Ubiracy de Souza Braga*
“A elegância pode ser o esquecimento total do que se está vestindo”.
Yves Saint LaurentO
O filme: “Yves Saint Laurent” só tem
os motivos sociais para agradar a todos: da empregada doméstica negra, no caso
brasileiro, ao “bom burguês”, branco, urbano, cristão e correr para fila do cinema.
O longa-metragem, dirigido por Jalil Lespert, é uma das duas cinebiografias do
estilista francês lançadas este ano: “Saint Laurent”, com Gaspard Ulliel. Com
base no livro “Cartas a Yves”, publicado por Pierre Bergé, a produção foca no
relacionamento entre Yves e Bergé, sem deixar de lado a genialidade do
estilista. Não era segredo que Bergé permitiu a filmagem no estúdio parisiense
de Yves, assim como “no lar do casal em Marrocos”. O apoio e a solidariedade de
Pierre Bergé foram além das locações – ele garantiu acesso a todas as peças
oficiais Yves Saint Laurent, garantindo figurino original. Jalil dá uma atenção
especial às peças, recriando os mais importantes desfiles, assim como a criação
da coleção Mondrian e o lendário “Le Smoking” da marca YSL.
O diretor Jalil Lespert partiu do livro de Laurence Benaïm (2002), “est une journaliste française spécialisée dans le domaine de la mode” (cf. Benaïm, 2010; 2013), com livre acesso à trajetória do protagonista, autorizado por seu companheiro de vida, Pierre Bergé. Assim, não se deve estranhar que o idealizador da carreira bem-sucedida e esteio para as horas amargas saiam em ângulo tão ou mais valoroso que seu protegido. Da hipocrisia, reconheça-se, só haverá aquela das belas cenas dos “salões do mundo” da moda francesa, dos quais o precoce e tímido Saint Laurent, um detalhista Pierre Niney, desde a independência de seu mentor Christian Dior, procura se esquivar. Há, porém, o círculo fútil de amigos, congênere entre as celebridades e os mercados em que são vazios no que podem lhe oferecer, mas astutos no que tirar. Só não conseguem a contento porque Bergé, interpretado por Guillaume Galienne, o diretor de “Eu, Mamãe e os Meninos”, protege a estrela, enquanto se ocupa de organizar e prosperar a rede de negócios. São muitos os cuidados a um ser frágil: a) desde a criação na Argélia. Desenvolverá: b) uma síndrome maníaco-depressiva e, c) esbaldará nas drogas e no sexo desenfreado, cercado do luxo, da famosa coleção de arte e do exotismo do Marrocos que representa a convergência de conceitos desde o pico das montanhas Alto Atlas, no Vale Ourika, a uma hora de carro de Marrakesh, a vila parece brotar daquelas áridas terras.
O
termo discurso pode também ser definido do ponto de vista lógico. Quando
pretendemos significar algo a outro é porque temos a intenção de lhe transmitir
um conjunto de informações coerentes - essa coerência é uma condição essencial
para que o discurso seja entendido. São as mesmas regras gramaticais utilizadas
para dar uma estrutura compreensível ao discurso que simultaneamente funcionam
com regras lógicas para estruturar o pensamento. Um discurso político, por
exemplo, tem uma estrutura e finalidade muito diferente do discurso econômico.
Mas politicamente pode operar a dimensão econômica produzindo efeitos sociais
específicos em termos de persuasão. Como poucas obras da Antiguidade,
descoberta em 1820 na ilha de Milo, a Vênus de Milo, sobreviveu relativamente
incólume à crítica romântica e modernista, vendo sua fama crescer
indefinidamente. Têm sido objeto de muitos estudos especializados e adquiriu o
status de ícone popular, no âmbito da reprodutibilidade técnica do capital,
muitas vezes incontáveis como estatueta, em estampas, filmes, literatura,
souvenires turísticos e outros itens para o consumo de massa. É hoje uma das
estátuas antigas mais conhecidas do mundo. Sua autoria e datação permanecem
controversas, mas formou-se um consenso de que seja realmente uma obra
helenística que, no entanto, recupera elementos clássicos, e às vezes é
atribuída a Alexandros de Antioquia, um escultor helenístico. Apesar de conter
uma representação social de Vênus, deusa da beleza e do amor, tampouco essa
identificação é absolutamente segura. Indica primícias na formação do discurso
político que emerge acompanhado de um progresso correspondente.
O drama francês dirigido por Jalil
Lespert é uma cinebiografia do consagrado designer de moda Yves Saint Laurent
(1936-2008) e tem como principais focos a fase de ouro de criação do estilista
e a relação de amor dele com o empresário Pierre Bergé, cofundador da marca YSL
e seu companheiro. Bergé, inclusive, autorizou a produção do filme. O longa-metragem
é inspirado no livro: “Cartas a Yves”, de Bergé, e retrata o período da vida de
Saint Laurent de 1950 a 1980, do início da carreira, quando o então promissor
estilista assume o posto de seu mentor Christian Dior, até o trabalho dele ser
reconhecido como um dos mais importantes da alta-costura do século 20. Com uma
trajetória ricamente marcada pelo sucesso e pelo declínio, Yves Saint Laurent
era obcecado com detalhes e completamente aficionado pelo sucesso.
Diagnosticado com transtorno bipolar, enfrentou sérios problemas com álcool e
drogas. Além disso, no filme de Jalil Lespert, é possível ver peças originais
criadas pelo estilista. O designer é
interpretado pelo jovem Pierre Ninney, cuja atuação no papel sem temor a erro foi não só considerada pelo talento, mas aclamada pela
crítica especializada.
Jalil
Lespert é um ator, roteirista e diretor francês. Filho de pai de etnia francesa
(Pied-Noir), ator Jean Lespert, e mãe argelina, que é advogada e jurista,
Lespert primeiro estudou Direito, para agradar a mãe. Mas ele estava mais
interessado em atuar. Ele se casou com Sonia Rolland, uma ex-Miss França, com
quem tem uma filha chamada Kahina. Ele também tem outros dois filhos, Jena e
Aliosha, de um relacionamento anterior. Lespert estreou no cinema em 1995, no
filme Jeux de Plage, de Laurent Cante , ao lado de seu pai. Seu primeiro
grande papel veio em 1999, no filme Nos vies heureuses de Jacques Maillot. No
ano seguinte, ele apareceu em outro filme de Cantet, Ressources humaines, que
lhe rendeu o Prêmio César de Ator Mais Promissor em 2001. Sua carreira decolou
e ele apareceu em vários filmes, interpretando os mais diversos personagens,
como um jardineiro sensual em Sade, um fisiculturista viciado em Vivre
me tue, um boxeador em Virgil, um artista de vanguarda em Alain
Resnais Pas sur la bouche, jornalista do Le Promeneur du Champ de Mars,
de Robert Guédiguian, etc. Lespert dirigiu seu primeiro filme em 2007, 24
mesures, com Benoît Magimel e Sami Bouajila. Seu segundo longa-metragem
como diretor, Des Vents Contraires (2011), contou com Magimel ao lado de
Audrey Tautou e Isabelle Carré.
Pode-se chamar Coco Chanel de muitas
coisas, menos de insegura. – “Este vestido básico vai virar uniforme de todas
as mulheres de bom gosto”, declarou à revista norte-americana Vogue, em 1926. A confiante estilista
francesa referia-se a nada menos do que o lendário “pretinho básico”, peça
encontrada atualmente nos mais variados cortes e tecidos nos armários femininos
de todas as partes do mundo. Apesar de não ter sido exatamente a criadora do “modelito”,
foi Chanel quem o tornou um clássico da moda. Ao lançar a elegante peça, com
caimento no joelho e todo na cor negra, Chanel chocou a sociedade conservadora
da época e quebraram tabus do corpo. Até então, as mulheres usavam roupas até o
tornozelo. O preto por razões históricas e principalmente etnologia, era relegado às serviçais rememorando a servidão
escravagista-racista. A confiança da estilista francesa, porém, convenceu com
forte apelo os Editores da Vogue a anunciar “o vestido que o mundo todo vai
usar”.
A moda é um lugar de observação
privilegiado para ver “funcionar o social”. É
apaixonante e cruel, porque se descobrem coisas que estão na moda em um ano e,
no ano seguinte, têm de se renovar para alcançarem uma nova moda. Por outro
lado, a moda não é favorável ao mito, porque é demasiado rápida. O mito precisa
se instalar adquirir peso, criar tradições, por isso a cantora britânica Amy
Winehouse virou mito, já que não vivemos a aceleração da história, mas a aceleração
da “pequena história”, para concordarmos com a etnologia de Marc Augé. É,
portanto, precisamente com a “crise do desejo”, órfão e ateu, que podemos
encontrar mitos, porque é fixo, imóvel, agressivo, como ocorrem “fora o mito de
esquerda”, que morreram, aos ecos da ecologia para salvar a nossa casa, o
planeta Terra, como insinua a teologia crítica e libertária de nosso maior
teólogo, Leonardo Boff, à questão tópica do aborto, ou as lutas contra as
formas de preconceito político e cultural e de racismo. O mal-estar e a crise
da civilização de que falava Freud, é talvez uma crise do desejo.
A
psicossociologia tem como representação abstrata do indivíduo o estudo de problemas comuns à psicologia e à sociologia,
particularmente a maneira como o comportamento individual é influenciado pelos
grupos aos quais a pessoa pertence. Por exemplo, no estudo dos criminosos a
psicologia estuda a personalidade latente do criminoso moldada pela educação do
criminoso. A sociologia estuda o comportamento teórico e prático do próprio
grupo num processo de interação em geral: os métodos que o grupo criminoso usa
para recrutar membros e a maneira como o grupo muda ao longo do tempo.
Psicossociologia estuda o comportamento do criminoso, que é criado pelo grupo
ao qual pertence, como os jovens que moram no mesmo quarteirão do bairro.
Existem muitos fatores sociais que podem afetar a psicologia dos outros. Um
exemplo disso são as chamadas panelinhas sociais. Se alguém é aceito em seu
grupo desejado ou não, isso muda a maneira como eles pensam sobre si mesmos e
as pessoas ao seu redor. Amizades em idades jovens enquanto crescem também têm
muito a ver não apenas com o desenvolvimento psicológico, mas também com
habilidades e comportamento social. O mesmo vale para as leis comuns na
sociedade. Se o grupo de um indivíduo decide obedecer por eles ou não, isso
afeta a visão desse indivíduo sobre a lei e seu grupo como um todo. A maneira
como as pessoas podem agir ou falar dita a maneira como os outros as veem em
uma sociedade. Por exemplo, os indivíduos podem ver a autoridade de muitas
maneiras diferentes, dependendo de suas experiências e do que os outros lhes
disseram. Por isso, com base no conhecimento social de autoridade das pessoas,
suas opiniões e ideias são muito diferentes.
Cada indivíduo tem seu próprio processo de pensamento psicológico único
e pessoal no qual eles usam para analisar o mundo ao seu redor. As pessoas
internalizam e processam fatores sociológicos de maneira relativa ao seu
processo de pensamento psicológico. Essa relação é recíproca, pois a sociedade
pode alterar e transformar as maneiras que as pessoas pensam e, ao mesmo tempo,
a sociedade pode ser influenciada pelo pensamento psicológico exteriorizado dos
indivíduos da própria sociedade. Devido a isso, pode-se antever como a
psicologia é útil para ajudar o
sociólogo a compreender e interpretar os efeitos dos fatos sociais no
comportamento de um indivíduo numa sociedade determinada.
Na abordagem psicanalítica fundada por Freud, o indivíduo se constitui como um ente à parte do social e que compõe o nível de análise social. Ele se refere aos aspectos que compõem um estado instintivo humano e que acaba por se tornar inibido em prol da convivência em comunidade. A inibição destes aspectos, que são instintivos, consiste numa privação de características que são inatas aos homens, e, esta própria privação, acaba por consistir em determinados descontentamentos. Neste sentido, os homens em civilização ou civilizados demonstram-se descontentes na busca de sua felicidade, pois seus instintos não são prontamente atendidos em sociedade. No seu ensaio: “O mal-estar da civilização”, Freud elabora uma discussão filosófico-social a partir de sua teoria psicanalítica. O autor desenvolve a ideia pragmática segundo a qual, em sociedade, “não há avanço sem perdas”. A ideia central que desenvolve é a de que a civilização é inimiga da satisfação dos instintos humanos. A sociedade modifica a natureza humana individual, constitui o homem como membro da comunidade, adaptando-o a um processo vital que torna o indivíduo um ente social.
O fenômeno histórico que aparenta
revelar-se desse modo, há cinquenta anos, é o problema da “gregaridade” – é uma
palavra nietzschiana. Os marginais multiplicam-se, reúnem-se, tornam-se
rebanhos, pequenos é certo, ou rebanhos de qualquer maneira. Para Roland
Barthes (1971; 1972; 1995) “a história atual é o desvio em direção à gregaridade:
os regionalismos, por exemplo, são pequenas gregaridades que tentam
reconstituir-se. Acredito agora que a única marginalidade verdadeiramente
consequente é o individualismo. Mas há que se retomar esta noção de uma forma
nova”. E seguindo a trilha aberta por Barthes há
precisamente nestes “fragmentos do discurso amoroso”, de um discurso amoroso,
uma figura que tem um nome grego, o adjetivo que se aplica a Sócrates. Diz Friedrich Nietzsche, que uma chave para compreender o ser de Sócrates nos é oferecida
pelo estranho fenômeno chamado “demônio de Sócrates”, pois o genial filósofo
queria que o homem atuasse em função de valores: a) o que equivale a dizer que
a sua tarefa, b) a sua missão, à qual, de resto, ele atribuía uma origem
divina, c) a qual era a de “educador na Cidade”. Pois em dezenas de
anos, ele não quis senão tornar os seus concidadãos melhores.
O smoking é um traje de cerimónia masculino, sendo também conhecido como black tie. É uma roupa masculina semiformal para eventos noturnos, exigindo o uso de laço preto e casaco preto (recomendado) ou azul (muito) escuro. Não sendo tão rígido de elementos como a casaca, no entanto segue alguma tradição. Teve origem no ano de 1860, quando a empresa Henry Poole & Co. costurou um casaco para o - então - príncipe de Gales, posteriormente, rei Eduardo VII do Reino Unido, trajar em jantares informais, como alternativa à casaca. Conta-se que, quando James Potter, de Nova York, visitou o príncipe Eduardo, ficou tão impressionado com a vestimenta que encomendou a Henry Poole uma igual para si. Quando Potter voltou para Nova York, usou o seu novo traje no Tuxedo Park Club. Rapidamente outros membros da agremiação copiaram o design, até que este veio a ser adotado como a referência informal para jantares. A denominação norte-americana, tuxedo, poderá ter aí a sua origem. O termo específico utilizado em português, é smoking, derivando do inglês smoking jacket, item de vestuário raro para o uso social, especificamente envergado com o propósito de fumar tabaco, para que o cheiro do tabaco não invadisse outras roupas ao redor.
O
smoking feminino, apresentado pela primeira vez em 1966 com uma blusa
transparente e uma calça masculina, é a marca revolucionária de Yves Saint
Laurent. Depois disso, o traje passou a desfilar em todas as coleções do
estilista. Entre todas as suas criações, “le smoking”, como foi chamado,
sinalizava uma mudança na forma como as mulheres se vestiriam dali por diante.
A liberdade dada por Chanel, agora ganhava poder com o novo traje e tudo o que
ele representava - uma nova atitude feminina. Para a inglesa Suzy Menkes, Editora
do “International Herald Tribune”, o “smoking feminino” de St. Laurent foi
transformador: - “Hoje as mulheres andam normalmente de terno e calças
compridas. Isso parece normal, cotidiano, mas na época a mulher era proibida de
entrar num restaurante ou num hotel. O smoking, usado até hoje, foi uma
provocação sexual, dirigido à mulher que queria ter outro papel”. Em 1983, ele
se tornou o primeiro designer de moda vivo a ser honrado com uma exposição de
seu trabalho no Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque. Em 2001, recebeu das
mãos do presidente socialista da França, Jacques Chirac, a importante referência da Legião de Honra – “Ordre
National de la Légion d`Honneur”, no grau de Comandante. O estilista Yves Saint
Laurent é o 1° em ranking de
celebridades que mais faturaram após a morte, lidera o ranking, já que arrecadou US$ 350 milhões (R$ 609,8
milhões) pós-morte.
Apaixonado
pelo teatro desenhou cenários e roupas para espetáculos de Edmond Rostand,
Marguerite Duras ou Jean Cocteau. No cinema, vestiu atrizes como Claudia
Cardinale e principalmente Catherine Deneuve, em filmes como: A Bela da Tarde
(1966) de Luís Buñuel e A Sereia do Mississipi (1969) de François Truffaut. A
bel Catherine Deneuve, que foi a madrinha da primeira butique Rive Gauche de
Saint Laurent, tornando-se sua grande amiga, sempre presente em todos os seus
desfiles. Em 1982, o estilista recebeu o prêmio internacional do Council of
Fashion Designers of América (CFDA) e, em 1983, comemorou 25 anos de criação
com uma exposição no Metropolitan Museum of Art de Nova York, sob a curadoria
da lendária editora da Vogue, Diana Vreeland (1903-1989). Nesse ano, também
lançou o perfume Paris, outro sucesso de vendas. Em 1985, foi condecorado pelo
então presidente francês François Miterrand com a Legião de Honra e ganhou o
Oscar da Moda. Em 1986, foi realizada uma exposição inédita no Louvre, com suas
criações. Era a primeira vez que um costureiro, mesmo diante da inusitada fama,
expunha seus trabalhos no museu.
Em
1986, Pierre Bergé convenceu Saint Laurent a vender o setor de confecções da
YSL ao grupo têxtil francês Mendés e usar o dinheiro para comprar o grupo de
cosmético Charles of the Ritz, que possuía os direitos de licenciamento da bem
sucedida linha de perfumes do estilista. Em 1993, vendeu a grife para o grupo
estatal Sanofi Beauté, braço farmacêutico do grupo de petróleo Elf-Aquitaine, o
que chegou até a causar certa polêmica naquela conjuntura, por causa da suposta
ajuda do presidente François Miterrand, que era amigo de Pierre Bergé, nas
negociações. Em 1998, ganhou um desfile-retrospectiva em pleno campo de
futebol, antes da final da Copa do Mundo de futebol da França. Além disso, o
guarda-roupa da Copa do Mundo, que contava com o fabuloso número de 4.200
uniformes, 19 mil peças e dez mil acessórios, foi assinado pelo estilista e
encomendado pessoalmente pelo craque Michel Platini, que era o presidente do
Comitê Organizador da Copa do Mundo. Em 1999, a marca, incluindo o prêt-à-porter,
perfumes e demais artigos, foi comprada por valores que teriam chegado a US$ 1
bilhão, pelo empresário francês François Pinault, do grupo
Pinault-Printemps-Redoute, que detém a italiana Gucci. Com isso, a partir de
outubro de 2000, após a demissão de Alber Elbaz - o estilista que assinava a
linha prêt-à-porter, escolhido por Saint Laurent em fevereiro, a linha Rive
Gauche também prêt-à-porter, passou a ser criada pelo texano Tom Ford criador
da Gucci. Por contrato, YSL deveria ficar com duas coleções de alta-costura por
ano até 2006.
Em sua boa parceria com Pierre Bergé, ele criou uma famosa fundação em Paris, que demostra toda a
história da casa YSL, com mais de 15 mil objetos e 5 mil peças de vestuário. Em
fevereiro de 2009, sua coleção de arte, em conjunto com o ex-companheiro Pierre
Bergé, foi leiloada por 370 milhões de euros, recorde para leilões dessa
natureza. No acervo, antiguidades chinesas, pinturas de Matisse e esculturas de
Brancusi. Em janeiro de 2002, o estilista anunciou que estava deixando o mundo
da moda durante a apresentação de um desfile seu, que trazia uma retrospectiva
de todas suas criações, ao longo de seus quarenta anos de carreira. St. Laurent
morreu em Paris, diagnosticado com câncer cerebral, às 23h10min de 1° de junho
de 2008. Neste quadro que segue até a morte de YSL em 2008, aos 71 anos, da
qual temos um preâmbulo com o leilão das obras de arte, raramente se escapa
para a inventividade ou o risco fora do ideal a se manter um ícone. Domar emoção,
um tanto de rebeldia, outra dose de excentricidade, não é suficiente, mas surpreendente para
extrapolar o que a mídia em geral ou um documentário temático tal como: “O Louco Amor de Yves Saint
Laurent” (2010) tratou de revelar. A conformação amoral de muitos personagens
parece ser a exceção, mas daí torna-se mais instigante aguardar a subversão
desautorizada preparada por Bertrand Bonello, este sim impertinente, intitulada,
ironicamente: “Saint Laurent. - Orlando Margarido”.
Ficha Técnica:
Gênero: Drama.
Direção: Jalil Lespert.
Roteiro: Jacques Fieschi, Jalil Lespert, Marie-Pierre Huster.
Elenco: Adeline
D'Hermy, Astrid Whettnall, Charlotte Le Bon, Guillaume Gallienne, Jean-Édouard
Bodziak, Laura Smet, Marianne Basler, Marie de Villepin, Nikolai Kinski, Pierre
Niney, Ruben Alves, Xavier Lafitte.
Produção: Yannick Bolloré.
Trilha Sonora: Thomas Hardmeier.
Duração: 106 min. Estreia:
24/04/2014.
Bibliografia
geral consultada:
DESBOIS, Henri, Le Droit d`Auteur. Paris: Editor Dalloz, 1950; Artigo: “O
Drama Contido de Yves Saint Laurent”. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/; BRECHT, Bertolt, Über
Politik und Kunst. Suhrkamp
Verlag: Frankfurt am Main, 1971; FREUD, Sigmund, Obras Completas. Madrid: Editorial Biblioteca Neuva, 1972; FRANCA, Rubens Limongi, Direitos da Personalidade: Coordenadas Fundamentais. São Paulo: Revista dos Tribunais, Vol. 72, nº 567, pp. 9-16, jan. 1983; LIPOVETSKY, Gilles, O Império do
Efêmero. A Moda e seu Destino nas Sociedades Modernas. Rio de Janeiro:
Editora Companhia das Letras, 1989; BARTHES, Roland, Mitologias. São Paulo: Difusão Europeia
do Livro, 1972; BENAÏM, Laurence, Yves Saint
Laurent: Biographie. 2e éditions, poche.
Paris: Éditions Grasset, 2002; Idem, Requiem
pour Yves Saint Laurent. Paris: Grasset, coll. Documents
Français, mars 2010; Idem, Azzedine Alaïa, Le Prince des lignes. Paris:
Éditions Grasset, coll. Documents Français, octobre 2013; NOBREGA, Heloisa de Sá, Moda Vestida de Arte: Um pouco além do efêmero. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estética e História da Arte. Universidade de São Paulo, 2011; VALENTIM, Anamélia Fontana, Reflexões sobre a Cópia: Reprodutibilidade Estética nas Criações de Moda, um Recorte do Sul de Santa Catarina. Dissertação de Mestrado. Tubarão: Universidade do Sul de Santa Catarina, 2013; ROSA, António Machuco, “A Evolução e Democratização da Moda Moderna: De Frederick Worth à Fast-Fashion de Karl Lagerfeld”. In: Comunicação e Sociedade. Volume 24, 2013; pp. 62-78; COHEN, Denis, Le Droit des Dessins et Modèles. 4ª éditions. Paris: Editor Economica, 2014; entre outros
________________
* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará.
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