sábado, 15 de agosto de 2015

A Intérprete – Cultura, Ceticismo & Genealogia da Informação.

                                                                                                                          Ubiracy de Souza Braga*
 
       “A Intérprete é Suspense Inteligente com Nicole Kidman”. Kirk Honeycutt 


Passaram-se 10 anos quando Sydney Pollack regressa à Hollywood com o filme: The Interpreter (2005). Um drama perspicaz, atualíssimo, com um elenco soberbo representado por astros como Nicole Kidman, Sean Penn e Catherine Keener, onde combina uma história clássica de duas pessoas que “correm contra o tempo” para deter uma terrível conspiração. Imerso em temas da modernidade como globalização & terrorismo, infere sobre os perigos da má interpretação e a emocionante necessidade de falar a verdade no sentido hermenêutico. Kirk Honeycutt erra quando admite: “A Intérprete é suspense inteligente com Nicole Kidman”.  Ipso facto o filme tem como escopo o “social irradiado” numa sociedade pós-tribal no extraordinário continente africano. Não se trata, portanto, de um filme prolixo ou de agenciamentos militares. O príncipe inglês Henry Charles Albert David, prestou uma homenagem à África e aos povos africanos no último dia de sua recente viagem, classificando o continente como seu “segundo lar” e prometendo fazer tudo que puder para ajudar a população a melhorar de vida. Em um discurso a jovens empreendedores em Joanesburgo, ao lado de sua esposa, Meghan Markle, Harry disse ter se inspirado na generosidade da cultura do continente negro e na resistência dos africanos. - “Apesar das adversidades extremas e dos desafios existentes em tantos níveis, as pessoas são generosas, são fortes, humildes e incrivelmente otimistas”.

Escólio: Silvia Broome é uma intérprete da Organização das Nações Unidas, na África, que escuta acidentalmente um sussurro ou uma ameaça de morte contra um chefe de Estado africano, programado para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas. Por conta disso, ela acaba se tornando alvo dos assassinos também. Silvia quer sobreviver o tempo suficiente para conseguir frustrar a trama, mas tem dificuldade em fazer com que as pessoas acreditem em sua história social. Baseado em fatos reais ocorridos em 1928, o filme narra a história de Christine Collins, uma mãe que perdeu seu filho de 9 anos, Walter, desaparecido sem vestígios. Cinco meses depois, a polícia encontra um garoto e pressiona Christine a levá-lo para casa. Por alguns instantes, ela é convencida pelo capitão de polícia que está em choque e incapaz de reconhecer seu próprio filho. Após levar a criança para casa, ela se arrepende e insiste para que as buscas por Walter continuem. As autoridades a jogam em uma ala psiquiátrica, até que Christine consegue o apoio de um  “pregador” (crente) local “obstinado a desmascarar as falhas da polícia”.

As estruturas sociais de classe, gênero e etnia são reduzidos às imagens do social e vividos através do meio de reprodução das imagens e de estilo de vida. Observou que os “meios realizadores” estão em coisas muito diferentes às expectativas geradas, e, ainda segundo ele, que atendam satisfações mais superficiais, mas jamais aspectos profundos da vida humana como geralmente propõem. Sob este aspecto radicalizou ao desenvolver a ideia que os indivíduos imersos nas práticas e relações de consumo, não combatem nem condenam, mas exploram ao máximo as tendências figuradas. As sensações imediatas, as experiências ardentes e isoladas, tanto quanto as intensidades da sociedade-cultura de consumo. Sem procurar significados obtém prazer estético de intensidades superficiais. Na ordem da produção, o objeto carece de unicidade e singularidade, pois, objetos tornam-se simulacros indefinidos uns dos outros como objetos, os homens que os produzem. A pretensa objetividade do mundo erigido pela racionalização técnica corresponde à universalização de um modelo arbitrário advindo da generalização da economia política na forma da lei do valor. A partir do código, considerado como sistema de signos generalizados, a simulação opera a inversão das relações sociais entre pessoas, identificada entre o real e sua representação, estabelecendo simples oposições binárias que permitem a objetividade do discurso e o controle dos objetos.

O que determina a escolha de um ponto de vista sobre o sujeito e o mundo são os objetivos pragmáticos. Deixamos de lado a posse de uma teoria fundada em exigências lógicas ou achados empíricos incontestáveis. Poder, interesse, dominação, realidade material, são indispensáveis à análise que nos habituaram a aceitar como verdadeira, pela força ou pela persuasão dos costumes. Para efeitos da ação, só existem eventos descritivos. A descrição preferida do intérprete será a mais adequada às suas convicções morais e não a mais iluminada pela Razão. Política é regulação da existência coletiva, poder decisório, disputa por posições de mando no mundo, confrontos entre mil formas. Violência em última análise. Assim, é também diferente da produção simbólica porque se exercita sobre o interesse dos agentes sociais, quando não sobre o seu próprio corpo. Não produz mensagens, discursos cotidianos, produz obediências, obrigações, submissões, controles. Poder, na modernidade, é uma relação social de mando e obediência. São decisões tomadas politicamente que se impõe a todos num dado território ou unidade social. Todavia, convertem-se em atividades coercitivas, administrativas, jurídico-judiciárias e deliberativas. Eis a grande questão: o processo político diz respeito a pergunta: - Quem pode o quê sobre quem? A mesma pulsão escópica, analogamente, frequenta a ficção real ou imaginária que cria leitores, que muda de legibilidade a complexidade urbana. Não é mais suficiente para compreender as estruturas de poder deslocar para os dispositivos e os procedimentos técnicos uma multiplicidade humana, capaz de transformar, disciplinar e depois gerir, classificar e hierarquizar todos os desvios concernentes à aprendizagem, saúde, justiça, forças armadas ou trabalho. Na política contemporânea o que faz andar são relíquias de sentido e às vezes seus detritos, os restos invertidos de grandes ambições. Nome que no sentido preciso da memória deixaram de ser próprios. Nesses núcleos simbolizadores se esboçam e talvez se fundem três funcionamentos distintos (mas conjugados) das relações políticas entre práticas espaciais e significantes: o crível, o memorável e o primitivo.

Em relação ao discurso, reduzindo o signo ao puro jogo dos significantes, anula a relação entre significante e significado necessária ao processo de significação. Assim, diferentemente da ordem da produção, o controle das relações do homem com as “coisas” não mais advém do agir racional-com-respeito-a-fins, pois a predominância do código inaugura o monopólio da palavra como característica básica da dominação contemporânea. Da mesma forma, enquanto técnica de controle do objeto, o processo de simulação opera uma completa inversão, de forma que o real se torne efeito ou reflexo de modelos gerativos. Simulacros e simulação representa um tratado filosófico de Jean Baudrillard que discute a relação entre realidade, símbolos e sociedade. Simulacros são cópias que representam níveis de análise que nunca existiram ou que não possuem mais o seu equivalente na realidade. Simulação é a imitação de um processo virtual existente no mundo real. Se a visão de Baudrillard é problemática e pessimista porque não depreende nos mass media a possibilidade real da comunicação e da troca, estando restrita ao encontro “face a face”, por outro lado, ela é profícua na medida em que, já no início da década de 1970, o autor ergue-se contra o domínio da semiologia italiana e francesa, relativizando sua prática teórica no que diz respeito à comunicação social.

 

O século XX pode ser visto como um vasto cenário de problemas raciais. São problemas inseridos mais ou menos profundamente nas guerras e revoluções, nas lutas pela descolonização, nos ciclos de expansão e recessão das economias, nos movimentos de mercado da força de trabalho, nas migrações, nas peregrinações religiosas e nas incursões e tropelias turísticas, entre outras características mais ou menos notáveis da forma pela qual o século XX pode ser visto, em perspectiva geo-histórica ampla. Mas que se beneficia de brilhantes e convincentes interpretações no âmbito da comunicação mediatizada pela racialização do mundo, de que falava Octávio Ianni,  como expressão da cultura política global. Nesta medida a política é crescentemente determinada pelos ritmos e exigências dos mass media. Além da base econômica que é sustentada pelos poderes políticos da mass communications onde Silvia Broome é uma intérprete das Nações Unidas, oriunda da nação fictícia de “Matobo”, África. É a primeira vez que um filme utiliza as dependências das Nações Unidas representada por seus 193 países-membros. Silvia ouve um plano golpista para exterminar o ditador de Matobo, dias antes de sua aparição diante dos membros da Organização das Nações Unidas (ONU).  
          O número de integrantes cresceu bastante após o grande processo de descolonização na década de 1960, ocorrido principalmente na África, na Ásia e na Oceania, e, na década seguinte, seu orçamento para programas de desenvolvimento social e econômico ultrapassou em muito seus gastos com a manutenção da paz. Após o término da Guerra Fria, a Organização das Nações Unidas assumiu as principais missões militares e de paz ao redor do globo, com diferentes níveis de sucesso. Mas que se beneficia de brilhantes e convincentes interpretações no âmbito da comunicação mediatizada pela racialização do mundo como expressão da cultura política global. Nesta medida a política é crescentemente determinada pelos ritmos e exigências dos mass media. Além da base econômica que é sustentada pelos poderes políticos da mass communications onde Silvia Broome é uma intérprete das Nações Unidas, oriunda da nação fictícia de “Matobo”, África. É a primeira vez que um filme utiliza as dependências das Nações Unidas representada por seus 193 países-membros. Silvia ouve um plano aparentemente golpista que tem como objetivo político exterminar o ditador de Matobo, poucos dias antes de sua aparição diante dos membros da Organização das Nações Unidas
           A descolonização representa a ruína do colonialismo, sendo este último o processo pelo qual uma nação estabelece e mantém sua dominação sobre um ou mais outros territórios. O conceito se aplica particularmente ao desmantelamento, durante a segunda metade do século XX, dos impérios   coloniais estabelecidos antes da Guerra Mundial por potências europeias em todo o mundo. Embora exemplos de descolonização possam ser encontrados já nos escritos de Tucídides, houve vários períodos ativos de descolonização nos tempos modernos. Estes incluem a dissolução do Império Espanhol no século XIX; dos impérios Alemão, Austro-Húngaro, Otomano e Russo após a Guerra Mundial; dos impérios coloniais Britânicos, Francês, Holandês, Japonês, Português, Belga e Italiano após a seguida Guerra Mundial; e da União Soviética, sucessora do Império Russo em 1991, após o fim da chamada Guerra Fria. A descolonização tem sido usada para se referir ao processo de descolonização intelectual das ideias dos que fizeram os colonizados se sentirem inferiores.   
                 Sydney Pollack vale lembrar, nasceu em Lafayette, em 1° de julho de 1934 e faleceu em Los Angeles, EUA, em 26 de maio de 2008. Foi um cineasta, produtor e ator estadunidense. Pollack teve seu trabalho de direção reconhecido por seus dois grandes sucessos de bilheteira, aclamados pela crítica como Tootsie/Quando Ele Era Ela, estrelando Dustin Hoffman e o filme: Entre Dois Amores/África Minha, com Meryl Streep e Robert Redford, um de seus atores preferidos. O cineasta pertence a uma geração esteticamente “perversa”: a dos cineastas que herdaram diretamente o fascínio do classicismo de Hollywood, mas cuja formação já passou pela mercadológica televisão. Teve três indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Diretor, de Melhor Filme, por seu trabalho como produtor de Tootsie (1982), Entre Dois Amores (1985) e Conduta de Risco (2007). Ele dirigiu, além de inúmeros filmes, os episódios das séries de TV O Fugitivo e The Alfred Hitchcock Hour. Morreu aos 73 anos em maio de 2008, em sua casa de Pacific Palisades, um bairro residencial nobre entre as Montanhas de Santa Monica e o Oceano Pacífico. O Temescal Gateway Park oferece trilhas para caminhadas com vista do litoral, e a arenosa Will Rogers State Beach e acesso a uma ciclovia de 22 milhas à beira-mar. distrito de Los Angeles, Califórnia.
  No filme temos na representação social do senso comum da vida política um jogo. O que contradiz o consensus quanto a sentimentos e emoções, julgamentos e conclusões. Melhor dizendo, o que contradiz o sensus communis evidenciando o esvaziamento e a intelectualização do conteúdo, porque processou a mediação do conceito através da Aufklärung alemão. Dialeticamente, portanto, para lembramos de Hegel fenomenologicamente, a questão tópica da consciência,  com algumas das partes envolvidas que parece inverter de lado durante todo o processo de mudança social e de confrontação (cf. Baldelli, 1972). Mas, além disso, um diálogo dissimulado que obrigará o telespectador a prestar atenção. A fim de acompanhar o “enredo” ou, caso contrário, poderá perder um detalhe chave sobre o poder e a genealogia da informação, mas que não trataremos agora. Assim, A Intérprete é envolvente, mas, há momentos desse efeito que consiste basicamente numa câmera torna-se vagarosa na medida em que tecnicamente o fluxo do filme ocorre de forma progressiva.  
   Há momentos em que parece que a informação é repetida demasiadamente. Ou o que é visto pelo público acaba por representar apenas um “mundo de aparências”. Os atores Kidman e Penn têm atuações inusitadas, tendo como amálgama técnica dos personagens como eles são. Tornando-os momentos lentos na trama política em sua complexidade, mas odiosamente e humanamente tolerável. E pode ter sido devido ao fato de que o conceito “sensus communis” se relaciona estreitamente como o conceito de juízo. A “sã compreensão humana”, de vez em quando denominada “compreensão comum”, é de fato, caracterizada decisivamente pelo juízo. A introdução da palavra “juízo” quer, portanto, reproduzir adequadamente o conceito de iudicium, que deveria valer como uma virtude espiritual fundamental. No mesmo sentido acentuavam os filósofos moralistas ingleses que o julgamento moral e estético não obedece à reason, possuindo, porém, o caráter do sentimento (do taste), e semelhantemente a isso vê Tetens, um dos representantes da Aufklärung alemão, ou seja, que há no senso comum um “iudicium sem reflexão”, para lembrarmos de Hans-Georg Gadamer.       

        Enfim, a sã razão, o common sense, se apresenta principalmente nos julgamentos sobre o justo e injusto, o factível e infactível, que ela vem a baixar. Quem possui um juízo são não está apto, como tal, a julgar o particular a partir de pontos de vista universais, mas sabe o que realmente importa, isto é, vê as coisas com base em pontos de vista corretos, justificados e sadios. Juízo é, enfim, não tanto uma faculdade, mas uma exigência a ser apresentada a todos. Todos possuem suficiente “senso comum”, isto é, capacidade de julgamento, tanto que se pode exigir deles a prova de “senso comum”, de genuína solidariedade ético-civil, isto significa, porém: julgamento sobre justiça e injustiça, e preocupação pela utilidade comum. O sensus communis para concordarmos com Gadamer, é “um momento do ser burguês-ético”. É o modo de pensar da maioria das pessoas, são noções comumente admitidas pelos indivíduos. Significa o conhecimento adquirido pelo homem partir de experiências, vivências e observações do mundo.  Um tipo de conhecimento que se acumula no nosso cotidiano e é chamado de senso comum é o baseado na tentativa Outro tipo de senso comum é a tradição, que, quando instalada, passa de geração para geração. Não há análise profunda e sim uma espontaneidade de ações; o senso comum é o que as pessoas comuns usam no seu cotidiano, o que é natural.
         Desnecessário dizer que Benedito de Espinoza (cf. Balibar, 1985), ou Bento de Espinoza, foi o primeiro intérprete em todos os tempos a suscitar o problema do ler. E, por conseguinte do escrever, pensar e falar, tenha sido também o primeiro no mundo ocidental a propor simultaneamente uma teoria da história e uma filosofia da opacidade do imediato. É assim que entendemos que nele pela primeira vez no mundo um homem tenha ligado a essência do ler. A essência da história numa teoria da diferença entre o imaginário e o verdadeiro. Eis o que nos faz compreender uma razão necessária que Marx - só pôde se tornar Marx - fundando uma teoria da história e uma filosofia da distinção histórica entre a ideologia e a ciência. E em última análise essa fundação se tenha consumado na dissipação do que se chama “mito religioso da leitura”.  Existem pessoas que confundem senso comum com crença, pois são coisas bem diferentes. Senso comum é aquilo que aprendemos em nosso dia a dia e que não precisamos aprofundar para obter resultados.
    E melhor, “deixar que se diga” implica que se renunciou ao projeto de deter, em qualquer nível que seja, o que o texto “quer dizer” ou “queria dizer”. Ou, melhor,  enquanto a Representação acredita falar-sobre, essa fala sempre é situável no desenvolvimento daquilo “que se fala”. Ou ainda, que é que se dizia, portanto, no que era dito? A visão (θέα) já não é então o fato de uma pessoa individual, dotada da faculdade de “ver” a qual é exercida quer da atenção, quer da distração; a vista é o fato de suas condições estruturais, a vista é a relação de reflexão imanente do campo da problemática sobre seus objetos e seus problemas. A visão perde então seus privilégios religiosos da “leitura sagrada”: ela nada mais é que a reflexão da necessidade imanente que liga o objeto ou o problema às suas condições de existência, que têm a ver com as condições de sua produção. A rigor, não é mais o olho (olho do espírito) de uma pessoa que vê o que existe no campo definido por uma problemática teórica: é esse próprio campo que se vê nos objetos ou nos problemas que ele define, sendo a visão apenas a reflexão necessária do campo em seus objetos no processo de conhecimento.
Não queremos perder de vista do ângulo das relações políticas que:
Assistiamo alla assoluta dissoluzione dei principi di convivenza sui cui non piò reggersi l`ordine democrático; assistiamo alla sfida selvaggia e criminale contro i valori di tolleranza, di mutuo rispetto, in una parola di civiltà. Gli ideatori e gli esecutori dela monstruosa strage – a qualunque grupo appartengano, di qualunque fanatismo siano seguaci – hanno operato con lucida consapevollezza omicida nella volontà di sconvolgere le tavole di valori dela mostra vita associata, di precipitare il paese nel caos, di colpire a morte, come si usa dire con linguaggio orecchiato, il ´sistema` ugualmente combattuto dagli opposti totalitarismi” (cf. Baldelli, 1972: 146).
O filme: A Intérprete, hegelianamente falando, repõe o problema do conhecer,  que não possui nenhum outro interesse, no processo de formação, além daquilo que “é em si”, e assim vem manifestar-se desde si mesmo, para produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta singularidade se descobre toda a diferença na história social e política do mundo contemporâneo. Os homens são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza e pertence à essência do homem. O europeu sabe de si, é objeto de si mesmo. Ipso facto, representa a elaboração inicial de um julgamento filosófico a respeito da história, e isto é importante na medida em que a noção de consciência (Bewusstsein), formulada assim, sugere ser tema central desse estudo. O espírito, dizia Hegel, não pode conhecer-se diretamente. É preciso que negue previamente, de certo modo que saia de si e se torne “estranho a si mesmo”, exteriorizando-se e produzindo sucessivamente todas as formas do real – quadros do pensamento, natureza, história; e depois que reverta à origem, alcançando assim o conhecimento verdadeiro, a filosofia do espírito absoluto. Afastando-se de si, exteriorizando-se, para voltar depois a si mesma, a ideia triunfa do que a limitava, afirmando-se na negação das suas negações sucessivas. A Fenomenologia do Espírito demonstra como a consciência se eleva, pouco a pouco, desde as formas elementares da sensação até à ciência, identificada com a racionalidade da religião – tal como o valor absoluto da religião cristã se integra na verdade do saber. A determinação que ele conhece é a liberdade representada na existência como sua substância. Os homens “falam mal de conhecer é porque não sabem o que fazem”.

Friedrich Hegel que parte da análise da consciência comum, não podia situar como princípio primeiro uma dúvida universal que só é própria da reflexão filosófica. Por isso mesmo ele segue o caminho aberto pela consciência e a história detalhada de sua formação. Ou seja, a Fenomenologia vem a ser uma história concreta da consciência, sua saída da caverna e sua ascensão à Ciência. Daí a analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este desenvolvimento é necessário, como força irresistível que se manifesta lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação. Assim, preocupa-se apenas em definir os sistemas, sem discutir as peculiaridades e opiniões dos diferentes filósofos. Na determinação do sistema, o que o preocupa é a categoria fundamental que determina o todo complexo do sistema, e o assinalamento das diferentes etapas, bem como as vinculasses destas etapas que conduzem à síntese do espírito absoluto. Para compreender o sistema é necessário começar pela representação, que ainda não sendo totalmente exata permite, no entender de sua obra a seleção de afirmações e preenchimento do sistema abstrato de interpretação do método dialético, para poder alcançar a transformação da representação numa noção clara e exata.

Assim, temos a passagem da representação abstrata, para o conceito claro e concreto através do acúmulo de determinações. Aquilo que por movimento dialético separa e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia Absoluta que é a força geradora, a vida e o espírito eterno. Mas a Ideia Absoluta seria uma existência abstrata se a noção de que procede não fosse mais que uma unidade abstrata, e não o que é em realidade, isto é, a noção que, por um giro negativo sobre si mesma, revestiu-se novamente de forma subjetiva. Metodologicamente a determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua própria vida. Chama-se idealidade precisamente esta supressão da exterioridade. Entretanto, o espírito não se detém na apropriação, transformação e dissolução da matéria em sua universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até esse poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as coisas, enquanto pensamento filosófico, como princípio universal, a ideia eterna que as engendra e nelas se manifesta. Isto quer dizer que o espírito finito se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza, a seguir em oposição com esta e finalmente em identidade com esta, porque suprimiu a oposição e voltou a si mesmo e, consequentemente, o espírito finito é a ideia, mas ideia que girou sobre si mesma e que existe por si em sua própria realidade.

A Ideia Absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à natureza, produz-se através dela como espírito, que através da supressão de sua exterioridade entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois, ao encontrar a si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece a si mesmo, suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto, chegando assim a Ideia a ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita de suas diferenças, sua absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através da natureza abre-se a história da humanidade e a história humana é o processo que medeia entre isto e a realização do espírito consciente de si. A filosofia hegeliana centra sua atenção sobre esse processo e as contribuições mais expressivas de Hegel ocorrem precisamente nesta esfera, do espírito. Melhor dizendo, para Hegel, à existência na consciência, no espírito chama-se saber, conceito pensante. O espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à consciência. Como consciência em geral tenho eu um objeto; uma vez que eu existo e ele está na minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensamento abstrato, lógico, é o espírito precisamente isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é. Nisto consiste a grande diferença: o homem sabe o que ele é. Logo, em primeiro lugar, ele é real. Sem isto, a razão, a liberdade não são nada.

O homem é essencialmente razão. O homem, a criança, o culto e o inculto, é razão. Ou melhor, a possibilidade para isto, para ser razão, existe em cada um, é dada a cada um. A razão não ajuda em nada a criança, o inculto. É somente uma possibilidade, embora não seja uma possibilidade vazia, mas possibilidade real e que se move em si. Assim, por exemplo, dizemos que o homem é racional, e distinguimos muito bem o homem que nasceu somente e aquele cuja razão educada está diante de nós. Isto pode ser expresso também assim: o que é em si, tem que se converter em objeto para o homem, chegar à consciência; assim chega para ele e para si mesmo. A história para Hegel, é o desenvolvimento do Espírito no tempo, assim como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço. Deste modo o homem se duplica. Uma vez, ele é razão, é pensar, mas em si: outra, ele pensa, converte este ser, seu em si, em objeto do pensar. Assim o próprio pensar é objeto, logo objeto de si mesmo, então o homem é por si. A racionalidade produz o racional, o pensar produz os pensamentos. O que o ser em si é se manifesta no ser por si. Todo conhecer, todo aprender, toda visão, toda ciência, inclusive toda atividade humana, não possui nenhum outro interesse além do aquilo que filosoficamente é em si, no interior, podendo manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença se descobre toda a diferença na história do mundo. Os homens são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza. Isto pertence à essência do homem: a liberdade. 

O europeu “sabe de si”, afirma Hegel, é objeto de si mesmo. A determinação que ele conhece é a liberdade. Ele se conhece a si mesmo como livre. O homem considera a liberdade como sua substância. Se os homens falam mal de conhecer é porque não sabem o que fazem. Conhecer-se, converter-se a si mesmo no objeto (do conhecer próprio) e o fazem relativamente poucos. Mas o homem é livre somente se sabe que o é. Pode-se também em geral falar mal do saber, como se quiser. Mas somente este saber libera o homem. O conhecer-se é no espírito a existência. Portanto isto é o segundo, esta é a única diferença da existência (Existenz) a diferença do separável. O Eu é livre em si, mas também por si mesmo é livre e eu sou livre somente enquanto existo como livre. A terceira determinação é que o que existe em si, e o que existe por si são somente uma e mesma coisa. Isto quer dizer precisamente evolução. O em si que já não fosse em si seria outra coisa. Por conseguinte, haveria ali uma variação, mudança. Na mudança existe algo que chega a ser outra coisa. Na evolução, em essência, podemos também sem dúvida falar da mudança, mas esta mudança deve ser tal que o outro, o que resulta, é ainda idêntico ao primeiro, de maneira que o simples, o ser em si não seja negado.

A evolução não somente faz aparecer o interior originário, exterioriza o concreto contido já no em si, e este concreto chega a ser por si através dela, impulsiona-se a si mesmo a este ser por si. O espírito abstrato assim adquire o poder concreto da realização. O concreto é em si diferente, mas logo só em si, pela aptidão, pela potência, pela possibilidade. O diferente está posto ainda em unidade, ainda não como diferente. É em si distinto e, contudo, simples. É em si mesmo contraditório. Posto que é através desta contradição impulsionado da aptidão, deste este interior à qualidade, à diversidade; logo cancela a unidade e com isto faz justiça às diferenças. Também a unidade das diferenças ainda não postas como diferentes é impulsionada para a dissolução de si mesma. O distinto (ou diferente) vem assim a ser atualmente, na existência. Porém do mesmo modo que se faz justiça à unidade, pois o diferente que é posto como tal é anulado novamente. Tem que regressar à unidade; porque a unidade do diferente consiste em que o diferente seja um. E somente por este movimento é a unidade verdadeiramente concreta. É algo concreto, algo distinto. Entretanto contido na unidade, no em si primitivo. O gérmen se desenvolve assim, não muda. Se o gérmen fosse mudado desgastado, triturado, não poderia evoluir. Na alma, enquanto determinada como indivíduo, as diferenças estão enquanto mudanças que se dão no indivíduo, que é o sujeito uno que nelas persiste e, segundo Hegel, enquanto momentos do seu desenvolvimento. Por serem elas diferenças, à uma, físicas e espirituais, seria preciso, para determinação ou descrição mais concreta, antecipar a noção do espírito cultivado. 

As diferenças são: 1) curso natural das idades da vida, desde a criança, desde a criança, o espírito envolvido em si mesmo – passando pela oposição desenvolvida, a tensão de uma universalidade ela mesma ainda subjetiva em contraste com a singularidade imediata, isto é, como o mundo presente, não conforme a tais ideais, e a situação que se encontra, em seu ser-aí para esse mundo, o indivíduo que, de outro lado, está ainda não-autônomo e em si mesmo não está pronto (o jovem) – para chegar à relação verdadeira, ao reconhecimento da necessidade e racionalidade objetivas do mundo presente, acabado;  que leva a cabo por si e para si, o indivíduo retira, por sua atividade, uma confirmação e uma parte, mediante a qual ele é algo, tem uma presença efetiva e um valor objetivo (homem); até a plena realização da unidade com essa objetividade do conhecer: unidade que, enquanto real, vem dar na inatividade da rotina que tira o interesse, enquanto ideal se liberta dos interesses mesquinhos é das complicações do presente exterior (o ancião).

O espírito manifesta aqui sua independência da própria corporeidade, em poder desenvolver-se antes que nela torne. Com frequência, crianças têm demonstrado um desenvolvimento espiritual que vai muito mais rápido que sua formação corporal. Esse foi o caso histórico, sobretudo em talentos artísticos indiscutíveis, em particular nos gênios da música. Também em relação ao fácil apreender de variados conhecimentos, especialmente na disciplina matemática; e tal precocidade tem-se mostrado não raramente também em relação a um raciocínio de entendimento, e mesmo sobre objetos éticos e religiosos. O processo de desenvolvimento do indivíduo humano natural decompõe-se então em uma série de processos, cuja diversidade se baseia sobre a relação do indivíduo para com o gênero, e funda a diferença da criança, do homem e do ancião. Essas diferenças são as apresentações das diferenças do conceito. A idade da infância é o tempo da harmonia natural, da paz do sujeito consigo mesmo e com o mundo. Um começo tão sem-oposição quanto a velhice é um fim sem-oposição. As oposições que surgem ficam sem interesse mais profundo. A criança vive na inocência, sem sofrimento durável; no amor aos seus pais, e no sentimento de ser amado por eles.

       A Intérprete que trabalha na Organização das Nações Unidas (ONU), Silvia Broome ouve, por acaso, uma ameaça de morte a um chefe de Estado africano, planejada para ocorrer na Assembleia Geral das Nações Unidas. A conversa é ouvida num raro dialeto que poucas pessoas, além de Silvia, nascida na África, podem entender. A frase-chave, do ponto de vista analítico da interpretação: “O professor nunca sairá da sala dele vivo” tem o poder, de um instante para o outro, situar uma reviravolta na vida social de Silvia de cabeça para baixo. Sob a proteção do agente federal Tobin Keller, o mundo de Silvia transforma-se num verdadeiro pesadelo no sentido que emprega o extraordinário cineasta Ingmar Bergman sob determinadas condições políticas. À medida que mergulha no passado de sua testemunha, sob seu mundo secreto de conexões internacionais, Keller só encontra razões para desconfiar e supor que a intérprete esteja envolvida na conspiração, uma hipótese explicativa ou especulativa que sugere que há duas ou mais pessoas ou até mesmo uma organização que têm “tramado” para causar ou acobertar, por meio de planejamento secreto e de ação deliberada, uma situação ou típica considerado ilegal ou prejudicial.
          Apesar de precisarem um do outro para deter uma terrível crise internacional, Silvia e Tobin são pessoas absolutamente diferentes. Encontram-se em oposição assimétrica, mas em complementariedade. A força dela está nas palavras, na diplomacia e nas sutilezas do significado. Enquanto a interpretação de Tobin é pura ação e instinto, como para Nietzsche, não é ordem e racionalidade, mas desordem e irracionalidade. Seu princípio filosófico não era, portanto, Deus e razão, mas a vida que atua sem objetivo definido, ao acaso, e, por isso, se está dissolvendo e transformando-se em um constante devir. A única e verdadeira realidade “sem máscaras” é a vida humana tomada e corroborada pela vivência do instante. Falamos de Nietzsche enquanto um crítico: a) das “ideias modernas”, b) da vida social e da cultura moderna, c) do neonacionalismo alemão, e, para sermos breves, d) Para ele, os ideais modernos como democracia, socialismo, igualitarismo, emancipação feminina não eram senão expressões da decadência de determinado “tipo de homem”. É visto como um precursor da concepção de pós-modernidade. Como se referia Heidegger, ele próprio nietzschiano, “na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche”.
Do ponto de vista técnico-metodológico entendemos que o tradutor e intérprete fazem a transposição do significado de textos e de falas de um idioma para outro. O tradutor faz a versão escrita de livros, documentos e textos de uma língua para outra. O intérprete traduz oralmente palestras, discursos, reuniões e videoconferências. Para isso, ambos dominam o vocabulário, a gramática, as gírias e as expressões coloquiais de sua língua nacional e de outras línguas. Também conhecem os costumes, as tradições e a cultura de povos estrangeiros, lidando com a linguagem e os termos próprios dos vários campos de atuação e de conhecimento no âmbito de formação da cultura. É neste sentido que admitimos que a interpretação é ação que consiste em estabelecer, simultânea ou consecutivamente, comunicação verbal ou não verbal entre duas entidades. Isto é, tanto ao conjunto de processos mentais que ocorrem na dinâmica da vida social e política, quanto aos comentários que daí decorre. Pode, portanto, consistir na descoberta do sentido e significado de algo decisivo - geralmente, fruto da conspiração humana. A relação entre conhecimento legítimo e ilegítimo, afirma Birchall, está muito mais próxima do que rejeições comuns das teorias conspiratórias querem nos fazer acreditar. Outros conhecimentos nas dimensões culturais incluem abdução alienígena, fofocas, filosofias da Nova Era, crenças religiosas e astrologia. 
Bibliografia geral consultada.

BALANDIER, George, Sociologie Actuelle de l`Afrique Noire: Dinamique Sociale em Afrique Central. Paris: Presses Universitaires de France, 1971; BALDELLI, Pio, Informazione e Controinformazione. Milano: Gabrielle Mazzota Editore, 1972; KOJÉVE, Alexandre, Introduction à la Lecture de Hegel. Paris: Éditions Gallimard, 1973; FOUCAULT, Michel, Nietzsche, la Généalogie, l’Histoire, Hommage à Jean Hyppolite. Editor S. Bachelard, “et al”. Paris: Presses Universitaires de France, 1971; Idem, Microfísica do Poder. 4ª edição. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984; CORNEVIN, Marianne, Apartheid, Poder e Falsificação Histórica. Lisboa: Edições 70, 1979; ŽIŽEK, Slavoj, Ils ne savent pas ce qu’ils font (Le sinthome idéologique). Paris: Editeur Point Hors Ligne, 1990; BOWERSOCK, Glen; BROWN, Peter; GRABAR, Oleg, Interpreting Late Antiquity: Essays on the Post Classical World. Cambridge and London: Editor Belknap, 2001; BOSI, Alfredo, Ideologia e Contra Ideologia. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2010; SILVA, Odair José Moreira da, O Suplício na Espera Dilatada: A Construção do Gênero Suspense no Cinema. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2011; HABERMAS, Jürgen, “A Problemática da Compreensão de Sentido nas Ciências Sociais”. In: Teoria do Agir Comunicativo (I). São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012; NICOLAU, Marcos Fabiano Alexandre, O Conceito de Formação Cultural (Bildung) em Hegel. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira. Faculdade de Educação. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2013; AZEVEDO, Anna Maria, A Potência da Imagem-Ruina na Poética do Cinema. Dissertação de Mestrado. Departamento de Comunicação Social. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2014; SKVIRSKY, Alexandre Arantes Pereira, A Introdução da Dúvida no Ceticismo no Renascimento. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2015; PREZOTTO, Joseane, Sexto Empírico: Contra os Gramáticos. Introdução, Tradução e Notas. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, 2015; BERGAMO, Telma Maria de Moura, Michel Foucault e os Mestres do Dizer Verdadeiro. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2015; entre outros.

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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ) e Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do Curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).

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