Jaques Morelenbaum - Violoncelo, a Poética Pedagógica do Arranjador.
Ubiracy de Souza Braga
“Se callan las cuerdas. La música
sabía lo que siento”. Jorge Luís Borges
Alguns
acreditam que arranjo pode ser entendido como uma transformação realizada
em uma música de modo a torná-la mais agradável e bela. Esta opinião não é
compartilhada por todos os músicos, claramente, uma vez que um arranjo pode ser
realizado com diversos objetivos estéticos e os conceitos de belo ou agradável
não podem ser objetivamente definidos. Em alguns casos, notadamente, o arranjo
pode ser usado para deliberadamente criar um contraste, não
necessariamente mais belo, com a versão original. Em outros casos, como nas
trilhas sonoras de alguns filmes, é comum a utilização da música para criar conforto
na audiência, em cenas alegres de amor ou tristes, entre outras. Para fazer um
bom arranjo é necessário um grande conhecimento musical, pois esta atividade
engloba muitos elementos distintos. O músico deve planejar seu trabalho e
conhecer bem seus objetivos e os recursos disponíveis. Em muitos casos o
arranjo inclui a mudança no estilo da música. É possível, por exemplo,
transformar um samba em um rock ou uma peça composta para uma voz solista pode
ser cantada por um coral. Cada estilo musical possui um conjunto característico reconhecível de elementos.
Em música, arranjo, representa socialmente a técnica de preparação de uma composição musical para a execução por um grupo específico de vozes ou instrumentos musicais. Isso consiste basicamente em reescrever o material pré-existente para que fique em forma diferente das execuções anteriores ou para tornar a música mais atraente para o público e usar técnicas de rítmica, harmonia e contraponto para reorganizar a estrutura da peça de acordo com os recursos disponíveis, tais como a instrumentação e a habilidade técnica dos músicos. O arranjo pode ser uma expansão, quando uma música para poucos instrumentos será executada por um grupo musical maior como uma orquestra ou grupo coral. Pode também ser uma redução, como quando uma música para orquestra é reduzida para ser tocada por um conjunto menor ou mesmo por um instrumento solista. O músico responsável por esta atividade poética é chamado arranjador. Muitos compositores fazem os arranjos de suas próprias canções, mas em muitos casos, o arranjador é um músico especializado e experiente. As atividades do arranjador muitas vezes se confundem com as do produtor musical.
Por
exemplo, no Jazz é comum o uso de dissonâncias, quartas e sextas
paralelas, mas em outros estilos, estes intervalos produziriam resultados limitados.
Para alcançar os objetivos de um bom arranjo, o músico deve dominar alguns
destes aspectos. Criação da base rítmica, contracantos e linhas de baixo. Baixo
aqui se refere ao acompanhamento harmônico de base, que pode ser executado por
vários instrumentos como piano ou instrumentos de sopro, além do baixo
propriamente dito. De forma semelhante, a seção rítmica pode conter além dos
instrumentos de percussão, outros instrumentos com função rítmica, como
guitarras e piano. A criação da base rítmica deve utilizar a métrica e
variações de ritmo, tais como a síncope, que caracterizam cada estilo. Instrumentação.
Um arranjo para voz e violão é muito diferente de um arranjo para orquestra. O
resultado obtido por cada formação é muito diferente e o arranjador deve
conhecer e valorizar as virtudes de cada instrumento. Isso inclui o
conhecimento do timbre e da extensão de cada instrumento e a utilização dessas
qualidades na linguagem de cada estilo. Por exemplo, uma seção de metais é
utilizada de forma muito diferente em um arranjo latino como uma salsa ou em
uma valsa. Estilo, dinâmica, variações de andamento, expressão e outras
instruções para os executantes. Estruturação da peça, incluindo a criação de
seções de introdução, interlúdio e coda e repetições das seções principais e
refrões, quando existentes. O arranjo pode incluir o planejamento de
momentos específicos na música para a improvisação instrumental ou vocal. Finalmente, documentação
do trabalho através de partituras ou outros métodos de notação musical.
O
violoncelo surgiu para colmatar a necessidade de ter um instrumento com notas
graves para tocar nas procissões. Desta forma, encontramos violoncelos com
orifícios nas costas por onde passavam cordas de forma a segurar o violoncelo
ao pescoço do músico que assim ficava com as duas mãos livres para tocar.
Alguns dos mais antigos violoncelos que se conhece foram construídos por Andrea
Amati. Em sua historicidade, o violoncelo teve diversas designações. O
contrabaixo é o mais grave dos instrumentos de cordas. Tal característica o
torna uma peça fundamental em qualquer orquestra, uma vez que o mesmo produz um
“preenchimento” musical muito importante e peculiar, servindo como um
verdadeiro “alicerce musical”. Surgiu no século XV, como fruto da evolução de
outros instrumentos mais antigos e da necessidade em reproduzir as partes
graves da música de uma forma mais nítida e perceptível. Nessa época, o mesmo
possuía apenas três cordas. Devido ao seu som demasiado potente, tarde é que
veio a ser aceite. O violoncelo teve origem no século XVI na Itália, num
processo evolutivo da família das cordas e foi criado por Andrea Amati, na
Itália.No século XVII é que aparecem
obras para violoncelo. Vivaldi escreveu “Concertos e Sonatas” para violoncelo.
J. S. Bach compôs 6 Suítes. A adoção de quatro cordas, lhe
proporcionou um efeito mais virtuoso, e só se deu a partir do século XIX.
No
século XVI, o instrumento de cordas tangidas preferido era o alaúde. Na maior
parte dos casos ele tinha onze pares (ou “pistas”) de cordas, e permitia que se
tocassem não apenas acordes dedilhados, como um violão moderno, mas também
música polifônica de considerável complexidade. Seu uso principal era na música
de câmara (com um dos instrumentos de um “consorte”), mas, especialmente na
Inglaterra, era usado para acompanhar canções para alaúde de Dowland, Campion e
Rosseter são magníficas, e para movimento de danças solo ou fantasias em estilo
polifônico, por exemplo. Lachrimae, de Dowland. Compositores posteriores
ocasionalmente usaram o alaúde, mas no auge das sonatas e concertos para cordas
ele saiu de moda e obras tais como as cinco suítes para alaúde de Bach e o
punhado de concertos para alaúde de Vivaldi, apesar de música deliciosa, seriam
encaradas “como curiosidades”, para um instrumento de museu, até mesmo em sua
própria época. Vale lembrar que até o final do século XVIII, o violão era
praticamente desconhecido na música clássica. Em um instrumento popular, para
se dedilhar no acompanhamento de canções. Até mesmo no século XIX, os músicos
que o tocavam, entre eles Schubert, Berliez, Paganini e Wagner encaravam-no
“mais como um brinquedo” do que propriamente considerado como um instrumento
musical sério, por mero preconceito, e os compositores especialistas em violão,
como Fernando Sor, por exemplo, eram poucos e raramente de primeira classe.
A
intuição como forma de representação do conhecimento consiste na
capacidade de reconhecer algo sem entender seu funcionamento. Está
fundamentada na noção inicial que temos sobre algo, noção esta que nasce da
experiência sensorial e/ou de uma análise superficial das características que
compõe determinado elemento. Tomando como base esta noção inicial, conseguimos
entender de forma pouco esclarecida do que se trata determinado elemento e já
nos dispomos a emitir juízos acerca do mesmo. Todas estas concepções do homem,
que se expressam de diversas formas, nasceram a partir da análise que seus
sentidos o proporcionaram fazer. Mas há algo a mais nisto. Não bastariam ele
olhar para a pedra e sentir seu peso para concluir todas estas coisas. Teria o
homem que pensar por associação, por comparação. Teria o homem que se basear em
suas outras experiências para
entender tais coisas.
Têm-se
nas reflexões anteriores, um exemplo desta forma básica de entender o mundo que
nos cerca. O pensamento por associação. O conhecimento que se constrói através
de memórias de experiências passadas e logo comparações com experiências
presentes. O raciocínio intuitivo da forma como foi apresentado, revela-nos uma
superficialidade na forma de compreender o mundo. Retomando ao exemplo do
homem: o mesmo não saberia explicar o porquê de nenhuma de suas conclusões,
visto que ele baseou-se somente em suas antigas experiências. Os fatos usados
para formar a conclusão, não são compreendidos pelo homem, ele apenas sabe que
são tal como são e aceita isso como natural. Não entende ele, o “como” e nem o
“por que” daqueles fatos se apresentarem daquela maneira. Tudo que ele sabe,
foi captado pelos sentidos, guardado na memória e utilizado quase que
automaticamente em seu dia-a-dia como uma forma de entender o mundo que lhe é
anterior e encontra-se ao seu redor.
A
“intuição trabalhada”, tal como a entendera Gaston Bachelard, significa assumir
com essa ideia a existência de dois polos necessariamente presentes no universo
cultural humano. Ou seja, o polo da objetividade
e o polo da subjetividade, entrelaçados
e mediados nos duros e doces caminhos da constituição da mediação científica
assim como dos demais caminhos existentes, ideia esta tão cara à concepção de
ciência nestes tempos. O pensamento de Bachelard se faz contemporâneo na
atualidade potente de sua reflexão. Felizmente fora da dinâmica consensual
entre pesquisadores, pois é conhecido por sua filosofia não cartesiana, não
bergsoniana, não aristotélica e não kantiana, visto que sua obra excede a
epistemologia e a estética e dialoga com diferentes áreas de saber. Foi o
pensador do novo “espírito científico” que, ao refletir sobre o conhecimento,
problematiza o erro em sua positividade e a importância real da retificação.
Seu novo racionalismo aberto e dinâmico, histórico e factual, inova a concepção
de imaginação, explora os devaneios e desconfia das metáforas. Foi um “filósofo
da solidão feliz” que a procura de instantes poéticos nos desestabiliza nas
incertezas do mundo objetivo.
Ensaio instrumental com Paula Morelenbaum, Ryuichi Sakamoto, Jaques Morelenbaum. Arranjo,
em música, do ponto de vista técnico-metodológico é a preparação de uma
composição musical para a execução por um grupo específico de vozes ou
instrumentos musicais. Isso consiste basicamente em reescrever o material
pré-existente para que fique em forma, diferente das execuções anteriores, ou
para tornar a música mais atraente para o público e usar técnicas de rítmica,
harmonia e contraponto para reorganizar a estrutura da peça de acordo com os
recursos disponíveis, tais como a instrumentação e a habilidade técnica dos
músicos. O arranjo pode ser uma expansão, quando uma música para poucos
instrumentos será executada por um grupo musical maior como uma orquestra ou
grupo coral. Pode também ser uma redução, como quando uma música para orquestra
é reduzida para ser tocada por um conjunto menor ou mesmo por um instrumento solista.
O músico responsável por esta atividade é chamado arranjador. Muitos
compositores fazem os arranjos de suas próprias canções, mas em muitos casos, o
arranjador é um músico especializado e experiente. Atualmente as atividades do
arranjador muitas vezes se confundem com as do produtor musical.
Regina
Paula Martins Morelenbaum iniciou sua carreira solo em 1990 em Nova York, apresentando-se em diversos clubes de
jazz. Em 1993, lançou seu primeiro CD solo, “Paula Morelenbaum”, produzido por
seu marido, Jaques Morelenbaum, que também participou de algumas faixas do
disco, como instrumentista e arranjador. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Sharp
de Música, na categoria “Revelação Feminina Pop Rock”. Em 1995, formou, com
Paulo Jobim, Daniel Jobim e Jaques Morelenbaum, o “Quarteto Jobim Morelenbaum”, com o qual se
apresentou no Brasil, Estados Unidos e Europa, e lançou, em 1999, o CD “Quarteto
Jobim Morelenbaum”. Participou também do CD “Smoochy”, de Ryuichi Sakamoto, em Song books produzidos por Almir Chediak
e na trilha sonora de Antonio Pinto para o filme: “Menino maluquinho”, de Helvécio
Ratton. Em 2002 lançou com Morelenbaum e Sakamoto, o CD “Casa”, gravado na casa
de Antonio Carlos Jobim, autor das músicas registradas no disco. Em 2003,
apresentou-se com o Jaques Morelenbaum e Ryuichi Sakamoto nos EUA e em tournée pela Europa, onde participou dos
festivais de jazz de Montreux, Viena, Coliseu de Lisboa e do Porto, Roma e Milão
quando gerou “A Day in New York”.
Ao
recriar o material pré-existente para que fique em forma diferente das
execuções anteriores ou para tornar a música mais atraente para o público, o
arranjador precisa estar ciente dos recursos disponíveis, tais como a
instrumentação e a habilidade dos músicos. Deve também planejar seu trabalho e
conhecer bem seus objetivos. Em muitos casos, o arranjo inclui a mudança no
estilo da música. É possível, por exemplo, transformar um samba em um rock ou
uma peça composta para uma voz solista para ser cantada por um coral. O arranjo
pode ser uma expansão, quando uma música para poucos instrumentos é executada
por um grupo musical maior como uma orquestra ou grupo coral. Pode também ser
uma redução, como quando uma música para orquestra é reduzida para ser tocada
por um conjunto menor ou mesmo por um instrumento solista. Alguns arranjos são mais elaborados, como
aqueles que são executados por orquestras.
Jaques
Morelenbaum é violoncelista, arranjador, maestro, produtor musical e compositor
brasileiro. Filho do maestro Henrique Morelenbaum e da professora de piano
Sarah Morelenbaum, é irmão de Lucia Morelenbaum, clarinetista da Orquestra
Sinfônica Brasileira, e de Eduardo Morelenbaum, maestro, arranjador e
instrumentista. É casado com a cantora Paula Morelenbaum. Iniciou a carreira
musical como integrante do grupo “A Barca do Sol”, participou também da Nova
Banda em dez anos de parceria com Antônio Carlos Jobim, atuando em espetáculos
e gravações que os levaram a vencedores do Grammy com o “compact disc”: Antônio
Brasileiro. Destacado como violoncelista, estudou música no Brasil e mais tarde
ingressou no New England Conservatory, onde frequentou as classes de Madeline
Foley, que, por sua vez, foi discípula de Pablo Casals. Em 1995 integrou o
“Quarteto Jobim Morelenbaum”, com o qual excursionaram vezes à Europa,
incluindo apresentação na Expo'98, em
Lisboa, além de constantes apresentações nos Estados Unidos e no Brasil e uma
gravação do CD Quarteto Jobim Morelenbaum. Formou juntamente com Paula
Morelenbaum e o renomado pianista e compositor Ryuichi Sakamoto o grupo M2S,
com o qual gravou vários projetos, incluindo os memoráveis “Casa” e “A Day in
New York”. Participou do álbum “Suíte Três Rios” do pianista e compositor de
jazz europeu Dan Costa.
Portanto,
para desenvolver um bom arranjo, o músico deve dominar a criação da base
rítmica, contracantos e linhas de baixo, instrumentação, estilo, dinâmica,
variações de andamento, expressão e a estruturação da peça. E depois documentar
esse trabalho técnico através de uma partitura - ou outros métodos de notação
musical - para o registro da obra e para que outras pessoas possam executá-la
conforme o planejado. O arranjo pode incluir o procedimento de planejamento de
momentos específicos na música para a improvisação tanto no plano instrumental
ou vocal. Através dele utilizam-se a apropriação das técnicas de rítmica,
harmonia e contraponto para reorganizar a estrutura da peça de acordo com as
habilidades dos músicos e os recursos disponíveis.
O
símbolo não sendo já de natureza linguística deixa de se desenvolver numa só
dimensão. As motivações que ordenam os símbolos não apenas já não formam longas
cadeias de razões, mas nem sequer cadeias. A explicação linear do tipo de
dedução lógica ou narrativa introspectiva já não basta para o estudo das
motivações simbólicas. A classificação dos grandes símbolos da imaginação em
categorias motivacionais distintas apresenta, com efeito, pelo próprio fato da
não linearidade e do semantismo das imagens, grandes dificuldades.
Metodologicamente, se se parte dos objetos bem definidos pelos quadros da
lógica dos utensílios, como faziam as clássicas “chaves dos sonhos”, segundo as
estruturas antropológicas do imaginário, cai-se rapidamente, pela massificação
das motivações, numa inextricável confusão. Parecem-nos mais sérias as
tentativas para repartir os símbolos segundo os grandes centros de interesse de
um pensamento, certamente perceptivo, mas ainda completamente impregnado de
atitudes assimiladoras nas quais os acontecimentos perceptivos não passam de
pretextos para os devaneios imaginários. Tais são, de fato, as classificações
mais profundas de analistas das motivações do simbolismo religioso ou da
imaginação de modo geral literária.
Mas
a finalidade de se fazer um arranjo podem ser inúmeras, dependendo do lugar e
espaço e objetivos estéticos, os conceitos de belo ou agradável não podem ser
objetivamente definidos. Pode servir para criar um contraste, não
necessariamente mais belo, por exemplo, cenas de terror e suspense precisam de
trilhas sonoras que causem certo desconforto, dentre muitos outros exemplos. Se
o arranjador for dotado de uma impecável disciplina, obterá êxito hic et nunc em seu trabalho como
arranjador. Para adquirirmos um bom desempenho faz-se necessário, em primeiro
lugar, uma execução impecável – o domínio da técnica traz muita liberdade ao
músico, pois ele se liberta das notas da partitura, como o musgo na pedra.
Assim, é possível transcender a técnica. Em seguida o processo disciplinar,
experiência e intuição. Um arranjo ou adaptação começa com a
melodia principal o arranjador deve automaticamente perceber a harmonia para
poder acompanhá-la, pois ela caminha de acordo com a melodia.
A
grande era do violão começou com a estreia em concertos de Andrés Segovia, um
gênio virtuose capaz de rivalizar com Chopin no piano ou Paganini, no violino,
comparativamente. Inspirado por suas execuções, os fabricantes melhoraram e
reforçaram o instrumento até que ele tocasse alto o bastante para se segurar
sozinho numa sala de concerto. Os promotores de concertos começaram a programar
recitalistas de violão, a música de alaúde do passado foi redescoberta e
publicada e centenas de novas obras para violão foram compostas. A esta altura,
no tempo e espaço, passados mais de setenta anos, o violão é um instrumento de
concerto favorito, com uma dúzia de solistas experts, amplo repertório de músicas desde os melodiosos concertos,
estudos e sonatas de Ponce, Arnold, Villa Lobos e Rodrigo, até mesmo nas mais diversas
composições em grande escala comunicacional de trabalho de reconhecidos mestres de vanguarda tais como
Henze, Tippett e Berio.
A
crescente popularidade do piano no século XVIII significou que os membros da
família do violino, por sua vez, entraram em eclipse como instrumentos de solo.
Os compositores que escreviam concertos ou sonatas “de exibição” o faziam para
o teclado; obras solo para violino e violoncelo, pois havia poucas para viola,
menos ainda para o contrabaixo, eram em menor escala, escritas principalmente,
para músicos amadores ou para efeitos didáticos. Os concertos para violino de
Mozart e os concertos para violoncelo de Haydn são típicos: leves e
insubstanciais, em nada parecidos com o âmbito dos concertos para piano de
Mozart ou das sinfonias de Hydn compostas na mesma época. Paradoxalmente, esse
afastamento da música para cordas solo levou ao desenvolvimento de duas das
mais magníficas de todas as formas musicais ambas centradas no som da família
do violino: o quarteto de cordas e a sinfonia. Se a música solo estava
analogamente em baixa, no mercado musical das sinfonias – e havia poucas
exceções, por exemplo, a sublime “Sinfonia Concertante”, de Mozart, a música de
conjuntos de cordas agora assumia o lugar dominante no repertório que se mantém.
No
século XVIII Haydn escreveu vários Concertos
para violoncelo. No século XIX verifica-se um grande aumento no número de peças
escritas para violoncelo. Beethoven escreveu “Triplo Concerto”, para piano,
violino e violoncelo, e várias Sonatas; Schumann escreveu um Concerto; Brahms
escreveu Sonatas e Duplo Concerto, para violino e violoncelo; Debussy escreveu
uma Sonata. No início ele era usado como acompanhamento de outros instrumentos,
até que no século XVIII passou a ser um instrumento solista e importante no
quarteto de cordas. Em França Hubert Le Blanc chegou a chamar ao violoncelo
“pobre diabo” e “miserável cancro”. Mas durante o século XVIII construíram-se
vários tipos de violoncelos tanto de tamanho maior como menor. No século XIX
Servais inventou o “espigão” que permite apoiar o violoncelo no chão. O uso do
violoncelo como solista só foi aceite, entretanto, em meados do século XIX. Por
ser um instrumento de corda friccionada, assim como o violino, utiliza um arco
para sua execução onde as cerdas são especificamente de crina de cavalo. Os
primeiros violoncelos não tinham o pino de apoio na parte inferior, mas colocado
por um violoncelista depois. Uma das melhores violoncelistas portuguesas foi Guilhermina
Suggia que demonstrou as capacidades do violoncelo. Com o passar do tempo o
violoncelo - chamado carinhosamente de “cello” - tornou-se um instrumento
brilhante, adquirindo certa popularidade, principalmente na música de Câmara e
os concertos realizados entre os séculos XVII e XVIII, tornando-se um
instrumento virtuoso e elegante, mas só ganhou real popularidade no âmbito da modernidade no século XX.
No
século XIX, a ideia de um solista de cordas virtuose ressurgiu e após Paganini,
o mais impressionante concertista de violino do século – os violinistas
chegaram a rivalizar com os pianistas e os cantores de ópera como os
intérpretes mais bombásticos desse período. Sua popularidade e impressionante
destreza inspiraram os compositores e, do tempo de Beethoven em diante, sonatas
e concertos para cordas voltaram a ser obras de concerto grandiosas e maduras.
No século XIX o violino liderava as coras com magníficos concertos de
Beethoven, Mendelssohn, Brahms e Tchaikovsky e sonatas, de Beethoven e Brahms;
havia poucas obras solistas para outros instrumentos de cordas como as sonatas
para violoncelo de Beethoven e Brahms, o “Concerto para Violoncelo”, de Dvořák
e o “Concerto Duplo” de baixo tinham que se contentar com o trabalho na
orquestra ou em vários quartetos de cordas. Os compositores do século XX corrigiram esta situação. Ao mesmo tempo em que não negligenciaram do
violino, comparativamente, pois poucos grandes compositores não contaram em sua obra
com um concerto ou sonata para violino, produziram obras solo para viola,
violoncelo e para contrabaixo. Os concertos para violoncelo de Elgar,
Shostakovich e Lutoslawski, os concertos para viola de Bartók e Walton são
obras-primas, tão boas quanto quaisquer outras compostas para piano ou violino.
Bibliografia
geral consultada.
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1992; STRAVINSKY,
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Jorge Zahar Editor, 1996; HARRISON, Charles & WOOD, Paul (Org.), Art en Théorie: 1900-1990. Paris:
Editeur Hazan, 1997; ALMEIDA, Fábio Ferreira de, A Poética Como Ontologia da Diferença. Ensaio sobre a filosofia de
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do Rio de Janeiro, 2007; SUETHOLZ, Robert John, A Pedagogia do Violoncelo e Aspectos da Técnica de Reeducação Corporal.
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São Paulo, 2011; RIVADENEIRA, Ricardo, “Eric Hosbsbawn, el Historiador que Amaba el Jazz”. In: http://www.revistaarcadia.com/2012/10/01; ISIDORO, Eliézer
Anderson Batista, Um Estudo Comparativo do Violino na Música Popular Brasileira: Fafá Lemos e Nicolas Krassik Interpretam Fafá em Hollywood. Dissertação
de Mestrado. Programa de Pòs-Graduação em Música. Escola de Música. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas
Gerais, 2013;HÜBNER, Guilherme Osiris, O Tempo da Música: Um Estudo sobre o Tempo no Ensaio Musical. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Música. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2018; ISIDORO, Raquel Almeida Rohr de Oliveira, O Violoncelo de Jaques Morelenbaum: Uma Investigação acerca da Performance do Instrumento na Música Popular Brasileira. Tese de Doutorado em Música. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2018; entre outros.
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