Ubiracy de Souza Braga
“O governo Lula e o PT foram temas de 54
capas da revista Veja”. Fábio Makhoul
A capa e a primeira página é essencial no processo social de comunicação do jornalismo, isto é, fazer com que o produto midiático feito por jornalistas seja consumido por leitores, conforme as regras da sociedade capitalista centrada no consumo. O papel-carbono é uma lâmina que permite fazer cópias simultaneamente ao utilizar máquinas de escrever, impressoras de impacto ou simplesmente escritura a mão. Este método de cópia inventado no dia 7 de outubro de 1806 por Pellegrino Turri, traz impregnado tinta, cera ou carbono em uma de suas faces. É utilizado entre duas folhas sobrepostas e a cópia é obtida na folha que fica abaixo do papel carbono sob a pressão que a máquina de escrever ou o lápis exerce sobre a folha original acima do mesmo. Este método de cópia inventado por Turri, traz impregnado tinta, cera ou carbono, daí o nome papel carbono, em uma de suas faces. É utilizado entre duas folhas sobrepostas e a cópia é obtida na folha que fica abaixo do papel carbono sob a pressão que a máquina de escrever ou o lápis exerce sobre a folha original acima do mesmo. Dado que atua sob pressão, não serve para realizar muitas cópias. É preciso assinalar que sua origem não está totalmente esclarecida. Em 1592, o escritor llerenense, natural de Llerena, Espanha, Luis Zapata de Chaves e Portocarrero escrevia com a Invenção de Agora que era uma tinta em pó, que se podia levar secretamente em um lenço ou em um papel sem derramar, e que, colocada em um prato ou em qualquer recipiente com um pouco de água, se tornava tinta negra e fina.
Em inglês a cópia criada se chama carbon copy. Na atualidade continua-se usando este conceito nos sistemas de correio eletrônico ao se assinalar às siglas CC indicando que se trata da cópia de um original. Na
atualidade continua-se usando este conceito modernamente nos sistemas de
correio eletrônico (e-mail) ao se
assinalar às siglas “c/c” (com cópia) indicando tradicionalmente que se trata
de cópias de um documento original. O papel químico, também chamado de “papel
carbono” ou apenas químico, é um tipo de papel dotado num dos lados de uma
camada de tinta ou pigmento transferível, geralmente por contato. Qualquer
coisa que colida com o lado oposto deste papel faz a tinta transferir para as mãos de quem manipula ou para outro objeto. O papel
químico foi muito utilizado antes da banalização tecnológica das impressoras
para criar cópias de formulários e outros documentos. Ainda assim, este tipo de
papel foi largamente utilizado com as impressoras de impacto, já que, pela sua
natureza, seguiam o mesmo princípio: transferir a tinta por impacto. Com a aparente
diminuição comercial dos preços das impressoras, o papel químico tende a
desaparecer. A grande maioria das notas fiscais emitidas pelo comércio é impressa em papel termossensível, popularmente conhecido como papel térmico. É um papel especial, cujo revestimento contém substância que muda de coloração sob a ação do calor. Isso significa que, para imprimi-lo, não se usa mais a tinta, apenas uma impressora térmica que fornece calor. A facilidade e a rapidez de impressão, bem como o baixo custo, estão associadas entre as vantagens para a grande difusão dessa tecnologia em nossa sociedade, como dizia Marx, “tudo que é sólido desmancha no ar”. Uma das principais desvantagens é que a impressão apaga com o tempo, e você perde a informação que lá estava contida detalhadamente.
A
fotografia começou a ser usada na imprensa diária em 1880. A Alemanha foi o
primeiro país a produzir revistas ilustradas graficamente com fotografias. Nos
EUA surgiram as primeiras emissoras de rádio, na década de 1920; as primeiras
transmissões de televisão nos anos 1930 e, em 1927, também nos EUA são
produzidas o primeiro filme “Fox Movietone”. Na sociedade contemporânea, as
notícias correm mundo em tempo real através dos mais avançados meios
tecnológicos. A rede global internet
rompeu definitivamente com a imprensa clássica ao ponto de centenas de jornais
terem, na última década, desaparecido após muitos anos de grande sucesso jornalístico
e de empresa econômica. Em Portugal em 2012 não havia um jornal, diário ou
semanário economicamente viável, as despesas estavam acima das receitas, o
mesmo está ocorrendo com os custos das televisões e das rádios, com algumas
poucas exceções. Nos mass-media, os tipos de aparatos analógicos ou digitais utilizados para transmitir textos, imagens e áudios para a massa heterogênea e indeterminada de pessoas à
escala global, o passado deixou de ter futuro definitivo.
A história social da fotografia pode ser narrada a
partir das experiências desenvolvidas por químicos e alquimistas desde a mais
remota antiguidade. Em 1525 já se conhecia o escurecimento dos sais de prata,
no ano de 1604 o físico-químico italiano Ângelo Sala estudou o escurecimento de
alguns compostos de prata pela exposição à luz do Sol. Até então, se conhecia o
processo de escurecimento e de formação das imagens efêmeras sobre uma película
dos referidos sais, porém havia o problema da interrupção do processo. Em 1725,
Johann Henrich Schulze, professor de medicina na Universidade de Aldorf, na
Alemanha, conseguiu uma projeção e uma imagem com uma duração de tempo maior, porém
ainda não conseguiu detectar o porquê do aumento do tempo. Continuando suas
experiências, Johann Schulze colocou à exposição da luz do sol um frasco de nitrato de prata, examinando-o algum tempo, e foi assim que percebeu que parte da solução atingida pela luz tornou-se de coloração violeta escura.
Notou
também, que o restante da mistura continuava com a cor esbranquiçada original.
Sacudindo a garrafa, observou o desaparecimento do violeta. Continuando,
colocou papel carbono no frasco e o expôs ao sol, depois de certo tempo, ao
remover os carbonos, observou delineados pelos sedimentos escurecidos padrões
esbranquiçados, que eram as silhuetas em negativo das tiras opacas do papel.
Schulze estava em dúvida se a alteração era devida à luz do sol, ou ao calor.
Para confirmar se era pelo calor, refez a mesma experiência dentro de um forno,
percebendo que não houve alteração. Concluiu assim que era de fato a presença
da luz que provocava a mudança para o envelhecimento. Continuando suas
experiências, acabou por constatar empiricamente que a irradiação da luz de seu quarto era suficientemente
forte para escurecer as silhuetas no mesmo tom dos sedimentos que as
delineavam. O químico sueco Carl Wilhelm Scheele, em 1777, também comprovou o
enegrecimento dos sais devidos à prolongada ação da luz. A fotografia é uma imagem reproduzida em 1826, pelo francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833), numa placa de estanho coberta com um derivado de petróleo fotossensível chamado Betume da Judeia. Ele conseguiu, pela primeira vez na história da imprensa, gravar uma imagem na folha de papel sensibilizado quimicamente.
Este
consistia numa placa de ouro e prateada, exposta em vapores de iodo, desta
maneira, formava uma camada de iodeto de prata sobre si. Quando numa câmara
escura é exposta à luz, a placa era revelada em vapor de mercúrio aquecido,
este aderia onde havia a incidência da luz mostrando as imagens. Estas eram
fixadas por uma solução de tiossulfato de sódio. O daguerrreótipo não permitia
cópias, apesar disso, o sistema de Daguerre se difundiu. Inicialmente muito
longos, os tempos de exposição encurtaram devido às pesquisas de Friedrich
Voigtländer e John F. Goddard em 1840, estes criaram lentes com abertura maior
e ressensibilizavam a placa com bromo. William Henry Fox Talbot lançou, em
1841, o calótipo, processo mais eficiente de fixar imagens. O papel impregnado
de iodeto de prata era exposto à luz numa câmara escura, a imagem era revelada
com ácido gálico e fixada com tiossulfato de sódio. Resultando num negativo,
que era impregnado de óleo até tornar-se transparente. O positivo se faz por
contato com papel sensibilizado em processo utilizado até hoje. O
calótipo foi a primeira fase de desenvolvimento da fotografia,
e o daguerrreótipo conduziria à fotogravura para reprodução
de fotografias em revistas e jornais.
Para o que nos interessa, Robert Doisneau
começou sua carreira como fotógrafo publicitário nas fábricas da Renault. Após
ser demitido, em 1939, recebeu um convite do fundador da Agência Rapho, Charles
Rado, para trabalhar como “fotógrafo independente”. No entanto, nos anos
seguintes, muitos de seus projetos foram interrompidos com a eclosão da Segunda
Guerra. Doisneau torna-se, então, membro da Resistência francesa, como soldado
e fotógrafo oficial. Grande parte dessas imagens, apresentadas em uma das
sessões do livro Paris Doisneau, são flagrantes de personagens anônimos durante
a Ocupação e, mais tarde, a Liberação francesas. Após a Guerra, Doisneau retoma
seu trabalho na Rapho e realiza projetos para revistas: Vogue Life e Paris Match. Essas cenas submetidas à uma escolha minuciosa de
enquadramentos, denotam o olhar intuitivo e comovente de um flâneur apaixonado
pela cidade de Paris. Durante toda a sua trajetória, Robert Doisneau nunca teve
receio de compor seu próprio universo, com o único desejo de fixar aquilo que
acreditava estar em vias de desaparecer, registrando a lembrança do pequeno teatro
fabricado por seu olhar.
Doisneau
tornou-se um dos fotógrafos mais populares da França. Era reconhecido por sua modéstia
e imagens irônicas, misturando as classes sociais das ruas e cafés de Paris.
Influenciado pela obra Atget, de Kertész e Cartier Bresson, Doisneau, como
sabemos, apresentou em mais de vinte livros uma visão encantadora da
fragilidade humana e da vida como uma série de momentos calmos e incongruentes.
Eugène Atget (1857-1927) foi um fotógrafo francês, hoje tido como um dos mais
importantes fotógrafos da história. Passou toda a vida em Paris. Pioneiro,
revolucionou a fotografia com seu olhar desviado do ser humano. Fotografava o
vazio das ruas parisienses, e objetos inusitados. Ficou órfão ainda criança e
foi criado e educado por um tio. Tornou-se marinheiro, viajando por rotas
americanas. Posteriormente optou pela carreira de ator. Foi estudar no
conservatório em 1879, deixando-o em 1881, e partindo com uma companhia de
teatro que atuava nos subúrbios de Paris.
Atuou
em papéis insignificantes e desiludiu-se com a profissão. Em 1889 dedicou-se a
pintura e acabou desenvolvendo tal capacidade de observador que se tornou
fotógrafo aos 40 anos de idade. Inovador foi o precursor da fotografia moderna
em Paris. Especializou-se em vistas cotidianas e postais parisienses, pois
conhecia cada canto de sua cidade natal. Reproduzia quadros e fornecia material
de referência para seus colegas pintores. No entanto, se A câmara clara pode
ser lida como outra Pequena história da fotografia, isso se deve também,
segundo Batchen, ao que ela significa em seu momento. De fato, quando foi
escrito, no final de 1979, a fotografia já estava institucionalizada como
objeto histórico e prática profissional, e o livro de Barthes soou como último
testemunho que “associam intimamente a fotografia à história, e as suas
pequenas histórias como a sua própria experiência de fotografias reais, como se
o destino de uma dependesse da forma da outra”. Nesta perspectiva, Barthes
acaba por condenar o pensamento dialético de Walter Benjamin “na esteira de
pensamento de Benjamin, a discursos fotográficos, condenação é plena e
inteira”.
A fotografia então se popularizou como produto
de consumo a partir de 1888. A empresa Kodak abriu as portas com um discurso
mercadológico de marketing tornando-a
mercadoria que na definição e ponto de partida de Marx, “é a célula econômica da sociedade
capitalista”, onde todos podiam tirar suas fotos, sem necessitar de fotógrafos
profissionais com a introdução da câmera tipo “caixão” e pelo filme em rolos
substituíveis criados por George Eastman. Desde então, o mercado fotográfico
tem experimentado uma crescente evolução tecnológica, como o estabelecimento do
filme colorido como padrão e o foco automático, ou exposição automática. Essas
inovações indubitavelmente facilitam a captação da imagem, melhoram a qualidade
de reprodução, e, sobretudo a rapidez do processamento, mas muito pouco foi
alterado nos princípios básicos da fotografia.
A
grande mudança relativamente abrupta e recente, produzida a partir do final do século XX,
deu-se com o macrossociológico processo de digitalização dos “sistemas fotográficos”. A
fotografia digital ressignificou reconhecidos paradigmas anteriormente existentes na reprodução da fotografia, de
concepção e execução minimizando custos, reduzindo etapas do processo e facilitando a produção, manipulação, armazenamento e transmissão de
imagens pelo mundo globalizado. Paradigma para nós é a representação sociológica de um
padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma concepção
de teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma
realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma
referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas. No caso
técnico-científico serve enquanto aperfeiçoamento da tecnologia de reprodução
de imagens digitais e, ipso facto,
tem quebrado barreiras de restrição em relação a este sistema por setores que
ainda prestigiam o tradicional filme, last
but not least e assim,
irreversivelmente ampliando o domínio da fotografia digital.
Veja
é uma revista de distribuição semanal brasileira publicada pelo Editor Abril às
quartas-feiras. Criada em 1968 pelos jornalistas Roberto Civita e Mino Carta, a
revista trata de temas variados de abrangência nacional e global. Entre os
temas tratados com frequência estão questões articuladas em torno de temas
políticos, econômicos e culturais. Com uma tiragem superior a um (01) milhão de
cópias, sendo a maioria de assinaturas, a revista Veja é um produto comercial de maior circulação de âmbito nacional.
Quando Roberto Civita residia em Tóquio como subchefe da sucursal da revista Time, convidado pelo pai a vir para o
Brasil e trabalhar em sua editora, a Abril, pôs como uma de suas condições
criar uma revista semanal nos moldes da revista Time. A primeira tentativa de fazer tal publicação, em 1965, eventualmente levou a uma mensal iniciada como balão de ensaio no ano seguinte, Realidade.
O relativo sucesso econômico da Realidade, que chegaram à venda de 400 mil exemplares por mês, fez
os membros da família Civita acreditarem na possibilidade da revista semanal. Roberto convidou
Mino Carta, do Jornal da Tarde
após trabalhar na revista Abril como
editor da revista Quatro Rodas, para
ser o editor da revista e ambos visitaram as cinco maiores revistas semanais
dos Estados Unidos da américa (EUA) e Europa estudando a organização de tais publicações. Para
recrutar uma equipe, lançaram um anúncio em outras publicações da revista Abril buscando “homens e mulheres
inteligentes e insatisfeitos, que leiam muito, perguntem sempre 'por que' e
queiram participar da construção do Brasil de amanhã”, recebendo milhares de
currículos e eventualmente os candidatos a uma equipe de cinquenta (50) repórteres/jornalistas.
Do
ponto de vista estatístico durante os quatro anos do primeiro mandato, o governo
de Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores - PT foram temas de 54 capas da revista Veja, das 206 publicadas no período. Quer dizer que a cada quatro
edições a revista dedicou pelo menos uma capa aos petistas. A ênfase do
semanário em privilegiar as piores ações do governo, verificada na pesquisa,
foi maximizada nas capas. Enquanto as matérias sobre os escândalos tomaram
pouco mais de 40% do espaço dedicado pela revista à gestão Lula, as capas
exploraram muito mais o tema. Das 54 capas sobre o governo, 32 tratavam de
escândalos, segundo classificação da própria Veja, ou seja, 59,3% do total.
Outras 17 capas, embora não tratem de escândalos, são francamente negativas e
apenas três podem ser classificadas como positivas e duas neutras, todas no início
do governo.
Em
11 de setembro de 1968, surgiu a primeira edição da revista, então
nomeada Veja e Leia. Tendo como manchete de capa o respectivo título O Grande Duelo no Mundo
Comunista, trazia entre outras, as seguintes matérias: Rebelião na Galáxia
Vermelha, A Romênia Quer Resistir, Checos Têm Esperanças. Em sua página
20, no editorial, trazia publicado: - “Veja quer ser a grande revista semanal
de informação de todos os brasileiros”. A tiragem de 700 mil exemplares da
primeira edição se esgotou, mas a edição seguinte vendeu em torno da metade.
Logo as vendas eram de apenas 100 mil exemplares, com Veja dando prejuízos financeiros à Abril. Roberto Civita “atribuiu
a queda ao caráter denso, com matérias longas e pouco ilustradas, que
espantariam o leitor comum”. A situação piorou com o Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968, durante o
governo do gal. Costa e Silva, representando a expressão mais acabada da
ditadura militar brasileira (1964-1985).
Vigorou até dezembro de 1978 e produziu um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros, que levou a edição número 15 da revista Veja a ser recolhida das bancas em nível nacional pelo regime militar, e todas as edições seguintes a serem forçadas a passarem pelo crivo conservador da Censura. Ao ver seu conteúdo recusado, a redação em protesto substituía as partes cortadas por desenhos de anjos e demônios, e depois pela logomarca da revista Abril. Um total de 138 textos foram vetados até o relaxamento da Censura em 1976, com 55 sendo sobre política nacional, e 25 a respeito da própria censura. Houve textos que, mesmo não sendo proibidos na íntegra, tiveram a publicação inviabilizada pelos cortes drásticos. Outra edição acabou sendo apreendida pelo Exército em 1971, por revelar um esquema de corrupção que ameaçava o governador do Paraná Haroldo Leon Peres. No meio jornalístico o sócio minoritário Giordano Rossi sempre perguntava a Victor Civita se não era melhor encerrar a publicação. Mas, por outro lado, Victor Civita sempre assegurava que a Veja merecia mais uma chance. Eventualmente a salvação da revista ocorreu com a criação das assinaturas. Elas foram implantadas em 1975, e assim a revista finalmente alcançou o equilíbrio entre despesas e lucros. E, neste ínterim, a publicação já alcançava 200 mil exemplares semanais.
Vigorou até dezembro de 1978 e produziu um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros, que levou a edição número 15 da revista Veja a ser recolhida das bancas em nível nacional pelo regime militar, e todas as edições seguintes a serem forçadas a passarem pelo crivo conservador da Censura. Ao ver seu conteúdo recusado, a redação em protesto substituía as partes cortadas por desenhos de anjos e demônios, e depois pela logomarca da revista Abril. Um total de 138 textos foram vetados até o relaxamento da Censura em 1976, com 55 sendo sobre política nacional, e 25 a respeito da própria censura. Houve textos que, mesmo não sendo proibidos na íntegra, tiveram a publicação inviabilizada pelos cortes drásticos. Outra edição acabou sendo apreendida pelo Exército em 1971, por revelar um esquema de corrupção que ameaçava o governador do Paraná Haroldo Leon Peres. No meio jornalístico o sócio minoritário Giordano Rossi sempre perguntava a Victor Civita se não era melhor encerrar a publicação. Mas, por outro lado, Victor Civita sempre assegurava que a Veja merecia mais uma chance. Eventualmente a salvação da revista ocorreu com a criação das assinaturas. Elas foram implantadas em 1975, e assim a revista finalmente alcançou o equilíbrio entre despesas e lucros. E, neste ínterim, a publicação já alcançava 200 mil exemplares semanais.
Apesar
de fundada nos anos 1960 como uma revista de tendências centristas e
centro-esquerdistas, na medida em que o regime de censura imposto pela ditadura
militar de 1° de abril de 1964 permitisse, a partir dos anos 1990 Veja tornou-se pari passu
alinhada a ideias tradicionalmente associadas ao liberalismo econômico e às
políticas de direita. Em 14 de maio de 2005, reportagem da revista teve papel
relevante na eclosão de outra crise política de grandes proporções, quando
divulgou a transcrição de um vídeo em que se flagrava, com uma “câmera
escondida”, o então funcionário da Empresa
Brasileira de Correios (ECT), Maurício Marinho, explicando a dois
empresários como funcionaria um esquema de pagamentos de propina para fraudar
licitações. Tal esquema de corrupção envolveria o deputado Roberto Jefferson
(PTB), e sua denúncia serviu para que deflagrasse o chamado “escândalo do
mensalão”. O neologismo mensalão, popularizado pelo então deputado federal Roberto Jefferson, em entrevista que deu ressonância nacional ao escândalo, é uma variante da palavra “mensalidade, usada para se referir a uma mesada paga a deputados para votarem a favor de projetos de interesse do Poder Executivo”.
Em
2009, a revista Veja “liberou” o acesso a informação de todas as suas edições,
agora digitalizadas, em um projeto realizado com a parceria do Bradesco. Em
setembro de 2010 a revista publicou uma reportagem que denunciava a
ministra-chefe da casa Civil, Erenice Guerra, por agir em conjunto com sua
família num esquema torpe de tráfico de influência, sendo que Erenice era o
braço direito de Dilma Rousseff (PT) quando esta era ministra da Casa Civil. Em
abril de 2012, a revista Carta Capital
publicou matéria, baseada em informações da Polícia Federal, afirmando que
Policarpo Júnior, diretor da sucursal da revista Veja em Brasília (DF), “manteve mais de 200 ligações telefônicas
com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, então preso sob a acusação de envolvimento
com o crime organizado”. Em um dos grampos captados pela Polícia Federal,
Carlinhos Cachoeira, em conversa com o barulhento “araponga” Jairo Martins,
responsável por filmar um pagamento de propina que culminou no escândalo do
mensalão, afirma ter repassado à revista Veja
todos “os grandes furos do Policarpo”.
A
reportagem afirma ainda que as gravações feitas nos corredores do Hotel Naoum,
em Brasília, divulgadas pela Veja na
matéria: O Poderoso Chefão, sobre encontros entre o ex-chefe da casa civil
José Dirceu com integrantes do governo, podem ter sido obtidas ilegalmente. As
imagens, segundo Carta Capital, não
eram do circuito interno de vigilância, o que configuraria invasão de
privacidade. A revista descreveu ainda que Policarpo Júnior obteve as imagens
junto ao diretor da Construtora Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que
serviu de intermediário de Carlinhos Cachoeira no episódio. O delegado
Rodrigues afirmou ainda acreditar ter existido “alguma troca” na relação entre
Policarpo Júnior e o grupo de Carlinhos Cachoeira. O presidente da Federação
Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, afirmou que o episódio “é um
momento muito vergonhoso para o jornalismo, de confusão entre o público e o
privado, entre jornalismo e partido político”. Schröder criticou a prática
jornalística de Veja, afirmando que a
revista busca “prejudicar um lado da notícia para beneficiar outro”. Celso Schröder
disse não ver problemas no relacionamento entre jornalistas e fontes
com o chamado crime organizado, mas “falta de independência do jornalista em
relação a essas fontes”. Também condenou
o que classificou de corporativismo dos em torno do tema, motivados por “solidariedade
empresarial” e “jornalismo capenga”. No
dia 18 de fevereiro de 2015, a revista Veja
Brasília publicou uma nota relatando “os preparativos” para uma festa que homenagearia
um sobrinho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no bufê Aeropark, no Distrito Federal. A nota
Celebração estrelada foi, no mês seguinte, desmentida pela própria revista.
Muitos familiares do ex-presidente Lula registraram um Boletim de Ocorrência (BO) contra o repórter da revista Ullisses Campbell, acusando-o de assediar membros da família. No dia 25, Campbell teria invadido o condomínio onde mora a família, se passando por entregador de livros e tentando colher informações sobre o horário de chegada dos integrantes da família. Fugiu, mas foi detido pela Polícia. Apesar da negativa do senador Romário, em 27 de julho de 2015, a revista publicou uma reportagem afirmando que obteve com o Ministério Público Federal o extrato de uma conta no banco suíço BSI - Banca Svizzera Italiana em que Romário teria cerca de R$ 7,5 milhões. Romário prontamente respondeu com ironia às acusações e se deslocou até a Suíça para averiguar a situação. Do ponto de vista jurídico o banco BSI foi taxativo ao informar que o extrato bancário publicado pela revista Veja era falso e apresentou queixa ao Ministério Público da Suíça. Devido à falsidade das informações veiculadas, Romário abriu processo por danos morais e direito de resposta contra a revista, apesar do pedido de desculpas e reconhecimento do erro publicado pela Veja.
Muitos familiares do ex-presidente Lula registraram um Boletim de Ocorrência (BO) contra o repórter da revista Ullisses Campbell, acusando-o de assediar membros da família. No dia 25, Campbell teria invadido o condomínio onde mora a família, se passando por entregador de livros e tentando colher informações sobre o horário de chegada dos integrantes da família. Fugiu, mas foi detido pela Polícia. Apesar da negativa do senador Romário, em 27 de julho de 2015, a revista publicou uma reportagem afirmando que obteve com o Ministério Público Federal o extrato de uma conta no banco suíço BSI - Banca Svizzera Italiana em que Romário teria cerca de R$ 7,5 milhões. Romário prontamente respondeu com ironia às acusações e se deslocou até a Suíça para averiguar a situação. Do ponto de vista jurídico o banco BSI foi taxativo ao informar que o extrato bancário publicado pela revista Veja era falso e apresentou queixa ao Ministério Público da Suíça. Devido à falsidade das informações veiculadas, Romário abriu processo por danos morais e direito de resposta contra a revista, apesar do pedido de desculpas e reconhecimento do erro publicado pela Veja.
Bancos atingidos pela crise financeira concorriam entre si por veteranos da Ásia que poderiam trazer as lucrativas contas das crescentes fileiras de milionários da região e o mandachuva do Coutts, Hanspeter Brunner, havia pulado do barco com um desconcertante grupo de 70 colegas. O destino deles? O BSI, um pequeno banco suíço que queria crescer rapidamente. Este golpe, em 2009, desencadeou uma onda de acontecimentos que agora empurra o BSI para o centro do abrangente escândalo financeiro envolvendo o 1Malaysia Development Bhd. O caso 1MDB se espalhou na esfera de ação bancária da Malásia para Cingapura, Abu Dhabi, Suíça, Caribe, Hong Kong e Estados Unidos da América atingindo altos escalões das finanças internacionais. Bancos
atingidos pela crise financeira concorriam entre si por veteranos da Ásia que
poderiam trazer as lucrativas contas das crescentes fileiras de milionários da
região e o mandachuva do Coutts, Hanspeter Brunner, havia pulado do barco com
um desconcertante grupo de 70 colegas. O destino deles? O BSI, um pequeno banco
suíço que queria crescer rapidamente. Este golpe, em 2009, desencadeou uma onda de acontecimentos que agora empurra
o BSI para o centro do abrangente escândalo financeiro envolvendo o 1Malaysia
Development Bhd. O caso 1MDB se espalhou artificialmente através da financeirização (cf. Hilferding, 2011) da estrutura bancária da Malásia para Cingapura, Abu Dhabi,
Suíça, Caribe, Hong Kong e EUA e atingiu os altos escalões das finanças
internacionais.
Bibliografia
geral consultada.
INÁCIO, Elissandro Martins, O Controle Espetacular nas Capas da Revista Veja: Uma Análise Discursiva. Dissertação de Mestrado. Instituto de Estudos da Linguagem. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2008; ROUILLÉ, André, A Fotografia
entre Documento e Arte Contemporânea. São Paulo: Editor Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, 2009; MAKHOUL, Fábio Jammal, A Cobertura da Revista Veja no Primeiro Mandato do Presidente Lula. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009; HILFERDING, Rudolf, Il Capitale Finanziario. Tradução de Vittorio Sermonti, Savero Vertone. Milano: Editore Mimesis, 2011; PEREIRA, Ivan Elizeu Bomfim, O Interesse Nacional nas Revistas Carta Capital, Época, IstoÉ e Veja: Eles y Nosotros. Dissertação de Mestrado. Programa de Pos-Graduação em Comunicação e Informação. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011; FERRAZ, Luiz Marcelo Robalinho, Doença, Uma Noção (Também) Jornalística: Estudo Cartográfico do Noticiário de Capa do Semanário de Informação Veja (1968-2014). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2015; SOUZA, Maria Alice Fimm de, O Exílio de Si como Metáfora de um Mundo em Fragmentação: Um Estudo sobre Elias Canetti. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Faculdaded e Letras. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católia do Rio Grande do Sul, 2015; VIEIRA, Aletheia Patrice Rodrigues, A Construção do Personagem José Dirceu pela Revista Veja durante e após o Escândalo do Mensalão. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação. Faculdade de Comunicação. Basília: Univeridaded e Brasília, 2015; Artigo do New York Times: “Lula Elevou Perfil do Brasil no Cenário Mundial em sua Gestão”. In: http://www.jb.com.br/pais/2017/07/13/; entre outros.
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