domingo, 2 de agosto de 2015

Poder & Rede de Petróleo - Consumo e Consolidação de Mercado.

Ubiracy de Souza Braga*

         A paz não pode ser alcançada senão após a cessação da escalada militar e cerco financeiro”. Yasser Arafat 
                        

 O Fórum Econômico Mundial foi fundado em 1971 por Klaus Martin Schwab, um professor de administração na Suíça. Além das reuniões, o Fórum produz vários relatórios de pesquisa e engaja seus membros em iniciativas setoriais específicas. Fórum Econômico Mundial é uma organização sem fins lucrativos em Genebra, e é reconhecido por suas reuniões anuais em Davos, Suíça, nas quais reúne os principais líderes empresariais e políticos, assim como intelectuais e jornalistas selecionados para discutir as questões mais urgentes enfrentadas mundialmente, incluindo saúde e meio-ambiente. O Fórum também organiza a “Reunião Mundial dos Novos Campeões” na China e vários encontros regionais durante todo o ano. O Fórum é sediado em Cologny, Genebra, Suíça. Em 2006, o Fórum abriu escritórios regionais em Pequim, China e em Nova York, Estados Unidos da América. É uma organização imparcial e sem fins lucrativos não estando ligada a qualquer interesse político, partidário e nacional. Tem posição de observador no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e está sob a supervisão do Conselho Federal suíço. Sua mais alta esfera de governança é o Conselho da Fundação, órgão formado por 22 membros que incluem o ex-Primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair e a Rainha Rania da Jordânia. A missão do Fórum é “compromisso com a melhoria do Estado do Mundo”. 

Em 2008, essas reuniões regionais incluíram eventos na Europa e Ásia Central, Ásia Ocidental, a Mesa Redonda de CEO`s na Rússia, África, Oriente Médio e o Fórum Econômico Mundial na América Latina. Em 2008, lançou a “Cúpula Inaugural da Agenda Global”, em Dubai, formada por 700 especialistas de todo o mundo em setores relacionados aos 68 desafios globais identificados pelo Fórum. Durante sua reunião anual em 2009, no decorrer de cinco dias, mais de 2. 500  membros participantes de 91 países se reuniram em Davos. Cerca de 75% destes são líderes de negócios, provenientes, principalmente, dos membros do Fórum – mil das principais companhias de todo o mundo e atuantes em diversos setores econômicos. Mais de 1.170 CEO`s e Presidentes de conselhos de administração das principais empresas do mundo participaram em 2009. Outras importantes categorias de participantes incluem: 219 figuras públicas, incluindo 40 chefes de estado ou de governo, 64 ministros, 30 dirigentes ou executivos seniores de organizações internacionais e 10 embaixadores. Mais de 432 membros da sociedade civil, 32 dirigentes ou líderes de organizações não-governamentais, 225 líderes da mídia, 149 acadêmicos, 15 líderes religiosos de crenças e 11 líderes sindicais.

          Yasser Arafat foi o líder da Autoridade Palestiniana, presidente de 1969 até 2004 da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), líder da Fatah, a maior das facções da OLP, e co-detentor do Nobel da Paz. Após a Crise de Suez (1956), o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, líder do Movimento de Oficiais Livres, concordou em permitir que a Força de Emergência das Nações Unidas se estabelecesse na Península do Sinai e na Faixa de Gaza, causando a expulsão de todas as forças da guerrilha (fedayeen) incluindo de Yasser Arafat. Ele originalmente tentou obter um visto para o Canadá e, para Arábia Saudita, mas não teve sucesso em ambas as tentativas.  Em 1957, ele pediu um visto para o Kuwait  (um protetorado britânico) e foi aprovado com base em seu trabalho em engenharia civil. Lá ele encontrou dois amigos palestinos: Salah Khalaf (Abu Iyad) e Khalil al-Wazir (Abu Jihad), ambos membros oficiais da Irmandade Muçulmana egípcia. Arafat tinha encontrado Abu Iyad, enquanto frequentava a Universidade de Cairo e Abu Jihad em Gaza.
             Ambos se tornaram principais assessores de Arafat na política futura. Abu Iyad viajou com Arafat para o Kuwait, no final de 1960; Abu Jihad, atuando também como professor, já tinha vivido lá desde 1959. Após se acomodar no Kuwait, Abu Iyad ajudou Arafat a obter um emprego temporário como professor. Arafat e os outros gradualmente fundaram o grupo que ficou conhecido como o Fatah. A data exata para o estabelecimento é desconhecida. No entanto, em 1959, a existência do grupo foi atestada nas páginas de uma revista nacionalista palestina, Filastununa Nida al-Hayat (em português: Nossa Palestina, em inglês: The Call of Life), que era escrita e editada por Abu Jihad. Fatah dedicou-se à libertação da Palestina por uma luta armada realizada pelos próprios palestinos. Isso a diferenciava de outras organizações políticas e de guerrilha palestinos, a maioria dos quais acreditavam firmemente em uma resposta unida dos países Árabes. A organização de Arafat nunca abraçou as ideologias dos principais governos árabes da época, em contraste com outras facções palestinas, que se tornaram satélites de países Egito, Iraque, Arábia Saudita, Síria e outros.
                                    
 A palavra petróleo vem do latim “petra” (pedra) e “oleum” (óleo), com o sentido literal compreendido como “um óleo que nasce da pedra”. Na verdade, o petróleo se origina da combinação entre moléculas de carbono e hidrogênio. Essa combinação ocorre pela decomposição de seres que compõem o plâncton (protozoários e celenterados, entre outros), causada pela pouca oxigenação e pela ação de bactérias. Os seres decompostos durante milhões de anos no fundo de lagos e mares, pressionados pelo movimento da crosta terrestre deram origem a uma substância oleosa, de tons variados entre negro e castanho e cheiro característico que nos habituamos a chamar de petróleo. Sua utilidade social é conhecida há centenas de anos. Acredita-se que Nabucodonosor teria utilizado o betume para proporcionar a liga para a massa das construções dos lendários “Jardins Suspensos da Babilônia”. Os egípcios usaram o petróleo para embalsamar os mortos e na construção cultural de pirâmides. Mas foi apenas no século XVIII que o petróleo começou a ser utilizado comercialmente. Foi útil na iluminação. Na forma de querosene utilizado nas lâmpadas que permitiam, tanto das cidades como do campo, exercer funções que antes não podiam ser realizadas após o anoitecer, como ler e escrever lembrava o pensador materialista Marx, por exemplo. 
            Da rivalidade entre russos e britânicos nasceu a história do petróleo no Oriente Médio. Desde 1872, e de novo em 1889, o barão inglês Julius Reuter, fundador da agência de informações de mesmo nome, negociava, com a Pérsia, acordos que previam a exploração do petróleo. O regime czarista temia a aproximação dos ingleses da sua fronteira sul. Os acordos foram anulados. Mas os homens de negócio da City não desanimaram: os entendimentos foram retomados pelo riquíssimo William Knox d`Arcy. Em Teerã, o Xá tinha necessidade de dinheiro novo. As duas partes acabaram firmando um novo contrato. Em 28 de maio de 1901, mediante o pagamento de 20 mil libras líquidas à vista, igual montante em ações e 16% sobre os eventuais lucros, o Xá firmou com D`Arcy uma concessão de 60 anos sobre dois terços do país. Com isso, os ingleses fincaram os pés no petróleo da Pérsia. O negociante contratou o engenheiro George Reynolds, que se instalou numa região deserta e entre a Pérsia (Irã) e a Mesopotâmia (Iraque), a 500 km do golfo Pérsico.


             A primeira perfuração começou em 1902, sob uma temperatura de 50°C à sombra, em meio a tribos hostis ao estrangeiro. Desde a década de 1920, o conhecimento geopolítico do petróleo se tornou alvo de disputa entre os países ocidentais. Na história da Petróleo Brasileiro SA - Petrobras, a partir da década de 1950, diante do processo nacionalista de industrialização, há alguns registros etnográficos e casos “mal contados” de espionagens. Um deles ocorreu no dia 31 de janeiro de 2008, quando quatro “laptops”, dois discos rígidos e dois pentes de memória que foram furtados, com fins políticos, de um contêiner transportado pela empresa norte-americana Halliburton, não por acaso prestadora de serviços à empresa Petrobras, no caminho rodoviário do litoral sudeste de Santos a Macaé. Nos equipamentos, havia dados industriais sigilosos sobre a Bacia de Santos. Curiosamente a Polícia Federal garante que foi crime comum e que não houve espionagem industrial.       .
Na ocasião, a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) denunciou uma série de furtos e invasões de residências de engenheiros e técnicos da estatal brasileira, para roubar notebooks. Esses casos nunca foram devidamente esclarecidos por Comissão Parlamentar de Inquérito. Desde a descoberta do pré-sal, em 2007, o país vem reforçando seus mecanismos de defesa. É uma atitude prudente diante do potencial energético que a exploração de óleo em águas profundas proporciona. Para vigiar a faixa de domínio marítimo que se estende a 200 milhas a partir da costa, o Ministério da Defesa conta com um orçamento de R$ 20 bilhões. Esses recursos estão sendo gastos na aquisição de submarinos, inclusive com propulsão nuclear, além de helicópteros. Em manifesto, intelectuais progressistas  denunciam golpe contra a Empresa de Petróleo Petrobras e o governo da primeira mulher eleita presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT).  Como a Petrobras tem influência do governo, este pode usá-la para impedir subidas nos preços dos combustíveis.
Assim o governo beneficia toda a população, pois o dono de automóvel economiza no preço que enche o tanque e o pobre economiza no preço dos produtos distribuídos através de veículos movidos a gasolina. A Petrobras acaba investindo milhões em pesquisas, em publicidade, nos esportes, na cultura, etc. Se a Petrobras fosse privatizada, todo esse investimento acabaria sendo destinado apenas para atividades mais lucrativas. Logo, a privatização prejudicaria o Brasil. O setor é importante e tem que ser dos brasileiros. É um privilégio de brasileiros ter uma empresa grande, arrojada e competitiva com a Petrobras como uma estatal. Isso cala a boca daqueles que creem que é impossível haver uma empresa estatal entre as melhores do mundo. Desde sua criação há 60 anos, a Petrobras viu a ascensão e queda de tantas outras estatais. Ela resistiu ao prejuízo e manobras de sucateamento das “BRAS”. Se ela se mantem forte como empresa estatal competitiva, gerando lucros que são revertidos na reprodução por que deveria ser entregue ao capital internacional? Na década de 1980, a Petrobras aceitou no planejamento técnico-metodológico o desafio de explorar e extrair petróleo abaixo de 500 metros, feito não conseguido então por nenhuma outra companhia de âmbito internacional. 
        Num gesto de ousadia, o Brasil desenvolveu com profissionais formados em universidades públicas a tecnologia que a permitiu explorar águas até mil metros. A Petrobras possui a mais avançada tecnologia em exploração e extração de petróleo. É essa tecnologia que hoje permite ao Brasil a conquista do Pré-Sal. A Petrobras é a maior empresa brasileira em valor de mercado, com presença em 25 países. Em análise comparada nem mesmo a Exxon, Chevron, Shell e Cia se equiparam com a tecnologia brasileira. Privatizar a Petrobrás é oferecer ao mercado privado tecnologias e patrimônios conseguidos através de nossos impostos. Enfim, privatizar a Petrobras seria ruim tanto para a empresa quanto para o Brasil. Se analisarmos a Lei 9.478/97, de FHC, veremos que ela fez que a empresa tivesse 36% de suas ações vendidas na Bolsa de Nova York. Como a lei americana é rigorosíssima, a Petrobras perdeu autonomia para optar pelos melhores investimentos, se planejar e orçar. A Petrobras é empresa que mais compra e contrata serviços no Brasil. Se privatizada empregaria menos e contrataria menos serviços, uma vez que empresas privatizadas visam o lucro.
O rei Ibn Saud, por sua vez, em maio de 1933, concedeu o direito de explorar  petróleo da Arábia Saudita durante 60 anos. Os norte-americanos da Socal, que pagaram ao rei 35 mil peças de ouro, foram os beneficiários. O articulador do acordo foi Saint John Philby, antigo funcionário britânico do Império das Índias, transformado em conselheiro de Ibn Saud. Os ingleses perderam o bonde. Assim, antes de lutar contra os americanos, eles preferiram, um ano e meio mais tarde, associar-se com eles na base de 50/50 na última zona de prospecção: o Kuwait. As buscas, contudo, mostraram-se difíceis. As seis primeiras perfurações deram em nada. A ansiedade cresceu até 1938, quando imensas reservas foram descobertas no Kuwait e na Arábia. Após a 2ª guerra mundial (1940-45), o movimento pela descolonização foi seguido pelo direito das nações de dispor livremente dos seus recursos naturais. Os países do Golfo passaram, portanto, a desejar libertar-se, em algumas décadas, do estilo comercial de exploração das companhias petrolíferas ocidentais.
Em 1948, a superpotência americana obteve o fim do “acordo da Linha Vermelha”. Empresas recém-chegadas, como a norte-americana Getty Oil, ofereceram melhores condições de valor de troca à Arábia Saudita, induzindo as companhias petrolíferas, empenhadas em manter suas posições de mercado, a conceder em 1950 à Arábia Saudita uma partilha dos retornos petrolíferos na base de 50/50%. Essa disponibilidade foi estendida ao Bahrein e, depois, ao Kuwait e ao Iraque. Mas as multinacionais anglo-americanas, as chamadas “sete irmãs”, conservaram o controle dos preços e dos volumes de produção - e 1950 foi também o ano da primeira tentativa de rebelião. Mossadegh nacionalizou as jazidas iranianas. Os ingleses, tendo feridos seus interesses comerciais, organizaram um bloco militar em favor das exportações. Durante quatro anos os iranianos resistiram. Mas em 1954 os norte-americanos eliminaram Mossadegh, assumiram o controle do petróleo iraniano e, de passagem, descartaram os ingleses. Seis anos mais tarde, em 1960, a Arábia Saudita, o Kuwait, o Irã, o Iraque e a Venezuela criaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. A Opep permitiu que, pela primeira vez, os países do Golfo Pérsico se unissem politicamente contra as “sete irmãs”.

        A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) precisaria de mais dez anos para inverter a correlação de forças entre países produtores e consumidores. Tudo balançou, com efeito, nos anos 1970. Um acidente danificou o oleoduto entre a Arábia Saudita e o Mediterrâneo: 5 mil barris/dia a menos no mercado. Os preços do petróleo subiram, e a Opep se deu conta de que o Ocidente estava à sua mercê. As nacionalizações voltaram à ordem do dia nos países árabes. Em 1972, o Iraque recuperou sua indústria petrolífera. A nacionalização se efetivou em 1975. As companhias ocidentais criaram uma nova artimanha jurídica para manter a situação: os “contratos de partilha da produção”. Elas passaram então a se associar à produção local do processo de extração do petróleo com o domínio da tecnologia e a comercializar por sua própria conta uma parte da produção da jazida. A Guerra do Kippur (1973), provocou o primeiro choque petrolífero mundial. Representou um conflito militar ocorrido de 6 de outubro a 26 de outubro de 1973, entre uma coalizão de estados árabes liderados por Egito e Síria contra Israel. O episódio começou com um ataque programado, mas inesperado do Egito e Síria. Planejado para o dia do feriado judaico Yom Kippur, Egito e Síria cruzaram as linhas de cessar-fogo no Sinai e nas colinas do Golã, respectivamente, que foram capturadas, por Israel, já em 1967 durante a Guerra dos Seis Dias, foi o conflito que envolveu Israel e os países árabes - Síria, Egito, Jordânia e Iraque apoiados pelo Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão, entre 5 e 10 de junho de 1967, tendo sido a mais consistente resposta árabe à fundação do Estado de Israel, embora o Estado sionista tenha saído aparentemente como grande vencedor.  
       Os países do Golfo elevaram o preço do barril em 70% e limitaram a produção. Em 1974, o Kuwait e o Qatar assumiram o controle em até 60% das companhias que atuavam em seu território. A Arábia Saudita antes de nacionalizar a Arabian-American Oil Company, em 1976, transformou-se politicamente em “senhores do jogo”. Inversamente ao fator surpresa, usado pelos israelenses na Guerra dos Seis Dias durante os primeiros dias, egípcios e sírios avançaram recuperando partes de seus territórios. O cenário começou a se inverter para o lado de Israel na segunda semana de lutas, quando os israelenses fizeram os sírios retrocederem nas colinas de Golã enquanto o Egito mantinha sua posição no Sinai, fechando a comunicação entre a linha Bar-Lev e Israel, porém este também sem comunicação com o Egito. Ao sul do Sinai, os israelenses encontraram uma brecha entre os exércitos egípcios e conseguiram cruzar para o lado oeste do canal de Suez no local onde a grande muralha Bar-Lev não havia sido tomada, e ameaçaram a cidade egípcia de Ismaília. Este desenvolvimento levou as duas superpotências da época, os Estados Unidos da América (EUA), defender os interesses de Israel, e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, dos países árabes, a uma tensão diplomática. Mas um cessar-fogo das Nações Unidas entrou em vigor de forma cooperativa em 25 de outubro de 1973.
         As companhias petrolíferas perderam a capacidade de ditar os preços na chamada boca dos poços, no mercado globalizado mas conservaram a primazia sobre o refinamento, o transporte e a comercialização do precioso óleo. Em 21 de maio de 2007, a Petrobras foi eleita a 8ª companhia mais respeitada do mundo ocidental segundo análise do “Reputation Institute”. O valor especulativo das ações da Petrobras subiu 1200% entre maio de 1997 e junho de 2007 e a empresa obteve um lucro recorde em 2006 de 25,9 bilhões de reais, ano em que se tornou a oitava maior empresa de petróleo do mundo. Em novembro de 2007, após o anúncio da descoberta das reservas de Tupi, o valor internacional de mercado da Petrobras subiu 28,3 bilhões de dólares, com a confirmação da mega reserva de petróleo leve na Bacia de Santos. Seu novo valor internacional de mercado, 385,1 bilhões de reais, representando 221,9 bilhões de dólares, alcançou então a Petrobras à margem de sexta posição entre as maiores companhias nos Estados Unidos da América (EUA), à frente de gigantes do ouro negro como Procter & Gamble, Google, Berkshire Hathaway e Cisco Systems.
Passaram-se quase sete anos (07) desde que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos  Trabalhadores (PT) garantiu, em evento no estado do Ceará, a instalação da refinaria Premium II no Estado. Depois de muitas idas e vindas, adiamentos e rumores de que a usina não seria realizada, a companhia Petróleo Brasileiro S.A. anunciou que de fato o projeto de implantação do empreendimento foi encerrado. Representou um sonho de cerca de cinco décadas da população cearense, como outros projetos econômicos e sociais que não saem do papel. O documento da Petrobras, afirma que a companhia decidiu encerrar os projetos de instalação tanto da refinaria cearense, quanto a reinaria do Maranhão, a Premium I. A Petrobras estava em 2011 no quinto lugar na classificação das maiores petrolíferas de capital aberto do mundo. Em valor de mercado, é a segunda maior empresa do continente americano e a quarta maior do mundo, no ano de 2010. 
Em setembro de 2010, a Petrobrás passou a ser a segunda maior empresa de energia do mundo, comparativamente sempre em termos de valor de mercado, segundo dados estatísticos da Bloomberg e da Agência Brasil. Em outubro de 2010 a empresa ficou reconhecida mundialmente por efetuar a maior capitalização em capital aberto da história: 72,8 bilhões de dólares, praticamente o dobro do recorde até então, que era da Nippon Telegraph and Telephone (NTT), com 36,8 bilhões de dólares capitalizados em 1987. Em 2014 a Petrobras teve um prejuízo de 21,587 bilhões de reais, é o maior prejuízo desde 1986 e o primeiro prejuízo da empresa desde 1991, a perda de dinheiro por causa corrupção em 2014 foi de 6,194 bilhões de reais. Em 2009, a empresa passou da 24ª posição entre as empresas mais respeitadas do mundo, de acordo com o Reputation Institute iniciando a produção de petróleo em Tupi, com uma interrupção em julho e retomada em setembro.
           A Petróleo Brasileiro SA - Petrobras é referência internacional na exploração de petróleo particularmente em águas profundas: a) para a qual desenvolveu tecnologia própria, com base em pesquisa & desenvolvimento b) pioneira no mundo, c) sendo a líder mundial deste setor. O seu projeto social “Roncador” recebeu, em março de 2001, o “Distinguished Achievement Award – OTC 2001”, tornando-se uma referência tecnológica para o mercado mundial do petróleo e confirmando a liderança da Petrobras em águas profundas. Em 2007 a Petrobras manteve o recorde mundial de profundidade em perfuração no mar, com um poço em lâmina d água de 2 777 metros. A Petrobras exporta tecnologia de exploração em águas profundas para vários países -, como a instalação de “risers flexíveis” (sem mergulhadores) e os métodos de colocação vertical de sistemas de conexão em forma de “J” previamente amarrados à chamada Árvore de Natal Molhada (ANM). Na verdade, foram desenvolvidos em estreita colaboração tecnológica com a Petrobras, sendo patenteados pelo grupo francês Coflexip Stena Offshore (CSO) que fechou um contrato com a Petrobras para montar infra-estrutura de exploração do campo de petróleo do Roncador, na bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Segundo a empresa estrangeira, este é “o mais importante contrato de sua história”.
O consultor da área de petróleo Arthur Berman, em artigo publicado na revista “World Oil”, estimou que o potencial do bloco BM-S-9, reconhecido como “Carioca”, seria cinco vezes maior que o megacampo de Tupi, com aproximadamente 33 bilhões de barris, embora reconhecendo que esse número é “altamente especulativo”, mas “um palpite crível”. O BM-S-9 é operado pelo consórcio Petrobras, que tem 45% do campo, a British Gás, com 30%, e a Repsol, com 25%. Já se declarou que “... seria a maior descoberta feita no mundo nos últimos 30 anos e seria também o terceiro maior campo do mundo na atualidade”. Este comentário como era de esperar, do ponto de vista comunicativo gerou grande especulação no mercado de petróleo. Em 2014, a Petrobras devolveu a área em que realizou a primeira perfuração do pré-sal. O bloco BM-S-10, na Bacia de Santos foi entregue à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustível (ANP), após a estatal não ter cumprido os prazos para declaração de comercialidade da área. Nas atividades do holding, o Sistema Petrobras que incluem subsidiárias - com diretorias próprias, interligadas à sede. 
Desta conjuntura pós-2014, segundo Azevedo (2018) o volume de petróleo transacionado nos mercados futuros, principalmente por instituições financeiras e fundos de pensão, aumentou exponencialmente com o ciclo de preços altos até a crise de 2008. Continuam importantes na rápida recuperação posterior, mas não foram tão importantes nas variações de preços pós final de 2014. Neste ultimo caso, as variáveis produtivas reais tiveram um papel mais relevante, ainda que as baixas taxas de juros nos EUA possam ser uma importante explicação pelo alto grau de alavancagem de muitas pequenas e médias empresas de petróleo não convencional, principal fonte do crescimento da oferta nos últimos anos e objeto da disputa geopolítica envolvendo os Estados Unidos da América, Arábia Saudita e Rússia, com fortes impactos sociais sobre o Irã, Iraque, Venezuela e Brasil. Ipso facto, Choques de demanda, com a queda do crescimento da China, choques de oferta com a expansão da produção americana e a disputa para retomar o market share do Irã e Iraque, além dos acúmulos de estoques nas mãos dos países consumidores potencializaram as decisões da OPEP de não cortar produção, levando ao colapso dos preços de final de 2014 — final de 2016. Depois da queda dos preços de 2015 há algumas mudanças importantes no mercado. As captações com títulos de debt pelas grandes empresas de petróleo diminuíram, apesar de continuarem nas empresas menores, especialmente aquelas focadas no gás de xisto (shale gas) americano, bastante endividadas, e cresceu um processo de venda de ativos non core business. Os acionistas passaram a exigir retornos de mais curto prazo, levando as empresas à redução de seus investimentos produtivos.
As National Oil Companies (NOC), gigantes do setor que controlam a maior parte das reservas do mundo, junto com fundos soberanos de alguns países exportadores, passaram a ser players dominantes no mercado de fusões e aquisições, assim como ampliaram os contratos de fornecimento de longo prazo. Enfim, a escolha das metas financeiras de reduzir essas métricas para a metade até 2018 foi uma escolha arbitrária, que representa a financeirização (cf. Hilferding, 2011) das empresas produtivas, sustentada por um Conselho de Administração constituído predominantemente por representantes deste setor, situação inédita na história da companhia. Nada impediria uma definição de horizonte mais longo para o atingimento de metas, com refinanciamentos dos novos empréstimos, mesmo que a custos mais altos no curto prazo, desde que apresentada uma perspectiva de crescimento da produção e capacidade de pagamento. Do ponto de vista da produção de petróleo e gás natural, o pré-sal tem batido vários recordes de produção. As taxas de crescimento desta produção nos últimos dois anos são bastante elevadas para os padrões da indústria mundial e, mesmo com o declínio da Bacia de Campos, o extraordinário crescimento da produção dos campos do pré-sal mais que justifica este enorme crescimento. As decisões sobre a implantação dos campos em produção nesta conjuntura política e de mercado foram tomadas no passado, como ocorre no investimento específico do setor, que se caracteriza por efeitos sociais e políticos no longo prazo e longa maturação na implantação do processo industrial de produção. 
Bibliografia geral consultada.

CASTELLS, Manuel, A Sociedade em Rede. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1999; MARIANO, Jacqueline Barboza, Impactos Ambientais do Refino de Petróleo. Dissertação de Mestrado em Ciências. Programa de Pós-Graduação em Engenharia. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2001; NATALINO, Enrique Carlos, A Maldição do Petróleo na Venezuela: Uma Análise Institucional. Dissertação de Mestrado. Programa de Mestrado em Administração Pública. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2011; CAMPOS, Adriana Fiorotti, Indústria do Petróleo: Reestruturação Sul-Americana nos anos 90. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2007; HILFERDING, Rudolf, Il Capitale Finanziario. Milano: Editore Mimesis, 2011; CORNIGLION, Ricardo Ghizi, A Geopolítica Energética do Brasil e os Novos Eixos de Poder na América do Sul. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial. Belo Horizonte: Pontifícia Universidade Católica de Monas Gerais, 2011; Artigo: “The Devil in the Deep-Sea Oil”. In: http://www.economist.com/node/Nov5th/2011; REZENDE, Julio Francisco Dantas de, Sustentabilidade das Empresas Associadas à Redepetro - RN. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Administração. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2012; COLLARES, Valdeli Coelho, Ascensão do Hamas na Palestina: Pobreza e Assistência Social, 1986-2006. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Montes Claros: Universidade Estadual de Montes Claros, 2012; ARAÚJO, Janusa Soares de, Estudo Paramétrico do Processo de Combustão in situ como Método de Recuperação Avançada de Petróleo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2012; FEITOSA, Nabupolasar Alves, A Construção do Estado Chavista: A Influência Bolivariana. Tese de Doutorado em Ciências Sociais - Ciência Política. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2014;  entre outros.

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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo:  Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).

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