domingo, 29 de abril de 2018

Marisa Leticia - Memória & Vigília de Trabalhadores do Brasil.


                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

Uma mulher que não pode ser considerada mero adereço do marido”. Frei Betto, 02/02/2017.

                        
A vigília Lula Livre e as diversas organizações sociais que a integram repudiam de forma veemente o ataque a tiros sofrido contra o acampamento Marisa Letícia, ocorrido na madrugada de 28/04 e que resultou em duas pessoas feridas, uma delas de forma grave, com um tiro no pescoço. O acaso de não ter havido vítimas fatais não diminui a tentativa de homicídio, motivada pelo ódio e provocação de quem não aceita que a vigília é pacífica, que alcança três semanas e vai receber um 1° de Maio com presença massiva de trabalhadores em Curitiba. No fundo, é uma crônica anunciada. Desde o dia 17 quando houve a mudança de local de acampamento, cumprindo demanda judicial, os integrantes do movimento social pró-Lula haviam sido atacados na região. Desde aquele momento, a coordenação da vigília já exigia policiamento e apoio de viaturas, como foi  sinalizado nos acordos para mudança no local do acampamento. – “Nós desmanchamos o acampamento cumprindo ordem oficial. Fizemos a opção de ir para um terreno e seria garantida a segurança. Agora o que cobramos da Secretaria de Segurança Pública é investigação, que identifique o atirador”, enfatiza Dr. Rosinha, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) estadual e integrante da coordenação da vigília.   
O Comando Exército lançou em 24 de agosto de 2017 quatro portarias de números 966, 967, 968 e 969 estabelecendo quem pode usar tais armas. Diz o texto do Comando Logístico da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército que divulgou a decisão: - “O Comando do Exército Brasileiro assinou, no dia 08 de agosto de 2017, as Portarias 966, 967, 968 e 969, que autorizam a aquisição de até 2 (duas) armas de fogo de porte de uso restrito, no calibre 9mm, na indústria nacional, para uso particular por agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência, policial rodoviário federal, policial ferroviário federal, policial civil, policial e bombeiro militar dos Estados e do Distrito Federal, agentes das polícias legislativas do Congresso Nacional, da Carreira de Auditoria da Receita Federal e Analistas Tributários diretamente envolvidos no combate e na repressão aos crimes de contrabando e descaminho”. É conhecido e delimitado o universo de pessoas aptas a usarem as armas 9 mm. E são todas elas policiais e militares ou agentes de segurança do Estado.
Segundo informações de trabalhadores do Acampamento Lula Livre muitos carros passaram em frente ao local desde as duas da madrugada, gritando palavras de ordem e o nome de Jair Bolsonaro, candidato a presidente preferido pela extrema direita. Após o ataque, os integrantes do acampamento realizaram uma manifestação em uma rua próxima para denunciar o atentado e o “estado de exceção que fere o direito de mobilização do grupo”, além disso, os acampados pediram agilidade por parte da Polícia e Justiça. Após uma passeata do acampamento Marisa Leticia até a Vigília Lula Livre, os acampados deram o reconhecido e já tradicional bom dia ao ex-presidente Lula e denunciaram o atentado. Para Roni Barbosa, secretário nacional de Comunicação da Central Única de Trabalhadores - CUT, e Regina Neves, presidenta da CUT-PR, ambos residentes em Curitiba, “é vergonhoso ver a direita golpista destruir a boa imagem da capital e do estado do Paraná. Eles participaram da caminhada desta manhã, ao lado da vice-presidente da CUT Carmen Foro”. A vigília Lula Livre soltou uma nota de repúdio contra o atentado alegando que a “tentativa de homicídio” não intimidará os manifestantes, que terão presença massiva em Curitiba neste 1° de maio, Dia do Trabalho. O movimento também fala em “crônica anunciada”, devido ao fato dos integrantes já terem sido atacados na região no momento em que houve a troca de local do acampamento. Segundo o texto, as atividades do acampamento seguem normais.

             
O Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, condenou o ataque a tiros contra o acampamento Marisa Letícia em Curitiba, onde dorme parte dos militantes da Vigília Lula Livre, ocorrido na madrugada deste sábado (28/04). Ele afirmou que “quem odeia a democracia tem medo de perder seus privilégios e dispara contra pessoas indefesas durante a noite”. Adolfo Esquivel esteve em reunião no parlamento do Mercosul (Parlasul), onde participou de ato na defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é mantido encarcerado como preso político na capital paranaense. - Repudiamos el atentado homicida contra el Campamento #LulaLivre en Curitiba. Quienes odian la democracia tienen miedo de perder sus privilegios y disparan a personas indefensas por la noche.#Brasil vive un Estado de excepción.
Em 1974 na cidade de Medellin, na Colômbia, Adolfo Pérez Esquivel coordenou a fundação do Servicio Paz y Justicia en América Latina (SERPAJ-AL), junto com vários bispos, teólogos, militantes, líderes comunitários e sindicalistas. O SERPAJ-AL se dedicou a defender os Direitos Humanos no continente e a difundir a Não-Violência Ativa como instrumento de transformação da realidade e de enfrentamento dos crimes de tortura e desaparecimento forçado de militantes políticos e agentes comunitários e pastorais, praticados pelas Ditaduras Militares que haviam se instalado por toda a América Latina, com o apoio dos Estados Unidos que viviam então o auge da chamada Guerra Fria com a União Soviética. Por essa atividade Adolfo Pérez Esquivel recebeu o Nobel da Paz de 1980. Escultor estudou e obteve formação em arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Nacional de La Plata. A partir de 1968, dedicou particularmente em sua vida a propagar a não violência e defender os direitos humanos: fundou o Jornal Paz e Justiça em 1973, e a partir de 1974 se tornou seu secretário. A publicação se tornou a voz do movimento pacifista na América Latina. Entre 1977 e 1979, comparativamente com o líder sindicalista e ex-presidente Lula, foi preso por questões políticas. Contudo, durante esta reclusão recebeu o Prêmio Memorial de Paz Juan XXIII, entregue pela Organização Pax Christi Internacional.
Marisa Letícia Rocco Casa nascida em São Bernardo do Campo numa família de pequenos sitiantes, ela guardava a firmeza de caráter de seus antepassados italianos. Comedida nas palavras, a ponto de preferir não dar entrevistas, não fazia rodeios quando se tratava de dizer o que pensa, doa a quem doer. Por isso não pode ser incluída entre as tietes do marido. Nos palanques, preferia ficar atrás e não ao lado de Lula. A admiração recíproca que os unia não impediu que, ao vê-lo retornar de uma maratona de reuniões, às 3 da madrugada, ela o convoque para criticar o desempenho dele numa entrevista na TV ou compartilhar decisões domésticas. Nasceu em 7 de abril de 1950 e faleceu em São Paulo, em 3 de fevereiro de 2017. Foi uma grande primeira-dama do Brasil, ocupando o posto entre 1º de janeiro de 2003 e 1º de janeiro de 2011, período em que o seu marido, o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, importante fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) exerceu o cargo de presidente da República.
Filha de Antônio João Casa, filho de Giovanni Casa e Carolina Gambirasio e Regina Rocco, filha de Mariano Rocco e Giovanna Boff, Marisa Letícia Rocco Casa nasceu numa família de imigrantes italianos lombardos de Palazzago, província de Bérgamo de origem agrícola. Tanto quanto Lula, Marisa conhece as dificuldades da vida. Décima filha de Antônio João Casa e Regina Rocco Casa cresceu vendo o pai carregar a charrete de verduras e legumes que ele plantava e vendia no mercado. Se o sítio era pequeno, suficiente para assegurar a precária subsistência da família de onze filhos, o coração dos Casa era grande o bastante para acolher os necessitados. Dona Regineta – como era tratada sua mãe – ficou conhecida como benzedora em São Bernardo do Campo, pois, na falta de médicos e de recursos, muitas pessoas a procuravam, especialmente quem padecia de bronquite. Conviveu com os dez irmãos no sítio dos Giovanni Casa até os cinco anos de idade. Neste sítio, seu avô paterno construiu uma capela em homenagem a Santo Antônio, que ainda existe. Hoje, toda a área do sítio chama-se “Bairro dos Casa”, em homenagem a seus antepassados, pioneiros da região. Em 1955, Marisa e sua família mudou-se para São Bernardo do Campo, região do Grande ABC (SP). Depois de frequentar uma escola humilde, Marisa foi transferida, na terceira série, para o Grupo Escolar Maria Iracema Munhoz.
Aos nove anos, já tinha experiência como pajem de três garotas mais novas. Aos 13 anos de idade, com a autorização do pai, começou a trabalhar na fábrica de chocolates Dulcora, como embaladora de bombons. Permaneceu nesta até os dezenove anos de idade, quando se casou com o motorista Marcos Cláudio dos Santos e mudou seu nome para Marisa Letícia Casa dos Santos. Seis meses após o casamento, seu marido foi assassinado num assalto. Marisa estava grávida de quatro meses e seu filho recebeu o nome de Marcos Cláudio, em homenagem ao pai. Em 1973, trabalhou como inspetora de alunos em um colégio estadual. Neste mesmo ano, já viúva, conheceu Lula no Sindicato dos Metalúrgicos de sua cidade natal. Os dois casaram-se sete meses depois e passou a se chamar Marisa Letícia Casa da Silva. Quando Lula incorporou seu apelido em seu nome, Marisa mudou novamente de nome, passando a chamar-se Marisa Letícia Lula da Silva. O longo relacionamento político-afetivo de mais de trinta anos gerou três filhos: Fábio, Sandro e Luís Cláudio. Marisa Letícia tinha ainda uma enteada, Lurian, filha de Lula da Silva com a ex-namorada Miriam Cordeiro.
Marisa Leticia começou na vida política militando ao lado do marido, eleito presidente do Sindicato em 1975, para que outras mulheres se juntassem ao movimento sindical na região. Em 1978, iniciaram-se as greves no ABC paulista. Foi Marisa quem cortou e costurou a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores, quando este foi fundado em 10 de fevereiro de 1980. Participou ativamente no início das atividades do partido, ajudando a criar núcleos e a estampar camisetas. Habilidosa na arte do silk-screen, Marisa fez a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT), num corte de tecido vermelho trazido da Itália. Em 1981, montou em casa uma pequena oficina para estampar camisetas com símbolos do Partido, inclusive criações de Henfil. Para a campanha de Lula a deputado federal, em 1986, ela chegou a estampar cerca de vinte mil camisetas, que foram vendidas para angariar fundos. Ciosa de sua privacidade familiar critica a imprensa quando tenta entrar pela porta de sua casa ou incluir seus filhos no noticiário. Em tais situações, só o cuidado das plantas é capaz de acalmá-la. Desprovida de vaidade, Marisa se vestia pelo figurino do bom gosto, evitando a sofisticação. Comprava a roupa que lhe agradava, sem conferir a etiqueta. Ela sempre foi sua própria manicure/pedicure. Avessa a protocolos, gostava mesmo de ficar entre amigos, cercada de planta e água, em qualquer lugar em que os filhos se divertiam, livres das normas de segurança. Um bom jogo de buraco, o papo solto, o marido de bermudas ao seu lado e o telefone desligado - é o que basta para deixá-la em paz.
Com a intervenção do governo federal no sindicato em abril do mesmo ano, Lula e outros sindicalistas foram presos, e as reuniões eram realizadas ilegalmente em sua casa. Nesse período, quando Lula e diversos sindicalistas estavam presos devido às greves, ela liderou a Passeata das Mulheres em protesto pela liberdade dos sindicalistas. Centenas de mulheres e de crianças, todas cercadas por policiais, tanques e cavalaria, saíram da Praça da Matriz e caminharam pela rua Marechal Deodoro até o Paço Municipal, retomando à Igreja da Matriz. Durante as disputas eleitorais de 1982, 1986, 1994 e 1998, nas quais Lula se candidatou, Marisa dedicou-se aos filhos, à casa e às campanhas. Em 2002, entretanto, com os filhos já adultos, pôde se dedicar exclusivamente à campanha do marido. Em 1º de janeiro de 2003, Marisa Letícia tornou-se a primeira-dama do Brasil. Nos oito anos como primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia não participou ativamente de nenhum projeto, fato duramente criticado pela oposição. Tradicionalmente a primeira-dama realiza projetos sociais, em paralelo as ações oficiais. No primeiro turno das eleições de 2006, Marisa não deu tanto apoio a Lula quanto nas eleições anteriores. Assim como o marido, acreditava que a disputa seria resolvida no primeiro turno. Entretanto, com a disputa encaminhada para segundo turno, Marisa começou a participar mais ativamente da campanha, mantendo uma agenda própria e realizando caminhada sozinha em prol do marido em Brasília e em Goiânia. No contexto de manobra política da “Operação Lava Jato”, em setembro de 2016, Marisa tornou-se ré de duas ações penais aparentemente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Após sua morte, juridicamente as acusações foram extintas.
No artigo de Leonardo Boff, intitulado: “Dona Marisa Letícia ao ódio respondeu doando seus órgãos” (05/02/2017), ele faz análise de conjuntura demonstrando, em suas palavras, que ela morreu num contexto politico conturbado. Nas palavras do próprio Lula, “ela morreu triste” e também traumatizada. Para Boff, as instituições brasileiras não funcionam porque não se qualifica o seu funcionamento. Isto porque se tomamos como referência a mais alta corte da nação, o Supremo Tribunal Federal - STF ai fica claro que as instituições estão corrompidas, incluindo a Polícia Federal e o Ministério Público. Especialmente o Supremo Tribunal Federal é atravessado por interesses políticos e um dos seus ministros, de forma escancarada, rompe diretamente a ética de todo magistrado, falando criticando, atacando fora dos autos e tomando claramente posição por um partido; nada acontece, no nosso vale tudo jurídico, quando deveria sentir o rigor da lei e sofrer um impeachment. Esta situação política e institucional  é um sinal inequívoco que estamos numa derrocada política, ética e institucional.
O Brasil, para Leonardo Boff, vai de mal a pior, pois todos os dias os itens sociais e políticos se deterioram. E afirma: - O que nos parece mais grave é o fato de que se instaurou um real estado de sítio judicial. A chamada operação Lava-Jato mostrou juízes justiceiros que usam o direito como instrumento de perseguição, no caso do Partido dos Trabalhadores e diretamente do ex-presidente Lula. A Polícia Federal, bem no estilo da SS nazista, entrou casa adentro da família Lula, revistaram cada canto, reviraram o colchão, remexeram a penteadeira de Dona Marisa, revolveram a geladeira, carregaram o que puderam e levaram sob vara, pois é esta a expressão correta, quer dizer, coercitivamente o ex-presidente Lula para interrogatório numa delegacia do aeroporto. Tal ato de violência física e simbólica traumatizou a ex-primeira dama. Maior foi o trauma quando foi indiciada como criminosa na operação Lava Jato junto com o marido. Evidentemente isso a encheu de medo e alterou todo seu estado de saúde. Como se não bastassem aquilo que escreveu corajosamente jornalista Hildegard Angel em seu blog na internet - rede mundial de computadores, “os oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas”.
Concordando com a análise da jornalista, afirma Boff: - faço minhas as palavras de Hildegard Angel, pois representam o que posso testemunhar em mais de 30 anos de amizade entranhável com Dona Marisa e Lula: “Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo. Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou com Lula, um verdadeiro casal”. Criticam-na porque como primeira dama não assumiu funções públicas. Mas poucos sabem que foi ela que restituiu a forma original do palácio do Planalto, resgatando os móveis e tapetes que haviam sido doados a ministros e a outros departamentos. Ela possuía elevado sentido estético e reconhecido gosto pela arte popular. Foi fundamental na reforma da Catedral que acompanhou passo a passo. Finalmente, foi ela que introduziu no Torto as festas da cultura popular, a celebração de seus santos de devoção que são da maioria do povo brasileiro, Santo Antônio e São João. Lá organizou o carnaval bem no estilo do povo, com as bandeirinhas, a procissão e o pau de sebo. Escândalo da burguesia descolada de nossas raízes e envergonhada de nossas tradições.
Quando ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) que foi fatal, Leonardo Boff visitou-a na UTI: - Falei-lhe ao ouvido (dizem que mesmo em coma o ouvido ainda funciona) palavras de confiança e de entrega ao Deus Pai e Mãe que ela acreditava com fé profunda. Deus a estava esperando para que caísse em seu seio materno e paterno para ser feliz eternamente. Abracei o ex-presidente que não escondia as lágrimas. Quando se constatou a morte cerebral, o coração ainda pulsava. Ele disse uma palavra verdadeira: - ”O coração dela pulsa porque o nosso amor vai para além da morte”. Ao lado de tanta dor – afirma Boff - se constataram na internet palavras de ódio e de maledicência. Felizes porque morria e merecia morrer daquele jeito. Aí me dei conta de que não temos apenas pedófilos, mas também necrófilos, aqueles que amam e celebram a morte dos outros. Pertinente é a frase atribuída ao Papa Francisco: - ”Quando você comemora a morte de alguém, o primeiro que morreu foi você mesmo”. Diante da morte, o momento derradeiro para cada ser humano, pois vai encontrar-se com Suprema Realidade que é Deus, devemos nos calar reverentes. Ou proferimos palavras de conforto e de solidariedade ou emudecemos respeitosamente. Como podemos ser cruéis e sem piedade diante da morte dolorosa de uma pessoa conhecida como extremamente bondosa, assim como arraigada aos mais pobres, lutadora dos direitos dos trabalhadores e das mulheres e com grande amor ao Brasil? Tanto quanto Lula foi realizada uma devassa em sua vida pelo como um ato incontestavelmente de vingança pelo juiz federal da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba S. F. Moro.   
Ao ódio ela respondeu doando generosamente os próprios órgãos para que outros pudessem viver. Enfim, em 24 de janeiro de 2017, Marisa Leticia foi internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Sírio-Libanês após sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico (AVC). Em 2 de fevereiro, a ex-primeira dama havia tido sua morte cerebral decretada, entretanto o Hospital Sírio-Libanês anunciou que a mesma seria submetida aos primeiros exames para a testificação de morte cerebral no dia seguinte. Após esses exames, o hospital divulgou nota confirmando a morte de Marisa, constatada às 18h57 de 3 de fevereiro de 2017. Sua família autorizou a doação de seus órgãos e a Secretaria Estadual de Saúde confirmou que seriam doados rins, fígado e as córneas. A morte de Marisa Letícia repercutiu no meio político. O ex-presidente Lula recebeu visitas de aliados e outros de vários partidos políticos. Dilma Rousseff afirmou que Marisa foi uma “mulher de fibra, batalhadora que conquistou espaço e teve importante papel político. Marisa foi o esteio de sua família, a base para que Lula pudesse se dedicar de corpo e alma à luta pela construção de outro Brasil”. Marisa Letícia, a Primeira Dama. Da fábrica ao Palácio do Planalto (DF).
O velório ocorreu em 4 de fevereiro na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. O corpo chegou às 9h da manhã e o velório foi fechado para a família até às 10h, quando foi aberto para o público até cerca de 15h30. Amigos, parentes, correligionários e uma multidão em torno de aproximadamente 20 mil pessoas, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, prestaram homenagens a Marisa Letícia. O culto ecumênico foi marcado pelo discurso político-afetivo. Foi neste sentido que Lula emocionado, Lula disse que a sua companheira “Marisa morreu triste porque a canalhice, a leviandade e a maldade que fizeram com ela... Quero provar que os facínoras que levantaram leviandades contra ela tenham um dia a humildade de pedir desculpas”. O corpo foi cremado no cemitério Jardim da Colina após o velório. O Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO) homenageou Marisa “com um programa de bolsas para mulheres que lutam pela liberdade e pela democracia”. Em 29 de dezembro de 2017, o prefeito em exercício de São Paulo, sancionou o projeto de lei que dá o nome da ex-primeira dama Maria Letícia a um viaduto no extremo Sul da capital paulista que se inicia na Estrada do M`Boi Mirim e termina na confluência da avenida Luiz Gushiken com a rua Adilson Brito.
Finalizando, a cor vermelha significa paixão, energia e excitação. É uma cor quente. Está associada ao poder, à guerra, ao perigo e à violência. O vermelho é a cor do elemento fogo, do sangue e do coração humano. Simboliza a chama que mantém vivo o desejo, a excitação sexual e representa os sentimentos de amor e paixão. No contexto religioso, o vermelho é a cor da carne, do pecado, do diabo, da tentação; é a cor que provoca a paixão carnal e o desejo. Na política, a cor vermelha está associada ao espírito revolucionário. É a cor do comunismo e da ideologia política de esquerda. A cor vermelha estimula o sistema nervoso, a circulação sanguínea, dá energia ao corpo e eleva a autoestima. Um ambiente pintado de vermelho se torna vibrante, com glamour, requinte e estimula a sexualidade. Em excesso, pode provocar inquietação. Na sala e na cozinha, o vermelho estimula o apetite e a sexualidade deixando-o mais convidativo. Na consciência popular individual (os sonhos) e coletiva (os mitos, os ritos, os símbolos) a bandeira vermelha está associada com o ideário comunista, o sindicalismo marxista em geral e as manifestações populares massivas, fato político que é cimentado com a imagem difundida com as bandeiras de República Popular da China e da União Soviética. Durante o período clássico revolucionário da Comuna de Paris, as bandeiras francesas da cidade foram retiradas e em seus lugares hasteadas bandeiras vermelhas. Enfim, o vermelho irradia-se como uma das sete cores do arco-íris, o vermelho representa uma das sete notas musicais, um dos sete céus, um dos sete planetas, um dos sete dias da semana. Simboliza um dos elementos vitais, o fogo. A dimensão horizontal, mais clara a oriente e mais escura a ocidente. É visto como elemento fundamental da vida e da sensualidade feminina. Como o sol, incita a ação, é tônico, forte e brilhante. 
Bibliografia geral consultada.
MOISÉS, José Álvaro, “PT: Una Novedad Histórica?”. In: Cuadernos de Marcha. México, volume 9, pp. 11-19, 1980; Idem, “Partidos y Gobernabilidad en Brasil. Obstáculos Institucionales”. In: Revista Nueva Sociedad. Caracas, volumen 134, pp. 158-171, 1994; PARANÁ, Denise, Lula, o Filho do Brasil. Tese de Doutorado em Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Sociologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1995; GERSTLÉ, Jacques, “La Persuasion de l’Actualité Télévisée”. In: Revue Politix, n° 37, 1997, pp. 81-96; ROZA, Bartira de Aguiar, Efeitos do Processo de Doação de Órgãos e Tecidos em Familiares: Intencionalidade de uma Nova Doação. Tese de Doutorado. Escola Paulista de Medicina. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, 2005; FARAH, Tatiana, “A Galega que Comanda a Casa e a Vida de Lula”. Disponível em: https://www.revistaforum.com.br/28/11/2011;  RODRIGUES, Angélica de Jesus dos Anjos, A Imagem de Lula nas Eleições Presidenciais. Dissertação de Mestrado em Marketing. Faculdade de Economia. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2015;  ASTURIAS, Miguel Ángel, Viento Fuerte. México: Editorial Dracena, 2016; Frei Betto, “Marisa Letícia”. In: http://www.carosamigos.com.br/02/02/2017; NASCIMENTO, Danielle Cândido da Silva, Medo e Consumo: Os Efeitos de Sentido da ´Possibilidade de Choque`. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Letras. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2017; BOFF, Leonardo, “Dona Marisa Letícia ao ódio respondeu doando seus órgãos”. In: https://leonardoboff.wordpress.com/2017/02/05/; BOAVENTURA, Luís Henrique, Encenação e Ubiquidade em Discursos no Twitter: Procedimentos de Análise. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Faculdade de Educação. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2017; BITTENCOURT, Julinho, “Marisa Letícia, 1950-2017, filha do Brasil”. In: https://www.revistaforum.com.br/03/02/2018; SILVEIRA, Débora Ely, Marisa Letícia: Morte, Política e Ódio em Tempos de Redes Sociais e Polarização. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Escola de Humanidades. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2018; entre outros.

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