atividade humana com domínio e fabricação em pedra reconhecido como o período paleolítico, finalizado com a Revolução Agrícola ocorrida há aproximadamente 10 mil anos, como consta da etnologia produzida pelas pesquisas de Darcy Ribeiro. A originalidade do rádio, da escrita, da fala, da música, além, claro, da própria televisão, é satirizada e parodiada, com o Planeta dos Homens, Balança Mas Não Cai, Viva o Gordo e Brasil Pandeiro. Os artistas envolvidos no processo de trabalho artístico usavam o humor como formas de críticas estéticas, políticas e sociais e psicológicas de comportamento, essencialmente em: Satiricom (1973), Planeta dos Homens (1976), apresentando quadros de humor baseados em sátira de costumes, crítica social e paródias de programas de rádio e televisão. Neste aspecto Viva o Gordo (1981) é o primeiro programa dirigido por Jô Soares na rede Globo de televisão que ironizava a política e os costumes do país.
Vejamos resumidamente o conteúdo de sentido sociológico-humorístico dos refereidos programa televisivos: i) Balança Mas não Cai, foi um programa humorístico criado por Max Nunes e Paulo Gracindo na Rádio Nacional do Rio de Janeiro na década de 1950 e permaneceu até 1967, sendo ancorado por Milton Franco, que apresentava quadros humorísticos, supostamente passados nos apartamentos de um edifício residencial fictício, onde moravam as personagens. O sucesso comercial do programa fez com que seu tírulo se tornasse apelido de um edifício (real) superpopuloso no Centro do Rio de Janeiro e de outro em Belo Horizonte. Na televisão o programa estreou na Rede Globo em 16 de setembro de 1968, exibido nas segundas-feiras à noite, permanecendo no ar até dezembro de 1971. Inicialmente, era apresentado ao vivo e tinha como apresentador Augusto César Vannucci. O programa tornou-se líder de audiência ao reeditar personagens queridos do público no meio audiovisual. Em 1972, o humorístico possou a ser apresentado na TV Tupi e só retoenaria para a Globo em 1982, nos domingos à tarde, com apresentação de Paulo Silvino. No ano seguinte o programa foi cancelado; ii) Planeta dos Homens foi um programa humorístico produzido pela Rede Globo e exibido semanalmente de 1976 a 1982 às 21: 00 horas. A abertura de Planeta dos Homens tornou-se clássica, mostrando uma mulher (Wilma Dias) saindo de uam banana quando um macaco a abria. Inicialmente , ela aprecia de biquini, mas “a censura do governo militar fez a abertura ser refeita com um comportado maiô”.
O diretor Paulo Araujo é reconhecido do público por suas participações em novelas de sucesso como Irmãos Coragem (1970-1971) e o Homem que Deve Morrer (1971-1972), ambas de Janete Clair e, principalmente, por causa do seriado A Grande Família (2001-2014), em 14 temporadas e 485 episódios, no qual interpretou Agostinho, o genro. Os macacos Sócrates e Charles que apreciam no programa eram feitos por Orival Pessini, com máscaras especiais de sua propriedade. As máscaras de Pessini são feitas de latex e argola. O ator depois continuaria seu trabalho com novos personagens e outras máscaras, em outros programas humorísticos e infantis, sendo desses os amis famosos Patropi, Ranulfo Pereira e Fofão, um personagem fictício dos extintos programas de televisão, infantis brasileiros Balão Mágico e TV Fofão. Interpetado pelo ator e humorista Persini que faleceu no dia 14 de outubro de 2016, tornou-se bastante popular entre as crianças brasileiras nos anos 1980, chegando a ter seu próprio programa, além de dois discos de vinil, bonecos e diversos produtos licenciados; ii) V iva o Gordo, foi um programa de televisão humorístico exibido pela Rede Globo na década de 1980, com apresentação de Jô Soares e participação de convidados. Composto por esquetes feitos por Jô Soares, com texto de Max Nunes, onde mais de 300 personagens foram compostos durante seis anos do programa (1981-1987),quando apresentava quadros fixos e esquetes, com personagens vividos pelo humorista e o elenco de apoio, além da participação de convidados especiais.
Dentre os personagens mais famosos estão o Capitão Gay (criado por Max Nunes, para o Jô Soares e seu assistente Carlos Suely (Eliezzer Motta), Alice no País das Maravilhas, Reizinho, Ciça (ginasta), Aninha (a cozinheira que apresentava um programa de culinária), zé da Galera (com seu bordão Bota ponta Telê!), Vovó Nana, Pai Coruja e Dalva Mascarenhas (a mulheríssima). Grande parte do conteúdo das histórias eram críticasimplícitas ao governo de transição conservadora desse tempo. O último programa foi ao ar em 15 de dezembro de 1987. O título foi retirado de uma peça de teatro do Jô Soares, Viva o Gordo e Abaixo o Regime, fazendo trocadilho com a palavra regime, já que o Brasil estava na fase final da ditadura civil-militar; iv) Brasil Pandeiro, foi um programas produzido e apresentado pela Rede Globo no anos de 1978, sendo levado ao ar uma vez por mês na faixa de programa Sexta super. Mesclava números musicais e humor tendo como estrela a atriz Betty Faria, e seu título era uma referência-homenagem à canção de Assis Valente. No programa, a atriz encarnava a heroína brasileira Maria Maravilha, num quadro criativo com texto de autoria de Ruy Castro.
Em 1988, comandou inúmeras vezes o Cassino do Chacrinha, substituindo o Velho Guerreiro. Esteve no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) de 1989 a 1992, onde atuou no tradicional humorísrico A Praça É Nossa, programa de televisão humorístico criado em 1956 por Manuel de Nóbrega e na Escolinha do Golias, com Ronald Golias, programa de televisão humorístico criado por Carlos Alberto de Nóbrega, que foi produzido e exibido pela rede de televisão SBT. Participou da Escolinha do Professor Raimundo (1993 - 1995), na rede Globo, e da Escolinha do Barulho (1999), programa de TV da Rede Record, baseado no formato reconhecido da Escolinha do Professor Raimundo, e com vários personagens na TV Record. De volta à Rede Globo, participa do Programa Zorra Total, onde já fez muitos personagens, entre eles o mulherengo Alceu. Seu humor é fortemente baseado em bordões e piadas ambíguas de duplo sentido. É, portanto, típico daquele que fez escola nos programas no qual atuou cinicamente como comediante nas décadas de 1960 e 1970. São memoráveis os bordões do policial Fonseca, em quadro no qual contracenava com Jô Soares: “Guenta, doutor, ele gueeeeenta!!”, e do porteiro Severino: “isso é uma tremenda bichona, seu diretor” e, do quebra-galho: “Cara, crachá! Cara, crachá!”. O ator busca a piada simples, mas de gosto popular (cf. Agamben, 2017), com estereótipos criativos, popularizando assim a ilustração dos famosos bordões de seus personagens.
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No cinema brasileiro participou da chanchada Sherlock de Araque (1957), dirigido por Victor Lima para os estúdios da Herbert Richers, estrelado pelo humorista Costinha e pelo Palhaço Carequinha, que atua sem seus trajes circenses. Música de Orlando Costa (Cipó) e número musical com Carlos Imperial e Paulo Silvino. O roteiro foi escrito pelo jornalista e novelista, Moyses Weltman. Minha Sogra É da Policia, Valdemira (Violeta Ferraz) faz um curso de artes marciais e decide abrir uma agência de detetives dentro da própria casa e envolve a família, em especial o genro Evaristo (Costinha), um simples funcionário público, em inúmeras confusões. (1958), O Rei da Pilantragem (1968), as tentativas de conquista do pilantra Bebeto são geralmente interrompidas por acontecimentos intermitentes, surreais. Um Edifício Chamado 200 (1973), Alfredo Gamela é um carioca de 20 anos, que vive num pequeno apartamento num edifício treme-treme do bairro Copacabana com sua amante Karla e, embora não tenha dinheiro, gosta de aparentar que é rico e, para sermos breves, Com a Cama na Cabeça (1973), é um filme brasileiro de comédia erótica de 1973, protagonizado, dirigido, escrito e produzido pelo baiano de nascimento, carioca por adoção, Mozael Silveira que foi, como tantos, realizador generoso na década de 1970, sendo Paulo Silvino o autor do argumento. A
chanchada, é o espetáculo ou filme em que predomina um
humor ingênuo, burlesco, de caráter popular. As chanchadas (cf. Dourado, 2013; Moraes, 2018) foram muito populares e comuns no Brasil
nas décadas de 1930 e 1960. É neste período de industrialização entre as décadas de 1950 e 1960,
que os filmes ganham maior empatia com o consumidor da Sétima Arte e a Atlântida vive seu auge.
Ele fez parte ativamente de uma geração intelectualizada considerada de ouro do humor televisivo no país. As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas e afetivas diferentes em relação a um mesmo dado problema. O nascimento num contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo âmbito social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. Mas a forma como grupos de uma mesma conexão geracional lidam com os fatos históricos vividos, por sua geração, que tendo como escopo a crítica e a autocrítica, fará surgir distintas unidades geracionais no âmbito da mesma conexão geracional no conjunto da sociedade. O tabu expressa, como conceito, um sentimento individual (sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos) sobre um comportamento dicotômico, num ambiente entre amigos de um lado, e inimigos, do outro. Pode ser compreendido de forma diferente das regras sociais, como construção cultural típica de sociedades mais complexas, de acordo com seu uso ou motivação psicológica: uns são devido ao medo, ou um sentimento de delicadeza e outros, a um sentido de decência e decoro.
Bibliografia geral consultada.
BECKER, Howard, Los
Extraños. Buenos Aires: Editorial Tiempo Contemporâneo, 1971; TOURAINE,
Alain, La Produzione della Società. Bolonha: Il Mulino, 1973; LASCH,
Christopher, A Cultura do Narcisismo: A Vida numa Era de Esperança em
Declínio. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1983; MARCONDES FILHO, Marcondes, Televisão: A Vida pelo Vídeo. São Paulo: Editora Moderna, 1988; AUGUSTO, Sérgio, Esse Mundo é um Pandeiro: A Chanachada de Getúlio a JK. São Paulo: Editora Companhia das Letras; Cinemateca Brasileira, 1989; MANNHEIM, Karl, “El Problema de las Generaciones”. In: Revista Española de Investigaciones Sociológicas, n° 62, pp. 193-242; 1993; MEZAN, Renato, A Sombra de Dom Juan. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993; MORAIS, Fernando, Chatô: O Rei do Brasil, a Vida de Assis Chateaubriand. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1994; JAY, Martin, A Imaginação Dialética: História da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisas Sociais, 1923-1950. Rio de Janeiro: Editor Contraponto, 2008; ASLAN, Odette, O Ator no Século XX. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010; FREIRE, Rafael de Luna, Carnaval, Mistério e Gangsters: O Filme Policial no Brasil (1915-1951). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2011; DOURADO, Ana Karícia Machado, Chanchada: Performance do Insólito e Paradoxo do Comediante. Tese de Doutorado. Departamento de História. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; AGAMBEN, Giorgio, Gosto. 1ª edição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017; ORICCHIO, Luiz Zanin, “Como Cantor de Rock e de Samba, Paulo Silvino deixou sua Marca na Música Popular Brasileira”. In: O Estado de S. Paulo, 17 de agosto de 2017; COELHO, Paulo Henrique, “Filhos Relembram Convivência com Paulo Silvino e Agradecem Carinho”. In: https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/17/08/2017; MORAES, Lidianne Porto, Vai que Cola: A Neochanchada como Proposta para uma Comédia à Brasileira. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2018; LE BRETON, David, Antropologia das Emoções. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2019; entre outros.
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