“A questão da vanguarda é peculiar ao século XX . A arte vem perdendo a espiritualidade” . Andreï Tarkovski.
Andrei Arsenyevich Tarkovski nasceu na aldeia de Zavrazhye no Distrito de Ivanovo em Volga. Seu pai, Arseny Alexandrovich Tarkovsky, natural de Kirovohrad na Ucrânia, foi um dos mais cultuados poetas russos modernos; a mãe, Maria Ivanova Vishnyakova, era atriz graduada no Instituto de Literatura Maxim Gorky, um centro de ensino superior de Moscou, dedicado às humanidades e especificamente a criação e tradução literária fundado em 1933 por iniciativa de Maxim Gorki, escritor de escola naturalista que formou uma espécie de ponte entre as gerações de Anton Tchekhov e Liev Tolstói, e a nova geração de escritores soviéticos e, além disso, com o nome de Universidade dos Trabalhadores e que recebeu o seu atualmente nome logo após a morte de Gorki en 1936. Podem-se realizar os cursos de forma presencial ou a distância. Seu avô, Aleksander Tarkowski, era um nobre polonês que trabalhou como funcionário num banco. Tarkovski passou a infância em Yuryevets. Em 1937 seu pai deixou a família e posteriormente, em 1941, se apresentou ao exército para o front onde ele perdeu a perna. Tarkovski ficou com a mãe, mudando-se com ela e sua irmã Marina para Moscou. Em 1939, Tarkovski se matriculou na escola de Moscou № 554. porém com a eclosão da II Grande Guerra (1939-1945) e com a batalha de Moscou, os três foram evacuados para Yuryevets, onde Andrei passou a viver com sua avó materna. Apenas em 1943, a família pode retornar à Moscou. Estas passagens e impressões da infância - a evacuação na guerra, sua mãe com seus dois filhos pequenos, a ausência do pai, o tempo no hospital, foram registradas no filme autobiográfico O Espelho (1975).
Com o retorno a Moscou, Tarkovski continuou seus estudos em sua antiga escola, onde o conheceu o poeta Andrey Voznesensky que foi um de seus colegas de classe. Estudou piano em uma escola de música e frequentou uma escola de arte plásticas. De novembro de 1947 a Primavera 1948, Andrey foi internado no hospital com tuberculose. Após a formatura do ensino médio, 1951-1952, Tarkovski estudou árabe no Instituto Oriental, em Moscou, um ramo da Academia de Ciências da URSS. Embora ele já falasse um pouco de árabe e ser bem sucedido em seus primeiros semestres, Andrei não terminou seus estudos e desistiu de trabalhar como um prospector de minérios para a Academia de Ciências Instituto de Metais Não Ferrosos e Ouro. Foi durante de uma expedição de pesquisa que participou ao longo de um ano no rio Kureikye perto Turukhansk na província de krasnoyarsk, região Central da Sibéria que decide estudar cinema. Ao retornar da expedição em 1954, Tarkovski começou a estudar no conceituado Instituto Estadual de Cinematografia VGIK no curso de direção de cinema. Ele estava na mesma classe de Irma Raush com quem se casou em abril de 1957. No início da era Khrushchov, fora oferecido oportunidades únicas para jovens cineastas. Antes de 1953, a produção anual de cinema tivera sido baixa e a maioria dos filmes foram dirigidos por diretores veteranos. Depois de 1953, a produção de filmes aumentou e os jovens diretores ganharam espaço. Khrushchov aliviou as restrições sociais soviéticas e permitiu um pequeno fluxo de literatura, filmes e música europeia e norte-americana na URSS. Isto permitiu que Tarkovski visse filmes do Neo-Realismo italiano, Nouvelle Vague francesa, e de diretores como Kurosawa, Buñuel, Bergman, Bresson, Andrzej Wajda cujo filme Cinzas e Diamantes influencia Tarkovski e Mizoguchi.
Mikhail Romm, professor e orientador de Tarkovski, ensinou muitos estudantes de cinema que mais tarde se tornariam diretores influentes. Em 1956, Tarkovski dirigiu seu primeiro curta-metragem ainda como aluno, The Killers, a partir de um conto de Ernest Hemingway. O curta-metragem There Will Be No Leave Today e o roteiro Concentrated em 1958 e 1959 sucessivamente completam sua experiência na academia. Outra influência importante sobre a obra de Tarkovski foi do diretor de cinema Grigori Chukhrai, que lecionava na VGIK. Impressionado com o talento de seu aluno, Chukhrai ofereceu a Tarkovski o emprego como Assistente de Direção de seu filme Clear Skies. Tarkovski inicialmente mostrou interesse, mas decidiu se concentrar em seus estudos e seus próprios projetos. Durante seu terceiro ano no VGIK, Tarkovsky conheceu Andrei Konchalovsky. Eles descobriram muitas coisas em comum, eles gostavam dos mesmos diretores e compartilhavam ideias sobre cinema e filmes. Em 1959, eles escreveram o Roteiro de Antártica - País Distante, que mais tarde foi publicado no Moskovskij Komsomolets. Tarkovski apresentou o roteiro para Lenfilm, mas foi rejeitado. Eles foram bem sucedidos com o roteiro O Rolo Compressor e o Violinista, que eles venderam a Mosfilm. Este tornou-se o projeto de graduação de Tarkovski, que lhe valeu o diploma em 1960 e prêmio, no Festival Estudantil de Cinema de Nova York, em 1961.
Entre mestres indiscutíveis da escola soviética Serguei Eisenstein foi criador dos clássicos “Bronenósets Potiomkin” (1925; “O encouraçado Potemkin”), que relatava a malograda revolta no interior da Revolução Russa de 1905; “Oktiabr” (1928; “Outubro” ou “Os Dez Dias que Abalaram o Mundo”), sobre a Revolução de 1917; e “Staroye i novoye” (1929; “A Linha Geral” ou “O Velho e o Novo”), criticado pelos ortodoxos e pela Enciclopédia como obra de teóricos formalistas russos. Discípulo de Kuletchov, Vsevolod Pudovkin dirigiu “Mat” (1926; “Mãe”), baseado no romance de Maksim Gorki; “Konyets Sankt-Peterburga” (1927; “O Fim de São Petersburgo”) e “Potomok Chingis-khan” (1928; “Tempestade sobre a Ásia” ou “O Herdeiro de Gengis-Khan”). A obra de Maksim Gorki centra-se no âmbito do ideário do submundo russo. O ficcionista registrou etnograficamente com vigor antropofágico e emoção personagens que integravam as classes excluídas: operários, vagabundos, prostitutas, gente humilde, homens e mulheres do povo. Autores realistas e naturalistas já tinham incorporado estes setores sociais à literatura, mas olhavam para os pobres de fora, apenas com piedade ou com frieza. Gorki, ao contrário, conhecia aquele universo por dentro - ele próprio era um desses desvalidos – e soube captar o que havia de mais profundo na alma do povo russo. Daí a impressão de autenticidade que suas obras nos transmitem (cf. Ehrhard, 1956).
Fotografía: Sven Nykvist (Eastmancolor).
Música: Jean Sébastien Bach, Watazumido Shuso.
Produção: Anna-Lena Wibom.
Produtora: Svenska Filminstitutet (SFI)/Argos Films/Film Four International/Josephson & Nykvist HB/Sveriges Television (SVT)/ Sandrews Film & Teater AB.
Bibliografia geral consultada.
TARKOVSKI, Andreï,
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Documentário: “O Poeta do Cinema”. Volume I da série: Dossiê Tarkovski.
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Cinema de Andriêi Tarkóvski: A Perspectiva Inversa como Procedimento. Tese
de Doutorado em Comunicação. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São
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Emerson Ademir Borges de, Democracia como “Idolo”. Ensaios sobre um Projeto
de Democracia Possível. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em
Direito. Faculdade de Direito. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015; entre
outros.
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