Crise Imigratória, Geopolítica & Emergência Socorrista Em Alto Mar.
Giuliane de Alencar & Ubiracy de Souza Braga
“Un navegador que teme
perder a margem de vista jamais conquistará uma ilha”. Cristóbal Colón (1451-1506)
Seu
nome em italiano é Cristoforo Colombo, em latim Christophorus
Columbus e em espanhol, Cristóbal Colón. Este antropônimo inspirou o nome
de, pelo menos, um país, Colômbia e duas regiões da América do Norte: a
Colúmbia Britânica no Canadá e o Distrito de Colúmbia nos Estados Unidos.
Entretanto o Papa Alexandre VI escrevendo em latim sempre chamou ao navegador
pelo nome de Christophorum Colon com significado de Membro e nunca pelo latim
Columbus com significado de Pombo. Colombo é creditado como o primeiro
explorador europeu a estabelecer e documentar rotas comerciais para as
Américas, apesar de ter sido precedido cinco séculos por uma expedição
viquingue liderada por Leif Erikson no século XI. As viagens de Cristóvão
Colombo abriram caminho para um período de contato, expansão, exploração,
conquista e colonização do continente americano pelos Europeus pelos próximos
séculos. Essas viagens e expedições trouxeram várias mudanças e
desenvolvimentos na história moderna do Mundo Ocidental. Entre várias outras
coisas, impulsionou, por exemplo, o comércio atlântico de escravos. Colombo é
acusado por diversos historiadores de iniciar e incitar o genocídio e repressão
cultural dos povos nativos na América.
O
próprio Colombo viu suas conquistas sob a luz de expandir a religião cristã.
Ele foi também acusado, até por contemporâneos, de comportamento tirânico,
corrupção e vários crimes contra os nativos indígenas, como espancamentos,
torturas, saques e estupros. Há denúncias sobre como a chegada de Colombo ao
Novo Mundo esteve ligada à perseguição, agressão, estupro e morte de nativas,
consequência da subvalorização e desconhecimento da humanidade dos povos
nativos. Essas reavaliações de seus feitos fizeram com que a visão dos
acadêmicos e historiadores sobre Colombo ficasse um tanto quanto negativa com o
passar do tempo. Na biografia Historia del almirante Don Cristóbal Colón
escrita pelo filho, este obscureceu a pátria e origem de Colombo,
afirmando que o pai não queria que fossem conhecidas tais informações,
enumerando várias cidades italianas, em especial ligures, que disputavam tal
glória.
No
livro Pedatura Lusitana, um nobiliário de famílias de Portugal,
Cristóvão Colombo é apresentado como um homem natural de Gênova, junto aos seus
dois irmãos, Bartolomeu Colombo e Diogo Colombo. Também é possível observar que
no documento é relatado o seu casamento com uma mulher portuguesa chamada D.
Filipa Muniz de Melo. Em Espanha Colombo sempre foi considerado como
estrangeiro, lamentando-se inclusivamente de como essa situação o prejudicava
em alguns dos documentos que escreveu. Esteve constantemente em contacto com
italianos, e neles depositava a sua confiança. Mas “as regras do tempo
mostram-nos que um plebeu nunca se casava com uma nobre, pelo que a origem de
Colombo é assaz duvidosa”. Apesar do esforço desenvolvido na investigação da
vida do navegador, ainda restam algumas incertezas, ou fantasias nacionalistas
ou ideológicas. Um dos principais problemas apresentados é o da pátria do
navegador, e embora este assunto não seja de interesse primário, a importância
que lhe tem sido dada e a sua constante atualidade obrigam a que se lhe faça
menção.
Sempre
existiu uma controvérsia sobre o local de origem do navegador já que um
documento da corte de Castela de 1487 chama-lhe “português”. Entre todas as
teorias contemporâneas, a genovesa teve mais apoio até ao século XX quando
tentou-se fazê-lo natural da Córsega. No final desse século, Garcia de la
Riega, de Pontevedra, na Galiza, publicou uma série de documentos que
apresentavam nomes de pessoas da região e de origem judia da primeira metade do
século XV com os mesmos nomes da família de Colombo - a despeito destes apenas
serem conhecidos através da documentação genovesa - que supostamente teriam
imigrado para Genova após o nascimento de Colombo. Durante muitos anos esta
teoria obteve popularidade, já que satisfazia o nacionalismo espanhol, o judeu
e o galego, até que em 1928 foi desclassificada como fonte histórica pela Academia
de História espanhola, que comprovou os documentos como sendo autênticos,
mas manipulados para apresentar aqueles nomes.
Para os Estados defensores dos
direitos civis, um dos maiores erros da Europa na crise migratória do Mediterrâneo
ocorreu com o fim do programa italiano de patrulha e salvamento chamado “mare Nostrum”.
Sob a liderança da Marinha, o programa salvou milhares de migrantes no mar. Mas
seu fim, em grande parte por razões econômicas e em parte por razões
ideológicas, teve efeitos políticos e sociais que vão muito além da redução dos
esforços humanitários. “Mare Nostrum” era o nome dado pelos antigos romanos para
o mar Mediterrâneo. Após a unificação da Itália, em 1861, o termo foi revivido
por nacionalistas, que se acreditavam como sucedâneo do Império Romano os
territórios que pertenceram a Roma em sua fase imperialista por todo o
Mediterrâneo. As águas do Mediterrâneo banham as três penínsulas do sul da Europa, a Ibérica, mas apenas a Sul e Sudeste de Espanha, a Itálicae a Balcânica. Suas águas representam uma comunicação com as do oceano Atlântico, através do estreito de Gibraltar e com o mar Vermelho, através do canal de Suez. As águas do mar Negro também desaguam no Mediterrâneo pelos estreitos do Bósforo e dos Dardanelos. As águas do Mediterrâneo são quentes devido ao calor vindo do deserto do Saara, fazendo com que o clima de comunicação das zonas próximas seja mais temperado representando o clima mediterrânico.
O termo latino “mare Nostrum” foi usado
originalmente pelos antigos romanos para se referir ao mar Tirreno, logo após a
conquista da Sicília, Sardenha e Córsega, durante Guerras Púnicas, ocorridas contra Cartago. Em
30 a. C., a dominação romana já se estendia da Hispânia ao Egito, e a expressão
“mare Nostrum” passou a ser utilizado no contexto de todo o mar Mediterrâneo. A
ascensão do nacionalismo italiano durante a chamada “Partilha da África” da década de
1880 gerou o desejo geral da nação do estabelecimento de um império colonial
italiano. A expressão teria sido utilizada pela primeira vez pelo poeta
Gabriele d`Annunzio,símbolo do decadentismo e herói de guerra. Além de sua
carreira literária, teve também uma excêntrica carreira política. A África é o
terceiro continente mais extenso, somente atrás da Ásia e da América do Norte,
com cerca de 30 milhões de km² cobrindo 20,3 % da área total da terra firme do
planeta. É o segundo continente mais populoso, apenas atrás da Ásia com
aproximadamente 1 bilhão de habitantes (2005), representando cerca de 1/7 da
população mundial, contando com 54 países independentes no processo
civilizatório.
Veneza/Gênova, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos,
pela ordem, foram as grandes potências das sucessivas épocas durante as quais
suas classesdominantes desempenharam,
ao mesmo tempo, o papel de líderes dos processos de formação do Estado e de
acumulação do capital. Temos assim a tese segundo a qual existiram quatro
ciclos sistêmicos de acumulação de capital durante a evolução do capitalismo
como sistema mundial: um ciclo genovês, do século XV ao início do século XVII.
Por outro lado, no mesmo período, a Espanha pretendia dominar todo o território dos Países Baixos, na qual a Holanda estava situada, pois a circulação de mercadorias naquela região contribuía significativamente para abastecer os cofres do tesouro espanhol.Não obstante, em 1581, sete províncias do Norte dos Países Baixos, incluindo a Holanda, criaram a República das Províncias Unidas e passaram a lutar por sua autonomia em relação aos espanhóis. Ao incorporar Portugal, aproveitando-se do seu controle sobre o Brasil, a Espanha planejou impedir que os holandeses continuassem a comercializar o açúcar brasileiro. Era uma tentativa de sufocar economicamente a Holanda e impedir sua independência do ciclo holandês, do fim do século XVI até decorrida a maior parte do século
XVIII; correspondente ao ciclo britânico, da segunda metade do século XVIIII até o início do
século XX; um ciclo norte-americano, iniciado no fim do século XIX e que
prossegue atualmente fase de expansão financeira neoimperialista. Portanto, não queremos perder de vista politicamente o regime de
exploração mercantil genovês durou 160 anos, o holandês 140 anos, o britânico
160 anos e o norte-americano 100 anos. O Oriente, sociologicamente falando, é uma entidade
autônoma dotada de múltiplas identidades com suas respectivas localizações
territoriais. O que seria então esse Orientalismo cuja definição permite afirmar
que o Oriente é uma invenção do Ocidente? Segundo Said (1990) esse conceito tem
diversos significados, mas que de modo geral reflete a forma específica pela
qual o Ocidente europeu reproporiam ao nível ideológico e cultural a designação
do que é o Oriente. Assim, o Orientalismo não necessariamente estabelece uma
relação dialética e real de identificação real com o Oriente e sim,
inversamente é a ideia que o Ocidente faz dele, segundo uma visão eurocêntrica, de determinados aspectos das culturas orientais, por parte de escritores e artistas plásticos ocidentais, que acabaram por convertê-los em estereótipos. Popularizado como um campo de estudo desde o século XVIII, mas tendo adquirido particularidades institucionais a partir do colonialismo moderno do século XIX, o orientalismo estudava, sem distinções, um vasto grupo de civilizações que incluem o Extremo Oriente, a Índia, a Ásia Central, o Médio Oriente, vulgarizado ao nível ideológico totalizante pela designação 'Mundo Árabe e mesmo a África, em alguns casos. Nesse sentido o Oriente ajudou a definir a Europa ou o Ocidente de forma transcendente com sua imagem, ideia, personalidade e experiência contrastantes. O Oriente na visão do Orientalismo é o “lugar do exótico”. Precisamos tornar do ponto de vista teórico, prático e afetivo o exótico em familiar. É o que inferimos nestas notas sobre imigração no sentido antropocêntrico.
Resgate de imigrantes
durante o naufrágio de um veleiro de madeira perto da Grécia. Três pessoas
morreram durante o desastre. Enfim,
para tratarmos do tema “orientalismo”, comumente utilizado para definir o
estudo constituído por todas as sociedades fora do contexto ocidental, da
cultura global europeia, – utilizamos a noção “pós-orientalismo”. Por duas
razões: a) É correlata à filosofia dita pós-moderna; b) Trata-se de um eclético
e elusivo movimento social caracterizado por sua crítica à filosofia ocidental.
Começando como um movimento de crítica da filosofia Continental, foi
influenciada fortemente pela fenomenologia, pelo estruturalismo e pelo existencialismo,
incluindo Kierkegaard e Heidegger. Sofreu influências, também, em certo grau
associado ao positivismo da filosofia analítica de Ludwig Wittgenstein. Para a
maior parte dos pensadores, a filosofia pós-moderna reproduz a volumosa
literatura da teoria crítica. Outras áreas de produção incluíram a
“desconstrução” e as diversas análises que começam com o prefixo “pós”, como o
“pós-estruturalismo”, “pós-marxismo” e “pós-feminismo”, que representam sua relação com seu predecessor, o estruturalismo, um movimento intelectual desenvolvido na Europa no início até metade do século XX, que defendia que a cultura humana pode ser entendida através da estrutura - modelada pela língua - que diferencia a realidade concreta da abstração de ideias - “uma terceira ordem” que opera a mediação complexa entre as duas.
Devido ao regime colonialista
estabelecido no continente, foram destruídas e modificadas as estruturas
sociais, econômicas, políticas e religiosas da maioria do território da África
negra. As colônias que proclamaram sua Independência, processo emancipatório
que se iniciou após a 2ª guerra mundial e concluiu-se principalmente de 1960
até 1975, estiveram sob a ameaça da gravidade de problemas de integração
nacional, que resultaram das fronteiras arbitrárias como legado do sistema
colonialista, além da pobreza, sendo que o rápido crescimento da população
africana é mais elevado do que o número de alimentos produzidos. Como dependem
econômica e politicamente das antigas metrópoles, a ineficiência da
administração, as tribos e as ideologias conflitantes entre si, todos esses
fatores agravantes fizeram com que a população das cidades crescesse. Estas são
as principais barreiras que impedem que os novos países desenvolvam-se. A
cooperação coletiva para a solução desses problemas deu origem a uma
diversidade de organizações supranacionais que se baseiam na ideia do
pan-africanismo, ou a totalidade dos povos africanos unidos no entorno dos
interesses comuns; a de maior importância é a Organização da Unidade Africana (OUA).
A modernidade é inerentemente globalizante. Ela tanto
germina a integração como a fragmentação. Nela desenvolvem-se as diversidades
como também as disparidades. A dinâmica das forças produtivas e das relações de
produção, em escala local, nacional, regional e mundial, produz
interdependências e descontinuidades, evoluções e retrocessos, integrações e
distorções, afluências e carências, tensões e contradições. É altíssimo o custo
social, econômico, político e cultural da globalização do capitalismo, para
muitos indivíduos e coletividades ou grupos e classes sociais subalternos. Em
todo o mundo, ainda que em diferentes gradações, a grande maioria é atingida
pelas mais diversas formas de fragmentação. A realidade é que a globalização do
capitalismo implica na globalização de tensões e contradições sociais, nas
quais se envolvem grupos e classes sociais, partidos políticos e sindicatos,
movimentos sociais e correntes de opinião pública, em todo o mundo. Além disso,
enquanto totalidade histórico-social em movimento, o globalismo tende a
subsumir histórica e logicamente não só o nacionalismo e o tribalismo, mas
também o imperialismo e o colonialismo. Nela as relações entre formas sociais e
eventos locais e distantes se tornam correspondentemente “alongadas”, para
lembramos de Anthony Giddens.
A história disciplinar das teorias sobre as migrações
é, em vários aspectos contraditória. O tema das migrações foi largamente
ignorado pelos autores clássicos das principais ciências, no período histórico
em que estas se constituíram e consolidaram: o imperialismo. Apesar da importância
que os fluxos migratórios então assumiram - no contexto europeu do final do
século XIX e início do século XX -, quer sob a forma de intensos movimentos
internos, dirigidos dos campos para as cidades, quer de migrações transoceânicas, objeto de reflexão que
permitiram libertar parte do êxodo rural e povoar os novos continentes, o tema
não surge senão de forma marginal na maioria
dos autores. Ao longo do século XX, as ligações disciplinares das teorias sobre
migrações não são também evidentes. Apesar de um interesse crescente pelo fenômeno,
referências mais ou menos desenvolvidas dispersaram-se por várias ciências com
critérios de inserção nem sempre claros. Na sociologia do ponto de vista histórico e conceitual o tema das migrações não surge, na maioria das
vezes, autonomizado, o que não quer dizer independência, mas deste ponto, ao contrário de temas “clássicos” como o trabalho, a
educação ou as questões territoriais, acontecendo o mesmo em outras ciências
sociais.
Imigrantes rohingya resgatado em abrigo na cidade de Lhoksukon
localizada Indonésia. O mar
não se atravessa somente nas chamadas “embarcações da sorte”, mas também nos
barcos de passageiros e de carga, onde, frequentemente, viajam muitos imigrantes
escondidos nos porões ou em contentores. Nestas condições foram registados 150
mortos por sufocação ou afogamento. Para quem parte do Sul de África, o Saara é
uma passagem perigosa e obrigatória para chegar ao mar. O grande deserto separa
a África Ocidental e o Nordeste da África do Mediterrâneo. Os imigrantes
atravessam a zona, carregados sobre o transporte de caminhões que passam continuamente nas estradas entre
Sudão, Chade, Níger e Mali, de um lado, e Líbia e Argélia, do outro. O risco de
desidratação e esmagamento é permanente. Todas as viagens contam com pelo menos
uma morte. Entre os mortos estão ainda às vítimas das deportações coletivas
praticadas pelos governos de Trípoli, Argel e Rabat. Há anos, que as
autoridades da Líbia, Argélia e Marrocos abandonam grupos de centenas de
pessoas nas zonas fronteiriças em pleno deserto, fazem detenções arbitrárias e
disparam sobre os imigrantes clandestinos. – “O meu marido e o meu filho de
nove anos morreram no mar. Ele trabalhava no porto. Um dia, um homem veio
propor-lhe ser capitão e conduzir uma embarcação para a Espanha. Disseram que
os espanhóis precisavam de braços para colher frutas. Eu tentei dissuadi-lo,
mas ele partiu levando o nosso filho único, acreditando que a Cruz Vermelha
cuidaria dele, que ele poderia estudar”, narra a mauritana Salimata, vendedora
de peixe seco.
Segundo
a compilação de dados de jornais internacionais “Fortress Europe” pelo menos
11.976 imigrantes morreram desde 1988 até hoje na fronteira europeia, dos quais
4.232 desapareceram no mar. No Mediterrâneo morreram pelo menos 8.284 pessoas:
4.089 mortos entre Marrocos, Argélia, Mauritânia e Senegal em direção à Espanha
e às ilhas das Canárias, atravessando o estreito de Gibraltar ou o Oceano
Atlântico, dos quais 1.986 desaparecidos; 2487 mortos no canal da Sicília,
entre a Líbia, Tunísia, Malta e Sicília, dos quais 1529 desaparecidos e 70
mortos entre Argélia e a ilha da Sardenha; 895 mortos no mar Egeu perto das
ilhas entre a Turquia e a Grécia, dos quais 461 desaparecidos; 603 mortos no
mar Adriático entre Albânia, anememi e direitos de autor sobre bananas inversas
que se limita com Montenegro e Itália, dos quais 220 desaparecidos; 597 mortos
no Oceano Índico entre Anjouan e ilha francesa de Mayotte.
Só a Itália mantém 11 complexos de detenção,
administrados por empresas privadas, como ocorre nos complexos penitenciários
nos Estados Unidos da América, onde imigrantes ilegais podem ficar detidos por
meses antes de serem deportados. Assemelhando-se a prisões, os Centros “di
Identificazione ed Espulsione” têm cercas metálicas, alojamentos térreos
individuais trancados à noite e os pátios são fortemente iluminados. Há câmaras
de segurança e de vigilância e os guardas usam uniformes de intervenção. Os
detidos têm uma “movimentação” e são obrigados a usar chinelos ou sapatos sem
atacadores, para que não possam ferir-se a si mesmo ou aos outros. Nestes
complexos são mantidas pessoas que “não têm autorizações de trabalho” ou
residência ou cujos documentos já passaram da validade. Algumas delas já vivem
no país há anos. As autoridades italianas asseguram que “os centros são
essenciais para a boa regulamentação da imigração ilegal e que respeitam as
diretrizes da União Europeia”, representando uma união economia política de 28 Estados-membros independentes situados principalmente na Europa. A UE tem as suas origens na ComunidadeEuropeia do Carvão e do Aço (CECA) e na Comunidade Econômica Europeia (CEE), formadas por seis países em 1957. Nos anos que se seguiram, o território da UE foi aumentando de dimensão através da adesão de novos Estados-membros, ao mesmo tempo que aumentava a sua esfera de influência através da inclusão de novas competências políticas. O Tratado de Maastricht instituiu a União Europeia atual em 1993. A última revisão significativa aos princípios constitucionais da UE, o Tratado de Lisboa, entrou em vigor em 2009. Bruxelas é a capital de facto da União Europeia
Escondidos nos barcos de carga que viajavam
diretamente a portos europeus 141 pessoas morreram. No Saara, 1.587 pessoas
morreram por desidratação na tentativa de atravessar o deserto, para chegar ao
Mediterrâneo, do Sudão à Líbia ou da África ocidental a Argélia, passando pelo
Mali e pela Nigéria. Na Líbia pelo menos 560 pessoas foram mortas em setembro
de 2000 por um grupo de líbios durante assaltos contra estrangeiros numa cidade
ao noroeste de Zawiyah. Escondidos nos caminhões morreram 283 migrantes por
asfixia, ou esmagadas pelo peso da carga ou por causa de acidentes. Nos campos
minados da Grécia: 88 mortos na fronteira nordeste da Grécia com a Turquia. Pessoas
originárias de vários países da África subsaariana relatam viagens angustiantes
por vários países até chegar à Líbia, sofrendo com a violência das milícias, a
angústia de transições com traficantes de pessoas e o pesadelo da travessia. O
caso da Líbia é fonte de tensão especialmente grave entre Qatar e Egito. Doha
criticou abertamente as incursões aéreas egípcias contra o EI neste país, enquanto o Cairo o acusa de apoiar o terrorismo.
Outros países do Golfo apoiaram o Egito.
Estatisticamente 182 pessoas morreram afogadas nos
rios limítrofes entre Polônia e Alemanha, Croácia e Bósnia e Herzegovina;
Turquia e Grécia; Eslováquia e Áustria e Eslovênia e Itália; 112 morreram
congelados, outros sem água nem comida atravessando a pé as montanhas das
fronteiras de Grécia, Turquia, Itália e Eslováquia durante o Inverno; 23
pessoas morreram em Calais ou caindo nas vias do túnel do Canal da Mancha ou
fulminadas quando saltavam a rede elétrica da terminal francesa; foram mortos
por disparos dos militares da Guarda Civil espanhola e da polícia marroquina ao
longo da fronteira entre Marrocos e os territórios de Ceuta e Melilha; e 187
foram mortos por militares da Turquia, Líbia, Egito, Gâmbia, Marrocos, Grécia,
Antiga Jugoslávia, Espanha, Alemanha e França, e 41 pessoas morreram congeladas
viajando escondidas na brecha do trem de pouso de aviões. Falamos em imigração
quando o movimento é de entrada em um país para fixar residência, enquanto que
a emigração se refere ao processo em que deixam seu território para se fixarem
em outro. A política de rechaço não só elimina quase toda possibilidade de construir pontes por parte dos governos e autoridades, como vem repetindo com insistência o Papa Francisco, mas também responde a profundos anseios populares e de grupos neofascistas.
Navio de Emigrantes, de Lasar Segall. Hoje, o “fenômeno da migração”, na falta de melhor
expressão, acontece em contextos sociais e políticos completamente diferentes, comparativamente aos
da época das grandes explorações nos séculos XIV-XV. O processo de
globalização, que também se inicia com as grandes navegações, “encolheu” nosso
planeta do ponto de vista da habitação, encurtou grandes distâncias em termos
de comunicação, transformou o tempo de trajetos que levaria semanas, meses ou
anos, em horas. A facilidade de deslocamento tornou-se um grande fator para
aqueles que decidem pela migração. Já as motivações para essas migrações são
inúmeras, mas essencialmente ocorrem nas esferas sociais, econômicas e
políticas: a) pela busca de melhoria de vida, b) pela fuga de um conflito
armado entre diferentes poderes, c) pela perseguição cultural ou política de um
grupo ou indivíduo. Ou mesmo a busca pela experiência de convívio com
diferentes culturas é uma experiência quase sempre enriquecedora.
O número de imigrantes que chegaram ilegalmente ao
território europeu diminuiu 49% em 2012 em relação ao ano anterior, tendo o
total das chegadas ficado, pela primeira vez, abaixo dos 100 mil desde 2008,
refere o Relatório “Annual Risk Analysis 2013” da Frontex, agência das fronteiras externas da União Europeia.
Enquanto em 2011 um total de 141 mil imigrantes foram detectados a tentar
entrar ilegalmente em território europeu pelas fronteiras da UE, esse número
diminuiu para 72 mil em 2012. Nas oito (08) rotas categorizadas pela Frontex, a
rota do Mediterrâneo Oriental (Grécia, Bulgária e Chipre), utilizada pelos
imigrantes vindos por terra e mar do Afeganistão, Síria e Bangladesh,
destaca-se ao ultrapassar as 37 mil entradas ilegais em 2012. Segue-se a rota
do Mediterrâneo Central (Itália e Malta) que registou mais de 10 mil entradas
clandestinas de imigrantes vindos da Somália, Tunísia e Eritreia. A Frontex, a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira, foi criada em 2004 para ajudar os Estados-Membros da UE e os países associados de Schengen a proteger as fronteiras externas do espaço de livre circulação da UE. Enquanto Agência da UE, a Frontex é financiada pelo orçamento da UE, bem como pelas contribuições dos países associados de Schengen. Até 2020, a Agência deverá empregar cerca de 1000 funcionários, dos quais quase um quarto são destacados pelos Estados-Membros e regressarão aos seus serviços nacionais após a conclusão do seu mandato na Frontex.
Uma das principais razões, destacada pela Frontex,
para a descida total das entradas ilegais na UE em 2012 é a operação grega
“Aspida” junto à fronteira com a Turquia. A manobra envolveu um reforço de 1800
agentes e levou a que o número de pessoas que por semana tentavam entrar de
forma ilegal na Grécia baixasse de 2000 para dez. Outra causa prende-se com a
quebra dos fluxos migratórios provenientes dos países árabes. Pelo menos 18 600
imigrantes ilegais morreram desde 1988 até hoje nas fronteiras europeias, dos
quais mais de 8700 desapareceram no mar,
segundo dados estatísticos da revista digital “Fortress Europe”. São,
sobretudo, naufrágios, mas também acidentes rodoviários, mortos no deserto ou
na neve nas passagens montanhosas, vítimas de explosões nos últimos campos
minados da Grécia, de disparos do exército turco ou da histórica violência da
polícia na Líbia. As tensões surgem à medida que milhares de imigrantes
do Oriente Médio e África tentam
receber asilo na União Europeia. Embora reconheça a necessidade de
imigrantes em seu território para combater o envelhecimento de sua população, as políticas de controle fronteiriço
são cada vez mais intensificadas. Bibliografia geral consultada.
KEMP, Tom, La
Revolucion Industrial en la Europa del Siglo XIX. Barcelona: Libros de
Confrontacion, 1976; VAN GENNEP, Arnold, Os
Ritos de Passagem. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1978; HATOUM, Milton, Relato de CertoOriente. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1989; SAID,
Edward Wadie, Orientalismo: O Oriente como
Invenção do Ocidente. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1990; MARTINS,
José de Souza, Fronteira. A Degradação do
Outro nos Confins do Humano. São Paulo: Editora HUCITEC. Coedição da Faculdade de Filosofia
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1997; BRETTEL, Caroline; HOLLIFIELD, James (dir.)., Migration Theory: Talking Across Disciplines.
New York: Routledge, pp.1-26, 2000; BLANC-CHALEARD, Marie-Claude, Histoire de l`Immigration. Paris: La Découverte. Col Repères, 2001; JENKINS, Keith, A História Repensada. São Paulo: Editor Contexto, 2001; BARBIERI, Aline Fabiane, “Mobilidade Populacional, Meio Ambiente e uso da Terra em Áreas de Fronteira: Uma Abordagem Multiescalar”. Disponível em: Revista Brasileira de Estudos da População. Volume 24, n° 2, jul/dez 2007; LATOUR, Bruno, Reensamblar lo Social: Una Introducción a la Teoria del Actor-Red. Manatial Ediciones, 2008; APPADURAI, Arjun, O Medo ao Pequeno Número: Ensaio sobre a Geografia da Raiva. São Paulo: Editora Iluminuras; Itaú Cultural, 2009; KAPLAN, Roberto, A Vingança da Geografia: A Construção do Mundo Geopolítico a partir da Perspectiva Geográfica. Rio de Janeiro: Editor Elsevier, 2013; LIRA, Larissa Alves de, O Mediterrâneo de Vidal de la Blache: O Primeiro Esboço do Método Geográfico (1872-1918). São Paulo: Edotira Alameda, 2013; CAMPOS, Gustavo Barreto de, Dois Séculos de Imigração no Brasil: A Construção da Imagem e Papel Social dos Estrangeiros pela Imprensa entre 1808 e 2015. Tese de Doutorado. Programa de Doutorado em Comunicação e Cultura. Escola de Comunicação. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015; entre outros.
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