“A estudante Dilma Rousseff participava de
trabalhos denominados de agitação de massas”. Jorge Nahas
Em
outubro de 1968, o Serviço Nacional de
Informações (SNI) produziu um documento de 140 páginas sobre o estado da
“guerra revolucionária no país”. Entre os militantes aparece Dilma Vana
Rousseff Linhares, descrita como “esposa de Cláudio Galeno de Magalhães
Linhares”. É estudante da Faculdade de Ciências Econômicas da URGS e seus
antecedentes estão sendo levantados. Dilma Rousseff e o Aparelho de Estado da
ditadura militar começavam a se conhecer. Durante os cinco anos em que o
Aparelho Repressivo de Estado funcionou com “rotinização”, de 1967 a 1972, a
ex-militante Dilma Vana Rousseff ou seus codinomes políticos: “Estela”, ou
“Wanda”, ou “Luiza”, ou “Marina”, e finalmente “Maria Lúcia”, viveu mais
experiências do que a maioria das mulheres brasileiras terá em toda a sua vida.
Ela se casou duas vezes, militou em duas organizações políticas clandestinas.
Mudou de casa frequentemente para fugir da perseguição da polícia política e do
Exército. Esteve nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio
Grande do Sul. Adotou nomes e usou habilmente documentos falsos. Manteve
encontros secretos, dignos de filmes de espionagem. Participou de discussões
político-ideológicas trancada em “aparelhos”, foi presa,
torturada, processada e encarou 28 meses de cadeia.
Dilma
Rousseff nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. Iniciou sua vocação política aos 16 anos,
ingressando na luta armada contra a ditadura militar golpista de 1964. Foi presa em 1970 por
quase três anos e submetida à tortura. Após a prisão, mudou-se para Porto
Alegre formando-se em Economia pela Universidade do Rio Grande do Sul, posteriormente Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na década de 1980, participou da
fundação do Partido Democrático Trabalhista, permanecendo filiada até 2001, quando entrou para o Partido dos Trabalhadores. Durante
a campanha de 2002 com Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) ganhou destaque
na equipe responsável pela campanha e na formulação do plano de governo na área energética da
pasta de Minas e Energia em 2003. Permaneceu no cargo até 2005, quando
substituiu José Dirceu, tingido pelo escândalo do Mensalão, na Casa Civil. Em
2009, revelou que se submetera a tratamento contra um linfoma. Meses depois,
teve sua candidatura à Presidência oficializada pelo PT. Comandou uma extensa
campanha pelo País, tendo Lula como sua legenda eleitoral. Dilma confirmou seu
favoritismo nas eleições tornando-se a 1ª mulher presidente da República Federativa do Brasil. A tv O Povo recebeu o sociólogo Ubiracy Braga no programa O Povo Quer Saber para analisar temas ligados ao desgaste da presidente, a crise do PT e a participação feminina na política.
A
revista Forbes de negócios e economia
norte-americana apresenta artigos e reportagens originais sobre finanças,
indústria, investimento e marketing reconhecidos por suas listas, principalmente nas quais faz um ranking das pessoas mais ricas do mundo.
Além de outras, como das chamadas celebridades mais bem-pagas e das mulheres
mais poderosas, situando a presidente Dilma Rousseff como a sétima mulher mais
poderosa do mundo ocidental em 2015. Também
é conhecida por suas listas, nas quais faz um ranking das pessoas mais ricas dos Estados Unidos, conhecida como “Forbes
400” e do mundo ocidental. Além de outras personalidades como é o fato das celebridades mais bem-pagas, como Yuri
Villas e Gabriel Persico. Tem sede na cidade de Nova Iorque e foi fundada em
1917 por Bertie Charles Forbes um jornalista financeiro e autor de origem escocesa, que fundou a reconhecida revista norte-americana Forbes em 1917. A Forbes é a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. Foi fundada em 1917 por Bertie Charles Forbes, e tem como editor chefe, Steve Forbes. A Forbes tem como slogan “The Capitalist Tool”.Em abril de 2007, Dilma Rousseff já era
vista pela mídia como candidata à presidência da República na eleição de 2010.
Naquele mesmo ano, o presidente Lula
passou a dar destaque a então ministra com o objetivo de testar seu potencial
como candidata. Em abril de 2009, Lula afirmou que “Todo mundo sabe que tenho
intenção de fazer com que Dilma seja candidata do PT e dos partidos, mas se ela
vai ganhar vai depender de cada brasileiro”. Para cumprir com a lei eleitoral
de desincompatibilização, Dilma deixou o Ministério da Casa-Civil em 31 de
março de 2010, sendo sucedida por Erenice Guerra. A Convenção Nacional do
Partido dos Trabalhadores, realizada em Brasília no dia 13 de junho de 2010,
oficializou Dilma como a candidata do partido à presidência, bem como
oficializou o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PSDB) como seu
vice-presidente. A coligação de Dilma Rousseff de2010 foi apoiada pela coligação eleitoral de centro-esquerda Para o Brasil seguir mudando, que foi formada ao redor do Partido dos Trabalhadores (PT) para disputar à eleição presidencial de 2010 no Brasil. Foi composta por na mais do que dez partidos políticos: PT, PMDB, PCdoB, PDT, PRB, PR, PSB, PSC, PTC e PTN. Em 14 de outubro de 2010, o PP se juntou não-oficialmente à coligação. Dilma Rousseff, teve como vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Durante seu discurso de aceitação como candidata, declarou: - “Não é por acaso que
depois desse grande homem o Brasil possa ser governado por uma mulher, uma
mulher que vai continuar o Brasil de Lula, mas que fará o Brasil de Lula com
alma e coração de mulher”. O mote da campanha petista foi a continuidade do
governo Lula. Até então desconhecida por grande parte do eleitorado, Dilma Rousseff
passou a liderar a corrida pela sucessão presidencial. Como é natural, ela foi
beneficiada pela aprovação recorde do governo Lula, que atingiu patamares superiores
aos 80%. O presidente engajou-se pessoalmente na campanha, participando de
vários comícios, gravando para a propaganda eleitoral e declarando apoio à candidata
repetidas vezes. O conservador Tribunal Superior Eleitoral (TSE) interpretou
algumas dessas declarações como propaganda eleitoral antecipada, multando-os
diversas vezes. A finalidade jurídica da proibição da propaganda extemporânea é evitar o desequilíbrio político e, em tese, a ausência de isonomia nas campanhas eleitorais. Os candidatos devem ser tratados igualmente. Perante a legislação eleitoral, não é aceitável divulgar suas propagandas antes que outros tenham se registrado como candidatos. Dilma Rousseff recebe a faixa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 1 de janeiro de 2011.
Algumas
pesquisas de opinião indicavam que Dilma Rousseff poderia vencer a eleição já no
primeiro turno. Ela chegou a atingir mais de 30% de diferença em relação ao candidato José
Serra, do PSDB. Após a divulgação pela imprensadas suspeitas de tráfico de influência no Ministério
da Casa-Civil envolvendo a ministra Erenice Guerra, as pesquisas passaram a
indicar uma migração de votos da então petista para Marina Silva. Também contribuiu
para sua queda nas pesquisas a questão da descriminalização do aborto, em que
seus opositores afirmavam que Dilma seria favorável ao aborto, embora ela tenha
negado ter esta posição. Em 3 de outubro, Dilma obteve 46,91% dos votos
válidos, classificando-se para o 2° turno com Serra, que atingiu 32,61%. Marina
Silva, candidata do Partido Verde, conquistou 19,33% dos votos, tirando da petista a
vantagem que a elegeria no 1° turno, como tinha sido previsto inicialmente pelos
institutos técnicos de pesquisas.
No
2° turno, Marina Silva errou em sua estratégia quando optou “por não declarar
apoio a nenhum dos dois candidatos”. Dilma manteve a vantagem sobre Serra nas
pesquisas de opinião. Em 31 de outubro, ela obteve 55 752 529 votos (56,05%),
elegendo-se a 1ª mulher presidente do Brasil. Em seu discurso de vitória, destacou
o papel das mulheres e agradeceu o apoio do presidente Lula. Sua vitória teve
grande repercussão na imprensa internacional, que destacou “o ineditismo por
ser a primeira presidente e o peso de seu padrinho político”. Dilma foi
empossada como a 36ª presidente do Brasil em 1º de janeiro de 2011. Em seu
discurso de posse, prometeu erradicar a
pobreza e mudar o sistema tributário. Antes mesmo de assumir o cargo, afirmou
preferir ser tratada como presidenta, mas desde sua eleição não houve
posicionamento oficial a respeito do tema, o que gerou certa confusão. Os meios
de comunicação não respeitaram a solicitação da presidenta da República. Sem
estabelecer qualquer padronização, têm utilizado tanto “a presidente”, quanto “a
presidenta”.
Em
14 de janeiro de 2011, Dilma visitou as áreas atingidas pelas enchentes e
deslizamentos de terra no Rio de Janeiro. Seu governo liberou R$ 100 milhões
para ações de socorro e assistência social. No início de fevereiro, fez a
primeira viagem internacional, escolhendo a Argentina como destino político. No
mesmo mês, anunciou um corte de R$ 50 bilhões nas despesas previstas pelo
Orçamento Geral da União para 2011. Fez seu primeiro pronunciamento transmitido
em rede nacional de rádio e televisão. Em março, recebeu a visita do presidente
norte-americano Barack Obama, assinando acordos de cooperação. Em abril,
decretou luto oficial de três dias pelo MassacredeRealengo (RJ) e declarou
que o país estava unido em repúdio à violência. Massacre de Realengo refere-se à chacina ocorrida em 7 de abril de 2011, por volta das 8h30min da manhã (UTC-3), na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, no município do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres disparando contra os alunos presentes, sendo que matou doze deles, com idade entre 13 e 16 anos, e deixou mais de 22 feridos. Foi interceptado por policiais, mas cometeu suicídio antes de ser detido
Em
seu discurso de abertura da Assembleia Geral
das Nações Unidas em 21 de setembro, defendeu o Estado Palestino ao dizer
que “chegou o momento” daquele país se tornar um membro pleno da Organização das Nações Unidas (ONU). Também
exaltou o papel das mulheres na política, declarando: - “Pela primeira vez na
história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o debate geral: é a voz
da democracia”. Em novembro, sancionou a lei que instituiu a chamada “Comissão
Nacional da Verdade” (CNV), um colegiado instituído pelo governo do Brasil para investigar as graves violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. As violações aconteceram no Brasil e no exterior, praticadas por agentes públicos, pessoas a seu serviço, com apoio ou no interesse do Estado brasileiro. A comissão foi composta de sete membros nomeados pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT) que foram auxiliados por assessores, consultores e pesquisadores e a Lei de Acesso à Informação, regulamentando o direito
do acesso às informações públicas. Em seu 1° anos de mandato, sete ministros
foram substituídos. Irritado, Nelson Jobim, ministro da Defesa, pediu demissão,
após classificar o governo Dilma como “atrapalhado”. Em fevereiro de 2012, o
governo federal leiloou os aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília. As
concessionárias vencedoras irão administrar os aeroportos durante o prazo de
concessão, que varia de vinte a até trinta anos. O governo arrecadou R$ 24
bilhões com os leilões. Também foram concessionados para a iniciativa privada
trechos de rodovias e ferrovias federais. Dilma discursa durante abertura do “Rio+20”,
20 de junho de 2012. Dilma desfila no Rolls Royce com sua filha Paula na posse do 2° mandato como presidenta do Brasil.
Em
maio de 2012, anunciou, em rede nacional de televisão, a criação do programa “Brasil
Carinhoso”, com o objetivo de “tirar da miséria absoluta todas as famílias com
integrantes de até quinze anos”. No mês seguinte, sancionou a Lei nº 12 677,
criando mais de 70 mil cargos a serem preenchidos até 2014 na área educacional
e, em agosto sancionou a lei que destina metade das vagas em universidades
federais para estudantes de escolas públicas. Dilma manteve um alto índice de
aprovação nos dois primeiros anos de seu mandato. A aprovação do governo nunca
foi inferior a 48% de “ótimo” ou “bom” e sua avaliação pessoal atingiu a casa
dos 70% diversas vezes. Estes índices deram-lhe melhor aprovação do que
comparativamente ao mesmo período dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva
e Fernando Henrique Cardoso. Em seu primeiro pronunciamento rede nacional de
rádio e televisão em 2013, anunciou uma redução na conta de luz e declarou que
“ao mesmo tempo, com a entrada em operação de novas usinas e linhas de
transmissão, vamos aumentar em mais de 7% nossa produção de energia e ela irá
crescer ainda nos próximos anos”. Em março, anunciou a desoneração de impostos
federais sobre a cesta básica para “reaquecer” a economia.
Em
junho de 2013, em meio à “onda de protestos” da população estimulada pelos meios massivos de comunicação que se espalharam por
todo País sobre insatisfação relacionada aos Poderes Executivo e Legislativo,
aliada a questões sobre condições de saúde, educação e segurança, geraram a
maior queda na popularidade de Dilma Rousseff , que obteve queda maciça de 55% para 31%. A onda de
protestos também atingiu negativamente a popularidade de governadores,
prefeitos, deputados e da maioria dos partidos políticos do país. Em 21 de junho de 2013,
um dia após a maior manifestação registrada nessa onda estimulada de protestos, Dilma
cancelou uma viagem que faria ao Japão e convocou uma reunião de emergência. No
mesmo dia, foi gravado um pronunciamento presidencial em que Dilma Rousseff
anunciou a criação de cinco pactos e uma proposta de plebiscito para
abertura de uma Constituinte para encaminhamento da Reforma Política. Em setembro de 2013, documentos do governo
dos Estados Unidos da América (EUA) revelaram que Dilma e seus assessores, além de grandes
empresas estatais como a Petrobrás - Petróleo Brasileiro S/A, foram espionados pelo governo norte-americano. Novos documentos da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) vazados pelo ex-analista da agência Edward Snowden indicam que a Petrobras também teria sido espionada pelos estrategistas de petróleo norte-americanos.
Em
17 de setembro, Dilma cancelou a viagem oficial que faria aos EUA naquele ano.
Em 24 de setembro, a presidente discursou na Assembleia Geral da ONU, onde
declarou que “a espionagem fere a soberania e o direito internacional”. Ela classificou
as denúncias como uma “grave violação dos direitos humanos e das liberdades
civis” e uma “afronta aos princípios que devem guiar as relações entre os
países”. Em fevereiro de 2015, uma reportagem do The New York Times denunciou
que os programas de espionagem da NSA no Brasil e no México continuaram mesmo
após as revelações ao público e o estremecimento das relações bilaterais. Em 21
de outubro de 2013, foi leiloado o “Campo de Libra”, considerado o maior campo
de petróleo da Camada pré-sal. Naquele mesmo dia, a presidenta fez um
pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão negando que o leilão
significava a privatização do petróleo brasileiro. Segundo ela, “o Brasil é – e
continuará sendo – um país aberto ao investimento, nacional ou estrangeiro, que
respeita contratos e que preserva sua soberania. Por tudo isso, o leilão de
Libra representa um marco na história do Brasil”.
Em
27 de abril de 2014, sancionou o Marco Civil da Internet, que estabeleceu
obrigações e direitos dos provedores de internet. Dilma discursou no fórum
global NET mundial, realizado naquele mês, afirmando: - “Esse foi um processo
virtuoso que nós levamos no Brasil. O nosso “Marco Civil” também foi valorizado
pelo processo de sua construção. Por isso, gostaria de lembrar que ele
estabelece princípios, garantias e direitos dos usuários”. Em 10 de junho de 2014, dois dias antes do
início da Copa do Mundo FIFA, Dilma pronunciou-se em rede nacional de televisão
sobre o evento. No pronunciamento, a presidente defendeu o legado da Copa,
declarando: - “No jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo.
Foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro,
que não desiste nunca”. Entre junho de 2013 até a realização da Copa, vários
protestos ocorreram contra a realização do evento no país. Dilma também foi
alvo dos protestos estratégicos em pelo menos, duas vezes: 1) em seu Discurso de Abertura da
Copa das Confederações pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) de 2013, recebeu muitas vaias da plateia, e, ; 2) ao
entregar a taça de campeã para a Alemanha, então vaiada pela torcida.
Vale
lembrar que nascida em 27 de março de 1976, em Porto Alegre, Paula Rousseff é a
única filha de Dilma e de seu ex-marido, Carlos Araújo. Paula graduou-se em
Direito e é funcionária pública federal concursada ocupando o cargo de
Procuradora do Trabalho em sua cidade natal. Casada, 39 anos, mãe e procuradora do trabalho no Rio Grande do Sul. Essa é Paula Rousseff Araújo, que, como o sobrenome famoso já entrega, é filha da presidente Dilma Rousseff. Ela é discreta, evita se expor publicamente e, em geral, só é vista em algumas solenidades oficiais da mãe, como no primeiro dia do ano, quando desfilou em carro aberto com Dilma na cerimônia de possedo segundo mandato da presidente. Paula Rousseff entrou no Ministério Público do Trabalho (MPT) do Rio Grande do Sul em 2003, por meio de concurso público de provas e títulos e exerce a função em Porto Alegre. Funcionários do ministério evitam dar detalhes sobre o comportamento da colega de trabalho, muito menos se atrevem a confirmar se a filha herdou o comportamento disciplinado reconhecido da mãe. - “Ela tem fama de ser uma procuradora muito competente”, destaca uma fonte sigilosa ouvida pela reportagem do R7. Ela é casada, desde 2008, com o
administrador de empresas Rafael Covolo. Em 9 de setembro de 2010, Paula deu à
luz o primeiro neto de Dilma, Gabriel Rousseff Covolo, nascido em Porto Alegre,
enquanto e a avó em campanha presidencial. No primeiro turno, após o
último debate entre os quatro principais candidatos, em 30 de setembro, na
cidade do Rio de Janeiro, Dilma viajou para Porto Alegre para o batismo de
Gabriel em 1° de outubro de 2010. Presidente Dilma Rousseff discursa na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas.
É considerada
dona de temperamento explosivo, é acusada por parte da imprensade ter “destratado colegas de sua pasta”,
nomeadamente o ministro Paulo Bernardo, na frente dos governadores tucanos José
Serra e Aécio Neves. Oh! é acusada de “ter feito chorar” o presidente da
Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, depois de uma reprimenda, pasmem, “via telefone”.
Segundo o parcial jornal carioca O Globo, o secretário-executivo do Ministério
da Integração Nacional, Luiz Antônio Eira, teria pedido demissão devido a um
desentendimento com ela, em que teria se sentido humilhado; Dilma, porém, nega
que o tenha destratado, afirmando: “Sou uma mulher dura cercada por ministros
meigos”. As supostas atitudes agressivas de Dilma, porém, garantiriam seu
prestígio diante de Lula, que pondera que seu comportamento mais ajuda do que
atrapalha: seu temperamento se convertia na eficiência para resolver problemas
sem soluções, inclusive alguns vindos da gestão de José Dirceu. O
vice-presidente da República considerava o temperamento da
ministra dedicado e sério, assim como bravo. Foi senador pelo estado de Minas Gerais de 1999 a 2002. José Alencar Gomes da Silva foi um empresário e político brasileiro. Foi o 23° Vice-presidente do Brasil, de 1 de janeiro de 2003 até 1 de janeiro de 2011. . Elegeu-se vice-presidente da República Federativa do Brasil na chapa do candidato do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, conseguindo a reeleição em 2006, assegurando, portanto, a permanência no cargo até o final de 2010. Para ele, profundo conhecedor do eleitorado brasileiro, veria nesse
temperamento de Dilma Rousseff, muito das qualidades excepcionais que necessitamos para o comando do país. Sobre seu
temperamento, Dilma Rousseff responde: - “O difícil não é meu temperamento, mas minha
função. Eu tenho de resolver problemas e conflitos. Não tenho descanso. Não sou
criticada porque sou dura, mas porque sou mulher. Sou uma mulher dura cercada
por ministros meigos”. Enfim,
a expressão “América Latina” foi utilizada pela primeira vez em 1856, pelo
filósofo chileno Francisco Bilbao e, no mesmo ano, pelo escritor colombiano
José María Torres Caicedo; e aproveitada pelo imperador francês Napoleão III
durante sua invasão francesa no México como forma de incluir a França - e
excluir os anglo-saxões - entre os países com influência na América, citando
também a Indochina como área de expansão da França na segunda metade do século
XIX. Deve-se também observar que na mesma época foi criado o conceito de “Europa
Latina”, que englobaria as regiões de predomínio de línguas românicas.
Pesquisas etnográficas sobre a origem da expressão conduzem, ainda, a Michel Chevalier,
que mencionou o termo “América Latina” em 1836, durante uma missão diplomática
feita aos Estados Unidos e ao México. As antigas colônias neerlandesas e,
atualmente, países constituintes do Reino dos Países Baixos, Curaçao, Aruba e
São Martinho não são habitualmente consideradas partes integrantes da América
Latina, embora a sua língua mais falada seja o “papiamento”, língua de
influência ibérica, embora não considerada latina.
A
1ª mulher eleita na América Latina foi Violeta Barros, em 1990, na Nicarágua.
Apesar da importância da eleição, ela é conhecida como Violeta Chamorro,
sobrenome do marido - pela maioria das pessoas e é lembrada como viúva do
jornalista Pedro Joaquín Chamorro, assassinado pela ditadura que assolava o
país. Ou seja, a primeira mulher eleita para uma Presidência na América Latina
“precisa ter a memória vinculada a um homem”. A 2ª mulher a presidir um país
latino-americano foi Mireya Moscoso, que governou o Panamá entre 1999 e 2004.
Em todas as biografias, Mireya “é descrita como esposa do Presidente Arnulfo
Arias Madrid”. Michelle Bachelet foi eleita em 2006 para governar o Chile. Ela
é a 1ª mulher a presidir o Chile pela segunda vez, desde a ditadura do general
Augusto Pinochet. As referências de “esposa” e “viúva” também são usadas para
Cristina Kirchner, que governa a Argentina desde 2007. O mandato termina em
2015 e ela não poderá se candidatar novamente, de acordo com Constituição do
país. A 5ª Presidenta eleita na América Latina venceu as eleições de 2010,
assim como Dilma Rousseff. Laura Chinchilla presidiu a Costa Rica até maio
deste ano. Antes de ocupar o cargo, ela já havia sido vice de Óscar
Arias Sanchez. Dilma Rousseff é a 1ª mulher a governar o Brasil, vencendo as
eleições de 2010 e 2014, sucessivamente. Lembra-nos os versos de Cora Coralina
quando afirma: - “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre
rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho
incerto da vida, que o mais importante é o decidir”.
Bibliografia
geral consultada.
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d`Etat. Notes pour une Recherché”. In: La Pensée, n° 151, 1970;
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1972; ALBUQUERQUE, José Augusto Guilhon, Instituições e Poder. A Análise
Concreta das Relações de Poder nas Instituições. Tese de Livre Docência. Faculdade
de Filosofia Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo.
Rio de Janeiro: Edições Graal, 1980; CORREA, Mariza et alii, Colcha de Retalhos. Estudos sobre a Família no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982; LÉVI-STRAUSS, Claude, Mito e
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Cristina de Aguiar, Marx: Política e Emancipação Humana 1848-1871. Tese
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Pós-Graduados em Ciências Sociais. São Paulo. Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, 2007; BERNARDES, Walkyria Wetter, A Constituição Identitária
Feminina no Cenário Político Brasileiro pelo Discurso Midiático Globalizado:
Uma Abordagem Discursiva Crítica. Tese de Doutorado. Departamento de
Linguística, Português e Línguas Clássicas. Brasília: Universidade de Brasília, 2009; MENDONÇA, Alba Valéria, “Dilma admite erro em currículo e diz que cumpriu créditos de pós-graduação”. In: https://g1.globo.com/Noticias/07/07/2009; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social.4ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010; MENSPIVA, Otávio, Presidencialismo Sem Coalizão: A Ruptura do
Modelo de Relacionamento entre Poderes no Governo Collor. Dissertação de
Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, 2010; OLIVEIRA, Elza Aparecida de; RUGGI, Lenita, “Batom na
Primeira Página: A Vitória de Dilma Rousseff noticiada pelos Jornais
Brasileiros”. In: XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2011; MESQUITA, Lucas Ribeiro, Itamaraty, Partidos Políticos e Política Externa Brasileira: Institucionalização de Projetos Partidários nos Governos FHC e Lula. Dissertação de Mestrado em Ciência Política. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2013; DANTAS, Fernanda Argolo, Dilma
Rousseff: Trajetória e Imagem da Mulher no Poder. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade. Salvador: Universidade
Federal da Bahia, 2014; Artigo: “Golpe de Estado em Burkina Faso deixa 10
mortos e mais de 100 feridos”. Dispopnível em: https://g1.globo.com/mundo/2015/09/;
entre outros.
__________________
* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).
“Os homens
temem que as mulheres riam deles. As mulheres temem que os homens as matem”.
Margaret Atwood
A estrutura gigante de palha
continua a mesma, como se fosse uma réplica tirada das cinzas. Todo o resto do
filme: O Sacrifício (“The Wicker Man”, 2006), remake do filme cult O Homem de palha, transformou-se.
A história social e religiosa escocesa que o diretor britânico Robin Hardy
concebeu em 1973, agora se passa nos Estados Unidos da América. Edward Malus
(Nicolas Cage) decide, após um acidente na estrada, descansar um pouco do
serviço de policial rodoviário. Recebe em casa, então, uma carta da antiga
noiva. A filha está desaparecida e a mulher pede ajuda a Edward para
encontrá-la. Parte então o policial a Summersisle, remota ilha da costa do Maine,
local do desaparecimento da menina. Trata-se de uma comunidade matriarcal
fechada a visitas. Edward faz valer sua autoridade e penetra na ilha para
tentar encontrar a menina - e a mãe, cujo abandono às vésperas do casamente ele
nunca conseguiu entender. Basicamente, “O Homem de Palha” representa uma história
policial com elementos de fantasia e horror. O tema é o paganismo, de religiões
pré-cristãs quando o catolicismo passou a tratar como “pagãos” romanos que continuavam fiéis às suas antigas religiões politeístas e ipso facto não se convertiam ao cristianismo que idolatrava deuses, ou entidades que protegiam o sol,
os pomares, os campos, as colheitas.
O paganismo começou a mostrar-se mais visível no Renascimento. Adotou a cultura pagã grega e romana como fonte de inspiração. Mais tarde aparece revigorado, disfarçado sob a forma de ateísmo, durante a Revolução Francesa, com os jacobinos e seu anticatolicismo radical. Cultuado na forma da deusa razão, representada sempre usando um barrete frígio. O mesmo usado no culto de Mithra, uma espécie de missa negra primitiva, combatida por São Justino. O paganismo que tem se revelado hoje no mundo ocidental tem suas causas mais recentes principalmente na filosofia humanista e nas sociedades secretas surgidas no século XIX. Eventualmente utilizavam sacrifícios humanos em rituais bizarros que celebravam “a fertilidade venerando os símbolos fálicos como geradores da natureza”. Com locações na ilha de Summerisle, na costa oeste da Escócia, o filme tem a presença marcante de Christopher Lee o líder religioso de uma seita pagã, a participação pequena, mas sempre bem-vinda, da bela Ingrid Pitt. Ambas as marcas registradas nas produções da Hammer. No filme: “O Homem de Palha” não encontramos a tradicional ambientação com cenários góticos.
O filme é contemporâneo, passando-se no século XX, mas utilizando uma ideia de centenas de anos atrás, onde uma comunidade isolada numa ilha escocesa considera a religião cristã ultrapassada e acredita em deuses antigos com a reencarnação do espírito na natureza. São muitos os destaques, vindo, em primeiro lugar desde a investigação policial de desaparecimento da menina, sempre mantendo a atenção do espectador que acompanha a crescente revelação dos fatos que levam à verdade. E em segundo lugar, passando pelos estranhos hábitos dos moradores, que praticam o sexo sem falsos moralismos nas ruas noturnas. Ou, em terceiro lugar, a os ensinamentos para as crianças nas escolas, evidenciando a importância no ritual feminista, do pênis como fertilidade, além dos estranhos rituais e festas pagãs que se opõe ao tradicionalismo cristão. A nudez da bela atriz Britt Ekland, dançando para conquistar o Sargento Howie, também é um ponto alto e memorável, tendo em vista que parte das cenas cinematográficas foi realizada por uma atriz dublê de corpo meramente como representação. Fluente
em quatro línguas, Britt começou a carreira no cinema sueco e transferiu-se
para a Inglaterra, onde se estabeleceu há quatro décadas. Casou-se com o ator e
comediante Peter Sellers em 1964 e fez dois filmes com ele, que a lançaram como
sex symbol no cinema britânico. Com Sellers também teve um
relacionamento atribulado, sempre exposto na mídia, mas manteve-se ao lado do
ator quando ele teve uma série de ataques cardíacos na metade da década e com
quem teve uma filha em 1965, Victoria. Sua maior popularidade no cinema veio no
começo dos anos 1970, quando participou de Get Carter (1971), com Michael Caine e no cultuado O Homem de Palha (1973)
clássico de horror e suspense.
Margaret
Eleanor Atwood nasceu em Ottawa é uma escritora canadense, romancista, poetisa,
contista, ensaísta e crítica literária internacionalmente reconhecida, tendo
recebido inúmeros prêmios literários importantes. Foi agraciada com a Ordem
do Canadá, a mais alta distinção em seu país. Em 2001, Atwood foi incluída
na Canada`s Walk of Fame de Toronto. Muitos dos seus poemas foram inspirados
por contos de fadas europeus e pela mitologia euroasiática. Nascida em
18 de novembro de 1939 na cidade de Ottawa, na província de Ontário, no
centro-leste do Canadá, Margaret Atwood é a segunda dos três filhos de Margaret
Dorothy Killam-Atwood, uma nutricionista irlando-canandense do interior da ilha
de Nova Escócia e de Carl Edmund Atwood, um entomologista de Ontário. Graças às
pesquisas de seu pai sobre a entomologia das florestas, Atwood passou muito
tempo de sua infância próxima às florestas do Norte do Quebec, viajando entre
Ottawa, Sault Ste. Marie, e Toronto. Ela só foi à escola em tempo integral
quando estava na oitava série. Tornou-se uma leitora voraz de literatura, de
livros de mistério, de contos de fada dos Irmãos Grimm e de histórias em
quadrinhos. Frequentou o Colégio Leaside High School, em Leaside, Toronto, e
formou-se em 1957. Desde 1976, é membro do Writers` Trust of Canada, uma
organização não governamental que atua em apoio à comunidade de escritores
canadenses ou residentes.
Atwood, que se envolveu no diálogo
intelectual feminino no Victoria College, na Universidade de Toronto,
frequentemente retrata personagens femininas dominadas pelo patriarcado em seus
romances. Ainda assim, ela nega que The Edible Woman, por exemplo, publicado em 1969 e que “coincidiu
com a segunda onda do movimento feminista, seja feminista e alega tê-lo escrito
quatro anos antes do movimento. Atwood acredita que o rótulo feminista só pode
ser aplicado a escritores que conscientemente trabalham na moldura do movimento
feminista”. Em entrevista, Atwood já disse ficar na ponta dos dois extremos.
Ela acredita que mulheres não devem ser vistas como inferiores aos homens, mas
também não merecem ser vistas com preconceito por escolher ter filhos e um
marido. Um dos livros de maior sucesso de Atwood, The Handmaid`s Tale
foi lançado em 1985, e desde então nunca deixou de ser publicado. O livro
vendeu milhões de cópias no mundo. Em um artigo do The Guardian,
Atwood escreve: “Alguns livros assombram o leitor. Outros assombram o autor. The
Handmaid`s Tale fez os dois”.
O
livro tem um teor político muito grande em relação ao controle da vida das
mulheres, e se passa em um mundo distópico. O livro chegou a ser banido em
escolas, mas originou um filme e até uma ópera. Atwood não concorda com o livro
ser uma distopia feminista, porque em uma realidade assim todos os homens
teriam mais direitos do que as mulheres. Para ela, o livro na verdade é um
sistema ditatorial em que homens e mulheres ocupam lugares diferentes na
pirâmide. Atwood diz que não esperava o quanto o livro marcaria a vida de
tantas pessoas. “Esse é um livro de entretenimento ou uma profecia política?
Pode ser os dois? Eu não antecipei nada disso enquanto escrevia o livro”. As
personagens nas obras de Atwood são conhecidas pelo grande sofrimento que
enfrentam. Mas isso não significa que elas sejam passivas. Em uma entrevista
para o The New York Times, Atwood explicou que a inspiração para suas
personagens vem da vida real. “Minhas mulheres sofrem porque a maior parte das
mulheres com quem eu converso parecem já ter sofrido”. Ela acredita que esse
tema não é muito discutido porque o sofrimento de uma mulher é visto erroneamente como algo
passivo. O que é característico em sua literatura e em seus trabalhos mais famosos, as mulheres dos livros triunfam sobre
a dor, e se tornam bem sucedidas em suas carreiras.
Os
filmes - mutatis mutandis - não estão diretamente ligados entre si, mas todos tratam do tema do paganismo
no mundo moderno. O remake norte-americano de 2006 de The Wicker Man
(1973) não faz parte da série e Hardy se dissociou dela. O filme foi dirigido
por Robin Hardy e escrito por Anthony Shaffer, que baseou seu roteiro vagamente
no romance Ritual de David Pinner. A história segue um policial escocês,
o sargento Neil Howie (Edward Woodward), que visita a ilha isolada de
Summerisle em busca de uma garota desaparecida chamada Rowan Morrison. Todos os
habitantes de Summerisle seguem uma forma de paganismo celta, que choca e
apavora o devoto sargento cristão. Howie descobre que os pagãos, liderados por
seu laird, Lord Summerisle (Christopher Lee), estão planejando um
sacrifício virgem na esperança de apaziguar os deuses e restaurar suas
colheitas. Acreditando que Rowan Morrison será sacrificado, Howie se esforça
para resgatá-la, apenas para descobrir que seu suposto desaparecimento foi
apenas uma manobra para atraí-lo para a ilha. Os pagãos aprisionam Howie em um
homem de vime e ateou fogo, queimando-o até a morte. The Wicker Man é bem visto pelos críticos.
Em análise comparada a revista de cinema Cine Fantastique o descreveu como “O cidadão Kane dos
filmes de terror” e, em 2004, a revista Total Film nomeou The Wicker Man como o
sexto maior filme britânico de todos os tempos. Ele também ganhou o Saturn
Award de 1978 de Melhor Filme de Terror. Uma cena desse filme ficou em 45º
lugar na lista dos 100 momentos mais assustadores do filme da Bravo. Em 2006,
Robin Hardy publicou um romance de acompanhamento do enredo de The Wicker Man,
intitulado Cowboys for Christ. Segue dois jovens norte-americanos, Beth e
Steve, que deixam o Texas para espalhar o cristianismo em Tressock, na Escócia.
Eles são recebidos por Sir Lachlan Morrison e sua esposa, Delia Morrison; sem o
conhecimento de Beth e Steve, eles estão em grave perigo por causa de uma
comunidade pagã celta na vila. Uma adaptação para o cinema, intitulada The
Wicker Tree, foi produzida em 2009, com Hardy dirigindo a partir de seu próprio
roteiro. Teve uma exibição em um festival de cinema em 2011.
Um
lançamento limitado nos cinemas ocorreu em janeiro de 2012 nos Estados Unidos,
seguido por um lançamento em DVD em abril de 2012. Foi o segundo DVD mais
pedido na Amazon nos primeiros três meses. após seu lançamento, fato de que o
diretor Robin Hardy muito se orgulhava. No caso de The Wrath of the Gods foi um
planejado filme romântico de comédia escrito e dirigido por Hardy, e baseado em
Crepúsculo dos Deuses, a parte final do Ciclo do Anel de Richard Wagner. Neste
filme, “os deuses recebem sua punição”. Hardy anunciou planos para uma trilogia
em uma entrevista de 2007 para o jornal The Guardian, embora o primeiro filme
da trilogia, The Wicker Man, tenha sido feito originalmente em 1973. O terceiro
filme foi planejado para ser ambientado principalmente na Islândia; no entanto,
Hardy decidiu que filmar lá seria impraticável, e reescreveu o roteiro,
redefinindo a história em Shetland, com algumas cenas a serem filmadas em Los
Angeles. Como Shetland tem um folclore escandinavo, em vez de celta, isso
permite que a história social permaneça na mitologia nórdica.
O
filme é dividido em duas partes. Os protagonistas são um jovem casal, Siegfried
e Brynne. Siegfried é bonito, mas “incrivelmente estúpido”, e foi superado por
sua própria arrogância e habilidade esportiva. Brynne o ama apesar de seus
defeitos e consegue ensiná-lo a fazer amor em um “momento triunfal”. Hardy
disse que o filme é sobre “o que acontece com os deuses, não apenas com as
pessoas que estão oferecendo sacrifícios a eles. Os próprios deuses são sugados
para a confusão no terceiro filme. Procurei uma carapaça adequada para coloque
isso e o último ato do ciclo do Anel parece funcionar muito bem - e isso me
permite misturar Wagner a todo vapor”. Outro personagem-chave do filme é o pai
de Brynne, um chefe de polícia. Ele tem um romance trágico com uma mulher de
meia-idade, acusada de assassinato no Canadá. Hardy afirmou que o chefe de
polícia terá que denunciá-la porque é um homem honrado. O antagonista
de A Ira dos Deuses é o Sr. Odin, executivo “de um estúdio de Hollywood que
decide criar um parque temático baseado nas sagas nórdicas originárias da
Islândia”.
O
lugar, como na representação religiosa é aparentemente parado no tempo e
espaço: mulheres de cabelos longos e roupas antigas, casinhas idílicas, e um
linguajar antiquado. Os homens são poucos, mas tendo em vista a sociedade
matriarcal apresentam-se todos, fora a questão de submissão no trabalho; são
desprezados. Não se sabe ou não querem dizer sobre o desaparecimento da menina.
O filme: “O Sacrifício” trabalha muito bem com essa questão da autoridade
perdida, opondo-o à racionalidade da burocracia. A certa altura dos acontecimentos o policial faz
uso da força - e é igualmente interessante notar como Neil LaBute trabalhou o
esgotamento do macho até aquele ponto, até transformá-lo em um ser irracional.
É o medo existencial, que vem desde a revolução do feminismo, de se ver
dispensado de suas funções. Edward Malus é um personagem, mas, LaBute
conseguiu fazer um homem do nosso tempo, um homem em crise, mas que acaba
se envolvendo.
Os
evangélicos deram uma grande contribuição na Guerra da Independência
norte-americana, tanto no aspecto prático quanto na prática ideológica. No entanto, após a
Revolução as igrejas estavam claramente desorganizadas e o papel do
cristianismo na nova cultura nacional não estava de modo algum garantido. A
filiação formal às igrejas estava em declínio, tendo chegado ao seu ponto mais
baixo na década de 1790, de 5 a 10% da população adulta. Reagindo a essa
situação, as igrejas superaram a confusão reinante e empreenderam vigorosas
campanhas para evangelizar o povo e cristianizar a cultura. Juntos, os representantes
das igrejas coloniais e os dinâmicos líderes das novas denominações formaram
uma frente protestante que dominou a percepção pública da religião nos Estados
Unidos da América. O “império evangélico” esteve na vanguarda até que o pluralismo cristão
e a diversidade introduziram uma nova realidade: a missão é desenvolvida não sobre os interesses da igreja, mas das necessidades do ser humano.
Reconhecido como Movimento
pela Temperança, o movimento social que defendia a moderação do consumo do
álcool, radicalizou-se no fim do século XIX e adquiriu caráter proibicionista
ao defender que se vedasse o acesso ao álcool a toda a população por meio de
uma lei federal. Entendemos
que além do interesse por missões, as igrejas norte-americanas também se
envolveram em atividades políticas e de reforma social. Como a campanha contra
a venda e o consumo de bebidas alcoólicas, chamado “o movimento da temperança”.
Os protestantes preocuparam-se especialmente com os problemas gerados pela
expansão econômica e o resultante crescimento das cidades. Os centros urbanos
tornaram-se lugares em que os muitos imigrantes e outras minorias viviam na
pobreza, sem usufruir a prosperidade que beneficiava a tantos ao seu redor. Um
das iniciativas mais bem-sucedidas no sentido de enfrentar esses problemas foi
o Exército de Salvação. Essa organização religiosa e caritativa foi criada na
Inglaterra na década de 1860 por William Booth, sendo levada para os Estados
Unidos da América em 1880. No início do século XX, o Exército da Salvação já possuía mais
de novecentos locais efetivos de atendimento no país, proporcionando assistência
religiosa, doação de alimento, abrigo, assistência médica, educação primária, treinamento
profissional, assistência jurídica e outros serviços em torno de uma ética solidariedade.
O Exército de Salvação foi fundado na região leste da cidade de Londres em 1865 pelo pastor metodista William Booth, e sua esposa Catherine Booth. Originalmente, Booth nomeu a organização Missão Cristã do Leste de Londres, mas em 1878 a reorganizou, dando-lhe um caráter militar e a chamando The Salvation Army. William pregava aos pobres, ao passo que Catherine contatava os ricos, conseguindo assim apoio financeiro para o trabalho. Ela também atuava como ministra religiosa, o que era bastante incomum àquela época. William Booth logo se tornou conhecido como General, e sua esposa Catherine ficou conhecida como a Mãe do Exército de Salvação. O fundador William Booth assim descrevia o lema da organização: - “Os três S representam melhor a maneira como o Exército de Salvação atua: primeiro a Sopa, depois o Sabão e por fim a Salvação”. Os primeiros membros do Exército de Salvação eram interpretados como alcoólatras, viciados e prostitutas convertidos ao protestantismo. Muitos destes, em função da busca por uma vida de acordo com os princípios morais do cristianismo protestante, mudavam seus hábitos de vida. Outra
iniciativa de grande impacto social foi o movimento do chamado Evangelho Social, que esteve em
evidência desde aproximadamente 1880 até o início conjuntural da crise Grande Depressão, em 1929.
Um dos primeiros articuladores do movimento foi Washington Gladden (1836-1918),
um ministro congregacional que atuou em Massachusetts e Ohio e foi ardoroso
defensor dos direitos dos trabalhadores. Charles Sheldon, um pastor do Kansas
também contribuiu para popularizar o evangelho social através do livro: “Em
seus passos” (1897). Nesse sentido o mais importante expoente desse movimento
foi Walter Rauschenbusch, pastor batista que trabalhou por dez anos no bairro
nova-iorquino conhecido como Hell’s Kitchen (“cozinha do inferno”) antes de
tornar-se professor de história da igreja no Seminário de Rochester. Seu
contato direto com a exploração dos operários e a indiferença das autoridades
fizeram dele um crítico da ordem estabelecida. Todavia, seu principal interesse
ecumênico teve como representação buscar determinada compreensão nas Escrituras, tendo como escopo uma mensagem para os problemas da sociedade
industrial, resultando em livros do início do século XX: “O Cristianismo e a
Crise Social” (1907), “Orações do Despertamento Social” (1910), “Cristianizando
a Ordem Social” (1912) e “Uma Teologia do Evangelho Social” (1917).
No
fim do século passado, um grupo de mulheres cristãs norte-americanas, lideradas
por Elizabeth Cady Stanton, começou a se reunir periodicamente para estudar
todas as passagens bíblicas onde havia referência à mulher, a fim de relê-las e
interpretá-las à luz da nova consciência que a mulher tinha de si mesma. Nesses
encontros nasceu a “Woman’s Bible”, editada em duas partes, respectivamente em
1895 e 1898, uma obra que abalou o mundo protestante norte-americano. A
realização desse vasto projeto de revisão e reinterpretação da Bíblia por parte
de um grupo de mulheres é o primeiro sinal marcante de uma nova consciência da
mulher, que amadureceu também no interior de comunidades cristãs. A idealização
original da “Bíblia da Mulher” foi considerada como um fato histórico de dimensão tanto cultural como eclesial
e como ponto de partida de um longo processo comunicativo, que levaria em torno dos anos
1960 - contemporaneamente ao emergir das teologias da libertação - à elaboração
do projeto de uma “teologia feminista”.
Elizabeth
Cady Stanton nascida em Johnstown, New York foi uma feminista e reformista
estadunidense (1815-1902). Começou sua carreira como abolicionista, e quando um
grupo de oito mulheres foi banido do World Anti-Slavery Convention de 1840, em
Londres, que ela e Lucretia Mott, duas das delegadas banidas, resolveram fundar
uma convenção pelos direitos das mulheres, em 1848. Outras delegadas frustradas,
como Mary Grew, se juntaram, e o movimento pelos direitos femininos acabou
surgindo em Seneca Falls. Ela formou um casal com a líder feminista Susan B.
Anthony; durante o dia, elas cuidavam juntas da casa e dos filhos e, à noite,
se armavam de munição e se preparavam para atacar o inimigo. Elizabeth Stanton
descreveu a relação entre as duas em termos românticos, dizendo também que
preferia uma tirania de seu próprio sexo, e que era submissa a Susan. Anthony e
Stanton formaram a 1ª convenção sufragista depois da guerra civil americana, em
1869, que fundou a National Woman Suffrage Association. Elizabeth foi casada e
teve sete filhos.
Os
“periódicos” representaram as primeiras publicações religiosas de massa a
circularem pelos Estados Unidos desde o fim do século XVIII, tomando grande
impulso ao longo do século XIX. Foi o caso da “American Tract Society”, que
editava folhetos, almanaques, cartilhas e revistas para serem distribuídas de porta em porta. Mark Fackler demonstrou que o mercado de revistas diminuiu
ao longo do século XX, ao passo que outros meios de informação e entretenimento
evangélicos surgiram. Ao criar o periódico, com o objetivo da comunicação, Graham pretendeu estabelecer um
espaço de discussão acadêmica para os novos evangélicos. Além de permitir a
expressão de opiniões, debates e ideais sobre comportamentos e valores
cristãos. Em seu primeiro número, os editores justificaram o título
da revista: - “negligenciado, menosprezado, mal representado – o cristianismo evangélico
precisa de uma voz clara para falar com convicção e amor, e para atestar sua
verdadeira posição e relevância para a crise mundial”.
A
edição da revista foi recomendada a Carl Henry, teólogo da “Fuller Theological
Seminary”, enquanto que o custeio das despesas foi financiado pelo magnata do
petróleo J. Howard Pew, pelo empresário do ramo de calçados Maxey Jarman e pela
“Billy Graham Evangelistic Association”. Dessa forma, a revista “Christianity
Today” foi distribuída gratuitamente para cerca de 200 mil ministros, pastores
e líderes evangélicos até março de 1967, “quando a revista passou a ser cobrada”.
A idéia de se infiltrar na cultura norte-americana para instilar os valores
cristãos guiou a edição da revista e serviu para unificar uma visão sobre a identidade
cultural que os evangélicos deveriam assumir perante a sociedade. Ainda que não
fossem tão arrivista quanto os críticos de Graham, “Christianity Today”
defendia a verdade perante uma interpretação do “mundo” decaído, conforme artigo de Graham na primeira
edição da revista, em 15 de outubro de 1956, intitulado: “Biblical authority in
evangelism”. Nele Graham afirma que, “em meio a uma batalha espiritual pessoal,
havia descoberto o segredo que mudaria seu ministério”. Ele não precisaria
comprovar para todos os crentes leitores que a Bíblia era verdadeira, e sim, que ela tinha autoridade.
Segundo
Zygmunt Bauman, o fundamentalismo liberta o ser humano das angústias da escolha
no mundo pós-moderno quando lhe oferece uma autoridade suprema. Longe de ser
uma irracionalidade pré-moderna, o fundamentalismo apresenta-se como uma
racionalidade alternativa para resolver os problemas da sociedade pós-moderna. Sem
dúvida, a autoridade de Deus, revelada na Bíblia, é o valor máximo na pregação
de Graham em meados dos anos 1950, e é um dos valores partilhados por outros
pregadores evangélicos nesse contexto de pós-modernidade. A autoridade bíblica
é uma constante da tradição protestante, porém, a partir da segunda metade do
século XX, ela se torna pedra de toque para os fundamentalistas ao apontar um
caminho de certezas em um mundo de incertezas. Retomando o sociólogo Stuart
Hall, a cultura “não é questão do que as tradições fazem por nós, mas do que
nós fazemos com as nossas tradições”, e sob essa perspectiva podemos pensar em
uma cultura fundamentalista em formação nos Estados Unidos da América, organizando seus símbolos
e líderes, com a intenção de transformar a cultura norte-americana por meio de
uma religiosidade prática e uma atenção especial para as questões familiares.
Osfundamentalistas prestigiaaram os que tornaram parte da cultura norte-americana
que tanto os combateu.
Bibliografia geral consultada.
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Mulheres: Exegese e Análise do Discurso a partir de 1 Coríntios 14, 33 b - 35.
Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião.
Departamento de Filosofia e Teologia. Goiânia:
Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2010; WILLIAMS, Daniel, God`s Own
Party: The Making of the Christian Right. New York: Oxford University Press,
2010; MATHEUS, Simone Guimarães, Sagradas Apropriações: A Mulher que
Escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar. Dissertação de Mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Letras. Faculdade de Letras. Belo Horizonte: Universidade
Federal de Minas Gerais, 2011; MENDES, Soraia da Rosa, (Re)pensando a Criminologia:
Reflexões sobre um Novo Paradigma desde a Epistemologia Feminista. Tese de Doutorado
em Direito. Brasília: Universidade de Brasília, 2012; ANDRADE, Altamir Celio, Narrativas
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Fundacionais. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras.
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Humana. São Paulo: Edições Loyola, 2015; FERNANDES, Valéria Diez Scarance, Lei Maria da Penha o Processo Penal no Caminho da Efetividade. São Paulo: Editora Atlas, 2015; entre
outros.
“Describir es destruir, sugerir es crear”. Robert Doisneau
No ano do centenário de seu nascimento, Robert Doisneau (1912-1994) ganhou Mostra inédita no Brasil (RJ). Originalmente formado em litografia, Doisneau abraçou em 1929 “um novo interesse como fotógrafo autodidata”. Via a fotografia como o meio ideal de registar a vida durante os seus passeios por Paris. A sua carreira como fotógrafo começou em 1934 na fábrica da Renault em Billancourt, onde esteve empregado “como fotógrafo industrial e de publicidade”. Em 1939, decidiu tornar-se “fotojornalista independente”, mas a guerra mundial forçou-o a desistir do sonho de vir a trabalhar por conta própria. Serviu o exército francês em 1940 e daí até ao fim da guerra trabalhou para a Resistência. Mas mesmo assim não desistiu de trabalhar como fotógrafo, fazendo postais para ganhar a vida. Em 1949, Doisneau assinou contrato com a revista Vogue, para a qual trabalhou como fotógrafo em tempo integral até 1952 e, desde então, como independente. Mas não entrou para os anais da fotografia como “fotógrafo de moda”. Tornou-se famoso com a Photographie de Rue, objeto de nosso ensaio. Em inúmeros instantâneos, documentou com humor e empatia a vida social nos subúrbios de Paris. A sua fotografia mais famosa é “Beijo em frente ao Palácio da Câmara Municipal”, que se tornou um ícone “do amor jovem e violento numa grande cidade”. Robert Doisneau nasceu em Gentilly, perto de Paris, em 1912 e morreu em Paris em 1994.
Robert
Doisneau nasceu em Gentilly, em 14 de abril de 1912 e faleceu em Paris, em 1º
de abril de 1994. Foi um famoso fotógrafo nascido na cidade de Gentilly,
Val-de-Marne, na França. Era um apaixonado por fotografias de rua,
registrando a vida social das pessoas que viviam em Paris e em seus arredores. Doisneau
é reconhecido mundialmente por sua imagem de 1950, Le baiser de l`hôtel de
ville (“O Beijo da Prefeitura”), uma fotografia de um casal se beijando em
uma movimentada rua parisiense. Ele foi nomeado Chevalier (“Cavaleiro”)
da Legião de Honra em 1984 pelo então presidente francês, François Maurice
Adrien Marie Mitterrand, nascido em Jarnac, em 26 de outubro de 1916 e falecido
em Paris, em 8 de janeiro de 1996. Foi
presidente da França, de 1981 até 1995. Detém atualmente o recorde de
longevidade (14 anos) na presidência da República Francesa. Foi o primeiro
presidente da República e um dos dois únicos, junto com François Hollande
oriundos do partido Socialista. Sob sua presidência foi abolida a pena de morte
em 1981. A 29 de Setembro de 1983 recebeu o Grande-Colar da Ordem do Infante D.
Henrique e a 28 de outubro de 1987 recebeu o Grande-Colar da Ordem da Liberdade (PT). Seu mandato encerrou-se em maio de 1995, sucedido por Jacques
Chirac. Morreu de câncer logo depois, em 8 de janeiro de 1996.
Em
janeiro de 1947 assume o ministério dos antigos combatentes, tornando-se o ministro
mais jovem da história da França, aos 30 anos. Suas atividades políticas foram
marcadas pela oposição à Charles de Gaulle, contra quem concorreu nas eleições
presidenciais de 1965, chegando a conseguir um segundo turno, mas saiu
derrotado por 55,20% dos votos contra os 44,80%. Em 1974 enfrentou Valéry
Giscard d’Estaing nas eleições, perdendo o pleito por 49,19% à 50,81%. Após
tentar a presidência em duas ocasiões (1965 e 1974), foi eleito em 1981, sendo
o primeiro presidente socialista eleito em seu país. Houve intensa comemoração
nas ruas de Paris, na mesma noite do anúncio de sua vitória, em 10 de maio. Foi
reeleito em 1988. Em seus dois mandatos, Mitterrand conseguiu abolir a pena de
morte, nacionalizar 5 grupos industriais e 39 bancos, estabelecer a
aposentadoria aos 60 anos, descriminalizar a homossexualidade, promover o fim
do monopólio estatal da radiodifusão, inaugurar o Musée d’Orsay, o Instituto Árabe, a pirâmide do Louvre e a pedra fundamental da Biblioteca Nacional, reforçar a relação franco-alemã, consolidar a Comunidade Europeia e
criar a UE com o Tratado de Maastricht em 1992.
Fotografia
do grego φως [fós] (“luz”), e γραφις [grafis] (“estilo”, “pincel”) ou γραφη
grafê, significa sociologicamente: “desenhar com luz e contraste”, por
definição, “é essencialmente a técnica de criação de imagens por meio de
exposição luminosa, fixando-as em uma superfície sensível”. A primeira
fotografia reconhecida socialmente remonta ao ano de 1826 e é atribuída ao francês
Joseph Nicéphore Niépce. Contudo, compreende-se que a invenção da fotografia
não é obra de um só autor. Mas um processo de acúmulo de avanços por parte da
interpelação de muitas pessoas, trabalhando, juntas ou em paralelo, ao longo de
muitos anos. Se por um lado os princípios fundamentais da fotografia se
estabeleceram há décadas e, desde a introdução do filme fotográfico colorido,
quase não sofreram mudanças, por outro, os avanços tecnológicos têm
sistematicamente possibilitado melhorias na qualidade técnica e visual das imagens produzidas no
processo social de produção com a redução de custos, popularizando o uso no mercado da
fotografia. A primeira fotografia colorida permanente foi tirada em 1861 pelo físico James Clerk Maxwell. O primeiro filme colorido, o Autocromo, não chegou ao mercado global antes de 1907 e era baseado em pontos tingidos de extrato de batata. O primeiro filme colorido moderno, o Kodachrome, foi introduzido em 1935 baseado em três emulsões coloridas. A maioria dos filmes coloridos contemporâneos, exceto o Kodachrome, são baseados na tecnologia desenvolvida pela Agfacolor produzida na Alemanha pela companhia Agfa em 1936. O filme colorido instantâneo foi introduzido pela Polaroid em 1963.
Robert Doisneau, “The Fallen Horse”, Paris, 1942.
Dessa forma, a fotografia,
à medida que se torna uma experiência cada vez mais pessoal, deverá ampliar,
através dos diversos perfis de fotógrafos amadores ou profissionais, o já amplo
espectro de significado da experiência de se conservar um momento em uma
imagem. A fotografia não é a obra final de um único criador. Historicamente
diversas pessoas foram agregando conceitos e processos que deram origem à
fotografia como a conhecemos nos dias de hoje. O mais antigo destes conceitos
foi o da “câmara escura”, descrita pelo napolitano Giovanni Baptista Della
Porta, já em 1558, e conhecida por Leonardo da Vinci que a usava, como outros
artistas no século XVI para esboçar pinturas. O cientista italiano Angelo Sala,
em 1604, percebeu que um composto de prata escurecia ao Sol, supondo que esse
efeito fosse produzido pelo calor. Foi então que, Johann Heinrich Schulze
fazendo experiências com ácido nítrico, prata e gesso em 1724, determinou que fosse
a prata halógena, convertida em prata metálica, e não o calor, que provocava o
escurecimento.
Metodologicamente,
a primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida em 1826, pelo francês
Joseph Nicéphore Niépce, numa placa de estanho coberta com um derivado de
petróleo fotossensível chamado “Betume da Judeia”. A imagem foi produzida com
uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar. Nièpce
chamou o processo de “heliografia”, gravura com a luz do Sol. Paralelamente,
outro francês, Daguerre, produzia com uma câmera escura efeitos visuais em um
espetáculo denominado “Diorama”. Daguerre e Niépce trocaram correspondência
durante alguns anos, vindo finalmente a firmarem sociedade. Após a morte de
Nièpce, Daguerre desenvolveu um processo com vapor de mercúrio que reduzia o
tempo de revelação de horas para minutos. O processo foi denominado “daguerreotipia”.
Daguerre descreveu seu processo à Academia de Ciências e Belas Artes, na França
e logo depois requereu a patente do seu invento na Inglaterra. A popularização
dos daguerreótipos deu origem às especulações teóricas e práticas sobre a possibilidade do “fim da pintura”,
inspirando o Impressionismo. Contudo, lembramos que, em 1840, aos 14 anos, dom Pedro II foi coroado imperador do Brasil. No mesmo ano, conheceu o daguerreotipo, aparelho criado pelo francês Daguerre para registrar imagens.
Pedro II pode ter sido o primeiro fotógrafo brasileiro: o abade Louis Compte
trouxe a novidade de Paris e mostrou-a ao jovem, que, impressionado, logo
encomendou o seu. A paixão pela fotografia foi fulminante. Pedro II estava sempre
retratando pessoas, paisagens e a realidade da família real. Para exaltar os
amantes dessa arte, criou o título de Photographo
da Casa Imperial. Entre 1851 e 1889, dezenas de fotógrafos receberam a
homenagem. Anos mais tarde, em 1876, resolveu passear mundo afora. Foram 18
meses de viagem, quatro continentes e mais de 100 cidades visitadas. Além dos
registros fotográficos próprios, contratou um fotógrafo particular. A coleção
do monarca, a essa altura, já tinha 25 mil peças. Em 1889, com a Proclamação da
República, dom Pedro II foi expulso do país. Sem mágoas, doou à Biblioteca
Nacional seu arquivo, com quase 30 mil fotos. O acervo ficou aparentemente
esquecido por mais de 100 anos, pois somente em 1990 os arquivos foram abertos
ao público e estão acervados na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
A grande maioria das imagens do Império eram compostas de litogravuras, pinturas,
esculturas e aquarelas, a partir, sobretudo do início dos anos 1860, torna-se
cada vez mais nítido o predomínio do material fotográfico. A explicação da
inovação tecnológica está vinculada de maneira direta a d. Pedro II, que não
foi só um incentivador dessa técnica, como se tornou ele próprio um fotógrafo:
o primeiro fotógrafo brasileiro, o primeiro soberano-fotógrafo do mundo. O
pioneirismo do soberano se evidencia já quando da concessão de seu imperial
patrocínio a um fotógrafo, em 8 de março de 1851. Nessa época conferiu o título
de Fotógrafos da Casa Imperial a Buvelot & Prat, antecipando-se dois anos à
rainha Vitória. Na verdade o colonizador d. Pedro fará da fotografia “o grande instrumento de
divulgação de sua imagem: moderna como queria que fosse o reino” (cf. Schwarcz,
2007: 345).
O Jornal do Commércio de 17 de janeiro de
1840 noticia de maneira eufórica a nova técnica:
Creatures of
Dreams, Rue Mouffetard, Paris, 1952.
“Finalmente
passou do daguerreotipo para cá os mares e a fotografia que até agora só era
conhecida no Rio de Janeiro por teoria (...). Hoje de manhã teve lugar na
hospedaria Pharoux um ensaio fotográfico tanto mais interessante, quanto é a primeira
vez que a nova maravilha se apresenta aos olhos dos brasileiros (...) preciso
ver a coisa com seus próprios olhos para se fazer ideia da rapidez e do
resultado da operação. Em menos de nove minutos o chafariz do Largo do Paço, a
praça do Peixe, o mosteiro São Bento (...) se acharam reproduzidos com tal
fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que a coisa tinha sido
feita pela própria natureza, e quase sem a intervenção do artista” (cf.
Schwarcz, 2007: 346).
O
mito da fidedignidade, o fascínio de apreensão do real, que parece se revelar
por meio da fotografia, encorar a carga conotativa, sempre presente nessa
técnica, que recortava a realidade pelo olho do fotógrafo. Mas de toda maneira,
numa era de certezas e de positividades, a fotografia era incorporada à memória
individual e coletiva como um exemplo de perfeição da representação do social.
Em meio a uma sociedade em boa parte iletrada, sob a égide do trabalho escravo,
as suas potencialidades são rapidamente percebidas. Entre nós no Brasil, entre
1840 e 1855, diversas capitais foram visitadas por daguerrreotipistas
itinerantes, que também fizeram incursões pelo interior, à procura de clientes
na aristocracia rural. O resultado é
revelador da feição peculiar da nobreza brasileira, muitas vezes escondida em
seus casarões de fazenda. A foto tornava-se, então, não só símbolo da
modernidade como marca de status e de civilização; uma distinção nas mãos de
poucos.
Assim, se os
usos e funções políticas da fotografia do século XIX tenderam a se expandir, de
outro modo dialogaram com o imaginário individual e coletivo, que por meio dela
reproduziam imagens e paisagens - como o fez Marc Ferrez a partir da década de
1870. Grandes fotógrafos se consagraram no Brasil, como H. Florence e Victor
Frond, ou mais tarde Marc Ferrez, além de uma série de firmas que aqui se
instalaram, prometendo maravilhas para essa corte encantada com os avanços
europeus. Muitos se fizeram fotografar, contudo nenhuma outra família gastou
tanto quanto a Casa Imperial. Era inclusive comum encontrar nos jornais
anúncios em que os profissionais expunham sua condição de “fotógrafos da
família imperial”, como chamariz para outros clientes.
O britânico
William Fox Talbot, que já efetuava pesquisas com papéis fotossensíveis, ao
tomar conhecimento dos avanços de Daguerre, em 1839, decidiu apressar a
apresentação de seus trabalhos à Royal Institution
e à Royal Society, “procurando
garantir os direitos sobre suas invenções”. Talbot desenvolveu um diferente
processo denominado “calotipo”, usando folhas de papel cobertas com cloreto de
prata, que posteriormente eram colocadas em contato com outro papel, produzindo
a imagem positiva. Este processo é muito parecido com o processo fotográfico em
uso hoje, pois também produz um negativo que pode ser reutilizado para produzir
várias imagens positivas. À época, Hippolyte Bayard também desenvolveu um método
de fotografia. Porém, por demorar a anunciá-lo, não pôde mais ser reconhecido
como seu inventor.
A fotografia
então se popularizou como produto de consumo a partir de 1888. A empresa Kodak
abriu as portas com um discurso mercadológico de marketing tornando-a mercadoria
que, na definição de Marx, “é a célula econômica da sociedade capitalista”, onde
todos podiam tirar suas fotos, sem necessitar de fotógrafos profissionais com a
introdução da câmera tipo “caixão” e pelo filme em rolos substituíveis criados
por George Eastman. Desde então, o mercado fotográfico tem experimentado uma
crescente evolução tecnológica, como o estabelecimento do filme colorido como
padrão e o foco automático, ou exposição automática. Essas inovações
indubitavelmente facilitam a captação da imagem, melhoram a qualidade de
reprodução ou a rapidez do processamento técnico, mas muito pouco foi alterado nos
princípios básicos ou essenciais da fotografia.
La Lessive du Marinier. Paris, 1961.
A grande mudança relativamente recente,
produzida a partir do final do século XX, deu-se com o processo de digitalizaçãodos “sistemas
fotográficos”. A fotografia digital mudou paradigmas no “mundo da fotografia”, em
termos de concepção e execução, minimizando custos, reduzindo etapas,
acelerando processos e facilitando a produção, manipulação, armazenamento e
transmissão de imagens pelo mundo globalizado. Paradigma para nós é a
representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz,
ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo
científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos
como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e
pesquisas. No caso técnico-científico serve enquanto aperfeiçoamento da
tecnologia de reprodução de imagens digitais e, ipso facto, tem quebrado barreiras de restrição em relação a este
sistema por setores que ainda prestigiam o tradicional filme, last but not least e assim,
irreversivelmente ampliando o domínio da fotografia digital.
Para o que nos
interessa, Robert Doisneau começou sua carreira como fotógrafo publicitário nas
fábricas da Renault. Após ser demitido, em 1939, recebeu um convite do fundador
da Agência Rapho, Charles Rado, para
trabalhar como “fotógrafo independente”. No entanto, nos anos seguintes, muitos
de seus projetos foram interrompidos com a eclosão da Segunda Guerra. Doisneau
torna-se, então, membro da Resistência francesa, como soldado e fotógrafo
oficial. Grande parte dessas imagens, apresentadas em uma das sessões do livro Paris Doisneau, são flagrantes de
personagens anônimos durante a Ocupação e, mais tarde, a Liberação francesas.
Após a Guerra, Doisneau retoma seu trabalho na Rapho e realiza projetos para revistas: Vogue Life e Paris Match. Essas e outras cenas,
submetidas à uma escolha minuciosa de enquadramentos, denotam o olhar intuitivo
e comovente de um flâneurapaixonado
pela cidade de Paris. Durante toda a sua trajetória, Robert Doisneau nunca teve
receio de compor seu próprio universo, com o único desejo de fixar aquilo que
acreditava estar em vias de desaparecer, registrando a lembrança do pequeno
teatro fabricado por seu olhar.
Doisneau foi um
dos fotógrafos mais populares da França. Era conhecido por sua modéstia e
imagens irônicas, misturando as classes sociais das ruas e cafés de Paris. Influenciado
pela obra Atget, de Kertész e Cartier Bresson, Doisneau, como veremos adiante,
apresentou em mais de vinte livros uma visão encantadora da fragilidade humana
e da vida como uma série de momentos calmos e incongruentes. Eugène Atget
(1857-1927) foi um fotógrafo francês, hoje tido como um dos mais importantes
fotógrafos da história. Passou toda a vida em Paris. Pioneiro, revolucionou a
fotografia com seu olhar desviado do ser humano. Fotografava o vazio das ruas
parisienses, e objetos inusitados. Ficou órfão ainda criança e foi criado e
educado por um tio. Tornou-se marinheiro, viajando por rotas americanas.
Posteriormente optou pela carreira de ator. Foi estudar em um conservatório em
1879, deixando-o em 1881 e partindo com uma pobre companhia de teatro que
atuava nas redondezas e subúrbios de Paris.
Atuou em papéis
insignificantes e desiludiu-se com a profissão. Em 1889 dedicou-se a pintura e
acabou desenvolvendo tal capacidade de observador que se tornou fotógrafo aos
40 anos de idade. Inovador foi o precursor da fotografia moderna em Paris.
Especializou-se em vistas cotidianas e postais parisienses, pois conhecia cada
canto de sua cidade natal. Reproduzia quadros e fornecia material de referência
para seus colegas pintores. No entanto, se A
câmara clara pode ser lida como
outra “Pequena história da fotografia”, isso se deve também, segundo Batchen, ao
que ela significa em seu momento. De fato, quando foi escrito, no final de
1979, a fotografia já estava institucionalizada como objeto histórico e prática
profissional, e o livro de Barthes soou como último testemunho que “associam
intimamente a fotografia à história, e as suas pequenas histórias como a sua
própria experiência de fotografias reais, como se o destino de uma dependesse
da forma da outra”. Nesta perspectiva, Barthes acaba por condenar o pensamento dialético
de Walter Benjamin “na esteira de pensamento de Benjamin, a discursos
fotográficos, condenação é plena e inteira”.
Imagem: Le baiser
de l`hôtel de ville (Kiss by the Town Hall).
Para esse autor não
há nenhuma referência clara ao ensaio de Benjamin. A única referência – e, de
maneira explícita – aparece em uma entrevista concedida por Barthes em 1977 e
publicada em 1980 em que ele afirma que, entre os raros textos dignos de nota
está o de Benjamin. Nada habilita a constatar que ele referendava Pequena História da Fotografia ou, A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica.O seu julgamento a respeito do texto de Benjamin é de que ele é
“bompor ser premonitório”. Estas
palavras deBarthes parecem, enfim,
sugerir que o texto benjaminiano tem, sobretudo,valor histórico.De outro ponto de vista, Barthes
inverte a tese. Segundo Benjamin,o
anjo da história caminha para trás no futuro, nas vidas por vir, mais doque na morte. Já o caminho escolhido
por Barthes para falar de fotografiafoi
de remontar os escombros do passado: “Impulsionado pelo progresso,ele contempla os escombros de um
passado.”
Elementos que
afastam Benjamin de Barthes destacam Jean-Claude Milner que Barthes diz não à
história - uma invenção moderna tal como a fotografia - para dizer sim à
fotografia como arte técnica que congela o tempo, faz do instante algo
infinito: reproduz mecanicamente algo que não poderá mais se reproduzir
existencialmente. Este posicionamento barthesiano diante da fotografia vem ao encontro
ao pensamento de Walter Benjamin desenvolvido em ensaio célebre: A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica, pois para
Barthes o que se inaugura na era da reprodutibilidade técnica – notadamente
para o mundo da fotografia - nada altera em relação ao que era considerado como
obra de arte até então, visto que, “o que se fotografa não deixa de se tornar o
que é - único”. O que se fotografa se torna irrepetível, embora reproduzível ao
infinito. Para Barthes a fotografia parece não perder o conceito benjaminiano
de “aura”, pois, ela sempre - por mais reproduzida que a fotografia vem a ser -
será o registro de um instante único: o escândalo barthesiano em torno de A Câmara Clara.
Enfim, são os
textos de Sontag, Sobre fotografia,
e de Barthes, A câmara clara,
que coroam uma reflexão apurada de interpretação do dispositivo fotográfico
como um mecanismo que evoca uma reflexão “sobre a fugacidade da experiência,
sobre a morte”, ao notarem claramente a relação da prática fotográfica e da
fotografia com a morte. Barthes considera talvez a fotografia uma imagem que
produz a morte; Sontag discorre sobre o significado da fotografia na cultura
contemporânea, ressaltando aspectos como: o aparelho fotográfico como arma, a
prática fotográfica como caçada. Remete a essa ideia de imagem
secular, intimamente relacionada à passagem do tempo e ao “fetichismo da mercadoria”
de Marx. Lembra Miguel Frade, quando se põe a pensar outro tempo
da fotografia: do pioneirismo e do espanto que representava ainda ao olhar o
processo para obter uma fotografia. Bibliografia geral consultada.
DELEUZE, Gilles, “Qu’est-ce qu’un dispositif?” in
Michel Foucault Philosophie. Rencontre Internationale. Paris, 9,10, 11 janvier,
1988. Paris: Seuil, 1989; FREUND, Gisèle, Fotografia e Sociedade. Mafra:
Editora Vega, 1995; MIRZOEFF, Nicholas, An Introduction To Visual Culture.
Londres: Routledge, 1999; SOUGEZ, Marie-Loup, História da Fotografia.
Lisboa: Editora Dinalivro, 2001; GURAN, Milton, Linguagem Fotográfica e
Informação. 3ª edição. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 2002;
TÀPIES, Antoni, A Prática da Arte. Lisboa: Edições Cotovia, 2002;
SONTAG, Susan, On Photography. Londres: Penguin Books, 2002; SOUSA,
Jorge Pedro, Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental. Chapecó:
Editora Argos, 2004; KOSSOY, Boris, Fotografia e História. São Paulo:
Ateliê Editorial, 2003; BARTHES, Roland, A Câmara Clara. Lisboa: Edições
70, 2005; SCHWARCZ, Lilia Moritz, “Homens (e a Corte) ao Mar: O Relato de uma Aventura”. In: O`NEIL, Thomas, A Vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007; ROUILLÉ, André, A Fotografia entre Documento e Arte Contemporânea.
São Paulo: Editora Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, 2009; KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro, “O Imaginário
Urbano sobre Fotografia e Morte em Belo Horizonte, MG, nos Anos Finais do
Século XX”. In: Varia Hist., Jun. 2006, vol.22, n° 35, pp.100-122; Idem,
“Estilos de Vida e Individualidade”. In: Horiz. Antropol., Jun. 2010, vol.16,
n° 33, pp.41-53; SOARES, Paula de, Entre o Documental e o Estético: A
Fotografia de Guerra de Robert Doisneau. Dissertação de Mestreado. Programa
de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. Instituto de Letras. Niterói:
Universidade Federal Fluminense, 2014; SIMON, Roberta, “Robert Doisneau e as
Perversões do Romantismo - Não fotografo o mundo como ele é, mas como eu
gostaria que ele fosse”. In: INTERCOM - XXXVIII Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação. Rio de Janeiro, 4 a 7 de setembro de 2015; entre
outros.
_______________
* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). ProfessorAssociadoda Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).