“Quantos mais vão precisar morrer para que
essa guerra aos pobres acabe?”. Marielle Franco
Era flamenguista e “funkeira com
gosto”, frequentando bailes e tornando-se dançarina da equipe de som “Furacão
2000”, produtora e gravadora carioca que reproduz coletâneas e shows de funk carioca. Principal responsável pela
divulgação do funk carioca nos anos 1990, a popularização do gênero pelo país,
que é uma variação do Miami Bass. Teve início após a fusão de duas equipes de
som na década de 1970: “Som 2000”, de Rômulo Costa e a “Guarani 2000”, de
Gilberto Guarani. Inicialmente realizava bailes de soul e funk. As letras do
funk carioca falavam das dificuldades que os moradores de favelas do Rio de Janeiro
passavam como a discriminação racial e social vista em todos os espaços, lugares,
praças, shopping, praias, cinemas, teatro, estádio de futebol Maracanã, e outros.
Os MC´s de sucesso desse tempo eram bem conhecidos: William e Duda, Mc
Marcinho, Danda e Tafarel, Mc Galo, Mr. Catra, Vinicius e Andinho, Claudinho e
Buchecha, Mc Mascote, Danilo e Fabinho, Suel e Amaro, Teco e Buzunga, Latino,
Marquinhos e Dollores, Força do Rap, Marcio e Vitor, Mc Pixote, Mc Mascote,
Careca e Pixote, Junior e Leonardo, Cidinho e Doca etc.
O funk carioca apresentava um
discurso contra as brigas nos bailes funk, o chamado “corredor”, formados por
pessoas que se denominavam fazer parte do lado A e do lado B, e que assim se
organizavam e brigavam. As letras falavam ainda das “revistas” policiais que os
jovens moradores de favelas passavam em público, e que nessa era visto como
arma político-ideológica, além de temas relacionados ao amor como o “funk
melody”. As músicas mais famosas produzidas neste período tomaram uma direção
diferente das criadas na década anterior, com uma conotação de temperamento
sexual, letras ora de duplo sentido, relatando posições sexuais, ora dizendo
explicitamente palavras sexys. Nestas
canções as dificuldades da população da favela são postas um pouco à parte e
toma vigor a visão do baile funk como união social para paquera, namoro e
flerte. O envolvimento com o tráfico é ignorado. Um grupo que pode ser considerado
como divisor de águas deste período é o “Bonde do Tigrão”, com músicas que
reúnem bem as características sociais supracitadas, como “cerol na mão”, “tchutchuca”
etc. Com estas e outras canções, o grupo alcançou projeção nacional.
Motivada
pelos pais a estudar desde cedo, assim como sua irmã caçula, Anielle, teve
inicialmente “a educação que foi possível”. Começou a trabalhar aos 11 anos,
para pagar sua escola, foi educadora numa creche na Maré e aluna da primeira
turma de pré-vestibular comunitário do Complexo do Alemão, aos 19 anos, em
1998. No mesmo ano, deu à luz sua filha, Luyara, fruto de um relacionamento
amoroso importante em sua vida. Hoje, a menina com nome de “deusa indígena” tem
19 anos e é caloura de Educação Física na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Marielle Franco iniciou sua militância no âmbito das políticas públicas dos direitos
humanos em 2000, após a morte de uma amiga, vítima das chamadas “balas perdidas”
em tiroteio entre policiais e traficantes na Maré. Tornou-se parte do que
chamava de “bonde de intelectuais da favela”, uma geração que fez “pré-vestibular
comunitário” e conseguiu acesso a boas faculdades - a dela, Ciências Sociais,
na PUC Rio, onde entrou com bolsista em 2002.
Em 2006, integrou na Maré a equipe de campanha
que ajudou a eleger Marcelo Freixo (PSOL) à Assembleia Legislativa do Rio. “Ela
tinha uma liderança nata, era aquela menina que tinha iniciativa, rodava muito
pelas regiões periféricas, no movimento negro e de mulheres”, diz Vinicius
George, que também fez parte da campanha. O deputado se tornaria seu padrinho
político, nomeando-a assessora parlamentar e, posteriormente, coordenadora da
Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj. Em linha com a
atuação política do PSOL, Marielle entrou, em 2012, no mestrado em
administração pública na Universidade Federal Fluminense. Sua dissertação de
mestrado: “UPP: A Redução da Favela a Três Letras”, analisa a política de
segurança pública do governo de Sérgio Cabral. Ela defendia que as UPPs fortaleciam
“um Estado Penal que, pelo discurso da ‘insegurança social’, aplica uma
política voltada para repressão e controle dos pobres”. Sua candidatura à
vereadora, na eleição de 2016, demandou convencimento por parte de seus colegas
do PSOL - ela resistia à ideia, mas fez uma campanha calcada na tríade gênero,
raça e cidade, com o lema “eu sou porque nós somos”, referindo-se a mulheres,
negras, de favela, como ela.
Historicamente
as favelas mais conhecidas do Brasil estão localizadas na cidade do Rio de
Janeiro e surgiram por volta de 1900, no período da Guerra de Canudos. A
cidadela de Canudos foi construída próxima a alguns morros, entre eles o Morro
da Favela, que recebeu este nome devido à vegetação predominante no local, que
era a favela, uma planta típica da caatinga, extremamente resistente à seca. Os
soldados ao retornarem ao Rio de Janeiro, deixaram de receber seu soldo e
instalaram-se provisoriamente em alguns morros da cidade, juntamente a outros
desabrigados. A partir deste episódio, os morros recém-habitados ficaram
conhecidos como favelas, em referência à “favela original”. A preocupação do
poder público com a nova forma de moradia instalada informalmente no Rio de
Janeiro só aconteceu em 1927, através do Plano Agache, que representou a
denominação popular do plano de remodelação urbana da cidade do Rio de Janeiro
elaborado, ao final da década de 1920, por Alfred Agache, por solicitação do
então prefeito da cidade, Antônio Prado Júnior. Embora não tenha sido
efetivamente implementado, o Plano abriu novas perspectivas para o urbanismo no
Brasil e deu origem à criação do Departamento de Urbanismo da Prefeitura
Municipal. Marielle Franco foi morta logo depois de ter participado do evento Jovens Negras Movendo Estruturas.
Em
1948 foi realizado o primeiro Censo nas favelas cariocas e neste contexto a
Prefeitura do Rio de Janeiro, afirma, surpreendentemente, num documento
oficial, precedente às estatísticas, que: “os pretos e pardos prevaleciam nas
favelas por serem hereditariamente atrasados, desprovidos de ambição e mal
ajustados às exigências sociais modernas”. Esta afirmação resgatada por Alba
Zaluar “et al” (2007), exemplifica como o preconceito em torno das favelas e
seus moradores se fixaram na sociedade brasileira. Considerada
oficialmente a primeira favela do Rio de Janeiro, o Morro da Providência, que
fica na estação ferroviária Central do Brasil, foi chamado no do
séc. XIX Morro da Favela, origem do nome que se espraiou por outras comunidades do Rio e de resto no
Brasil. Os primeiros moradores do Morro da Favela ex-combatentes da Guerra de
Canudos se fixaram no local por volta de 1897.
Marcelo Ribeiro Freixo professor e político,
é filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Foi eleito deputado
estadual pelo Rio de Janeiro, tendo sido o deputado mais votado do Brasil, em
2014. Ganhou notoriedade nacional quando presidiu a CPI das milícias no Rio de
Janeiro, sendo inclusive, homenageado no filme: “Tropa de Elite”, do diretor
José Padilha. É o atual presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e
Cidadania da ALERJ. Freixo foi colunista na Folha de S. Paulo, até julho de
2016, onde escreveu periodicamente textos de opinião sobre a conjuntura
política, econômica e as questões sociais no Rio de Janeiro, no Brasil e no
mundo. Também é membro da Fundação Lauro Campos, uma instituição “think tank”
sem fins lucrativos, criada pelo PSOL, com o objetivo de ensejar um pensamento
crítico comprometido com os valores humanistas do socialismo e da liberdade
democrática e que busca promover discussões temáticas sobre o país e a América
Latina. Foi candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pela coligação “Mudar é
Possível” e teve como vice-prefeita na chapa a advogada e professora da UFRJ
Luciana Boiteux, ficando em segundo lugar, no segundo turno, perdendo para Marcelo
Crivella do PRB.
Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT)
de 1986 a 2005, Marcelo Freixo vem se posicionando no campo da esquerda
política e contra a aproximação do partido a setores populistas e liberais. Em
setembro de 2005, filiou-se ao recém-criado Partido Socialismo e Liberdade,
pelo qual foi eleito deputado estadual para a ALERJ, em 2006, por ter sido o
mais votado do partido, com 13.547 votos. Freixo foi militante do Partido dos
Trabalhadores (PT) por duas décadas, num movimento que ajudou a construir,
participando das articulações políticas, defendendo as causas sociais e
direitos humanos, porém ainda não era filiado de início. Encorajado
principalmente por Chico Alencar, ele atende aos pedidos de amigos e ingressa
oficialmente na sigla, registrando-se em 1985. No Partido dos Trabalhadores (PT) que Marcelo Freixo obteve
formação para caracterizar seu perfil político e uma estrutura consolidada em
aspectos que o levava a conquistar os seus objetivos. A execução de Marielle Franco explica a farsa da intervenção militar no Rio de Janeiro.
Em
março de 2009, assumiu a presidência da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos
e Cidadania da Assembleia Legislativa. O deputado atua ainda, como membro da
Comissão de Cultura e como suplente da Comissão de Educação. Além disso, é
vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do Tribunal de Contas do
Estado do Rio de Janeiro, que apura crimes de que são acusados conselheiros e
técnicos do Tribunal de Contas, assim como um deputado estadual e prefeitos do
estado.Marcelo Freixo foi presidente da
Comissão Parlamentar de Inquérito das Milícias, que visa a investigar a ligação
de parlamentares com grupos paramilitares. Passou 15 dias de exílio na Europa
por conta de ameaças de morte. Em 2008, protocolou pedido de cassação de
mandato do então deputado Álvaro Lins, que acabou cassado no dia 12 de agosto.
Nas eleições de 2010, foi reeleito deputado estadual, pelo mesmo partido, com
177 253 votos e por isso, foi o 2º deputado mais votado do estado, perdendo
apenas para Wagner Montes com 528 628 votos. Janira Rocha (RJ) foi eleita
ajudada pela votação de Freixo.
Cerca
de 10 mil soldados foram para o Rio de Janeiro com a promessa do Governo de ganhar
casas na capital federal da província. Como os entraves políticos e
burocráticos atrasaram a construção dos alojamentos, os ex-combatentes passaram
a ocupar provisoriamente as encostas do morro – e por lá acabaram ficando. Ipso
facto, tanto a origem do nome Favela quanto Providência remete à Guerra de
Canudos, travada entre tropas republicanas e seguidores de Antônio Conselheiro
no sertão baiano. Favela era o nome de um morro que ficava nas proximidades de
Canudos e serviu de base e acampamento para os soldados republicanos. Faveleiroé também o nome de um arbusto típico do
sertão nordestino. O jornalista e escritor Euclides da Cunha descreveu assim o
morro da Favela no seu livro: Os Sertões, sobre a Guerra de Canudos: -
“O monte da Favela, ao sul, empolava-se mais alto, tendo no sopé, fronteiro à
praça, alguns pés de quixabeiras, agrupados em horto selvagem. À meia encosta
via-se solitária, em ruínas, a antiga casa da fazenda. O arraial, adiante e
embaixo, erigia-se no mesmo solo perturbado. Mas vistos daquele ponto, de
permeio a distância suavizando-lhes as encostas e aplainando-o davam-lhe a
ilusão de uma planície ondulante e grande”.
Filha
de Marinete e Antônio Francisco da Silva Neto, Marielle Franco nasceu e cresceu
no “Complexo da Maré” na cidade do Rio de Janeiro. Assim denominado pela
prefeitura carioca, é um bairro com conglomerado de pequenos bairros da Zona
Norte da capital fluminense. Teve seu território delimitado pelo Decreto nº
7.980, de 12 de agosto de 1988. Constitui-se num agrupamento de várias favelas,
sub-bairros com casas, e conjuntos habitacionais. Com cerca de 130.000 moradores
(2006), possui um dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro,
consequência dos baixos indicadores de desenvolvimento social e político que
caracterizam a região. A faixa de terra litorânea conquistada do mar pela
população do local congrega, aproximadamente, dezesseis microbairros,
usualmente chamados de “comunidades”, que se espalham por 800 000 metros
quadrados próximos à Avenida Brasil e à margem da baía. É cortado pela via expressa
Presidente João Goulart e pela Av. Governador Carlos Lacerda. Socióloga
engajada na questão urbana defendeu a dissertação de Mestrado: “UPP - A Redução
da Favela a Três Letras: Uma Análise da Política de Segurança Pública do Estado
do Rio de Janeiro” (2014). Ela apresentava-se como “cria da Maré”.
Antes da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) ser
instalado no Rio de Janeiro como projeto da Secretaria Estadual de Segurança
com o objetivo de instituir polícias
comunitárias em favelas, principalmente na capital do estado, já havia esboços
do que viriam a ser as UPPs. Uma dessas experiências ocorreu com o Grupamento
de Aplicação Prático Escolar (GAPE), uma proposta no histórico Morro da
Providência, no Centro da cidade do Rio de Janeiro, em que recrutas faziam
parte de um laboratório de práticas comunitárias de policiamento. Esta
experiência seria a semente laboratorial desenvolvida por especialistas do Grupo
de Policiamento em Áreas Especiais (GPAE), que, comparativamente guarda poucas
diferenças com as novas UPPs. Outra experiência importante decorreu do Projeto Mutirão da Paz, na favela
conhecida como “Pereirão”, no bairro Laranjeiras, em 1999. Segundo o site
oficial da UPP-RJ, as experiências de Medellín (Colômbia) também serviriam de
inspiração para o futuro projeto de UPPs.
A instalação do primeiro GPAE
aconteceu em 2000, no Pavão-Pavãozinho e, nos anos seguintes, receberam
unidades os morros: Morro da Babilônia, Chapéu Mangueira, Providência, Gardênia
Azul e Rio das Pedras, na cidade do Rio de Janeiro; e Morro do Cavalão e Morro
do Estado, em Niterói. Em decorrência de conflitos violentos, outras GPAE foram
instaladas no Morro da Chácara do Céu, Morro da Formiga e Morro da Casa Branca,
todos na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Para Vila Cruzeiro, no bairro da
Penha, também Zona Norte do Rio de Janeiro, o GPAE ocorreu após o assassinato
do jornalista Tim Lopes que trabalhava na rede Globo de televisão. A primeira
unidade de polícia pacificadora surgiu em meados de 2008, no morro Dona Marta,
em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Após a instalação da UPP na comunidade, os
homicídios foram reduzidos a zero nos quatro anos subsequentes. Os resultados
da política de pacificação do governo Sérgio Cabral Filho foram elogiados pelo New York Times. Especialistas reconhecem
que a inclusão da cidade para sediar os Jogos
Olímpicos de Verão (2016) representou politicamente o impulso para os investimentos no programa,
ampliação e mesmo trajetória social do espaço das favelas escolhidas no Mapa da Pacificação.
Com uma diminuição considerável do
índice de criminalidade nas proximidades das favelas pacificadas, o fim dos
tiroteios é o principal ponto positivo apontado pelos moradores das áreas
pacificadas. Para o antropólogo Luís Eduardo Soares, o fim dos tiroteios e da
circulação de armas de fogo na mão de traficantes possui ligação direta com a
queda aparente dos índices de violência letal. Também ocorrem as maiores
facilidades para entrada de novos serviços prestados à população. Apesar destes
pontos consideravelmente positivos, os analistas críticos lembram que tais
melhorias ocorreram principalmente no primeiro momento da instalação das unidades
de polícia pacificadora. Tiroteios, inicialmente ausentes nas favelas
pacificadas, contudo, voltaram a ser rotina principalmente no Complexo do
Alemão, Vila Cruzeiro sendo emblemáticos os tiroteios na Corrida pela Paz, do
Complexo da Penha ao Complexo do Alemão, entre bairros, e a morte da policial
Alda Rafael Castilho em confronto no Parque Proletário da Penha.
O ponto nevrálgico para a crítica às
unidades de polícia pacificadora foram as manifestações públicas de junho de
2013, quando o caso do desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo na
Rocinha, analisados noutro lugar, se tornou um símbolo da crítica ao programa ou mesmo ao reforço militar que as
UPPs da Penha e Complexo do Alemão começaram a receber em resposta aos ataques a
policiais destas unidades. Este reforço provocou movimentação de organizações e
ambos os complexos de favelas, que emitiram um manifesto público sobre a
presença militar. Em termos culturais, as favelas passaram por uma profunda
mudança em seus hábitos. A Resolução 13 definiu as Unidades de Polícia
Pacificadoras como “responsáveis pela autorização de eventos dentro das favelas”,
delimitando ainda mais a segregação social. Com isso, ficaram prejudicados os eventos
recreativos dos “bailes funk” em geral, mesmo após a recente revogação da resolução.
Atualmente em função das estratégias de planejamento, moradores enfrentam
dificuldades em realizar eventos em suas próprias comunidades.
Bibliografia
geral consultada.
PERLMAN, Janice, The Myth of Marginality: Urban
Poverty and the Politics in Rio de Janeiro.Thesis PhD. Berkeley: University of
Califórnia Press, 1975; CARVALHO, José Murilo, Desenvolvimiento de la
Ciudadania en Brasil. México: Fondo de Cultura Económica, 1995; SODRÉ,
Muniz, La Città e il Tempi. Roma: Edizioni Settimo Sigillo, 1998; TABAK, Fanny, O Laboratório
de Pandora: Estudos sobre a Ciência no Feminino. Rio de Janeiro: Editora Garamond,
2002; MISSE, Michel, “Le Movimento. Les
Rapports Complexes entre Trafic, Police et Favelas à Rio de Janeiro”. In: Déviance
et Société. Vol. 32, 2008; FREIRE, Leticia de Luna, “Favela, Bairro ou Comunidade? Quando uma política urbana torna-se política de significados”. In: Dilemas, 1 (2), 95-114, 2008; ARAÚJO, Helena Maria Marques, Museu da Maré:
Entre Educação, Memórias e Identidades. Tese de Doutorado. Programa de
Estudos Pós-Graduados em Educação. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, 2012; FRANCO, Marielle, UPP - A Redução da
Favela a Três Letras: Uma Análise da Política de Segurança Pública do Estado do
Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em
Administração. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2014; MENEZES, Palloma
Valle, Entre o Fogo Cruzado e o Campo Minado: Uma Etnografia do Processo de
Pacificação de Favelas Cariocas. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia.
Centro de Ciências Sociais. Instituto de Estudos Sociais e Políticos. Rio de
Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2015; FERNANDES, Ionara dos Santos, “A Ordem é Matar: Uma Análise da produção da Sociabilidade Violenta na Favela”. In: Confluências - Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito, Vol. 19, nº 1, 2017, pp. 23-47; GARAU, Marília Gabriela Reverendo, “Uma Análise das Relações da Polícia Militar com os Moradores de uma Favela Ocupada por UPP”. In: Revista Direito e Praxis. Rio de Janeiro, Vol. 08, nº 3, 2017, pp. 2106-2145; TORRES, Paulo Henrique
Campello, “Avenida Brasil - Tudo Passa Quem Não Viu? Formação e Ocupação do
Subúrbio Rodoviário no Rio de Janeiro (1930-1960)”. In: Revista Brasileira
de Estudos Urbanos e Regionais. São Paulo, vol. 20, n° 2, pp. 287-303;
2018; MARTINS, Gizele de Oliveira, Militarização da Vida e Censura da
Comunicação Comunitária: A Luta por Liberdade de Expressão no Conjunto de Favelas
da Maré. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação,
Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas. Faculdade de Educação da Baixada Fluminense.
Duque de Caxias: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2018; entre outros.
“Não sei como vou descrever à minha mulher a experiência que estou vivendo”. Rick Wakeman (1975)
Guinevere
foi, de acordo com a lenda arturiana, uma rainha medieval Grã-Bretanha e esposa
do Rei Arthur. Mencionada pela primeira vez na literatura no início do século
XII, quase 700 anos após os supostos tempos de Arthur, Guinevere tem sido
retratada desde então como tudo, desde uma traidora fatalmente falha, vilã e
oportunista até uma dama nobre e virtuosa. O motivo social variavelmente
contado do sequestro de Guinevere, outrossim, dela ser resgatada de algum outro
perigo, aparece recorrente e proeminentemente em muitas versões da lenda. A
primeira personalidade datável de Guinevere está na crônica pseudo-histórica
britânica História Regum Britanniae, de Geoffrey de Monmouth (1100-1155),
na qual ela é seduzida por Mordred durante sua rebelião malfadada contra
Arthur. Em uma tradição posterior ao romance arturiano medieval da França, um
grande arco da história é o trágico caso de amor da rainha com o melhor
cavaleiro e amigo de confiança de seu marido, Lancelot, causando a morte de
Arthur e a queda do reino. Este conceito apareceu originalmente em forma
incipiente no poema Lancelot, o Cavaleiro da Carroça, de Chrétien de Troyes,
antes de sua vasta expansão no ciclo de prosa Lancelot-Graal, consequentemente
formando grande parte do núcleo narrativo da compilação seminal em inglês Le
Morte d`Arthur, de Thomas Malory (1416-1471). Outros temas encontrados em
Malory e outros textos incluem a esterilidade habitual de Guinevere, o plano da
dupla maligna de Guinevere para substituí-la e a hostilidade em relação a Guinevere pela cunhada Morgan.
Guinevere
continua sendo uma personagem popular, presente em inúmeras adaptações da lenda
desde o renascimento arturiano do século XIX. Muitos autores modernos,
geralmente inspirados ou inspirados pela narrativa de Malory, ainda retratam
Guinevere em seu relacionamento ilícito com Lancelot como definidor de seu
personagem. Em uma das Tríades Galesas (Trioedd Ynys Prydein), uma série
de textos do século XIII baseada nos contos orais anteriores dos bardos de
Gales, há três Gwenhwyfars casadas como Rei Arthur. A primeira é filha de
Cywryd de Gwent, a segunda de Gwythyr ap Greidawl (uma figura sobrenatural) e a
terceira de (G)ogrfan Gawr (“o Gigante”). Em uma variante de outra Tríade
Galesa (Trioedd Ynys Prydein, não. 54), apenas a filha de Gogfran Gawr é
mencionada. Era uma vez uma rima folclórica popular conhecida no País de Gales
sobre: “Gwenhwyfar ferch Ogrfan Gawr/ Drwg yn fechan, gwaeth yn fawr
(Gwenhwyfar, filha de Ogrfan Gawr / Ruim quando pequeno, pior quando ótimo)”. Um
eco da tradição da giganta-Guinevere aparece no folclore local em relação à
rocha Queen`s Crag emSimonburn, na Inglaterra. A primeira menção datável de
Guinevere, como Guenhuvara, com numerosas variações de grafia nos manuscritos
sobreviventes) está na História de Geoffrey, escrita por volta de 1136. Ela
relata que Guinevere, descrita etnograficamente como uma grande beldade da Grã-Bretanha, e além disso, foi educada
por Cador, duque da Cornualha.
As
outras crônicas geralmente têm Cador como seu guardião e, às vezes, parente. De
acordo com Wace, que chama Cador de conde, Guinevere descendia de uma família
nobre romana por parte de mãe; Layamon também descreve como descendente de
romanos, além de ser parente de Cador. Cronistas ingleses muito posteriores, Thomas
Grayem Scala cronicae John Stowem The Chronicles of England, identificam Cador
como seu primo e um rei anônimo da Biscaia (o histórico país basco) como seu
pai. A tradição galesa lembra-se da irmã da rainha, Gwenhwyfach, e registre a
inibição entre eles. Duas Tríades (Trioedd Ynys Prydein, nº 53, 84)
mencionam a contenda de Gwenhwyfar com sua irmã, que se acreditava ser uma
causa da desastrosa Batalha de Camlann. Na prosa galesa Culhwch e Olwen, possivelmente
o primeiro texto reconhecido apresentando Guinevere, se de fato datado
corretamente por volta de 1100, Gwenhwyfach também é mencionado ao lado de
Gwenhwyfar, esta última aparecendo como a gêmea má de Guinevere em alguns
romances em prosa posteriores. O romance alemãoDiu Crônedá a Guinevere duas
outras irmãs por seu pai, o Rei Garlin de Gore: o interesse amoroso deGawain,
Flori, e a Rainha Lenomie de Alexandria. Guinevere não tem filhos na maioria
das histórias. As poucas opções incluem o filho de Arthur Loholt ou
Ilinot em Perlesvause Parzival, mencionado pela primeira vez em Erec e Enide.
Na
aliterativa Morte Arthure, Guinevere se torna voluntariamente consorte de Mordrede
ele dá dois filhos, embora o moribundo Arthur ordena que ela e os filhos
pequenos de Mordred sejam secretamente mortos e seus corpos jogados no mar, a
própria Guinevere, que ao contrário de Mordred parece mostrar um pouco de
cuidado com a segurança de seus filhos, é poupada e perdoada por Arthur. Há
menções aos filhos de Arthur nas Tríades Galesas, embora sua ascendência exata
não seja clara. O conto possivelmente medieval doRei Arthur e do Rei
Cornwalltem este último tendo uma filha com Guinevere. Além da questão de seus
filhos biológicos, ou da falta deles, Guinevere também cria a filha ilegítima
de Sagramoree Senehaut não Livre d`Artus. Outras relações são igualmente
obscuras. Uma meia-irmã e um irmão chamados Gotegin desempenham os papéis
antagônicos no Ciclo da Vulgata (Lancelot–Graal) e Diu Crône, respectivamente,
mas nenhum dos personagens é considerado em nenhum outro lugar (além da
tradição inspirada na Vulgata). Enquanto romances posteriores quase sempre
nomeavam o ReiLeodegrancecomo o pai de Guinevere, sua mãe geralmente não era
mencionada, embora às vezes fosse dita morta (este é o caso no romance do
inglês médio The Adventures of Arthur, no qual o fantasma da mãe de
Guinevere aparece para ela e Gawain na Floresta de Inglewood). Algumas obras
nomeiam-se primos notáveis, embora estas também não possam ser aplicadas mais
de uma vez. Um desses primos éGuiomar, uma das primeiras amantes da meia-irmã
de Arthur, Morgan, em vários romances franceses; outros primos de Guinevere
incluem sua confiante Elyzabel (Elibel) e o cavaleiro de Morgan, Carrant (ou
Garaunt, aparentemente Geraint). Em Perlesvaus, após a morte de Guinevere, seu
pai, o Rei Madaglan(s) d`Oriande, é um grande vilão que invade as terras de
Arthur, tentando forçá-lo a abandonar o cristianismo e se casar com sua irmã, a
Rainha Jandree. EmPerceforest, as diferentes filhas de Lyonnel de Glat (o maior
cavaleiro da antiga Grã-Bretanha) e da Rainha Blanche da Floresta das
Maravilhas, também reconhecida como Blanchete, filha do Rei Mutilado e da
Rainha das Fadas são ancestrais distantes de Guinevere e Lancelot, bem como de
Tristan.
Na
História de Geoffrey, Arthur a deixa como regente aos cuidados de seu sobrinho
Modredus (Mordred) quando ele cruza para a Europa para ir à guerra com o líder
romanoLucius Tiberius. Enquanto seu marido está ausente, Guinevere é seduzida a
trair Arthur e se casa com Mordredus (“em violação de seu primeiro casamento,
havia se casado perversamente com ele”), que se declara rei e assume o trono de
Arthur. Consequentemente, Arthur retorna à Grã-Bretanha e luta contra Modredus
na fatal Batalha de Camlann. A crônica Roman de Brut (Geste des Bretons)
de Wace faz do amor de Mordred por Guinevere o próprio motivo de sua rebelião.
No romance posterior Alliteative Morte Arthure, Guinevere é uma traidora
que secretamente planeja a morte de seu marido enquanto finge ser sua esposa
devotada e atenciosa. Os primeiros textos tendem a retratá-la um pouco ou quase
nada. Um deles é Culhwch e Olwen, no qual ela é mencionada como a esposa de
Arthur, Gwenhwyfar, e listada entre seus bens mais valiosos, mas mais é aqui
sobre ela. Não pode ser dado com segurança; uma avaliação recente da língua
pelo linguista Simon Rodway na segunda metade do século XII. As obras de Chrétien
de Troyes foram algumas das primeiras a elaborar sobre a personagem
Guinevere além de simplesmente a esposa de Arthur. Isso provavelmente deveu ao
público de Chrétien na época, no corte de Maria, Condessa de Champagne, que era
composta por damas da corte que desempenhavam papéis altamente sociais.
Quando se menciona o Renascimento Italiano, os nomes que vêm à memória de um leitor mediano são Médici, Da Vinci e Galileu. Fora da Itália são poucos os que conhecem o nome Bartolomeo Cristofori, um artesão talentoso que viveu e trabalhou nesse período, mas certamente conhece sua maior invenção: o “harpsicórdio com alto e baixo”, conhecido atualmente como o piano. Pouco se sabe da família ou da infância de Cristofori, além de que ele nasceu em 1655 e cresceu na cidade de Pádua, localizada na República de Veneza. Além de trabalhar com uma variedade de instrumentos, ele foi um notável fabricante de “harpsicórdios”. Com essa linha de trabalho, aos 33 anos, ele atraiu a atenção de Ferdinando de Médici, filho e herdeiro de Cosimo de Médici, o Grão Duque da Toscana. Médici contratou Cristofori para ajudá-lo a manter os instrumentos de sua vasta coleção, além de tentar inventar alguns novos. Antes de Cristofori inventar o piano, faltava um instrumento de cordas com teclado que oferecesse uma gama de expressão musical e ainda fosse adequado para suas apresentações públicas. As opções principais eram o “harpsicórdio” mais conhecido como cravo e o “clavicórdio”. Ambos os instrumentos funcionam por pressão nas teclas de um teclado que resulta na vibração de uma corda correspondente. O principal problema com eles é que o volume do cravo não podia ser aumentado ou diminuído enquanto ele era tocado, e o som do clavicórdio era simplesmente baixo demais para ser utilizado em performances. Assim, era tipicamente usado pelos músicos para composição e treinos. O design do piano superou esses dois problemas. Um inventário dos instrumentos musicais dos Médici (1700) revela o primeiro piano criado por Cristofo em torno dessa data, embora originalmente chamado de “arpicembalo”: Um grande “Arpicembalo” feito por Bartolomeo Cristofori, invenção que produz sons altos e baixos, com dois conjuntos de cordas uníssona, com caixa sonora de cipreste sem rosa.Todavia “Arpicembalo,” era um instrumento que se parecia com o cravo. A data de sua invenção é considerada entre 1698 e 1699, mas Cristofori poderia estar trabalhando no instrumento desde 1694. Contudo, ele só foi apresentado ao público muito mais tarde, em 1709. A invenção se tornou conhecida como “pianoforte”, união dos termos italianos para “suave” e “forte” (piano-forte). Era descrito dessa forma no inventário citado (“che fa’ il piano, e il forte”), e em 1711 um jornalista chamou publicamente o instrumento de um “cravo com altos e baixos”, “gravicembalo col piano e forte”. Gravicembalo sendo uma corruptela do nome italiano do cravo, - clavicembalo. Como a habilidade de emitir notas mais baixas ou mais altas enquanto era tocado era uma das características marcantes do instrumento, o nome se irradiou. Mais tarde, é claro, foi abreviado para simplesmente “piano”. De qualquer forma, após ter inventado o piano, é provável que Cristofori tenha continuado a trabalhar como artesão para a família Médici, mesmo depois da morte de seu bem-feitor imediato, Ferdinando de Medici, em 1713. O próprio Cristofori morreu em 1731, com 76 anos de idade, tendo passado a última tarde da vida tentando desenvolver melhorias para o piano.
Mutatis mutandis, rock sinfônico pode ser vagamente definido como uma mistura de rock e música clássica. Mas é um gênero do rock progressivo, que inclui a maior parte dos artistas do rock, especialmente no fim dos anos 1960 e durante a década de 1970, quando o gênero teve seu ápice criativo. Teve seu principal escopo na Inglaterra, mas com a globalização da música no mundo inteiro, especialmente na Itália, França, Holanda, Estados Unidos da América, Suécia e Finlândia. O estilo é definido por uma influência muito forte da música clássica no rock, com adições psicodélicas e experimentais, comuns a este estilo no fim dos anos 1960. O termo “sinfônico” vem do uso de orquestras sinfônicas na composição da música, porém raras eram as bandas que efetivamente tocavam ou compunham com orquestras. Um desses casos é o Deep Purple ainda em sua fase progressiva, quando compôs a música “April” e Rick Wakeman, que compôs o concerto “Journey to the Centre of the Earth”. De fato, com exceção de Jethro Tull e Pink Floyd, a maioria das bandas da década de 1970 pertence ao estilo, tais como Gentle Giant, Yes, Genesis, Camel, Renaissance e Emerson, Lake and Palmer. Muitas bandas desse estilo surgiram durante as décadas de 1980 e 1990. Após a aparente queda do rock sinfônico, no fim da década de 1970 e início da década de 1980, o gênero musical teve um renascimento na década de 1990, especialmente por se aproximar do rock “neoprogressivo”, para se juntarem ao chamado rock clássico e literalmente usar sinfonias com recortes intermitentes na composição, o Trans-Siberian Orchestra, Rhapsody of Fire, Symphony X, e Nightwish, estilo de rock do gênero Symphonic Metal.
Richard Christopher Wakeman nasceu no dia 18 de maio de 1949 em Perivale, uma área suburbana localizada na parte Oeste de Londres, Inglaterra, de pais Cyril Frank Wakeman e Mildred Helen Wakeman. O jovem Rick começou a estudar piano aos 5 anos de idade, frequentou aulas de clarinete e formou uma banda de jazz tradicional aos 12 anos, teve aulas de órgão de tubos aos 13 e entrou para uma banda de blues chamada “The Atlantic Blues” aos 14 anos de idade. Em 1966 comprou seu primeiro carro (uma das suas paixões) e também tocou na sua primeira BBC Sessions, com o James Royal Set, na Radio One. Em 1968 garantiu um lugar no conservatório Royal College of Music, estudando piano, musica moderna, clarinete e orquestração um ano, mas abandonando para dedicar-se ao trabalho como músico de estúdio.
Em junho de 1969 gravou um Mellotron na música “Space Oddity”, do David Bowie e também gravou piano no primeiro álbum da banda Strawbs, “Dragonfly”, juntando-se à eles no ano seguinte. Em julho de 1970, os Strawbs gravaram seu segundo álbum, “Just A Collection Of Antiques And Curios - Live At The Queen Elizabeth Hall”. O concerto que originou este disco foi um dos primeiros eventos na vida de Rick Wakeman a chamar a atenção da grande imprensa. O Melody Maker chamou-o de “Tomorrow's Superstar”, aumentando em muito sua demanda como músico de estúdio, sendo requisitado a gravar com vários artistas. Em 1971, gravou o terceiro álbum dos Strawbs, “From The Witchwood”, mas saiu da banda assim que o disco estava pronto. Também em 1971, comprou seu primeiro Minimoog, das mãos do ator Jack Wild que, por não saber que o Minimoog se tratava de um sintetizador monofônico e achando que o instrumento estava avariado, vendeu-o por metade do preço original. Neste ano, Wakeman gravou com Cat Stevens (“Morning Has Broken”), David Bowie (“Life On Mars?”, “Changes” e “Oh! You Pretty Things”), entre outras faixas do disco “Hunky Dory”, de Bowie e com Reed, seu primeiro solo, “Lou Reed”, em abril de 1972.
Rick Wakeman tornou-se tecladista de rock sinfônico britânico. Pianista clássico disciplinado tornou-se famoso por sua virtuosidade. Com as suas dúvidas quanto ao futuro do músico erudito no mercado e as grandes possibilidades no mundo do rock o fizeram abandonar o conservatório onde estudava, sem se formar. Nos primeiros anos de sua carreira foi o pioneiro no uso combinado de vários teclados ao mesmo tempo. Foi matéria de vários jornais ao surgir improvisando mesas e tábuas de madeira para empilhar e organizar seus teclados, tornando-se sinônimo de tecladista cercado por uma vasta gama de equipamentos. Wakeman alcançou a fama em 1970 tocando com a banda The Strawbs, juntando-se ao Yes em 1971. Wakeman tem uma carreira solo extremamente longa. Ele também tocou como músico convidado para artistas como Elton John, Brian May, Alice Cooper, Lou Reed, David Bowie, Ozzy Osbourne e Black Sabbath. É um tecladista brilhante, sendo considerado por muitos analistas, como as mãos mais ágeis dentre todos os tecladistas. Utiliza pianos acústicos, elétricos e eletrônicos; sintetizadores; Minimoog; Mellotron; todos os tipos de teclados; órgãos, órgão Hammond; clavicórdios etc. É produtor de dezenas de discos com os mais variados temas sociológicos. Desde lendas míticas da antiga Inglaterra até o visionário espaço sideral, passando por reis, rainhas, temas astrológicos, trilhas sonoras para filmes e outros. Produziu álbuns em sua carreira que mesmo o próprio Wakeman, não imagina quantos álbuns produziu ou participou ao todo.
Dois de seus filhos, Adam Wakeman e Oliver Wakeman, também seguiram a carreira de tecladistas, sendo o filho Oliver o que mais se aproxima do estilo do pai. Adam Wakeman é o atual tecladista da banda de heavy metal Black Sabbath e toca muito com o pai aparecendo em diversos álbuns e shows. Recentemente, no final de 2008, Wakeman foi convidado formalmente pela realeza britânica para celebrar os 500 anos da ascensão de Henrique VIII ao trono inglês com um de seus espetáculos o que deu origem ao show “The Six Wives of Henry VIII Live at Hampton Court Palace”. A reprodução ao vivo pela primeira vez de todo o álbum The Six Wives of Henry VIII foi especialmente regozijante para Wakeman, pois esse era seu desejo após o lançamento original do álbum, mas sua carta solicitando permissão para um concerto foi rejeitada. Em 2012, ele esteve novamente em turnê pela América Latina. Tocou na Argentina, no Chile e no Brasil. Em território brasileiro, se apresentou em Novo Hamburgo (RS), Porto Alegre e São Paulo. Em 2014, em turnê dos 40 anos bem sucedido “rock sinfônicos”: “Journey to the Centre of the Earth”.
Naturalmente já havia se tornado um músico reconhecido, mas sua vida e popularidade deram uma guinada maior após um telefonema que ele recebeu de Chris Squire, baixista da banda Yes. Ele disse sim e, em agosto de 1971, Jon Anderson, Chris Squire, Steve Howe e Bill Bruford tinham um novo tecladista na banda. E não só um tecladista, pois Rick Wakeman trouxe os elementos certos que a banda necessitava para dar continuidade à sua busca pela orquestração perfeita do que se iniciava como “rock progressivo”. O Yes lançou o disco “Fragile” em novembro de 1971 e Rick Wakeman tocou nos Estados Unidos da América pela primeira vez com seus novos amigos. E, como não poderia ser diferente, o fato de ser um membro do Yes atraiu ainda mais as atenções para Rick, o que lhe proporcionou a assinatura de um contrato como artista solo com a A&M Records, no final de 1971. Em 1972, gravou seu primeiro disco solo, “The Six Wives Of Henry VIII”, paralelamente aos concertos e tours com o Yes e às gravações de “Close To The Edge”, o quinto LP da banda e o segundo com ele, lançado em 1972, e também às gravações de “Yessongs”, disco triplo e filme ao vivo nos concertos daquele ano. Oliver Wakeman, seu primeiro filho, nasceu em 1972.
A segunda noite, de uma série de dois concertos realizados no dia 18 de janeiro de 1974, resultou na gravação do disco “Journey To The Center Of The Earth”, não apenas seu segundo LP solo e não apenas seu disco mais famoso e mais bem-sucedido, mas também um dos discos mais famosos da formação da “era de ouro” do rock progressivo. O resultado obtido na mistura da London Symphony Orchestra, do English Chamber Choir, de uma ótima banda de rock, de dois vocalistas interpretando letras baseadas no livro homônimo de Júlio Verne, de sintetizadores Moog, de Mellotrons, de piano, piano elétrico, clavinente, orgão Hammond e da famosa capa prateada, tudo isso fez com que “Journey To The Center Of The Earth” enredasse praticamente fãs de rock, de quase todas as partes do mundo. Também em 1974 nasceu Adam Wakeman, segundo filho de Rick. Depois de uma apresentação de “Journey To The Center Of The Earth” no Crystal Palace Bowl, Rick Wakeman teve um desmaio, sendo levado ao Wexham Park Hospital. Durante a turnê, Rick Wakeman, então com apenas 25 anos, sofre um princípio de enfarte sem maiores consequências. Durante as semanas que permaneceu no hospital, ele escreveu seu terceiro disco solo, “The Myths And Legends Of King Arthur And The Riders Of The Round Table”, gravado entre o final de 1974 e o início de 1975. Mesmo com a recente internação hospitalar, viajou por boa parte do mundo em 1975, tocando no Japão, Austrália e, pela primeira vez, no Rio de Janeiro, no estádio do Maracananzinho em setembro de 1975.
Também em 1975 foi lançado o Long Play com a trilha sonora do filme “Lisztomania”, com peças do compositor Franz Liszt, entre outras, interpretadas por Rick Wakeman - que também teve uma participação atuando na película. Rick Wakeman quase foi à falência, perdendo uma grande quantidade de dinheiro investido na produção de um extravagante concerto que misturava o Rei Arthur com patinação no gelo, no Wembley Empire Pool. Em maio de 1976 o disco “No Earthly Connection” foi lançado e, em novembro ele decidiu voltar ao Yes, mudando-se para a Suíça por alguns meses, já que a banda estava lá gravando novo álbum, “Going For The One”. O processo de gravação foi filmado quase na íntegra e existem algumas horas de filmagem disponíveis no You Tube. Em 1977, devido aos problemas financeiros e fugindo do imposto de renda inglês, Rick passa a morar na Suíça. Lança a trilha sonora “White Rock” e começa a trabalhar no ótimo “Criminal Record”. Ipso facto, “Going For The One” foi lançado em julho de 1977, coincidindo com seus LPs solo “White Rock” e “Criminal Record” e “Tormato”, o nono disco do Yes (1978), com Wakeman deixando a banda novamente pela segunda vez. Benjamin Wakeman, seu terceiro filho, nasceu neste ano de 1978. Em maio de 1979, Wakeman lançou o álbum duplo “Rhapsodies”. Curiosamente ele saiu da promissora banda Yes pelo menos quatro vezes, num relacionamento musical afetivo, mas de teor turbulento com o grupo. Não por acaso, em 2002 ele retornou ao Yes pela quinta vez.
Vale lembrar que Voyage au Centre de la Terre, é um livro de ficção científica, de autoria do escritor francês Júlio Verne, de 1864, sendo considerado como um dos clássicos do gênero. Uma obra que leva o leitor dentro de uma emocionante aventura narrada em primeira pessoa por Axel, um garoto que participa do percurso ao centro da terra, realizado graças a um manuscrito decifrado pelo próprio. O volume é um exemplo de como um escritor pode transitar pelo real e pelo imaginário individual (o sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos), de forma muito bem estruturada e, com isso, deixar a imaginação do leitor apropriar-se sobre o que pode acontecer na realidade. O trabalho intelectual de Verne tem o mérito de discutir em seus livros certos assuntos científicos, os quais se desconheciam em seu tempo. Em 1863, pleno século XIX, de Marx – que descobriu que o homem não faz a sua própria história, senão em condições determinadas, e Darwin – com a descoberta que não determos o centro de nossa espécie, o renomado cientista de geologia e mineralogia alemão, Otto Lidenbrock, após ter encontrado um manuscrito escrito em código rúnico pelo antigo alquimista islandês do século XVI, Arne Saknussemm, e de tê-lo decifrado, ele descobre que, segundo o alquimista, quem desce a cratera do vulcão Sneffels, na Islândia, antes do início de julho, chega ao centro da Terra; sendo que Saknussemm teria feito esse percurso.Na
alquimia, um alquimista é alguém que busca a transmutação de metais, a produção
do elixir da longa vida e a Pedra Filosofal.
Trata-se de uma revelação bombástica do cientista islandês Arne Saknussemm, um personagem fictício, dando conta de um suposto caminho que levaria ao centro da Terra. O marco zero da expedição era o vulcão extinto Sneffels, localizado na ilha natal de Saknussemm. Axel se mostra cético quanto à possibilidade, todavia, os argumentos de Lidenbrock, com sua enorme bagagem intelectual, conduzem ambos à jornada. Um nativo fiel, com o nome de Hans, serve de guia, e assim a aventura se desenrola de forma contagiante, variando momentos de euforia com lapsos de preocupação e aflição por parte dos protagonistas. Dificuldades como a falta de água potável, são superados, e a viagem segue a uma enorme profundidade, desmentindo, na ficção de Verne, as leis estipuladas pela ciência contemporânea, como a consolidada teoria do calor interno. A saga é interrompida por um “acidente de percurso”, que milagrosamente, os levam de volta a face da terra, mais precisamente por intermédio do vulcão Etna, na Sicília. Por fim, o professor torna-se celebre e seu sobrinho também adquire prestigio, mas principalmente, volta aos braços de sua amada, a bela e dedicada Graubem. Trata-se de um dos grandes clássicos da literatura universal. O escritor é autor de sucessos como “A Volta ao Mundo em 80 Dias” e “Vinte Mil Léguas Submarinas”.
Querendo também realizar tal feito quase “impossível”, ele e o seu sobrinho Axel, um jovem órfão que mora com o professor e mantêm um romance com sua afilhada, Grauben; partiram para a Islândia com o intuito de penetrar no interior da crosta terrestre. Depois de chegada à Islândia, o Prof. Lidenbrock contratou um caçador de gansos islandês, Hans Bjelke, para servir-lhes de guia até o vulcão e de ajudante na sua longa jornada no interior da Terra. Já abaixo da superfície terrestre, estes três homens desceram corredores e galerias, passando por vários obstáculos e empecilhos, como por exemplo: falta de água, falta de comida, a perda de Axel, entre outros. Até que chegaram a uma galeria de dimensões colossais que continha no seu interior um oceano, ilhas, nuvens e até mesmo luz, gerada por um fenômeno elétrico desconhecido.
Tudo isto a milhares de metros de profundidade, os três exploradores no estilo antropológico de Bronislaw Malinowski (1884-1942), tiveram de construir uma jangada para viajar naquele oceano que parecia não ter fim. No oceano encontraram vários tipos de animais que nunca tinham visto anteriormente. Resistiram a uma tempestade de vários dias que os levou à margem oposta do oceano, onde encontraram a passagem para o centro da Terra, mas estava bloqueada por um desabamento de terras recente. Hans colocou pólvora em torno da passagem e explodiu com o obstáculo, mas essa explosão foi de tal ordem que fez com que a jangada onde os três estavam fosse puxada para uma chaminé de um vulcão, onde, em consequência de uma erupção, foram expelidos com a força da erupção para a superfície terrestre. Quando estabeleceram contato com os habitantes locais, descobriram que tinham saído no vulcão Stromboli, localizado a norte da Sicília. Percorreram mais de cinco mil km nesse mundo aparentemente paralelo inspirado pela literatura. Em 2008, o livro foi adaptado para o cinema, com James Mason e os atores Brendan Fraser, Josh Hutcherson, Anita Briem, Seth Meyers.
No final de 1997 uma grande multinacional, a EMI Classics, ofereceu a Rick a oportunidade de gravar um novo disco épico ao estilo de “Viagem ao Centro da Terra” e “Rei Arthur”. Imediatamente, Rick Wakeman retirou de seu arquivo “Return To The Centre Of The Earth”, obra em que ele vinha trabalhando há alguns anos, mas que não tinha esperanças de vir a ser gravada algum dia. Depois que recebeu carta branca da EMI, rescreveu toda a obra e contratou a Orquestra Sinfônica de Londres e o Coral de Câmara Inglês. Escolheu como narrador o ator Patrick Stewart, mais conhecido como o capitão Jean Luc Picard da série Strar Treck a Nova Geração. Convidou os cantores Ozzy Osborne, Trevor Rabin, do Yes e Justin Hayward, do Mood Blues. Portanto, passou o ano de 1998, inteiro, trabalhando nas gravações, que foram realizadas nos mais diferentes estúdios da Europa e Estados Unidos da América. “Return To The Centre Of The Earth” tem como representação uma continuação do clássico “Journey To The Centre Of The Earth” só que com a experiência muito mais bem elaborada.
O problema é que no final das gravações, desgraçadamente, Rick Wakeman teve novo problema de saúde. Uma pneumonia parou um de seus pulmões e reduziu pela metade a capacidade do outro, devido a estafa a que vinha se submetendo durante as gravações. Durante a fase de finalização dos trabalhos ele simplesmente não dormia. Felizmente tudo correu bem, e em março de 1999 o disco foi lançado mundialmente com sucesso. Enfim, quando o tecladista decidiu realizar a gravação ao vivo deste álbum, devido ao seu alto custo, ele percebeu que não tinha como arcar com a produção que envolvia uma orquestra e um coro com muitos membros participantes. A solução foi realizá-lo como um show pago. Mas a sua gravadora A&M, inglesa, não concordou em arcar com o alto custo da produção. Foi necessário que Rick convencesse a A&M, norte-americana, a fazê-lo. A música é ponteada pela narração da história baseada em Júlio Verne. Para isso, há um narrador em posição de destaque na gravação. Na última parte do concerto ouve-se um trecho da música “Na Gruta do Rei da Montanha” de Edvard Grieg, executada pela orquestra junto com os sintetizadores de Rick Wakeman.
Bibliografia geral consultada.
MALINOWSKI, Bronislaw, Sex, Culture, and Myth.
Nova Yorque: Editor Harcourt, Brace & World, 1962; HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence, A Invenção das Tradições. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1984; CHEDIAK, Almir, Songbooks. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1992; PIATTI, Mario, Pedagogia della Musica. Un Panorama.Bologna: Cooperative Libraria Universitária Editrice, 1994; WAKEMAN, Rick (1995). Say Yes! An Autobiography. London: Hodder & Stoughton Editors, 1995; ARAUJO, Rosane Cardoso, Um Estudo sobre os Saberes que Norteiam a Prática Pedagógica dos Professores de Piano. Tese de Doutorado. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Música. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005; SANTOS, Carmen Vianna dos, Teclado Eletrônico: Estratégias e Abordagens Criativas na Musicalização de Adultos em Grupo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação da Escola de Música. Universidade Federal de Minas Gerais, 2006; FEICHAS, Heloisa Faria Braga, Formal and Informal Music Learning in Brazilian Higher Education. Tese de Doutorado em Filosofia. Instituto de Educação. Universidade de Londres, 2006; SANTOS, Lincoln Meireles Ribeiro dos, O Teclado Eletrônico como um Instrumento Orquestral: Análise e Demonstração da Peça Sir Lancelot and The Black Knight de Rick Wakeman. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação da Escola de Música. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2008; SANTOS, Lincoln Meireles Ribeiros dos, O Teclado Eletrônico como um Instrumento Orquestral: Análise e Demonstração da Peça Sir Lancelot and The Black Knight de Rick Wakeman. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: Escola de Música. Universidade Federal de Minas Gerais, 2008; DUPUY, Lionel, “Les Voyages Extaordinaires de Jules Vernes ou le Romain Géographiques au XIXeme Siècles”. In: Annales de Géographie, n° 690, 2013/2; FARIAS, Maria Amélia Benincá de, “Tecladistas de Instrumentos Eletrônicos: Formação, Atuação e Identidades Musicais”. In: http://www.abemeducacaomusical.com.br/vol. 25, n° 38, 2017; entre outros.
“Dizendo tchau para o PT: esse partido das trevas, eu voto sim”. Pastor Marco Feliciano
(PSC-SP)
Má-fé é originária da expressão latina, mala fides, que representa um conceito associado
à ideia de fraude ou intenção dolosa. Pode envolver engano intencional dos
outros ou da própria pessoa, o autoengano. Uma expressão de utilização comum é:
assumir a má-fé; aqui, vê-se, nas ações de outra pessoa, motivações negativas,
quer essas motivações de facto existam ou não existam. É um procedimento
utilizado para enganar. Por isso, é caracterizado como crime. Quando uma pessoa
inventa uma mentira e a conta como se fora um fato verídico, mesmo que não
cause prejuízo financeiro, apenas a utilização de história fraudulenta,
caracteriza crime punível civil e criminalmente. Em direito penal, fraude é o
crime ou ofensa de deliberadamente enganar outros com o propósito de
prejudicá-los, usualmente para obter propriedade ou serviços dele ou dela
injustamente. Fraude pode ser efetuada através de auxílio de objetos
falsificados. No meio acadêmico, fraude pode se referir a fraude científica – a
falsificação de descobertas científicas através de condutas inapropriadas e, de
uso comum, fraude intelectual significa a falsificação de uma posição assumida
ou sugerida por um escritor ou interlocutor, dentro de um livro, controvérsia
ou debate, ou uma ideia apresentada enganosamente para esconder reconhecidas
fraquezas lógicas. Fraude jornalística implica numa noção similar, a
falsificação dos chamados furos jornalísticos.
O
Partido dos Trabalhadores (PT) é um partido político brasileiro de
centro-esquerda à esquerda. Fundado em 1980, integra um dos maiores e mais
importantes movimentos de esquerda da América Latina. Os símbolos do PT são a bandeira vermelha com
uma estrela branca ao centro, exceto no Rio Grande do Sul, onde a estrela na
bandeira é amarela), a estrela vermelha de cinco pontas, com a sigla PT
inscrita ao centro, e o hino do partido. Seus filiados e simpatizantes são
informalmente denominados petistas. O PT possui, como os demais partidos
políticos no Brasil, uma fundação de apoio. Denominada Fundação Perseu Abramo
(FPA), foi instituída pelo Diretório Nacional em 1996 e tem por missão realizar
debates, editar publicações, promover cursos de formação política e preservar o
patrimônio histórico do partido - tarefa pela qual é responsável o Centro
Sérgio Buarque de Holanda. A FPA substituiu uma fundação de apoio partidário
anteriormente existente no PT, a Fundação Wilson Pinheiro, criada em 1981. Em
2003, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente da República, o partido passou a
comandar pela primeira na história política vez o Executivo brasileiro.
Luiz Inácio Lula da Silva reelegeu-se em 2006,
terminando seu mandato como o presidente melhor aprovado de todos os tempos e
com o recorde mundial de 87% de aprovação, foi sucedido em 2011 por Dilma
Rousseff, sua ministra-chefe da Casa Civil. Dilma foi reeleita em 2014 por uma
margem estreita e deixou a presidência em agosto de 2016, após seu pedido de
impeachment ser aprovado pelo Congresso Nacional devido a operações
orçamentárias não previstas na legislação ocorridas durante sua gestão. O então
deputado federal Lula discursa na Assembleia Nacional Constituinte da Câmara dos
Deputados. O PT foi fundado por um grupo heterogêneo, formado por militantes de
oposição à Ditadura Militar, sindicalistas, intelectuais, artistas e católicos
ligados à Teologia da Libertação, no dia 10 de fevereiro de 1980, no Colégio
Sion, em São Paulo. O partido foi fruto da aproximação entre os movimentos
sindicais da região do ABC paulista, que organizaram grandes greves de reprecussão mundial entre 1978 e 1980, e
militantes antigos da esquerda brasileira, entre eles ex-presos políticos e
exilados que tiveram seus direitos casados, mas devolvidos pela lei da Anistia. Desde a
fundação, o Partido assumiu a defesa do que se compreende como socialismo democrático.
Após
o golpe de 1º de abril de 1964, o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) - federação
de trabalhadores que desde a Era Vargas reunia dirigentes sindicais tutelados
pelo Ministério do Trabalho — foi dissolvido, e os sindicatos passaram a sofrer
intervenção do regime militar. O surgimento de um movimento organizado de
trabalhadores, notabilizado pelas greves lideradas por Lula no final da década
de 1970, permitiu a reorganização de um movimento sindical independente do
Estado, o que foi concretizado na criação da Conferência das Classes
Trabalhadoras (CONCLAT), que viria ser o embrião da Central Única dos
Trabalhadores (CUT). Originalmente, este novo movimento trabalhista
buscava fazer política exclusivamente na esfera sindical. No entanto, a sobrevivência de um sindicalismo
controlado pelo Estado (expresso na recriação da CGT, que reunia líderes
conservadores como Joaquim dos Santos Andrade, reconhecido como Joaquinzão, e
Luiz Antônio Medeiros), somada à persistente influência de partidos de esquerda
tradicionais como o Partido Comunista Brasileiro sobre o movimento sindical,
fizeram com que os trabalhadores do ABC, estimulados por lideranças de esquerda
anti-stalinistas, procurassem identidade própria na criação de seu próprio
partido político – uma estratégia diferente à realizada pelo Solidarność,
na Polônia de então. Nos anos 1980, um encontro em Roma entre Walesa e Lula
mostrou que suas visões políticas eram bastante diferentes. Walesa defendia o
pluralismo na política enquanto Lula defendia a união dos sindicatos em uma
única entidade. O PT surgiu rejeitando tanto as tradicionais lideranças
do sindicalismo oficial, como também procurando colocar em prática nova forma
de trabalhismo, recusando modelos em decadência, como o
soviético e o chinês. Significou a confluência do sindicalismo basista com a intelectualidade de esquerda anti-stalinistas.
O
manifesto de fundação foi lançado no dia 10 de fevereiro de 1980, no Colégio
Sion em São Paulo, e publicado no Diário Oficial da União em 21 de
outubro daquele mesmo ano. Mais tarde, foi oficialmente reconhecido como
partido político pelo Tribunal Superior de Justiça Eleitoral no dia 11 de
fevereiro de 1982. A ficha de filiação número um foi assinada por Apolônio de
Carvalho, seguido pelo crítico de arte Mário Pedrosa, pelo crítico literário
Antonio Candido e pelo historiador e jornalista Sérgio Buarque de Hollanda. Com
a ascensão para a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 vencendo o
segundo turno das eleições gerais de 2002 e com a posse em janeiro de 2003,
aglutinaram-se vários partidos políticos, dentre eles o Partido Popular
Socialista, Partido Socialista Brasileiro, Partido Democrático Trabalhista, e
outros como base de sustentação. Com a continuidade das políticas econômicas do
Governo do FHC e com as denúncias de corrupção, adveio uma crise política que
ocasionou a cisão do Partido dos Trabalhadores em Partido Socialismo e
Liberdade (PSOL) em 2004. Havendo após este período as críticas da esquerda
ao Governo do Presidente Lula e o reconhecimento público do Partido dos
Trabalhadores como um partido reformista de centro-esquerda. Em 2006 com as
eleições gerais, foi reafirmado o projeto petista de Brasil, havendo o
desenvolvimento do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC. Neste governo ocorreu o escândalo conhecido
como o mensalão, que teve como protagonistas alguns integrantes do governo do
então presidente Lula, membros do Partido dos Trabalhadores (PT), Popular
Socialista (PPS), Trabalhista Brasileiro (PTB), República (PR), Socialista
Brasileiro (PSB), Republicano Progressista (PRP), e Partido Progressista (PP).
A
mistagogia origina-se com sacerdote grego, que servia o propósito da
iniciação nos mistérios da religião, ensinando as cerimônias e os ritos de
passagem. Fora da esfera grega, o mistagogo pode representar qualquer
pessoa que inicia outros em crenças místicas, que adquira conhecimento dos
mistérios sagrados. A compreensão social do conceito de mistagogia pressupõe o
conhecimento do conceito cristão de mistério. A categoria mistério tem precedentes
nos cultos pagãos da cultura helenística, mas a eficácia simbólica utilitária
pelos cristãos é mais facilitada pela tradução bíblica reconhecida como a
Septuaginta. Seu reconhecimento ocorre pelos setenta e dois rabinos que
trabalharam nela e, segundo a tradição, teriam completado a tradução em 72
dias, e pela apocalíptica judaica. Pode-se fazer a seguinte síntese do uso do
termo: um mistagogo é potencialmente o responsável por liderar um iniciado nos
ensinamentos e rituais secretos do culto. O iniciado estaria vendado e o
mistagogo deveria com a sua sabedoria poder guiá-lo até o local sagrado. O
termo mistagogia encerra vários significados, mas inicialmente desenvolve-se em
seu ersatz, como ocorre com os Padres do 4° século que faziam teologia. Tratava-se,
nesse contexto patrístico, de aplicar a tipologia triádica mítico-bíblica
baseada no batismo-crisma-eucaristia, ou a teologia do mistério, à catequese
sobre os sacramentos da iniciação cristã singularizada.
A mistagogia está sendo redescoberta
ou recidivada. O método mistagógico usado pelos Santos Padres volta a
ser estudado, não para aplicá-lo tal qual, mas para servir de inspiração e
modelo à formação cristã, principalmente na teologia litúrgico-sacramental.
Ponto de referência desse tipo de formação é a ação litúrgica e a experiência
que nos proporciona um contato vivo e pessoal com o mistério da fé. Para
tanto o espaço da celebração é de suma importância para se fazer essa
experiência. O mistério, para os cristãos, manifesta-se na pessoa de Jesus
Cristo, principalmente na sua doação total da paixão, morte e ressurreição.
Jesus Cristo é o lugar, o espaço onde é encontrada a presença e salvação de
Deus. Ele é o verdadeiro templo da nova aliança. Nele se baseia toda a
mistagogia do espaço. O espaço litúrgico revela o Cristo ressuscitado, glorioso
em sua totalidade: cabeça e membros. Os templos são lugares da memória do
mistério de Cristo e do seu corpo que é a Igreja. A ação ritual que se
desenvolve tem como finalidade aprofundar a comunhão pessoal, interior,
espiritual, em Jesus Cristo, com o Pai e o Espírito Santo, e levar as pessoas à
experiência do mistério escondido no coração da realidade individual (sonho) e
social (mito, rito) de cada fiel, para poder viver o discipulado e a missão. Simultaneamente
na assembleia cristã e em cada batizado, como novo templo de Deus, construídos
de pedras vivas, é oferecido o culto em Espírito e em verdade. No espaço
sagrado, faz-se experiência da aliança com Deus, o povo fiel se constitui como
Igreja de Cristo e recebe o Espírito Santo.
A palavra igreja, ecclesia,
a representação “casa de Deus” tem diversos significados nos livros Sagradas
Escrituras, onde os cristãos se reúnem para cumprir seus deveres religiosos. O
templo de Jerusalém era a casa de Deus e a casa de oração. O edifício dedicado
pelos cristãos ao culto de Cristo, que os sacerdotes gregos chamavam Kyriaké
(“a casa do senhor”), e, na língua inglesa veio mais tarde a se chamar Kirk e church.
Em Roma, essa assembleia denominada Concio é aquela que falava Ecclesiastes
e Concionator. No Novo Testamento, uma igreja é um grupo de cristãos
que seguem a Cristo. A palavra pode ser usada para falar de todos aqueles que
servem ao Senhor, não importa onde estejam (cf. Hebreus 12: 22-23). É frequentemente
usada para descrever grupos locais de discípulos que se encontram para
adorarem, para edificarem uns aos outros e para proclamarem o evangelho de
Jesus. É neste sentido que lemos sobre a igreja em Antioquia da Síria (Atos
13:1), sobre as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (Atos 14:
21-23), sobre a igreja em Éfeso (Atos 20: 17), a igreja em Corinto (1 Coríntios
1:1; 2 Coríntios 1:1), as igrejas na região da Galácia (cf. Gálatas 1:2) e a
igreja dos tessalonicenses. É neste ambiente de culto de igrejas que
encontramos homens escolhidos para supervisionar e guiar. Os sistemas de
denominações, de ligas internacionais e de hierarquias que ligam e governam
milhares de igrejas locais, são invenções do homem. Não há modelo bíblico de
tais arranjos.
Pastor
ou Ministro do Evangelho são os títulos atribuídos ao ministro religioso no
Cristianismo, em sua maioria no Protestantismo. Dependendo da posição social e
da denominação, o ministro religioso pode ser chamado de pastor, reverendo,
missionário, bispo, diácono, embora em algumas igrejas essa posição não seja de
ministro, ancião e, recentemente, apóstolo. O rito de investidura do pastor é
chamado ordenação ou consagração. De acordo com o apóstolo Paulo, uma Igreja
Local poderia ser dirigida por uma equipe de pastores. Dependendo do ramo da
Igreja, a função do pastor é desempenhada pelo presbítero ou bispo. Há
situações no Novo Testamento onde esses termos parecem ser sinônimos. Nos
países de língua inglesa é normal referir-se aos párocos católicos romanos como
pastor. No geral, é dever do pastor dirigir a Igreja Local e cuidar de suas
necessidades espirituais. Em Atos 20:28-31, estão discriminadas na
religião, algumas atribuições específicas do pastor, tais como: apascentar a
Igreja, refutar heresias doutrinárias e exercer vigilância contra pretensos
opositores. A figura do pastor é primordial para que a Igreja alcance propósitos, devendo ele como modelo o próprio Jesus Cristo, qualificado
como “o Bom Pastor”.Em sua primeira
epístola universal, o apóstolo Pedro identificou Jesus Cristo como sendo o “Sumo
Pastor” da Igreja Cristã.
No Cristianismo evangélico, a formação de pastores
ocorre em um instituto de teologia evangélica por um período de um ano
(certificado) a quatro anos (licenciatura ou a mestrado) em teologia
evangélica. A consagração pastoral é geralmente feita pela igreja local, que o
coloca como o principal intérprete da Bíblia. Pastores se quiserem podem se casar e ter
filhos. A
palavra “reacionário” é frequentemente usada no contexto do espectro político
de esquerda e direita, e é uma tradição na política da Direita (política). No
uso popular, é comumente usada para se referir a uma posição altamente
tradicional, oposta à mudança social ou política. No entanto, de acordo com o
teórico político Mark Lilla, um reacionário anseia por derrubar uma condição
atual de percebida decadência e recuperar um passado idealizado. Tais
indivíduos e políticas reacionárias favorecem transformação social, em
contraste às pessoas ou políticas conservadoras que buscam mudanças
incrementais ou preservação da política existente. Em ciência política,
reacionário pode ser definido como uma pessoa ou entidade com opiniões
políticas que favorecem o retorno a um estado político anterior da sociedade,
como adjetivo, a palavra reacionário descreve pontos de vista e políticas
destinadas a restaurar um status quo do passado. Um reacionário é literalmente
alguém que reage contra algum desenvolvimento ou mudança, ou se opõe a
propostas de mudança na sociedade, o termo é normalmente utilizado em
associação ou mesmo no lugar de conservador, embora isso seja relativo.
As
ideologias reacionárias também podem ser radicais, no sentido de extremismo
político, a serviço do restabelecimento das condições passadas. No discurso
político, ser reacionário é geralmente considerado negativo; Peter King
observou que é "um rótulo rejeitado, usado como uma provocação e não como
um distintivo de honra".[6] Apesar disso, o descritor “reacionário
político” foi adotado por escritores como o monarquista austríaco Erik von
Kuehnelt-Leddihn, o jornalista escocês Gerald Warner do Craigenmaddie, o
teólogo político colombiano Nicolás Gómez Dávila e o historiador americano John
Lukacs. O sentido histórico do termo "reacionário" refere-se àquele
que se contrapõe ao presente, e consequentemente às mudanças revolucionárias,
sociais e políticas. Nesse sentido, entende-se como reação o conjunto de forças
que atuam no sentido de retorno ao estado anterior. O reacionário é gêmeo do
revolucionário.
O
termo foi empregado pela primeira vez no contexto da Revolução Francesa
(1789-1799) no sentido de que reacionários eram os que reagiam contra as
mudanças iniciadas pela Revolução e pretendiam um retorno ao Antigo Regime. No
Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels afirmam que as classes médias
pequenos comerciantes, pequenos fabricantes, artesãos, camponeses - combatem a
burguesia porque esta compromete sua existência como classes médias. Não são,
pois, revolucionárias, mas conservadoras; mais ainda, reacionárias, pois
pretendem fazer girar para trás a roda da história. Nesse sentido, as religiões
são, às vezes, qualificadas como reacionárias. Isto decorre, em parte, da
oposição a filósofos religiosos como Louis de Bonald, Joseph de Maistre e
François-René de Chateaubriand, e em parte do que Karl Popper chamou de crença
progressista (identificada como historicista) no caráter manifesto da verdade que
não conduz à construção do conhecimento, mas à procura dos obstáculos à
manifestação da verdade. Ao se identificar a religião como geradora de
preconceitos, procura-se abolir a religião. Analisar, afastar esse emaranhado
de forças e tendências conflitantes e conseguir penetração em suas raízes,
atingindo as forças de impulsão universal e as leis de transformação social —
essa a tarefa das Ciências Sociais, tal como a vê o historicismo.
O Partido Social Cristão tem como representação o símbolo cristão (peixe) e obteve registro em 29 de março de 1990. No mesmo ano, elegeu o governador de Alagoas, Geraldo
Bulhões. Usa o Ichthys como
simbologia, ou peixe de Jesus, como idealização de um acrônimo, utilizado pelos
cristãos primitivos, da expressão Iēsous
Christos Theou Yios Sōtēr, que significa Jesus Cristo, Filhode Deus,
Salvador. Tradicionalmente é utilizado para proclamar uma afinidade eletiva com
o Cristianismo, e é algumas vezes objeto de piadas ou sátiras, especialmente
quando é utilizado em automóveis em forma de adesivos plásticos. Enquanto o
símbolo ichthys, comparativamente
data do milênio passado, suas versões satíricas reconhecidas são de origem
recente. Eis alguns exemplos famosos dessas adaptações. Um estudioso retórico,
Thomas Lessl, realizou uma pesquisa por questionário dos usuários do peixe de
Darwin. Com base em suas respostas, ele interpreta o símbolo como uma paródia
científica que é em parte uma zombaria
e parte é uma imitação. Enquanto os
usuários frequentemente explicam o símbolo como uma repreensão contra o
criacionismo, Lessl sugere que o emblema representa uma metáfora para o
sentido do progresso cultural.
O peixe de Darwin levou à concorrência entre adesivos. Um
desenho foi feito com um dos peixes de Jesus comendo o peixe de Darwin. Às
vezes, o peixe maior contém letras que soletram a palavra truth (verdade). Um outro desenho demonstra dois peixes, um com as
pernas marcadas Euevoluí, o outro sem pernas rotulado com Você não. Outra
variante tem um peixe de Darwin levando na boca pelo rabo, um peixe de Jesus
menor, morto.Outras variantes
representam uma evolução ou peixe de Darwin engolindo ΙΧΘΥΣ, peixe de Jesus ou
o peixe verdade; outra talvez contemporânea versão tem um peixe escrito (ciência) engolindo um peixe
escrito (mito), constituindo uma etapa da história do cristianismo de aproximadamente três séculos (I, II, III e parte do IV), que se inicia após a Ressurreição de Jesus (30 d.C.) e termina em 325 com a celebração do Primeiro Concílio de Niceia. É tipicamente dividido em Era Apostólica e o Período Ante-Niceno, ou seja, desde a Era Apostólica até Niceia. A mensagem inicial do Evangelho foi espalhada oralmente, provavelmente em aramaico. Os livros do Novo Testamento Atos dos Apóstolos e Epístola aos Gálatas registam que a comunidade da igreja cristã foi centrada em Jerusalém e tinha entre seus líderes Pedro, Tiago, João, e os apóstolos
O deputado-pastor Marco Feliciano (PSC-SP) justificou seu voto dado nesta quarta-feira (3) a favor do relatório apresentado para que o processo de denúncia contra o presidente da República Michel Temer fosse arquivado enquanto estivesse no poder. Instigado pela repercussão negativa nas mídias sociais, em uma publicação feita em sua página no Facebook, Feliciano elencou nove motivos pelos quais foi contra o voto, aproveitando para dizer: “Chorem mais viúvas do PT”. Feliciano acredita que seu voto foi de “de um corajoso e conservador”. Para ele “o que diferencia um político de um estadista é que o 1º sacrifica o futuro pelo aplauso do momento, o 2º sacrifica o momento pelo futuro!”. Maior parte dos políticos da bancada evangélica votou a favor de Michel Temer. Além de Feliciano, estão nomes como Marcelo Aguiar (DEM-SP), João Campos (PRB-GO) e o presidente Takayama (PSC-PR), que representa o bloco. Entre os nomes contra, constam o empresário Arolde de Oliveira (PSC-RJ), o cantor e compositor Lázaro (PSC-BA), Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), seu pai Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, se absteve do processo. De acordo com o Estadão, a maior parte da bancada votaria a favor de Michel Temer (PSDB) em troca de apoios políticos em alguns projetos, como o Estatuto doNascituro, que prevê sanções mais duras à prática de aborto no Brasil. O documento Estatuto do Nascituro é um Projeto de Lei brasileiro que visa garantir proteção integral ao nascituro.
Foi
proposto pelos deputados Osmânio Pereira e Elimar Máximo Damasceno em 2005. O
projeto também visava proibir a pesquisa com células tronco embrionárias no
país. O projeto foi arquivado em 31 de janeiro de 2007. No entanto, está
tramitando outro projeto de lei semelhante: o P.L. 478/2007. Tais projetos de
lei têm sido alvo de muitas discussões e críticas por possibilitar a
interpretação da proibição do aborto em qualquer situação, pois considera que a
vida humana surge desde a concepção, conforme definição do Art. 3º desse
Projeto de Lei (478/2007), constituindo, assim, uma incompatibilidade com os
direitos já estabelecidos no Artigo 128 do CP. Para elucidar tal discordância,
foi adicionado ao caput do Artigo 13 do PL 478/2007, na provável data de
19/05/2010, a seguinte expressão: “ressalvados o disposto no Art. 128 do Código
Penal Brasileiro”. Os grupos contrários ao projeto afirmam que ele dificultaria
o acesso das mulheres aos serviços de aborto previsto em lei - nos casos de
risco de vida à gestante, de estupro e de gravidez de feto anencéfalo - e
representaria um forte retrocesso em direitos fundamentais das mulheres, por
desconsiderar a mulher como portadora de direitos sobre si mesma, atentar
contra a liberdade de expressão, criminalizando as pessoas que defendem a
legalização do aborto, condenar o uso da pílula do dia seguinte e o processo de desenvolvimento social sobre as pesquisas
com células-tronco. Os símbolos permitem que um ator
compreenda uma pessoa que conhece, a qualquer tempo, mediante uma comparação
entre tipos de conduta e de aparência, com base em experiências prévias de como
se comportam outras pessoas. Se um indivíduo é totalmente desconhecido, os
observadores podem obter, a partir de sua conduta social e aparência, indicações que
lhes permitam utilizar uma experiência anterior, que tenha tido com indivíduos
aproximadamente parecidos, e aplicar-lhes “estereótipos não comprovados”. A
informação a respeito do indivíduo serve para definir a situação, tornando os
outros capazes de conhecer o que deles se pode esperar. Assim informados,
saberão qual a melhor maneira de agir para dele obter uma resposta desejada e,
além disso, para dirigir inteligentemente sua própria atividade. As máscaras sociologicamente
para Erving Goffman, constituem uma ferramenta expressiva padrão. Elas são
compostas através de três características: a)por uma ambientação, b) uma aparência e c) por modelos. Como os modelos se
constroem mediante a ambientação e a aparências, os signos e o status social
desempenham um papel decisivo.
Ao que parece o ator social, queira
ou não, está orientado de acordo com um conjunto de restrições culturais.
Podemos citar também um processo social identificado por Erving Goffman de
institucionalização das máscaras, que seriam “expectativas abstratas e
estereotipadas” sobre um papel específico. A máscara se converteria então, em
uma “representação coletiva” uma vez que estas são construídas em
“performances” individuais que não são mais do que a forma ou expressão dessas
representações coletivas individualizadas e personalizadas com as
características de cada indivíduo. Quando, por exemplo, um ator social adentra
um grupo social específico, encontra correspondente a ele, a fixação de uma
máscara particular. Ele chega a sugerir o caráter abstrato e geral das
máscaras sociais e as converte em veículos ideais no processo de socialização.
Através das máscaras sociais a atuação é “modelada e adaptada à compreensão e
as expectativas da sociedade na qual se apresenta”.
Metodologicamente Erving Goffman
tem sido considerado “o sociólogo norte-americano mais influente do século XX”.
Listado em 2007 pelo “The Times Higher Education Guide” como o sexto autor nas
ciências humanas e sociais mais citados, atrás apenas de Anthony Giddens e à
frente de Jürgen Habermas, e, institucionalmente representando o 73º
lugar de presidente da “American Sociological Association”, fundada em 1905,
com a denominação de “Sociedade Americana de Sociologia” presidida em 2014 por
Annette Lareau. Sua contribuição reconhecidana sociologia e como constructo
para a teoria social refere-se ao conceito de “interação simbólica”,
desenvolvido com a análise dramatúrgica, em seu livro de 1959, “A Representação
do Eu”. Outras obras importantes de Goffman incluem “Manicômios, Prisões e
Conventos” (1961), “Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade
Deteriorada” (1963), “Interaction Ritual” (1967), “Frame Analysis” (1974), e
“Forms of Talk” (1981). Seus principais “survey’s” incluíram a
sociologia da vida cotidiana, a interação social, a construção social do eu,
organização social da experiência, e elementos endógenos da vida social,
denominados como “instituições totais” e “estigmas”.
Fez avanços substanciais no estudo
da interação “face-a-face”, elaborou a “abordagem dramatúrgica”, a interação
humana, e desenvolveu inúmeros conceitos que tiveram uma grande influência,
particularmente no campo da microssociologia da vida cotidiana. Muitas de suas
obras tratam da organização do comportamento cotidiano, um conceito que ele
chamou de “ordem da interação”. Ele contribuiu para o conceito sociológico de
“enquadramento” (“frame analysis”), a teoria do jogo (o conceito de interação
estratégica), e para o estudo das interações e linguística. Com relação a este
último, argumentou que a atividade de falar deve ser vista como um bem social,
em vez de uma construção linguística. A partir de uma perspectiva metodológica,
Goffman muitas vezes emprega abordagens qualitativas, a mais famosa em seu
estudo sobre os aspectos sociais da doença mental, em particular o
funcionamento das “instituições totais”, comparativamente como se torna um
clássico na interpretação de Jack Nicholson, no filme: “O Estranho no Ninho”
(1965). É frequente afirmar que se a psiquiatria não existisse, o cinema a
teria inventado. Mas coincidem ambas em suas criações. No cinema, em sua
progênie surge uma imagem da psiquiatria com métodos de tratamento, nosologia,
teorias e profissionais próprios, podendo estar bem longe da realidade da
profissão. A psiquiatria têm pontos em comum em relação a seus interesses e em
suas trajetórias históricas. As duas áreas tratam do comportamento, e
de período de aceitação e popularidade, se tornaram
influências culturais que interagem num espaço da modernidade em constante
modificação. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva com a faixa presidencial, ao lado de sua mulher Marisa Letícia, o
presidente Fernando Henrique Cardoso e dona Ruth Cardoso e José Alencar Gomes da
Silva no Parlatório do
Palácio do Planalto.
Marco Antônio Feliciano é um
pastor da Catedral do Avivamento, uma igreja neopentecostal ligada à Assembleia
de Deus e deputado federal brasileiro. Eleito pelo Partido Social Cristão (PSC-SP)
em 2010 com 212 mil votos foi o segundo político evangélico com maior número de
votos no país e o 12° entre os 70 deputados eleitos pelo estado de São Paulo. Foi
eleito, mormente presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM)
da Câmara dos Deputados do Brasil, cargo que exerceu durante o ano de 2013, o
que gerou controvérsia pelas diversas declarações polêmicas, principalmente em
relação a temas como direitos civis dos grupos relacionados ao homoerotismo e
direito ao aborto. Fora um dos únicos dez deputados que votou em plenário
contra a cassação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cosentino da Cunha,
economista, radialista e político filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Exerceu o cargo de deputado
federal entre fevereiro de 2003 e setembro de 2016, quando teve o mandato
cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados. Foi presidente dessa Casa de 1º
de fevereiro de 2015 até renunciar ao
cargo no dia 7 de julho de 2016. Evangélico, é atualmente membro da igreja
Assembleia de Deus, Ministério de Madureira com sede no Rio de Janeiro e
presidida pelo bispo Manoel Ferreira. Seus principais templos da Assembleia de
Deus Madureira estão nas cidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.
É influenciado pelo personalismo
associado ao humanismo e não ligado a partido político, idealizado por Emmanuel
Mounier, após a crise de 1929 da Europa e divulgado pela revista “Esprit”, com
a intenção de “identificar a verdade em toda a circunstância”. Ele acreditava
que o problema das estruturas sociais era econômico e moral, e a saída para isso era a teorização e a construção de uma
“comunidade de pessoas”. O personalismo é uma filosofia que tem como ênfase
conduzir o homem para sua realização como representação social de sua pessoa.
Tendo esse pensamento como princípio ideológico, o sujeito que se percebe como
pessoa, percebe a importância de sua pessoalidade e se desperta para ação
vocacional dando lugar a expectativas pessoalizadas. O personalismo foi
adaptado pela Democracia Cristã (DC), e influenciou positivamente o Papa João Paulo
II e, consequentemente, muitos católicos. Na visão personalista, ser completo como pessoa é levar a sério suas
necessidades pessoais satisfeitas, percebidas e trabalhadas na congregação. Levando isso a
sério, a filosofia personalista, destacando o valor da pessoa, em detrimento do
indivíduo, coloca a questão pessoal sobre as demais questões, por entender que
as questões importantes da existência estão contidas nas pessoas. Ipso facto,
nada, deve diminuir o valor e a primazia de uma existência personalista.
A história do Partido Social Cristão
teve início em 1970, com a criação doPartido Democrático Republicano (PDR). Em 1985, com a redemocratização
política, Vítor Nósseis deu continuidade ao trabalho de manutenção da sigla,
com a fundação do PSC. Em 1989, aliou-se ao PST, PTR e PRN, essa coligação
denominada “Brasil Novo” levou à vitória Fernando Collor nas eleições
presidenciais. Em fevereiro de 1989, quando da filiação de Fernando Collor de
Melo, foi rebatizado com o nome de Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Só
obteve registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 1990. A
denominação “social-cristão” vem da crença dos partidários de que o
Cristianismo representa mais do que uma religião, é um estado de espírito que
não segrega e não exclui, além de servir de base para que as pessoas tomem
decisões de forma racional, e partindo deste pressuposto, declara-se contrário
ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. O partido demonstra
repúdio ao marxismo, sua interpretação analítica sobre as relações de classe e
conflito social, porque utiliza uma interpretação materialista e uma visão
dialética de transformação social.
O marxismo engloba uma teoria
econômica, uma teoria sociológica, um método filosófico e uma visão revolucionária
radical de mudança social. Além disso, confunde o marxismo de Marx, com
ideologias similares historicamente anticomunistas. O desentendimento com o
presidente nacional do PSC e candidato a presidência pelo partido em 2014,
Pastor Everaldo, chegou ao limite quando partido firmou aliança com o PCdoB no
Maranhão. Marx fustigou as posições direitistas dos cristãos: tanto dos
católicos quanto dos protestantes. Marx tinha uma perspectiva filosófica
materialista e considerava a perspectiva da religião alienada. A religião era o “ópio para o povo”; era “o sol ilusório em tono do qual gira o
homem, enquanto não gira em torno de si mesmo”; era a consciência e o
sentimento do homem que “ainda não se encontrou ou então já tornou a se
perder”. Era também “o suspiro da criatura esmagada, o coração de um mundo sem
coração, o espírito de um estado de coisas carente de espírito”.
Vale lembrar que a nação é um
produto cultural, político e social que surge na Europa a partir do fim do
século XVIII e que se constitui efetivamente em uma comunidade política
imaginada. Nesse processo de construção histórica, a relação entre o velho e o
novo, o passado e o presente, a tradição e a modernidade é uma constante e se
reveste de importância fundamental, pois, a nação é uma comunidade de
sentimento que normalmente tende a produzir um Estado próprio, é preciso
invocar antigas tradições (reais ou inventadas) como fundamento “natural” da
identidade nacional que está sendo criada. Isso tende a obscurecer o caráter
histórico e relativamente recente dos estados nacionais que também se empenha
em demarcar suas fronteiras culturais, estabelecendo o que faz e o que não faz
parte da nação. Através desse processo social se constrói uma identidade
nacional que procura dar uma imagem à comunidade abrangida por ela. Nesse
sentido o processo de consolidação dos Estados-nações é extremamente recente.
Mesmo em sociedades que aparentemente parecem ser bem integradas.
Dos tempos de Marx para cá, muita
água passou por baixo das pontes. As ideias de Marx seguiram caminhos mais
variados e surpreendentes do que o próprio Marx poderia ter imaginado: caminhos
que vão desde a revolução e contrarrevolução na União Soviética até a China, passando pela Romênia, pela
Iugoslávia, pela Coreia do Norte, pelo Cambodja, por Cuba, pela República
Democrática Alemã, por Moçambique, pela Bulgária, pela Hungria, pela Albânia,
pelo Vietnam e pela Polônia. Ora, se entendemos que o marxismo como ideologia não tem dono, com maior razão se
pode dizer o mesmo do socialismo, que é um conceito mais amplo que o marxismo,
porque pode haver socialismo que não seja marxista, mas não pode haver marxismo
que não seja socialista. Seria, portanto, grotesco se os marxistas pretendessem
ter o monopólio do socialismo e se negassem a reconhecer que o socialismo é de
quem o fizer. Ou, como admite radicalmente, o filósofo Carlos Nelson Coutinho:
“Sem democracia não há socialismo, sem socialismo não há democracia”, pois igualdade social sem liberdade não corresponde ao ideário e à utopia dos revolucionários socialistas.
Nas sociedades modernas,
complexas, a classe operária precisa travar uma luta política prolongada, que
depende da sua capacidade de mobilizar aliados, somar forças,
ocupar-manter-e-ampliar todos os espaços democráticos que o movimento de massas
consegue abrir no interior do capitalismo globalizado. Por isso,
peremptoriamente, para avançar através da democracia na direção do socialismo,
a classe operária precisa ter uma visão pluralista. Desgraçadamente os
marxistas sectários não se sentem seguros quanto à capacidade deles de
conquistarem para o marxismo, no dia a dia, na prática consequente da
democracia, a hegemonia na vanguarda das lutas de massas: por isso, procuram
garantir antecipadamente a hegemonia para eles, recorrendo a procedimentos meramente
“golpistas” e causando estragos no pluralismo. Não compreenderam, ainda, que
qualquer prejuízo sério causado à democracia acarreta grandes danos também à
luta pela manutenção do socialismo. Enfim, na história do marxismo, tão rica e
tão dramática, nenhum pensador contribuiu tanto quanto Antônio Gramsci para a
superação do estado de espírito triunfalista, fértil para o plantio de ilusões,
e bastante frequente entre revolucionários, que não hesitam em manipular o
comportamento dos outros, em nome dos superiores interesses da “revolução”, do
“progresso” ou do “socialismo”.
Mas há casos em que uma mesma
sociedade é representada como se fosse de fato dividido em duas grandes regiões
antagônicas o que é recorrente para o Brasil. O personalismo moderno,
presente no Brasil do séc. XXI se caracteriza pelo culto dos feitos políticos,
do caráter, da trajetória pessoal acima dos valores partidários e desprendidos
de lealdades partidárias. O personalismo tem como seu aliado os meios de
comunicação hegemônicos de massa que projetam socialmente indivíduos, mais do
que o processo de formação ideológica dos partidos. Para alguns autores o personalismo
político e a infidelidade partidária enfraquecem os partidos políticos e por consequência
podem comprometer o processo de estabilidade democrática. O personalismo individual ou coletivamente,
somado a outras práticas históricas do Estado patrimonial são obstáculos para o
amadurecimento democrático do Brasil, das suas instituições, dos partidos
políticos e do eleitorado.
A aprovação de emenda ao projeto
de Lei de Reforma Política que trata da criação de uma “janela” para assegurar
mudança de partidos políticos está gerando mais um casuísmo político.
Entretanto, diante desse cenário é inevitável o surgimento de novas questões
políticas, com a proximidade do pleito de 2018, pois casuísmo político não pode
significar simplesmente a aceitação passiva de ideias ou de doutrinas, com sua
recorrência histórica no século XIX. É algo que muitos de nós estenderíamos às
áreas como políticas e religião e tem sido usada com frequência em relação ao
próprio campo científico. Alguns deputados estaduais e federais têm interesse
em mudar de legenda, mas aguardam votação no Congresso Nacional. Chamada de
“janela da infidelidade”, a medida permite a parlamentares o famoso
“troca-troca de partido”, em determinado espaço de tempo, sem terem o mandato
questionado. Parlamentares só poderão mudar de partido, sem risco de perder o
mandato, se forem para legenda recém-criada, em caso de fusão de partido ou se
for comprovado que o filiado sofreu perseguição política.
A disciplina partidária está
relacionada ao grau em que parlamentares de um partido seguem as diretrizes
partidárias em seu comportamento no Legislativo.Mais especificamente a questão ideológica é
que muitos parlamentares não seguem a orientação partidária. Pois votando de
forma individualista, mantém a individuação das referências, pensando apenas em
seus interesses pessoais na esfera da política, e não nos do partido a que
estão socialmente vinculados. Essa aparente ausência de disciplina teria suas
raízes históricas na legislação eleitoral e partidária. Especialmente no
sistema eleitoral proporcional de lista aberta, que permite aos eleitores votar
em candidatos nominalmente e não só em partidos. O que faz com que as campanhas
sejam individualizadas e que os parlamentares, depois de eleitos, se julguem
donos de seus mandatos. Daí a propriedade moral de suas ideias se afastarem das
diretrizes e normas do partido fazendo com que a ocasião cimente a ideia de
representação política.
No Brasil, uma vez eleitos, os
políticos são pouco controlados pelos partidos.Não que o controle das indicações seja meramente descentralizado, ele
praticamente não existe, porque os deputados eleitos conquistam automaticamente
o direito de concorrer nas próximas eleições, configurando-se a regra do
“candidato nato”. Não há lei que impeça os deputados de trocarem de partido, ao
contrário, a janela de infidelidade a ratifica. Essa prática já se tornou
corriqueira na Câmara dos Deputados, e muitos parlamentares mudam de partido
várias vezes durante uma mesma legislatura. Entre 1991 e 1994, deputados
mudaram de partido 260 vezes, ou seja, mais que a metade dos 503 deputados.
Como é sabido os chamados “partidos de aluguel” são os mais frágeis do mundo. Outra
variável que afeta a escolha de uma estratégia individualista é a concordância
do candidato com a formação de alianças nas eleições legislativas. Os votos de
legenda dados a um partido coligado são somados aos votos recebidos pelo conjunto
da aliança. E não somente aos votos recebidos pelos candidatos do partido.
Independentemente de um partido ser
reconhecido como de “esquerda” ou de “direita”, se estiver coligado a outros,
seus candidatos terão bons motivos para desviar os votos da legenda para suas
próprias candidaturas. Como os candidatos mais votados no conjunto da coligação
é que ficam com as vagas, os representantes dos pequenos partidos tendem a dar
menos importância à legenda referendada pela coligação. Se derem maior ênfase à
sigla do partido do que aos seus próprios nomes, correrão o risco de não
alcançar a soma de votos necessários para se elegerem. É normal, portanto, que
um partido coligado busque e receba menos votos de legenda do que um partido que
não participa de uma aliança. Por outro lado, candidatos ligados a partidos que
não querem ou não conseguem formar uma aliança eleitoral podem tentam obter
votos de legenda. Nesse caso, eles não podem se beneficiar indiretamente dos
recursos dos parceiros maiores e talvez não disponham dos meios necessários
para desenvolver campanhas individuais. Em consequência disso, uma estratégia
eleitoral de curto prazo é promover a sigla, atraindo eleitores não ligados a redes de patronagem ou que
estejam interessados em partidos de orientação programática. Há consenso sobre esse aspecto no diagnóstico da teoria política
brasileira.
Marco Feliciano é um dos
deputados tem um dos perfis mais seguidos do país. Ele foi eleito em 2012 por
medidores de popularidade em redes sociais digitais – como “Los 30 tuiteros” –
o político mais influente já em seu primeiro mandato, à frente de
presidenciáveis, senadores e governadores. O perfil de Feliciano no twitter representa a rede social que mais recebe atualizações em
seu cotidiano. Criado em 27 de abril de 2009, Feliciano enviou mais de 34. 172 tweets. Possui 289.823 seguidores e
segue 88 perfis no momento de realização da pesquisa (cf. Silva, 2015). Feliciano
ficou mais conhecido no Twitter através de uma polêmica com relação às
declarações feitas por ele em pregações religiosas em igrejas e por meio de
redes sociais, classificadas como racistas, homofóbicas e intolerantes do ponto
de vista da formação de religioso. Uma das primeiras declarações do deputado
chamando atenção ocorreu em 31 de março de 2011, quando o pastor de posse do
cargo de deputado, ao nível ideológico gerou expressiva quantidade de reações e
denúncias perturbadoras nas chamadas redes sociais, mas também apoios da parte de fiéis evangélicos,
com significativa cobertura nos meios de comunicação massivos.
A segunda declaração também foi
postada quando o deputado resolveu responder a um grupo de usuários que
questionavam suas afirmações, na mesma data, e também gerou novamente grande
quantidade de reações pelas redes e cobertura midiática. “Intimidação” apareceu
como terceira conduta mais utilizada, principalmente no que se refere ao
indicador de “sugestão de ações punitivas” (14,12%). O deputado Marco Feliciano
se mostrou bem crítico no que se refere à impunidade quando se trata de
infrações aos Direitos Humanos e intimidando os contrários à sua linha de
pensamento. Realizou críticas ao governo do Partido dos Trabalhadores (PT), ao
qual seu partido integra a base aliada, e a pensamentos de “esquerda”. Mas ao
fim e ao cabo, como reacionário, não
consegue discernir no âmbito das relações de trabalho e de poder a sua
cumplicidade com o golpe de Estado de 2016. Este novo fato político, histórico
e contraditório, não representa apenas a interrupção de um processo vitorioso
constituído pelo Partido dos Trabalhadores, mas a secularização de uma luta que
pela primeira vez na política, de fato coloca concretamente a hegemonia do
trabalho no Brasil.
Bibliografia geral consultada.
KONDER, Leandro, A Questão da
Ideologia. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2002; GOUVÊA, Ricardo Quadros, O Lado Bom do Calvinismo. São Paulo: Fonte editorial, 2013; CARCARÁ, Thiago Anastácio, Discurso do Ódio no Brasil: Elementos de Ódio na Sociedade e Sua Compreensão Jurídica. São Paulo: Editor Lúmen Juris, 2014; CALVANI, Carlos Eduardo Brandão, “Protestantismo liberal, ecumênico, revolucionário e
pluralista no Brasil – um projeto que ainda não se extinguiu”. In: Horizonte - Revista de Estudos de Teologia
e Ciências da Religião, vol. 13, nº 40: 1896-1929; 2015; SILVA, Fernando Wisse Oliveira, Personalização
da Representação Política: Um Estudo sobre as Estratégias de Comunicação dos
Deputados Marco Feliciano e Jean Wyllys no Twitter. Dissertação de Mestrado
em Comunicação. Programa de Pós-graduação em Comunicação Social.Fortaleza: Universidade Federal do Ceará,
2015; ALLAN, Nasser Ahmad, Deus,
Diabo e Trabalho: Doutrina Social Católica, Anticomunismo e Cultura Jurídica
Trabalhista Brasileira (1910-1945). Tese de Doutorado. Programa de
Pós-Graduação em Direito. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2015;
FAJARDO, Maxwell Pinheiro, “Onde a Luta se Travar”: A Expansão das
Assembleias de Deus no Brasil (1946-1980). Tese de Doutorado. Faculdade de
Ciências e Letras. Assis: Universidade Estadual Paulista, 2015; ROSA, Wanderley
Pereira da, Por uma Fé Encarnada: Teologia Social e Política no
Protestantismo Brasileiro. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em
Teologia. Departamento de Teologia. Centro de Teologia e Ciências Humanas. Rio
de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2015; DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian, A Nova Razão do Mundo: Ensaio sobre a Sociedade Neoliberal.
São Paulo: Editora Boitempo, 2016; BRAGA, Claudia Soares da Silva, A Constituição Discursivo-Homofóbica da Instância-Sujeito Marco Feliciano. Dissertação de Mestrado em Estudos Linguísticos. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2016; ENGELBRECHT, Camila Wada, Discurso
Político em Meios Digitais - Atores Políticos no Facebook: Jean Wyllys e Marco
Feliciano. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Programa de Mestrado em
Comunicação Social. Faculdade Cásper Líbero, 2016; Artigo: “Feliciano Justifica Voto a
Favor de Temer: Contra o Partido dos Trabalhadores”. In: https://noticias.gospelprime.com.br/08/08/2017; ALMEIDA, Ronaldo, “Deuses do parlamento: os impedimentos de Dilma”. In: Conservadorismos, Fascismos e Fundamentalismos: Análises Conjunturais. Campinas: Editora
da Unicamp, 2018; entre
outros.