segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A Questão do Linchamento - Justiça & Conservadorismo sem Diálogo.


                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

É raro que o noticiário dê algum destaque a conquistas do povo brasileiro. José de Souza Martins

Etnograficamente o palito de fósforo fabricado é um artigo de consumo, curto, fino, feito de madeira, papelão, ou barbante encerado. Os palitos de fósforos feitos em papelão apareceram anos mais tarde e o responsável por esta invenção foi Joshua Pusey, um reconhecido advogado da Pensilvânia que fumava charutos. No processo de trabalho, estudado na teoria dialética do trabalho por Marx, desde sua fabricação apresentam oxidantes, enxofre e cola em uma das extremidades quando entra em atrito com a lixa. Na parte externa da caixa onde são guardados os palitos, nas laterais fabricadas com dextrina, fósforo e trissulfeto de antimônio II, ao riscar a lixa, no ato de fricção, se decompõe, arde nas baixas temperaturas e incendeia os demais produtos produzindo fogo. O elemento básico para fabricar palitos de fósforos foi descoberto acidentalmente pela experimentação em 1669 pelo alquimista alemão Henning Brand. Em uma de suas tentativas de transformar metais em ouro Brand descobriu o elemento fósforo significa em grego “o que traz luz”. Em 1680 o cientista britânico Robert Boyle, (1627-1691) foi um físico e químico irlandês, considerado um dos fundadores da Química, celebrizou-se como autor da Lei de Boyle, fórmula matemática que exprime como os gases se comportam sob condições normais de temperatura e pressão.

De modo relativamente independente, dois cientistas europeus, o físico e naturalista inglês Robert Boyle e o físico francês Edme Mariotte (1620-1684) realizaram experimentos de variação da pressão e do volume dos gases comparativamente com a temperatura constante. Esse tipo de transformação é denominado isotérmica, pois, do grego, iso significa “igual” e thermo significa “calor”, ou seja, “calor igual”. Eles observaram uma relação técnica e social concreta entre pressão e volume que foi quantificada e notaram que essa relação se repetia desta forma para todos os gases. Por isso, criou-se a Lei de Boyle, também conhecida como Lei de Boyle-Mariotte que diz o seguinte: - “Em um sistema fechado em que a temperatura é mantida constante, verifica-se que determinada massa de gás ocupa um volume inversamente proporcional a sua pressão”. Ipso facto, representa na história técnica da ciência um dos fundadores da química moderna, percebeu que uma chama era formada quando o fósforo era esfregado no enxofre. Robert Boyle acreditava tecnologicamente que a chama não era causada pela fricção, mas sim por algo inerente ao fósforo e ao enxofre. Ele tinha razão. Encontrara o princípio que conduziria a invenção do fósforo. Coube ao farmacêutico inglês John Walker produzir, em 1827, palitos de fósforo que podem ser considerados, apesar de seu tamanho, o precursor de fósforos. Palitos menores comercializados na Alemanha em 1832, eram perigosos: costumavam incendiar sozinhos dentro da própria embalagem.

Foi nos Estados Unidos da América que Alonzo D. Phillips de Springfield obteve, em 1836, uma patente para “fabricar fósforos de fricção” e os chamou “locofocos”, uma facção do Partido Democrata dos Estados Unidos da América que existia de 1835 até meados da década de 1840. Mas o perigo só foi constatado empiricamente e resolvido após a descoberta do fósforo vermelho, em 1845. Contudo, foi o sueco Carl Lundström que introduziu em 1855 fósforos seguros, chamados fósforos de segurança. Carl Ulf Sture Lundström é um empresário sueco. Carl Lundström é filho de Ulf Lundström e neto de Karl Edvard Lundström, fundador do maior produtor mundial de pão torrado, Wasabröd. Quando seu pai Ulf Lundström morreu em 1973, Carl Lundström era um dos cinco herdeiros de Wasabröd. Além do fósforo vermelho, seus ingredientes inflamáveis foram colocados em dois locais distintos: na cabeça do palito e do lado de fora da caixa, junto com o material abrasivo.   O Fósforo branco leva esse nome obviamente por ser branco. Possui fórmula molecular P 4, pois é constituído de pequenas moléculas com 4 átomos. É instável e quando se encontra em contato imediato com o oxigênio do ar entra em combustão, sendo por isso conservado dentro de recipientes com água. Por conta dessa propriedade, é usado em bombas incendiárias e granado luminoso. Tem cheiro de alho, é fosforescente e altamente tóxico. Se for aquecido, pode se transformar na sua variedade alotrópica: o fósforo vermelho. Fósforo branco é extremamente venenoso.

Uma dose de 50 mg pode ser fatal e muito inflamável. Em contato com a pele provoca queimaduras, como ocorreu com uma bomba de fumaça lançada em navio norte-americano durante a 1ª grande guerra, ou bombas de fósforo lançadas por Israel na faixa de gaza. O fósforo vermelho é mais estável, menos reativo. Não possui estrutura definida, porém cada grão de pó vermelho é formado por milhões de moléculas unidas, originando uma molécula de cadeia longa. É encontrado na superfície de atrito nas laterais das caixas de fósforo. Não se encontra nos palitos por segurança em atritar com outro na caixa e todos pegariam fogo. Caso estivesse no bolso, por exemplo, poderia causar uma fatalidade. Existem palitos que um simples atritar faz com que eles acendam, pois, o fósforo que está na cabeça do palito na forma de P. Um dos primeiros atos dos portugueses no Brasil em 1500 foi abater uma árvore para montar a cruz da primeira missa. Nesse gesto premonitório fez-se a primeira vítima da ocupação europeia da Mata Atlântica, que cobria boa parte do território brasileiro. Nos cinco séculos que se seguiram, cada novo ciclo econômico que envolve com uma alternância de períodos de crescimento relativamente rápido do produto, com períodos de relativa estagnação ou declínio de desenvolvimento do país, significou mais um passo na destruição de uma floresta de um milhão de quilômetros quadrados, hoje reduzida a vestígios. A manufatura de palitos de fósforo data de 1833, quando se inventou o método de aplicação do fósforo ao palito.

O conservadorismo é uma corrente de pensamento político surgida na Inglaterra, no final do século XVIII, através da atividade política do conservador Whig Edmund Burke, como uma reação à clássica Revolução Francesa cujas utopias sociais resultaram imediatas em instabilidade política; ipso facto crise social na França. O pensamento conservador expandiu-se pelo mundo principalmente após o período do terror jacobino, que, durante o auge da Revolução, causou a morte de 35 mil a 40 mil pessoas. O termo conservador denota a adesão de princípios e valores atemporais, que devem ser conservados a despeito de toda mudança histórica, quando mais não seja porque somente neles e por eles a História adquire uma forma inteligível. Por exemplo, a noção de uma ordem divina do cosmos ou a de uma natureza humana universal e permanente. O sacrifício ritual por certo é rizomático e resiliente nas sociedades contemporâneas. Mas na superfície e na dinâmica do problema como questão social e não meramente individual, estão os agentes sociais e os meios de comunicação de massa que constroem os estereótipos  da vítima linchada.  
No período histórico entre a Reforma e a Revolução Francesa, uma nova classe afirmou seus direitos a uma plena participação no controle do Estado. Em sua ascensão ao poder, derrubou as barreiras que, em todas as esferas da vida, exceto a eclesiástica, tinham feito do privilégio uma função de status e associado à ideia de direitos com a posse da terra. Para alcançar os seus propósitos a classe efetuou uma transformação fundamental nas relações legais entre os homens. O status foi substituído pelo contrato como alicerce jurídico da sociedade. A uniformidade da crença religiosa deu lugar a uma diversidade de credos em que até o ceticismo encontrou um direito à expressão. O vago império medieval da jus divinum e da jus naturale, cedeu lugar ao poder irresistível e concreto da soberania nacional. O controle da política por uma aristocracia cuja autoridade assentava na propriedade da terra passou a ser compartilhado com homens cuja influência derivava unicamente da propriedade de bens móveis.

         

Desde 1845, essa manufatura desenvolveu-se rapidamente na Inglaterra e, depois de se espalhar pelas partes densamente povoadas de Londres, expandiu-se principalmente para Manchester, Birmingham, Liverpol, Bristol, Norwich, Newcastle e Glasgow, levando consigo o tétano, que, já em 1845, um médico de Viena detectara como doença peculiar aos fosforeiros. A metade dos trabalhadores são crianças menores de 13 anos. Em virtude de sua insalubridade e repugnância, a manufatura é tão mal afamada que apenas a parte mais miserável da classe trabalhadora, como viúvas semifamélicas, etc., entrega seus filhos a essas fábricas: “crianças esfarrapadas, semifamélicas, totalmente desamparadas e sem instrução”. As formas de trabalho de indivíduos operam de modo planejado, ao lado dos outros e em conjunto, no mesmo processo global de produção ou em processos de produção diferentes, porém conexos, que segundo Marx, n`O Capital, chama-se sociologicamente cooperação. Assim como o poder ofensivo de um esquadrão de cavalaria ou o poder defensivo de um regimento de infantaria são essencialmente diferentes dos poderes ofensivos e defensivos de cada um dos cavaleiros ou soldados da infantaria tomados individualmente, também a soma total das forças mecânicas exercidas por trabalhadores isolados difere da força social gerada quando as mãos atuam simultaneamente na mesma operação indivisa, por exemplo, quando se trata de erguer um fardo, girar uma manivela, ou remover um obstáculo.

A tecnicidade, o pensamento, a locomoção e a mão aparecem interligadas num movimento ao qual o homem dá seu significado histórico, mas ao qual nenhum membro do mundo animal é completamente estranho. Sem libertação da mão não há gesto técnico prolongamento da mão - nem instrumento - órgão da máquina - nem objeto fabricado. Nesses casos o efeito social do trabalho combinado, ou não poderia em absoluto ser produzido pelo trabalho isolado, ou o poderia apenas em um período de tempo muito mais longo, ou em escala muito reduzida. Não se trata do aumento da capacidade de desempenho da força produtiva realizada por meio da técnica adquirida na cooperação, mas da criação da força produtiva que tem de ser por si mesma, uma força de massas. Os palitos de fósforos feitos em papelão apareceram anos mais tarde e o responsável por esta invenção foi Joshua Pusey, um conhecido advogado americano da Pensilvânia que amava fumar charutos. Um dia, Joshua foi convidado para jantar pelo prefeito da Filadélfia e ao se vestir, reparou que a caixa de fósforos que levava no bolso de seu colete era grande demais. Joshua Pusey levou adiante uma ideia e em 1889 patenteou fósforos de papelão, mas oito anos se passaram antes que alguém mostrasse interesse por seu invento. Fato que ocorreu em 1897, quando a Companhia de Ópera Mendelssohn o procurou. Eles queriam algo de diferente para divulgar a abertura da estação nova-iorquina. Joshua Pusey então utilizou fósforos de papel com o nome da companhia impresso.  

Os fósforos de papelão começaram a vender com incrível rapidez. Anos mais tarde, Joshua Pusey vendeu sua patente para a Diamond Match Company. Ipso facto, a Diamond Match Company tem suas raízes em várias empresas do século XIX. No início da década de 1850, Edward Tatnall, de Wilmington, Delaware, recebeu uma receita em inglês para fazer jogos por um conhecido de negócios, William R. Smith. O simples contato social provoca, na maior parte dos trabalhos produtivos, emulação e excitação particular dos espíritos vitais que elevam o rendimento dos trabalhadores individuais, fazendo com que uma dúzia de indivíduos forneça, na jornada de trabalho simultânea de 144 horas, um produto total muito maior do que doze trabalhadores isolados, ou cada um deles trabalhando 12 horas. Embora muitos indivíduos possam executar simultânea e conjuntamente a mesma tarefa, ou o mesmo tipo de trabalho de cada um, como parte do trabalho total, podem representar diferentes fases do próprio processo de trabalho, fases que o objeto de trabalho percorre com maior rapidez graças à cooperação. O objeto de trabalho percorre o mesmo espaço em menos tempo. A cooperação possibilita estender o lugar praticado espacial do trabalho, razão pela qual é exigida em certos processos devido á própria configuração espacial do objeto de trabalho, como na drenagem da terra, no represamento, na irrigação, na construção de canais, estradas, ferrovias etc.

O banqueiro, o mercador, o fabricante começaram substituindo o latifundiário, o eclesiástico e o guerreiro como os tipos de influência social predominante. A cidade, em sua infatigável paixão pela mudança, substituiu o trabalho no campo, com a sua aversão às inovações, como fonte primordial de legislação. Lenta mas irresistivelmente, a ciência substituiu a religião como fato dominante na modelação dos pensamentos dos homens. A ideia de uma idade de ouro, com sua ideia simultânea de “pecado original”, avançaram à doutrina de progresso, com a sua noção concomitante de perfectibilidade através da razão. Os conceitos de “iniciativa social” e “controle social” renderam-se aos de iniciativa individual e de controle individual. As novas condições materiais deram origem a novas relações sociais, e, em função destas, desenvolveu-se uma nova filosofia para permitir uma justificação racional do novo mundo que assim nascera. Essa nova filosofia foi o liberalismo, e o propósito de Harold Laski é descrevê-lo em linhas gerais, pois representa a história social por meio das quais ganhou forma e estruturou-se como uma doutrina seguramente coerente. Sua evolução, é claro, nunca foi direta e raramente apresentou-se consciente. A genealogia das ideias jamais se expande em linha reta.
A inserção e o poder organizado que a comunidade oferece como base da ação política são cruciais, embora sua coerência requeira sistemas de autoridade, um consenso e regras de pertinência democraticamente estruturadas. O propósito de nossa argumentação é abrir o debate em torno de duas questões: por que o conservadorismo floresce hoje? E como floresce? Pode-se dizer que estas questões implicam outra, a saber: floresce realmente? A resposta é uma boutade sobre os destinos das nações. No final da década de 1970, o liberalismo europeu atingiu o centro do sistema internacional com a eleição de Margareth Thatcher no Reino Unido (1979) e Ronald Reagan nos Estados Unidos (1980). Desse momento em diante, conjunturalmente, o liberalismo passou a tomar a cena global enquanto uma ideologia dominante e hegemônica, com a desregulamentação econômica de diferentes esferas da vida social, a redução maciça de impostos para os ricos, tornando-os mais ricos, a privatização de empresas estatais, a terceirização de empresas e do processo de trabalho, o livre comércio, as medidas de austeridade, o desmantelamento de serviços públicos, em particular a educação superior. Inversamente, elementos como as malditas regulamentações, impostos, programas estatais, atividades sindicais foram severamente bloqueadas reduzindo sua ação política. Não por acaso, já que as coincidências políticas não existem, a não ser como golpe ou farsa, a década de 1980 é reconhecida como a “década perdida” na América Latina. 
Entre 1980 e 2006, a riqueza financeira mundial, incluindo ações e debêntures, títulos de dívida privada e da pública e aplicações bancárias, cresceram mais de 14 vezes, enquanto o PIB mundial cresceu menos de cinco vezes. Trata-se, portanto, de um capital fictício - ou seja, não vinculado à esfera produtiva, no âmbito da produção e consumo - e que efetivamente acabou por comandar a economia como um todo.  Desde 1971, o governo dos Estados Unidos, durante a administração de Richard Nixon, cancelou unilateralmente os Acordos de Bretton Woods (1944), acabando com a conversibilidade do dólar norte-americano em ouro, embora a moeda se mantivesse como meio de pagamento internacional geral e hegemônica. As conferências de Bretton Woods, definindo o Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional, estabeleceram em julho de 1944 as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo. O sistema Bretton Woods foi o primeiro exemplo, na história mundial, de uma ordem monetária totalmente negociada, tendo como objetivo governar as relações monetárias entre Nações-Estado independentes.
Preparando-se para reconstruir o capitalismo mundial enquanto a 2ª guerra mundial ainda grassava, 730 delegados de todas as 44 nações aliadas encontraram-se no Mount Washington Hotel, em Bretton Woods, New Hampshire, para a Conferência monetária e financeira das Nações Unidas. Os delegados deliberaram e finalmente assinaram o Bretton Woods Agreement durante as primeiras três semanas de julho de 1944. O Acordo de Bretton Woods durou até 15 de agosto de 1971, quando os Estados Unidos, unilateralmente, acabou com a conversibilidade do dólar em ouro, o que efetivamente levou o sistema de Bretton Woods ao colapso e tornou o dólar uma moeda fiduciária. Essa decisão, referida como “Nixon Shock”, criou uma situação em que o dólar norte-americano se tornou moeda de reserva, usado por muitos Estados. Ao mesmo tempo, outras moedas, que até então eram fixas (como a libra esterlina, por exemplo), passaram a ser flutuantes. De fato, o dólar americano continua sendo a moeda constitutiva de mais de 70% das reservas internacionais. Quando dinheiro inconversível funciona como meio de pagamento internacional, abrem-se as portas para a chamada financeirização da economia, consideradas um campo de forças políticas entre nações potencialmente geradoras de crises. Em um contexto de globalização econômica, essas crises rapidamente se tornam sistêmicas, sobretudo quando atingem o coração do sistema, a exemplo da crise das hipotecas de alto risco, deflagrada em 2007-2008.
Neste sentido, John Maynard Keynes, em sua teoria geral do emprego, do juro e da moeda, entendeu que, para salvar o capitalismo de si mesmo, era preciso que o Estado o controlasse, através da regulação dos mercados - principalmente o mercado financeiro - e também de controlar os fluxos financeiros internacionais. É neste sentido é que transparece o véu da noiva. Poder de barganha significa no mercado o poder de troca; permuta. Mas barganhar que representa o ato de trocar pode definir na formação do nível de análise econômica de forma fraudulenta não um objeto por outro. Mas a força de uma pessoa (monopólio) ou grupo (oligopólio) ao discutir preços, colocando pressão e exigindo, por exemplo, “maior qualidade em menor preço”. Barganha tem origem na palavra “bargain”, que em sentido figurado pode ser sinônima de trapaça, porque pode representar uma transação fraudulenta. Enfim, poder de barganha segundo Michael Porter compõe dois dos fatores deste modelo. O poder de barganha dos compradores é uma das cinco forças, é a capacidade de barganha dos clientes para com as empresas do setor. Este “campo” tem a ver com o poder de decisão dos compradores sobre os atributos do produto. Principalmente quanto a preço e qualidade, quando os clientes exigem mais qualidade por um menor preço de bens e serviços, forçando os preços para baixo, aumentando o consumo e os concorrentes uns contra os outros.  
Assim, as economias de mercado mais desenvolvidas aceitaram a visão dos Estados Unidos de gerenciamento econômico internacional do pós-guerra, que foi concebido para criar e manter um sistema monetário internacional efetivo e encorajar a redução de barreiras ao comércio e ao fluxo de capital. O surgimento da hegemonia dos Estados Unidos da América. O gerenciamento econômico internacional baseava-se na potência dominante para dirigir o sistema. A concentração de poder facilitou o gerenciamento na medida em que reduziu o número de atores cujo acordo era necessário para o estabelecimento de regras, instituições e procedimentos e para levar a cabo o gerenciamento dentro dos sistemas em acordo. Esse líder foi os Estados Unidos da América. Como a potência com a economia e política mais avançadas do mundo, os EUA estavam claramente em uma posição ideal para assumir essa liderança. Na condição de maior potência mundial e uma das poucas nações não afetadas pela guerra, os EUA estavam em posição de ganhar mais do que qualquer outro país com a liberação do comércio mundial. Os EUA teriam com isso um mercado mundial para suas exportações, e teriam acesso irrestrito a matérias-primas vitais para sua sobrevivência.
Cerca de 7 (sete) milhões de pessoas que compõem o grupo dos 1% mais ricos do mundo ficaram com 82% de toda riqueza global gerada em 2017, demonstra um estudo divulgado pela Organização não-governamental (ONG) britânica Oxfam antes do Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, na Suíça.  A metade mais pobre da população mundial, por outro lado, não obteve nada do que foi gerado no ano passado. Esse grupo reúne 3,7 bilhões de pessoas, demonstra o Relatório: “Recompensem o Trabalho, Não a Riqueza”. Para fazer seus levantamentos, a ONG britânica de combate à pobreza usa dados sobre bilionários da revista “Forbes” e informações comparativas sobre riqueza em escala global de relatórios do banco Credit Suisse. Entre os mais ricos do mundo, há um grupo ainda mais VIP, formado apenas por bilionários. Segundo o estudo, o número de bilionários registrou o maior crescimento histórico. Entre março de 2016 e março de 2017, o mundo ganhou um novo bilionário a cada dois dias e o grupo somou 2.043 pessoas. A cada 10 deles, nove são homens, ao passo que, entre os mais pobres, a maioria é mulher. Em 2017 a riqueza da elite global aumentou em US$ 762 bilhões, quantia suficiente, segundo a Oxfam, para acabar com a pobreza extrema mais de sete vezes. Enquanto isso, a metade mais pobre da população mundial vive com renda diária entre US$ 2 a US$ 10. Enfim, de acordo com cálculos estatísticos da entidade britânica, dois terços da riqueza dos bilionários é oriundo de heranças, rendimentos vindos da atuação empresarial em setores monopolizados e de vantagens adquiridas por meio de relações de interações com os governos.
Historicamente no desenvolvimento do liberalismo participaram “bafejos de doutrinas” tão diversas em suas origens que é difícil a clareza e talvez inatingível a precisão. Para a evolução social do liberalismo foram de primordial importância às contribuições de homens que ignoraram os seus propósitos e frequentemente lhe eram hostis de Maquiavel a Calvino, de Lutero a Copérnico, de Henrique VIII a Tomas Moro, num século, de Richelieu e Luís XIV, de Hobbes e Jurieu, de Pascal e Bacon num outro. Os chamados “Descobrimentos”, a nova cosmologia, as invenções tecnológicas, uma metafísica renovada e secularizada e, sobretudo, as novas formas de vida e exploração econômica, tudo isso contribuiu para a formação das ideias propulsoras do liberalismo. Não teria se convertido naquilo que foi sem a decisiva revolução teológica, a que em teoria chamamos Reforma; e esta por seu turno, recebeu muito de seu caráter de tudo o que está implícito no renascimento do saber. Uma boa parte de seu caráter foi modelada pelo fato social do desmoronamento da respublica christiana medieval ter dividido a Europa numa congérie de distintos Estados soberanos poderosos cada um deles, com seus próprios problemas especiais a resolver e sua experiência singular a oferecer. 
Neste âmbito os homens bateram-se apaixonadamente para reter aqueles hábitos tradicionais em que seus privilégios estavam envolvidos; e o liberalismo representava, sobretudo, um desafio a interesses estabelecidos e sacramentados pelas tradições de meio milhar de anos. A mudança que efetuou foi, portanto, incomensurável - por qualquer padrão sociológico que usemos para aferi-la. Uma sociedade em que a posição social era habitualmente definida, o mercado predominantemente local, a instrução e a ciência mudavam de modo usualmente inconsciente e tomavam-se, habitualmente, causa de ressentimentos, em que os hábitos eram dominados por preceitos religiosos, de que poucos duvidavam, e nunca com êxito, em que havia pouca acumulação de capital e a produção era dominada pelas necessidades de um mercado para uso local, desintegrou-se lentamente. Com o triunfo da nova ordem, no século XIX, a Igreja já tinha dado origem ao Estado como árbitro institucional do destino humano! As reivindicações de nascimento sucederam-se as reivindicações de propriedade. O espírito inventivo fizera da mudança, em vez da estabilidade, sua característica suprema. Um mercado mundial surgia, em sua progênie chamada por Marx, global, e o capital acumulava-se numa escala em que a busca dos lucros afetou a vida e a fortuna de sociedades em que a civilização europeia não tivera, previamente, significado algum.                 
Se a instrução e a ciência ainda eram companheiras inseparáveis e prestimosas da propriedade, o seu significado, porém, era agora, sobretudo apreciado pelas classes sociais em formação da sociedade. Se os preceitos religiosos ainda eram levados em conta, o seu poder de domínio sobre os hábitos, entretanto, desaparecera até mesmo entre os seus devotos. No entanto, sob a liderança de Benjamin Disraeli moderniza-se, adotando os princípios democráticos e passando a realizar a defesa do Império como “bandeira”, contra a desconfiança dos liberais perante a expansão colonial. Disraeli, que concedeu o direito de voto aos operários urbanos, tentou dar um carácter social ao conservadorismo e torná-lo numa aliança entre a aristocracia e as chamadas classes populares. Nas primeiras décadas do século XX, os conservadores têm como referência esses princípios. Defesa da unidade do Império, oposição à autonomia irlandesa que levou liberal unionista como Joseph Chamberlain ao Partido Conservador. Uma politica comercial protecionista favorecendo o comércio com as colônias, etc., a que se junta também uma posição fortemente antissocialista à medida que o Partido Trabalhista e o movimento sindical vão ganhando força e espaço no âmbito da política global.

     Para a lucidez dos conservadores, as melhores instituições sociais e politicas não são aquelas que são inventadas pela razão humana, como fora defendido pelo chamado “racionalismo político”, mas as que resultam de um lento processo de crescimento e evolução ao longo do tempo, empiricamente como a não escrita constituição inglesa face às Constituições promulgadas pelos revolucionários franceses. Não acreditando na ideia de bondade natural do Homem, os conservadores consideram que são os constrangimentos introduzidos pelos hábitos e tradições que permitem o funcionamento das sociedades, pelo que qualquer regime duradouro e estável só poderá funcionar se assente nas tradições sociais. Assim, para os conservadores não faz sentido elaborar projetos universais de sociedade ideal - não só tal sociedade será inatingível devido ao que acreditem ser a imperfeição intrínseca da natureza humana. Mas, devido a diferentes povos terem diferentes histórias e tradições, o modelo social mais adequado a um povo não será o mais apropriado a outro - criticando os revolucionários franceses.
Metodologicamente, sabemos que o conservadorismo britânico deriva largamente de Edmund Burke principalmente em sua obra Reflections on the Revolution in France (1790),  onde este defende que as constituições não devem ser o produto da razão abstrata, comparativamente à França, mas de uma lenta evolução histórica (como a constituição inglesa), considerando a sociedade como sendo não apenas um contrato entre os vivos, “mas entre os vivos, os mortos e os que estão por nascer”. Contra a Liberdade proclamada pela Revolução como um absoluto, Burke faz a defesa das liberdades, das prerrogativas particulares e tradicionais dos diversos grupos sociais e regionais, que se equilibravam mutuamente na ordem pré-revolucionária. Ao contrário de Burke, outros parlamentares whigs, como Charles James Fox, tomaram o partido da Revolução Francesa, acabando as ideias das Reflexões por serem mais aceites entre os Tories. Durante o século XIX, o conservadorismo britânico, inspirado por pensadores como Samuel Coleridge, Thomas Carlyle, Henry Maine, etc. desenvolve-se como o partido da aristocracia tradicional, em volta de temas como a desconfiança em face da democracia, a defesa da Câmara dos Lordes e certamente a nostalgia pela Inglaterra pré-industrial.
A crise de representatividade das instituições públicas é sugerida como um dos principais fatores para que uma população rural ou urbana decida fazer justiçamento privado. A lacuna deixada pelo Estado leva à sensação de (in) segurança e faz com que os cidadãos se sintam responsáveis por restabelecer a ordem que julgam estar ameaçada. No entanto, a forma com que isso é feito acaba intensificando o ciclo de violência e descrédito em relação aos órgãos responsáveis pela proteção da comunidade. Os linchamentos, geralmente, são mais frequentes conjunturas de tensão social e econômica e, muitas vezes, têm sido vistos como uma forma encontrada por grupos dominantes para reprimir adversários. Este tipo de assassinato também resulta de preconceitos de longa data e práticas de discriminação que condicionaram as sociedades a aceitar esse tipo de violência como práticas normais de justiça popular. Linchamento, portanto, é uma forma cruel e pública de assassinato com o consentimento de uma ou mais pessoas, através do ódio ou vingança, cometido por uma multidão com o objetivo de punir um suposto transgressor ou para intimidar, controlar ou manipular um setor específico marginalizado da população. O fenômeno está relacionado a outros meios de controle social, mas tem a característica de se tornar um tipo de “espetáculo público”.


   Os linchamentos no Brasil ocorrem desde a Colônia, muito antes que a palavra “linchamento” surgisse na América inglesa no século XVIII, e antes que chegasse ao Brasil no século XIX, onde passou a ser utilisada no período posterior à Abolição da escravidão em 1888. A expressão vem de William Lynch, colono irlandês que executava negros, nos Estados Unidos, com as próprias mãos. Willie Lynch foi um proprietário de escravos no Caribe (Caraíbas) conhecido por manter os seus escravos disciplinados e submissos. Acredita-se que o termo “linchar” (to lynch, lynching: em inglês), se deriva do nome próprio dele. Enquanto que a maioria dos europeus se confrontava com problemas como os relativos às fugas e revoltas de escravos, Willie Lynch mantinha um controle e ordem absoluta sobre os seus serventes negros. Elas se tornam visíveis quando a sociedade está ameaçada e sem referências para se reconstituir. Esse poder despertou o interesse dos fazendeiros da América do Norte. Em meados de 1712, Willy Lynch faz a longa viagem do Caribe para a América do Norte.   
A concepção dos linchamentos e os rituais são expressão da força da tradição autoritária e fóbica nos Estados Unidos da América (EUA) e no caso brasileiro, além dos justiçamentos racistaa, ganha sentido nos costumes funerários ainda presentes certamente nas regiões urbanas e rurais. São verdadeiras sobrevivências de arqueologia simbólica e imaterial que um dia dominaram nossas concepções sobre a vida e a morte e o modo como se determinavam reciprocamente. A fragilidade do estatuto da Lei & Ordem é analisada por José de Souza Martins quando destaca o aumento quantitativo dos índices de linchamentos, demonstrando que o crescimento dos casos são progressivos com o retorno á democracia com o advento da chamada Nova República (1985). Contudo, a impunidade tem sido ideologizada pelos meios de comunicação – “o capital da notícia” – mas também pelas pesquisas acadêmicas baseadas na opinião como fonte primária de investigação pela “escalada da violência”. Ao que parece, a confiança seria a chave para entendermos o nível de satisfação social à justiça.
           Refletir politicamente sobre este conjunto de práticas e saberes sociais, nomeado linchamento é ipso facto toma-lo quase como componente associado ao “vazio” na esfera do Estado, talvez desviando o que há de profícuo no debate com a descaracterização do uso do monopólio legítimo da violência pelo aparelho de Estado. Os linchamentos que ocorrem hoje no Brasil são semelhantes, em forma e significado, aos ocorridos na história da violência da colonização. Ao explicar a forma e a função do justiçamento popular no Brasil, sociólogos e cientistas políticos encontram evidências da força do inconsciente coletivo e do que José de Souza Martins chama de “estruturas sociais profundas”, que permanecem latentes nas referências atuais, ontem e hoje, de condutas sociais e em comportamentos individuais hic et nunc. Essas estruturas sociais profundas não foram superadas pela história social e política e permanecem como referências subterrâneas das ações sociais mais evidentes.
      Após a sua chegada ao Estado escravocrata da Virgínia, e após constatar os problemas sociais que os seus colegas enfrentavam com os escravos seqüestrados da África, Willy Lynch decide escrever uma carta onde ele revelaria seu segredo para manter os seus escravos na linha. - “Verifiquei que entre os escravos existem uma série de diferenças. Eu tiro partido destas diferenças, aumentando-as. Eu uso o medo, a desconfiança e a inveja para mantê-los debaixo do meu controle. Eu vos asseguro que a desconfiança é mais forte que a confiança e a inveja mais forte que a concórdia, respeito ou admiração. Deveis usar os escravos mais velhos contra os escravos mais jovens e os mais jovens contra os mais velhos. Deveis usar os escravos mais escuros contra os mais claros e os mais claros contra os mais escuros. Deveis usar as fêmeas contra os machos e os machos contra as fêmeas. Deveis usar os vossos capatazes para semear a desunião entre os negros, mas é necessário que eles confiem e dependam apenas de nós. Meus senhores, estas ferramentas são a vossa chave para o domínio, usem-nas. Nunca percam uma oportunidade. Se fizerdes intensamente uso delas por um ano o escravo permanecerá completamente dominado. O escravo depois de doutrinado desta maneira permanecerá nesta mentalidade passando-a de geração em geração”. 
Bibliografia geral consultada.
KEYNES, John Maynard, Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Editora Atlas, 1992; MARTINS, José de Souza, “Lynchings - Life by a Thread: Street Justice in Brasil, 1979-1988”.  In: M. Huggins (Org.), Vigilantism and the State in Modern Latin América - Sssas on Extralegal Violence. New York: Praeger Publishers, 1991, pp. 20-32; Idem, “As Condições do Estudo Sociológico dos Linchamentos no Brasil”. Disponível em: Revista Estudos Avançados. Universidade de São Paulo. Vol. 09, n° 25, maio de 1995, pp. 295-310; Idem, “Linchamento, o lado sombrio da mente conservadora”. Disponível em: Tempo Social; Rev. Sociol. USP, São Paulo, 8(2): 11-26, outubro de 1996; Idem, Linchamentos: A Justiça Popular no Brasil. São Paulo: Editor Contexto, 2015; SOUZA, Lídio de & MENANDRO, Paulo Rogério, “Vidas Apagadas: Vítimas de Linchamentos Ocorridos no Brasil (1990-2000)”. Disponível em: Revista Psicologia Política. São Paulo, Volume 2, n° 4, pp. 249-266; 2000; SINHORETTO, Jaqueline, “Linchamentos: Insegurança e Revolta Popular” In: Revista Brasileira de Segurança Pública. Ano 3, fev./mar, 2009; RIBEIRO, Luziana Ramalho, O Que Não Tem Governo: Estudo Sobre Linchamentos. Tese de Doutorado em Sociologia. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2011; NATAL, Ariadne Lima, 30 anos de Linchamentos na Região Metropolitana de São Paulo 1980-2009. Dissertação de Mestrado em Sociologia. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2012; Idem, “Linchamentos: Um Quadro Sinóptico”. Disponível em: Revista Ocas. São Paulo, 01 de julho de 2014; CARVALHO, Mônica Barbosa de, “O Linchamento como Fruto da Revolta Popular em Face dos Preceitos Constitucionais e Penais Brasileiros”. In: Revista Direito em Ação. Brasília, vol. 15, n° 2, pp. 25-49, jul./dez. 2015; Artigo: “Após chacina, Estado terá apoio federal”. Disponível em: O Povo. Fortaleza, Ceará, 29 de janeiro de 2018; entre outros.

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