segunda-feira, 22 de julho de 2019

La Casa de Papel - Televisão & Excitante Novela Política Espanhola.

                                                                                                      Ubiracy de Souza Braga

 “Afinal, o amor é uma boa razão para que tudo fracasse”. Álex Pina, La Casa de Papel 

          
             As origens da forma discursiva novela como gênero literário remontam aos primórdios do Renascimento, designadamente a Giovanni Boccaccio, um importante escritor e poeta italiano do século XIV. Sua principal obra é Decameron, um conjunto de histórias curtas, em realidade, contos. Trata-se de uma compilação de cem histórias narrada por dez pessoas, refugiadas numa casa de campo para escaparem aos horrores da Peste Negra (cf. Gottfried, 1983) a qual é objeto de vívida descrição no preâmbulo da obra. O nome pela qual ficou conhecida representa uma das mais devastadoras pandemias na história humana, resultando na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia que forma em conjunto a relação espacial e demográfica entre a Europa e a Ásia, com várias regiões costeiras distintas: o Oriente Médio, Sul da Ásia, Ásia Oriental, Sudeste Asiático e Europa, ligado a massa interior da estepe eurasiana da Ásia Central e Europa Oriental. Embora geograficamente em um continente separado, o norte da África, histórica e culturalmente, tem sido integrado na história da Eurásia. Somente no continente europeu, estima-se que tenha vitimado pelo menos um terço da população em geral, sendo o auge da peste entre os anos de 1346 e 1353.
              Filho de um mercador, Boccaccio não se dedicou ao comércio como era o desejo de seu pai, preferindo cultivar o talento literário que se manifestou desde muito cedo. Foi um importante humanista, autor de um número notável de obras, incluindo Decameron, e o poema alegórico, Amorosa visione (Visão Amorosa) e De claris mulieribus, uma série de biografias de mulheres ilustres. O livro apresenta as muheres, até então relegadas ao segundo plano, equiparadas aos homens, com os mesmos direitos de usufruir os prazeres da vida, como o amor, a liberdade e as aventuras. Mas o que mais perturbou a sociedade na época foram o realismo e a sensualidade da narrativa. Nada até então havia sido tão chocante como os termos explícitos de Decameron que ocasionaram as mais duras críticas e todo o tipo de censura das autoridades religiosas. O Decameron representa o primeiro grande realista da literatura universal. Ao longo de dez dias, sete mulheres e três homens, para ocuparem as longas horas de ócio do seu isolamento, combinam que todos os dias cada um narraria uma história, subordinada a um tema designado por um deles. Boccaccio é considerado, por muitos estudiosos, como um dos precursores do humanismo, que foi de extrema importância no Renascimento Italiano na literatura e nas artes plásticas. É também considerado uma dos maiores contadores de historias apresentando uma narrativa singular na Europa do século XIV.





 Refira-se a analogia noutra obra escrita em francês, com o mesmo tipo de estruturação: Heptameron, da autoria de Margarida de Navarra, rainha consorte de Henrique II de Navarra. Neste caso, são dez viajantes que se abrigam de uma violenta tempestade numa abadia. Impossibilitados de comunicarem com o exterior, todos os dias cada um narra uma história, real ou inventada. Em jeito de epílogo, cada uma é concluída com comentários dos participantes, em ameno diálogo. Era intenção da autora que, à semelhança do Decameron, a obra compreendesse cem histórias, porém a morte impediu-a de realizar o seu intento, não indo além da segunda história do oitavo dia, num total de 72 relatos. Será também a morte prematura que poderá explicar certa pobreza de estilo, contrabalançada, porém por uma grande perspicácia psicológica. Os estudos de gênero da literatura de língua portuguesa classificam, grosso modo, uma narrativa em romance, novela ou conto. É comum dividirmos romance, novela e conto pelo número de páginas. Em média, a novela tem entre 50 e 100 páginas, com uso técnico-metodológico de 20 mil a 40 mil palavras. Entretanto, o romance tem diferenças importantes em relação ao gênero novela, e convém notar a diferença dos termos em diferentes línguas. Os equivalentes de novela em inglês, francês e espanhol são: novella, nouvelle e “novela corta” ou novele, respectivamente, enquanto o romance é chamado novel, em inglês, roman, em francês, e novela, em espanhol. Efetivamente, tradição, educação, linguagem são os componentes nucleares da cultura e formam os ídolos da sociedade na perspectiva de poder dizer sua palavra.
          A sociologia é um poderoso conhecimento que, nas suas origens e limitações históricas inevitáveis permitem uma relativa emancipação. Se a cultura contém um saber coletivo acumulada em memória social, se é portadora de princípios, modelos, esquemas de conhecimento, se gera uma visão de mundo, se a linguagem e o mito são partes constitutivas da cultura, então a cultura, segundo Edgar Morin (2008), não comporta somente uma dimensão cognitiva; é por assim dizer, uma “máquina cognitiva cuja práxis é cognitiva”. Nesse sentido, podemos dizer metaforicamente que a cultura de uma sociedade determinada funciona como uma espécie de “megacomputador complexo”. Que memoriza todos os seus dados cognitivos e, portadora dessa memória coletiva, prescreve as normas práticas, éticas, políticas dessa sociedade complexa. Mas uma cultura abre e fecha as suas potencialidades bioantropológicas do conhecimento. Ela as abre e atualiza fornecendo aos indivíduos o seu saber acumulado, a sua linguagem, os seus paradigmas, a sua lógica, ipso facto seus esquemas de domínio, os seus métodos de aprendizagem, investigação, de verificação, mas ao mesmo tempo em que ela as fecha. Inibe com as suas normas técnicas, regras, proibições, tabus do corpo, o seu etnocentrismo, a sua sacralização, a sua “ignorância de sua ignorância”, na expressão de Morin sendo que o que abre o conhecimento é o per se que fecha o conhecimento.
   Mas alimentam-se de memória biológica e de memória cultural, associadas em sua própria memória, que obedece a várias entidades de referência, diversamente presentes nela. A percepção das formas e das cores e a identificação dos objetos e dos seres obedecem à conjunção de esquemas inatos e de seus esquemas culturais de reconhecimento. Tudo o que é linguagem, lógica, consciência, tudo o que é espírito e pensamento, constitui-se na encruzilhada dessa “máquina cerebral” que se movimenta entre dois princípios de tradução, um contínuo análogo, o outro descontínuo, digital, binário. As culturas modernas justapõem, alternam, opõem, complementam uma enorme diversidade de princípios, regras, métodos de conhecimento expressos através dos meios distintos de vária interpretação: racionalistas, empiristas, místicos, poéticos, proféticos, religiosos. Assim, descobrimos a complexidade genérica do conhecimento humano. Mas não é somente o reconhecimento egocêntrico de um sujeito sobre um objeto. Mas o conhecimento de um sujeito portador de vários centros-sujeitos de referência. A cultura está nos espíritos, vive neles os quais estão na cultura não obstante o reconhecimento de temores e horrores, mas o seu aprendizado.
      La Casa de Papel retrata os dias de um assalto e sequestro na Casa de Moeda. Um homem misterioso, cujo passado é desconhecido e chamado apenas de Professor, recruta seus próprios “cães de aluguel” para realizar aquele que é empreendido como o maior roubo do século. Tal qual o Professor, os ladrões adotam nomes de cidades do mundo, na tentativa de esconder a identidade deles. Temos então as personagens: Tóquio (Úrsula Corberó), Nairóbi (Alba Flores), Rio (Miguel Herrán), Moscou (Paco Tous), Berlim (Pedro Alonso), Denver (Jaime Lorente), Helsinque (Darko Peric) e Oslo (Roberto García). Todos, segundo o orquestrador do golpe de mestre, foram escolhidos pelas especialidades próprias: a assassina é Tóquio, enquanto Rio é o hacker e os “músculos” são Helsinque e Oslo e por não terem nada a perder. O plano é engenhoso e envolve uma síndrome de Robin Hood, um personagem mítico inglês que roubava dos ricos e distribuía aos pobres, o que auxilia o público ideologicamente a se identificar com os ladrões, pois a ideia de um anti-herói que subtraia dos ricos e repasse aos pobres, agrada, pois não se trata simplesmente roubar o dinheiro dos outros, mas, fabricar ¤ 2,4 bilhões durante 11 dias. Para isso, é arquitetado um sequestro de 67 pessoas que estavam dentro do local de trabalho: funcionários, visitantes e estudantes.
                A Casa de Papel tem como background a “maldita sede pelo dinheiro”. A principal dificuldade da análise do dinheiro é vencida quando se compreende que o dinheiro tem a sua origem na própria mercadoria. Deste pressuposto, apenas resta conceber nitidamente as determinidade que lhe são próprias; o que é dificultado em certa medida pelo fato de que todas as relações aparecem transformadas em ouro ou prata, aparecendo como relações monetárias. Marx chamava a atenção para o fato da quantidade de trabalho necessário para produzir uma mercadoria variar constantemente ao variarem as forças produtivas do trabalho aplicado. Proporcionalmente quanto maiores são as forças produtivas do trabalho, mais produtos se elaboram num tempo de trabalho dado, e quanto menores são, menos se produzem na mesma unidade de tempo. Daí que quanto maior é a força produtiva do trabalho, menos trabalho se inverte numa dada quantidade de produtos e, portanto, menor é o valor destes produtos. Marx analiticamente restabeleceu o equivalente do valor-trabalho: “estão na razão direta do tempo de trabalho invertido em sua produção e na razão inversa das forças produtivas do trabalho empregado”. O preço de uma mercadoria representa a expressão em dinheiro do valor dessa mercadoria realizada no processo de subsunção do trabalho. O valor-trabalho e o bem produzido por seu trabalho estabelece uma razão segundo a qual à mercadoria que requer mais trabalho para ser produzida, deveria corresponder uma maior remuneração do trabalhador que a produz. Este valor situado no preço final do produto traria proporcionalmente maior igualdade do preço nas relações de trabalho.  
E a forma dinheiro parece possuir, por conseguinte, um conteúdo infinitamente variado que lhe é estranho. Não é possível tratar, na esfera da circulação simples, o modo como se estabelece praticamente esta equiparação. Todavia é evidente que nos países produtores de ouro e prata um determinado tempo social de trabalho é imediatamente incorporado numa determinada quantidade de ouro e prata. Ao passo que nos países que não produzem ouro ou prata chega indiretamente ao mesmo resultado, através da troca, direta ou não, de mercadorias nacionais. Isto é, de certa quantidade do trabalho médio nacional, por uma quantidade determinada de tempo de trabalho dos países, que possuem minas, materializado no ouro e na prata. Sua variação de valor é regida pela lei dos valores de troca. Invariado o valor de troca das mercadorias, uma elevação geral de seus preços-ouro só será possível se cair o valor de troca do ouro. Invariado o valor de troca do ouro, no âmbito do mercado global só será possível uma elevação geral dos preços-ouro se aumentarem o valor de troca de todas as mercadorias.   
La Casa de Papel é uma série de televisão espanhola do gênero de filmes de assalto. Criada por Álex Pina para a rede televisiva espanhola Antena 3, uma emissora de TV por Assinatura espanhola a série estreou em 2 de maio de 2017, sendo protagonizada por Úrsula Corberó, Álvaro Morte, Itziar Ituño, Paco Tous, Pedro  Alonso, Alba Flores e Miguel Herrán. Estreou ao longo de 2017, em duas partes, com 15 episódios no total, e uma média de 70 minutos de duração. Foi adquirida pela Netflix  uma provedora global de filmes e séries de televisão via streaming, estatisticamente com mais de 100 milhões de assinantes para um público intercontinental/global, La Casa de Papel passou por mudanças: os 9 primeiros episódios foram editados em 13, com até 50 minutos cada um. A série foi adicionada internacionalmente no catálogo da Netflix no dia 25 de dezembro de 2017 com uma nova edição e diferente quantidade de episódios. A série recebeu críticas positivas e ganhou em 2018, o Emmy Internacional concedido pela Academia Internacional das Artes & Ciências de melhor série dramática. A Netflix renovou a série para uma terceira parte. Em 1° de abril a Netflix anunciou a data de estreia da terceira parte, da série espanhola marcada para 19 de julho de 2019. Um homem misterioso que atende pelo nome de El Profesor, está planejando o maior assalto bancário do século.

 A fim de realizar o ambicioso plano ele recruta oito pessoas com habilidades e que não têm nada a perder. O objetivo é se infiltrar na Casa da Moeda da Espanha, de modo que eles possam imprimir 2,4 bilhões de euros. Eles precisam de onze dias de reclusão, durante os quais vão ter que lidar com 67 reféns e as forças da Polícia de elite, com cenas de muita ação e planos brilhantes de El Profesor, que acaba se apaixonando pela policial que está encarregada no caso do assalto a Casa da Moeda. Criada por Álex Pina, um espanhol de Pamplona, La Casa de Papel chegou ao serviço de streaming Netflix e ganhou seguidores. Mas curioso foi encontrar gente vestida com o uniforme dos “bandidos da série”, representados com um macacão vermelho e uma máscara do pintor surrealista Salvador Dalí, dentro do universo da série escolhido por acaso: é um dos artistas preferidos do Professor, nos blocos de carnaval de São Paulo. A Fundação Gala-Salvador Dalí, instituição criada para proteger e promover o legado do artista espanhol busca o controle sobre os direitos de imagens do pintor. Segundo o jornal El País, a organização está preocupada com o uso do rosto de Dalí nas máscaras utilizadas pelos ladrões protagonistas da série La Casa de Papel. – “Estamos em vias de regularizar os usos do direito de imagem de Salvador Dalí”, afirmou a Fundação. 
No século XVIII havia Casas de Moedas estatais e privadas, mas o Rei Felipe V decidiu que todas elas deveriam ser controladas pelo Estado. No século XIX, existiam 7 empresas de fabricação, e cada qual possuía um modelo diferente de siglas e signos. Todas elas, menos a de Madrid, desapareceram depois que a Peseta passou a ser considerada a moeda nacional. A Fábrica Nacional de Moneda y Timbre foi criada em 1893, com a fusão de dois organismos estatais, a Casa da Moeda e a Fábrica de Selo. Antigamente, estava situada na Plaza de Colón, mas tornou-se obsoleta com o tempo, sendo levada para outro edifício que foi inaugurado em 1964, sua atual sede. Quando foi derrubada, o local foi transformado nos “Jardins do Descobrimento” em 1970. Conta com um Centro Cultural e com esculturas que simulam as caravelas comandadas por Cristóvão Colombo durante sua viagem de descobrimento do continente sulamericano. Além do mais, o jardim está presidido pela maior Bandeira da Espanha que existe no mundo. A Fábrica Nacional de Moneda y Timbre foi o cenário para a trama da série “La Casa de Papel”, cujo roteiro relata ao assalto de um grupo de pessoas à instituição. 
A série espanhola La Casa de Papel entrou para o catálogo da Netflix no final de dezembro de 2017 e, mesmo sem nenhum tipo de divulgação massiva, rapidamente conquistou uma grande audiência. Originalmente, a série foi escrita para a Antena 3, na Espanha, e tem quinze episódios ao total, tendo nove em sua primeira temporada e seis na segunda. Ao entrar na Netflix, os nove primeiros episódios foram transformados em treze, e a segunda parte da temporada, com os capítulos restantes, tem sua estreia no catálogo com previsão para abril de 2018. Criada por Álex Pina, La Casa de Papel aborda o que seria “o maior assalto do século”, no qual oito criminosos com a ajuda do “Professor”, interpretado por Álvaro Morte, o gênio por trás do crime, se infiltram na Casa da Moeda, em Madri, para que eles possam imprimir 2,4 bilhões de euros. Para que o plano dê certo, eles precisam da margem de 11 dias para imprimir as notas e, por isso, fazem 67 pessoas reféns no local, incluindo a filha do embaixador do Reino Unido. Não demora muito para que a polícia de elite das mais complexas dentro da União Europeia (UE) seja acionada e a ação de verdade comece.
Com excessos pelo carisma dos personagens e a adrenalina da missão, a série de orçamento limitado produzida pela emissora espanhola Antena 3 virou sucesso mundial ao entrar na Netflix. Precisava de uma continuação? Talvez não. Mas é difícil ignorar a projeção que ela ganhou. Em uma das cenas, o Professor (Álvaro Morte) mostra ao grupo imagens de protestos pelo mundo com as máscaras de Dali e o macacão vermelho como símbolo do sucesso. A produção usou imagens de protestos reais, inclusive no Rio de Janeiro. A prisão e a tortura de Rio são transformadas pelos personagens em uma afronta aos direitos humanos. A partir de então, partem em uma incursão contra o Estado todo poderoso, exigem um advogado e um julgamento sob a lei para ele. É um tema importante, mas não tem o mesmo apelo que a justiça social pregada na primeira temporada. Para negociar com o Estado, eles invadem o Banco da Espanha, onde está guardado o ouro bruto do país. E aí há uma dinâmica muito explorada pela série: reféns assustados, assaltantes atrapalhados e o xadrez agonizante entre o Professor e a polícia.
A chegada de novos personagens dinamiza a equipe e renova o fôlego. E as muitas viagens no tempo alteram o tom da série e são partes de um esforço cognitivo de trazer profundidade, com exploração da origem social e sentimentos dos personagens. Quem mais se destaca nessa extraordinária jogada é Berlim. Morto no fim da segunda temporada, o personagem aparece em flashbacks que narram a descoberta de sua doença e como ele criou o plano agora posto em prática pelo grupo. Em locações regionais bonitas pela Itália, o personagem está em seu melhor estilo bon-vivant, com um ar de muito deboche, inteligência e sensibilidade. E ouvir espanhol falado com gosto. Se você se surpreende ou se delicia ouvindo as expressões espanholas a plenos pulmões, a estratégia disciplinar da equipe deu certo. Depois de décadas neutralizando o sotaque a fim de tornar os produtos midiáticos mais palatáveis em mercados externos, os espanhóis, sobretudo os produtores da série, estão interessados em escancarar suas particularidades ao mundo social. Alex Pina, disse em entrevista à revista Variety que “a temporada quer valorizar não só o espanhol da Espanha, mas também a latinidade”. Na última temporada, Nairóbi declarava o começo do matriarcado. Não durou!


E, pelo menos no começo da nova temporada, também não há sinais dele. O professor continua coordenando. E a cabeça de tudo na trama psicológica é Berlim. Mas as mulheres estão mais combativas, falam abertamente sobre o machismo e lutam contra ele. Nairóbi, com seu jeito espalhafatoso-divertido comanda ações importantes do roubo. Tóquio se destaca no campo das relações pessoais, seja se livrando de uma monogamia com Rio de Janeiro ou dizendo ao novo colega que não fale de sua vagina. Pelo menos um pouquinho do sucesso de “La Casa de Papel” está ligado à efusividade da música “Bella Ciao”, uma canção popular italiana, provavelmente composta no final do séc. XIX. Na sua origem, teria sido um canto de trabalho das Mondine, trabalhadoras rurais temporárias, em geral provenientes da Emilia Romagna e do Veneto, que se deslocavam sazonalmente para as plantações de arroz da planície Padana que se estende de oeste a leste, entre os Alpes a norte e os Apeninos a sul, tendo aproximadamente no centro o rio Pó; o adjetivo “padana” deriva do nome do rio em latim, “Padus”.
Mais tarde, a mesma melodia foi base para uma canção de protesto contra a 1ª grande guerra. Finalmente, a mesma melodia foi usada para a canção que se tornou um símbolo da Resistência italiana contra o fascismo durante a 2ª guerra mundial. A música tem como representação o hino da resistência italiana contra o fascismo de Benito Mussolini e das tropas nazistas. Essa referência aparece na série, sendo revelada pela personagem Tóquio (Úrsula Corberó), ao falar do mentor do assalto. – “A vida de Professor girava em torno de uma única ideia Resistência. Seu avô, que tinha ficado ao lado dos partigiani, como são chamados os heróis da resistência antifascista, para derrotar os fascistas na Itália, lhe havia ensinado essa música e depois ele nos ensinou”, diz ela numa cena. Bella Ciao tornou-se reconhecida em todo o mundo e foi gravada por vários artistas dentre italianos, russos, bósnios, croatas, sérvios, húngaros, ingleses, espanhóis, alemães, turcos, japoneses, chineses, brasileiros e curdos. Mas há outra música famosa entoada: a cubana “Guantanamera”, das mais célebres canções da música cubana, de autoria de José Martí e música Josito Fernandez. Guantanamera é o gentílico (feminino) para as nascidas em Guantánamo, província do sudeste de Cuba. A música datada de 1963 é a mais conhecida do grupo Sandpipers que marcou as décadas de 1960-70 com suas harmonias vocais e arranjos inovadores de baladas e sucessos populares.
Bibliografia geral consultada.  

NAPOLEONI, Claudio, Smith, Ricardo, Marx. Considerazioni sulla Storia del Pensiero Econômico. Torino: Boringhieri Editore, 1970; LUHMANN, Niklas, “L’Opinione Pubblica”. In: Stato di Diritto e Sistema Sociale. Napoli: Guida Editori, 1978; OROZCO, Guillermo, “O Telespectador Frente à Televisão: Uma Exploração dos Processos de Recepção Televisiva”. In: Comunicação: Teorias e Metodologias. Volume 5, n° 1, pp. 27-42, 2005; PEDROSSIAN, Dulce Regina dos Santos, A Ideologia da Racionalidade Tecnológica, o Narcisismo e a Melancolia: Marcas do Sofrimento. Tese de Doutorado em Psicologia Social. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2005; MORIN, Edgar, O Método. 4ª edição. Porto Alegre: Editora Sulina, 2008; MORAES, Andréa Pereira, Mudar o Mundo ou Mudar a Vida: Uma Representação da Crise das Subjetividades Políticas nos Romances Luísa (Quase uma História de Amor) e Aos Meus Amigos, de Maria Adelaide Amaral. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística. Faculdade de Letras. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2010; HILFERDING, Rudolf, Il Capitale Finanziario. Tradução de Vittorio Sermonti, Savero Vertone. Milano: Editore Mimesis, 2011; BOCCACCIO, Giovanni, Decameron. Tradução de Ivone Benedetti. Porto Alegre: L&PM Editores, 2013; PIKETTY, Thomas, Le Capital au XXIe Siècle. Colecção: Les Livres du Nouveau Monde. Paris: Éditions Du Seuil; 2013; TÁRDÁGUILA, Cristina, A Arte do Descaso: A História do Maior Roubo a Museu no Brasil. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2016; JONES, Gareth Stedman, Karl Marx: Grandeza e Ilusão. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2017; CARVALHO, Eurídice Janaína Ferreira de, et alii, “La Casa de Papel: Um Estudo sobre a Inversão de Valores Presentes na Série Espanhola”. In: Intercom - XX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste - Juazeiro, Ba, 5 a 7 de julho de 2018; LIMA, Cecília Almeida Rodrigues, Telenovela Transmídia na Rede Globo: O Papel das Controvérsias. Tese de Doutorado. Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2018; SILVÉRIO, Bruna Maria Silva, Entre o Apagamento das Diferenças e o sonho da Imigração: Uma Análise Discursiva de Identidades nos Livros Didáticos de Espanhol. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2019;  entre outros.

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