Yasujirō Ozu nasceu em Fukagawa, em Tóquio, filho de um comerciante de adubo, e foi educado num colégio interno em Matsusaka, não tendo sido um aluno particularmente bem sucedido. Desde cedo se interessa pelo cinema e aproveita o tempo para ver o máximo de filmes que podia. Trabalhou por um breve período como professor, antes de voltar para Tóquio em 1923, onde se juntou à Companhia cinematográfica Shochiku. Trabalhou, inicialmente, como assistente de fotografia e de realização. Três anos depois, dirigiu o seu primeiro filme, Zange no yaiba (A espada da penitência), um filme histórico, em 1927. Em julho de 1937, numa época em que os estúdios demonstravam algum descontentamento com o insucesso comercial dos filmes de Ozu, apesar dos louvores e prémios com que a crítica o celebrava, é recrutado com 34 anos e servirá como cabo de infantaria, na China, durante dois anos. A sua experiência militar leva-o a escrever um extenso diário onde se inspirará mais tarde para escrever guiões cinematográficos. O primeiro filme realizado por Ozu ao regressar, Toda-ke no Kyodai (Os irmãos da família “Toda”, do título em inglês, 1941), foi um sucesso de bilheteira e de crítica. Em 1943 foi, de novo, alistado no exército para realizar um filme de propaganda na Birmânia. Em vez disso, foi enviado para Singapura onde passou grande parte do seu tempo vendo filmes norte-americanos confiscados pelo exército.
De
acordo com Donald Richie, o filme preferido de Ozu era a obra-prima de Orson
Welles, Citizen Kane. Devido as campanhas militares na China, a economia
japonesa encontra-se dilapidada e o comércio exterior impedido de se expandir
por pressão dos aliados. Foi quando os Estados Unidos da América resolveram dar
o golpe fatal. O governo norte-americano suspende em 1939 a venda de
matérias-primas e demais insumos industriais para o Japão. O petróleo seria uma
delas. Nenhum acordo com o presidente Franklin Roosevelt foi possível. Do lado
japonês, o endurecimento das posições se dá com o ministro da Guerra, o general
Tojo Hideki, que ascende ao cargo de primeiro ministro. O general não queria
mais acordo com os Estados Unidos, preferindo a opção pela guerra. Ainda não
tinha amanhecido em Havaí, em 7 de dezembro de 1941, quando a aviação japonesa
ataca a base norte-americana de Pearl Harbor, declara guerra aos
Estados Unidos e Inglaterra. E a entrada na guerra estava fadada ao
fracasso. Em 1942, já davam sinais de debilidade nas guerras do Pacífico.
Derrotada
na guerra, o Japão precisa ser reconstruído e adaptado à modernidade. Mas
antes, teve que arcar com as dores. As forças aliadas ocupam o Japão em 1945
sob o comando do general Douglas Mac Arthur. O período de ocupação americana,
que vai de 1945 a 1951, serviu para o Japão retomar o caminho do
desenvolvimento. Foram eliminadas as ideias bélico-imperialistas e restaurada a
democracia. Uma década depois, o Japão mostrava sinais de recuperação. É daí a
expressão “milagre japonês”. Algumas décadas foram necessárias para colocar o
Japão entre os países adiantados. Se no início os produtos japoneses eram
considerados baratos e ruins até pelos próprios japoneses, em pouco tempo o
País passou a ameaçar os Estados Unidos como segunda potência econômica.
Assimilando bem os ensinamentos dos americanos quanto ao aumento de
produtividade e melhoria de qualidade, os japoneses passaram a adotar métodos
de trabalho que hoje são utilizados no mundo inteiro, que visam principalmente
a eliminar o desperdício no processo industrial. Na área comercial, os
japoneses ganharam dos americanos em segmentos. Produtos japoneses invadiram as
lojas dos Estados Unidos.
Formou-se no Japão um governo imperial centralizado, no século VII da nossa Era, sob dinâmica influência chinesa. A reforma Taika de 646 aboliu os anteriores agregados dos grupos de linhagens nobre de lavradores deles dependentes, e instaurou pela primeira vez um sistema político unitário. O novo Estado japonês, que viria a ser regido pelos Códigos Tailho emitidos no princípio do século VIII (702), possuía uma administração organizada segundo o modelo chinês contemporâneo, o império Tang, e assentava o monopólio imperial da propriedade fundiária. O solo era arrendado em pequenos lotes, periodicamente redistribuídos a agricultores que ficavam obrigados a impostos em espécie ou a corveias perante o Estado; inicialmente aplicados aos domínios pessoais da linhagem imperial, este sistema de loteamento estendeu-se gradualmente através do país durante o século seguinte. Uma vasta burocracia central, composta por uma classe aristocrática civil obtinha os cargos mais por hereditariedade do que por qualificações, mantinha o país sob um controle político unificado. O reino situava-se sistematicamente dividido em circunscrições, províncias, distritos e aldeias, sob a estreita supervisão governamental. Foi também criado o recrutamento para um exército permanente.
A exemplo da China,
comparativamente, foram edificadas cidades imperiais simetricamente planejadas.
O budismo, combinado sincreticamente com os cultos xintoístas nativos,
tornou-se religião oficial, oficialmente integrada no próprio aparelho de
Estado. Todavia, a partir de cerca de 800, este Império Significado começou a
dissolver-se, sob a ação de pressões centrífugas. Desde o início, a ausência de
algo de idêntico a um verdadeiro mandarinato no seio da burocracia, tornou-a
presa dos esforços de apropriação privada dos nobres. As ordens religiosas
budistas conservavam privilégios especiais sobre as terras que lhes haviam sido
doadas. O recrutamento desapareceu efetivamente em 792, e a redistribuição de
lotes de terra por volta de 844. Nas províncias, começaram gradualmente a surgir
Estados semiprivados, ou shõen, domínios da propriedade de nobres ou de
mosteiros. Subtraídos inicialmente à propriedade fundiária do Estado, acabaram
por adquirir imunidade fiscal e, finalmente, isenção da inspeção cadastral pelo
governo central. Os mais vastos destes domínios, muitas vezes com origem em
terras recentemente postas em cultivo, cobriam várias centenas de hectares. Os
camponeses que cultivavam os shõens passaram a pagar os seus tributos
diretamente aos senhores e, neste sistema dominial em formação, camadas
intermédias de intendentes e bailios adquiriram direitos adicionais de acesso à
produção sobretudo de arroz. A organização interna dos domínios
senhoriais japoneses era grandemente influenciada pela natureza da cultura
do arroz, o setor base da agricultura.
Não havia afolhamento trienal como na Europa, e as terras comunais tinham relativamente pouca importância, dada a ausência da pecuária. As courelas camponesas eram muito menores que na Europa e menos numerosos os aglomerados aldeões, com uma considerável densidade de população rural e escassez de terras. Sobretudo, não havia nos domínios um sistema de reserva senhoria: os shiki, ou direitos divisíveis de apropriação do produto, eram uniformemente coletados sobre toda a produção do shõen. Entretanto no seio do sistema político, a aristocracia da corte, ou kuge, desenvolveu uma apurada cultura civil na capital, onde a casa de Fujiwara adquiriu duradouro ascendente sobre a própria dinastia imperial. Foi ficando cada vez mais ao abandono. Ao mesmo tempo, desaparecendo o recrutamento, as forças aramadas nas províncias foram caindo gradualmente nas mãos de uma nova nobreza militar, os bushi, que começou a salientar-se durante o século XI. Tanto os funcionários públicos do governo central como os proprietários shõen locais agrupavam junto de si esses bandos guerreiros, para objetivos de defesa e agressão. As lutas civis aumentavam com o desenvolvimento da privatização do poder coercivo, já que as tropas bushi interviam nas lutas das cliques de corte pelo controle da capital do império e do aparelho administrativo. A queda do velho sistema Tailho culminou com a instauração vitoriosa do shogunato Kamakura por Minamoto-no-Yoritmo, no fim do século XII. A dinastia imperial de Kyoto e a administração civil foram preservadas pelo monarca, criado em Kyoto a que devotava respeito do legado.
O Xogunato Tokugawa, ou Período Tokugawa, ou Xogunato Edo, representou uma espécie de ditadura militar feudal estabelecida no Japão por Tokugawa Ieyasu, primeiro líder desta Era governada pelos xoguns (grande general) da família Tokugawa no período de 1603 a 1868. O nome do período é também reconhecido Período Edo, em homenagem a cidade de Edo, atualmente Tóquio, que era a capital do Xogunato Tokugawa, até a Restauração Meiji, que acabou definitivamente com o período dos Xogunatos. Seguindo o Período Sengoku Jidai de guerras civis, o governo central foi largamente restabelecido por Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi durante o Período Azuchi-Momoyama. Após a batalha de Sekigahara em 1600, o país unificou com o fim das disputas entre os feudos, a autoridade central foi concedida a Tokugawa Ieyasu, que completa o processo de centralização e recebe o título de Xogum em 1603. Politicamente foi um período de forte isolamento político-econômico do país em relação ao resto do mundo ocidental e rígido controle interno (sakoku), regulando os feudos através do código de leis.
Yasujirō Ozu (1903-1963) inevitavelmente iniciou seu trabalho como cineasta em comédias, analogamente como Charles Chaplin na trilha aberta pelo cinema anglo-saxão, originais no seu estilo, antes de se dedicar a obras com maiores preocupações sociais e porque não dizer, na esfera da vida política, na década de 1930, principalmente ao ter como escopo cinematográfico a utilidade de uso as lentes em dramas familiares, gênero próprio do cinema japonês, chamado Gendai-Geki, um gênero de filme e televisão ou peça de teatro no Japão. Ao contrário do gênero jidai-geki de dramas conjunturais de época, cujas histórias se passam no período Edo, as histórias gendaigeki são dramas contemporâneos ambientados no mundo moderno. Outros temas caros ao mestre japonês são a velhice, o conflito entre gerações, a nostalgia, a solidão e inevitabilidade da decadência, como se verifica, de imediato, nos títulos dos seus filmes que evocam o passar do tempo. É frequente que terminem num local ou situação ligada com o início, no sentido do “eterno retorno”, acentuando o carácter de circularidade, como ocorre nas estações do ano ou a alternância das “marés destas obras exuberantes”.
Em 1868, o período terminou com a Restauração Meiji, quando o governo imperial (tenno) recuperou sua autoridade, marcando o fim das ditaduras feudais, iniciando a modernização do Japão. Em 268 anos o Japão passou por um período de relativa paz e de valorização das artes, como: o teatro kabuki, a pintura em madeira, arte do chá, escrita e a educação. Também se desenvolveram a agricultura e a construção civil no setor de estradas, que posteriormente, contribuíram para a rápida industrialização do país. Durante o período Sengoku do século XV ao XVII, o Japão sofria uma grande instabilidade política. As disputas de poder e de terras entre os senhores feudais (dáimios) geravam ondas sangrentas de guerras civis. Essas guerras contribuíram para o enfraquecimento do poder central do Xogunato Muromachi, deixando o país à mercê da “lei do mais forte” e das constantes tentativas falhadas de unificar o Japão. A reunificação do Japão ganhou forma com a campanha do dáimio Oda Nobunaga.
Após afirmar o seu domínio sobre a província de Owari em 1559, Nobunaga marcha sobre a capital Quioto em 1568, restaurando o poder da corte real, meramente uma posição simbólica. Estabelecendo-se na capital, Nobunaga continua a eliminação dos seus adversários, entre eles a famosa seita budista Ikko-ikki, destruindo o mosteiro Enryaku-ji em 1575. Tirando partido da introdução das armas-de-fogo no Japão, Nobunaga consegue rechaçar clãs inimigos como, por exemplo, o clã Takeda. Em 1582, Nobunaga é assassinado por um dos seus vassalos, Akechi Mitsuhide, que aproveita a situação e usurpa o lugar do seu mestre. O general Toyotomi Hideyoshi, que lutava ao lado de Nobunaga, agindo rapidamente, consegue destruir as forças de Mitsuhide, assumindo o controle. Com o apoio dos seguidores de Nobunaga e alianças com vários dáimios importantes, Hideyoshi continua com a campanha de reunificação, conquistando as províncias de Shikoku e Kyushu. Finalmente, com um exército de mais de 200 mil homens, Hideyoshi derrotou a última resistência, a família Hojo, que controlava Kanto, a região Leste de Honshu. A unificação do Japão estava completa.
Após a morte de Hideyoshi, o poder voltou a ser concorrido entre os senhores feudais. Entre eles, destacou-se Tokugawa Ieyasu, um dos partidários de Nobunaga desde o início da reunificação. Usando o seu poderio político e militar, quebrou as suas promessas traindo o sucessor de Hideyoshi, seu filho Hideyori, e iniciou uma batalha pelo poder do Japão. Destruindo as forças que apoiavam Hideyori na Batalha de Sekigahara, Tokugawa, sem rivais à altura, consegue expandir o seu domínio por todo o Japão, recebendo do Imperador, em 1603, o título de xogum, estabelecendo assim o Xogunato Tokugawa. O Xogunato Tokugawa tardio ou Último Xogum foi o período entre 1853 e 1867 durante o qual o Japão acabou com sua política isolacionista estrangeira, chamada sakoku, e modernizou-se de um xogunato feudal para o Governo Meiji. Este período situa-se no final da Era Edo, precedendo a Era Meiji. As principais facções ideológicas ou facções políticas durante o período dividiram-se basicamente em: a) em pró-imperialistas Ishin Shishi (patriotas nacionalistas) e, b) as forças do xogunato, incluindo a elite política Shinsengumi do corpo do exército selecionado de espadachins.
Embora
os dois grupos fossem os de maior força militar visível, muitas outras facções
tentaram usar o caos do Bakufu numa tentativa de ganhar poder pessoal. Em julho
de 1853 uma esquadra dos Estados Unidos da América (EUA) de quatro navios,
comandada pelo Comodoro Matthew C. Perry, chegou à Baía de Edo exigindo a
abertura dos portos japoneses, iniciando assim uma cadeia de eventos que
levariam ao fim do Bakufu no Japão. O responsável em realizar as negociações
com os EUA foi o presidente do conselho dos veteranos Abe Masahiro (1819-1857).
Sem nenhum precedente para as negociações, Abe tentou conciliar as vontades
divergentes dos conselhos dos veteranos, que queriam abrir negociações, do
Imperador, que queria manter os estrangeiros fora, e dos daimiôs, que
queriam ir à guerra. Sem um consenso sobre a situação, Abe decidiu favorecer os
acordos norte-americanos, permitindo assim abrir o Japão ao comércio
estrangeiro, contanto que ao mesmo tempo fosse feita uma preparação militar. Em
março de 1854, foi assinado o Tratado da Paz e Amizade, ou Tratado de
Kanagawa, que concedia a abertura de dois portos a navios norte-americanos
em busca de suprimentos, a ajuda a náufragos e a permissão a um Cônsul dos
Estados Unidos de estabelecer uma morada em Shimoda, um porto marítimo na
Península de Izu, a sudoeste de Edo. Cinco anos mais tarde, a abertura de mais
portos para navios dos Estados Unidos da América (EUA) foi forçada ao Bakufu através de tratados, demonstrando
o início do declínio de poder do Xogunato.
Esse
processo ocasionou danos desastrosos para o Bakufu. Debates políticos sobre o
Xogunato, o que era algo incomum, afloraram pela população, ocasionando severas
críticas ao governo. Para conter a instabilidade política, Abe tentou ganhar
novos aliados à sua causa consultando os clãs Shinpan e Tozama, para a surpresa
dos Fudai (clã mais próximo dos Tokugawa), situação que desestabilizou ainda
mais o já debilitado Bakufu. Seguindo o plano de fortalecer o governo, na
Reforma Ansei (1854-1856), Abe conseguiu navios de guerra e armamentos dos
Países Baixos e construiu novas defesas para os portos. Em 1855 uma escola
naval com instrutores neerlandeses foi montada em Nagasaki, e uma escola
militar estrangeira foi estabelecida em Edo; no ano seguinte, o governo estava
traduzindo livros estrangeiros. A abertura do Japão ao ocidente não foi aceita
por várias facções aliadas aos Tokugawa, principalmente os Fudai, onde uma
oposição a Abe crescia, impedindo a entrada do clã Tozama no conselho de
veteranos. Consequentemente, Abe foi substituído da presidência do conselho em
1855 por Hotta Masayoshi (1810-1864), diminuindo assim a rivalidades entre os
clãs. Os ideais pró-imperialistas cresciam politicamente, principalmente pela
propagação de escolas de ensino, como a Escola Mito, baseada em ensinamentos
neo-confucionistas e xintoístas, que tinha como objetivo a restauração da
instituição imperial, a retirada dos ocidentais do Japão e a criação de um
Império mundial sobre a divina Dinastia Yamato.
A escola teve a sua génese em 1657, quando Tokugawa Mitsukuni (1628-1700), segundo Daimyō de Mito, encomendou a compilação do Dai Nihon-shi (História do Grande Japão). Vários estudiosos reuniram-se para a elaboração do projeto, entre os quais Asaka Tanpaku (1656-1737), Sassa Munekiyo (1640-1698), Kuriyama Senpō (1671-1706), e Miyake Kanran (1673-1718). A abordagem fundamental do projeto foi Neo-confucionista, com base na visão de que o desenvolvimento histórico segui leis morais. Tokugawa Mitsukuni acreditava que o Japão, enquanto nação que tinha sido por muito tempo governado sob o domínio unificado do imperador, era um exemplar perfeito de uma "nação", como entendido no pensamento sinocêntrico. Dai Nihon-shi creditou que a história do Japão fosse governada por imperadores enfatizando o respeito pela corte imperial e pelas divindades xintoístas. A fim de registar fatos históricos, os historiadores da escola reuniram fontes históricas locais, compilando frequentemente as suas próprias obras históricas no processo. Inicialmente, a escola Mitogaku estava focada em historiografia e trabalhos académicos. Ao final do século XVIII, Mitogaku veio para tratar de questões sociais e políticas contemporâneas, dando início à era da Mitogaku Tardia. O líder do clã Mito, Nariaki Tokugawa (1800-1860), expandiu Mitogaku estabelecendo Kōdōkan como escola do clã. Além de confucionista e do pensamento kokugaku, a escola também absorveu o conhecimento de medicina, astronomia e outras ciências naturais. Em meio a esses conflitos sociais, políticos e ideológicos, Tokugawa Nariaki ficou encarregado da defesa nacional em 1854.
Nariaki já havia há muito tempo abraçado ideais antiestrangeiros e uma lealdade militar ao Imperador, tornando-se assim um dos principais líderes da facção contrária ao Xogunato e futuramente tendo um papel importante na Restauração Meiji. Nos anos finais do Xogunato, as relações estrangeiras aumentaram e mais concessões foram feitas. Um novo tratado com os Estados Unidos em 1859 permitiu que mais portos fossem abertos para representantes diplomáticos. No mesmo ano, originou-se um comércio sem supervisão que foi permitido em mais 4 portos e a construção de residências estrangeiras em Osaka e Edo. Pelo mesmo tratado, foi incorporado o conceito de extraterritorialidade, estrangeiros estavam submetidos às leis de seus respectivos países, e não à lei japonesa. Devido a isso, Hotta perdeu apoio de importantes daimiôs, e quando Tokugawa Nariaki se opôs ao novo tratado, Hotta buscou aprovação Imperial. Os oficiais da corte, percebendo a fraqueza do bakufu, rejeitaram o pedido de Hotta e, pela primeira vez em séculos, envolveram Kyoto e o Imperador decisivamente na esfera da política interna do Japão. Quando o Xogum Iesada morreu sem deixar herdeiros, Nariaki apelou para a corte pelo apoio de seu filho, Tokugawa Yoshinobu (ou Keiki), para Xogum, que era favorecido pelos daimiôs dos clãs Shinpan e Tozama.
Entretanto, os fudai ganharam a luta pelo poder, instituindo Tokugawa Yoshintomi no cargo de Xogum, prendendo Nariaki e Keiki e executando Yoshida Shoin (1830-1859), um importante intelectual sonnõ-jôi que tinha se colocado contra o tratado norte-americano e tinha arquitetado uma revolução contra o bakufu, e assinaram tratados com os Estados Unidos da América e mais cinco outras nações, acabando com mais de 200 anos de reclusão. A influência de Yasujirō Ozu no cinema oriental e ocidental é indubitável. E, sem temor a erro, quando admitimos que nas lentes de Akira Kurosawa e do fabuloso Kenji Mizoguchi, que despertaram primeiramente a “curiosidade” cinéfila europeia em relação ao cinema japonês são tributários do seu estilo de olhar a vida. E neste aspecto a particularidade incide sobre o tema do egoísmo. No filme: “Era uma Vez em Tóquio” (1953), um casal idoso decide visitar seus filhos, já adultos, que moram na cidade de Tóquio. Quando chegam lá, notam que os filhos estão muito ocupados com suas rotinas diárias, da casa, dos costumes, dos horários das refeições, da ordem, para prestar atenção nos pais, como sobredeterminação psicológica da vida. São temas candentes no âmbito da modernidade artística, no âmbito da ética e da filosofia na pós-modernidade, sobretudo originais no seu estilo, antes de se dedicar a obras com maiores preocupações sociais na década de 1930, principalmente ao focar dramas familiares, gênero próprio do cinema japonês, chamado “Gendai-Geki”.
Devido
as campanhas militares na China, a economia japonesa encontra-se dilapidada e o
comércio exterior impedido de se expandir por pressão dos aliados. Foi quando
os Estados Unidos da América resolveram dar o golpe fatal. O governo norte-americano
suspende em 1939 a venda de matérias-primas e demais insumos industriais para o
Japão. O petróleo seria uma delas. Nenhum acordo com o presidente Franklin
Roosevelt foi possível. Do lado japonês, o endurecimento das posições se dá com
o ministro da Guerra, o general Tojo Hideki, que ascende ao cargo de primeiro
ministro. O general não queria mais acordo com os Estados Unidos, preferindo a
opção pela guerra. Ainda não tinha amanhecido em Havaí, em 7 de dezembro de
1941, quando a aviação japonesa ataca a base norte-americana de Pearl Harbor.
Em seguida, declara guerra aos Estados Unidos e Inglaterra. Mas a entrada do
Japão na guerra estava fadada ao fracasso. Já em 1942, os japoneses davam
sinais de debilidade nas guerras do Pacífico.
Derrotada
na guerra, o Japão precisa ser reconstruído e adaptado à modernidade. Mas
antes, teve que arcar com as dores. As forças aliadas ocupam o Japão em 1945
sob o comando do general Douglas Mac Arthur. O período de ocupação americana,
que vai de 1945 a 1951, serviu para o Japão retomar o caminho do
desenvolvimento. Foram eliminadas as ideias bélico-imperialistas e restaurada a
democracia. Uma década depois, o Japão mostrava sinais de recuperação. É daí a
expressão “milagre japonês”. Algumas décadas foram necessárias para colocar o
Japão entre os países adiantados. Se no início os produtos japoneses eram
considerados baratos e ruins até pelos próprios japoneses, em pouco tempo o
País passou a ameaçar os Estados Unidos como segunda potência econômica.
Assimilando bem os ensinamentos dos americanos quanto ao aumento de
produtividade e melhoria de qualidade, os japoneses passaram a adotar métodos
de trabalho que hoje são utilizados no mundo inteiro, que visam principalmente
a eliminar o desperdício no processo industrial. Na área comercial, os
japoneses ganharam dos americanos em segmentos. Produtos japoneses invadiram as
lojas dos Estados Unidos.
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