Ubiracy de Souza Braga
“Conhecer é tarefa de sujeitos, não de
objetos”. Paulo Freire
A
qualidade de vida é um tema que merece destaque pelo fato de se tratar de
questões sociais, políticas e afetivas relacionadas diretamente com a maneira
com que os indivíduos conduzem sua forma de vida. A qualidade de vida no
trabalho pode ser definida como o conjunto das ações dentro da empresa que
envolve a implantação e manutenção de melhorias e inovações gerenciais,
tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. Representa, portanto, como
a gestão e a educação para o bem-estar no trabalho, com decisões e escolhas
baseadas na cultura organizacional e no estilo de vida dos diferentes segmentos
ocupacionais. Apesar de ser uma linha de estudo recente e necessitar de
detalhamento de situações concretas para melhor compreensão do tema, a
qualidade de vida no ambiente de trabalho tem sido com diversas concepções e
teorias, que trouxeram à tona fatores preponderantes e pioneiros para o
desenvolvimento da atividade administrativa em função das condições adequadas
de trabalho, incentivos e recompensas salariais oportunas, cuidados com a saúde
do trabalhador etc.
A
concepção sociológica de Axel Honneth problematiza a “invisibilidade” como uma
patologia social caracterizada por formas intencionais de tornar pessoas
invisíveis. De forma semelhante à interpretação da análise da reificação, de
Marx à Lukács, a invisibilidade também é tratada de um ponto de vista
epistemológico e moral, a partir da teoria do reconhecimento. Um ato de
reconhecimento pressupõe dois elementos: 1) uma identificação cognitiva de uma
pessoa como dotada de propriedades particulares em uma situação particular, e:
2) a confirmação da cognição da existência da outra pessoa como dotada de
características específicas, através de ações, gestos e expressões faciais
positivas manifestados por quem a percebe. A invisibilidade, por outro lado,
significa mais do que a negação desses dois elementos. Sintetizada em
expressões como a de um “olhar através”, ela nega a existência do outro do
ponto de vista perceptual, como se ele não estivesse presente no campo de
observação da visão de quem olha. É importante mencionar na análise uma
distinção entre invisibilidade e visibilidade, de modo
que, embora ambas as ideias sejam espelhadas, elas conteriam em
si mecanismos de funcionamento fundamentalmente em oposição assimétrica.
No
conceito negativo (“invisibilidade”), as pessoas afetadas sentem-se como se não
tivessem sido percebidas. A perceptibilidade corresponde à capacidade de ver
alguém, enquanto a visibilidade designa mais do que mera perceptibilidade
porque acarreta a capacidade para uma identificação individual elementar. Desse
modo, para as pessoas afetadas em particular, a invisibilidade significaria o
sentimento de realmente não serem percebidas ou vistas, ao contrário da ideia
de que a invisibilidade significaria puramente a ideia negativa de
visibilidade, já que esta funciona segundo pressupostos que vão além da
capacidade de ver, pois a visibilidade também inclui, além da visão, as
capacidades de identificar, conhecer. Em outras palavras, quem é mais invisibilizado
socialmente sente que sequer é visto. Não entra em jogo neste sentido o
sentimento de que não é identificado ou conhecido. A discrepância conceitual
que se torna aparente entre invisibilidade visual e visibilidade é devido ao
fato de que, com a transição para o conceito positivo, as condições governando
a sua aplicabilidade são mais exigentes: enquanto a invisibilidade no sentido
visual significa apenas o fato de que um objeto não está presente como um
objeto no campo perceptivo de uma pessoa, a visibilidade física requer que nós assumamos
uma posição cognitiva diante do objeto dentro de uma estrutura espaço-temporal
como algo com propriedades visuais relevantes.
O
estado atual da civilização é fruto principalmente da extra-escolaridade cultural.
É mais um produto de sua natureza individual, de sua formação doméstica e de
sua existência social do que de sua preparação disciplinar. Esta palavra
significa um ato de dedicação. E de uma dedicação a fundo, positiva tanto aos
extremos como ao que fica entre eles, como culto, cultivo e cultura são três
aspetos articulados da mesma linha de reflexão desde quando nos aperfeiçoamos
pela cultura do Espírito. Muda o objeto de nossa dedicação, mas significa
sempre uma entrega total do nosso ser para alcançar a essência através das
aparências, de modo a tirar do cultivo da terra o alimento do nosso corpo, da
cultura intelectual o aperfeiçoamento do nosso espírito e da universidade o
reconhecimento da plenitude da verdade. Esse radical culto pode, portanto
apresentar três sentidos. O sentido individual de representação é o que
chamamos de cultura intelectual. Tem um sentido subjetivo e significa a
passagem da informação à formação do saber e da personalidade. O segundo tem um
sentido objetivo e significa a conquista de elementos característicos das
instituições e de ser de uma coletividade.
Na
universidade o homem de certo modo habita e não habita. Se por habitar
entende-se simplesmente uma residência. Quando se fala em habitar,
representa-se costumeiramente um comportamento que o homem cumpre e realiza em
meio a vários outros modos de comportamento. Não habitamos simplesmente, mas
construir significa originariamente habitar. E a antiga palavra construir
(“bauen”) diz que o homem é à medida que habita. Mais que isso, significa ao
mesmo tempo: proteger e cultivar, a saber, cultivar o campo, cultivar a vinha.
Construir significa cuidar do crescimento que, por si mesmo, dá tempo aos seus
frutos. No sentido de proteger e cultivar, construir não é o mesmo que
produzir. NB: em oposição ao cultivo, construir diz edificar. Ambos os modos de
construir – construir como cultivar, em latim, “colere”, cultura, e construir
como edificar construções, “aedificare” – estão contidos no sentido próprio de
“bauen”. No sentido de habitar, ou construir, permanece, para a experiência
cotidiana do homem. Aquilo que desde sempre é, como a linguagem diz de forma
tão exclusiva e bela, “habitual”. Isto esclarece porque acontece um construir
por detrás dos múltiplos modos de habitar, por detrás das atividades de cultivo
e edificação.
O sentido próprio de construir, a saber, habitar, cai no esquecimento. Em que medida construir pertence ao habitar? Quando construir e pensar são indispensáveis para habitá-lo. Ambos são, no entanto, insuficientes para habitá-lo se cada um se mantiver isolado, distantes, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao outro. Ipso facto construir e pensar pertence ao habitar. Permanecem em seus limites. Quando aprendemos a pensar que tanto um como outro, provém da obra de longa experiência de um exercício incessante de pensar. A cultura intelectual, portanto, em sentido próprio, refere-se a cada pessoa humana em particular e como um todo irredutível. Somos um ersatz: a cultura social é subsidiária da cultura intelectual, já que a sociedade existe para o homem e não o homem para a sociedade do trabalho. Embora seja esta uma condição indispensável para a realização daquele. Não há cultura intelectual liberta sem cultura social organizada. A cultura intelectual representa a passagem do domínio e controle da informação da nossa individualidade total. Pela informação recebemos de fora os elementos que vão permitir a eclosão de nossas possibilidades naturais. É a função da formação hermenêutica quando aglutinamos e assimilamos esses elementos exteriores, de tipo variado ou mesmo contraditório, reduzindo-os a uma unidade irredutível e elaborando com isso a nossa personalidade. Essa personalidade se projeta para fora no sentido da atividade de comunicação e de criação, que vai por sua vez fecundar a coletividade.
O sentido próprio de construir, a saber, habitar, cai no esquecimento. Em que medida construir pertence ao habitar? Quando construir e pensar são indispensáveis para habitá-lo. Ambos são, no entanto, insuficientes para habitá-lo se cada um se mantiver isolado, distantes, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao outro. Ipso facto construir e pensar pertence ao habitar. Permanecem em seus limites. Quando aprendemos a pensar que tanto um como outro, provém da obra de longa experiência de um exercício incessante de pensar. A cultura intelectual, portanto, em sentido próprio, refere-se a cada pessoa humana em particular e como um todo irredutível. Somos um ersatz: a cultura social é subsidiária da cultura intelectual, já que a sociedade existe para o homem e não o homem para a sociedade do trabalho. Embora seja esta uma condição indispensável para a realização daquele. Não há cultura intelectual liberta sem cultura social organizada. A cultura intelectual representa a passagem do domínio e controle da informação da nossa individualidade total. Pela informação recebemos de fora os elementos que vão permitir a eclosão de nossas possibilidades naturais. É a função da formação hermenêutica quando aglutinamos e assimilamos esses elementos exteriores, de tipo variado ou mesmo contraditório, reduzindo-os a uma unidade irredutível e elaborando com isso a nossa personalidade. Essa personalidade se projeta para fora no sentido da atividade de comunicação e de criação, que vai por sua vez fecundar a coletividade.
O
bairro se define como uma “organização coletiva de trajetórias individuais”. A
organização da vida cotidiana se articula ao menos segundo dois registros: 1.
Os comportamentos, cujo sistema se torna visível no espaço social da rua e que
se traduz pelo vestuário, pela aplicação mais ou menos estrita dos códigos de
cortesia, o ritmo de andar, o modo como se evita ou ao contrário se valoriza
este ou aquele espaço público. 2. Os benefícios simbólicos que se espera obter
pela maneira de “se portar” no espaço do bairro aparecem como o lugar onde se
manifesta um “engajamento” social: uma arte de conviver com parceiros
(vizinhos, comerciantes) que estão ligados a você pelo fato concreto, mas
essencial, da proximidade e da repetição. Existe uma regulação articulando um
ao outro esses dois sistemas com o auxílio do conceito de conveniência, que
surge no nível dos comportamentos, representando um compromisso pelo qual cada
pessoa, renunciando à anarquia das pulsões individuais, contribui para a vida
coletiva, retirando daí benefícios
simbólicos necessariamente protelados. Para “saber comportar-se” o
usuário se obriga a respeitar para que tenha a vida cotidiana.
A contrapartida desse tipo de imposição é
para o usuário a certeza de ser reconhecido e, portanto, considerado
afetivamente por seus pares, e fundar assim em benefício próprio uma relação de
forças nas diversas trajetórias que percorre. O bairro é por definição, um
domínio do ambiente social, pois constitui para o usuário uma parcela conhecida
do espaço urbano na qual positiva ou negativamente ele se sente reconhecido.
Pode-se, portanto apreender o bairro, simplificadamente, como esta porção do
espaço público em geral em que se insinua um “espaço privado particularizado”
pelo fato do uso quase cotidiano desse espaço social integrado. A fixidez do
habitat dos usuários, o costume recíproco da vizinhança, nascem através dos processos
sociais de reconhecimento que se estabelecem graças á coexistência concreta em um mesmo
território urbano. Todos esses elementos práticos se nos oferecem como imensos
campos de exploração em vista de compreender um pouco melhor esta grande
(des)conhecida que é a nossa fabulosa e intermitente vida cotidiana.
O
bairro surge como o domínio onde a relação espaço/tempo é a mais favorável para
um usuário ordinário que deseja deslocar-se por ele a pé saindo de sua casa.
Por conseguinte, é o pedaço da cidade atravessado por um limite distinguindo o
espaço privado do espaço público: é o que resulta de uma caminhada, da sucessão
de passos numa calçada, pouco a pouco significada pelo seu vínculo orgânico com
a residência. Diante do conjunto da cidade, atravancado por códigos que o
usuário não domina, mas que deve assimilar para poder viver aí, em face de uma
configuração dos lugares impostos pelo urbanismo, diante dos desníveis sociais
internos ao espaço urbano, o usuário sempre consegue criar para si algum lugar
de aconchego, itinerários para o seu uso ou seu prazer, que são as marcas que
ele soube, por si mesmo, impor ao espaço urbano. Metodologicamente o bairro é
uma noção dinâmica, que necessita de progressiva aprendizagem. Vai progredindo
mediante a repetição do engajamento do corpo do usuário no espaço público até
exercer uma apropriação. A trivialidade desse processo, partilhado por
cidadãos, torna inaparente a sua complexidade enquanto prática cultural e a sua
urgência para satisfazer o desejo urbano dos usuários da cidade.
A
designação campus ou cidade
universitária acabaram por definir o mesmo espaço, com os mesmos objetivos.
Cidade Universitária era a aspiração inicial dos campi instalados no Brasil: uma pequena
cidade, apartada daquelas que poderíamos chamar de regulares. Esse núcleo teria
a capacidade de oferecer ensino, mas também de abrigar centros de pesquisa,
acolher alunos e professores, oferecer, enfim, todos os serviços que qualquer
cidade estruturada oferece. Os serviços que os campi brasileiros oferecem –
mesmo um dos maiores, o da Universidade de São Paulo (USP) são restritos e
insuficientes para os seus usuários. Serviços, como transportes públicos, só
funcionam com regularidade nos dias úteis e outros comércios necessários à
subsistência são raros e na maioria das vezes inexistentes. Os campi universitários brasileiros não são
autossuficientes. Dependem muito das cidades em que estão localizados.
Ipso facto, a cidade universitária não passa de uma aspiração que nem sempre se
realizou.
Campus universitário o conceito mais apropriado. Trata-se de um território fechado, privado ou público, com
administração independente e que abriga espaços e lugares de ensino, aprendizagem e
pesquisa. Reúnem alguns poucos serviços fundamentais como refeitórios,
lanchonetes, farmácias, copiadora, papelaria e praticamente só isso. O sonho da
cidade universitária autônoma e independente, no Brasil, ainda é uma utopia.
Por falta de verbas necessárias, este ideal vem sendo postergado e nunca
realizado. A história dos diferentes campi universitários no Brasil,
ressalvados alguns aspectos particulares, é muito semelhante. O Estado
desapropria ou, às vezes, ganha uma determinada área, geralmente distante da cidade
por ser menos onerosa. Solicita a contribuição de alguns profissionais para a
elaboração de um plano e de um projeto arquitetônico, realiza solenidades,
descerra placas e inicia as obras que, normalmente, intermitentes, duram pouco
tempo, mas se as verbas terminam para a construção do campus.
Nova administração, novas esperanças, novas verbas e uma nova equipe,
geralmente composta por docentes aparentemente titulados: um novo plano é
realizado, novas metas são definidas. Realiza-se o que a verba permite. Fim da
verba, fim da equipe, fim do plano e quase sempre fim das obras.
O
bairro é um universo social que não aprecia muito a transgressão. Esta é
incompatível com a suposta transparência paradoxal da vida cotidiana, com sua
imediata legibilidade. Esta se deve efetuar, aliás, esconder-se nas trevas dos
“lugares reprováveis”, fugir para os refolhos privados do domicílio. O bairro é
um palco “diurno” cujos personagens são, a cada instante, identificáveis no
papel que a conveniência lhes atribui: a criança, o pequeno comerciante, a mãe
de família, o jovem, o aposentado, o padre, o médico, máscaras e máscaras por
trás das quais o usuário do bairro é “obrigado” a se refugiar para continuar
usufruindo dos benefícios simbólicos com os quais pode contar. A conveniência tende sempre a elucidar os
bolsões noturnos do bairro, o incansável trabalho de curiosidade que, como um
inseto de imensas antenas, explora com paciência todos os cantinhos do espaço
público, sonda os comportamentos, interpreta os acontecimentos e produz sem
cessar um rumor questionante incoercível: Quem é quem e faz o quê? De onde vem
este novo freguês? Quem é o novo locatário? É no ruído e na tagarelice que a
curiosidade representa as pulsões interiores absolutamente
fundamentais na prática cotidiana do bairro que procura uma “razão para tudo”,
mede tudo pela régua da conveniência.
Nesta
direção do entendimento humano se é possível dizer que todo rito é a assunção
ordenada de uma desordem pulsional inicial, o seu “trancafiamento” simbólico no
campo social, então a conveniência é o rito do bairro. O que ocorre no bairro
universitário? A conveniência subtrai à troca social os ruídos que poderiam
alterar a imagem do reconhecimento; é ela que por extensão no processo de
comunicação filtra tudo o que não visa a clareza. Mas, e esta é a sua face
positiva, se ela impõe a sua coerção,
o faz em vista de um benefício simbólico que se há de adquirir ou preservar. O
conceito de conveniência ganha particular pertinência no registro do consumo.
Como relação social cotidiana com a busca dos alimentos e dos serviços. Assim,
comprar não é apenas trocar dinheiro no sentido marxista por alimentos (mercadoria),
no sentido do binômio produção-consumo, mas, “ser bem servido quando se é bom
freguês”. O ato da compra vem “aureolado” por uma “motivação” que, poder-se-ia
dizer, o precede antes de sua efetividade: a fidelidade. Esse algo mais, não
contabilizável na lógica estrita da troca de bens e serviços, é diretamente
simbólico: é o efeito do consenso, de um acordo tácito. É o fruto de um longo
costume recíproco pelo qual um sabe o que pode pedir ou dar ao outro, em vista
de melhorar a relação com os objetos desejantes da troca.
Pelo
fato do seu uso habitual, o bairro pode ser considerado como a privatização
progressiva do espaço público. O bairro constitui o termo médio de uma
dialética existencial entre o dentro e o fora. E é na tensão entre esses dois
termos, um dentro e um fora, que vai aos poucos se tornando o prolongamento de
um dentro, que se efetua a apropriação do espaço. Um bairro poder-se-ia dizer,
é assim uma ampliação do habitáculo; pelo usuário, ele se resume á soma das
trajetórias individuais inauguradas a partir do seu local conscrito na origem
de sua habitação. Não é propriamente uma superfície urbana transparente para
todos ou estatisticamente mensurável, mas antes as condições e possibilidades
oferecidas a cada um de inscrever na cidade um sem-número de trajetórias cujo
núcleo irredutível continua sendo sempre a esfera do privado. Existe a elucidação de uma
analogia formal entre o bairro e a moradia: cada um deles tem, com os limites
que lhe são próprios, a mais alta taxa de controle pessoal possível, pois tanto
aqueles que moram como os que fazem dele sua moradia são os únicos lugares
vazios onde, de maneira diferente, se pode fazer aquilo que se quiser.
O
limite público/privado, que parece ser a estrutura fundadora do bairro para a
prática de um usuário, não é apenas uma separação, mas dialeticamente constitui
uma separação que une. A relação entrada/saída, dentro/fora se imiscui dentre
outras relações sociais como casa/trabalho, conhecido/desconhecido e assim por
diante, mas representa sempre uma relação social entre uma pessoa e o mundo
material e social, condicionado por uma dialética constitutiva da autoconsciência
que vai haurir, nesse movimento de ir e vir, de mistura social e de
recolhimento íntimo, a certeza de si mesma enquanto imediatamente social. Essa
diferença entre a essência e o exemplo, entre a imediatez e a mediação, quem
faz não somos nós apenas, mas a encontramos na própria certeza sensível; e deve
ser tomada na forma em que nela se encontra, e não como nós acabamos de
determina-la. Na certeza sensível um momento é oposto como o essente simples e imediato, ou como a
essência: o objeto. O outro momento,
porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é
“em-si”, mas por meio do Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele
é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é,
tanto faz que seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido –
enquanto o saber não é, se o objeto não souber que pode ser. Trata-se assim da
singularidade imediata de apreensão do objeto.
Enfim,
a prática do bairro introduz um pouco de gratuidade no lugar da necessidade;
ela favorece uma utilização do espaço urbano não finalizado pelo seu uso
somente funcional. No limite, visa conceder o máximo de tempo a um mínimo de
espaço para liberar possibilidades de deambulação. A cidade é, em seu sentido
característico, “poetizada” pelo sujeito: este a “refabricou” para o seu uso
próprio desmontando as correntes do aparelho urbano: ele impõe à ordem externa
da cidade a sua lei de consumo do espaço. O bairro é, por conseguinte, no
sentido econômico do termo, um objeto de consumo do qual se apropria o usuário
no modo da privatização do espaço público. Aí se acham reunidas todas as
condições para favorecer esse exercício: conhecimento dos lugares, trajetos
cotidianos, relações de vizinhança (política), relações como os comerciantes
(economia), sentimentos difusos de estar no próprio território (etologia), tudo
isso como indícios cuja acumulação e combinação produzem, e mais tarde
organizam o dispositivo social e cultural segundo o qual o lugar praticado se
torna não somente o objeto de conhecimento, mas o lugar de um
reconhecimento.
A
conveniência se impõe em primeiro à análise pelo seu papel negativo. Neste sentido poucos membros da comunidade ueceana perceberam ou avaliaram o efeito moral da Resolução 1438/2018 para a realização de eventos cívicos, pois ela proíbe o uso de bebidas no campus, sem um plebiscito, ela se
encontra no lugar da lei, aquela que torna heterogêneo o campo social proibindo
que aí se distribua em qualquer ordem e a qualquer momento não importa que
comportamento social. Isto quer dizer que a conveniência mantém relações muito
estreitas com os processos de educação implícitos a todo grupo social: ela se
encarrega de promulgar as “regras” do uso social, enquanto o social é o espaço
do outro, e o ponto médio relacional da posição da pessoa enquanto ser público. A
conveniência é o gerenciamento simbólico da face pública de cada um de nós
desde que nos achamos na rua. A conveniência é simultaneamente o modo pelo qual
se é percebido e, de fato, o meio obrigatório de se permanecer submisso a ela.
Exige que se evite dissonância no jogo dos comportamentos e
ruptura qualitativa na percepção do meio social. Por isso é que produz
comportamentos estereotipados, prêt-à-porter, que têm por função
possibilitar o reconhecimento “de não importa quem em não importa que
lugar”. É da tradição acadêmica brasileira a falácia política de que qualquer dúvida a respeito de uma lei só possa ser sanada através da representação de outra lei.
A ética ou a filosofia moral se tornam uma luz que permite discernir entre aquilo que é certo ou não do ponto de vista ético. É um dos valores que não se encontra inserido no contexto de uma religião específica, mas no contexto da lei natural que rege aquilo que é conveniente para o ser humano de acordo com sua dignidade e natureza. A moral tem sua base na liberdade do ser humano através da qual uma pessoa pode realizar boas ações, mas que também tem a liberdade de praticar atitudes injustas. A reflexão moral ajuda o ser humano a tomar consciência de sua própria responsabilidade no trabalho de crescer como pessoa, tendo sempre claro o princípio da verdade e do bem. A filosofia como reflexão moral é muito importante, uma vez que a retidão no trabalho ajuda o ser humano a melhorar como pessoa e a alcançar uma vida boa. A filosofia moral mostra a responsabilidade humana em trazer esperança à sociedade que vive, uma vez que através de ações individuais exerce influência no bem comum. Esta filosofia moral toma como fundamental os princípios da conduta humana. Estas normas éticas dignificam a pessoa através de valores como mostra a superação pessoal, o amor próprio, o respeito ao próximo, o princípio do dever e a busca pela felicidade. Um princípio moral essencial é lembrar que o fim nem sempre justifica os meios.
A ética ou a filosofia moral se tornam uma luz que permite discernir entre aquilo que é certo ou não do ponto de vista ético. É um dos valores que não se encontra inserido no contexto de uma religião específica, mas no contexto da lei natural que rege aquilo que é conveniente para o ser humano de acordo com sua dignidade e natureza. A moral tem sua base na liberdade do ser humano através da qual uma pessoa pode realizar boas ações, mas que também tem a liberdade de praticar atitudes injustas. A reflexão moral ajuda o ser humano a tomar consciência de sua própria responsabilidade no trabalho de crescer como pessoa, tendo sempre claro o princípio da verdade e do bem. A filosofia como reflexão moral é muito importante, uma vez que a retidão no trabalho ajuda o ser humano a melhorar como pessoa e a alcançar uma vida boa. A filosofia moral mostra a responsabilidade humana em trazer esperança à sociedade que vive, uma vez que através de ações individuais exerce influência no bem comum. Esta filosofia moral toma como fundamental os princípios da conduta humana. Estas normas éticas dignificam a pessoa através de valores como mostra a superação pessoal, o amor próprio, o respeito ao próximo, o princípio do dever e a busca pela felicidade. Um princípio moral essencial é lembrar que o fim nem sempre justifica os meios.
Bibliografia
geral consultada.
ALEXANDER, Christopher
“et al”, Urbanismo y Participación el
Caso de la Universidad de Oregón. Barcelona: Editorial Gustavo Gilli,
1978; PAZ, Octavio, El Ogro Filantrópico: História y Política 1971-78. Barcelona: Ediciones Seix Barral, 1979; OSZLAK, Oscar, Merecer la Ciudad: Los Pobres y el Derecho al Espacio Urbano. Buenos Aires: Ediciones Cedes-Humanitas, 1991; ALBERTO, Klaus Chaves, Três
Projetos para uma Cidade Universitária do Brasil. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Urbanismo. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
2003; HONNETH, Axel, “La Théorie de la Reconnaissance: Une Esquisse et
Visibilité et Invisibilité: Sur l’Épistémologie de la Reconnaissance. In: Revue du Mauss, n° 23, 2004; CASTILHO, Fausto, O
Conceito de Universidade no Projeto da Unicamp. Campinas: Editora da
Unicamp, 2008; LIMA, Roberto Kant de, A Antropologia da Academia: Quando os Índios Somos Nós. 3ª edição, revista e ampliada. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2013; BÜLL, Sandra, Quantas
Vidas Vive um Trabalhador? Trabalho e Cultura Popular. Tese de Doutorado.
Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Campinas: Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, 2016; PEREIRA, Fúlvio Teixeira de Barros, Exporting
Progress: Os Norte-Americanos e o
Planejamento do Campus no Brasil. Tese de Doutorado. Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Universidade de São Paulo,
2017; entre outros.
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