Ubiracy de Souza Braga*
A
cidade abriga algumas das pontes, arranha-céus e parques de maior renome no
mundo. O distrito financeiro de Nova Iorque, ancorado por Wall Street em Lower
Manhattan, atua como a “capital financeira do mundo” e é “o lar” da Bolsa de
Valores de Nova Iorque, a maior bolsa de valores do planeta pelo total de
capitalização de mercado de suas empresas listadas. O mercado imobiliário de
Manhattan está entre os mais valorizados e caros do mundo. A Chinatown de
Manhattan incorpora “a maior concentração de chineses do ocidente”. Ao
contrário da maioria dos sistemas de metrô do mundo, o Metropolitano de Nova
Iorque é projetado para fornecer o serviço 24 horas por dia, nos 7 dias da
semana. Inúmeros colégios e universidades estão localizados em Nova York,
incluindo a Universidade de Colúmbia, a Universidade de Nova York e a
Universidade Rockefeller, que estão classificadas entre as 100 melhores do
mundo.
A
cidade foi um dos locais atingidos durantes os ataques de 11 de setembro de
2001 quando cerca de 3.000 pessoas morreram na destruição do World Trade
Center. Um novo One World Trade Center,
incluindo o já inaugurado World Trade Center Memorial Museum, e três novas torres de escritórios
estão sendo construídas no local e estão programadas para serem concluídas em
2015. A população de Nova Iorque é excepcionalmente diversa. A cidade tem sido
um ponto importante de entrada de imigrantes; mais de 12 milhões de imigrantes
europeus passaram por Ellis Island entre 1892 e 1924. O termo “caldeirão” foi
cunhado para descrever bairros de imigrantes densamente povoados no Lower East
Side. Em 1900, os alemães constituíram o maior grupo de imigrantes, seguidos
pelos irlandeses, judeus e italianos. As dez maiores fontes de indivíduos
nascidos em outros países na área metropolitana são a República Dominicana,
China, Jamaica, México, Índia, Equador, Itália, Haiti, Colômbia e Guiana.
A
Região Metropolitana de Nova Iorque é “o lar da maior comunidade judaica fora
de Israel”. É também o lar de quase um quarto dos norte-americanos indianos e
15% de todos os americanos coreanos; a maior comunidade de afro-americano de
qualquer cidade do país; e 6 “chinatowns” na própria cidade, que compreendiam,
em 2008, uma população de 659.596 chineses ultramarinos, a maior comunidade
fora da Ásia. Nova York, sozinha, de acordo com o Censo de 2010, agora se
tornou o lar de mais de um milhão de americanos de origem asiática, maior do
que o total combinado das cidades de São Francisco e Los Angeles, Califórnia.
Nova York contém a maior população asiática total do que a de qualquer outra
cidade dos Estados Unidos: 6,0% da população da cidade é de etnia chinesa, com
cerca de 40% deles vivendo apenas no bairro do Queens. Coreanos compõem 1,2% da
população nova-iorquina e os japoneses 0,3% do total. Os filipinos são o maior
grupo étnico do sudeste asiático, com 0,8%, seguido por vietnamitas, que
representam apenas 0,2% da população de Nova Iorque. Os indianos são o maior
grupo do Sul da Ásia, compreendendo 2,4% da população da cidade, e os
bengaleses e paquistaneses contam com 0,7% e 0,5%, respectivamente.
Nova
York tem um alto grau de desigualdade econômica de renda. Em 2005, a renda
familiar média entre os ricos era de US$ 188.697, enquanto nos mais pobres era
de US$ 9.320. A disparidade é impulsionada pelo crescimento dos salários em
faixas de renda alta, enquanto os salários estagnaram para médio e suportes de
baixa renda. Em 2006, o salário médio semanal em Manhattan era 1.453 dólares, o
crescimento mais alto e mais rápido entre os maiores municípios, nos Estados
Unidos. O município também está experimentando um baby boom que é único entre
as cidades estadunidenses. Desde 2000, o número de crianças menores de 5 anos
de idade que vivem em Manhattan cresceu mais de 32%. A área metropolitana da
cidade é o lar de uma comunidade de homossexuais e bissexuais estimada em
568.903 pessoas, a maior dos Estados Unidos. Casamentos homossexuais foram
legalizados no estado de Nova York em 24 de junho de 2011 e foram autorizados a
serem colocados em prática 30 dias depois.
Nova
York já foi uma das cidades mais perigosas dos Estados Unidos, mas hoje é tida
como uma das mais seguras. A queda na criminalidade desta que é uma das maiores
metrópoles do mundo ilustra a vitória das autoridades contra a criminalidade,
mas que voltou a crescer em nível nacional em 2006, segundo o Federal Bureau of
Investigation - FBI. No fim dos anos 1980 e no início dos anos 1990, a
violência chegou a seu mais alto índice em Nova York. A situação foi piorada
com a “epidemia de crack”, um derivado da cocaína, só que mais barato e mais
tóxico e do qual os usuários se tornam dependentes rapidamente. Mas no ano
passado, o número de mortes caiu para menos de 600, contra os 2.200 de 1990, em
uma cidade que tem mais de oito milhões de habitantes e uma aglomeração de mais
de 18 milhões de pessoas. No mesmo período, o número de roubos passou de mais
de 100.000 para cerca de 23.500.
Em
2002, Nova York registrou menos assassinatos do que em qualquer ano desde 1900.
A insegurança na maior cidade dos Estados Unidos, que já inspirou filmes como O
poderoso chefão, Taxi driver e Duro de matar, agora está restrita à ficção.
Entre 1990 e 2009, o índice de homicídios na capital caiu 82%, o de roubos 80%
e o de roubo a carros 94%. “É a maior queda documentada nos índices de
criminalidade de uma grande cidade no século XX”, diz Franklin Zimring, no
livro The city that became safe. Professor de criminologia na Universidade da
Califórnia em Berkeley, Zimring fecha os ouvidos para máximas consagradas de
defesa pública e como um bom empirista norte-americano dá voz aos números. O
que eles dizem é cristalino: Nova York foi pacificada com iniciativas simples,
baratas - e polêmicas -, que podem ser aplicadas nas cidades brasileiras, como
tem ocorrido guardadas as proporções na cidade do Rio de Janeiro.
Na
verdade, os índices de criminalidade começaram a baixar ainda sob o mandato de
seu antecessor, David Dinkins. De acordo com o professor Thomas, um
"policiamento de proximidade" e as ações dirigidas nos bairros
contribuíram para baixar a violência e isso é muito mais mérito de Dinkins e do
então responsável pela polícia, William Bratton do que de Giuliani. Giuliani
conseguiu solidificar sua imagem como o prefeito que combateu com sucesso a
criminalidade de sua cidade e, com isso, se insere na campanha pela vaga
republicana na eleição presidencial de 2008. O número de policiais e o
orçamento concedido para a luta contra a violência efetivamente aumentaram no
curso dos anos 1990, mas os especialistas também apontam como possíveis
explicações para a nova realidade uma baixa no consumo de craque e uma economia
gozando de boa saúde.
Mesmo
o aumento da idade média da população e do número de pessoas que possuem casa
própria é citado pro alguns como razões para a reversão da tendência de
violência. Depois da saída de Giuliani e a chegada de Michael Bloomberg,
prefeito de Nova York, a taxa de violência continuou a descer em níveis de
controle social. Bloomberg puniu ainda mais severamente a obtenção ilegal de
armas de fogo. Quanto às especulações sobre se a curva de criminalidade tenderá
a continuar a baixar, os especialistas ressaltam que, cedo ou tarde, a cidade vai
encontrar um nível mínimo e que é difícil de erradicar a criminalidade em uma
metrópole como Nova York. Fora dos Estados Unidos da América, particularmente
nas grandes cidades, 2006 foi o décimo ano consecutivo em que se registrou
aumento dos índices de violência, notadamente com relação às mortes (alta de
6,7%) nas cidades com mais de 1 milhão de habitantes.
De
acordo com o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD), a taxa de homicídio
caiu 69% na última década e é a mais baixa em quarenta anos. A mudança é efeito
da chamada política de “tolerância zero”, lançada durante o mandato do
ex-prefeito Rudolph Giuliani e que continua rendendo frutos sob o comando do
atual prefeito, Michael Bloomberg. No último ano, de maneira geral, os índices
de criminalidade recuaram 5% em comparação com 2002, fazendo de Nova York a
metrópole menos violenta dos Estados Unidos. “A receita para a queda da
criminalidade por aqui é simples,” disse James Tuller, comandante da patrulha
da região norte do distrito do Queens à BBC Brasil. “Desde então, dentro do
NYPD combate o crime com um espírito de equipe”. De acordo com Tuller, “a
polícia age com rigor também no combate a infrações menores, afastando mendigos
das ruas e passageiros que deixam de pagar a tarifa no metrô”.
A
polícia da cidade conta com o apoio da prefeitura e trabalha de forma
coordenada, sendo apoiada também pela população. - “Começamos a ter mais
sucesso há cerca de dez anos, quando o então prefeito da cidade (Giuliani) e o
chefe de polícia deram um basta aos criminosos”. De acordo com o jornal The New
York Times, a cidade de Nova York tem gasto cerca de US$ 100 mil ao ano para
manter cada de um de seus presos. Tal valor considera não apenas os custos
diretos com os detentos, mas também salários e benefícios dos guardas
penitenciários. Ainda segundo o jornal, a maioria da população carcerária da
cidade é reincidente, sendo condenada por pequenos crimes e uso de drogas. - “Para
não reincidirem no crime, os presos precisam de tratamento psicológico,
treinamento profissional e programas de melhoria habitacional”.
Mas a
pergunta é: O que há por trás da beleza de New York? Woody Allen pretende
responder tal indagação e, não por acaso e descreve da seguinte maneira: - “As
pessoas sempre se enganam em duas coisas sobre mim: pensam que sou um
intelectual (porque uso óculos) e que sou um artista (porque meus filmes sempre
perdem dinheiro)”. Além de comediante, diretor, roteirista e ator de cinema,
Woody Allen toca clarinete semanalmente num bar de Nova York. Sua ligação com a
música, principalmente com o Jazz, pode ser conferida em todos os seus filmes,
dos quais é responsável também pela escolha da trilha sonora. Em 2002
participou, pela primeira vez, do Festival de Cannes, onde ganhou uma Palma de Ouro
pelo conjunto de sua obra.
Nova
York é o cenário de praticamente todos os seus filmes e lá é rodado outro
clássico do cineasta, “Manhattan”, que recebeu diversos prêmios e conta com as
presenças de Meryl Streep e, novamente, Diane Keaton, com quem teve
relacionamento afetivo. É um filme estadunidense de 1979, do gênero “comédia
romântica”. Tematiza um escritor de “meia-idade” divorciado (Woody Allen) que
se sente em uma situação constrangedora quando sua ex-mulher o abandonou para
viver sexualmente com outra mulher e, além disso, está para publicar um livro,
no qual revela assuntos muito particulares do relacionamento deles. Neste
período ele está apaixonado por uma jovem de 17 anos (Mariel Hemingway), que
corresponde a este amor. No entanto, ele sente-se atraído por uma pessoa mais
madura, a amante do seu melhor amigo, que é casado.
Finalmente,
em “Contos de New York”, cada um dos contos nos apresenta uma visão pessoal e
íntima dos protagonistas e é nessa divergência que está o ponto de coerência. A
“Big Apple” vista como um “lugar praticado” em que habitam todos os tipos de
pessoas e que, portanto, está sujeita a abrigar os mais particulares estilos de
vida e os mais distintos universos e realidades. Na primeira história, “Lições
de Vida” (Life Lessons), dirigida por Martin Scorsese, Lionel Dobie (Nick
Nolte), um famoso artista plástico, fica arrasado quando Paulette (Rosanna
Arquette), sua namorada e assistente, planeja abandoná-lo. Na segunda, “A Vida
Sem Zoe” (Life Without Zoe), dirigida por Francis Ford Coppola, Zoe (Heather
McComb), uma menina, vive esquecida em um hotel de luxo enquanto seus famosos
pais viajam o mundo. Na terceira, “Édipo Arrasado” (“Oedipus Wrecks”), dirigida
por Woody Allen, Sheldon Mills (Woody Allen) “é um advogado que não consegue se
libertar da mãe dominadora”. “Contos de Nova York”. São três contos dirigidos
por diretores consagrados (Scorsese, Coppola e Woody Allen) e que mostram Nova
York de uma maneira diferente. Não enaltecem sua grandiosidade (como em “Manhattan”,
de Woody Allen) ou usam o elemento de unidade para amarrar os contos e sim
apresentam histórias que têm em comum a singularidade de seus personagens e
suas percepções sobre a cidade.
Bibliografia geral consultada:
FAULKNER, H. Underwood, História Económica de los Estados Unidos. Buenos Aires:
Editorial Nova, 1956; HELLER, Agnes, O
Cotidiano e a História. Rio de Janeiro: Zahar,
1972; NOBLE, David, America by design - Science, Technology and the Rise
Corporate Capitalism. New York: Alfred A. Knopf Edition, 1977; CHOMSKY, Noam, USA: Mito, Realidad, Acracia. Barcelona: Editorial Ariel, 1978; SECANELLA LIZANO,
Petra María, La prensa en las elecciones
norteamericanas de 1976 y 1980. Madrid, Centro de Investigaciones
Sociológicas, 1981; FISCHER, Ernest, A Necessidade
da Arte. 9ª edição. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983; GINZBURG, Carlo, Miti, Emblemi, Spie. Morfologia e Storia.
Torino: Einaudi Editore, 1986; ARBEX JÚNIOR, José, A outra América - apogeu,
crise e decadência dos Estados Unidos. São
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Clarendon Press, 1995; SCHLESINGER JR, Arthur, The Disuniting of America (reflection on a multicultural society). New
York, 1992; KLEIN, Milton M, The Empire
State: A History of New York. Cornell:
University Press, 2001; CAWTHORNE, Nigel, A
Vida Sexual dos Ídolos de Hollywood. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004;
Almanaque Abril: 2010 Países: Estados Unidos; pág. 460; LIBERMAN, J., Démythifier l` universalité des valeurs
américaines. Paris: Parangon, 2004, entre outros.
______________
* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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