sexta-feira, 16 de março de 2018

Marielle Franco - Lições da Favela da Maré, Rio de Janeiro.

                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra aos pobres acabe?”. Marielle Franco

           
           Era flamenguista e “funkeira com gosto”, frequentando bailes e tornando-se dançarina da equipe de som “Furacão 2000”, produtora e gravadora carioca que reproduz coletâneas e shows de funk carioca. Principal responsável pela divulgação do funk carioca nos anos 1990, a popularização do gênero pelo país, que é uma variação do Miami Bass. Teve início após a fusão de duas equipes de som na década de 1970: “Som 2000”, de Rômulo Costa e a “Guarani 2000”, de Gilberto Guarani. Inicialmente realizava bailes de soul e funk. As letras do funk carioca falavam das dificuldades que os moradores de favelas do Rio de Janeiro passavam como a discriminação racial e social vista em todos os espaços, lugares, praças, shopping, praias, cinemas, teatro, estádio de futebol Maracanã, e outros. Os MC´s de sucesso desse tempo eram bem conhecidos: William e Duda, Mc Marcinho, Danda e Tafarel, Mc Galo, Mr. Catra, Vinicius e Andinho, Claudinho e Buchecha, Mc Mascote, Danilo e Fabinho, Suel e Amaro, Teco e Buzunga, Latino, Marquinhos e Dollores, Força do Rap, Marcio e Vitor, Mc Pixote, Mc Mascote, Careca e Pixote, Junior e Leonardo, Cidinho e Doca etc. 
            O funk carioca apresentava um discurso contra as brigas nos bailes funk, o chamado “corredor”, formados por pessoas que se denominavam fazer parte do lado A e do lado B, e que assim se organizavam e brigavam. As letras falavam ainda das “revistas” policiais que os jovens moradores de favelas passavam em público, e que nessa era visto como arma político-ideológica, além de temas relacionados ao amor como o “funk melody”. As músicas mais famosas produzidas neste período tomaram uma direção diferente das criadas na década anterior, com uma conotação de temperamento sexual, letras ora de duplo sentido, relatando posições sexuais, ora dizendo explicitamente palavras sexys. Nestas canções as dificuldades da população da favela são postas um pouco à parte e toma vigor a visão do baile funk como união social para paquera, namoro e flerte. O envolvimento com o tráfico é ignorado. Um grupo que pode ser considerado como divisor de águas deste período é o “Bonde do Tigrão”, com músicas que reúnem bem as características sociais supracitadas, como “cerol na mão”, “tchutchuca” etc. Com estas e outras canções, o grupo alcançou projeção nacional.

           
Motivada pelos pais a estudar desde cedo, assim como sua irmã caçula, Anielle, teve inicialmente “a educação que foi possível”. Começou a trabalhar aos 11 anos, para pagar sua escola, foi educadora numa creche na Maré e aluna da primeira turma de pré-vestibular comunitário do Complexo do Alemão, aos 19 anos, em 1998. No mesmo ano, deu à luz sua filha, Luyara, fruto de um relacionamento amoroso importante em sua vida. Hoje, a menina com nome de “deusa indígena” tem 19 anos e é caloura de Educação Física na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Marielle Franco iniciou sua militância no âmbito das políticas públicas dos direitos humanos em 2000, após a morte de uma amiga, vítima das chamadas “balas perdidas” em tiroteio entre policiais e traficantes na Maré. Tornou-se parte do que chamava de “bonde de intelectuais da favela”, uma geração que fez “pré-vestibular comunitário” e conseguiu acesso a boas faculdades - a dela, Ciências Sociais, na PUC Rio, onde entrou com bolsista em 2002. 
             Em 2006, integrou na Maré a equipe de campanha que ajudou a eleger Marcelo Freixo (PSOL) à Assembleia Legislativa do Rio. “Ela tinha uma liderança nata, era aquela menina que tinha iniciativa, rodava muito pelas regiões periféricas, no movimento negro e de mulheres”, diz Vinicius George, que também fez parte da campanha. O deputado se tornaria seu padrinho político, nomeando-a assessora parlamentar e, posteriormente, coordenadora da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj. Em linha com a atuação política do PSOL, Marielle entrou, em 2012, no mestrado em administração pública na Universidade Federal Fluminense. Sua dissertação de mestrado: “UPP: A Redução da Favela a Três Letras”, analisa a política de segurança pública do governo de Sérgio Cabral. Ela defendia que as UPPs fortaleciam “um Estado Penal que, pelo discurso da ‘insegurança social’, aplica uma política voltada para repressão e controle dos pobres”. Sua candidatura à vereadora, na eleição de 2016, demandou convencimento por parte de seus colegas do PSOL - ela resistia à ideia, mas fez uma campanha calcada na tríade gênero, raça e cidade, com o lema “eu sou porque nós somos”, referindo-se a mulheres, negras, de favela, como ela.            
Historicamente as favelas mais conhecidas do Brasil estão localizadas na cidade do Rio de Janeiro e surgiram por volta de 1900, no período da Guerra de Canudos. A cidadela de Canudos foi construída próxima a alguns morros, entre eles o Morro da Favela, que recebeu este nome devido à vegetação predominante no local, que era a favela, uma planta típica da caatinga, extremamente resistente à seca. Os soldados ao retornarem ao Rio de Janeiro, deixaram de receber seu soldo e instalaram-se provisoriamente em alguns morros da cidade, juntamente a outros desabrigados. A partir deste episódio, os morros recém-habitados ficaram conhecidos como favelas, em referência à “favela original”. A preocupação do poder público com a nova forma de moradia instalada informalmente no Rio de Janeiro só aconteceu em 1927, através do Plano Agache, que representou a denominação popular do plano de remodelação urbana da cidade do Rio de Janeiro elaborado, ao final da década de 1920, por Alfred Agache, por solicitação do então prefeito da cidade, Antônio Prado Júnior. Embora não tenha sido efetivamente implementado, o Plano abriu novas perspectivas para o urbanismo no Brasil e deu origem à criação do Departamento de Urbanismo da Prefeitura Municipal. Marielle Franco foi morta logo depois de ter participado do evento Jovens Negras Movendo Estruturas.
Em 1948 foi realizado o primeiro Censo nas favelas cariocas e neste contexto a Prefeitura do Rio de Janeiro, afirma, surpreendentemente, num documento oficial, precedente às estatísticas, que: “os pretos e pardos prevaleciam nas favelas por serem hereditariamente atrasados, desprovidos de ambição e mal ajustados às exigências sociais modernas”. Esta afirmação resgatada por Alba Zaluar “et al” (2007), exemplifica como o preconceito em torno das favelas e seus moradores se fixaram na sociedade brasileira. Considerada oficialmente a primeira favela do Rio de Janeiro, o Morro da Providência, que fica na estação ferroviária Central do Brasil, foi chamado no do séc. XIX Morro da Favela, origem do nome  que se espraiou  por outras comunidades do Rio e de resto no Brasil. Os primeiros moradores do Morro da Favela ex-combatentes da Guerra de Canudos se fixaram no local por volta de 1897. 

     Marcelo Ribeiro Freixo professor e político, é filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Foi eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro, tendo sido o deputado mais votado do Brasil, em 2014. Ganhou notoriedade nacional quando presidiu a CPI das milícias no Rio de Janeiro, sendo inclusive, homenageado no filme: “Tropa de Elite”, do diretor José Padilha. É o atual presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da ALERJ. Freixo foi colunista na Folha de S. Paulo, até julho de 2016, onde escreveu periodicamente textos de opinião sobre a conjuntura política, econômica e as questões sociais no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo. Também é membro da Fundação Lauro Campos, uma instituição “think tank” sem fins lucrativos, criada pelo PSOL, com o objetivo de ensejar um pensamento crítico comprometido com os valores humanistas do socialismo e da liberdade democrática e que busca promover discussões temáticas sobre o país e a América Latina. Foi candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pela coligação “Mudar é Possível” e teve como vice-prefeita na chapa a advogada e professora da UFRJ Luciana Boiteux, ficando em segundo lugar, no segundo turno, perdendo para Marcelo Crivella do PRB.      
 Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) de 1986 a 2005, Marcelo Freixo vem se posicionando no campo da esquerda política e contra a aproximação do partido a setores populistas e liberais. Em setembro de 2005, filiou-se ao recém-criado Partido Socialismo e Liberdade, pelo qual foi eleito deputado estadual para a ALERJ, em 2006, por ter sido o mais votado do partido, com 13.547 votos. Freixo foi militante do Partido dos Trabalhadores (PT) por duas décadas, num movimento que ajudou a construir, participando das articulações políticas, defendendo as causas sociais e direitos humanos, porém ainda não era filiado de início. Encorajado principalmente por Chico Alencar, ele atende aos pedidos de amigos e ingressa oficialmente na sigla, registrando-se em 1985. No Partido dos Trabalhadores (PT) que Marcelo Freixo obteve formação para caracterizar seu perfil político e uma estrutura consolidada em aspectos que o levava a conquistar os seus objetivos. A execução de Marielle Franco explica a farsa da intervenção militar no Rio de Janeiro.


Em março de 2009, assumiu a presidência da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa. O deputado atua ainda, como membro da Comissão de Cultura e como suplente da Comissão de Educação. Além disso, é vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, que apura crimes de que são acusados conselheiros e técnicos do Tribunal de Contas, assim como um deputado estadual e prefeitos do estado.  Marcelo Freixo foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito das Milícias, que visa a investigar a ligação de parlamentares com grupos paramilitares. Passou 15 dias de exílio na Europa por conta de ameaças de morte. Em 2008, protocolou pedido de cassação de mandato do então deputado Álvaro Lins, que acabou cassado no dia 12 de agosto. Nas eleições de 2010, foi reeleito deputado estadual, pelo mesmo partido, com 177 253 votos e por isso, foi o 2º deputado mais votado do estado, perdendo apenas para Wagner Montes com 528 628 votos. Janira Rocha (RJ) foi eleita ajudada pela votação de Freixo.  
Cerca de 10 mil soldados foram para o Rio de Janeiro com a promessa do Governo de ganhar casas na capital federal da província. Como os entraves políticos e burocráticos atrasaram a construção dos alojamentos, os ex-combatentes passaram a ocupar provisoriamente as encostas do morro – e por lá acabaram ficando. Ipso facto, tanto a origem do nome Favela quanto Providência remete à Guerra de Canudos, travada entre tropas republicanas e seguidores de Antônio Conselheiro no sertão baiano. Favela era o nome de um morro que ficava nas proximidades de Canudos e serviu de base e acampamento para os soldados republicanos. Faveleiro é também o nome de um arbusto típico do sertão nordestino. O jornalista e escritor Euclides da Cunha descreveu assim o morro da Favela no seu livro: Os Sertões, sobre a Guerra de Canudos: - “O monte da Favela, ao sul, empolava-se mais alto, tendo no sopé, fronteiro à praça, alguns pés de quixabeiras, agrupados em horto selvagem. À meia encosta via-se solitária, em ruínas, a antiga casa da fazenda. O arraial, adiante e embaixo, erigia-se no mesmo solo perturbado. Mas vistos daquele ponto, de permeio a distância suavizando-lhes as encostas e aplainando-o davam-lhe a ilusão de uma planície ondulante e grande”.
Filha de Marinete e Antônio Francisco da Silva Neto, Marielle Franco nasceu e cresceu no “Complexo da Maré” na cidade do Rio de Janeiro. Assim denominado pela prefeitura carioca, é um bairro com conglomerado de pequenos bairros da Zona Norte da capital fluminense. Teve seu território delimitado pelo Decreto nº 7.980, de 12 de agosto de 1988. Constitui-se num agrupamento de várias favelas, sub-bairros com casas, e conjuntos habitacionais. Com cerca de 130.000 moradores (2006), possui um dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro, consequência dos baixos indicadores de desenvolvimento social e político que caracterizam a região. A faixa de terra litorânea conquistada do mar pela população do local congrega, aproximadamente, dezesseis microbairros, usualmente chamados de “comunidades”, que se espalham por 800 000 metros quadrados próximos à Avenida Brasil e à margem da baía. É cortado pela via expressa Presidente João Goulart e pela Av. Governador Carlos Lacerda. Socióloga engajada na questão urbana defendeu a dissertação de Mestrado: “UPP - A Redução da Favela a Três Letras: Uma Análise da Política de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro” (2014). Ela apresentava-se como “cria da Maré”.
            Antes da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) ser instalado no Rio de Janeiro como projeto da Secretaria Estadual de Segurança com o objetivo de  instituir polícias comunitárias em favelas, principalmente na capital do estado, já havia esboços do que viriam a ser as UPPs. Uma dessas experiências ocorreu com o Grupamento de Aplicação Prático Escolar (GAPE), uma proposta no histórico Morro da Providência, no Centro da cidade do Rio de Janeiro, em que recrutas faziam parte de um laboratório de práticas comunitárias de policiamento. Esta experiência seria a semente laboratorial desenvolvida por especialistas do Grupo de Policiamento em Áreas Especiais (GPAE), que, comparativamente guarda poucas diferenças com as novas UPPs. Outra experiência importante decorreu do Projeto Mutirão da Paz, na favela conhecida como “Pereirão”, no bairro Laranjeiras, em 1999. Segundo o site oficial da UPP-RJ, as experiências de Medellín (Colômbia) também serviriam de inspiração para o futuro projeto de UPPs.
            A instalação do primeiro GPAE aconteceu em 2000, no Pavão-Pavãozinho e, nos anos seguintes, receberam unidades os morros: Morro da Babilônia, Chapéu Mangueira, Providência, Gardênia Azul e Rio das Pedras, na cidade do Rio de Janeiro; e Morro do Cavalão e Morro do Estado, em Niterói. Em decorrência de conflitos violentos, outras GPAE foram instaladas no Morro da Chácara do Céu, Morro da Formiga e Morro da Casa Branca, todos na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Para Vila Cruzeiro, no bairro da Penha, também Zona Norte do Rio de Janeiro, o GPAE ocorreu após o assassinato do jornalista Tim Lopes que trabalhava na rede Globo de televisão. A primeira unidade de polícia pacificadora surgiu em meados de 2008, no morro Dona Marta, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Após a instalação da UPP na comunidade, os homicídios foram reduzidos a zero nos quatro anos subsequentes. Os resultados da política de pacificação do governo Sérgio Cabral Filho foram elogiados pelo New York Times. Especialistas reconhecem que a inclusão da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de Verão (2016) representou politicamente o impulso para os investimentos no programa, ampliação e mesmo trajetória social do espaço das favelas escolhidas no Mapa da Pacificação. 
            Com uma diminuição considerável do índice de criminalidade nas proximidades das favelas pacificadas, o fim dos tiroteios é o principal ponto positivo apontado pelos moradores das áreas pacificadas. Para o antropólogo Luís Eduardo Soares, o fim dos tiroteios e da circulação de armas de fogo na mão de traficantes possui ligação direta com a queda aparente dos índices de violência letal. Também ocorrem as maiores facilidades para entrada de novos serviços prestados à população. Apesar destes pontos consideravelmente positivos, os analistas críticos lembram que tais melhorias ocorreram principalmente no primeiro momento da instalação das unidades de polícia pacificadora. Tiroteios, inicialmente ausentes nas favelas pacificadas, contudo, voltaram a ser rotina principalmente no Complexo do Alemão, Vila Cruzeiro sendo emblemáticos os tiroteios na Corrida pela Paz, do Complexo da Penha ao Complexo do Alemão, entre bairros, e a morte da policial Alda Rafael Castilho em confronto no Parque Proletário da Penha.
            O ponto nevrálgico para a crítica às unidades de polícia pacificadora foram as manifestações públicas de junho de 2013, quando o caso do desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo na Rocinha, analisados noutro lugar, se tornou um símbolo da crítica ao programa ou mesmo ao reforço militar que as UPPs da Penha e Complexo do Alemão começaram a receber em resposta aos ataques a policiais destas unidades. Este reforço provocou movimentação de organizações e ambos os complexos de favelas, que emitiram um manifesto público sobre a presença militar. Em termos culturais, as favelas passaram por uma profunda mudança em seus hábitos. A Resolução 13 definiu as Unidades de Polícia Pacificadoras como “responsáveis pela autorização de eventos dentro das favelas”, delimitando ainda mais a segregação social. Com isso, ficaram prejudicados os eventos recreativos dos “bailes funk” em geral, mesmo após a recente revogação da resolução. Atualmente em função das estratégias de planejamento, moradores enfrentam dificuldades em realizar eventos em suas próprias comunidades.
Bibliografia geral consultada.

PERLMAN, Janice, The Myth of Marginality: Urban Poverty and the Politics in Rio de Janeiro. Thesis PhD. Berkeley: University of Califórnia Press, 1975; CARVALHO, José Murilo, Desenvolvimiento de la Ciudadania en Brasil. México: Fondo de Cultura Económica, 1995; SODRÉ, Muniz, La Città e il Tempi. Roma: Edizioni Settimo Sigillo, 1998; TABAK, Fanny, O Laboratório de Pandora: Estudos sobre a Ciência no Feminino. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2002; MISSE, Michel, “Le Movimento. Les Rapports Complexes entre Trafic, Police et Favelas à Rio de Janeiro”. In: Déviance et Société. Vol. 32, 2008; FREIRE, Leticia de Luna, Favela, Bairro ou Comunidade? Quando uma política urbana torna-se política de significados. In: Dilemas, 1 (2), 95-114, 2008; ARAÚJO, Helena Maria Marques, Museu da Maré: Entre Educação, Memórias e Identidades. Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2012; FRANCO, Marielle, UPP - A Redução da Favela a Três Letras: Uma Análise da Política de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Administração. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2014; MENEZES, Palloma Valle, Entre o Fogo Cruzado e o Campo Minado: Uma Etnografia do Processo de Pacificação de Favelas Cariocas. Tese de Doutorado.  Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Centro de Ciências Sociais. Instituto de Estudos Sociais e Políticos. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2015; FERNANDES, Ionara dos Santos, A Ordem é Matar: Uma Análise da produção da Sociabilidade Violenta na Favela. In: Confluências - Revista Interdisciplinar de Sociologia  e Direito, Vol. 19,  1, 2017, pp. 23-47; GARAU, Marília Gabriela Reverendo, Uma Análise das Relações da Polícia Militar com os Moradores de uma Favela Ocupada por UPP. In: Revista Direito e Praxis. Rio de Janeiro, Vol. 08,  3, 2017, pp. 2106-2145; TORRES, Paulo Henrique Campello, “Avenida Brasil - Tudo Passa Quem Não Viu? Formação e Ocupação do Subúrbio Rodoviário no Rio de Janeiro (1930-1960)”. In: Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais. São Paulo, vol. 20, n° 2, pp. 287-303; 2018; MARTINS, Gizele de Oliveira, Militarização da Vida e Censura da Comunicação Comunitária: A Luta por Liberdade de Expressão no Conjunto de Favelas da Maré. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas. Faculdade de Educação da Baixada Fluminense. Duque de Caxias: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2018; entre outros.

Rick Wakeman - Teclados, Domínio & Invenção do Rock Sinfônico.

                                                                                                 Ubiracy de Souza Braga

    Não sei como vou descrever à minha mulher a experiência que estou vivendo”. Rick Wakeman (1975)

Guinevere foi, de acordo com a lenda arturiana, uma rainha medieval Grã-Bretanha e esposa do Rei Arthur. Mencionada pela primeira vez na literatura no início do século XII, quase 700 anos após os supostos tempos de Arthur, Guinevere tem sido retratada desde então como tudo, desde uma traidora fatalmente falha, vilã e oportunista até uma dama nobre e virtuosa. O motivo social variavelmente contado do sequestro de Guinevere, outrossim, dela ser resgatada de algum outro perigo, aparece recorrente e proeminentemente em muitas versões da lenda. A primeira personalidade datável de Guinevere está na crônica pseudo-histórica britânica História Regum Britanniae, de Geoffrey de Monmouth (1100-1155), na qual ela é seduzida por Mordred durante sua rebelião malfadada contra Arthur. Em uma tradição posterior ao romance arturiano medieval da França, um grande arco da história é o trágico caso de amor da rainha com o melhor cavaleiro e amigo de confiança de seu marido, Lancelot, causando a morte de Arthur e a queda do reino. Este conceito apareceu originalmente em forma incipiente no poema Lancelot, o Cavaleiro da Carroça, de Chrétien de Troyes, antes de sua vasta expansão no ciclo de prosa Lancelot-Graal, consequentemente formando grande parte do núcleo narrativo da compilação seminal em inglês Le Morte d`Arthur, de Thomas Malory (1416-1471). Outros temas encontrados em Malory e outros textos incluem a esterilidade habitual de Guinevere, o plano da dupla maligna de Guinevere para substituí-la e a hostilidade em relação a Guinevere pela cunhada Morgan.

Guinevere continua sendo uma personagem popular, presente em inúmeras adaptações da lenda desde o renascimento arturiano do século XIX. Muitos autores modernos, geralmente inspirados ou inspirados pela narrativa de Malory, ainda retratam Guinevere em seu relacionamento ilícito com Lancelot como definidor de seu personagem. Em uma das Tríades Galesas (Trioedd Ynys Prydein), uma série de textos do século XIII baseada nos contos orais anteriores dos bardos de Gales, há três Gwenhwyfars casadas como Rei Arthur. A primeira é filha de Cywryd de Gwent, a segunda de Gwythyr ap Greidawl (uma figura sobrenatural) e a terceira de (G)ogrfan Gawr (“o Gigante”). Em uma variante de outra Tríade Galesa (Trioedd Ynys Prydein, não. 54), apenas a filha de Gogfran Gawr é mencionada. Era uma vez uma rima folclórica popular conhecida no País de Gales sobre: “Gwenhwyfar ferch Ogrfan Gawr/ Drwg yn fechan, gwaeth yn fawr (Gwenhwyfar, filha de Ogrfan Gawr / Ruim quando pequeno, pior quando ótimo)”. Um eco da tradição da giganta-Guinevere aparece no folclore local em relação à rocha Queen`s Crag emSimonburn, na Inglaterra. A primeira menção datável de Guinevere, como Guenhuvara, com numerosas variações de grafia nos manuscritos sobreviventes) está na História de Geoffrey, escrita por volta de 1136. Ela relata que Guinevere, descrita etnograficamente como uma grande beldade da Grã-Bretanha, e além disso, foi educada por Cador, duque da Cornualha.                     

As outras crônicas geralmente têm Cador como seu guardião e, às vezes, parente. De acordo com Wace, que chama Cador de conde, Guinevere descendia de uma família nobre romana por parte de mãe; Layamon também descreve como descendente de romanos, além de ser parente de Cador. Cronistas ingleses muito posteriores, Thomas Grayem Scala cronicae John Stowem The Chronicles of England, identificam Cador como seu primo e um rei anônimo da Biscaia (o histórico país basco) como seu pai. A tradição galesa lembra-se da irmã da rainha, Gwenhwyfach, e registre a inibição entre eles. Duas Tríades (Trioedd Ynys Prydein, nº 53, 84) mencionam a contenda de Gwenhwyfar com sua irmã, que se acreditava ser uma causa da desastrosa Batalha de Camlann. Na prosa galesa Culhwch e Olwen, possivelmente o primeiro texto reconhecido apresentando Guinevere, se de fato datado corretamente por volta de 1100, Gwenhwyfach também é mencionado ao lado de Gwenhwyfar, esta última aparecendo como a gêmea má de Guinevere em alguns romances em prosa posteriores. O romance alemãoDiu Crônedá a Guinevere duas outras irmãs por seu pai, o Rei Garlin de Gore: o interesse amoroso deGawain, Flori, e a Rainha Lenomie de Alexandria. Guinevere não tem filhos na maioria das histórias. As poucas opções incluem o filho de Arthur Loholt ou Ilinot em Perlesvause Parzival, mencionado pela primeira vez em Erec e Enide.

                               

Na aliterativa Morte Arthure, Guinevere se torna voluntariamente consorte de Mordrede ele dá dois filhos, embora o moribundo Arthur ordena que ela e os filhos pequenos de Mordred sejam secretamente mortos e seus corpos jogados no mar, a própria Guinevere, que ao contrário de Mordred parece mostrar um pouco de cuidado com a segurança de seus filhos, é poupada e perdoada por Arthur. Há menções aos filhos de Arthur nas Tríades Galesas, embora sua ascendência exata não seja clara. O conto possivelmente medieval doRei Arthur e do Rei Cornwalltem este último tendo uma filha com Guinevere. Além da questão de seus filhos biológicos, ou da falta deles, Guinevere também cria a filha ilegítima de Sagramoree Senehaut não Livre d`Artus. Outras relações são igualmente obscuras. Uma meia-irmã e um irmão chamados Gotegin desempenham os papéis antagônicos no Ciclo da Vulgata (Lancelot–Graal) e Diu Crône, respectivamente, mas nenhum dos personagens é considerado em nenhum outro lugar (além da tradição inspirada na Vulgata). Enquanto romances posteriores quase sempre nomeavam o ReiLeodegrancecomo o pai de Guinevere, sua mãe geralmente não era mencionada, embora às vezes fosse dita morta (este é o caso no romance do inglês médio The Adventures of Arthur, no qual o fantasma da mãe de Guinevere aparece para ela e Gawain na Floresta de Inglewood). Algumas obras nomeiam-se primos notáveis, embora estas também não possam ser aplicadas mais de uma vez. Um desses primos éGuiomar, uma das primeiras amantes da meia-irmã de Arthur, Morgan, em vários romances franceses; outros primos de Guinevere incluem sua confiante Elyzabel (Elibel) e o cavaleiro de Morgan, Carrant (ou Garaunt, aparentemente Geraint). Em Perlesvaus, após a morte de Guinevere, seu pai, o Rei Madaglan(s) d`Oriande, é um grande vilão que invade as terras de Arthur, tentando forçá-lo a abandonar o cristianismo e se casar com sua irmã, a Rainha Jandree. EmPerceforest, as diferentes filhas de Lyonnel de Glat (o maior cavaleiro da antiga Grã-Bretanha) e da Rainha Blanche da Floresta das Maravilhas, também reconhecida como Blanchete, filha do Rei Mutilado e da Rainha das Fadas são ancestrais distantes de Guinevere e Lancelot, bem como de Tristan. 

Na História de Geoffrey, Arthur a deixa como regente aos cuidados de seu sobrinho Modredus (Mordred) quando ele cruza para a Europa para ir à guerra com o líder romanoLucius Tiberius. Enquanto seu marido está ausente, Guinevere é seduzida a trair Arthur e se casa com Mordredus (“em violação de seu primeiro casamento, havia se casado perversamente com ele”), que se declara rei e assume o trono de Arthur. Consequentemente, Arthur retorna à Grã-Bretanha e luta contra Modredus na fatal Batalha de Camlann. A crônica Roman de Brut (Geste des Bretons) de Wace faz do amor de Mordred por Guinevere o próprio motivo de sua rebelião. No romance posterior Alliteative Morte Arthure, Guinevere é uma traidora que secretamente planeja a morte de seu marido enquanto finge ser sua esposa devotada e atenciosa. Os primeiros textos tendem a retratá-la um pouco ou quase nada. Um deles é Culhwch e Olwen, no qual ela é mencionada como a esposa de Arthur, Gwenhwyfar, e listada entre seus bens mais valiosos, mas mais é aqui sobre ela. Não pode ser dado com segurança; uma avaliação recente da língua pelo linguista Simon Rodway na segunda metade do século XII. As obras de Chrétien de Troyes foram algumas das primeiras a elaborar sobre a personagem Guinevere além de simplesmente a esposa de Arthur. Isso provavelmente deveu ao público de Chrétien na época, no corte de Maria, Condessa de Champagne, que era composta por damas da corte que desempenhavam papéis altamente sociais. 

Quando se menciona o Renascimento Italiano, os nomes que vêm à memória de um leitor mediano são Médici, Da Vinci e Galileu. Fora da Itália são poucos os que conhecem o nome Bartolomeo Cristofori, um artesão talentoso que viveu e trabalhou nesse período, mas certamente conhece sua maior invenção: o “harpsicórdio com alto e baixo”, conhecido atualmente como o piano. Pouco se sabe da família ou da infância de Cristofori, além de que ele nasceu em 1655 e cresceu na cidade de Pádua, localizada na República de Veneza. Além de trabalhar com uma variedade de instrumentos, ele foi um notável fabricante de “harpsicórdios”.  Com essa linha de trabalho, aos 33 anos, ele atraiu a atenção de Ferdinando de Médici, filho e herdeiro de Cosimo de Médici, o Grão Duque da Toscana. Médici contratou Cristofori para ajudá-lo a manter os instrumentos de sua vasta coleção, além de tentar inventar alguns novos. Antes de Cristofori inventar o piano, faltava um instrumento de cordas com teclado que oferecesse uma gama de expressão musical e ainda fosse adequado para suas apresentações públicas.
         As opções principais eram o “harpsicórdio” mais conhecido como cravo e o “clavicórdio”. Ambos os instrumentos funcionam por pressão nas teclas de um teclado que resulta na vibração de uma corda correspondente. O principal problema com eles é que o volume do cravo não podia ser aumentado ou diminuído enquanto ele era tocado, e o som do clavicórdio era simplesmente baixo demais para ser utilizado em performances. Assim, era tipicamente usado pelos músicos para composição e treinos. O design do piano superou esses dois problemas. Um inventário dos instrumentos musicais dos Médici (1700) revela o primeiro piano criado por Cristofo em torno dessa data, embora originalmente chamado de “arpicembalo”: Um grande “Arpicembalo” feito por Bartolomeo Cristofori, invenção que produz sons altos e baixos, com dois conjuntos de cordas uníssona, com caixa sonora de cipreste sem rosa.            Todavia “Arpicembalo,” era um instrumento que se parecia com o cravo. A data de sua invenção é considerada entre 1698 e 1699, mas Cristofori poderia estar trabalhando no instrumento desde 1694. Contudo, ele só foi apresentado ao público muito mais tarde, em 1709. A invenção se tornou conhecida como “pianoforte”, união dos termos italianos para “suave” e “forte” (piano-forte).  Era descrito dessa forma no inventário citado (“che fa’ il piano, e il forte”), e em 1711 um jornalista chamou publicamente o instrumento de um “cravo com altos e baixos”, “gravicembalo col piano e forte”. Gravicembalo sendo uma corruptela do nome italiano do cravo, - clavicembalo. Como a habilidade de emitir notas mais baixas ou mais altas enquanto era tocado era uma das características marcantes do instrumento, o nome se irradiou. Mais tarde, é claro, foi abreviado para simplesmente “piano”. De qualquer forma, após ter inventado o piano, é provável que Cristofori tenha continuado a trabalhar como artesão  para a família Médici, mesmo depois da morte de seu bem-feitor imediato, Ferdinando de Medici, em 1713. O próprio Cristofori morreu em 1731, com 76 anos de idade, tendo passado a última tarde da vida tentando desenvolver melhorias para o piano.

Mutatis mutandis, rock sinfônico pode ser vagamente definido como uma mistura de rock e música clássica. Mas é um gênero do rock progressivo, que inclui a maior parte dos artistas do rock, especialmente no fim dos anos 1960 e durante a década de 1970, quando o gênero teve seu ápice criativo. Teve seu principal escopo na Inglaterra, mas com a globalização da música no mundo inteiro, especialmente na Itália, França, Holanda, Estados Unidos da América, Suécia e Finlândia. O estilo é definido por uma influência muito forte da música clássica no rock, com adições psicodélicas e experimentais, comuns a este estilo no fim dos anos 1960. O termo “sinfônico” vem do uso de orquestras sinfônicas na composição da música, porém raras eram as bandas que efetivamente tocavam ou compunham com orquestras. Um desses casos é o Deep Purple ainda em sua fase progressiva, quando compôs a música “April” e Rick Wakeman, que compôs o concerto “Journey to the Centre of the Earth”. De fato, com exceção de Jethro Tull e Pink Floyd, a maioria das bandas da década de 1970 pertence ao estilo, tais como Gentle Giant, Yes, Genesis, Camel, Renaissance e Emerson, Lake and Palmer. Muitas bandas desse estilo surgiram durante as décadas de 1980 e 1990. Após a aparente queda do rock sinfônico, no fim da década de 1970 e início da década de 1980, o gênero musical teve um renascimento na década de 1990, especialmente por se aproximar do rock “neoprogressivo”, para se juntarem ao chamado rock clássico e literalmente usar sinfonias com recortes intermitentes na composição, o Trans-Siberian Orchestra, Rhapsody of Fire, Symphony X, e Nightwish, estilo de rock do gênero Symphonic Metal.

Richard Christopher Wakeman nasceu no dia 18 de maio de 1949 em Perivale, uma área suburbana localizada na parte Oeste de Londres, Inglaterra, de pais Cyril Frank Wakeman e Mildred Helen Wakeman. O jovem Rick começou a estudar piano aos 5 anos de idade, frequentou aulas de clarinete e formou uma banda de jazz tradicional aos 12 anos, teve aulas de órgão de tubos aos 13 e entrou para uma banda de blues chamada “The Atlantic Blues” aos 14 anos de idade. Em 1966 comprou seu primeiro carro (uma das suas paixões) e também tocou na sua primeira BBC Sessions, com o James Royal Set, na Radio One. Em 1968 garantiu um lugar no conservatório Royal College of Music, estudando piano, musica moderna, clarinete e orquestração um ano, mas abandonando para dedicar-se ao trabalho como músico de estúdio.

Em junho de 1969 gravou um Mellotron na música “Space Oddity”, do David Bowie e também gravou piano no primeiro álbum da banda Strawbs, “Dragonfly”, juntando-se à eles no ano seguinte. Em julho de 1970, os Strawbs gravaram seu segundo álbum, “Just A Collection Of Antiques And Curios - Live At The Queen Elizabeth Hall”. O concerto que originou este disco foi um dos primeiros eventos na vida de Rick Wakeman a chamar a atenção da grande imprensa. O Melody Maker chamou-o de “Tomorrow's Superstar”, aumentando em muito sua demanda como músico de estúdio, sendo requisitado a gravar com vários artistas. Em 1971, gravou o terceiro álbum dos Strawbs, “From The Witchwood”, mas saiu da banda assim que o disco estava pronto. Também em 1971, comprou seu primeiro Minimoog, das mãos do ator Jack Wild que, por não saber que o Minimoog se tratava de um sintetizador monofônico e achando que o instrumento estava avariado, vendeu-o por metade do preço original. Neste ano, Wakeman gravou com Cat Stevens (“Morning Has Broken”), David Bowie (“Life On Mars?”, “Changes” e “Oh! You Pretty Things”), entre outras faixas do disco “Hunky Dory”, de Bowie e com Reed, seu primeiro solo, “Lou Reed”, em abril de 1972.  

Rick Wakeman tornou-se  tecladista de rock sinfônico britânico. Pianista clássico disciplinado tornou-se famoso por sua virtuosidade. Com as suas dúvidas quanto ao futuro do músico erudito no mercado e as grandes possibilidades no mundo do rock o fizeram abandonar o conservatório onde estudava, sem se formar. Nos primeiros anos de sua carreira foi o pioneiro no uso combinado de vários teclados ao mesmo tempo. Foi matéria de vários jornais ao surgir improvisando mesas e tábuas de madeira para empilhar e organizar seus teclados, tornando-se sinônimo de tecladista cercado por uma vasta gama de equipamentos. Wakeman alcançou a fama em 1970 tocando com a banda The Strawbs, juntando-se ao Yes em 1971. Wakeman tem uma carreira solo extremamente longa. Ele também tocou como músico convidado para artistas como Elton John, Brian May, Alice Cooper, Lou Reed, David Bowie, Ozzy Osbourne e Black Sabbath. É um tecladista brilhante, sendo considerado por muitos analistas, como as mãos mais ágeis dentre todos os tecladistas. Utiliza pianos acústicos, elétricos e eletrônicos; sintetizadores; Minimoog; Mellotron; todos os tipos de teclados; órgãos, órgão Hammond; clavicórdios etc. É produtor de dezenas de discos com os mais variados temas sociológicos. Desde lendas míticas da antiga Inglaterra até o visionário espaço sideral, passando por reis, rainhas, temas astrológicos, trilhas sonoras para filmes e outros. Produziu álbuns em sua carreira que mesmo o próprio Wakeman, não imagina quantos álbuns produziu ou participou ao todo.

Dois de seus filhos, Adam Wakeman e Oliver Wakeman, também seguiram a carreira de tecladistas, sendo o filho Oliver o que mais se aproxima do estilo do pai. Adam Wakeman é o atual tecladista da banda de heavy metal Black Sabbath e toca muito com o pai aparecendo em diversos álbuns e shows. Recentemente, no final de 2008, Wakeman foi convidado formalmente pela realeza britânica para celebrar os 500 anos da ascensão de Henrique VIII ao trono inglês com um de seus espetáculos o que deu origem ao show “The Six Wives of Henry VIII Live at Hampton Court Palace”. A reprodução ao vivo pela primeira vez de todo o álbum The Six Wives of Henry VIII foi especialmente regozijante para Wakeman, pois esse era seu desejo após o lançamento original do álbum, mas sua carta solicitando permissão para um concerto foi rejeitada. Em 2012, ele esteve novamente em turnê pela América Latina. Tocou na Argentina, no Chile e no Brasil. Em território brasileiro, se apresentou em Novo Hamburgo (RS), Porto Alegre e São Paulo. Em 2014, em turnê dos 40 anos bem sucedido “rock sinfônicos”: “Journey to the Centre of the Earth”.

Naturalmente já havia se tornado um músico reconhecido, mas sua vida e popularidade deram uma guinada maior após um telefonema que ele recebeu de Chris Squire, baixista da banda Yes. Ele disse sim e, em agosto de 1971, Jon Anderson, Chris Squire, Steve Howe e Bill Bruford tinham um novo tecladista na banda. E não só um tecladista, pois Rick Wakeman trouxe os elementos certos que a banda necessitava para dar continuidade à sua busca pela orquestração perfeita do que se iniciava como “rock progressivo”. O Yes lançou o disco “Fragile” em novembro de 1971 e Rick Wakeman tocou nos Estados Unidos da América pela primeira vez com seus novos amigos. E, como não poderia ser diferente, o fato de ser um membro do Yes atraiu ainda mais as atenções para Rick, o que lhe proporcionou a assinatura de um contrato como artista solo com a A&M Records, no final de 1971. Em 1972, gravou seu primeiro disco solo, “The Six Wives Of Henry VIII”, paralelamente aos concertos e tours com o Yes e às gravações de “Close To The Edge”, o quinto LP da banda e o segundo com ele, lançado em 1972, e também às gravações de “Yessongs”, disco triplo e filme ao vivo nos concertos daquele ano. Oliver Wakeman, seu primeiro filho, nasceu em 1972. 

A segunda noite, de uma série de dois concertos realizados no dia 18 de janeiro de 1974, resultou na gravação do disco “Journey To The Center Of The Earth”, não apenas seu segundo LP solo e não apenas seu disco mais famoso e mais bem-sucedido, mas também um dos discos mais famosos da formação da “era de ouro” do rock progressivo. O resultado obtido na mistura da London Symphony Orchestra, do English Chamber Choir, de uma ótima banda de rock, de dois vocalistas interpretando letras baseadas no livro homônimo de Júlio Verne, de sintetizadores Moog, de Mellotrons, de piano, piano elétrico, clavinente, orgão Hammond e da famosa capa prateada, tudo isso fez com que “Journey To The Center Of The Earth” enredasse praticamente fãs de rock, de quase todas as partes do mundo. Também em 1974 nasceu Adam Wakeman, segundo filho de Rick. Depois de uma apresentação de “Journey To The Center Of The Earth” no Crystal Palace Bowl, Rick Wakeman teve um desmaio, sendo levado ao Wexham Park Hospital. Durante a turnê, Rick Wakeman, então com apenas 25 anos, sofre um princípio de enfarte sem maiores consequências. Durante as semanas que permaneceu no hospital, ele escreveu seu terceiro disco solo, “The Myths And Legends Of King Arthur And The Riders Of The Round Table”, gravado entre o final de 1974 e o início de 1975. Mesmo com a recente internação hospitalar, viajou por boa parte do mundo em 1975, tocando no Japão, Austrália e, pela primeira vez, no Rio de Janeiro, no estádio do Maracananzinho em setembro de 1975.

Também em 1975 foi lançado o Long Play com a trilha sonora do filme “Lisztomania”, com peças do compositor Franz Liszt, entre outras, interpretadas por Rick Wakeman - que também teve uma participação atuando na película. Rick Wakeman quase foi à falência, perdendo uma grande quantidade de dinheiro investido na produção de um extravagante concerto que misturava o Rei Arthur com patinação no gelo, no Wembley Empire Pool. Em maio de 1976 o disco “No Earthly Connection” foi lançado e, em novembro ele decidiu voltar ao Yes, mudando-se para a Suíça por alguns meses, já que a banda estava lá gravando novo álbum, “Going For The One”. O processo de gravação foi filmado quase na íntegra e existem algumas horas de filmagem disponíveis no You Tube. Em 1977, devido aos problemas financeiros e fugindo do imposto de renda inglês, Rick passa a morar na Suíça. Lança a trilha sonora “White Rock” e começa a trabalhar no ótimo “Criminal Record”. Ipso facto, “Going For The One” foi lançado em julho de 1977, coincidindo com seus LPs solo “White Rock” e “Criminal Record” e “Tormato”, o nono disco do Yes (1978), com Wakeman deixando a banda novamente pela segunda vez. Benjamin Wakeman, seu terceiro filho, nasceu neste ano de 1978. Em maio de 1979, Wakeman lançou o álbum duplo “Rhapsodies”. Curiosamente ele saiu da promissora banda Yes pelo menos quatro vezes, num relacionamento musical afetivo, mas de teor turbulento com o grupo. Não por acaso, em 2002 ele retornou ao Yes pela quinta vez.

Vale lembrar que Voyage au Centre de la Terre,  é um livro de ficção científica, de autoria do escritor francês Júlio Verne, de 1864, sendo considerado como um dos clássicos do gênero. Uma obra que leva o leitor dentro de uma emocionante aventura narrada em primeira pessoa por Axel, um garoto que participa do percurso ao centro da terra, realizado graças a um manuscrito decifrado pelo próprio. O volume é um exemplo de como um escritor pode transitar pelo real e pelo imaginário individual (o sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos), de forma muito bem estruturada e, com isso, deixar a imaginação do leitor apropriar-se sobre o que pode acontecer na realidade. O trabalho intelectual de Verne tem o mérito de discutir em seus livros certos assuntos científicos, os quais se desconheciam em seu tempo. Em 1863, pleno século XIX, de Marx – que descobriu que o homem não faz a sua própria história, senão em condições determinadas, e Darwin – com a descoberta que não determos o centro de nossa espécie, o renomado cientista de geologia e mineralogia alemão, Otto Lidenbrock, após ter encontrado um manuscrito escrito em código rúnico pelo antigo alquimista islandês do século XVI, Arne Saknussemm, e de tê-lo decifrado, ele descobre que, segundo o alquimista, quem desce a cratera do vulcão Sneffels, na Islândia, antes do início de julho, chega ao centro da Terra; sendo que Saknussemm teria feito esse percurso. Na alquimia, um alquimista é alguém que busca a transmutação de metais, a produção do elixir da longa vida e a Pedra Filosofal.

Trata-se de uma revelação bombástica do cientista islandês Arne Saknussemm, um personagem fictício, dando conta de um suposto caminho que levaria ao centro da Terra. O marco zero da expedição era o vulcão extinto Sneffels,  localizado na ilha natal de Saknussemm. Axel se mostra cético quanto à possibilidade, todavia, os argumentos de Lidenbrock, com sua enorme bagagem intelectual, conduzem ambos à jornada. Um nativo fiel, com o nome de Hans, serve de guia, e assim a aventura se desenrola de forma contagiante, variando momentos de euforia com lapsos de preocupação e aflição por parte dos protagonistas. Dificuldades como a falta de água potável, são superados, e a viagem segue a uma enorme profundidade, desmentindo, na ficção de Verne, as leis estipuladas pela ciência contemporânea, como a consolidada teoria do calor interno. A saga é interrompida por um “acidente de percurso”, que milagrosamente, os levam de volta a face da terra, mais precisamente por intermédio do vulcão Etna, na Sicília. Por fim, o professor torna-se celebre e seu sobrinho também adquire prestigio, mas principalmente, volta aos braços de sua amada, a bela e dedicada Graubem. Trata-se de um dos grandes clássicos da literatura universal. O escritor é autor de sucessos como “A Volta ao Mundo em 80 Dias” e “Vinte Mil Léguas Submarinas”. 

Querendo também realizar tal feito quase “impossível”, ele e o seu sobrinho Axel, um jovem órfão que mora com o professor e mantêm um romance com sua afilhada, Grauben; partiram para a Islândia com o intuito de penetrar no interior da crosta terrestre. Depois de chegada à Islândia, o Prof. Lidenbrock contratou um caçador de gansos islandês, Hans Bjelke, para servir-lhes de guia até o vulcão e de ajudante na sua longa jornada no interior da Terra. Já abaixo da superfície terrestre, estes três homens desceram corredores e galerias, passando por vários obstáculos e empecilhos, como por exemplo: falta de água, falta de comida, a perda de Axel, entre outros. Até que chegaram a uma galeria de dimensões colossais que continha no seu interior um oceano, ilhas, nuvens e até mesmo luz, gerada por um fenômeno elétrico desconhecido.

Tudo isto a milhares de metros de profundidade, os três exploradores no estilo antropológico de Bronislaw Malinowski (1884-1942), tiveram de construir uma jangada para viajar naquele oceano que parecia não ter fim. No oceano encontraram vários tipos de animais que nunca tinham visto anteriormente. Resistiram a uma tempestade de vários dias que os levou à margem oposta do oceano, onde encontraram a passagem para o centro da Terra, mas estava bloqueada por um desabamento de terras recente. Hans colocou pólvora em torno da passagem e explodiu com o obstáculo, mas essa explosão foi de tal ordem que fez com que a jangada onde os três estavam fosse puxada para uma chaminé de um vulcão, onde, em consequência de uma erupção, foram expelidos com a força da erupção para a superfície terrestre. Quando estabeleceram contato com os habitantes locais, descobriram que tinham saído no vulcão Stromboli, localizado a norte da Sicília. Percorreram mais de cinco mil km nesse mundo aparentemente  paralelo inspirado pela literatura. Em 2008, o livro foi adaptado para o cinema, com James Mason e os atores Brendan Fraser, Josh Hutcherson, Anita Briem, Seth Meyers.

No final de 1997 uma grande multinacional, a EMI Classics, ofereceu a Rick a oportunidade de gravar um novo disco épico ao estilo de “Viagem ao Centro da Terra” e “Rei Arthur”. Imediatamente, Rick Wakeman retirou de seu arquivo “Return To The Centre Of The Earth”, obra em que ele vinha trabalhando há alguns anos, mas que não tinha esperanças de vir a ser gravada algum dia. Depois que recebeu carta branca da EMI, rescreveu toda a obra e contratou a Orquestra Sinfônica de Londres e o Coral de Câmara Inglês. Escolheu como narrador o ator Patrick Stewart, mais conhecido como o capitão Jean Luc Picard da série Strar Treck a Nova Geração. Convidou os cantores  Ozzy Osborne, Trevor Rabin, do Yes e Justin Hayward, do Mood Blues. Portanto, passou o ano de 1998, inteiro, trabalhando nas gravações, que foram realizadas nos mais diferentes estúdios da Europa e Estados Unidos da América. “Return To The Centre Of The Earth” tem como representação uma continuação do clássico “Journey To The Centre Of The Earth” só que com a experiência muito mais bem elaborada.

O problema é que no final das gravações, desgraçadamente, Rick Wakeman teve novo problema de saúde. Uma pneumonia parou um de seus pulmões e reduziu pela metade a capacidade do outro, devido a estafa a que vinha se submetendo durante as gravações. Durante a fase de finalização dos trabalhos ele simplesmente não dormia. Felizmente tudo correu bem, e em março de 1999 o disco foi lançado mundialmente com sucesso.  Enfim, quando o tecladista decidiu realizar a gravação ao vivo deste álbum, devido ao seu alto custo, ele percebeu que não tinha como arcar com a produção que envolvia uma orquestra e um coro com muitos membros participantes. A solução foi realizá-lo como um show pago. Mas a sua gravadora A&M, inglesa, não concordou em arcar com o alto custo da produção. Foi necessário que Rick convencesse a A&M, norte-americana, a fazê-lo. A música é ponteada pela narração da história baseada em Júlio Verne. Para isso, há um narrador em posição de destaque na gravação. Na última parte do concerto ouve-se um trecho da música “Na Gruta do Rei da Montanha” de Edvard Grieg, executada pela orquestra junto com os sintetizadores de Rick Wakeman. 

Bibliografia geral consultada.
 
MALINOWSKI, Bronislaw, Sex, Culture, and Myth. Nova Yorque: Editor Harcourt, Brace & World, 1962; HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence, A Invenção das Tradições. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1984; CHEDIAK, Almir, Songbooks. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1992; PIATTI, Mario, Pedagogia della Musica. Un Panorama. Bologna: Cooperative Libraria Universitária Editrice, 1994; WAKEMAN, Rick (1995). Say Yes! An AutobiographyLondon: Hodder & Stoughton Editors, 1995; ARAUJO, Rosane Cardoso, Um Estudo sobre os Saberes que Norteiam a Prática Pedagógica dos Professores de Piano. Tese de Doutorado. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Música. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005; SANTOS, Carmen Vianna dos, Teclado Eletrônico: Estratégias e Abordagens Criativas na Musicalização de Adultos em Grupo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação da Escola de Música. Universidade Federal de Minas Gerais, 2006; FEICHAS, Heloisa Faria Braga, Formal and Informal Music Learning in Brazilian Higher Education. Tese de Doutorado em Filosofia. Instituto de Educação. Universidade de Londres, 2006; SANTOS, Lincoln Meireles Ribeiro dos, O Teclado Eletrônico como um Instrumento Orquestral: Análise e Demonstração da Peça Sir Lancelot and The Black Knight de Rick Wakeman. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação da Escola de Música. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2008; SANTOS, Lincoln Meireles Ribeiros dos, O Teclado Eletrônico como um Instrumento Orquestral: Análise e Demonstração da Peça Sir Lancelot and The Black Knight de Rick Wakeman. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: Escola de Música. Universidade Federal de Minas Gerais, 2008; DUPUY, Lionel, “Les Voyages Extaordinaires de Jules Vernes ou le Romain Géographiques au XIXeme Siècles”. In: Annales de Géographie, n° 690, 2013/2; FARIAS, Maria Amélia Benincá de, “Tecladistas de Instrumentos Eletrônicos: Formação, Atuação e Identidades Musicais”. In: http://www.abemeducacaomusical.com.br/vol. 25, n° 38, 2017; entre outros.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Pastor Marco Feliciano - Mala Fides & Ódio na Esfera Religiosa.

                                                                                                  Ubiracy de Souza Braga

                          Dizendo tchau para o PT: esse partido das trevas, eu voto sim”. Pastor Marco Feliciano (PSC-SP)
            
             
         Má-fé é originária da expressão latina, mala fides, que representa um conceito associado à ideia de fraude ou intenção dolosa. Pode envolver engano intencional dos outros ou da própria pessoa, o autoengano. Uma expressão de utilização comum é: assumir a má-fé; aqui, vê-se, nas ações de outra pessoa, motivações negativas, quer essas motivações de facto existam ou não existam. É um procedimento utilizado para enganar. Por isso, é caracterizado como crime. Quando uma pessoa inventa uma mentira e a conta como se fora um fato verídico, mesmo que não cause prejuízo financeiro, apenas a utilização de história fraudulenta, caracteriza crime punível civil e criminalmente. Em direito penal, fraude é o crime ou ofensa de deliberadamente enganar outros com o propósito de prejudicá-los, usualmente para obter propriedade ou serviços dele ou dela injustamente. Fraude pode ser efetuada através de auxílio de objetos falsificados. No meio acadêmico, fraude pode se referir a fraude científica – a falsificação de descobertas científicas através de condutas inapropriadas e, de uso comum, fraude intelectual significa a falsificação de uma posição assumida ou sugerida por um escritor ou interlocutor, dentro de um livro, controvérsia ou debate, ou uma ideia apresentada enganosamente para esconder reconhecidas fraquezas lógicas. Fraude jornalística implica numa noção similar, a falsificação dos chamados furos jornalísticos.

        O Partido dos Trabalhadores (PT) é um partido político brasileiro de centro-esquerda à esquerda. Fundado em 1980, integra um dos maiores e mais importantes movimentos de esquerda da América Latina.  Os símbolos do PT são a bandeira vermelha com uma estrela branca ao centro, exceto no Rio Grande do Sul, onde a estrela na bandeira é amarela), a estrela vermelha de cinco pontas, com a sigla PT inscrita ao centro, e o hino do partido. Seus filiados e simpatizantes são informalmente denominados petistas. O PT possui, como os demais partidos políticos no Brasil, uma fundação de apoio. Denominada Fundação Perseu Abramo (FPA), foi instituída pelo Diretório Nacional em 1996 e tem por missão realizar debates, editar publicações, promover cursos de formação política e preservar o patrimônio histórico do partido - tarefa pela qual é responsável o Centro Sérgio Buarque de Holanda. A FPA substituiu uma fundação de apoio partidário anteriormente existente no PT, a Fundação Wilson Pinheiro, criada em 1981. Em 2003, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente da República, o partido passou a comandar pela primeira na história política vez o Executivo brasileiro. 

Luiz Inácio Lula da Silva reelegeu-se em 2006, terminando seu mandato como o presidente melhor aprovado de todos os tempos e com o recorde mundial de 87% de aprovação, foi sucedido em 2011 por Dilma Rousseff, sua ministra-chefe da Casa Civil. Dilma foi reeleita em 2014 por uma margem estreita e deixou a presidência em agosto de 2016, após seu pedido de impeachment ser aprovado pelo Congresso Nacional devido a operações orçamentárias não previstas na legislação ocorridas durante sua gestão. O então deputado federal Lula discursa na Assembleia Nacional Constituinte da Câmara dos Deputados. O PT foi fundado por um grupo heterogêneo, formado por militantes de oposição à Ditadura Militar, sindicalistas, intelectuais, artistas e católicos ligados à Teologia da Libertação, no dia 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion, em São Paulo. O partido foi fruto da aproximação entre os movimentos sindicais da região do ABC paulista, que organizaram grandes greves de reprecussão mundial entre 1978 e 1980, e militantes antigos da esquerda brasileira, entre eles ex-presos políticos e exilados que tiveram seus direitos casados, mas devolvidos pela lei da Anistia. Desde a fundação, o Partido assumiu a defesa do que se compreende como socialismo democrático.

               

Após o golpe de 1º de abril de 1964, o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) - federação de trabalhadores que desde a Era Vargas reunia dirigentes sindicais tutelados pelo Ministério do Trabalho — foi dissolvido, e os sindicatos passaram a sofrer intervenção do regime militar. O surgimento de um movimento organizado de trabalhadores, notabilizado pelas greves lideradas por Lula no final da década de 1970, permitiu a reorganização de um movimento sindical independente do Estado, o que foi concretizado na criação da Conferência das Classes Trabalhadoras (CONCLAT), que viria ser o embrião da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Originalmente, este novo movimento trabalhista buscava fazer política exclusivamente na esfera sindical. No entanto, a sobrevivência de um sindicalismo controlado pelo Estado (expresso na recriação da CGT, que reunia líderes conservadores como Joaquim dos Santos Andrade, reconhecido como Joaquinzão, e Luiz Antônio Medeiros), somada à persistente influência de partidos de esquerda tradicionais como o Partido Comunista Brasileiro sobre o movimento sindical, fizeram com que os trabalhadores do ABC, estimulados por lideranças de esquerda anti-stalinistas, procurassem identidade própria na criação de seu próprio partido político – uma estratégia diferente à realizada pelo Solidarność, na Polônia de então. Nos anos 1980, um encontro em Roma entre Walesa e Lula mostrou que suas visões políticas eram bastante diferentes. Walesa defendia o pluralismo na política enquanto Lula defendia a união dos sindicatos em uma única entidade. O PT surgiu rejeitando tanto as tradicionais lideranças do sindicalismo oficial, como também procurando colocar em prática nova forma de trabalhismo, recusando modelos em decadência, como o soviético e o chinês. Significou a confluência do sindicalismo basista com a intelectualidade de esquerda anti-stalinistas.

O manifesto de fundação foi lançado no dia 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion em São Paulo, e publicado no Diário Oficial da União em 21 de outubro daquele mesmo ano. Mais tarde, foi oficialmente reconhecido como partido político pelo Tribunal Superior de Justiça Eleitoral no dia 11 de fevereiro de 1982. A ficha de filiação número um foi assinada por Apolônio de Carvalho, seguido pelo crítico de arte Mário Pedrosa, pelo crítico literário Antonio Candido e pelo historiador e jornalista Sérgio Buarque de Hollanda. Com a ascensão para a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 vencendo o segundo turno das eleições gerais de 2002 e com a posse em janeiro de 2003, aglutinaram-se vários partidos políticos, dentre eles o Partido Popular Socialista, Partido Socialista Brasileiro, Partido Democrático Trabalhista, e outros como base de sustentação. Com a continuidade das políticas econômicas do Governo do FHC e com as denúncias de corrupção, adveio uma crise política que ocasionou a cisão do Partido dos Trabalhadores em Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em 2004. Havendo após este período as críticas da esquerda ao Governo do Presidente Lula e o reconhecimento público do Partido dos Trabalhadores como um partido reformista de centro-esquerda. Em 2006 com as eleições gerais, foi reafirmado o projeto petista de Brasil, havendo o desenvolvimento do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC.  Neste governo ocorreu o escândalo conhecido como o mensalão, que teve como protagonistas alguns integrantes do governo do então presidente Lula, membros do Partido dos Trabalhadores (PT), Popular Socialista (PPS), Trabalhista Brasileiro (PTB), República (PR), Socialista Brasileiro (PSB), Republicano Progressista (PRP), e Partido Progressista (PP).

            A mistagogia origina-se com sacerdote grego, que servia o propósito da iniciação nos mistérios da religião, ensinando as cerimônias e os ritos de passagem. Fora da esfera grega, o mistagogo pode representar qualquer pessoa que inicia outros em crenças místicas, que adquira conhecimento dos mistérios sagrados. A compreensão social do conceito de mistagogia pressupõe o conhecimento do conceito cristão de mistério. A categoria mistério tem precedentes nos cultos pagãos da cultura helenística, mas a eficácia simbólica utilitária pelos cristãos é mais facilitada pela tradução bíblica reconhecida como a Septuaginta. Seu reconhecimento ocorre pelos setenta e dois rabinos que trabalharam nela e, segundo a tradição, teriam completado a tradução em 72 dias, e pela apocalíptica judaica. Pode-se fazer a seguinte síntese do uso do termo: um mistagogo é potencialmente o responsável por liderar um iniciado nos ensinamentos e rituais secretos do culto. O iniciado estaria vendado e o mistagogo deveria com a sua sabedoria poder guiá-lo até o local sagrado. O termo mistagogia encerra vários significados, mas inicialmente desenvolve-se em seu ersatz, como ocorre com os Padres do 4° século que faziam teologia. Tratava-se, nesse contexto patrístico, de aplicar a tipologia triádica mítico-bíblica baseada no batismo-crisma-eucaristia, ou a teologia do mistério, à catequese sobre os sacramentos da iniciação cristã singularizada. 

         A mistagogia está sendo redescoberta ou recidivada. O método mistagógico usado pelos Santos Padres volta a ser estudado, não para aplicá-lo tal qual, mas para servir de inspiração e modelo à formação cristã, principalmente na teologia litúrgico-sacramental. Ponto de referência desse tipo de formação é a ação litúrgica e a experiência que nos proporciona um contato vivo e pessoal com o mistério da fé. Para tanto o espaço da celebração é de suma importância para se fazer essa experiência. O mistério, para os cristãos, manifesta-se na pessoa de Jesus Cristo, principalmente na sua doação total da paixão, morte e ressurreição. Jesus Cristo é o lugar, o espaço onde é encontrada a presença e salvação de Deus. Ele é o verdadeiro templo da nova aliança. Nele se baseia toda a mistagogia do espaço. O espaço litúrgico revela o Cristo ressuscitado, glorioso em sua totalidade: cabeça e membros. Os templos são lugares da memória do mistério de Cristo e do seu corpo que é a Igreja. A ação ritual que se desenvolve tem como finalidade aprofundar a comunhão pessoal, interior, espiritual, em Jesus Cristo, com o Pai e o Espírito Santo, e levar as pessoas à experiência do mistério escondido no coração da realidade individual (sonho) e social (mito, rito) de cada fiel, para poder viver o discipulado e a missão. Simultaneamente na assembleia cristã e em cada batizado, como novo templo de Deus, construídos de pedras vivas, é oferecido o culto em Espírito e em verdade. No espaço sagrado, faz-se experiência da aliança com Deus, o povo fiel se constitui como Igreja de Cristo e recebe o Espírito Santo.

        A palavra igreja, ecclesia, a representação “casa de Deus” tem diversos significados nos livros Sagradas Escrituras, onde os cristãos se reúnem para cumprir seus deveres religiosos. O templo de Jerusalém era a casa de Deus e a casa de oração. O edifício dedicado pelos cristãos ao culto de Cristo, que os sacerdotes gregos chamavam Kyriaké (“a casa do senhor”), e, na língua inglesa veio mais tarde a se chamar Kirk e church. Em Roma, essa assembleia denominada Concio é aquela que falava Ecclesiastes e Concionator. No Novo Testamento, uma igreja é um grupo de cristãos que seguem a Cristo. A palavra pode ser usada para falar de todos aqueles que servem ao Senhor, não importa onde estejam (cf. Hebreus 12: 22-23). É frequentemente usada para descrever grupos locais de discípulos que se encontram para adorarem, para edificarem uns aos outros e para proclamarem o evangelho de Jesus. É neste sentido que lemos sobre a igreja em Antioquia da Síria (Atos 13:1), sobre as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (Atos 14: 21-23), sobre a igreja em Éfeso (Atos 20: 17), a igreja em Corinto (1 Coríntios 1:1; 2 Coríntios 1:1), as igrejas na região da Galácia (cf. Gálatas 1:2) e a igreja dos tessalonicenses. É neste ambiente de culto de igrejas que encontramos homens escolhidos para supervisionar e guiar. Os sistemas de denominações, de ligas internacionais e de hierarquias que ligam e governam milhares de igrejas locais, são invenções do homem. Não há modelo bíblico de tais arranjos.

          Pastor ou Ministro do Evangelho são os títulos atribuídos ao ministro religioso no Cristianismo, em sua maioria no Protestantismo. Dependendo da posição social e da denominação, o ministro religioso pode ser chamado de pastor, reverendo, missionário, bispo, diácono, embora em algumas igrejas essa posição não seja de ministro, ancião e, recentemente, apóstolo. O rito de investidura do pastor é chamado ordenação ou consagração. De acordo com o apóstolo Paulo, uma Igreja Local poderia ser dirigida por uma equipe de pastores. Dependendo do ramo da Igreja, a função do pastor é desempenhada pelo presbítero ou bispo. Há situações no Novo Testamento onde esses termos parecem ser sinônimos. Nos países de língua inglesa é normal referir-se aos párocos católicos romanos como pastor. No geral, é dever do pastor dirigir a Igreja Local e cuidar de suas necessidades espirituais. Em Atos 20:28-31, estão discriminadas na religião, algumas atribuições específicas do pastor, tais como: apascentar a Igreja, refutar heresias doutrinárias e exercer vigilância contra pretensos opositores. A figura do pastor é primordial para que a Igreja alcance propósitos, devendo ele como modelo o próprio Jesus Cristo, qualificado como “o Bom Pastor”.  Em sua primeira epístola universal, o apóstolo Pedro identificou Jesus Cristo como sendo o “Sumo Pastor” da Igreja Cristã. 
          No Cristianismo evangélico, a formação de pastores ocorre em um instituto de teologia evangélica por um período de um ano (certificado) a quatro anos (licenciatura ou a mestrado) em teologia evangélica. A consagração pastoral é geralmente feita pela igreja local, que o coloca como o principal intérprete da Bíblia.  Pastores se quiserem podem se casar e ter filhos. A palavra “reacionário” é frequentemente usada no contexto do espectro político de esquerda e direita, e é uma tradição na política da Direita (política). No uso popular, é comumente usada para se referir a uma posição altamente tradicional, oposta à mudança social ou política. No entanto, de acordo com o teórico político Mark Lilla, um reacionário anseia por derrubar uma condição atual de percebida decadência e recuperar um passado idealizado. Tais indivíduos e políticas reacionárias favorecem transformação social, em contraste às pessoas ou políticas conservadoras que buscam mudanças incrementais ou preservação da política existente. Em ciência política, reacionário pode ser definido como uma pessoa ou entidade com opiniões políticas que favorecem o retorno a um estado político anterior da sociedade, como adjetivo, a palavra reacionário descreve pontos de vista e políticas destinadas a restaurar um status quo do passado. Um reacionário é literalmente alguém que reage contra algum desenvolvimento ou mudança, ou se opõe a propostas de mudança na sociedade, o termo é normalmente utilizado em associação ou mesmo no lugar de conservador, embora isso seja relativo.

As ideologias reacionárias também podem ser radicais, no sentido de extremismo político, a serviço do restabelecimento das condições passadas. No discurso político, ser reacionário é geralmente considerado negativo; Peter King observou que é "um rótulo rejeitado, usado como uma provocação e não como um distintivo de honra".[6] Apesar disso, o descritor “reacionário político” foi adotado por escritores como o monarquista austríaco Erik von Kuehnelt-Leddihn, o jornalista escocês Gerald Warner do Craigenmaddie, o teólogo político colombiano Nicolás Gómez Dávila e o historiador americano John Lukacs. O sentido histórico do termo "reacionário" refere-se àquele que se contrapõe ao presente, e consequentemente às mudanças revolucionárias, sociais e políticas. Nesse sentido, entende-se como reação o conjunto de forças que atuam no sentido de retorno ao estado anterior. O reacionário é gêmeo do revolucionário.

O termo foi empregado pela primeira vez no contexto da Revolução Francesa (1789-1799) no sentido de que reacionários eram os que reagiam contra as mudanças iniciadas pela Revolução e pretendiam um retorno ao Antigo Regime. No Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels afirmam que as classes médias pequenos comerciantes, pequenos fabricantes, artesãos, camponeses - combatem a burguesia porque esta compromete sua existência como classes médias. Não são, pois, revolucionárias, mas conservadoras; mais ainda, reacionárias, pois pretendem fazer girar para trás a roda da história. Nesse sentido, as religiões são, às vezes, qualificadas como reacionárias. Isto decorre, em parte, da oposição a filósofos religiosos como Louis de Bonald, Joseph de Maistre e François-René de Chateaubriand, e em parte do que Karl Popper chamou de crença progressista (identificada como historicista) no caráter manifesto da verdade que não conduz à construção do conhecimento, mas à procura dos obstáculos à manifestação da verdade. Ao se identificar a religião como geradora de preconceitos, procura-se abolir a religião. Analisar, afastar esse emaranhado de forças e tendências conflitantes e conseguir penetração em suas raízes, atingindo as forças de impulsão universal e as leis de transformação social — essa a tarefa das Ciências Sociais, tal como a vê o historicismo.

         O Partido Social Cristão tem como representação o símbolo cristão (peixe) e obteve registro em 29 de março de 1990. No mesmo ano, elegeu o governador de Alagoas, Geraldo Bulhões. Usa o Ichthys como simbologia, ou peixe de Jesus, como idealização de um acrônimo, utilizado pelos cristãos primitivos, da expressão Iēsous Christos Theou Yios Sōtēr, que significa Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador. Tradicionalmente é utilizado para proclamar uma afinidade eletiva com o Cristianismo, e é algumas vezes objeto de piadas ou sátiras, especialmente quando é utilizado em automóveis em forma de adesivos plásticos. Enquanto o símbolo ichthys, comparativamente data do milênio passado, suas versões satíricas reconhecidas são de origem recente. Eis alguns exemplos famosos dessas adaptações. Um estudioso retórico, Thomas Lessl, realizou uma pesquisa por questionário dos usuários do peixe de Darwin. Com base em suas respostas, ele interpreta o símbolo como uma paródia científica que é em parte uma zombaria e parte é uma imitação. Enquanto os usuários frequentemente explicam o símbolo como uma repreensão contra o criacionismo, Lessl sugere que o emblema representa uma metáfora para o sentido do progresso cultural.
           O peixe de Darwin levou à concorrência entre adesivos. Um desenho foi feito com um dos peixes de Jesus comendo o peixe de Darwin. Às vezes, o peixe maior contém letras que soletram a palavra truth (verdade). Um outro desenho demonstra dois peixes, um com as pernas marcadas Eu evoluí, o outro sem pernas rotulado com Você não. Outra variante tem um peixe de Darwin levando na boca pelo rabo, um peixe de Jesus menor, morto.  Outras variantes representam uma evolução ou peixe de Darwin engolindo ΙΧΘΥΣ, peixe de Jesus ou o peixe verdade; outra talvez contemporânea versão tem um peixe escrito (ciência) engolindo um peixe escrito (mito), constituindo uma etapa da história do cristianismo de aproximadamente três séculos (I, II, III e parte do IV), que se inicia após a Ressurreição de Jesus (30 d.C.)  e termina em 325 com a celebração do Primeiro Concílio de Niceia. É tipicamente dividido em Era Apostólica e o Período Ante-Niceno, ou seja, desde a Era Apostólica até Niceia. A mensagem inicial do Evangelho foi espalhada oralmente, provavelmente em aramaico. Os livros do Novo Testamento Atos dos Apóstolos e Epístola aos Gálatas registam que a comunidade da igreja cristã foi centrada em Jerusalém e tinha entre seus líderes Pedro, Tiago, João, e os apóstolos
            O deputado-pastor Marco Feliciano (PSC-SP) justificou seu voto dado nesta quarta-feira (3) a favor do relatório apresentado para que o processo de denúncia contra o presidente da República Michel Temer fosse arquivado enquanto estivesse no poder. Instigado pela repercussão negativa nas mídias sociais, em uma publicação feita em sua página no Facebook, Feliciano elencou nove motivos pelos quais foi contra o voto, aproveitando para dizer: “Chorem mais viúvas do PT”. Feliciano acredita que seu voto foi de “de um corajoso e conservador”. Para ele “o que diferencia um político de um estadista é que o 1º sacrifica o futuro pelo aplauso do momento, o 2º sacrifica o momento pelo futuro!”. Maior parte dos políticos da bancada evangélica votou a favor de Michel Temer. Além de Feliciano, estão nomes como Marcelo Aguiar (DEM-SP), João Campos (PRB-GO) e o presidente Takayama (PSC-PR), que representa o bloco. Entre os nomes contra, constam o empresário Arolde de Oliveira (PSC-RJ), o cantor e compositor Lázaro (PSC-BA), Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), seu pai Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, se absteve do processo. De acordo com o Estadão, a maior parte da bancada votaria a favor de Michel Temer (PSDB) em troca de apoios políticos em alguns projetos, como o Estatuto do Nascituro, que prevê sanções mais duras à prática de aborto no Brasil. O documento Estatuto do Nascituro é um Projeto de Lei brasileiro que visa garantir proteção integral ao nascituro. 

          Foi proposto pelos deputados Osmânio Pereira e Elimar Máximo Damasceno em 2005. O projeto também visava proibir a pesquisa com células tronco embrionárias no país. O projeto foi arquivado em 31 de janeiro de 2007. No entanto, está tramitando outro projeto de lei semelhante: o P.L. 478/2007. Tais projetos de lei têm sido alvo de muitas discussões e críticas por possibilitar a interpretação da proibição do aborto em qualquer situação, pois considera que a vida humana surge desde a concepção, conforme definição do Art. 3º desse Projeto de Lei (478/2007), constituindo, assim, uma incompatibilidade com os direitos já estabelecidos no Artigo 128 do CP. Para elucidar tal discordância, foi adicionado ao caput do Artigo 13 do PL 478/2007, na provável data de 19/05/2010, a seguinte expressão: “ressalvados o disposto no Art. 128 do Código Penal Brasileiro”. Os grupos contrários ao projeto afirmam que ele dificultaria o acesso das mulheres aos serviços de aborto previsto em lei - nos casos de risco de vida à gestante, de estupro e de gravidez de feto anencéfalo - e representaria um forte retrocesso em direitos fundamentais das mulheres, por desconsiderar a mulher como portadora de direitos sobre si mesma, atentar contra a liberdade de expressão, criminalizando as pessoas que defendem a legalização do aborto, condenar o uso da pílula do dia seguinte e o processo de desenvolvimento social sobre as pesquisas com células-tronco.
      Os símbolos permitem que um ator compreenda uma pessoa que conhece, a qualquer tempo, mediante uma comparação entre tipos de conduta e de aparência, com base em experiências prévias de como se comportam outras pessoas. Se um indivíduo é totalmente desconhecido, os observadores podem obter, a partir de sua conduta social e aparência, indicações que lhes permitam utilizar uma experiência anterior, que tenha tido com indivíduos aproximadamente parecidos, e aplicar-lhes “estereótipos não comprovados”. A informação a respeito do indivíduo serve para definir a situação, tornando os outros capazes de conhecer o que deles se pode esperar. Assim informados, saberão qual a melhor maneira de agir para dele obter uma resposta desejada e, além disso, para dirigir inteligentemente sua própria atividade. As máscaras sociologicamente para Erving Goffman, constituem uma ferramenta expressiva padrão. Elas são compostas através de três características: a)por uma ambientação, b) uma aparência e c) por modelos. Como os modelos se constroem mediante a ambientação e a aparências, os signos e o status social desempenham um papel decisivo. 
         Ao que parece o ator social, queira ou não, está orientado de acordo com um conjunto de restrições culturais. Podemos citar também um processo social identificado por Erving Goffman de institucionalização das máscaras, que seriam “expectativas abstratas e estereotipadas” sobre um papel específico. A máscara se converteria então, em uma “representação coletiva” uma vez que estas são construídas em “performances” individuais que não são mais do que a forma ou expressão dessas representações coletivas individualizadas e personalizadas com as características de cada indivíduo. Quando, por exemplo, um ator social adentra um grupo social específico, encontra correspondente a ele, a fixação de uma máscara particular. Ele chega a sugerir o caráter abstrato e geral das máscaras sociais e as converte em veículos ideais no processo de socialização. Através das máscaras sociais a atuação é “modelada e adaptada à compreensão e as expectativas da sociedade na qual se apresenta”.   
              Metodologicamente Erving Goffman tem sido considerado “o sociólogo norte-americano mais influente do século XX”. Listado em 2007 pelo “The Times Higher Education Guide” como o sexto autor nas ciências humanas e sociais mais citados, atrás apenas de Anthony Giddens e à frente de Jürgen Habermas, e, institucionalmente representando o 73º lugar de presidente da “American Sociological Association”, fundada em 1905, com a denominação de “Sociedade Americana de Sociologia” presidida em 2014 por Annette Lareau. Sua contribuição reconhecida  na sociologia e  como constructo para a teoria social refere-se ao conceito de “interação simbólica”, desenvolvido com a análise dramatúrgica, em seu livro de 1959, “A Representação do Eu”. Outras obras importantes de Goffman incluem “Manicômios, Prisões e Conventos” (1961), “Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada” (1963), “Interaction Ritual” (1967), “Frame Analysis” (1974), e “Forms of Talk” (1981). Seus principais “survey’s” incluíram a sociologia da vida cotidiana, a interação social, a construção social do eu, organização social da experiência, e elementos endógenos da vida social, denominados como “instituições totais” e “estigmas”.            
      Fez avanços substanciais no estudo da interação “face-a-face”, elaborou a “abordagem dramatúrgica”, a interação humana, e desenvolveu inúmeros conceitos que tiveram uma grande influência, particularmente no campo da microssociologia da vida cotidiana. Muitas de suas obras tratam da organização do comportamento cotidiano, um conceito que ele chamou de “ordem da interação”. Ele contribuiu para o conceito sociológico de “enquadramento” (“frame analysis”), a teoria do jogo (o conceito de interação estratégica), e para o estudo das interações e linguística. Com relação a este último, argumentou que a atividade de falar deve ser vista como um bem social, em vez de uma construção linguística. A partir de uma perspectiva metodológica, Goffman muitas vezes emprega abordagens qualitativas, a mais famosa em seu estudo sobre os aspectos sociais da doença mental, em particular o funcionamento das “instituições totais”, comparativamente como se torna um clássico na interpretação de Jack Nicholson, no filme: “O Estranho no Ninho” (1965). É frequente afirmar que se a psiquiatria não existisse, o cinema a teria inventado. Mas coincidem ambas em suas criações. No cinema, em sua progênie surge uma imagem da psiquiatria com métodos de tratamento, nosologia, teorias e profissionais próprios, podendo estar bem longe da realidade da profissão. A psiquiatria têm pontos em comum em relação a seus interesses e em suas trajetórias históricas. As duas áreas tratam do comportamento, e de período de aceitação e popularidade, se tornaram influências culturais que interagem num espaço da modernidade em constante modificação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a faixa presidencial, ao lado de sua mulher Marisa Letícia, o presidente Fernando Henrique Cardoso e dona Ruth Cardoso e José Alencar Gomes da Silva no Parlatório do Palácio do Planalto.

       
         Marco Antônio Feliciano é um pastor da Catedral do Avivamento, uma igreja neopentecostal ligada à Assembleia de Deus e deputado federal brasileiro. Eleito pelo Partido Social Cristão (PSC-SP) em 2010 com 212 mil votos foi o segundo político evangélico com maior número de votos no país e o 12° entre os 70 deputados eleitos pelo estado de São Paulo. Foi eleito, mormente presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados do Brasil, cargo que exerceu durante o ano de 2013, o que gerou controvérsia pelas diversas declarações polêmicas, principalmente em relação a temas como direitos civis dos grupos relacionados ao homoerotismo e direito ao aborto. Fora um dos únicos dez deputados que votou em plenário contra a cassação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cosentino da Cunha, economista, radialista e político filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Exerceu o cargo de deputado federal entre fevereiro de 2003 e setembro de 2016, quando teve o mandato cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados. Foi presidente dessa Casa de 1º de fevereiro de 2015 até renunciar ao cargo no dia 7 de julho de 2016. Evangélico, é atualmente membro da igreja Assembleia de Deus, Ministério de Madureira com sede no Rio de Janeiro e presidida pelo bispo Manoel Ferreira. Seus principais templos da Assembleia de Deus Madureira estão nas cidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.
        É influenciado pelo personalismo associado ao humanismo e não ligado a partido político, idealizado por Emmanuel Mounier, após a crise de 1929 da Europa e divulgado pela revista “Esprit”, com a intenção de “identificar a verdade em toda a circunstância”. Ele acreditava que o problema das estruturas sociais era econômico e moral, e a saída para isso era a teorização e a construção de uma “comunidade de pessoas”. O personalismo é uma filosofia que tem como ênfase conduzir o homem para sua realização como representação social de sua pessoa. Tendo esse pensamento como princípio ideológico, o sujeito que se percebe como pessoa, percebe a importância de sua pessoalidade e se desperta para ação vocacional dando lugar a expectativas pessoalizadas. O personalismo foi adaptado pela Democracia Cristã (DC), e influenciou positivamente o Papa João Paulo II e, consequentemente, muitos católicos. Na visão personalista, ser completo como pessoa é levar a sério suas necessidades pessoais satisfeitas, percebidas e trabalhadas na congregação. Levando isso a sério, a filosofia personalista, destacando o valor da pessoa, em detrimento do indivíduo, coloca a questão pessoal sobre as demais questões, por entender que as questões importantes da existência estão contidas nas pessoas. Ipso facto, nada, deve diminuir o valor e a primazia de uma existência personalista.
              A história do Partido Social Cristão teve início em 1970, com a criação do  Partido Democrático Republicano (PDR). Em 1985, com a redemocratização política, Vítor Nósseis deu continuidade ao trabalho de manutenção da sigla, com a fundação do PSC. Em 1989, aliou-se ao PST, PTR e PRN, essa coligação denominada “Brasil Novo” levou à vitória Fernando Collor nas eleições presidenciais. Em fevereiro de 1989, quando da filiação de Fernando Collor de Melo, foi rebatizado com o nome de Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Só obteve registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 1990. A denominação “social-cristão” vem da crença dos partidários de que o Cristianismo representa mais do que uma religião, é um estado de espírito que não segrega e não exclui, além de servir de base para que as pessoas tomem decisões de forma racional, e partindo deste pressuposto, declara-se contrário ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. O partido demonstra repúdio ao marxismo, sua interpretação analítica sobre as relações de classe e conflito social, porque utiliza uma interpretação materialista e uma visão dialética de transformação social.
            O marxismo engloba uma teoria econômica, uma teoria sociológica, um método filosófico e uma visão revolucionária radical de mudança social. Além disso, confunde o marxismo de Marx, com ideologias similares historicamente anticomunistas. O desentendimento com o presidente nacional do PSC e candidato a presidência pelo partido em 2014, Pastor Everaldo, chegou ao limite quando partido firmou aliança com o PCdoB no Maranhão. Marx fustigou as posições direitistas dos cristãos: tanto dos católicos quanto dos protestantes. Marx tinha uma perspectiva filosófica materialista e considerava a perspectiva da religião alienada. A religião era o “ópio para o povo”; era “o sol ilusório em tono do qual gira o homem, enquanto não gira em torno de si mesmo”; era a consciência e o sentimento do homem que “ainda não se encontrou ou então já tornou a se perder”. Era também “o suspiro da criatura esmagada, o coração de um mundo sem coração, o espírito de um estado de coisas carente de espírito”.
            Vale lembrar que a nação é um produto cultural, político e social que surge na Europa a partir do fim do século XVIII e que se constitui efetivamente em uma comunidade política imaginada. Nesse processo de construção histórica, a relação entre o velho e o novo, o passado e o presente, a tradição e a modernidade é uma constante e se reveste de importância fundamental, pois, a nação é uma comunidade de sentimento que normalmente tende a produzir um Estado próprio, é preciso invocar antigas tradições (reais ou inventadas) como fundamento “natural” da identidade nacional que está sendo criada. Isso tende a obscurecer o caráter histórico e relativamente recente dos estados nacionais que também se empenha em demarcar suas fronteiras culturais, estabelecendo o que faz e o que não faz parte da nação. Através desse processo social se constrói uma identidade nacional que procura dar uma imagem à comunidade abrangida por ela. Nesse sentido o processo de consolidação dos Estados-nações é extremamente recente. Mesmo em sociedades que aparentemente parecem ser bem integradas.               
          Dos tempos de Marx para cá, muita água passou por baixo das pontes. As ideias de Marx seguiram caminhos mais variados e surpreendentes do que o próprio Marx poderia ter imaginado: caminhos que vão desde a revolução e contrarrevolução na União Soviética até a China, passando pela Romênia, pela Iugoslávia, pela Coreia do Norte, pelo Cambodja, por Cuba, pela República Democrática Alemã, por Moçambique, pela Bulgária, pela Hungria, pela Albânia, pelo Vietnam e pela Polônia. Ora, se entendemos que o marxismo como ideologia não tem dono, com maior razão se pode dizer o mesmo do socialismo, que é um conceito mais amplo que o marxismo, porque pode haver socialismo que não seja marxista, mas não pode haver marxismo que não seja socialista. Seria, portanto, grotesco se os marxistas pretendessem ter o monopólio do socialismo e se negassem a reconhecer que o socialismo é de quem o fizer. Ou, como admite radicalmente, o filósofo Carlos Nelson Coutinho: “Sem democracia não há socialismo, sem socialismo não há democracia”, pois igualdade social sem liberdade não corresponde ao ideário e à utopia dos revolucionários socialistas.
             Nas sociedades modernas, complexas, a classe operária precisa travar uma luta política prolongada, que depende da sua capacidade de mobilizar aliados, somar forças, ocupar-manter-e-ampliar todos os espaços democráticos que o movimento de massas consegue abrir no interior do capitalismo globalizado. Por isso, peremptoriamente, para avançar através da democracia na direção do socialismo, a classe operária precisa ter uma visão pluralista. Desgraçadamente os marxistas sectários não se sentem seguros quanto à capacidade deles de conquistarem para o marxismo, no dia a dia, na prática consequente da democracia, a hegemonia na vanguarda das lutas de massas: por isso, procuram garantir antecipadamente a hegemonia para eles, recorrendo a procedimentos meramente “golpistas” e causando estragos no pluralismo. Não compreenderam, ainda, que qualquer prejuízo sério causado à democracia acarreta grandes danos também à luta pela manutenção do socialismo. Enfim, na história do marxismo, tão rica e tão dramática, nenhum pensador contribuiu tanto quanto Antônio Gramsci para a superação do estado de espírito triunfalista, fértil para o plantio de ilusões, e bastante frequente entre revolucionários, que não hesitam em manipular o comportamento dos outros, em nome dos superiores interesses da “revolução”, do “progresso” ou do “socialismo”.
             Mas há casos em que uma mesma sociedade é representada como se fosse de fato dividido em duas grandes regiões antagônicas o que é recorrente para o Brasil. O personalismo moderno, presente no Brasil do séc. XXI se caracteriza pelo culto dos feitos políticos, do caráter, da trajetória pessoal acima dos valores partidários e desprendidos de lealdades partidárias. O personalismo tem como seu aliado os meios de comunicação hegemônicos de massa que projetam socialmente indivíduos, mais do que o processo de formação ideológica dos partidos. Para alguns autores o personalismo político e a infidelidade partidária enfraquecem os partidos políticos e por consequência podem comprometer o processo de estabilidade democrática. O personalismo individual ou coletivamente, somado a outras práticas históricas do Estado patrimonial são obstáculos para o amadurecimento democrático do Brasil, das suas instituições, dos partidos políticos e do eleitorado.
          A aprovação de emenda ao projeto de Lei de Reforma Política que trata da criação de uma “janela” para assegurar mudança de partidos políticos está gerando mais um casuísmo político. Entretanto, diante desse cenário é inevitável o surgimento de novas questões políticas, com a proximidade do pleito de 2018, pois casuísmo político não pode significar simplesmente a aceitação passiva de ideias ou de doutrinas, com sua recorrência histórica no século XIX. É algo que muitos de nós estenderíamos às áreas como políticas e religião e tem sido usada com frequência em relação ao próprio campo científico. Alguns deputados estaduais e federais têm interesse em mudar de legenda, mas aguardam votação no Congresso Nacional. Chamada de “janela da infidelidade”, a medida permite a parlamentares o famoso “troca-troca de partido”, em determinado espaço de tempo, sem terem o mandato questionado. Parlamentares só poderão mudar de partido, sem risco de perder o mandato, se forem para legenda recém-criada, em caso de fusão de partido ou se for comprovado que o filiado sofreu perseguição política.
              A disciplina partidária está relacionada ao grau em que parlamentares de um partido seguem as diretrizes partidárias em seu comportamento no Legislativo.  Mais especificamente a questão ideológica é que muitos parlamentares não seguem a orientação partidária. Pois votando de forma individualista, mantém a individuação das referências, pensando apenas em seus interesses pessoais na esfera da política, e não nos do partido a que estão socialmente vinculados. Essa aparente ausência de disciplina teria suas raízes históricas na legislação eleitoral e partidária. Especialmente no sistema eleitoral proporcional de lista aberta, que permite aos eleitores votar em candidatos nominalmente e não só em partidos. O que faz com que as campanhas sejam individualizadas e que os parlamentares, depois de eleitos, se julguem donos de seus mandatos. Daí a propriedade moral de suas ideias se afastarem das diretrizes e normas do partido fazendo com que a ocasião cimente a ideia de representação política.
           No Brasil, uma vez eleitos, os políticos são pouco controlados pelos partidos.  Não que o controle das indicações seja meramente descentralizado, ele praticamente não existe, porque os deputados eleitos conquistam automaticamente o direito de concorrer nas próximas eleições, configurando-se a regra do “candidato nato”. Não há lei que impeça os deputados de trocarem de partido, ao contrário, a janela de infidelidade a ratifica. Essa prática já se tornou corriqueira na Câmara dos Deputados, e muitos parlamentares mudam de partido várias vezes durante uma mesma legislatura. Entre 1991 e 1994, deputados mudaram de partido 260 vezes, ou seja, mais que a metade dos 503 deputados. Como é sabido os chamados “partidos de aluguel” são os mais frágeis do mundo. Outra variável que afeta a escolha de uma estratégia individualista é a concordância do candidato com a formação de alianças nas eleições legislativas. Os votos de legenda dados a um partido coligado são somados aos votos recebidos pelo conjunto da aliança. E não somente aos votos recebidos pelos candidatos do partido.
            Independentemente de um partido ser reconhecido como de “esquerda” ou de “direita”, se estiver coligado a outros, seus candidatos terão bons motivos para desviar os votos da legenda para suas próprias candidaturas. Como os candidatos mais votados no conjunto da coligação é que ficam com as vagas, os representantes dos pequenos partidos tendem a dar menos importância à legenda referendada pela coligação. Se derem maior ênfase à sigla do partido do que aos seus próprios nomes, correrão o risco de não alcançar a soma de votos necessários para se elegerem. É normal, portanto, que um partido coligado busque e receba menos votos de legenda do que um partido que não participa de uma aliança. Por outro lado, candidatos ligados a partidos que não querem ou não conseguem formar uma aliança eleitoral podem tentam obter votos de legenda. Nesse caso, eles não podem se beneficiar indiretamente dos recursos dos parceiros maiores e talvez não disponham dos meios necessários para desenvolver campanhas individuais. Em consequência disso, uma estratégia eleitoral de curto prazo é promover a sigla, atraindo eleitores não ligados a redes de patronagem ou que estejam interessados em partidos de orientação programática. Há consenso sobre esse aspecto no diagnóstico da teoria política brasileira.
              Marco Feliciano é um dos deputados tem um dos perfis mais seguidos do país. Ele foi eleito em 2012 por medidores de popularidade em redes sociais digitais – como “Los 30 tuiteros” – o político mais influente já em seu primeiro mandato, à frente de presidenciáveis, senadores e governadores. O perfil de Feliciano no twitter representa  a rede social que mais recebe atualizações em seu cotidiano. Criado em 27 de abril de 2009, Feliciano enviou mais de 34. 172 tweets. Possui 289.823 seguidores e segue 88 perfis no momento de realização da pesquisa (cf. Silva, 2015). Feliciano ficou mais conhecido no Twitter através de uma polêmica com relação às declarações feitas por ele em pregações religiosas em igrejas e por meio de redes sociais, classificadas como racistas, homofóbicas e intolerantes do ponto de vista da formação de religioso. Uma das primeiras declarações do deputado chamando atenção ocorreu em 31 de março de 2011, quando o pastor de posse do cargo de deputado, ao nível ideológico gerou expressiva quantidade de reações e denúncias perturbadoras nas chamadas redes sociais, mas também apoios da parte de fiéis evangélicos, com significativa cobertura nos meios de comunicação massivos.
             A segunda declaração também foi postada quando o deputado resolveu responder a um grupo de usuários que questionavam suas afirmações, na mesma data, e também gerou novamente grande quantidade de reações pelas redes e cobertura midiática. “Intimidação” apareceu como terceira conduta mais utilizada, principalmente no que se refere ao indicador de “sugestão de ações punitivas” (14,12%). O deputado Marco Feliciano se mostrou bem crítico no que se refere à impunidade quando se trata de infrações aos Direitos Humanos e intimidando os contrários à sua linha de pensamento. Realizou críticas ao governo do Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual seu partido integra a base aliada, e a pensamentos de “esquerda”. Mas ao fim e ao cabo, como reacionário, não consegue discernir no âmbito das relações de trabalho e de poder a sua cumplicidade com o golpe de Estado de 2016. Este novo fato político, histórico e contraditório, não representa apenas a interrupção de um processo vitorioso constituído pelo Partido dos Trabalhadores, mas a secularização de uma luta que pela primeira vez na política, de fato coloca concretamente a hegemonia do trabalho no Brasil. 
Bibliografia geral consultada.
KONDER, Leandro, A Questão da Ideologia. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2002; GOUVÊA, Ricardo Quadros, O Lado Bom do Calvinismo. São Paulo: Fonte editorial, 2013; CARCARÁ, Thiago Anastácio, Discurso do Ódio no Brasil: Elementos de Ódio na Sociedade e Sua Compreensão Jurídica. São Paulo: Editor Lúmen Juris, 2014; CALVANI, Carlos Eduardo Brandão,  “Protestantismo liberal, ecumênico, revolucionário e pluralista no Brasil – um projeto que ainda não se extinguiu”. In: Horizonte - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, vol. 13, nº 40: 1896-1929; 2015; SILVA, Fernando Wisse Oliveira, Personalização da Representação Política: Um Estudo sobre as Estratégias de Comunicação dos Deputados Marco Feliciano e Jean Wyllys no Twitter. Dissertação de Mestrado em Comunicação. Programa de Pós-graduação em Comunicação Social.  Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2015; ALLAN, Nasser Ahmad, Deus, Diabo e Trabalho: Doutrina Social Católica, Anticomunismo e Cultura Jurídica Trabalhista Brasileira (1910-1945). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Direito. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2015; FAJARDO, Maxwell Pinheiro, “Onde a Luta se Travar”: A Expansão das Assembleias de Deus no Brasil (1946-1980). Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências e Letras. Assis: Universidade Estadual Paulista, 2015; ROSA, Wanderley Pereira da, Por uma Fé Encarnada: Teologia Social e Política no Protestantismo Brasileiro. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Teologia. Departamento de Teologia. Centro de Teologia e Ciências Humanas. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2015; DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian, A Nova Razão do Mundo: Ensaio sobre a Sociedade Neoliberal. São Paulo: Editora Boitempo, 2016; BRAGA, Claudia Soares da Silva, A Constituição Discursivo-Homofóbica da Instância-Sujeito Marco Feliciano. Dissertação de Mestrado em Estudos Linguísticos. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2016; ENGELBRECHT, Camila Wada, Discurso Político em Meios Digitais - Atores Políticos no Facebook: Jean Wyllys e Marco Feliciano. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Programa de Mestrado em Comunicação Social. Faculdade Cásper Líbero, 2016; Artigo: “Feliciano Justifica Voto a Favor de Temer: Contra o Partido dos Trabalhadores”. In: https://noticias.gospelprime.com.br/08/08/2017; ALMEIDA, Ronaldo, “Deuses do parlamento: os impedimentos de Dilma”. In: Conservadorismos, Fascismos e Fundamentalismos: Análises Conjunturais. Campinas: Editora da Unicamp, 2018; entre outros.