quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Agiotagem & Dinheiro - A Biografia do Capital Financeiro.


                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

A maneira como os bancos ganham dinheiro é tão simples que é repugnante”. John Kenneth Galbraith

              
O sucesso dos Templários esteve vinculado ao das Cruzadas. Quando a Terra Santa foi perdida, o apoio à Ordem reduziu-se. Rumores acerca da cerimônia de iniciação secreta dos Templários criaram desconfianças, e o rei Filipe IV de França - também conhecido como Felipe, O Belo - profundamente endividado com a Ordem, começou a pressionar o papa Clemente V para que tomasse medidas contra eles. Em 1307, muitos dos membros da Ordem em França foram detidos e queimados publicamente. Em 1312, o papa Clemente dissolveu a Ordem. O súbito desaparecimento da maior parte da infraestrutura europeia da Ordem deu origem a especulações e lendas, que mantêm o nome dos templários vivo até aos dias atuais. O banco é uma das maiores invenções da era medieval. Como a Ordem dos Templários possuía milhares de terras com castelos fortificados e bem guardados, os templários se ofereciam para guardar os pertences de qualquer nobre ou comerciante por uma pequena taxa de manutenção.
A “Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”, em latim: “Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici”, reconhecida como Cavaleiros Templários, Ordem do Templo ou simplesmente como “Templários”, foi uma ordem militar de Cavalaria. A organização existiu por cerca de dois séculos na Idade Média, fundada no rescaldo da Primeira Cruzada de 1096, “com o propósito original de proteger os cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua conquista”. Os seus membros fizeram voto de pobreza e castidade para se tornarem monges, usavam manta branca, com a característica cruz vermelha, e o seu símbolo passou a ter como representação um cavalo montado por dois cavaleiros. É o local que se estabeleceu o monte do Templo em Jerusalém, onde existira o Templo de Salomão, e se ergue a Mesquita de Al-Aqsa e do voto de pobreza e da fé em Cristo denominando-se Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão.

                     
Como os templários gozavam da imagem “naturalizada”, mas reconhecida de “heróis do cristianismo”, correta conduta ética, conseguiram a confiança de diversos reis e nobres que confiaram suas fortunas aos templários. O banco templário ainda oferecia mais dois importantes serviços. O primeiro era o “empréstimo de ouro” que devia ser devolvido com juros “caso você quisesse manter a cabeça grudada no pescoço”. O segundo era uma “carta de crédito” para comerciantes e peregrinos. Essas pessoas podiam trocar seu dinheiro por uma carta de crédito nominal, feita com um código complexo e secreto que podia ser trocada pelo mesmo valor em dinheiro em qualquer posto templário por uma aparente pequena taxa de juros. Se você falsificasse a carta e tentasse lucrar com o dinheiro dos templários, sua pena seria a morte ou a mão decepada. Esse sistema econômico ocorreu de forma tão eficiente que a Ordem dos Templários pode ser considerada historicamente a primeira “organização social” de financeirização, multinacional e globalizada de sucesso do mundo ocidental.
Com o florescimento do comércio no fim da Idade Média, a função de banqueiro se tornou algo muito comum na Europa. Nas feiras da Europa Central, quando as pessoas chegavam com valores em ouro para trocar por outro produto, era o banqueiro quem fazia a pesagem de moedas, avaliação da autenticidade e qualidade dos metais, “em troca de uma comissão”. Com o passar do tempo, os banqueiros passaram a aceitar depósitos monetários e, em troca, o banco emitia uma espécie de certificado. Todavia, foi após a percepção de que nem sempre as pessoas retiravam tudo o que haviam depositado, melhor dizendo, sempre haveria dinheiro para circular, que surgiu a ideia de conceder empréstimos mediante o pagamento de juros. Esta foi a base para o enriquecimento dos banqueiros, que deixaram de ser simplesmente “cambistas” ou agiotas. Contudo, a cobrança de juros era algo de total desaprovação da Igreja, aspecto que explica o porquê da existência de muitos judeus no ramo bancário naquele período.
Mercado de crédito é o nome dado ao sistema financeiro onde ocorre o processo de concessão e tomada de crédito. O mercado de crédito envolve uma dupla parte, uma credora e outra devedora, que normalmente estabelecem uma relação contratual entre si, podendo ser formal ou informal. Esta situação sugere que uma das partes, a credora conceda liquidez à outra, mediante um premio de liquidez ou de risco, comumente intitulado de juros. Nesta relação à parte credora oferece um bem a parte devedora, que na sociedade capitalista é a moeda fiduciária ou escritural. No sistema capitalista global os principais agentes de concessão de crédito são as instituições financeiras, embora existam vários outros agentes, como as empresas para seus clientes e as pessoas físicas para seus parentes e amigos. As instituições financeiras são os principais agentes estatuídos pelo seu poder de arregimentar recursos, e pelo grau de especialização que alcançam no processo de emprestar e receber seus empréstimos. 

Lembrava Marx que num debate parlamentar sobre os Bank-acts de Sir Robert Peel de 1844 e 1845, Gladstone observava que “nem mesmo o amor levou tantas pessoas à loucura como o cismar sobre a essência do dinheiro”. Ele falava de britânicos para britânicos. Os holandeses, ao contrário, que apesar da dúvida de Petty possuíam desde tempos imemoriais uma “malícia angelical” para a especulação com o dinheiro, nunca perderam sua malícia na especulação sobre o dinheiro. A principal dificuldade da análise sobe o dinheiro é vencida quando se compreende que o dinheiro tem a sua origem na própria mercadoria. Desse pressuposto, apenas resta conceber nitidamente as idades que lhe são próprias; o que é dificultado em certa medida pelo fato de que todas as relações burguesas aparecem transformadas em ouro ou prata, aparecendo como relações monetárias. E a forma dinheiro parece possuir, por conseguinte, um conteúdo infinitamente variado que lhe é estranho, mas o primeiro ato necessário desse processo consiste em que as mercadorias excluam uma mercadoria específica, digamos o ouro, como encarnação imediata do tempo de trabalho geral, ou seja, como equivalente geral.
Porque todas as mercadorias medem seus valores de troca pelo ouro, na proporção em que determinada quantidade de ouro e determinada quantidade de mercadoria contêm a mesma quantidade de tempo de trabalho, o ouro se torna medida de valor, e só se torna equivalente geral (ou dinheiro), unicamente através dessa determinação como medida de valores, medida que como tal mede seu próprio valor de imediato por todo o conjunto de equivalentes-mercadorias. Por outro lado, o valor de troca de todas as mercadorias expressa-se em ouro. Deve-se distinguir nessa expressão: um momento qualitativo e outro quantitativo. Primeiro, o valor de troca da mercadoria existe como encarnação do mesmo tempo de trabalho uniforme; segundo, sua grandeza de valor se apresenta na mesma proporção em que as mercadorias são igualadas ao ouro também igualadas entre si. De um lado, aparece o caráter geral do tempo de trabalho contido nelas; de outro, sua quantidade expressa em seu equivalente ouro. O valor de troca das mercadorias assim expresso como equivalência geral e ao mesmo tempo como grau dessa equivalência em relação a uma mercadoria específica, ou expresso ainda numa só equação ligando as mercadorias a uma mercadoria específica é o preço.
 O Cambista e sua mulher, Quentin Massys (1514).
Portanto, o preço é a forma transformada sob a qual aparece o valor de troca das mercadorias no interior do processo de circulação. Ipso facto, através do mesmo processo pelo qual as mercadorias apresentam seus valores em preços-ouro, apresentam também o outro como medida dos valores e, daí, como dinheiro. O ouro só se torna medida dos valores porque é por ele que todas as mercadorias avaliam seu valor de troca. Não é senão pura aparência do processo de circulação a impressão de que o dinheiro faz as mercadorias comensuráveis, pois a medida entre ouro e mercadoria é o tempo de trabalho, e o ouro só se torna medida dos valores pelo fato de que as mercadorias se meçam com ele. Ao contrário, não é senão a comensurabilidade das mercadorias como tempo de trabalho objetivado que permite ao ouro transformar-se em dinheiro. Ao entrar para o processo de troca, as mercadorias assumem a figura real de seus valores de uso. Somente através da sua alienação é que se tornam efetivamente equivalente geral. A determinação de seu preço é sua transformação puramente ideal em equivalente geral, é uma equação com o ouro que ainda está por se realizar.
Mas como as mercadorias estão transformadas em ouro apenas idealmente, ou apenas em ouro representado, seu ser dinheiro não está ainda efetivamente separado de seu ser real, o ouro; por enquanto, está transformado apenas em dinheiro ideal, em medida dos valores, e, de fato, determinadas quantias  de ouro funcionam por enquanto apenas como nomes para determinadas quantias de tempo de trabalho. A determinidade formal em que o ouro se cristaliza como dinheiro depende em cada caso do modo determinado em que as mercadorias apresentam, umas as outras, seu próprio valor de troca. Nessa diferença entre valor de troca e preço, observa-se o seguinte: o trabalho individual particular contido na mercadoria precisa primeiro ser apresentado, pelo processo de alienação, em seu contrário, em seu trabalho sem individualidade, abstratamente geral e, somente dessa forma, em trabalho social, ou seja, em dinheiro. O mal dinheiro põe-se de emboscada na invisível capa da medida de valor. O ouro é medida de valor como tempo de trabalho objetivado. Padrão de preços ele o é como determinado peso de metal. Torna-se medida de valor ao relacionar-se como valor de troca com as mercadorias (trabalho) enquanto valores de troca; uma determinada quantia de ouro, como padrão de preços, serve a outras quantias de ouro como unidade.
O ouro é medida de valor porque seu valor é variável, e é padrão de preços porque é fixado como unidade de peso invariável. Aqui, como em todas as determinações de grandezas nominalmente iguais, solidez e determinidade das relações de medidas são decisivas. A necessidade de se fixar uma quantia de ouro como unidade de medida e partes alíquotas como subdivisões dessa unidade produziu a representação de que uma determinada quantia de ouro, que naturalmente tem um valor variável, se colocasse numa relação de valor fixa com os valores de troca das mercadorias, no que se perdeu de vista que os valores de troca das mercadorias estão transformados em preços, em quantias de ouro antes mesmo que o ouro se desenvolva como padrão dos preços. Assim como o valor do ouro varia, diferentes quantias de ouro apresentam entre si permanente a mesma proporção de valor. O preço de uma mercadoria ou a quantia de ouro, na qual se transforma idealmente, se expressa agora, portanto, nos nomes monetários do padrão-ouro. A forma própria com que essas mercadorias dão os seus valores de troca está transformada em nomes monetários, pelo quais expressam mutuamente o que elas valem. O dinheiro, por sua vez, torna-se moeda de cálculo. O dinheiro, compreendido como moeda de cálculo, pode existir apenas idealmente (teoria), enquanto o dinheiro que circula efetivamente (prática) é cunhado em um outro padrão totalmente diferente. Em muitas colônias inglesas da América do Norte, a moeda circulante, até boa parte do século XVIII, consistia em moedas portuguesas e espanholas, enquanto, por toda parte, a moeda de cálculo era a mesma da Inglaterra. 
 
O mais famoso agiota da literatura viveu em Veneza e se chamava: Shylock, personagem de William Shakespeare, do “Mercador de Veneza”. O assunto empréstimo foi central neste romance, o agiota Shylock se dispõe a emprestar o dinheiro em troca de uma garantia da parte do amigo de Barsanio, o comerciante Antônio. Em qualquer empréstimo o risco das coisas dar errado é grande, e talvez seja por isso, que as pessoas que emprestam dinheiro precisam economicamente ser compensadas, com um valor pago pelo que emprestou além do montante emprestado que é chamado de juros. Mas porque Shylock se tornou o grande vilão do valor de troca entre pessoas? Naquela época, ele era um dos muitos judeus agiotas que viviam nos guetos de Veneza. Durante a vida de Shakespeare, a agiotagem era uma ocupação comum entre os judeus, devido à crença entre os cristãos nesse período de que a usura era um pecado, e por ser uma das poucas profissões que era permitido aos judeus exercerem na Europa medieval, tendo em vista que as leis mercantilistas proibiam qualquer outro tipo de ocupação.
A cidade os tolerava, pois eram os únicos que poderiam fornecer o serviço comercial que os mercadores cristãos eram proibidos de fazer, e poderiam cobrar juros pelos seus empréstimos. Por isso que os maiores banqueiros foram judeus. Os judeus se sentavam em suas mesas, as suas “tavule” em seus bancos, os “banci”, raiz da palavra italiana para “bancos”, num local conhecido por Banco Rosso. Pinturas de Giorgio Vasari, Frederico Zuccari e Domenico di Michelino retratam bem a crença de um inferno para os agiotas. No final da historia Shylok é proibido de cobrar o meio quilo de carne de Antônio exigido no empréstimo em caso de inadimplência. O tribunal o proíbe de derramar sangue de um veneziano, por ele ser judeu a lei determina ainda a perda de seus bens por planejar a morte de um cristão. Então porque ele confiou o empréstimo, como grande vilão do romance de William Shakespeare – “Mercador de Veneza”? 
            Os bancos desfrutam, portanto, do poder de multiplicação monetária através do crédito sem lastro.  Mas nem sempre foi assim, como demonstra Murray Rothbard. O esquema de reservas fracionárias não passa de uma fraude, segundo o economista.  A produção de mercadorias e a circulação de mercadorias, o comércio, constituem os pressupostos históricos em que aquele surge o mercado mundial e abrem no século XVI a moderna biografia do capital. Se abstrairmos do conteúdo material da circulação de mercadorias, da troca dos diversos valores de uso, e considerarmos apenas as formas econômicas que este processo gera, encontraremos então como seu último produto o dinheiro. Este último produto da circulação de mercadorias é a primeira forma fenomênica do capital. Historicamente, o capital contrapõe-se à propriedade fundiária, por toda a parte e em primeiro lugar, sob a forma de dinheiro, como fortuna em dinheiro, capital mercantil e capital usurário. E necessário voltarmos à génese do capital para reconhecermos o dinheiro como a sua primeira forma fenomênica.


         Cena do filme O Mercador de Veneza. Murray Rothbard combinou a economia laissez-faire de seu professor Ludwig von Mises com os pontos de vista absolutistas dos direitos do homem e a rejeição do estado que ele tinha absorvido a partir do estudo dos anarquistas individualistas norte-americanos do século XIX, como Lysander Spooner e Benjamin Tucker. Rothbard foi um ardente crítico do influente economista John Maynard Keynes e do pensamento econômico keynesiano. Seu ensaio “Keynes, o homem”, é um ataque as ideias econômicas e ao personagem Keynes. Rothbard foi também um crítico severo do  utilitarista Jeremy Bentham em seu ensaio: “Jeremy Bentham: The Utilitarian as Big Brother”. Rothbard enunciou a ideia segundo a qual “os acadêmicos tenderiam a se especializar no que eles são piores”. Henry George, por exemplo, foi grande em tudo, exceto no que diz respeito a terra, sendo assim, ele escreveu sobre terra, 90% do tempo. Milton Friedman foi excelente, exceto em teoria monetária, então foi nisso que ele se concentrou. Murray Rothbard dedica um capítulo em “Power and Market” para o papel tradicional do economista. Rothbard nota que as funções do economista no livre  mercado, diferem muito das do economista em um mercado obstruído. – “O que pode fazer um economista no livre mercado puro?” No campo da ideologia econômica Rothbard infere. – “Ele pode explicar o funcionamento da economia de mercado (uma tarefa vital, especialmente porque a pessoa ignorante tende a considerar a economia de mercado como mero caos desordenado), mas ele não pode fazer muito mais”.
A mesma história desenrola-se diariamente diante dos nossos olhos. Cada novo capital pisa o palco: o mercado de mercadorias e de trabalho ou mercado que se transforma em capital através de processos determinados. O surgimento das operações bancárias foi simultâneo ao surgimento da moeda, na medida em que seu surgimento logo criou a necessidade de instituições que a guardassem e emprestassem. O nome “banco” foi criado pelos banqueiros judeus de Florença na época do Renascimento, designando “a mesa onde eram trocadas as moedas”. Em 1406, foi criado aquele que é considerado o primeiro banco moderno: o Banco di San Giorgio, em Gênova. Em 1983, o Banco da Escócia se tornou o primeiro banco a oferecer serviços eletrônicos, tendência esta que vem se ampliando continuamente desde então no mundo inteiro.  O primeiro caixa eletrônico do mundo ocidental foi fabricado pela empresa britânica De La Rue e foi instalado num bairro no norte da Grande Londres em 27 de junho de 1967 pelo Barclays Bank. A invenção foi creditada a John Sheperd-Barron, apesar de Luther George Simjian a ter patenteado em Nova Iorque, EUA na década de 1930 e Donald Wetzel e outros da Docutel também o terem feito em 4 de junho de 1973.
Os primeiros caixas eletrônicos aceitavam apenas uma “ficha” ou “cupão” de uso único, que era retida pelo caixa. Essas trabalhavam em vários princípios como radiação e magnetismo de baixa coercitividade que era retirado pelo leitor de cartão para tornar fraudes mais difíceis. A ideia de um número de identificação pessoal (PIN) armazenado no cartão em si ao invés de ser digitado quando se queria retirar o dinheiro foi desenvolvido pelo engenheiro britânico James Goodfellow em 1965, que ainda possui patentes internacionais cobrindo esta tecnologia. Os primeiros “caixas eletrônicos falantes”, ou seja, caixas com instruções sonoras para pessoas com deficiência visual, foram instalados no Canadá em 1999. O primeiro caixa eletrônico “falante” nos Estados Unidos foi instalado em São Francisco em outubro do mesmo ano. Em 2005 já há em torno de trinta mil caixas eletrônicos falantes naquele país. A circulação de mercadorias lembra Marx, é o ponto de partida na análise do capital. Como portador consciente deste movimento, o possuidor de dinheiro torna-se capitalista. A sua pessoa,  a sua algibeira, é o ponto de partida e o ponto de chegada do dinheiro.
O conteúdo objetivo daquela circulação - a valorização do valor - é o seu fim subjetivo e apenas na medida em que a crescente apropriação da riqueza abstrata é o único motivo propulsor das suas operações ele funciona como capitalista ou como “capital personificado”, dotado de vontade e consciência. O valor de uso não é, portanto, nunca de tratar como fim imediato do capitalista. E também não o ganho singular, mas apenas o movimento incansável do ganhar. Este impulso absoluto de enriquecimento, esta caça apaixonada ao valor é comum ao capitalista e ao entesourador: mas enquanto que o entesourador é o capitalista louco, o capitalista é o entesourador racional. A incansável multiplicação do valor, a que o entesourador aspira na medida em que tenta salvar o dinheiro da circulação, alcança-a o capitalista esperto quando o entrega de novo à circulação. Com razão afirmava satiricamente nosso jornalista, escritor e pioneiro no humorismo político brasileiro, o conhecido Barão de Itararé, Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly (1895-1971), também conhecido por Apporelly e pelo falso título de nobreza de Barão de Itararé: - “O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro”. 

    Uma rede interbancária é uma rede de computadores que liga as caixas eletrônicas de diferentes bancos e permite que estes possam interagir economicamente com clientes de outros bancos. Embora as redes interbancárias possam fornecer recursos para todos os cartões de dentro da mesma rede, para usar caixas eletrônicos de outros bancos que pertencem à mesma rede, os serviços podem variar. Por exemplo, quando uma pessoa usa seu cartão de débito em um caixa eletrônico que não pertencem ao seu banco, serviços básicos, tais como consulta de saldos e saques, são geralmente disponíveis. No entanto, serviços específicos, tais como recarga de telefones celulares, podem não estar disponíveis para clientes de outros bancos. Além disso, os bancos podem cobrar uma taxa, quando o cliente usa esse serviço, a partir de um caixa eletrônico de um banco diferente. Redes interbancárias são úteis porque as pessoas podem acessar caixas eletrônicos de outros bancos que são membros da rede quando não um há caixa eletrônico do seu próprio banco nas proximidades. Isto é especialmente conveniente para as pessoas que viajam ao exterior, onde, as redes interbancárias internacionais, tais como “Plus” ou “Cirrus”, muitas vezes estão disponíveis. Redes interbancárias, através de seus diferentes meios, como processo de trabalho, também permitem o uso dos cartões em diversos estabelecimentos, na função crédito ou débito.
            Apesar dos caixas eletrônicos serem utilizados principalmente para retirar dinheiro, eles evoluíram para incluir muitas outras funções bancárias. Em alguns países que possuem uma rede integrada de caixas eletrônicos compartilhadas por mais de um banco, como nos caixas eletrônicos Multibanco em Portugal e o Banco 24 Horas no Brasil, as caixas incluem muitas outras funções que não estão diretamente relacionadas com as contas bancárias, como por exemplo: pagamento de contas, taxas (utilidades, contas de telefone, aposentadoria, taxas legais, etc.); trocar dinheiro por cartões pré-pagos (para celulares, cabines telefônicas, etc.); compra de ingressos (trem/comboio, shows/espectáculos, etc.). Muitos caixas eletrônicos nos Estados Unidos também permitem a compra de selos postais. Os caixas eletrônicos são conhecidos por muitos nomes, uns mais comuns em alguns países do que outros. Enquanto os nomes em uso são genéricos, outros são marcas registradas, identificando redes de caixas eletrônicos. No Japão, onde os bancos cobram por retiradas de dinheiro, os caixas eletrônicos não são muito populares. Esperando atrair mais usuários, os novos caixas eletrônicos do Ogaki Kyoritsu Bank irão incluir jogos eletrônicos como fator de chance que permitirão aos usuários ou livrarem-se dessa taxa ou ganhar 1000 ienes (= 9, 10 Dólar norte-americano), enquanto os caixas do Bank of Tokyo Mitsubishi incluirão a tecnologia precisa de segurança biométrica.
Bibliografia geral consultada.
 
BRAGA, José Carlos de Souza, Temporalidade da Riqueza - Instabilidade Estrutural e Financeirização do Capitalismo. Tese de Doutorado. Instituto de Economia da Universidade de Campinas, 1985; GROSS, John, Shylock: A Legend and Its Legacy. USA: Touchstone Educationals, 2001; LUHMANN, Niklas, Confianza. Barcelona: Ediciones Anthropos, 2005; BEZERRA NETO, Eduardo, O Banco Provincial do Ceará. In: Revista do Instituto do Ceará. Fortaleza: Tomo CXX, 2006; HILFERDING, Rudolf, Il Capitale Finanziario. Tradução de Vittorio Sermonti, Savero Vertone. Milano: Editore Mimesis, 2011; ZELIZER, Viviana, El Significado Social del Dinero. Buenos Aires: Fondo de Cultura Econômica, 2011; FREIRE, Marusa Vasconcelos, Moedas Sociais: Contributo em Prol de um Marco Legal e Regulatório para as Moedas Circulantes Locais no Brasil. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Direito. Brasília: Universidade de Brasília, 2011; ZELIZER, Viviana, El Significado Social del Dinero. Buenos Aires: Fondo de Cultura Econômica, 2011; SELEGRIM, Esdras Fred Rodrigues, Experiências da Precarização e Precariedade do Trabalho Bancário: Um Enfoque sobre as Narrativas de Vida e Trabalho do Antigo e do Novo Bancário do Bradesco. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais. Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais. Marília: Universidade Estadual Paulista.  2013; DI BATTISTA, Gabriele; PONTESILLI, Carlo; TURCO, Maurizio, Paradiso Lor. La Banca Vaticana tra Criminalità Financiaria e Politica. Dalli Origini al Crack Monte dei Paschi. Collana: Editore Castelvecchi, 2013; DODD, Nigel, The Social Life of Money. Princeton: Princeton University Press, 2014; CORRÊA, Gustavo Henrique Badin, Banco do Vaticano: Uma Análise Econômico-financeira. Trabalho de Conclusão de curso de Bacharelado em Ciências Econômicas. Faculdade de Ciências e Letras. Araraquara: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, 2015; OLIVEIRA, Regina Cibelle de, Gobseck`s: Entre a Prostituição e a Agiotagem. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês. Departamento de Letras Modernas. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; SOBRAL, Bruno, “Austeridade e Intervenção: Contradição e Possibilidade de Superação”. In: https://brasildebate.com.br/07/05/2018entre outros.   

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