Escólio:
Silvia Broome é uma intérprete da Organização das Nações Unidas, na África, que
escuta acidentalmente um sussurro ou uma ameaça de morte contra um chefe de Estado africano,
programado para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas. Por conta
disso, ela acaba se tornando alvo dos assassinos também. Silvia quer sobreviver
o tempo suficiente para conseguir frustrar a trama, mas tem dificuldade em
fazer com que as pessoas acreditem em sua história social. Baseado em fatos
reais ocorridos em 1928, o filme narra a história de Christine Collins, uma mãe
que perdeu seu filho de 9 anos, Walter, desaparecido sem vestígios. Cinco meses
depois, a polícia encontra um garoto e pressiona Christine a levá-lo para casa.
Por alguns instantes, ela é convencida pelo capitão de polícia que está em
choque e incapaz de reconhecer seu próprio filho. Após levar a criança para
casa, ela se arrepende e insiste para que as buscas por Walter continuem. As
autoridades a jogam em uma ala psiquiátrica, até que Christine consegue o apoio
de um “pregador” (crente) local “obstinado
a desmascarar as falhas da polícia”.
As
estruturas sociais de classe, gênero e etnia são reduzidos às imagens do social
e vividos através do meio de reprodução das imagens e de estilo de vida.
Observou que os “meios realizadores” estão em coisas muito diferentes às
expectativas geradas, e, ainda segundo ele, que atendam satisfações mais
superficiais, mas jamais aspectos profundos da vida humana como geralmente
propõem. Sob este aspecto radicalizou ao desenvolver a ideia que os indivíduos
imersos nas práticas e relações de consumo, não combatem nem condenam, mas
exploram ao máximo as tendências figuradas. As sensações imediatas, as
experiências ardentes e isoladas, tanto quanto as intensidades da
sociedade-cultura de consumo. Sem procurar significados obtém prazer estético
de intensidades superficiais. Na ordem da produção, o objeto carece de
unicidade e singularidade, pois, objetos tornam-se simulacros indefinidos uns
dos outros como objetos, os homens que os produzem. A pretensa objetividade do
mundo erigido pela racionalização técnica corresponde à universalização de um
modelo arbitrário advindo da generalização da economia política na forma da lei
do valor. A partir do código, considerado como sistema de signos generalizados,
a simulação opera a inversão das relações sociais entre pessoas, identificada
entre o real e sua representação, estabelecendo simples oposições binárias que
permitem a objetividade do discurso e o controle dos objetos.
O que determina a escolha de um ponto de vista sobre o sujeito e o mundo são os objetivos pragmáticos. Deixamos de lado a posse de uma teoria fundada em exigências lógicas ou achados empíricos incontestáveis. Poder, interesse, dominação, realidade material, são indispensáveis à análise que nos habituaram a aceitar como verdadeira, pela força ou pela persuasão dos costumes. Para efeitos da ação, só existem eventos descritivos. A descrição preferida do intérprete será a mais adequada às suas convicções morais e não a mais iluminada pela Razão. Política é regulação da existência coletiva, poder decisório, disputa por posições de mando no mundo, confrontos entre mil formas. Violência em última análise. Assim, é também diferente da produção simbólica porque se exercita sobre o interesse dos agentes sociais, quando não sobre o seu próprio corpo. Não produz mensagens, discursos cotidianos, produz obediências, obrigações, submissões, controles. Poder, na modernidade, é uma relação social de mando e obediência. São decisões tomadas politicamente que se impõe a todos num dado território ou unidade social. Todavia, convertem-se em atividades coercitivas, administrativas, jurídico-judiciárias e deliberativas. Eis a grande questão: o processo político diz respeito a pergunta: - Quem pode o quê sobre quem? A mesma pulsão escópica, analogamente, frequenta a ficção real ou imaginária que cria leitores, que muda de legibilidade a complexidade urbana. Não é mais suficiente para compreender as estruturas de poder deslocar para os dispositivos e os procedimentos técnicos uma multiplicidade humana, capaz de transformar, disciplinar e depois gerir, classificar e hierarquizar todos os desvios concernentes à aprendizagem, saúde, justiça, forças armadas ou trabalho. Na política contemporânea o que faz andar são relíquias de sentido e às vezes seus detritos, os restos invertidos de grandes ambições. Nome que no sentido preciso da memória deixaram de ser próprios. Nesses núcleos simbolizadores se esboçam e talvez se fundem três funcionamentos distintos (mas conjugados) das relações políticas entre práticas espaciais e significantes: o crível, o memorável e o primitivo.
Em
relação ao discurso, reduzindo o signo ao puro jogo dos significantes, anula a
relação entre significante e significado necessária ao processo de
significação. Assim, diferentemente da ordem da produção, o controle das
relações do homem com as “coisas” não mais advém do agir
racional-com-respeito-a-fins, pois a predominância do código inaugura o
monopólio da palavra como característica básica da dominação contemporânea. Da
mesma forma, enquanto técnica de controle do objeto, o processo de simulação
opera uma completa inversão, de forma que o real se torne efeito ou reflexo de
modelos gerativos. Simulacros e simulação representa um tratado filosófico de
Jean Baudrillard que discute a relação entre realidade, símbolos e sociedade.
Simulacros são cópias que representam níveis de análise que nunca existiram ou
que não possuem mais o seu equivalente na realidade. Simulação é a imitação de
um processo virtual existente no mundo real. Se a visão de Baudrillard é
problemática e pessimista porque não depreende nos mass media a possibilidade
real da comunicação e da troca, estando restrita ao encontro “face a face”, por
outro lado, ela é profícua na medida em que, já no início da década de 1970, o
autor ergue-se contra o domínio da semiologia italiana e francesa,
relativizando sua prática teórica no que diz respeito à comunicação social.
Enfim, a sã razão, o common sense, se apresenta principalmente nos julgamentos sobre o justo e injusto, o factível e infactível, que ela vem a baixar. Quem possui um juízo são não está apto, como tal, a julgar o particular a partir de pontos de vista universais, mas sabe o que realmente importa, isto é, vê as coisas com base em pontos de vista corretos, justificados e sadios. Juízo é, enfim, não tanto uma faculdade, mas uma exigência a ser apresentada a todos. Todos possuem suficiente “senso comum”, isto é, capacidade de julgamento, tanto que se pode exigir deles a prova de “senso comum”, de genuína solidariedade ético-civil, isto significa, porém: julgamento sobre justiça e injustiça, e preocupação pela utilidade comum. O sensus communis para concordarmos com Gadamer, é “um momento do ser burguês-ético”. É o modo de pensar da maioria das pessoas, são noções comumente admitidas pelos indivíduos. Significa o conhecimento adquirido pelo homem partir de experiências, vivências e observações do mundo. Um tipo de conhecimento que se acumula no nosso cotidiano e é chamado de senso comum é o baseado na tentativa Outro tipo de senso comum é a tradição, que, quando instalada, passa de geração para geração. Não há análise profunda e sim uma espontaneidade de ações; o senso comum é o que as pessoas comuns usam no seu cotidiano, o que é natural.
“Assistiamo alla assoluta dissoluzione dei principi di convivenza sui cui non piò reggersi l`ordine democrático; assistiamo alla sfida selvaggia e criminale contro i valori di tolleranza, di mutuo rispetto, in una parola di civiltà. Gli ideatori e gli esecutori dela monstruosa strage – a qualunque grupo appartengano, di qualunque fanatismo siano seguaci – hanno operato con lucida consapevollezza omicida nella volontà di sconvolgere le tavole di valori dela mostra vita associata, di precipitare il paese nel caos, di colpire a morte, come si usa dire con linguaggio orecchiato, il ´sistema` ugualmente combattuto dagli opposti totalitarismi” (cf. Baldelli, 1972: 146).
Friedrich
Hegel que parte da análise da consciência comum, não podia situar como
princípio primeiro uma dúvida universal que só é própria da reflexão
filosófica. Por isso mesmo ele segue o caminho aberto pela consciência e a
história detalhada de sua formação. Ou seja, a Fenomenologia vem a ser uma
história concreta da consciência, sua saída da caverna e sua ascensão à
Ciência. Daí a analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a
história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este
desenvolvimento é necessário, como força irresistível que se manifesta
lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação.
Assim, preocupa-se apenas em definir os sistemas, sem discutir as
peculiaridades e opiniões dos diferentes filósofos. Na determinação do sistema,
o que o preocupa é a categoria fundamental que determina o todo complexo do
sistema, e o assinalamento das diferentes etapas, bem como as vinculasses
destas etapas que conduzem à síntese do espírito absoluto. Para compreender o
sistema é necessário começar pela representação, que ainda não sendo totalmente
exata permite, no entender de sua obra a seleção de afirmações e preenchimento
do sistema abstrato de interpretação do método dialético, para poder
alcançar a transformação da representação numa noção clara e exata.
Assim,
temos a passagem da representação abstrata, para o conceito claro e
concreto através do acúmulo de determinações. Aquilo que por movimento
dialético separa e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e
objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia
Absoluta que é a força geradora, a vida e o espírito eterno. Mas a Ideia
Absoluta seria uma existência abstrata se a noção de que procede não fosse mais
que uma unidade abstrata, e não o que é em realidade, isto é, a noção que, por
um giro negativo sobre si mesma, revestiu-se novamente de forma subjetiva.
Metodologicamente a determinação mais simples e primeira que o espírito pode
estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua
própria vida. Chama-se idealidade precisamente esta supressão da exterioridade.
Entretanto, o espírito não se detém na apropriação, transformação e dissolução
da matéria em sua universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua
faculdade representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até
esse poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as
coisas, enquanto pensamento filosófico, como princípio universal, a ideia
eterna que as engendra e nelas se manifesta. Isto quer dizer que o espírito
finito se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza, a seguir em
oposição com esta e finalmente em identidade com esta, porque suprimiu a
oposição e voltou a si mesmo e, consequentemente, o espírito finito é a ideia,
mas ideia que girou sobre si mesma e que existe por si em sua própria
realidade.
A
Ideia Absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à natureza,
produz-se através dela como espírito, que através da supressão de sua
exterioridade entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois,
ao encontrar a si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece
a si mesmo, suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto, chegando assim
a Ideia a ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita de suas diferenças,
sua absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através da natureza abre-se
a história da humanidade e a história humana é o processo que medeia entre isto
e a realização do espírito consciente de si. A filosofia hegeliana centra sua
atenção sobre esse processo e as contribuições mais expressivas de Hegel
ocorrem precisamente nesta esfera, do espírito. Melhor dizendo, para Hegel, à
existência na consciência, no espírito chama-se saber, conceito pensante. O
espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à consciência. Como
consciência em geral tenho eu um objeto; uma vez que eu existo e ele está na
minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensamento abstrato, lógico, é o espírito precisamente
isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é. Nisto consiste a grande
diferença: o homem sabe o que ele é. Logo, em primeiro lugar, ele é real. Sem
isto, a razão, a liberdade não são nada.
O homem é essencialmente razão. O homem, a criança, o culto e o inculto, é razão. Ou melhor, a possibilidade para isto, para ser razão, existe em cada um, é dada a cada um. A razão não ajuda em nada a criança, o inculto. É somente uma possibilidade, embora não seja uma possibilidade vazia, mas possibilidade real e que se move em si. Assim, por exemplo, dizemos que o homem é racional, e distinguimos muito bem o homem que nasceu somente e aquele cuja razão educada está diante de nós. Isto pode ser expresso também assim: o que é em si, tem que se converter em objeto para o homem, chegar à consciência; assim chega para ele e para si mesmo. A história para Hegel, é o desenvolvimento do Espírito no tempo, assim como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço. Deste modo o homem se duplica. Uma vez, ele é razão, é pensar, mas em si: outra, ele pensa, converte este ser, seu em si, em objeto do pensar. Assim o próprio pensar é objeto, logo objeto de si mesmo, então o homem é por si. A racionalidade produz o racional, o pensar produz os pensamentos. O que o ser em si é se manifesta no ser por si. Todo conhecer, todo aprender, toda visão, toda ciência, inclusive toda atividade humana, não possui nenhum outro interesse além do aquilo que filosoficamente é em si, no interior, podendo manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença se descobre toda a diferença na história do mundo. Os homens são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza. Isto pertence à essência do homem: a liberdade.
O
europeu “sabe de si”, afirma Hegel, é objeto de si mesmo. A determinação que
ele conhece é a liberdade. Ele se conhece a si mesmo como livre. O homem
considera a liberdade como sua substância. Se os homens falam mal de conhecer é
porque não sabem o que fazem. Conhecer-se, converter-se a si mesmo no objeto
(do conhecer próprio) e o fazem relativamente poucos. Mas o homem é livre
somente se sabe que o é. Pode-se também em geral falar mal do saber, como se
quiser. Mas somente este saber libera o homem. O conhecer-se é no espírito a
existência. Portanto isto é o segundo, esta é a única diferença da existência (Existenz)
a diferença do separável. O Eu é livre em si, mas também por si mesmo é livre e
eu sou livre somente enquanto existo como livre. A terceira determinação é que
o que existe em si, e o que existe por si são somente uma e mesma coisa. Isto
quer dizer precisamente evolução. O em si que já não fosse em si seria outra
coisa. Por conseguinte, haveria ali uma variação, mudança. Na mudança existe
algo que chega a ser outra coisa. Na evolução, em essência, podemos também sem
dúvida falar da mudança, mas esta mudança deve ser tal que o outro, o que
resulta, é ainda idêntico ao primeiro, de maneira que o simples, o ser em si
não seja negado.
A
evolução não somente faz aparecer o interior originário, exterioriza o concreto
contido já no em si, e este concreto chega a ser por si através dela,
impulsiona-se a si mesmo a este ser por si. O espírito abstrato assim adquire o
poder concreto da realização. O concreto é em si diferente, mas logo só em si,
pela aptidão, pela potência, pela possibilidade. O diferente está posto ainda
em unidade, ainda não como diferente. É em si distinto e, contudo, simples. É
em si mesmo contraditório. Posto que é através desta contradição impulsionado
da aptidão, deste este interior à qualidade, à diversidade; logo cancela a
unidade e com isto faz justiça às diferenças. Também a unidade das diferenças
ainda não postas como diferentes é impulsionada para a dissolução de si mesma.
O distinto (ou diferente) vem assim a ser atualmente, na existência. Porém do
mesmo modo que se faz justiça à unidade, pois o diferente que é posto como tal
é anulado novamente. Tem que regressar à unidade; porque a unidade do diferente
consiste em que o diferente seja um. E somente por este movimento é a unidade
verdadeiramente concreta. É algo concreto, algo distinto. Entretanto contido na
unidade, no em si primitivo. O gérmen se desenvolve assim, não muda. Se o gérmen
fosse mudado desgastado, triturado, não poderia evoluir. Na alma, enquanto
determinada como indivíduo, as diferenças estão enquanto mudanças que se dão no
indivíduo, que é o sujeito uno que nelas persiste e, segundo Hegel, enquanto
momentos do seu desenvolvimento.
As diferenças são: 1) curso natural das idades da vida, desde a
criança, desde a criança, o espírito envolvido em si mesmo – passando pela
oposição desenvolvida, a tensão de uma universalidade ela mesma ainda subjetiva
em contraste com a singularidade imediata, isto é, como o mundo presente, não
conforme a tais ideais, e a situação que se encontra, em seu ser-aí para
esse mundo, o indivíduo que, de outro lado, está ainda não-autônomo e em si
mesmo não está pronto (o jovem) – para chegar à relação verdadeira, ao
reconhecimento da necessidade e racionalidade objetivas do mundo presente,
acabado; que leva a cabo por si e para
si, o indivíduo retira, por sua atividade, uma confirmação e uma parte,
mediante a qual ele é algo, tem uma presença efetiva e um valor objetivo
(homem); até a plena realização da unidade com essa objetividade do conhecer:
unidade que, enquanto real, vem dar na inatividade da rotina que tira o
interesse, enquanto ideal se liberta dos interesses mesquinhos é das
complicações do presente exterior (o ancião).
O espírito manifesta aqui sua independência da própria corporeidade, em poder desenvolver-se antes que nela torne. Com frequência, crianças têm demonstrado um desenvolvimento espiritual que vai muito mais rápido que sua formação corporal. Esse foi o caso histórico, sobretudo em talentos artísticos indiscutíveis, em particular nos gênios da música. Também em relação ao fácil apreender de variados conhecimentos, especialmente na disciplina matemática; e tal precocidade tem-se mostrado não raramente também em relação a um raciocínio de entendimento, e mesmo sobre objetos éticos e religiosos. O processo de desenvolvimento do indivíduo humano natural decompõe-se então em uma série de processos, cuja diversidade se baseia sobre a relação do indivíduo para com o gênero, e funda a diferença da criança, do homem e do ancião. Essas diferenças são as apresentações das diferenças do conceito. A idade da infância é o tempo da harmonia natural, da paz do sujeito consigo mesmo e com o mundo. Um começo tão sem-oposição quanto a velhice é um fim sem-oposição. As oposições que surgem ficam sem interesse mais profundo. A criança vive na inocência, sem sofrimento durável; no amor aos seus pais, e no sentimento de ser amado por eles.
A Intérprete que trabalha na Organização das Nações Unidas (ONU), Silvia Broome ouve, por acaso, uma ameaça de morte a um chefe de Estado africano, planejada para ocorrer na Assembleia Geral das Nações Unidas. A conversa é ouvida num raro dialeto que poucas pessoas, além de Silvia, nascida na África, podem entender. A frase-chave, do ponto de vista analítico da interpretação: “O professor nunca sairá da sala dele vivo” tem o poder, de um instante para o outro, situar uma reviravolta na vida social de Silvia de cabeça para baixo. Sob a proteção do agente federal Tobin Keller, o mundo de Silvia transforma-se num verdadeiro pesadelo no sentido que emprega o extraordinário cineasta Ingmar Bergman sob determinadas condições políticas. À medida que mergulha no passado de sua testemunha, sob seu mundo secreto de conexões internacionais, Keller só encontra razões para desconfiar e supor que a intérprete esteja envolvida na conspiração, uma hipótese explicativa ou especulativa que sugere que há duas ou mais pessoas ou até mesmo uma organização que têm “tramado” para causar ou acobertar, por meio de planejamento secreto e de ação deliberada, uma situação ou típica considerado ilegal ou prejudicial.Apesar de precisarem um do outro para deter uma terrível crise internacional, Silvia e Tobin são pessoas absolutamente diferentes. Encontram-se em oposição assimétrica, mas em complementariedade. A força dela está nas palavras, na diplomacia e nas sutilezas do significado. Enquanto a interpretação de Tobin é pura ação e instinto, como para Nietzsche, não é ordem e racionalidade, mas desordem e irracionalidade. Seu princípio filosófico não era, portanto, Deus e razão, mas a vida que atua sem objetivo definido, ao acaso, e, por isso, se está dissolvendo e transformando-se em um constante devir. A única e verdadeira realidade “sem máscaras” é a vida humana tomada e corroborada pela vivência do instante. Falamos de Nietzsche enquanto um crítico: a) das “ideias modernas”, b) da vida social e da cultura moderna, c) do neonacionalismo alemão, e, para sermos breves, d) Para ele, os ideais modernos como democracia, socialismo, igualitarismo, emancipação feminina não eram senão expressões da decadência de determinado “tipo de homem”. É visto como um precursor da concepção de pós-modernidade. Como se referia Heidegger, ele próprio nietzschiano, “na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche”.
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Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Curitiba: Universidade Federal
do Paraná, Setor de Ciências Humanas, 2015; BERGAMO, Telma Maria de Moura, Michel
Foucault e os Mestres do Dizer Verdadeiro. Tese de Doutorado. Programa de
Pós-Graduação em Educação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2015; entre
outros.
_________________
* Sociólogo (UFF),
Cientista Político (UFRJ) e Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da
Coordenação do Curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza:
Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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