quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Rede Sarah - Saúde, Tecnologia & Resgate Solidário.

                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

Os projetos de arquitetura são obras de arte, marcam a cultura e o momento”. João da Gama Filgueiras Lima

                                            
            João da Gama Filgueiras Lima nasceu no Rio de Janeiro, em 10 de janeiro de 1932 e faleceu em Salvador, em 21 de maio de 2014. Também reconhecido como Lelé foi um arquiteto brasileiro prestigiado socialmente pelos projetos desenvolvidos junto à Rede Sarah de hospitais. A maioria de suas obras encontram-se fora do eixo Rio-São Paulo, especialmente nos estados da região Nordeste do país e em Brasília, cuja construção acompanhou. Apesar de ter nascido, crescido e se formado no Rio de Janeiro, passou a maior parte da vida adulta em Brasília e em Salvador. Formou-se arquiteto pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1955 e sob influência de Oscar Niemeyer e Nauro Esteves, mudou-se para Brasília ainda recém-formado, em 1957, ano em que foi iniciada a implantação do plano piloto de Lucio Costa. Neste período, construiu, projetou e colaborou com Oscar Niemeyer na construção da cidade. Trabalhou na Unb de 1962 a 1965, quando pediu demissão junto com 209 professores e servidores, em protesto contra a repressão na universidade. 

A necessidade de racionalização na construção de Brasília, despertou em Lelé o interesse na tecnologia de racionalização do uso do concreto armado, levando-o ao leste europeu para conhecer as tecnologias de construções pré-fabricadas aplicadas em países como União Soviética, Tchecoslováquia e Polônia, em meados da década de 1960. A obra arquitetônica de Lelé caracteriza-se especialmente pela busca da racionalização e da industrialização da arquitetura. Em sua trajetória chegou a propor métodos e processos de pré-fabricação de elementos construtivos inéditos no país, sendo inclusive dono de uma fábrica de pré-fabricados. A forma como a argamassa armada, em especial, e o aço foram explorados em sua obra também é fato sociológico revelador de tal preocupação. Lelé trabalhou como diretor do Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), onde desenvolveu os projetos e a execução dos novos hospitais da rede. Trabalhando para a CTRS, também desenvolveu projetos de mobiliário hospitalar, entre os quais destaca-se uma cama-maca móvel utilizada bastante pelos hospitais da rede. 

Neste Centro de Tecnologia trabalhou ainda na construção de sedes do Tribunal de Contas da União (TCU) em diversas cidades, como Salvador, Aracaju, Cuiabá, Teresina, Natal, Rio Grande do Norte, Vitória e Belo Horizonte. Em muitas de suas obras verificam-se painéis e outras obras do artista plástico Athos Bulcão, com quem Lelé estabeleceu uma parceria criativa durante bastante tempo. Além dos hospitais de Rede Sarah, destacam-se também em sua obra os projetos do Palácio Tomé de Sousa, sede provisória da Prefeitura de Salvador, a qual, apesar de ter sido construída na década de 1980 é usada até hoje, o Centro Administrativo da Bahia e de várias passarelas de Salvador. Muitas das obras desenvolvidas pela prefeitura de Salvador nos anos de 1979-81 e 1986-88 saíram de sua prancheta, uma vez que Lelé se tornou uma espécie de arquiteto oficial da cidade nas gestões do prefeito Mário Kertész. Nesses dois períodos, desenvolveu um conjunto extenso de obras de infraestrutura urbana de micro e macrodrenagem, acessibilidade etc., mobiliário urbano, equipamentos públicos, entre outros, elaborados no Escritório de Projetos da prefeitura e produzidos nas fábricas públicas da RENURB e da FAEC. Foi reintegrado à Universidade de Brasília em 1990, quando se aposentou. Em 2003 recebeu o título de doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia. Na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Riachuelo, existe uma rua residencial com seu nome. Em 21 de maio de 2014 faleceu vítima de complicações de câncer de próstata, aos 82 anos, em Salvador.

Em 1979, o Brasil teve a Anistia e geral e os que foram exilados pelo regime militar golpista de 1964 puderam retornar ao país. Leonel de Moura Brizola à vida político-partidária retorna e, com a nova lei partidária, tenta reorganizar seu antigo Partido Trabalhista Brasileiro. Porém, Ivete Vargas o derrota na justiça e consegue sigla partidária. De acordo com a avaliação de Brizola e demais dirigentes do Partido Democrático Trabalhista, o PTB de Ivete Vargas passou a ser um partido de direita, como de fato acabou por distanciar-se do seu glorioso passado trabalhista. Em 1982 a legenda de Ivete lança como candidato ao governo paulista Jânio Quadros e para o fluminense Sandra Cavalcanti. Ambos militaram na antiga União Democrática Nacional, partido de direita rival dos trabalhistas. O atual Partido Trabalhista Brasileiro nega, sem razão, que seja um partido político de direita, embora tenha uma postura identificada como tal desde seu ressurgimento, em 1980. A cena em que Brizola rasga uma folha de papel com a inscrição PTB, numa coletiva à imprensa, representa a marca do fim de um sonho para os correligionários brizolistas.  

          O projeto principal e mais polêmico de suas duas gestões no governo fluminense foram os CIEPS - Centros Integrados de Educação Pública. Trata-se de escolas idealizadas, na sua concepção pedagógica pelo laureado professor e antropólogo Darcy Ribeiro. Seus prédios diferenciaram-se bastante dos prédios de escolas tradicionais. Têm o desenho arquitetônico de Oscar Niemeyer. Foram construídos, na sua maioria, em favelas e periferia da capital e do estado do Rio de Janeiro. Isso consolidou o que se poderia denominar de brizolismo entre os eleitores destas áreas que batizaram os CIEP`s de Brizolões. Os opositores diziam que os CIEP`s eram “caros, de custosa manutenção”, ignorando a importância social do projeto, que mantinha as crianças dentro do ambiente escolar durante a maior parte do dia. E ainda acusavam Brizola de “utilizar os centros como arma de propaganda eleitoral”, visando à conquista do eleitorado de outros estados, pois muitos foram erguidos à beira de rodovias. Após o governo Brizola, os CIEP`s desgraçadamente foram, em grande parte, sucateados pela ignorância simbólica e má fé propriamente dita de seus sucessores.

                                                                                        
            Em 1964 Oscar Niemeyer viaja para Israel a trabalho e volta para um Brasil completamente diferente. Em março o presidente João Goulart (Jango), que assumira após o presidente eleito Jânio Quadros renunciar, havia sido deposto por um golpe dos militares, que assumem o controle do país e instauram um regime de ditadura que durariam 21 anos. O comunismo de Niemeyer lhe custou caro. No período da ditadura militar do Brasil, a revista Módulo que dirigia tem a sede parcialmente destruída, o escritório de Niemeyer é saqueado, seus projetos passam a ser recusados e a clientela desaparece. Em 1965, 223 professores, entre eles Niemeyer, se demitem da Universidade de Brasília, em protesto contra a política universitária e retaliações do governo militar. No mesmo ano viaja para França, para uma exposição sobre sua obra no Museu do Louvre. No ano seguinte, impedido de trabalhar no Brasil, muda-se para Paris. Começa aí uma nova fase de sua vida e obra. Abre um escritório na Avenue des Champs-Élysées, número 90, recebendo comissões de diversos países, em especial da Argélia, onde desenha a Universidade de Constantine e, em 1970, a mesquita de Argel. Na França, projeta a sede do Partido Comunista Francês (doação), a Bolsa de Trabalho de Bobigny, o Centro Cultural Le Havre e na Itália a Editora Mondadori. Este edifício foi encomendado por Arnoldo Mondadori, que se impressionara com o Palácio do Itamaraty durante uma visita a Brasília.
          Ao especificar que gostaria de uma colunata similar em seu edifício, Niemeyer atendeu ao pedido, utilizando arcos de contornos paramétricos, que poderiam cobrir vãos diferenciados, oposto aos arcos plenos do edifício de Brasília. No edifício milanês, os cinco pavimentos são suspensos, o que transfere às delicadas colunas muito mais cargas que no esquema do Itamaraty. O projeto arquitetônico dos edifícios é da autoria de Oscar Niemeyer, tendo sido erguidas mais de 500 unidades. Uma de suas características é a utilização de peças pré-moldadas de concreto, barateando a sua construção. As escolas são constituídas por três estruturas: o edifício principal, erguendo-se em três pavimentos, abrigando as salas de aula, centro médico, cozinha, refeitório, banheiros, áreas de apoio e recreação; o ginásio esportivo, que também pode receber atividades artísticas e culturais; o edifício da biblioteca e dos dormitórios. No segundo governo de Leonel Brizola, alguns CIEP`s passaram a contar com piscinas. Um projeto com características parecidas são os Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAICs), adotado em âmbito nacional a partir da década de 1990. O projeto objetivava tirar crianças carentes das ruas oferecendo-lhes os chamados “pais sociais”, funcionários públicos residentes nos CIEPs que cuidavam de crianças ali residentes.
            Toda cultura representa uma di-visão entre ela mesma, que se afirma como representação do humano, e os outros, que participam da humanidade apenas e talvez em grau menor. O discurso que as sociedades fazem sobre si mesmas, discurso condensado nos nomes que elas se dão, é, portanto etnocêntrico de uma ponta à outra: afirmação da superioridade de sua existência cultural, recusa de reconhecer os outros historicamente como iguais. O etnocentrismo aparece como a ideia e coisa do mundo mais bem distribuída e, desse ponto de vista pelo menos, a cultura do Ocidente não se distingue das outras. Ipso facto, aprofundando o nível de análise estrutural, devemos pensar o etnocentrismo como uma propriedade formal de toda formação cultural, como imanente à própria cultura. Em outras palavras, a alteridade cultural nunca é apreendida como diferença positiva, mas sempre como inferioridade segundo um plano de análise hierárquico. Se toda cultura é etnocêntrica, somente a ocidental é etnocida, o que reiteram os estruturalistas para a compreensão da diacronia, da história concreta, como apresentaremos traços sobre a habitação e a questão da Arquitetura.
Uma importante característica da sodalidade é sua autonomia. Sociologicamente as modalidades são comunidades estruturadas nas quais não há distinção de sexo ou idade, ou seja, fazem parte dela igualmente velho e jovem, homem e mulher; é um organismo que biologicamente perpetuava. Entre as funções da modalidade estão: congregar, cuidar, nutrir os membros locais e atuar no contexto social à sua volta. Por sua vez, as sodalidades são estruturas organizadas em torno de alvos específicos e de um senso comum de missão e visão. Exigem de seus membros uma segunda decisão, baseada em um chamado e vocação, e também o compromisso com um estilo de vida alternativo visando o alcance dos alvos, vivência da missão e organização da visão. Entretanto, o nível de compromisso com o relacionamento com a congregação e com incluir o próximo nesse relacionamento deve ser o mesmo em ambas as estruturas. É um aspecto notável na religião e na medicina, mas disperso e imperceptível nas formas de organização nas universidades contemporâneas que, na formação de seus grupos e poder, estão longe de admitir uma ética de solidariedade, fundamentada na busca do bem comum em sentido global, que busque acima de tudo a valorização da pessoa humana e concretize os ideais de fraternidade e igualdade, operando acima da luta e interesses sociais de classe. Exige ainda que se forme, nutra e se difunda cultura da interdependência solidária, a qual deve penetrar nos ambientes, sensibilizando poderes públicos e privados, bem como cada um dos cidadãos, para o compromisso real com os pobres.

Em outubro de 1934, Juscelino Kubitschek, doravante JK, foi eleito deputado federal, filiado ao recém-criado Partido Progressista de Minas Gerais. Ele licenciou-se de suas funções em Belo Horizonte e passou a morar no Rio de Janeiro, a capital federal, onde iniciou seu mandato em 3 de maio de 1935. JK passou mais tempo em seu estado natal do que no Rio de Janeiro e não esqueceu de suas bases eleitorais. Por ser o diretor da secretaria do PP desde setembro de 1934, gastava boa parte de seu tempo organizando o partido no interior mineiro. Em 1937, engajou-se na campanha de José Américo de Almeida, candidato à presidência da República para a eleição programada de 1938. Como deputado, Juscelino atuava nos bastidores, articulando e defendendo os interesses do governo de Valadares. Ele raramente discursava na tribuna, preferindo atuações menos expostas, como nas comissões. Também fez várias viagens, inclusive acompanhando Getúlio Vargas (1882-1954) em uma visita à Argentina e ao Uruguai. Juscelino exerceu o mandato de deputado até o fechamento do Congresso Nacional, em 10 de novembro de 1937, com o golpe político do Estado Novo, promovido por  Vargas. Após o impedimento de seu mandato, confidenciou à esposa que sairia definitivamente da política naquele instante, voltando a exercer medicina em seu consultório particular e no Hospital Militar.

No início de 1940, Valadares nomeou Juscelino como prefeito de Belo Horizonte. A princípio, não quis aceitar o cargo, argumentando que não apoiava o regime ditatorial, mas sua nomeação foi divulgada em 16 de abril no Minas Gerais, e foi empossado dois dias depois. Como prefeito, não abandonou a medicina, chegando ao posto de tenente-coronel-médico da Polícia Militar de Minas Gerais, intercalando assim medicina com a Prefeitura. Quando assumiu o cargo, Belo Horizonte tinha duzentos mil habitantes e a cidade estava com problemas financeiros, com arrecadação baixa, dívida aumentando e poucos recursos financeiros disponíveis. Escolheu dar prioridade às obras públicas que melhorassem e embelezassem a cidade. Durante seu mandato, ficou conhecido como “prefeito furacão” pelas grandes mudanças feitas em Belo Horizonte. Ele restaurou, pavimentou e construiu muitas avenidas, canalizou vários córregos que banhavam a cidade visando o saneamento básico, construiu pontes e realizou terraplenagens a fim de integrar o centro da cidade a vários núcleos populacionais da zona suburbana, e desenvolveu a rede subterrânea de luz e telefone. Uma importante obra foi a construção do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, um centro de lazer projetado por Oscar Niemeyer que se tornou um marco cultural nacional.

O Conjunto Arquitetônico da Pampulha diz respeito a um grupo de monumentos situados nos arredores da Lagoa da Pampulha, localizada no município de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Foi concebido por Oscar Niemeyer com projetos estruturais do engenheiro Joaquim Cardozo, sob encomenda do então prefeito Juscelino Kubitschek, e construído entre 1942 e 1944. Juscelino desejava desenvolver uma área ao norte da cidade, chamada Pampulha. Encomendou então ao jovem e já reconhecido arquiteto Oscar Niemeyer o projeto de um conjunto de edifícios em torno da lagoa artificial da Pampulha: um casino, uma igreja, uma casa de baile, um clube e um hotel. À exceção do hotel, o conjunto se concretizou com a inauguração em 16 de maio de 1943, nas presenças do presidente Vargas e do governador de Minas Gerais, Benedito Valadares. O casino virou Museu de Arte da Pampulha (MAP) em 1957. Em 2013, a prefeitura de Belo Horizonte manifestou interesse em apresentar a candidatura do Conjunto Arquitetônico da Pampulha para receber o título de Patrimônio Mundial da Unesco. Uma representante visitou a região em 2015, ano em que a Pampulha era única candidata. Para garantir melhores condições do patrimônio, o MAP receberá uma grande reforma durando dois anos a partir de julho de 2016, e duas praças da região terão seus projetos de paisagismo recuperados. Em 17 de julho de 2016, o local passou a ser considerado um Patrimônio da Humanidade após reunião de membros da Unesco em Istambul, na Turquia. É categorizado como uma Paisagem Cultural

Na concepção da capela, Oscar Niemeyer (1907-2012) faz novos experimentos em concreto armado, abandonando a laje sobre pilotis e criando uma abóbada parabólica em concreto, até então só utilizada em hangares. A abóbada na capela da Pampulha seria ao mesmo estrutura e fechamento, eliminando a necessidade de alvenarias. Inicia aquilo que seria a diretriz de toda a sua obra: uma arquitetura onde será preponderante a plasticidade da estrutura de concreto armado, em formas ousadas, inusitadas e marcantes. O projeto estrutural coube ao engenheiro Joaquim Cardozo, tido por Niemeyer como o “brasileiro mais culto que existia”. Apesar da consagração por arquitetos e artistas, a capela – inaugurada em 1943 – foi mal recebida pela arquidiocese, que se recusou a aceitá-la e só foi consagrada 17 anos depois, em 1959. O Museu de Arte da Pampulha (MAP) foi o primeiro edifício do conjunto a ser construído. Em sua concepção, nota-se a influência de Le Corbusier, principalmente na fachada, em travertino e vidro. O casino funcionou até 30 de abril de 1946, quando o presidente Gaspar Dutra proibiu jogo em todo território nacional. Em 1957, passou a funcionar como Museu de Arte. O MAP possui um acervo de 1 600 obras, dentre elas, mostras da Arte Contemporânea brasileira, que enfocam tendências artísticas. Um dos destaques do acervo são obras de Guignard e de artistas plásticos Oswaldo Goeldi, Fayga Ostrower e Anna Letycia, obras de modernistas como Di Cavalcanti, Livio Abramo, Bruno Giorgi e Ceschiatti e dos contemporâneos Antonio Dias, Frans Krajcberg, Ado Malagoli, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Ivan Serpa, Milton Dacosta, Alfredo Volpi, Franz Weissmann, entre outros.

Com o fim da 2ª guerra mundial, em 1945, iniciou-se no país a redemocratização com a queda do Estado Novo e a posse de José Linhares. Os governantes que haviam sido indicados pela ditadura deixaram os cargos, incluindo Juscelino, em outubro de 1945. Após a saída da Prefeitura de Belo Horizonte, decidiu entrar definitivamente na política. Engajou-se na criação do Partido Social Democrático de Minas Gerais, fundado por políticos ligados a Valadares. Nas eleições gerais de dezembro de 1945 foi eleito deputado federal para a Assembleia Nacional Constituinte pelo Partido Social Democrático (PSD), ficando em terceiro lugar. Pelo estado de Minas Gerais, elegeram-se também entre outros vinte deputados, entre eles Tancredo Neves, José Maria Alkmim, Gustavo Capanema e Valadares. Juscelino, juntamente com a esposa e a filha Márcia, foi morar na capital federal, no Rio de Janeiro, em Copacabana. Em 5 de fevereiro de 1946, foi empossado dep. federal no Palácio Tiradentes.

Em seu segundo mandato como deputado federal, JK integrou a Comissão de Transportes e Comunicações, defendeu a transferência da capital federal para o Triângulo Mineiro, e discursou sobre a necessidade de se construir casas populares e de se realizar uma política de conteúdo social, tendo em vista elevar o padrão de vida das pessoas. Ele destacou-se por sua oratória e seus discursos mais importantes, com as frases que ficaram famosas, como “Deus me poupou o sentimento do medo”, foram escritos pelo poeta carioca Augusto Frederico Schmidt; destacou-se, também, por sua atuação na chamada “política de bastidores”, nome dado para as articulações políticas bem trabalhadas, típica de seu segundo partido político. Em julho de 1946, um grupo de deputados federais, incluindo JK, embarcaram em um avião da Força Aérea com destino a Belém, Pará, com o propósito de conhecer o extremo norte do país. Posteriormente, lembrou que esta foi a primeira vez a entrar em contato com um Brasil diferente daquele que estava acostumado, afirmando: - “Se a beleza dos cenários me seduziu e deslumbrou, tive a oportunidade de viver, por outro lado, o drama daquelas populações deserdadas, perdidas nos desvãos de um território imenso e quase sem vínculo afetivo com a capital da República”.

Em maio de 1948, viajou com sua esposa para os Estados Unidos da América, permanecendo neste país durante algumas semanas e conhecendo várias cidades, como Nova Iorque, Chicago, Detroit e Filadélfia. De acordo com suas memórias, essa viagem o convenceu de que o Brasil apenas alcançaria pleno desenvolvimento por meio de uma industrialização intensa e diversificada; desta forma, a passagem pelos Estados Unidos desempenhou grande influência em suas visões político-administrativas. No início da década de 1950, o PSD mineiro encontrava-se dividido entre as alas lideradas por Bia Fortes e JK; ambos mantinham o desejo de ser candidato ao governo estadual na eleição de 1950. Em 22 de julho de 1950, o PSD realizou sua convenção, com a comissão executiva, composta por 23 membros, sendo a encarregada pela escolha do candidato. JK acabou sendo o candidato do partido, vencendo a disputa por três votos; posteriormente, Tancredo recordou: “até hoje é um sigilo. Não se sabe quem votou em Juscelino, nem quem votou em Bias Fortes”. JK contou, ainda, com o apoio do PR, PTN, PSP e PST. No decorrer da campanha, percorreu 168 municípios. Ironicamente, o outro candidato era o seu concunhado Gabriel Passos (PDC-UDN), casado com a irmã de sua esposa. Minas Gerais não tinha produção de energia elétrica suficiente e nem estradas, por isso sua estratégia se baseou no binômio “Energia e Transporte”, sugerido pelo reitor da Universidade do Brasil, Pedro Calmon, posteriormente, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Apurados os resultados, JK foi eleito governador com 714 mil votos (56,7%), contra 544 mil votos (43,2%) de Gabriel. Pela mesma coalizão de JK, foi eleito para vice Clóvis Salgado da Gama com 676 mil votos (56,5%), derrotando Pedro Aleixo. A disputa pelo Senado foi vencida por Artur Bernardes Filho, também filiado ao PSD. JK assumiu o cargo em 31 de janeiro de 1951, tornando-se o 24º governador do estado. Como governador, criou a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) em 1952 e construiu cinco usinas hidrelétricas, triplicando o poder energético estadual. Com a eletrificação foi possível estimular a industrialização, e assim pôde ser instalado em agosto de 1954 um conjunto de produção metalúrgica na região metropolitana de Belo Horizonte, a Mannesmann, uma siderúrgica alemã que possibilitou a concretização de seus planos: tirar o estado da situação “agropastoril”. Foram construídos mais de três mil quilômetros de estradas, 251 pontes e mais de 160 centros de saúde. Quando tomou posse, havia 680 mil alunos matriculados na escola primária, índice que saltou para 1,1 milhão de alunos no final do governo. Uma grande dificuldade que enfrentou como governador foi a revolta em Uberaba, em 1952, contra os elevados impostos estaduais, que causou prejuízos milionários.

JK buscou manter sua aliança política com Vargas, eleito presidente em 1950, conquistando a “bênção” do presidente para a realização de seus projetos como governador. Em meio à crise política iniciada com o atentado da famosa Rua Tonelero, JK convidou Vargas para participar da inauguração da siderúrgica Mannesmann - sendo esta a última viagem de Vargas antes de se suicidar, no final daquele mês. Juscelino foi o único governador a comparecer ao velório do presidente, ocorrido no Palácio do Catete. Com a posse do vice-presidente Café Filho, JK tentou evitar o agravamento da situação política e colaborou com o novo governo. Ainda como governador, JK iniciou as articulações para candidatar-se à presidência em 1955, visitando diversos estados do país. Após apoio do PSD para sua candidatura, em convenção realizada em fevereiro de 1955, renunciou ao cargo de governador para se candidatar a presidente. Ao vice-governador Clóvis Salgado, afirmou: - “vou ter que renunciar, e vão fazer tudo para impedir as eleições. Você vai ter que ficar com essa defesa aqui nas mãos. Porque, sem o apoio de Minas, meu velho, minha candidatura desmorona, não tenha dúvida”.  Salgado o tranquilizou.

Através de uma aliança política formada por seis partidos, Juscelino foi eleito Presidente da República em 3 de outubro de 1955, com 35,68% dos votos válidos, a menor votação de todos os presidentes eleitos de 1945 a 1960. Naquela época as eleições realizavam-se em turno único. Nesta eleição, pela primeira vez no Brasil, utilizou-se a cédula eleitoral oficial confeccionada pela Justiça Eleitoral. Antes de 1955 os próprios partidos políticos confeccionavam e distribuíam as cédulas eleitorais. Foi difícil o lançamento da candidatura de Juscelino, pois se acreditava em um veto militar a ele: JK era acusado de ser apoiado pelos comunistas. Somente quando o presidente da república Café Filho divulgou a carta dos militares na Voz do Brasil foi que Juscelino se lançou candidato, alegando que a carta dos militares não citava o seu nome. Em campanha presidencial na Bahia, o então governador daquele estado, Antônio Balbino perguntou a Juscelino qual era a verdadeira posição do “Café”. O candidato prontamente respondeu, em clara ironia, referindo-se ao ex-presidente Café Filho:

 - Para dar legitimidade e prestígio à sua candidatura a presidente, JK visitou o já idoso e venerado ex-presidente da república Venceslau Brás em sua residência no sul de Minas. Pediu e conseguiu o apoio do antigo presidente à sua candidatura. A apuração dos votos foi demorada. Em 3 de outubro de 1955, JK elegeu-se com 3 077 411 votos (35,68%), o general Juarez Távora recebeu 2 610 462 votos (30,27%), Ademar de Barros conseguiu 2. 222. 725 votos (25,77%) e Plínio Salgado conquistou 714. 379 votos (8,28%). Juscelino obteve 400. 000 votos a mais que o candidato da União Democrática Nacional Juarez Távora, e 800. 000 votos a mais que o terceiro colocado, o ex-governador de São Paulo Ademar de Barros. Juscelino foi favorecido pelo lançamento da candidatura de Plínio Salgado, que tirou votos do candidato Juarez Távora. A UDN tentou impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino não obteve vitória por maioria absoluta dos votos. A posse de Juscelino e do vice-presidente eleito João Goulart só foi garantida com um levante militar liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott que, em 11 de novembro de 1955, depôs o então presidente interino da República Carlos Luz. Suspeitava-se que Carlos Luz, da UDN, não daria posse ao presidente eleito Juscelino. 

Assumiu a presidência, após o golpe de 11 de novembro, o presidente do Senado Federal, Nereu Ramos do partido de JK, o PSD. Nereu Ramos concluiu o mandato de Getúlio Vargas que fora eleito para governar de 1951 a 1956. O Brasil permaneceu em estado de sítio até a posse de JK em 31 de janeiro quando Juscelino Kubitschek foi eleito governador de Minas Gerais (1951-1955), Sarah Kubitschek começou a mobilizar as senhoras da alta sociedade mineira a fim de arrecadar doações para os necessitados. As voluntárias se reuniam na garagem do Palácio da Liberdade e se dedicavam à ajuda de crianças, mães e mulheres grávidas. Este grupo ganharia o nome de Pioneiras Sociais, cujos Núcleos se espalharam pelo estado, com dezenas de voluntárias trabalhando no preparo e distribuição de merenda escolar, roupas, alimentos, cadeiras de rodas e aparelhos para deficientes físicos. Esta obra social ganhou novo impulso quando Juscelino Kubitschek foi eleito presidente da República (1956-1961). Em 22 de março de 1956 Sarah Kubitscheck, criou formalmente, a Fundação das Pioneiras Sociais, que desenvolveu atuação em dez estados brasileiros. Suas ações principais estavam voltadas para a assistência médica e educacional da pobreza. Entre as principais realizações, se podem citar a criação de hospitais volantes, escolas, centro de pesquisas, ambulatórios, lactários, centros de recuperação motora, recreação infantil e cursos de artes domésticas.

No mesmo ano da criação da Fundação das Pioneiras Sociais, a sogra do presidente da República faleceu, vítima de um câncer ginecológico. Com a morte da Sra. Luiza Gomes de Lemos, JK solicitou ao médico Arthur Campos da Paz um planejamento para a construção de um hospital de cancerologia na cidade do Rio de Janeiro. Este o aconselhou a criar um centro de pesquisas dedicado à prevenção do câncer feminino, de fato inaugurado em 1957, como uma nova unidade da Fundação das Pioneiras Social, e dedicada ao atendimento ambulatorial para a prevenção e a detecção precoce do câncer ginecológico e da mama. A nova unidade de saúde desenvolvia um trabalho de “busca ativa” de gênero com maior dificuldade de acesso à informação e aos serviços de saúde, cujo objetivo era trazer para a instituição mulheres que, até então, jamais houvessem feito o exame preventivo.
            A Arquitetura compreende uma forma de comunicação de massa que está bastante difundida. É uma operação precisa que se dirige a grupos humanos para satisfazer algumas de suas exigências e convencendo-os a viver de determinado modo. Também em relação a essa problemática sociológica a Arquitetura parece ter as mesmas características. Basta inferirmos sobre a individuação de algumas relações sociais: 1) O discurso arquitetônico é persuasivo: parte de premissas adquiridas, coliga-as em argumentos conhecidos e aceitos, e induz a determinado tipo de consenso; 2) O discurso arquitetônico é psicacógico: com suave violência, somos levados a seguir as instruções do arquiteto, que promove e induz no mesmo sentido em que falamos de persuasão oculta, indução psicológica, estimulação erótica; 3) O discurso arquitetônico é fruído na desatenção, como se fruem o discurso fílmico e televisivo, as estórias em quadrinhos, os romances policiais, ao contrário de como se frui a arte propriamente dita, que requer absorção, atenção, devoção à obra que se vai interpretar, respeito pelas intenções do remetente; 4) Enfim, a mensagem arquitetônica pode carregar-se de significados aberrantes sem que o destinatário perceba estar com eles interpretando uma traição.
             Na esfera da vida social a luta política é uma das questões que sempre marcaram a dialética entre capital e trabalho. Mas a esfera social onde a ideologia manifesta mais explicitamente seu poder de enviesamento é, com certeza, o campo da atividade política. O sujeito da ação política é alguém que quer conhecer o quadro em que age; que quer poder avaliar o que pode e o que não pode fazer. Mas, ao mesmo tempo, é um sujeito que depende, em altíssimo grau, de motivações particulares - sua e dos outros -  para agir. A política é levada, assim, a lidar com duas referências contrapostas, legitimando-se através da universalidade dos princípios e viabilizando-se por meio das “motivações particulares”. Os caminhos trilhados pela política evitam uma opção explícita por uma dessas linhas extremadas: o doutrinarismo, o oportunismo crasso, o cinismo ostensivo ou a completa indiferença. São frequentes as combinações desses elementos em termos de tais direções, porém combinados em graus e dimensões diversas. E é nessa combinação hábil que se enraíza a ideologia política.
Se Umberto Eco penetrou em profundidade sobre a minudência dos detalhes sem perder de vista a arquitetura em sua totalidade (forma e conteúdo) no sentido contemporâneo e magistral de Oscar Niemeyer (2000), posto que é considerado “um arquiteto de curvas e convicções”, é porque a ideia de que a Arquitetura seja uma forma de “comunicação de massa” está bastante difundida. Ora, uma operação que se dirige a grupos humanos para satisfazer algumas de suas exigências e convencê-los a viver de determinado modo pode ser definida como comunicação de massa. De acordo com Eco, no ensaio: A Arquitetura: Comunicação de Massa?, também em relação a essa problemática a Arquitetura parece ter as mesmas características das mensagens-massa: 1) O discurso arquitetônico é persuasivo: parte de premissas adquiridas, coliga-as em argumentos conhecidos e aceitos, e induz a determinado tipo de consenso; 2) O discurso arquitetônico é psicacógico: com suave violência, somos levados a seguir as instruções do arquiteto, o qual não apenas significa funcionalidade, mas promove e induz, no mesmo sentido em que falamos de persuasão oculta, indução psicológica, estimulação erótica; 3) O discurso arquitetônico é fruído na desatenção, ao contrário se pensarmos de forma comparada como se frui a arte, na ciência, na política que requer absorção, atenção, devoção à obra que interpretar, respeito pelas intenções do remetente); 4) a mensagem arquitetônica pode carregar-se de significados sem que o destinatário perceba estar com eles interpretando uma traição. 
Considerado pelo mestre Lúcio Costa um dos três mais importantes nomes da Arquitetura modernista brasileira, João Filgueiras Lima, o Lelé, “o arquiteto onde a arte e tecnologia se encontram e se entrosam – o construtor”, faleceu na manhã de 21/05/2014, em Salvador. Ele foi responsável por obras que transformaram em método e forma como o Brasil olhava sua Arquitetura. Desde o trabalho na construção de Brasília, passando pela criação da Fábrica de Escolas do Rio de Janeiro e dos Centros Integrados de Educação Pública no Rio de Janeiro (CIEP`s) -, ambos em parceria com o   antropólogo Darcy Ribeiro, a Fábrica de Equipamentos Comunitários em Salvador até o desenvolvimento do Centro de Tecnologia da Rede Sarah Kubitschek de Hospitais, ele soube como ninguém, unir socialmente técnica e arte, função e sensibilidade. João da Gama Filgueiras Lima, reconhecido pela alcunha de Lelé, foi um arquiteto brasileiro cuja obra é reconhecida especialmente pelo conjunto de projetos que desenvolveu junto à Rede Sarah de hospitais. A maior parte das obras dele encontra-se fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, regiões tradicionalmente abordadas pela crítica e pela historiografia da arquitetura nacional, especialmente nos estados da região Nordeste e em Brasília, cuja construção acompanhou. 
Apesar de ter nascido, crescido e se formado no Rio de Janeiro, passou a maior parte da vida profissional adulta em Brasília e em Salvador. Formou-se arquiteto pela tradicional e pioneira Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, em 1955, e sob a importante influência de Oscar Niemeyer e Nauro Esteves, mudou-se para Brasília ainda recém-formado, em 1957, ano em que foi iniciada a implantação do plano piloto de Lucio Costa. Neste período, construiu, projetou e colaborou com Oscar Niemeyer na construção da cidade. Trabalhou na Universidade de Brasília de 1962 a 1965, quando pediu demissão junto com 209 professores e servidores, em protesto contra a repressão na universidade. A necessidade de racionalização fordista na construção de Brasília despertou em Lelé o interesse na tecnologia de racionalização do uso do concreto armado, levando-o ao leste europeu para conhecer as tecnologias de construções pré-fabricadas aplicadas em países como União Soviética, Tchecoslováquia e Polônia, em meados da década de 1960. A obra arquitetônica de Lelé caracteriza-se especialmente pela busca da racionalização e da industrialização serial da arquitetura. 
Durante sua trajetória profissional da Arquitetura chegou a propor métodos e processos de pré-fabricação de elementos construtivos inéditos no país, sendo inclusive  dono de uma fábrica de pré-fabricados. A forma como a argamassa armada e o aço foram explorados em sua obra também é fato revelador de tal preocupação. Projetar considerando o conforto dos usuários e a economia de energia elétrica vem se tornando, cada vez mais, uma tendência mundial. Uma das principais funções dos arquitetos é a concepção de projetos mais eficientes que reduzam os impactos ambientais, melhorando a integração do edifício com o entorno e a obtenção de conforto através de sistemas passivos de condicionamento. O trabalho do arquiteto João Filgueiras Lima (cf. Montero, 2006), destaca-se devido à utilização, em suas obras, de estratégias planejando de ventilação e iluminação naturais. Através da criação de soluções diferenciadas de conforto, ele integra princípios funcionais, econômicos e ambientais, reduzindo os gastos com a energia elétrica e, principalmente, tornando os espaços menos herméticos, mais agradáveis e humanizados. O grande destaque de sua produção arquitetônica refere-se aos hospitais da Rede Sarah, exemplares na arquitetura bioclimática. As experiências que o arquiteto vem realizando nessa rede foram determinantes para que um novo padrão standard de arquitetura hospitalar, implantados e construídos com base na industrialização, porque utilizam recursos naturais através de soluções criativas e flexíveis, em locais confortáveis, econômicos e agradáveis.
Com o objetivo de dotar Brasília de moderno centro de reabilitação, a Fundação das Pioneiras Sociais implanta, na nova capital, um centro de reabilitação, inaugurado, em 21 de abril de 1960, pelo Presidente Juscelino Kubitschek. Aloysio Campos da Paz Júnior é convidado para dirigir o Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek e nele desenvolver as ideias que surgiram do seu treinamento em Oxford. Surge o embrião do Conselho Comunitário, para dar apoio político ao futuro projeto. A Secretaria de Planejamento da Presidência da República e o Ministério da Saúde aprovam o projeto que prevê um futuro hospital. Além dos programas de tratamento, este centro formará recursos humanos, desenvolverá técnicas e equipamentos e coordenará, no futuro, uma rede nacional de hospitais em sua especialidade. Inicia-se a formação de novos profissionais que irão viver os ideais institucionais hospitalares do Sarah, consolidando a implantação da Rede. Extingue-se a dupla militância caracterizada pelo trabalho do mesmo profissional, no setor público e no setor privado, desaparecendo, como consequência, o conflito de interesses daí gerado. Inicia-se uma relação de trabalho em tempo integral e, posteriormente, com dedicação exclusiva à instituição. Em 27 de dezembro, a União Federal e a Associação das Pioneiras Sociais assinam o primeiro Contrato de Gestão do Brasil, que será fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O Conselho de Administração, formado por membros do Conselho Comunitário da Fundação das Pioneiras Sociais, que se extingue, preside a nova Associação.
O Centro de Neurorreabilitação Sarah Fortaleza está localizado no bairro Passaré e foi inaugurado em setembro de 2001. Passaré é um bairro da cidade de Fortaleza, localizado na Zona Sul da capital, no Estado do Ceará, administrado pela Secretaria Executiva Regional VI da Prefeitura Municipal de Fortaleza. É um dos bairros mais valorizados de Fortaleza, atraindo a atenção de várias imobiliárias para a região, com a construção de condomínios de casas e apartamentos de luxo nos últimos anos. O bairro Passaré teve origem na Sesmaria da Lagoa do Passaré, localizada entre as terras da então Vila de Arronches, hoje Parangaba e a Vila de Messejana, concedida no início do Século XIX ao lusitano Antônio José Moreira Gomes. A Sesmaria veio a se desmembrar em glebas menores, mas o seu núcleo primitivo - o Sítio Passaré – continuou com os descendentes do primeiro concessionário, até que foi adquirido, em 1942, pelo historiador Raimundo Girão, ex-Prefeito de Fortaleza, juntamente com o seu sogro Prudente do Nascimento Brasil, que era um dos herdeiros e tetraneto do primeiro concessionário.  No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, após o loteamento e povoamento de grande parte da área do Sítio e da construção do Centro Administrativo do Banco do Nordeste, o nome Passaré extrapolou os limites do Sítio, vindo a dar nome a todo o bairro atualmente conhecido. O topônimo Passaré em tupi-guarani significa lagoa do atalho.

Possui vários residenciais e condomínios de casas e apartamentos na sua porção noroeste e norte, devido ao interesse de várias imobiliárias nos últimos anos. Vários prédios de apartamentos de luxo estão construídos nesse setor, como o Reserva Passaré, Mirantes Passaré, Plaza Carmelle, Horto Residence dentre outros. Há total pavimentação asfáltica nesse local do bairro, além de várias opções de lazer e entretenimento. A malha viária possui vias importantes como: Avenida Juscelino Kubitschek, continuação da Avenida Alberto Craveiro, Avenida Doutor Silas Munguba, antigas Avenida Dedé Brasil e Avenida Pedro Ramalho, reconhecida também como Avenida Paranjana, Avenida Deputado Paulino Rocha, Avenida Pompílio Gomes, Avenida Prudente Brasil, Avenida Heróis do Acre, Rua Desembargador Otacílio Peixoto e Rua Cardeal Albino Lucianni. O bairro possui ruas e avenidas em grande maioria com pavimentação asfáltica. Na área há três grandes supermercados: o Super do Povo, Santa Rita Passaré e Mercado Irmão Gêmeos além de vários mercadinhos de porte menor. Fica localizado no bairro um hospital da rede Sarah, o Hospital Sarah Kubitschek que ocupa um grande terreno e atende pacientes de todo o Estado do Ceará. Possui também 2 postos de saúde e 26 escolas públicas e privadas. No bairro localiza-se o Cemitério Parque da Paz tradicional na capital cearense.

Esta unidade hospitalar dedica-se à neurorreabilitação de adultos e crianças com lesão medular e lesão cerebral, à investigação diagnóstica de doenças neurológicas com repercussão motora e sensitiva, bem como atendimento clínico a adultos com dor na coluna vertebral. São admitidos pacientes adultos com sequelas de acidente vascular encefálico, traumatismo cranioencefálico, lesão medular traumática e não-traumática, Síndrome de Guillain-Barré e outras doenças neurológicas, como doença de Parkinson, ataxias, polineuropatias, esclerose múltipla e doenças neuromusculares. No Programa de Reabilitação em Coluna Vertebral são atendidos pacientes com cervicalgia, dorsalgia e lombalgia funcionais. Os principais diagnósticos pediátricos são: paralisia cerebral, mielomeningocele, lesão encefálica e medular de causas diversas e doenças neuromusculares. Durante o processo de reabilitação, o paciente realiza diversas atividades, algumas delas intergeracionais, que consistem em abordagens educativas, suportes psicopedagógicos e acompanhamentos escolares. Além disso, participa de programa de atividades esportivas como basquete, natação, tênis de mesa e bocha. Aproveitando o amplo espaço arborizado onde está localizado, o Centro de Neurorreabilitação disponibiliza um elenco de atividades integradas com a natureza, tais como oficinas de horta e jardinagem, socializações que promovem lazer, cultura e arte, treino de condicionamento físico, marcha e habilidades em cadeira de rodas.
Ao contrário do hospital de Salvador e de grande parte dos edifícios da rede, o Sarah Rio possui ar condicionado na maioria dos ambientes internos, incluindo os setores flexíveis como as enfermarias e as áreas de reabilitação. Essa decisão ocorreu devido ao clima quente e úmido do Rio de Janeiro, com temperaturas que atingem mais de 40° C no verão, o que torna indispensável o uso do ar condicionado em determinados períodos. No entanto, existem dias mais amenos e até períodos de frio, quando é possível alcançar o conforto térmico através do uso da ventilação natural. Diante disso, embora o uso do ar condicionado tenha sido generalizado, existe a possibilidade de utilizar sistemas de ventilação natural ou natural forçada. Essas soluções técnicas de resfriamento integradas evitam o uso desnecessário do ar condicionado, possibilitando uma edificação mais flexível,  agradável e mais econômica financeiramente. No entanto, o projeto de um edifício híbrido exige mecanismos muito práticos para trocar de um sistema para o outro, evitando gastos excessivos com a energia elétrica. Desenvolveram sistemas automatizados, fabricados pelo Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), que facilitam a flexibilização e o controle desses sistemas. O ápice da flexibilidade é alcançado comparativamente no Sarah Rio através da possibilidade da rápida mudança no controle do sistema artificial para o natural.


Centro de Neurorreabilitação Sarah, bairro Passaré (CE) inaugurado em 2001.
Lelé trabalhou na Rede Sarah durante 30 anos, sendo responsável pelo projeto, execução e manutenção de todos os hospitais. Isso possibilitou uma convivência frequente com todos os edifícios em funcionamento e, consequentemente, uma constante evolução das soluções de conforto. O seu processo de projeto é contínuo, em que cada novo trabalho é visto como uma continuação do anterior, baseado principalmente nas experiências adquiridas através do Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS). O Hospital Sarah Kubitschek é entidade de serviço social autônomo, de direito privado e sem fins lucrativos, é o nome pelo qual são conhecidas várias unidades hospitalares brasileiras, destinadas ao atendimento de vítimas de politraumatismos e problemas locomotores, objetivando sua reabilitação; é mantido pelo Governo Federal, embora sua gestão faça-se pela Associação das Pioneiras Sociais. O nome é em homenagem à Sarah Kubitschek, primeira dama do país na época da fundação de Brasília. O primeiro hospital da “Rede Sarah” foi a unidade Brasília; a experiência, em seguida, foi sendo ampliada para as capitais, estando presente também nas seguintes cidades: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA).
Lelé foi o criador de soluções para construções pré-fabricadas e em série. Em viagens aos países do Leste Europeu, em meio à construção da Universidade de Brasília, especializou-se na fabricação e no uso de pré-moldados, como vimos, aprimorando um método de trabalho desenvolvido a partir doas primeiros alojamentos para operários, utilizando inicialmente a madeira e depois a técnica do concreto armado.  Anos depois, desenvolveu processos de industrialização de argamassa armada. A parte dessas técnicas que dominava com maestria, ergueu edifícios modernos e singelos. Sua marca está impressa nas formas da Rede Sarah de Hospitais, com sedes em Brasília, Salvador, Curitiba, São Luís, Fortaleza, Belo Horizonte, Belém e Macapá. Nesses hospitais voltados à reabilitação, os projetos aproveitam a luz e ventilação naturais, dispensando o uso de ar condicionado e diminuindo o risco de infecção hospitalar. Em 1992, fundou em Salvador, o Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), que funciona como fábrica-escola destinada a projetar e executar obras da rede e equipamentos de tratamento. - “Quem quiser projetar um hospital atualizado tem antes que conversar com o Lelé”, disse Oscar Niemeyer.
Bibliografia geral consultada.
MIQUELIN, Lauro Carlos, Anatomia dos Edifícios Hospitalares. São Paulo: Centro São Camilo de Desenvolvimento em Administração da Saúde, 1992; NIEMEYER, Oscar, As Curvas do Tempo: As Memórias de Oscar Niemeyer. London: Phaidon Editor, 2000; MONTERO, Jorge Isaac Perén, Ventilação e Iluminação Naturais na Obra de João Filgueiras Lima, Lelé. Estudos de Hospitais da Rede Sarah Kubitscheck, Fortaleza e Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo, 2006; WESTPHAL, Eduardo, A Linguagem da Arquitetura Hospitalar de João Figueiras Lima. Dissertação de Mestrado. Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura. POrto Alegre: Universiade Federal do Rio Grande do Sul, 2007; LUKIANTCHUKI, Marieli Azoia, A Evolução das Estratégias de Conforto Térmico e Ventilação Natural na Obra de João Filgueiras Lima, Lelé: Hospitais Sarah de Salvador e do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos, 2010; HIPÓLITO, Lúcia, De Raposas e Reformistas: O PSD e a Experiência Democrática Brasileira (1945-1964). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2012; KIM, Joon Ho, O Estigma da Deficiência Física e o Paradigma da Reconstrução Biocibernética do Corpo. Tese de Doutorado em Antropologia Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; MARTINS, Alexandre Augusto, Liberdade Estática, Razão Estética: Permeabilidades entre Arquitetura e Engenharia na Obra de Oscar Niemeyer. Dissertação de Mestrado em Ciências. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo, 2015; MOREIRA, Nádia Xavier, A Construção de Sentidos sobre a Deficiência: Uma Análise a partir do Habitus Militar. Tese de Doutorado em Serviço Social. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015; SOUZA, Ronaldo Gomes, Gênero, Sofrimento e Virilidade: Psicodinâmica do Adoecimento no Trabalho dos Guardas Civis Metropolitanos de Goiânia. Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações. Instituto de Psicologia. Brasília: Universidade de Brasília, 2017;   entre outros. 

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