Frida Kahlo -Transgressão na Arte, Vida, Tragédia e Cinema.
Ubiracy
de Souza Braga*
“Eu nunca pinto sonhos ou pesadelos. Pinto a minha própria realidade”. Frida Kahlo
Magdalena
Carmen Frieda Kahlo y Calderón, nasceu a 6 de julho de 1907 na casa de seus
pais, conhecida como “La Casa Azul”, em Coyoacán, em língua: nauatle:
“coyō-hua-cān”, (“lugar de coiotes”), uma das 16 delegações do Distrito Federal
mexicano. Morreu em Coyoacán em 1954. Situa-se na parte sul da Cidade do
México. É famoso pelo seu centro histórico, os seus museus, entre os quais o
Museu Frida Kahlo e o Museu León Trotsky, teatros independentes e bares, bem
como por ser onde se encontram os campi da cidade universitária da
Universidade Nacional Autónoma do México, fundada em 21 de setembro de 1551 com
o nome La Real y Pontifícia Universidad de México, com sede na cidade do México
(cf. Marsiske, 2001). A Nova Espanha foi um reino da Espanha durante o período
colonial, na América do Norte e Central, onde hoje correspondem os estados de
Arizona, Califórnia, Colorado, Nevada, Novo México e Utah nos Estados Unidos
até à Costa Rica na América Central, tendo como capital a Cidade do
México.Existiu de 1535 a 1821. A Nova
Espanha não só administrava as terras compreendidas entre estes limites, mas
também o arquipélago das Filipinas na Ásia.
Os
dialetos náuatles são falados em comunidades circunvizinhas na sua maior parte
em áreas rurais. Existem diferenças consideráveis entre cada dialeto e alguns
são mutuamente ininteligíveis. Todas sofreram diferentes graus de influência do
castelhano. Nenhum dialeto moderno é idêntico ao náuatle clássico, mas aqueles
que são falados no vale do México e em seus arredores são geralmente
considerados como mais próximos, linguisticamente, a ele. Sob a Ley General
de Derechos Linguísticos de los Pueblos Indígenas, promulgada no México em
2003, o náuatle, assim como outras línguas indígenas do México foram
reconhecidas como “lenguas nacionales” nas regiões onde são faladas, ostentando
o mesmo status que o castelhano. O náuatle é um idioma com uma
morfologia complexa, caracterizado por polissínteses e aglutinações, que
permitem a construção de palavras longas, com significados complexos, a partir
de diversos radicais e afixos. O náuatle foi influenciado por outras línguas
mesoamericanas ao longo de séculos de coexistência, tornando-se parte da área
linguística mesoamericana. Muitas palavras do náuatle foram apropriadas pelo
idioma espanhol e passaram para centenas de outras línguas; em sua grande
maioria, são palavras que designam conceitos nativos ao México central, que os
espanhóis ouviram ser mencionados pela primeira vez em seus nomes náuatles,
como, por exemplo, “tomate”, “abacate” e “chocolate”.
O náuatle é uma língua pertencente à família uto-asteca, usada pelo povo náuatle e falada no território atualmente correspondente à região central do México desde pelo menos o século VII. No final do século XX, era falada por pouco menos de um milhão e meio de pessoas. Com a conquista espanhola e tlaxcalteca do México, no início do século XVI, era o idioma dos astecas, que dominavam o México central durante o fim do período pós-clássico da cronologia mesoamericana. A expansão e influência do Império Asteca fizeram com que o dialeto falado pelos astecas de Tenochtitlán se tornasse um dialeto de prestígio na Mesoamérica deste período. Com a introdução do alfabeto latino, o náuatle também se tornou uma língua literária e muitas crónicas, gramáticas, obras de poesia, documentos administrativos e códices foram escritos nos séculos XVI e XVII. Esta língua literária baseada no dialeto de Tenochtitlán foi chamada de náuatle clássico e está entre as línguas mais estudadas e bem-documentadas das Américas. Devido à popularidade da língua e, em parte, à expansão territorial por causa dos conquistadores, o rei Filipe II estabeleceu o náuatle língua oficial do Vice-Reino da Nova Espanha.
Depois
da derrota do exército espanhol pelas tropas de Agustín de Iturbide e Vicente
Guerrero, todo o território (com exceção do arquipélago asiático) passaram a
formar parte do Império Mexicano a partir de 28 de setembro de 1821. Desde o
início da Conquista se percebeu que tanto os criollos como os mestiços e
os índios teriam disposição para ilustrar-se e adquirir conhecimentos
filosóficos e científicos. Nesta época do vice-reinado da Nova Espanha as
primeiras instituições educativas a nível superior foram os seminários onde se
preparava os homens para ser sacerdotes. Frei Juan de Zumárraga e o vice-rei
Antônio de Mendoza iniciaram as gestões para a fundação da primeira
universidade da Nova Espanha. Se dizia que esta instituição serviria para
educar aos recém convertidos à religião Católica, mas isto não se cumpriu em sua
totalidade. A universidade se centrou na educação das classes sociais
privilegiadas. Passaram pela universidade a maior parte dos notáveis
cientistas, políticos, escritores e filósofos do México. Em 2005, contava com
mais de 279 mil estudantes e o Estádio Azteca.
Frida Kahlo morreu em Coyoacán, em 13 de julho de 1954. Foi uma extraordinária pintora
mexicana.
É
um dos únicos estádios a sediar duas finais de Copa do Mundo de 1970 e 1986,
além de outros nove jogos em 1970, igualando o Estádio Centenário de Montevidéu
em número de jogos numa única Copa do Mundo, e outros oito jogos em 1986, num
total de dezenove jogos, sendo o estádio que mais recebeu jogos na história das
Copas. Vale ressaltar que este estádio viu dois dos maiores jogadores da
história serem campeões mundiais: Pelé em 1970 e Maradona em1986. Além disso,
recebeu também os Jogos Pan-americanos de 1975, o Campeonato Mundial de Futebol
Sub-20 de 1983 e a Copa das Confederações de 1999. Em 1997 foi comprado pela
emissora de TV Televisa, que renomeou o estádio como Estadio Guillermo Cañedo,
em homenagem a um executivo da emissora, falecido na época. Após a recusa do
novo nome pela população, o estádio voltou a se chamar Azteca, numa referência
à civilização pré-colombiana dos Astecas. O
primeiro jogo da NFL fora dos Estados Unidos da América aconteceu em 2 de outubro de 2005,
no Estádio Azteca na Cidade do México, entre o Arizona Cardinals e o San
Francisco 49ers, curiosamente esse jogo é o que detém o maior público da
história da NFL, a maior liga de futebol norte-americano do mundo com 103.467
espectadores. O comediante Chespirito, famoso por ter interpretado o Chaves e
Chapolin, foi velado no estadio no dia 30 de novembro de 2014.O Estádio Azteca localiza-se na demarcação
territorial de Coyoacán, nas imediações da Calzada de Tlalpan. O acesso ao
estádio pode ser feito por meio de linhas de ônibus que trafegam na Calzada de
Tlalpan; da Estação Estadio Azteca, uma das estações do VLT da Cidade do
México; de táxis; e de automóveis, que podem ficar em um estacionamento aberto
situado ao lado do estádio.
Ao contrário de muitos artistas, ela não começou a pintar cedo. Embora o pai tivesse a pintura como um passatempo, estava particularmente interessada na
arte. Mas não como uma carreira que no sentido sociológico que proporciona a
“conexão de sentido” de Max Weber orientada com a fama, o trabalho, a
disciplina, a religião, etc. Entre 1922 e 1925 frequenta a Escola Nacional Preparatória
do Distrito Federal na cidade do México e assiste a aulas de desenho e
modelagem. Em 1925, aos 18 anos, aprende a técnica da gravura com Fernando
Fernandez. Então sofre um grave acidente quando o bonde, no qual viajava,
chocou-se com um trem. O para-choque de um dos veículos perfurou-lhe as costas.
Atravessou sua pélvis e saiu pela vagina, causando uma grave hemorragia. Frida
Kahlo ficou muitos meses entre a vida e a morte no hospital. Assim, teve que
operar diversas partes e reconstruir por inteiro seu corpo. Uma órtese,
conforme definição, é um apoio ou dispositivo externo aplicado ao corpo para
modificar os aspectos funcionais ou estruturais do sistema neuro
músculo-esquelético para obtenção de alguma vantagem mecânica ou ortopédica.
Refere-se aos aparelhos ortopédicos de uso, destinados a
alinhar, prevenir ou corrigir deformidades para melhorar a função das partes
móveis do corpo. Tal acidente obrigou-a a usar coletes ortopédicos de diversos
materiais. Ela chegou a pintar um sequência com alguns quadros representando o colete de gesso da tela
intitulada: A Coluna Partida.
A
La Columna Rota(Coluna Partida) é um óleo sobre masonite
da artista mexicana Frida Kahlo, pintado em 1944, logo após ela ter realizado
uma cirurgia na coluna para corrigir problemas decorrentes de um grave acidente
de trânsito ocorrido quando a pintora tinha dezoito anos. O original está
exposto no Museu Dolores Olmedo, em Xochimilco, na Cidade do México. Como entre
muitos dos autorretratos de Kahlo, a dor e o sofrimento representam o escopo do
trabalho, mas, ao contrário de muitos de seus outros trabalhos, que incluem
papagaios, cães, macacos e outras pessoas, neste quadro Kahlo está sozinha. Sua
presença solitária em uma paisagem rachada e árida simboliza tanto o seu
isolamento, sociologicamente, quanto as forças externas que têm afetado a sua
vida. Como um terremoto fissura a paisagem, o acidente de Kahlo quebrou seu
corpo. Na pintura, o tronco nu de Kahlo está dividido, replicando a terra
desolada atrás dela e revelando uma coluna jônica desmoronando no lugar da
coluna vertebral. Seu rosto olha para a frente, firmemente, lágrimas escorrem por
suas bochechas. Apesar de seu corpo estar quebrado, sua sensualidade externa
está contaminada. O pano que envolve a parte inferior de seu corpo e segura em
suas mãos não é um sinal de modéstia, mas, em vez disso, espelha uma iconografia
cristã, assim como as unhas sobre seu rosto e corpo.
O
espartilho de metal, que retrata um apoio de pólio, não um apoio cirúrgico,
pode referir-se a sua história de poliomielite ou simbolizar as limitações
físicas e sociais na vida de Kahlo. Em 1944, os médicos de Kahlo tinham-lhe
recomendado que vestisse um espartilho de aço em vez dos moldes de gesso que
ela tinha usado anteriormente. A cinta retratada é uma das muitas que ela, na
verdade, usou durante toda a vida, agora abrigada em sua casa e museu, a Casa
Azul. Em A Coluna Partida esse espartilho mantém unido o corpo danificado de
Kahlo. Pode-se traçar um paralelo entre o retrato de Kahlo e o do “martírio de São Sebastião”. Na lenda de
Sebastião, descobriu-se que ele era cristão e, por isso, foi amarrado a uma
árvore e usado como um alvo de tiro com arco. Apesar de ser deixado para
morrer, ele sobreviveu, apenas para mais tarde perecer por sua religião pelas
mãos do império Romano. Ele é frequentemente retratado amarrado a uma árvore, o
corpo cheio de setas. De acordo com a tradição católica, São Sebastião, soldado
romano, foi um mártir e santo cristão do século XIII, mandado executar por meio
de flechas pelo imperador romano Diocleciano que o acusou de traição pela sua
conduta branda para com os prisioneiros cristãos. O culto de S. Sebastião
nasceu no século IV e atingiu o seu auge na Baixa Idade Média, designadamente
nos séculos XIV e XV, na Igreja Católica e na Igreja Ortodoxa, o
Martírio de São Sebastião de Gregório Lopes exemplo da iconografia do
suplício do santo.
No
centro da composição está São Sebastião já atingido por flechas, com a auréola
de santo, preso a uma coluna que assenta num pedestal de pedra, tendo o braço
direito preso por cima da cabeça, o esquerdo preso por detrás e os pés atados
por uma corda, estando um punhal sobre o pedestal. Um arqueiro e um besteiro de
cada lado, vestidos com ricas indumentárias, apontam as suas armas ao corpo do
santo, enquanto dois outros, um pouco mais longe, preparam as armas para o
atingir de novo. Como pano de fundo do
martírio do santo, Gregório Lopes realizou uma grande composição paisagista
povoada por inúmeras figuras e pontuada por pormenores da vida quotidiana de
uma cidade do século XVI. Em segundo plano da cena estende-se uma cidade com um
casario encavalitado do lado esquerdo, e que é dominado, do lado oposto, por um
templo circular de inspiração italiana rasgado por balcões e arcadas decoradas
por enormes estátuas, a que se tem acesso através de uma escadaria. Ao lado
deste monumento, uma multidão assiste a um auto-de-fé, estando os corpos de
dois sentenciados a arder numa grande fogueira cujo fumo se avoluma no céu no
canto direito. O Martírio de São Sebastião estava colocado sobre um dos altares
pequenos da Charola do Convento de Cristo em Tomar, provavelmente o altar de
São Sebastião, conforme consta de manuscrito de Frei Jerônimo de S. Romão,
havendo documentação a comprovar a realização da obra, designadamente as verbas
pagas pelo trabalho do pintor régio Gregório Lopes nos anos de 1536 e 1537, o
qual esteve em Tomar, de Setembro de 1536 a Abril de 1539, a trabalhar nalguns
retábulos destinados à Charola do dito convento.
Frida Kahlo não se considerava surrealista, mas foi assim reconhecida quando participou da Exposición Internacional del Surrealismo, na Galeria de Arte Mexicana de 1940. Apesar de muitos dos seus trabalhos conterem elementos surreais e fantásticos, não podemos chamar-lhes surrealistas, pois ela não chega a libertar-se completamente da realidade. Mas nos seus trabalhos dá-se uma fusão entre fato e ficção. Sua formação realizou-se na “Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México”. Em 1928, filiou-se ao Partido Comunista Mexicano no qual conheceu seu futuro marido e grande muralista mexicano, Diego Rivera. No ano seguinte, quando tinha 22 anos, Frida e Diego casam-se e vão viver na casa onde Frida nasceu, que depois de sua morte, transformou-se num Museu chamado de “Casa Azul” repleto de objetos, documentos, fotos, livros e vestuário da artista. Em 1930 Frida engravida e sofre seu primeiro aborto ficando muito abalada pela impossibilidade de levar adiante uma gravidez devido a seu estado de saúde delicado. No mesmo ano, já tendo recuperado sua mobilidade, porém com limitações e tendo que usar frequentemente um colete de gesso.
A artista acompanha Diego em suas viagens aos Estados Unidos revelando seu talento para o resto do mundo e encantando a todos com seu jeito irreverente e único. Em 1932 ela sofre seu segundo aborto sendo hospitalizada na cidade operária Detroit nos Estados Unidos da América, e sua mãe morre de câncer no dia 15 de setembro do mesmo ano. Em 1934 o casal está de volta ao México, mas Frida sofre novo aborto e tem os dedos do pé direito amputados. O relacionamento com Rivera piora e ele começa a traí-la com sua irmã mais nova Cristina. No ano seguinte Frida e Rivera se separam e Frida conhece o escultor Isamu Noguchi com tem um caso, mas logo ela e Rivera se reconciliam e voltam a morar juntos no México. Em 1936 novas cirurgias no pé além de persistentes dores de coluna, um problema de úlcera, anorexia e ansiedade. Em 1937, Frida conhece Trotsky que se refugia em sua casa em Coyoacan com a esposa Natalia Sedova. Trotsky foi seu mais famoso caso de amor. O casal se separa dez anos depois do casamento, em 1939. Nas palavras de Frida: - “Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior deles”.
Compara com a
indecisão demonstrada por Kamenev e Zinoviev às vésperas da Revolução de Outubro. Após a deportação,
Trotsky passou pela Turquia, França de julho de 1933 a junho de 1935, e Noruega
de junho de 1935 a setembro de 1936, fixando-se finalmente no México, a convite
do pintor Diego Rivera, vivendo temporariamente em casa deste e mais tarde em
casa da esposa de Rivera, a pintora Frida Kahlo. À medida que aumenta a
repressão stalinista, multiplicam-se os lutos familiares. Além da morte dos
seus quatro filhos, os genros, noras, netos, e outros parentes próximos de
Trotsky são igualmente vítimas da repressão por sua ligação com um suposto
“inimigo do povo” e desaparecem nos sucessivos expurgos da década de 1930, com
exceção do único filho que Zina pôde levar consigo ao exterior, e que acabou
por reunir-se ao avô no México, depois de negociações com a mulher francesa de
Leon Sedov - que havia se responsabilizado pelo sobrinho num hospital
parisiense.
No seu crescente isolamento pessoal e político, Leon Trotsky,
aumenta consideravelmente a sua produção escrita, escrevendo importantes obras
como sua autobiografia, Minha Vida (1930), a História da Revolução Russa (em 2 vols., 1930 e 1932), A Revolução Permanente (1930) e A Revolução Traída (1936), uma crítica
ao stalinismo. A União Soviética se tornara um
Estado de trabalhadores degenerados, controlado por uma burocracia autoritária
- derivada, no entanto, contraditoriamente da hegemonia sócio-política no
interior da própria classe operária, em um processo social descrito como
“degenerescência burocrática” e que teria eventualmente de ser derrubada por
uma 2ª revolução política que restaurasse o caráter democrático da revolução
socialista, ou, degenerasse ao ponto de regressar ao capitalismo. Em 3 de
setembro de 1938, numa reunião com 25 delegados de 11 países, Leon Trotsky e
seguidores fundam a Quarta Internacional,
como combate à Terceira Internacional
(stalinista). Trotsky levou uma batalha, uma vez expulso da URSS e da Internacional
Comunista, organizando a oposição de esquerda sobre a Internacional de direita,
explicando a política de Stalin de aliança com a direita contra a
Socialdemocracia, que dividiu o proletariado e permitiu a vitória do exterminador nazista A.
Hitler. Ipso facto Trotsky vai
declarar que esta derrota marca o fim
da Internacional Comunista como uma Internacional Revolucionária e que o
combate agora é para construir uma nova Internacional, a IV Internacional Comunista, uma organização comunista internacional dos seguidores trotskistas de Leon Trotsky, com o objetivo declarado
de ajudar a classe trabalhadora como instrumento de sua vontade para alcançar o
socialismo, como ocorreu com o marxismo de Marx na transformação do mundo.
Os trotskistas se consideram opositores tanto do capitalismo quanto do stalinismo. Trotsky defendia a revolução proletária tal como estabelecida em sua teoria da revolução permanente, acreditando que um Estado operário não seria capaz de sucumbir às pressões do mundo capitalista hostil caso revoluções socialistas rapidamente tomassem conta de outros países também. Trotski
apresentou sua concepção de “revolução permanente”, como uma explicação de como
revoluções socialistas poderiam ocorrer em sociedades determinadas que não
tinham conseguido o chamado capitalismo avançado. Parte da sua teoria é a
impossibilidade do socialismo em um só país - uma opinião também realizada por
Marx, mas não integrada na sua concepção da revolução permanente. A teoria floresceu em oposição à tese defendida pelos stalinistas de que o socialismo poderia ser atingido na União Soviética sozinha. Mais adiante, Trotsky e seus partidários criticariam duramente a natureza cada vez mais totalitária do regime de Josef Stalin. na opinião deles, é impossível de se atingir o socialismo sem democracia. Confrontados com a crescente falta de democracia na União Soviética, eles concluíram que esta não era mais um Estado operário e socialista, mas sim um Estado operário degenerado. Trotsky e seus partidários se organizaram desde 1923 como a chamada Oposição de Esquerda. Eles eram contra a burocratização da União Soviética, que analisaram como sendo em parte causada pelo atraso econômico e cultural e pela pobreza do país agrário herdado do czarismo.
A concepção de teoria de Stalin do “socialismo em um só país” surgiu em 1924 em oposição à teoria da Revolução Permanente de Trotsky, que argumentava que o capitalismo era um sistema global e que apenas uma revolução mundial seria capaz de substituí-lo pelo socialismo. Até 1924 a perspectiva internacional dos bolcheviques havia sido guiada pela posição de Trotsky. De acordo com ele, a teoria de Stalin representava os interesses burocráticos em detrimento à classe trabalhadora. Mais tarde, Trotsky seria perseguido pelo regime stalinista – se exilando em Almaty – enquanto seus partidários seriam presos. A Oposição de Esquerda, no entanto, continuaria a atuar secretamente no seio da União Soviética. Trotsky seria expulso para a Turquia, se mudando de lá para a França, para a Noruega, e para o México, onde seria assassinado por Ramón Mercader, agente da polícia de Stalin no exterior do Comissariado do Povo para Assuntos Internos NKVD da URSS, quando Josef Stalin era o secretário geral do Partido Comunista da União Soviética. Seu ato mais reconhecido foi se infiltrar na casa de Leon Trotski, em seu exílio no México e cometer o atentado que levaria à morte o principal rival de Stalin. Como um suposto rico comerciante ele se tornara amante da trotskista norte-americana Sylvia Agelot, e se infiltrara na casa onde Trotski morava, cometendo o atentado ao final da tarde de 20 de agosto de 1940. Em 1961, no período de terror na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, foi condecorado com a Medalha de Herói, uma das mais altas comendas do país.
Criado
em 1934, o NKVD incorporou o GPU ou OGPU (Diretório Político Unificado do
Estado), transformado em GUGB (Administração Central da Segurança do Estado) e
foi substituído pelo Ministério do Interior (Ministerstvo vnoutrennikh diel).
Além de funções policiais e de segurança tradicionalmente atribuídas ao
Ministério do Interior, como o controle de tráfego, corpo de bombeiros e a guarda
das fronteiras, cabia ao NKVD controlar a economia e o serviço secreto,
prestando contas ao Conselho de Comissários do Povo (órgão principal do governo
soviético) e ao Comitê Central do Partido Comunista de Toda a União
(bolchevique). No âmbito do NKVD estabeleceu-se o Gulag (Administração Central
dos Campos), órgão responsável pelo sistema de campos penais de trabalho. Em
1946, todos os comissariados do povo politicamente passaram a se chamar “ministérios”.
O NKVD tornou-se o Ministério do Interior (MVD), enquanto o Comissariado do
povo para a segurança do Estado (NKGB) transformou-se no Ministério da
Segurança do Estado (MGB). Em 1953, após a prisão de Lavrenty Beria, o MGB
fundiu-se com o MVD. Em 1954, os serviços de polícia e de segurança do Estado
novamente se separaram.
O
Ministério do Interior da URSS (MVD) ficou com as funções de ordem e segurança
interna (polícia e sistema penitenciário), enquanto a recém criada Comissão
para a Segurança do Estado KGB, assumiu as funções de segurança do Estado, a
saber: polícia política, inteligência, contrainteligência, proteção pessoal de
autoridades e comunicações confidenciais. Entre as funções do NKVD, por meio de
sua divisão chamada GUGB, estava proteger a segurança do Estado soviético. Esta
função foi realizada com sucesso através da intensa repressão política na URSS.
As atividades de repressão e as execuções do NKVD tiveram como alvo desde os
inimigos do Estado soviético até os prisioneiros do sistema Gulag, atingindo
centenas de milhares de pessoas. Formalmente, essas pessoas eram, na sua
maioria, condenadas por cortes marciais especiais - as troikas. O uso “de
meios físicos da persuasão” (tortura) foi aprovado por um decreto especial do
estado, o que resultaria em numerosos abusos, relatados pelas vítimas e pelos
próprios membros do NKVD. Existem evidências documentadas de que o NKVD cometeu
execuções extrajudiciais em massa. Em 17 de novembro de 1938 tais troikas foram
proibidas por decisão conjunta do Conselho de Comissários do Povo e do Comitê
Central do Partido Comunista de Toda a União (bolchevique).
O
NKVD também executava “operações em massa”, que tinham como alvo grupos
religiosos ou grupos étnicos inteiros - os judeus, a Igreja Ortodoxa Russa, os
ortodoxos gregos, católicos latinos e demais cristãos perseguidos na URSS,
muçulmanos e outros grupos religiosos. O braço antirreligioso do governo
soviético era dirigido por Yevgeny Tuchkov do OGPU. Devido aos abusos na
repressão, em 4 de fevereiro de 1940 Nikolai Yezhov, chefe do NKVD de 1936 a
1938 durante o Grande Expurgo e seus assessores mais próximos foram executados.
Durante a Guerra Civil Espanhola, os agentes da NKVD, atuando conjuntamente com
o Partido Comunista da Espanha, exerceram substancial controle sobre o governo
republicano, usando a ajuda militar soviética para aumentar sua influência. O
NKVD estabeleceu numerosas prisões secretas em torno de Madrid, as quais foram
usadas para deter, torturar, e matar centenas dos inimigos do NKVD. No início o
alvo eram os nacionalistas e católicos espanhóis. Mas, em junho de 1937, Andrés
Nin, importante figura trotskista, principal dirigente do Partido Operário de
Unificação Marxista foi torturado e morto em uma prisão da NKVD. Também houve
cooperação entre elementos do NKVD e da Gestapo. Em março de 1940, eles se
encontraram por uma semana em Zakopane, para coordenar a pacificação da
Polônia. O NKVD entregou centenas de comunistas alemães e austríacos à Gestapo,
entre outros estrangeiros indesejáveis
A mãe de Frida Kahlo, Matilde Gonzalez y Calderón, era uma católica devota de origem indígena e espanhola. Seus pais se casaram logo após a morte da primeira esposa de Guillermo, durante o nascimento do seu segundo filho. Embora o casamento tenha sido muito infeliz, Guillermo e Matilde tiveram quatro filhas, sendo Frida a terceira. Tinha duas meias-irmãs mais velhas. Ipso facto ressaltava que “cresceu em um mundo cheio de mulheres”. Durante a maior parte de sua vida, no entanto, Frida se manteve próxima do pai. Ao contrário de muitos artistas de seu tempo, Frida Kahlo não começou a pintar cedo, embora o seu pai tivesse a pintura como hobby ou passatempo. Casa-se aos 22 anos com Diego Rivera, em 1929, um casamento tumultuado, visto que ambos tinham temperamentos fortes e casos extraconjugais. Frida Kahlo, que era bissexual, podendo ser caracterizada pela capacidade de atração afetiva, seja sexual ou romântica, por mais de um sexo, não necessariamente ao mesmo tempo, da mesma maneira ou na mesma frequência. É, frequentemente, usada como um termo abrangente para incluir qualquer relação psicoativa que possam usar para se referir a termos que signifiquem possuir uma orientação sexual que não se limita a atração apenas por um sexo. O número de indivíduos que apresentam comportamentos bissexual (cf. Kettenmann, 1994; Kahlo, 1996) é maior do que se suporia à primeira impressão. Teve um caso com Trotsky depois de separar-se de Diego.
O que poucos sabem é que sobre Frida Kahlo está longe
de resumir sua vida. De revelar à mulher que está por trás do ícone da arte
latino-americana moderna. No ensaio de Herrera, reconhecida historiadora da
arte, o livro rememora a intimidade da história social de Frida. Detalha com
descrições e interpretações seus quadros. Com clareza, fluidez e a sedução de
uma amante dessa bela arte e os mistérios da vida representada em torno da
pintura. É um dos grandes representantes do “revival” da artista nos Estados
Unidos da América e de resto no mundo ocidental. Por meio da arte, Frida Kahlo fez de si
mesma uma artista e um ícone. Por meio de sua biografia, contemplamos o trágico para lembrarmo-nos de Nietzsche
no âmbito da arte e da filosofia. Ela própria como artista que demonstra seu estado de espírito: -“Por eu ser jovem”, afirma, “o infortúnio não assumiu o caráter de tragédia: eu sentia que tinha energias suficientes para fazer qualquer coisa em vez de estudar para ser médica. E, sem prestar muita atenção, comecei a pintar”. Além de Herrera, muitos outros autores eternizaram a história da artista em livros e até ela própria em famoso diário (1996) publicado.
Frida é um filme norte-americano de 2002, do gênero
drama biográfico, realizado por Julie Taymor, cineasta e diretora de musicais e Óperas norte-americanas. O trabalho de direção de Taymor recebeu muitos elogios por parte dos críticos, ganhando dois prêmios Tony de quatro indicações, o Drama Desk Award de Melhor Figurino, um Emmy Award e uma nomeação para Melhor Canção Original no Oscar. Ela também recebeu em 2012 o Director Award for Vision and Courage do Athena Film Festival em Barnard College, em Nova York. Ela é amplamente reconhecida por dirigir a versão musical do O Rei Leão, que ela se tornou a primeira mulher a ganhar o Prêmio Tony de melhor direção em musical, além de um prêmio Tony por Melhor Figurino. Ela era a diretora do musical da Broadway Spider-Man: Turn Off the Dark. E dirigiu a aclamada produção off-broadway, Sonho de Uma Noite de Verão. O roteiro é baseado em livro de
Hayden Herrera, e retrata a vida da pintora mexicana Frida Kahlo. O filme
apresenta sua démarche desde a
adolescência a morte. Frida Kahlo foi uma das principais revelações da história artística do México. Conceituada e aclamada como pintora, viveu um
casamento dito “aberto” com Diego Rivera, companheiro também nas artes, e ainda
um controverso caso com o pensador marxista Leon Trotsky e com várias outras mulheres.
No filme, o esposo representa um homem mulherengo, e Frida aceita pedindo
lealdade. O que não acontece, pois Frida encontra Diego com sua irmã copulando,
então ela pede o divórcio. Machista Diego Rivera aceitava os relacionamentos de Kahlo com mulheres, já que não há penetração, mesmo eles sendo casados.
Mas não
aceitava os casos da esposa com homens. Frida descobre que Rivera mantinha um
relacionamento com sua irmã mais nova, Cristina, há muitos anos, o que a
revoltou. Ela os flagrou na cama e, num ato de fúria, cortou todo o seu cabelo,
que era bem longo, de frente ao espelho. Sua irmã teve seis filhos com seu ex-marido
e Frida nunca a perdoou. Após essa outra tragédia de sua vida, separa-se dele e
vivem novos amores com homens e mulheres, mas em 1940 une-se novamente a Diego.
O segundo casamento foi tão tempestuoso quanto o primeiro. Ao voltar para o
marido, Frida construiu uma casa igual à dele, ao lado da casa em que eles
tinham vivido. Essa casa era ligada à outra por uma ponte. Eles viviam como
marido e mulher. Mas encontrando-se como amantes na casa dela ou na dele, nas
madrugadas. Sua
complexidade tem origem na sua própria história oral e de vida. Nascida em
1907, filha de um alemão e de uma mexicana, contraiu poliomielite aos seis
anos, o que lhe deixou como sequela uma lesão no pé direito que lhe rendeu o
apelido: “Frida pata de palo”. A partir daí começou a usar calças e saias
longas estampadas, que vieram a se tornar uma de suas referências pessoais.
Esse foi só o primeiro marco de como a construção do ícone Frida Kahlo “partiu
de sua própria dor” (cf. Vale, 2012). E era também só o primeiro de uma série
de acontecimentos dolorosos de sua vida. Aos 18 anos sofre um grave acidente: o
bonde em que seguia colide com um trem, deixando-a meses entre a vida e a morte
devido ao para-choque que atravessou seu pélvis. Foi durante a recuperação que
começou a pintar, usando o material de seu pai, que tinha a pintura como
passatempo. O acidente deixou severas marcas inscritas com fortes dores no
corpo e com a utilização de coletes ortopédicos.
Ficha Técnica.
Gênero: Drama.
Direção: Julie Taymor.
Roteiro: Anna
Thomas, Clancy Sigal, Diane Lake, Gregory Nava.
Fotografia: Rodrigo Prieto.
Trilha Sonora: Elliot Goldenthal.
Duração: 118 min.
Ano: 2002.
País:
Canadá/Estados Unidos da América/México.
Bibliografia geral consultada.
SERGE, Victor; SEDOVA, Natalia, Trotsky: The Life and Death of Leon Trotsky. London: Editor
Wildwood House, 1975; KETTENMANN, Andrea, Frida
Kahlo, Dor e Paixão.Lisboa: Editor
Benedikt Taschen, 1994; KAHLO, Frida, O
Diário de Frida Kahlo: Um Autorretrato Íntimo. Rio de Janeiro: Editor José
Olympio, 1996; MAHONEY, Harry Tayer, The Saga of Leon Trotsky. San Francisco:
Austin & Winifielf Editors, 1998; WALTER, Igor (org.), Arte do Século XX. Lisboa: Editor Benedikt Taschen, 1999, 2
volumes; SCHUH, Cátia Inês, A Prospecção Pós-Moderna da Comunicação no Imaginário de Frida Kahlo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. Faculdade de Comunicação Social. Porto alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2006; BROGNOLI, Ila da Silva, Frida
Kahlo: Uma Célula Revolucionária entre Cores e Dores. Programa de
Pós-Graduação em História. Dissertação de Mestrado. Florianópolis: Universidade Federal de
Santa Catarina, 2009; MIGLIAVASCA, Joyce Salgueiro, Uma Leitura Psicanalítica da Vida e Obra de Frida Kahlo.
Dissertação de Mestrado em Psicologia. Programa de Estudos Pós-Graduados em
Psicologia Clínica. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009;
HAYDEN, Herrera, Frida: A Biografia.
São Paulo: Editor Globo, 2011; HAGHENBECK, Francisco, O Segredo de Frida Kahlo. São Paulo: Editor Planeta do Brasil,
2011; VALE, Bianca, “Frida Kahlo: A Dor da Vida, a Dor da Arte”. In:
http://obviousmag.org/archives/2012/03;
ASSUNÇÃO, Fernanda Rodrigues de, O Universo de Frida Kahlo à Sombra da Experiência Revolucionária Mexicana: Pintura, Corpo e Identidades das Décadas de 1920 a 1950. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2013; DEL MAESTRO, Maria Lúcia Kopernick, Entre o Encenado, o Visto e o Escrito: O Silêncio. Escuta do Diário de Frida Kahlo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2014; OLIVEIRA, William Brenno dos Santos, Um Coração que Pulsa Fora do Corpo: Imagens Passionais nas Cartas de Frida Kahlo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015; entre outros.
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* Sociólogo
(UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escolada de
Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de
Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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