sábado, 15 de julho de 2017

El Zorro - Identidade, Astúcia & Metáforas do Poder Oligárquico.

                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

¿Dónde existe un hombre con dos almas? - No sé donde, pero existe”. El Zorro

                                          
            Douglas Fairbanks foi o primeiro a interpretar Zorro no cinema, responsável por inaugurar as características que a partir de então identificariam o personagem: a espada, o chicote, a máscara e a sua famosa marca “Z”. Os filmes, do cinema mudo, foram: “A Marca do Zorro” (1920) e “O Filho do Zorro” (1925). Em 1937, os estúdios Republic Pictures lançaram o herói em um seriado com episódios de 20 minutos, exibidos semanalmente nos cinemas. Nos cinco anos seguintes, foram realizados outros quatro seriados com destaque para “A Legião do Zorro”, de 1939. Curiosamente Zorro já foi interpretado pela atriz Linda Sterlin no filme: “Zorro`s Black Whip”, de 1944. Em 1958, a indústria cultural Walt Disney lançaria a versão famosa de Zorro: a série com Guy Williams. Por vários fatores sociais, quase que o projeto não acontece. Mas por ironia do destino, ainda em 1957, quando Walt Disney organizava a sua Disneylândia, as negociações com a American Broadcasting Company foram fechadas e no ano seguinte, Zorro entrava no ar. Entre 1981 e 1983, os estúdios Filmation produziram a primeira série animada do personagem, “As Novas Aventuras de Zorro”. A Warner Bros se atualizou com  animação e produziu, em 1997, outra versão animada. Durante sua vida Walt Elias Disney tornou-se símbolo da animação e um ícone da cultura popular.
Historicamente o Tratado de Córdoba concedeu ao México a Independência da Espanha no final da Guerra da Independência. Foi assinado em 24 de agosto de 1821, em Córdoba, Veracruz, México e ratificava o chamado “Plano de Iguala”. Foram signatários Agustín de Iturbide pelo lado dos independentistas mexicanos e em representação do rei Fernando VII de Espanha, o então vice-rei da Nova Espanha, Juan O`Donojú. As Cortes espanholas, em reunião de 13 de fevereiro de 1822 em Madrid, declaram o Tratado de Córdoba ilegal, nulo e sem efeito, no que respeita ao governo espanhol. No entanto, no que ao novo governo mexicano dizia respeito, após a aceitação do plano por O`Donojú o país era independente. Este fato levaria à tentativa espanhola de reconquistar a sua colônia nos anos que se seguiram, sem sucesso. Entre 1810 e 1821, portanto, travou-se a luta política pela Independência liderada pelo padre de ascendência européia e estudioso da teoria liberal, Miguel Hidalgo y Costilla, também chamado “El cura Hidalgo”, um bravo patriota mexicano, pioneiro na luta pela Independência.


                                                                                    
Culto de padre e idéias avançadas que ele tinha trabalhado desde sua paróquia na cidade de Dolores, melhorando as condições sociais de vida dos paroquianos, Miguel Hidalgo juntou-se ativamente nos círculos que questionaram o estatuto colonial conspirando para derrubar o vice-rei espanhol. Quando ocorreu a trama em que participou, sua firme determinação e apelo para levar as armas o chamado “Grito de Dolores”, de 16 de setembro de 1810, foram erigidas de uma revolta popular contra as autoridades coloniais em descoberto. Com o grito “Viva La Independencia”, “viva La Virgen de Guadalupe”, “Muera el mal gobierno”, esse general lançou as bases para a libertação do México da dominação espanhola e dos poderes absolutos implantados pela Igreja Católica. Hidalgo foi perseguido, derrotado e morto por forças contrárias até que, em 1821, Agustín de Iturbide, general espanhol que se convertendo à causa patriótica passou para o lado dos independentistas e autoproclamou-se imperador.  
                            
                     
Oficial monarquista na guerra pela Independência, Agustín de Iturbide falhou em sua tentativa de combater o líder insurgente Vicente Guerrero. Por conta disso, aliou-se a Guerrero em um acontecimento conhecido como “Abraço de Acatempan”. Apesar do fracasso, Miguel Hidalgo y Costilla lançou o processo que levaria à Independência do México (1821), e sua figura destaca-se particularmente na medida em que enquanto houver um desejo de poder ou uma defesa de privilégios de elites crioulas,  os quais representavam a elite americana descendente de espanhóis, excluída dos altos cargos dirigentes, embora constituíssem a classe dos grandes proprietários de terras, dos arrendatários de minas, dos comerciantes e dos pecuaristas etc., eram condicionados num imperativo ético e um ideal de justiça social ao serviço dos seus concidadãos em sua luta. É por isso que é o mais admirado dos pais da pátria mexicana. Pertencendo a uma família rica de crioulo, foi o segundo dos quatro filhos de don Cristóbal Hidalgo y Costilla, gerente da hacienda de San Diego Corralejo e Doña Ana María Gallaga-Mandarte Villaseñor. Aos 12 anos de idade mudou-se para a cidade de Valladolid onde fez seus estudos no Colegio de San Nicolas. Ele então foi para a cidade do México, para prosseguir estudos superiores. Em 1773, ele formou-se bacharel em Filosofia e Teologia e obteve uma cátedra na mesma faculdade de San Nicolas pela oposição.
 Durante os anos seguintes desempenhou uma brilhante carreira acadêmica que culminou em 1790, quando foi nomeado reitor do colégio de San Nicolas. Naquela mesma instituição teria como um estudante de uma jovem pele clara e força de vontade, um discípulo exemplar que iria suceder-lhe não tanto em seus sonhos intelectuais como seus ataques políticos e especialmente na versão épica da opressão secular e despótica dos colonizadores, os povos indígenas: José María Morelos. Em 1778 ele tinha sido ordenado sacerdote. Depois de receber ordens sagradas, padre Hidalgo e também trabalhado em várias paróquias. Tinha o domínio em seis línguas: espanhol, francês, italiano, tarasco, otomi e nahuatl e sua biblioteca começou a receber as obras de autores franceses, então considerado contrário à religião e para a coroa espanhola. Mudou-se entre amigos e ambientes em que políticos avant-garde idéias foram discutidas com  liberdade e veio a ser denunciado à inquisição por expressar conceitos incompatíveis com a religião, mas sem julgamento por ser talvez formada por falta de provas.

Combateu em 1855 contra o general Antonio López de Santa Anna na Revolução de Ayutla com a qual foi vencida a ditadura deste general, levando-o ao exílio. Participou da Guerra da Reforma, na qual se distinguiu como defensor do liberalismo e, tempo depois, na Guerra de Intervenção Francesa, destacando-se seu triunfo em Puebla em 1862 conduziu à cavalaria na batalha comemorada de 5 de Maio de 1862; mais tarde também em Puebla a 2 de abril de 1867, na qual venceu às tropas imperiais. Uma vez presidente (1876-1880), fez mudanças constitucionais para eliminar a reeleição. Em 1880 foi eleito presidente Manuel González (amigo de Porfirio Díaz), quem lhe ajudou a realizar as reformas pertinentes para poder reeleger-se. Durante este período desempenhou um cargo no gabinete de Manuel González e depois foi governador de Oaxaca. Com as reformas realizadas à Constituição de 1857, manteve-se no poder de 1884 a 1911, reconhecido como Porfirismo. Governou o país articulado por um grupo de políticos e intelectuais, o qual o povo denominou “científico”, por apoiar-se, segundo eles, “em métodos científicos para a administração do governo”.
Porfirio Díaz, veterano da Guerra da Reforma e elevado à patente de general, mobilizou o Exército contra o Imperador Maximiliano I em 1867, estabelecendo um regime político duradouro de mais de três décadas - o chamado Porfiriato. As políticas de Díaz promoveram aparente estabilidade política e modernização ao país, algo que ainda não havia sido esboçado pelos governos anteriores, dando origem ao termo “Paz porfiriana”, amplamente empregado pelos historiados em referência a esta conjuntura. Além disso, Díaz programou estratégias de repressão aos opositores de seu regime e, principalmente contra seus adversários políticos durante os processos eleitorais. Provavelmente foi um ano de muitas conquistas para Porfirio. Contudo, a postura ditatorial de sua doutrina política,  entrou em conflito com os interesses das massas, degradando-lhe a imagem pública. No período de 1880 a 1884, Díaz esteve afastado do cargo presidencial, porém manteve-se ainda como figura política de grande influência.
Em 1908, Díaz afastou todos os possíveis concorrentes à Presidência nas eleições futuras, gerando grande antipatia por parte da população. Este fato somado às crescentes exigências de melhores condições no cenário rural foi um dos motores da Revolução Mexicana. Quando Díaz assegurou numa entrevista que se retiraria no final do seu mandato sem procurar a reeleição, a situação política começou a agitar-se. A oposição ao governo tornou-se relevante dada a postura manifestada por Díaz. Nesse contexto, Francisco I. Madero realizou várias rondas pelo país com vista a formar um partido político que elegesse os seus candidatos numa Assembleia Nacional e competisse nas eleições. Díaz lançou uma nova candidatura à presidência e Madero foi detido em San Luís Potosí por sedição. Durante a sua permanência na cadeia realizaram-se as eleições que deram o triunfo a Díaz. Madero conseguiu escapar da prisão estatal e fugiu para os Estados Unidos. Desde San Antonio proclamou o Plano de San Luís, que apelava a tomar as armas contra o governo de Díaz em 20 de novembro de 1910. O conflito armado teve inicialmente lugar no norte do país, estendendo-se a outras partes do território mexicano. Uma vez que os sublevados ocuparam Ciudad Juárez (Chihuahua), Porfírio Díaz apresentou a sua renúncia e exilou-se na França.
Porfirio Díaz, um mestiço oaxaquenho que se destacou nos exércitos liberais que combateram grupos conservadores e que participou na intervenção francesa, havia assumido a presidência a partir de 1876, após o triunfo da rebelião de Tuxtepec, e no final do seu sétimo mandato, em 1910, havia mantido uma ditadura de 34 anos. Durante os últimos anos do seu governo Díaz gozou de pouca credibilidade e os seus opositores eram cada vez mais numerosos devido a várias crises simultâneas em todos os âmbitos: social, político, económico e cultural. No entanto, em 1907 desencadeou-se uma forte crise internacional nos Estados Unidos e Europa, o que levou a uma diminuição das exportações, encarecimento das importações e suspensão do crédito aos industriais. Esta situação criou muito desemprego, além de que diminuíram os rendimentos da restante população. Uma seca que ocorreu em 1908 e 1909 afetou a produção agrícola, pelo que foi necessário importar-se milho no valor de 27 milhões de pesos. Esta situação afetou a grande parte da população, dado que o milho fazia parte da dieta de 85% da população.

Miguel Hidalgo y Costilla: mural Juan`Gorman.
A consequente diminuição na atividade económica do país reduziu drasticamente as receitas do governo. Tentou-se resolver este problema diminuindo-se os salários da burocracia e aumentando os impostos e a base fiscal, o que afetou os membros da classe média, tanto urbana como rural, assim como os membros da classe alta que não estavam ligados como vimos aos “científicos”, um grupo seleto de intelectuais, profissionais e homens de negócios que compartilhavam a crença no positivismo e darwinismo social e influíam na política do país. Em termos gerais, a crise económica desacreditou severamente a imagem presidencial e do grupo de elementos que lhe eram mais próximos. Desde o princípio do século começou a questionar-se o positivismo, ideologia que mantinha o grupo no poder, o que levou ao descrédito do darwinismo social, perpetrado pelos grupos de poder contra a população. Foi então que a maioria mestiça começou a reclamar maior participação social na tomada de decisões, além de que o grupo hegemônico dos “científicos” deixou de ser  congenitamente superior ou como o único capaz de dirigir o governo.
O sistema político do governo de Porfirio Díaz sofreu uma crise severa devido ao envelhecimento do presidente e da sua camarilha, conhecidos comumente como “científicos”, o que o tornou um sistema exclusivo ao qual não tinham acesso as novas gerações. Por outro lado, o sistema político de Díaz baseava-se no equilíbrio de poderes entre o grupo que lhe era mais próximo e os seguidores de Bernardo Reyes, conhecidos como “revistas”, mas devido à idade avançada do presidente, a questão da sucessão presidencial adquiriu maior importância. Assim, os científicos reduziram o poder político dos reyistas, que passaram então a serem membros da oposição. Esta decisão ocasionou também a concentração de poder político e económico em várias regiões, tais como Chihuahua, Morelos e Yucatán, o que ocasionou descontentamento. Em 1908 a conjuntura política do país começou a agitar-se violentamente, ao ser conhecida uma entrevista realizada por James Creelman, repórter da Pearsons Magazine, ao então presidente do México em 18 de fevereiro desse ano. Na entrevista referida, Díaz assegurava: - “Esperei com paciência o dia em que o povo mexicano estaria preparado para selecionar e mudar o seu governo em cada eleição sem o perigo de revoluções armadas e sem estorvar o progresso do país. Creio que esse dia chegou”.
A partir desse momento começaram a formarem-se diversos clubes antirreeleicionistas em todo o país. No estado de Coahuila surgiu também o livro: “La Sucesión Presidencial en 1910”, onde o seu autor, um fazendeiro de nome Francisco I. Madero fazia uma análise da conjuntura política mexicana e, além disso, criticava o governo de Porfirio Díaz, se bem que ainda que de forma moderada. Na sequência da entrevista de Creelman ao presidente Díaz, e da aparição do livro de Madero, surgiram vários partidos políticos, alguns dos quais a favor do governo atual e outros completamente contra. Entre eles encontravam-se o Partido Liberal Mexicano no qual haviam participado Benito Juárez e Manuel Calero, assim como os reyistas, partidários do general Bernardo Reyes, que fundaram o Club de Soberania Popular, embora posteriormente o general tenha sido eliminado da concorrência devido ter sido nomeado para uma comissão de serviço na Europa em 1909. Afinal, Porfirio Díaz decidiu candidatar-se novamente para presidente, juntamente com Ramón Corral para vice-presidente. Em 1909, foi reorganizado o Club Reeleccionista por parte dos membros da aristocracia com a finalidade de promover a sua campanha. Como contraproposta surgiu o Centro Antirreleccionista, com Francisco I. Madero como figura central.
Em 1911 realizaram-se novas eleições das quais resultou a eleição de Madero. Desde o começo do seu mandato teve diferenças com outros líderes revolucionários, as quais provocaram o levantamento de Emiliano Zapata e Pascual Orozco contra o governo maderista. Em 1913 um movimento contrarrevolucionário, encabeçado por Félix Díaz, Bernardo Reyes e Victoriano Huerta, deu um golpe de estado. O levantamento militar, conhecido como a Decena Trágica, terminou com o assassinato de Madero, do seu irmão Gustavo e do vice-presidente Pino Suárez. Huerta assumiu a presidência, o que ocasionou a reação de vários chefes revolucionários como Venustiano Carranza e Francisco Villa. Após pouco mais de um ano de luta, e depois da ocupação estadunidense de Veracruz, Huerta renunciou à presidência e fugiu do país. Depois deste acontecimento aprofundaram-se as diferenças entre facções que haviam lutado contra Huerta, o que desencadeou novos conflitos.
Carranza, chefe da Revolução de acordo com o Plano de Guadalupe, convocou todas as forças à Convenção de Aguas calientes para nomearem um líder único. Nessa reunião Eulalio Gutiérrez foi designado presidente do país, mas as hostilidades reiniciaram-se quando Carranza rejeitou o acordo. Depois de derrotarem a Convenção, os constitucionalistas puderam iniciar os trabalhos de redação de uma nova constituição e conduzir Carranza à presidência em 1917. A luta entre facções estava longe de terminar. Durante o reajustamento das forças foram assassinados os principais chefes revolucionários: Zapata em 1919, Carranza em 1920, Villa em 1923 e Obregón em 1928. Não existe um consenso sobre quando terminou o processo revolucionário. Algumas fontes situam-no no ano de 1917, com a proclamação da Constituição do México, outras em 1920 com a presidência de Adolfo de la Huerta ou 1924 com a presidência de Plutarco Elías Calles. Inclusivamente, há algumas ainda que assegurem que o processo político se prolongou até aos anos 1940. Mais de dois milhões de mexicanos morreram na guerra. Desde o princípio do século começou a questionar-se o positivismo, ideologia militar que mantinha o grupo no poder, o que levou ao descrédito do darwinismo social, perpetrado pelos grupos de poder contra a população pobre. Foi então que a maioria mestiça começou a reclamar maior participação na tomada de decisões, além de que o grupo dos cientistas deixou de ser visto como congenitamente superior ou como o único capaz de dirigir o governo.
 
O positivismo opera um discurso que defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsideram-se todas as outras formas do conhecimento humano que não possam ser comprovadas cientificamente. Consiste na observação dos fenômenos, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, por meio da promoção do primado da experiência sensível. Única capaz de produzir a partir dos dados concretos da realidade (positivos) a verdadeira ciência da Humanidade (positivista), sem qualquer atributo teológico ou metafísico. Subordinando a imaginação à observação, tomando como base apenas o mundo físico ou material. É uma reação radical ao transcendentalismo idealista alemão e ao romantismo, no qual os afetos individuais e coletivos e a subjetividade cultural são completamente ignorados, limitando a experiência humana ao mundo sensível e ao conhecimento aos fatos observáveis. Substitui-se a teologia e a metafísica pelo culto à ciência, o mundo espiritual pelo mundo humano, o espírito pela matéria.
Auguste Comte nasceu em Montpellier no dia 19 de janeiro de 1798, filho de uma família pequeno-burguesa, católica e monarquista. Antes da idade legal, foi admitido na Escola Politécnica de Paris, de onde foi expulso mais tarde devido às suas ideias aparentemente ultrademocráticas, retornando para ela como examinador de exame de Admissão. Em 1825 casou-se com Caroline Massin, separando-se dela 17 anos depois. Contudo, três anos após a sua separação, em 1845, conheceu Clotilde de Vaux, com quem manteve um forte relacionamento amoroso, embora platônico. Ela tornou-se a sua musa inspiradora de sua vida, mas morreu no ano seguinte. A ascensão apoteótica de Clotilde de Vaux à condição de Virgem-Mãe intercessora entre os homens e a humanidade divinizada, concretizando a figura perfeita da humanidade, demonstrando-nos não apenas a paixão de Comte, mas a sua rebeldia contra Deus. Com a perda, considerou-se um messias com o objetivo de regenerar a humanidade. Em 1847, é proclamada a “religião da humanidade” que do ponto de vista sistêmico associa humanidade, ciência, síntese e fé: a essência do pensamento comtiano.
O pensador é antes de tudo o sociólogo da unidade humana e social, da unidade da história humana. Leva a sua concepção da unidade até o ponto em que se coloca a aporia, situando a dificuldade em encontrar e fundamentar, como seu contemporâneo Marx, ou Tocqueville a questão  da diversidade na sociedade capitalista. Como só há um tipo de sociedade absolutamente válido, toda a humanidade deverá, segundo sua filosofia, chegar a esse tipo de sociedade, mas para tanto representando as três formas pelas quais a tese da unidade é afirmada, explicada e justificada pelas três obras principais. A primeira, entre 1820 e 1826, é a dos “Opuscules de Philosophie sociale”, de abril de 1820; “Prospectus des traveaux scientifiques nécessaires pour réorganiser la societé”, de abril de 1822; “Considérations philosophiques sur la idées et les savants”, novembro-dezembro de 1825; “Considerations sur le pouvoir espirituel”, 1825-1826. A segunda etapa está constituída pelas lições do “Cours de Philosophie positive”, 1830-1842; a terceira, pelo “Système de politique positive ou Traité de Sociologie instituant la religion de l`humanité”, publicado de 1851 a 1854.  
  Na segunda etapa, a do “Cours de Philosophie positive”, as ideias diretrizes se repetem, mas a perspectiva é ampliada. Nos “Opuscules”, Comte considera essencialmente as sociedades contemporâneas e seu passado, isto é, a história da Europa como padrão de sociedade. Durante essa segunda etapa, isto é, no “Cours de philosophie positive”, não renova esses temas, mas aprofunda e executa o programa cujas grandes linhas tinham fixado em suas obras de juventude. Passa em revista as diversas ciências, desenvolve e confirma as duas leis essenciais, que já tinha enunciado nos “Opúsculos”: a lei dos três estados e a classificação das ciências. Segundo a lei dos três estados, o espírito humano teria passado por três fases sucessivas. Na primeira, o espírito explica os fenômenos atribuindo-os a seres, ou forças, comparáveis ao próprio homem. Na segunda, invoca entidades abstratas, como a natureza. Na terceira, o homem se limita a observar os fenômenos e a fixar relações regulares que podem existir entre eles, seja num momento dado, seja no curso do tempo; renuncia a descobrir as causas dos fatos e se contenta em estabelecer as leis que os governam. 
 Esses dois termos, analítico e sintético, têm, na linguagem técnica de Comte, múltiplas significações. Mas na biologia, é impossível explicar um órgão ou uma função sem considerar o ser vivo como um todo. É com relação ao organismo como um todo que um fato biológico particular tem um significado e pode ser explicado. A matéria viva enquanto tal é intrinsecamente global ou total. Essa primazia do todo sobre os elementos deve ser transposta para a sociologia. É impossível compreender o estado de um fenômeno social particular se não o recolocarmos no todo social. Só se compreenderá o estado da sociedade francesa no princípio do século XIX se recolocarmos esse momento histórico na continuidade do devenir francês. A Restauração pode ser compreendida pela Revolução, e a Revolução pelos séculos de regime monárquico.  O declínio do espírito teológico e militar só se explicam pelas suas origens, nos séculos passados. Analogamente como só é possível compreender um elemento do todo social considerando esse mesmo todo, não se pode entender um momento da evolução histórica sem levar em conta o conjunto dessa evolução.
Enfim, no “Cours de Philosophie positive” é criada a nova ciência, a sociologia, que admitindo a prioridade do todo sobre o elemento e da síntese sobre a análise tem por objeto a história da espécie humana. Considerando que a sociologia é uma ciência à maneira das ciências precedentes, não hesita em retomar a fórmula que já empregara nos “Opúsculos”: assim como não há liberdade de consciência na matemática ou na astronomia, não pode haver também em matéria de sociólogos. Como os cientistas impõem seu veredicto aos ignorantes e aos amadores, em matemática e astronomia, devem logicamente fazer o mesmo em sociologia e política. O que pressupõe, evidentemente, que a sociologia possa determinar: “o que é, o que será e o que deve ser”. A sociologia sintética de Auguste Comte sugere, aliás, tal competência: ciência do todo histórico, ela determina não só o que foi e o que é, mas também o que será no sentido do determinismo. O que será como prognóstico do futuro é justificado como sendo conforme aquilo que os filósofos do passado teriam chamado a “natureza humana” (cf. Hume, 2009), como aquilo que Auguste Comte chama simplesmente de “realização da ordem humana e social”. Na terceira etapa de seu pensamento, ele a justifica, por uma teoria da natureza humana e social, essa unidade da história humana.           
           El Zorro representa um personagem de ficção, na TV e no cinema criado em 9 de agosto de 1919 que através da “All Story Weekly” apresentava ao público o primeiro capítulo de “A Maldição de Capistrano” (“The Course of Capistrano”), que depois tornou-se: “A Marca do Zorro”. A fascinante história deste herói, escrita pelo escritor norte-americano Johnston McCulley, foi sucesso mundial, tanto é que durante cinco semanas suas vendas se multiplicaram. “El Zorro” (“a raposa” em espanhol) fez sucesso ao narrar a história do jovem fidalgo Don Diego Vega. Ele é apresentado ao público como o alter-ego de Don Diego de La Vega, um jovem membro culto e atuante da aristocracia californiana, em meados do século XIX, durante a era do domínio mexicano entre 1821 e 1846, neste sentido é uma locução substantiva latina, cujo significado literal é “outro eu”, uma personalidade alternativa de alguém. Esta expressão provém do latim alter, que significa outro, ou seja, um eu diferente. Pode-se encontrar este termo tanto na literatura clássica em geral, mas também nas interpretações sociais de obras literárias, tanto quanto na esfera de ação individual da psicologia. 
           Historicamente foi Cícero quem cunhou o termo como parte de seu discurso filosófico, no século I. Ele descrevia o alter ego como um amigo ou alguém próximo, em quem se deposita total confiança, um substituto perfeito. Em psicologia, uma pessoa dotada de alter ego é alguém que leva uma vida dupla. O termo passou a ser comumente usado no século XIX quando o transtorno dissociativo de identidade foi descrito por psicólogos. Na literatura, alter ego é um personagem usado intencionalmente pelo autor da obra para apresentar suas próprias ideias. Na literatura brasileira, a personagem Emília, do Sítio do Picapau Amarelo, é considerada por alguns críticos como o alter ego do escritor fascista Monteiro Lobato. O personagem Sérgio, de O Ateneu, de Raul Pompeia, também é considerado como sendo o alter ego do escritor, já que ambos, autor e personagem, foram internados pelos pais, não por acaso, em um colégio com caracteres semelhantes. Vale lembrar que a luta pela Independência, para localizar com maior precisão sua historicidade, só foi conquistada  no dia 24 de agosto de 1821, com a assinatura do Tratado de Córdoba, ratificando o Plano de Iguala. 
  Zorro é uma série de produção da Walt Disney baseado no herói mascarado, estreado em 10 de outubro de 1957 no canal ABC (American Broadcasting Company), é um grupo midiático comercial norte-americano, que inclui várias mídias, sendo a rede de televisão homóloga e a estação de rádio as mais conhecidas. 
O final da série no canal foi em 2 de junho de 1959. Foram produzidos uma memória extraordinária de 78 episódios, além de 4 Especiais de uma hora que foram ao ar entre 30 de outubro de 1960 e 2 de abril de 1961 pela antologia de séries de televisão dos Estúdios Walt Disney. A série foi muito popular, propagada principalmente entre o público infantil. A comicidade estava presente, graças aos personagens coadjuvantes representado pelos homens tolos da Lei: Sargento Garcia e Cabo Reyes, que protagonizavam situações engraçadas; e o mudo Bernardo, quando descrevia as coisas e imagens que via e interpretava para Don Diego. Ao ressaltar a comicidade, cada personagem tinha seu próprio acompanhamento musical: para o Sargento Garcia havia uma música que chamava a atenção para o seu enorme peso. E com Bernardo era ouvido uma canção com som de flautas e seus gestos bruscos traziam efeitos sonoros causados por instrumentos combinados de madeira e metal. Os episódios eram originalmente em preto & branco, tendo se tornado colorido tardiamente em 1992.
Algumas adaptações para o cinema da história social de “O Zorro” o colocam durante a época em que era colônia da Coroa espanhola designando a forma política do governo e posteriormente do Estado em Espanha, desde a união pessoal dos reinos peninsulares nos descendentes dos Reis Católicos até à atualidade, interrompida unicamente pelos períodos correspondentes à parte do Sexénio Revolucionário (1868-1874) - que inclui a Primeira República Espanhola (1873-1874) -, a Segunda República Espanhola (1931-1939) e o regime franquista (1939-1975) e que prenunciava sua Independência. Após longo período de educação na Europa, Don Diego retorna à Califórnia e passa politicamente a defender de forma populista os gentios “fracos e oprimidos”, sob uma máscara e uma capa negra, empunhando uma espada e cavalgando um cavalo igualmente negro de nome “Tornado”. Sem a sua marca (traje), ele simula ser um homem que aparentemente se acovarda diante de situações de perigo. A figura passaria a ser chamada de “Zorro” popularmente, porque seus movimentos e sagacidade lembrariam uma raposa que representa a tradução em português da palavra em espanhol “zorro”. O personagem adota a letra “Z” como sua assinatura em três linhas cruzadas, marcando-a com sua espada em paredes e nas roupas de seus inimigos, como sinal de sua nobre passagem.
Bibliografia geral consultada.
ESPEZÚA SALMÓN, Dorian, Científicos Sociales Versus Críticos Literários (Todas las sangres en debate). Tesis de Magíster en Literatura Peruana y Latinoamericana. Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 2007; CANELLO, Marilene, Isabel Allende entre a Arte e o  Mercado: Inés del Alma mía e El Zorro-comienza la leyenda. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências e Letras de Assis. Universidade Estadual Paulista, 2008; FERNÁNDEZ, Íñigo, Historia de México: La Revolución Mexicana/Consolidación del Estado Revolucionario/la Transición Política Siglos XX-XXI. México: Panorama Editorial, 2008; ANDRADE, Ligia Karina Martins de, A Língua (Vi)vida: Palavra e Silêncio em El Zorro de arriba y El Zorro de abajo de José María Arguedas. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Língua Espanhola e Literaturas. Departamento de Letras Modernas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009; HUME, David, Tratado da Natureza Humana. Uma Tentativa de Introduzir o Método Experimental de Raciocínio nos Assuntos Morais. 2ª edição revista e ampliada. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2009; GOUVEIA, Mariana Bonfati de Nobrega, As Contradições da Contemporaneidade Peruana a partir de El zorro de arriba y El zorro de abajo de José María Arguedas. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em História. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009; CONNELLAN, Tom, Nos Bastidores da Disney: Os Segredos do Sucesso das mais Poderosa Empresa de Diversões do Mundo. 22ª edição. São Paulo: Editora Benvirá, 2010; JESUS, Graziela Menezes de, No soy un aculturado: Identidade Nacional e Indigenismo nas Obras de José María Arguedas. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas. Centro de Ciências Humanas. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2015; SUCARI, Henry César Rivas, Mito y Modernidad en “El Zorro de Arriba y el Zorro de Abajo” de José María Arguedas. Tesis Magister en Literatura Peruana y Latinoamericana. Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos. Facultad de Letras y Ciencias Humanas: Unidad de Posgrado, 2017; entre outros.

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