Ubiracy de Souza Braga
“Todo o conhecimento genuíno tem origem na experiência direta”. Mao Tsé-Tung
Historicamente entre a derrota
chinesa para os ingleses na 1ª Guerra do
Ópio, em 1842, e o advento da Revolução Chinesa, em 1949, a China esteve
envolvida em seguidos conflitos internos e externos de grandes proporções, que
redundaram em elevadas perdas humanas e materiais e significativa instabilidade
política no país. A tradição cultural neste intervalo é reconhecida como o
“Século da Humilhação”, período que representou o eclipse da milenar
civilização chinesa frente ao poderio econômico e militar dos países
capitalistas industrializados, os quais inclusive dominaram, em diferentes
conjunturas bélicas, regiões significativas do território chinês. Desde a
década de 1930, a condição de rival mais importante da China coube ao Japão,
país que alcançou rápido desenvolvimento econômico e social dentro da Ásia,
tornando-se a mais importante potência econômica e militar deste continente
antes do final do século XIX. Após mais de um século de embates internos e
invasões estrangeiras, o triunfo dos comunistas em outubro de 1949, por ocasião
da Revolução Chinesa, encerrou o governo republicano burguês conduzido pelo
Partido Nacionalista Chinês (“Kuomintang”) – que se refugiou na ilha de Taiwan,
dando continuidade nacionalista à República da China. Em
contrapartida, sob o comando do Partido Comunista Chinês (PCC),
tinha início a República Popular da China.
A História da humanidade é a história do contínuo desenvolvimento do reino da necessidade para o reino da liberdade. Para Mao Tsé-Tung esse processo não tem fim. Numa sociedade, enquanto existirem classes, a luta de classes não pode ter fim. Na sociedade sem classes, a luta entre o novo e o velho, entre o verdadeiro e o falso, também não poderá ter fim. Nos domínios da luta pela produção e da experimentação científica, a humanidade nunca deixará de progredir e a natureza humana nunca deiará de se desenvolver; jamais elas se deterão num nível determinado. Por isso, o homem deve fazer constantemente o balanço da sua experiência, descobrir, inventar, criar, progredir. Todos os pontos de vista inspirados pelo imobilismo, pessimismo, sentimento de impotência, orgulho e presunção são errados. Isso é assim porque eles não correspondem aos fatos históricos do desenvolvimento da sociedade humana ao longo de cerca de um mulhão de anos, nem aos fatos históricos da natureza conhecida por nós até a data, por exemplo, a natureza refletida pela história dos corpos celestes, da terra, da vida e das diversas ciência da natureza. Os homens servem-se das ciências da natureza como duma arma na sua luta pela liberdade. Com vista a conquistar sua liberdade no plano social, eles servem-se das ciências sociais para compreender a sociedade, transformá-la e realizar a revolução.
Li Cunxin nasceu em Qingdao, na província de Shandong, em 26 de janeiro de 1961, tornando-se um bailarino chinês. Qingdao ou Tsingtao é uma cidade na província de Shandong, na República Popular da China. Qingdao abriga quase 2,5 milhões de habitantes em uma área de 11 mil m² e sua taxa de crescimento anual alcança quase 19%, o Produto Interno Bruto (PIB) é o maior da província (superior a 43 bilhões), devido à produção industrial, pesqueira e, claro, a cultura do turismo. Isso a torna um dos membros da ZEE, “zonas econômicas abertas”. O ramo do turismo é alimentado pela união de lugares históricos, belas vistas e praias encantadoras. Esculturas e uma arquitetura moderna também chamam a atenção dos visitantes. Além disso, Qingdao conta com Jardim Zoológico, Jardim Botânico, parques, templos e uma montanha famosa que é sede de um retiro taoista, o Monte Lao. Destacou-se, originando uma carreira internacional e é autor da autobiografia: “O Último Bailarino de Mao”. É um porto no mar Amarelo, na península de Shandong. Tem cerca de 2 430 000 habitantes. Esteve na posse da Alemanha entre 1898 e 1914 e do Japão entre 1914 e 1922. Em Qingdao, realizaram-se as provas de iatismo dos Jogos Olímpicos de Verão de 2008. Acenava-se não apenas mediante a possibilidade de transformações sociais profundas na direção da sociedade igualitária, mas em enfrentar os desafios ao desenvolvimento humano da sua base material, distinta em relação às nações industriais, e a preservação da integridade territorial quase um século de invasões estrangeiras.
O chamado Período Maoísta (1949-1978), demarca as três primeiras décadas da RPC, em que Mao Tsé-tung, será a principal liderança política do país até a sua morte, em setembro de 1976. Uma vez que até a ascensão de Deng Xiaoping, em 1978, o PCC, sob o comando de Hua Guofeng, manteve essencialmente, as mesmas diretrizes, optou-se por incluir este intervalo como parte do Período Maoísta. Li Cunxin teve uma infância pobre e não tinha quase nada o que comer. Um dia, na escola, viu entrar um membro dos guardas-vermelhos de Mao em sua sala de aula que estavam selecionando alunos com talento para ingressar na Academia de Dança de Pequim. Enquanto os alunos eram selecionados, a sua professora o apontou para um dos guardas, que o viu e aceitou. O garoto de onze anos Li Cunxin é selecionado pelo Partido Comunista Chinês para estudar balé na Academia de Dança Madame Mao em Pequim. Várias pessoas o ajudaram a realizar seu sonho, como o professor Xiao, seu amigo apelidado por “bandido” e vários outros. Li Cunxin fora um dos dois alunos indicados seletivamente para treinamento intensivo de seis semanas nos Estados Unidos da América dentro da Houston Ballet Academy, onde conquistou a admiração dos membros participantes ocidentais. Em Houston no programa de intercâmbio cultural, convidado pelo diretor artístico Ben Stevenson, com disciplina se torna o principal bailarino do Balé de Houston. Ben
Stevenson é um ex-dançarino de balé britânico do Royal Ballet e do English
National Ballet, codiretor do National Ballet de Washington, DC (1971-1974),
diretor artístico do Chicago Ballet (1974-1975), diretor artístico do Houston
Ballet (1976-2003) e atual diretor artístico do Texas Ballet Theatre desde
2003. Nascido em Portsmouth, Inglaterra, Stevenson recebeu seu treinamento em
dança na Arts Educational School em Londres. Após sua formatura, ele recebeu a
prestigiosa Medalha de Ouro Adeline Genée, o maior prêmio concedido a uma
dançarina pela Royal Academy of Dancing. Aos 18 anos, Stevenson foi convidado a
ingressar no Sadler`s Wells Royal Ballet por Dame Ninette de Valois. Alguns
anos depois, Anton Dolin o convidou para dançar no London Festival Ballet, como
dançarino principal, desempenhou papéis em todos os clássicos. Depois de
coreografar Cinderela em 1970 para o National Ballet of Washington, DC, ele se
juntou à empresa em 1971 como codiretor com Frederic Franklin. Nesse ano, ele
encenou uma nova produção de A Bela Adormecida em comemoração à temporada
inaugural do Centro John F. Kennedy para as Artes Cênicas. Após uma breve
associação com o Chicago Ballet de Ruth Page , em 1976, Stevenson foi nomeado
diretor artístico do Houston Ballet, que se tornou uma das principais
companhias de balé da América do Norte. Durante sua gestão, ele expandiu o
repertório da companhia adquirindo as obras dos coreógrafos mais respeitados do
mundo, encomendando novas obras, encenando os clássicos e coreografando obras
originais.
Como
diretor artístico de importante companhia de balé da América, e quando Barbara
Bush era uma curadora da companhia, em 1978 Stevenson visitou Pequim e ofereceu
a Li Cunxin uma bolsa de estudos de seis semanas para a América e com a sua deserção,
ofereceu-lhe um cargo na empresa. Cunxin dançou na aposentadoria de Stevenson,
após 27 anos com o Houston Ballet. É preciso destacar também a ótima atuação e
interpretação de Bruce Greenwood, que interpreta o diretor artístico da Houston
Ballet, Ben Stevenson. A relação de um Li Cunxin que quase não sabe falar
inglês e Bruce, que o acolhe num país desconhecido, lembra que o grande dilema
de Li é conseguir se adequar aos padrões norte-americanos sem se perder dos
ideais políticos com o qual fora criado, e o diretor Beresford tenta sempre
evitar os clichês sem transformá-lo em um filme político ou num filme apenas
artístico sobre balé. Mas no lado American way of life do filme, os
clichês acabam sendo mesmo inevitáveis, incluindo aí a velha bobagem da guerra
fria: “o que é melhor: capitalismo ou comunismo?”. Em alguns momentos, a
produção não evita aquele olhar “América é tudo” e, com isso, próximo ao final,
o diretor quase deixa tudo a perder. Mas Bruce Beresford se redime nos 20
minutos finais da película, que inevitavelmente com destreza emocionam. Os
espectadores aplaudiram o filme ao final da sessão. O Filme: O Último
Dançarino de Mao é uma adaptação de Adeus China: O Último Bailarino
de Mao, livro autobiográfico de Li Cunxin, personagem principal do filme,
que chega aos Estados Unidos para estudar balé na Houston Ballet, companhia do
Texas. O início do filme ocorre em 1979 com o personagem central chegando aos
Estados Unidos para estudar na Companhia Houston Ballet.
Li Cunxin teve uma infância pobre e na
companhia de sua família não tinha quase nada que comer. Um dia, na escola, viu
entrar um dos guardas de Mao Tsé-Tung em sua sala de aula que estavam
selecionando alunos com talento para ingressar na Academia de Dança de Pequim.
Enquanto os alunos eram selecionados, a sua professora o apontou para um dos
guardas, que o aceitou. Aos onze anos entrou para a Academia de Dança de Madame
Mao e conheceu várias pessoas que o ajudaram a realizar seu sonho, como o
professor Xiao, seu amigo apelidado por “Bandido” e vários outros significados.
Li Cunxin fora um dos dois alunos indicados para um treinamento intensivo de
seis semanas nos Estados Unidos dentro da Houston Ballet Academy, onde
conquistou a admiração dos ocidentais. Conquanto o governo chinês falasse dos
Estados Unidos como uma terra de pobreza e decadência, Li viu o exato oposto e
acabou se encantando. Percebera que fora enganado pela propaganda e toda a
liberdade e riqueza prometidos na China eram falsos. Casou-se com sua colega
Elizabeth e tornou-se cidadão americano, desertando da China. Foi, então,
perseguido pelas autoridades chinesas e proibido de voltar à sua terra natal e
também de comunicar-se com seus professores, amigos e familiares. Muitos anos
após se divorciar de Elizabeth, casou-se com Mary, seu par de dança. Dedicou-se
com mais afinco ao balé e participou de torneios internacionais,
conquistando a fama de bailarino no mundo ocidental.
Cunxin fica
maravilhado e estarrecido com a paisagem contrastante urbana da América do Norte. No caminho do
aeroporto para a casa do coreógrafo, ele admira os arranha-céus e lojas da
cidade que se opõem a familiar e bucólica paisagem rural da China. Na
sequência, flashbacks o levam à província rural de Qingdao, onde ele vivia em
condições de subsistência ao lado dos inúmeros irmãos e dos pais. Em uma das
cenas mais comoventes do filme, o pai de Cunxin deixa de comer para que os seus
filhos possam saciar a fome. Conquanto o governo chinês naturalmente falasse
dos Estados Unidos como uma terra de pobreza e decadência, Li viu o oposto e
acabou se encantando. Percebera que se tratava de propaganda política e toda a
liberdade e riquezas prometidas na China comunista também fazia parte da
cultura política. Casou-se com sua colega Elizabeth e tornou-se cidadão
norte-americano, enfim, desertando da China. Foi, então, perseguido pelas
autoridades chinesas e proibido de voltar à sua terra natal e também de
comunicar-se com seus melhores professores, amigos e familiares. Muitos anos
após se divorciar de Elizabeth, casou-se com Mary, par de danças.
Dedicou-se disciplinarmente ao balé e participou de torneios
internacionais, conquistando a fama em boa parte do mundo ocidental.
A questão em torno da dança clássica chinesa é muito mais do que
apenas técnica. A compostura e a forma também são muito importantes, pois é a
maneira de se mover que expressa o espírito e as emoções de uma pessoa,
enquanto a forma se refere aos movimentos e posturas específica da dança
clássica chinesa. Para os bailarinos, a masculinidade é enfatizada e é
necessário mostrar simultaneamente flexibilidade e força – ser gentil, mas
firme é uma característica valorizada na cultura chinesa. Os movimentos da dança clássica chinesa são
ricos em sua capacidade de expressar uma variedade de sentimentos, tais como
felicidade, tristeza, alegria, raiva, dor e prazer; as emoções ligadas às
separações e uniões, à loucura, à paixão, à doença, embriagues, sobriedade,
desonra e majestade, assim como às histórias de personalidades civis e
militares. Na
dança clássica chinesa, é o significado
que impulsiona os movimentos do corpo. Nessa forma de dança, a expressão plena somente é alcançada
quando os sentimentos interiores conduzem o corpo. A dança clássica chinesa
utiliza a capacidade natural do corpo humano; ela não requer treinamento
específico de músculos individuais.
Melhor dizendo, a força muscular é adquirida
naturalmente, por meio do caminhar, correr, saltar, subir escadas, andar de
bicicleta etc. da mesma forma, a força das partes superiores do corpo,
naturalmente adquirida mediante o trabalho físico, é adicionalmente reforçada
ao longo do treinamento. Ao executar a dança teatral, a dança clássica chinesa
envolve um elemento de atuação. A atuação, na dança clássica chinesa, é
diferente daquela do cinema, do teatro, da ópera, das artes teatrais chinesas
tradicionais ou dos musicais da Broadway que representam uma das principais
atrações de Nova York. O teatro tem grande importância na cultura dos Estados
Unidos, e o musical é o estilo teatral mais popular no país. Os espetáculos da
Broadway se tornaram mundialmente famosos devido à qualidade de suas produções,
com altos investimentos, excelentes roteiros e atores, efeitos especiais,
cenários incríveis e uma excelente estrutura. Na dança clássica chinesa, a
atuação envolve a coordenação da expressão facial com os movimentos do corpo
que unidos, resultam na ampliação de expressão. O
conceito teórico de dinastias chinesas difere dos antigos reinos de outros povos. A substituição de uma dinastia significava a
mudança para um conjunto distinto de traços culturais da nova dinastia, uma vez
que cada dinastia tem o seu próprio imperador, o seu próprio povo e a sua
própria cultura. E é assim que, durante o longo processo histórico em que a
civilização chinesa foi se estabelecendo, durante milênios, naturalmente a dança clássica chinesa foi
constantemente enriquecida e aperfeiçoada.
Os métodos de ensino contemporâneos não
existiam na China antiga. No teatro, a geração mais velha treinava os
aprendizes e, assim, os métodos e técnicas eram passadas de uma geração para a
seguinte. Desde tenra idade, o aluno estabelecia uma aprendizagem formal com um
mestre e era assim que alguém se tornava um profissional. Na dança da corte
imperial, a arte era transmitida na medida em que as moças jovens ensinavam
umas às outras; muitas das artes performáticas de rua foram transmitidas como
tradições familiares; as artes marciais eram recebidas dos ancestrais ou
aprendidas de um mestre. Da mesma forma, nas práticas religiosas budistas e
taoístas, depois que um discípulo (a) ganha o manto, recebe os ensinamentos do
mestre. Os métodos concretos começaram na primeira metade do século
passado. O
budismo e o taoismo são religiões semelhantes que contêm muitas crenças e
práticas semelhantes, como a crença na reencarnação e o uso extensivo da
meditação. À primeira vista, muitas pessoas percebem que o taoismo e o budismo
parecem ser a mesma coisa e os primeiros taoístas a ouvir sobre os
ensinamentos do budismo vindos da Índia concluíram que o Buda deve ter sido uma
reencarnação de Lao Tzu, o alegado fundador do budismo. Taoismo na China no
século 6 a. C e escritor do Tao Te Ching, uma das duas escrituras taoistas
centrais, a outra é o mais antigo I Ching. Há, no entanto, uma série de diferenças significativas entre as duas
religiões que refletem a natureza muitas vezes otimista das religiões chinesas
e, em comparativamente, as sombrias conclusões culturais a que Sidarta Gautama chegou em seu caminho gradual para o
estado búdico no século V a. C.
A primeira dessas diferenças é a
crença taoista básica de que a vida é boa e pode ser melhorada seguindo o Tao
ou o Caminho da natureza, que nos fornece o exemplo supremo de como viver de
maneira natural e harmoniosa. Os budistas, por outro lado, mantêm a crença de
que a vida está sofrendo, ou Dukkha. Esse sofrimento pode ir do pior sofrimento
e dor às menores frustrações e insatisfações que todos nós experimentamos no
dia a dia. Essa diferença de atitude leva a uma diferença de objetivos entre as
duas religiões. O objetivo de um taoista é simplesmente viver em harmonia com o
Tao e alcançar bons renascimentos em vidas futuras, ou em alguns casos alcançar
a imortalidade, um objetivo ligeiramente nebuloso que pode ir da imortalidade
física literal à imortalidade celestial, isso envolve permanecer imóvel por
cerca de dez anos com o objetivo de conseguir fundir o corpo e o espírito em um
“corpo de luz” de uma maneira que tenha uma semelhança passageira com a
realização budista tibetana do Corpo Arco-Íris, como em ambos os casos, o corpo
de o Mestre desaparece deixando apenas roupas ou, às vezes, unhas dos pés. Há
milênios, as artes marciais (wushu) apareceram na China. Muitos tipos de artes
cênicas foram influenciados pelos movimentos, técnicas e piruetas das artes
marciais. As formas originais de muitos movimentos da dança clássica chinesas
eram semelhantes aos daquelas artes marciais; apenas eram realizados de maneira
diferente e o que exigiam era diferente.
Durante os cinco mil anos
de formação da cultura chinesa, a dança clássica chinesa foi sendo
continuamente enriquecida e isso foi o que emergiu o aspecto “atitude/postura”
da dança clássica chinesa. E isso foi também a origem do estilo que a dança
clássica chinesa assumiu ao longo do processo de sua transmissão. O modo como
uma pessoa de um determinado grupo étnico se move contém as qualidades
distintas particulares do grupo. Os movimentos corporais das pessoas chinesas
têm, naturalmente, uma velada expressão chinesa. Mas o estudo e a prática têm
demonstrado que, mediante formação específica em “atitude/postura” e “forma”,
pessoas de outras etnias também podem adquirir essa mesma expressão. A
dança clássica chinesa foi executada em uma variedade de formas, com destaque
para as peças teatrais. Historicamente ao longo das diferentes dinastias as
danças executadas na corte imperial assumiram progressivamente diferentes
características sociais e técnicas. Entre a população, a dança se espalhou
principalmente mediante imitação, enquanto que, entre os artistas de rua, ela
se difundiu principalmente por meio das técnicas das artes marciais. Antes das
dinastias Qin e Han (entre 221 e 220 d. C.), havia artistas que realizaram
sequências de artes marciais.
Os acrobatas usavam principalmente piruetas.
Durante as dinastias Tang e Song no período compreendido entre 618 e 1279 d. C., a maior parte dos
espetáculos de dança de rua, como era de seu costume, continha formas e técnicas de dança clássica chinesa.
Piruetas, em particular, foram utilizadas por praticamente todos os artistas de
rua. Este é mais um exemplo de como, dentro da cultura chinesa, de modo geral, os métodos (teorias) e as técnicas (práticas) e o uso de diferentes formas de arte têm influenciado uma a outra. Historicamente
com a chamada Reforma e Abertura da China iniciada no final da década de 1970,
as técnicas e piruetas da dança clássica chinesa apareceram de repente no
cenário mundial. Notavelmente, suas técnicas e piruetas chamaram a atenção da
comunidade internacional de dança. Assim, o balé clássico incorporou algumas
das técnicas da dança clássica chinesa e o balé moderno o fez em escala ainda
maior. No entanto, coreógrafos e bailarinos não compreendem as normas exigidas
no uso dessas técnicas e as têm utilizado de maneira muito fora do padrão. Nas
chamadas street dance, que se desenvolveu a partir do dance Studio. Consiste em
expressão de dança que ocorre em ruas, blocos, parques, locais abertos, raves e
clubes. O termo é usado para descrever danças em um contexto urbano. Mas
compreensão dos requisitos e normas técnicas da dança clássica chinesa é ainda
mais superficial e, como resultado, que pode ser visto em oposição assimétrica,
a dança clássica chinesa imitada e distorcida. A dança clássica chinesa também
teve uma enorme influência no atletismo. Daí a indagação técnico-metodológica,
não por acaso: atleta ou dançarino?
Antes
da década de 1970, a formação em ginástica rítmica, era a trave de equilíbrio e
barras. Envolvia apenas movimentos simples de balé e treinamento físico. As
equipes de ginástica da China herdaram as principais técnicas e piruetas da
dança clássica chinesa e as utilizaram disciplinarmente em larga escala com o
decorrer em eventos de ginástica. Assim que estas técnicas apareceram em
competições internacionais da década de 1970, os ginastas ao redor do mundo
ficaram admirados. Alguns competidores chineses conseguiram ganhar até cinco
medalhas de ouro em prova combinada. Ginastas de todo o mundo começaram a aprender
as técnicas e piruetas da dança clássica chinesa e, de uma hora para outra, o
nível técnico das competições de ginástica foi notavelmente elevado. Muitas
formas diferentes de dança, artes físicas e esportes em todo o mundo adotaram
as técnicas e piruetas da dança clássica chinesa. Alguns as copiaram talvez
melhor, enquanto outros as copiaram muito mal, com movimentos imprecisos, fora
do padrão e até mesmo sem graça e isto têm distorcido a requintada cultura de
cinco mil anos. Para Li Hongzhi estas são as coisas básicas, sobre a dança
clássica chinesa, uma das mais complexas, expressivas e exigentes formas de
arte no mundo. Por milhares de anos a dança foi passada criteriosamente através de ensino como na educação na
corte imperial chinesa. A questão chamada “via chinesa” per se não se limita a uma estratégia de desenvolvimento.
Essa via é constituída de reformas, que adquirem dinamismo próprio e, em
consonância com a operação do mercado, criam tensões e contradições, como por
exemplo, o investimento direto externo, as fusões e aquisições pelo IDE e as exportações
não poderiam continuar com a China dispondo de normas de comércio e
investimento domésticas em confronto com as normas internacionais.
A China teve
que operar mudanças com certo grau de liberalização. A via ou o caminho vai condicionando
a estrutura econômica na China. Esse movimento não é uma mera explicitação de
ausência de alternativas. Nesse sentido, não se trata de uma específica reforma
que se impõe, percorrendo um roteiro já predeterminado, com definições a
priori, ao largo de escolhas e lutas dos homens e mulheres trabalhadores. Sem
se desviar para um raciocínio simplista e linear, segundo Souza (2018) cabe
reconhecer a vigência dessa forma de “dependência do caminho” (path
dependency), percebendo o encadeamento entre o mercado, a propriedade
privada e a caminhada no sentido da restauração do capitalismo na China. Essa via
chinesa e seus efeitos e encadeamentos estão integrados, sem automatismos, com
a operação de tendências políticas e classistas em curso na China, com
repercussões no sistema Partido-Estado. Os planos quinquenais estão mantidos,
têm grande importância na tarefa de natureza desenvolvimentista. Mas a
orientação do curso econômico perdeu o papel da planificação central de sentido
socializante. Os investimentos, a produção e o emprego já não são
majoritariamente de empresas estatais. O Leste Asiático
baseou-se no estímulo estatal e na acumulação privada de capitais com determinada industrialização
vinculada às exportações. Na Coreia do Sul, implementaram-se planos
quinquenais, metas, crédito bancário e política industrial. Há
hibridismo chinês, indiscutivelmente, pela adaptação das
experiências de desenvolvimento no Leste Asiático e pela novidade das influências, nas mais diversas esferas de norte-americanos e ocidentais.
Bibliografia
geral consultada.
TSÉ-TUNG, Mao, O Livro Vermelho. São Paulo: Global Editora, 1972; Idem, “Discurso sobre o Trabalho de Propaganda (conferência)”. In: Obras Escolhidas. Volume 5. São Paulo: Editora Alfa-Ômega, 1979; BÈRGERE, Marie-Claire, A Economia da China Popular. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980; BETTELHEIM, Charles, A China Depois de Mao. Lisboa: Edições 70, 1981; MEYER, Charles, Histoire de la Femme Chinoise. 4000 Ans de Pouvoir. Paris: Editeur Jean Claude Lattès, 1986; LEMOINE, Françoise, “L’intégration de la Chine dans l’économie Mondiale”.
Revue Tiers Monde. Paris, vol. XXXVII, nº 147, pp. 493-523, juil./sept. 1996; GLUSBERG, George, A Arte da Performance. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001; MIN, Anchee, Construção de
Madame Mao. São Paulo:
Editora Rocco, 2002; NAVES, Márcio, Mao -
O Processo da Revolução. São Paulo: Editora Brasiliense, 2005; FAIRBABK,
John King & GOLDMAN, Merle, China:
Uma Nova História. Porto Alegre: LP&M Editores, 2006; CUNXIN, Li, Adeus China - O Último Bailarino de Mao.
São Paulo: Editor Fundamento, 2009; QING, Jiang, “From
Mind Confucianism to Political Confucianism” in FAN, Ruiping (editor) The Renaissance of Confucianism in
Contemporary China. Hong Kong: City University of Hong Kong, 2011; pp.
17-32; ASSIS, Marílai Del Ponte de; SARAIVA, Maria do Carmo, “O Feminino e o Masculino na Dança: Das origens do Balé à Contemporaneidade”. In: Movimento. Porto Alegre, vol. 19, nº 2, pp. 303-323; abr./jun. de 2013; CARVALHO, Miguel Henriques, A
Economia Política do Sistema Financeiro Chinês (1978-2008). Dissertação de
Mestrado em Economia. Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação em Economia
Política Internacional. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013; DIDI-HUBERMAN, Georges, Ante el Tiempo. Buenos Aires: Editora Adriana Hidalgo, 2014; LELOUP,
Jean-Yves, Une danse immobile. Paris:
Editions Du Relie, 2015; SOUZA, Renildo, Estado e Capital na China. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 2018; BALINSKA, Liliya, O Profundo Significado da Dança Clássica: Uma Visão Comparativa entre a Dança Clássica e o Balé. Dissertação de Mestrado em Estudos Interculturais Português/Chinês: Tradução, Formação e Comunicação Empresarial. Instituto de Letras e Ciências Humanas. Minho: Universidade do Minho, 2018; entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário