Ubiracy de Souza Braga
“É possível haver direitos civis sem direitos políticos”. José Murilo de Carvalho
O Hino nacional é, na maioria dos
casos, uma composição musical patriótica que é aceita pelo governo de um país como
a música oficial do Estado. Durante os séculos XIX e XX, com o crescimento do
número de países que se tornaram independentes, muitos deles adotaram hinos
nacionais, que em alguns casos coexistia com canções vulgares de cariz
patriótico. Kimi ga Yo, poema waka,
escrito no período Heian e hino japonês, são considerados a letra mais antiga
usada em hino nacional. A música mais
antiga usada para esse fim político é “Wilhelmus” dos Países Baixos, a letra
foi escrita entre 1568 e 1572 durante a Guerra dos Oitenta Anos. Como muitos hinos, o Het Wilhelmus se originou com a luta da nação para conquistar sua independência. Sua letra fala sobre Guilherme de Orange (Willem van Oranje), sua vida e sobre o porquê dele estar combatendo Filipe, rei da Espanha. Não é como ocorre com a
generalidade dos hinos nacionais, que se referem ao país, mas sim referente ao
monarca. O texto e a melodia da canção são surpreendentemente pacíficos para um hino nacional. Os hinos refletem e expressam a união, e glorificar a
história e tradições de determinado país ou nação. Fatos históricos fazem parte da memória.
Historicamente
os hinos nacionais floresceram na Europa num estilo musical típico do século
XIX, que continuou a ser utilizado na invenção das nações e de novos hinos.
Mesmo na África e na Ásia, onde a música orquestral ocidental não proliferava,
os seus hinos nacionais adquiriram o mesmo gênero musical. Apenas nos países
onde na guerra entre nações não proporcionou o colonialismo europeu, os estilos
característicos permaneceram, nomeadamente no Japão que, como vimos, tem o hino
nacional mais antigo no mundo, Kimi Ga Yo, e guardadas as proporções, temos os
casos do Irão, Sri Lanka, e Myanmar. A Birmânia é somente um entre um punhado de países não-europeus que têm hinos enraizados em tradições indígenas, incluindo o Japão, o Irã e o Sri Lanka. A música e a letra foram feitas por Saya Tin e adotados como hino nacional da Birmânia em 1947. Tratando-se processos políticos, portanto,
a maioria dos hinos nacionais são marchas de feitio militar, ou então hinos. Os
países da América Latina, particularmente, tendem mais para o estilo ópera, enquanto que a maior
parte dos países de tradição globalizada culturalmente usam marchas. Devido à sua brevidade e relativa simplicidade/popularidade aparentemente os hinos têm pouca relevância musical, salvo as exceções da
ex-União Soviética (Rússia), Estados Unidos da América (EUA), a União Europeia, França,
Alemanha, Espanha, Brasil, Portugal, Itália, Israel e a Hungria.
Apresentamos em vídeo uma paródia satirizando e adaptando a rotina do trabalhador brasileiro à melodia do Hino Nacional, representando nela uma condição determinante de vida. Ainda
há muitas perguntas sobre a via evolutiva do mimetismo que não foram
elucidadas, no entanto, várias hipóteses foram geradas para tentar explicar
como as alterações na aparência dos organismos que emitem sinal semelhante se
movem em relação um ao outro durante a evolução. Quando René Girard escreveu “Mentira
romântica e verdade romanesca”, o desejo mimético ainda tinha o nome de desejo
“triangular”, por causa da estrutura analítica sujeito-modelo-objeto. Mas o ponto mais interessante, nesse
momento, é que René Girard de modo algum afirmou ter elaborado a teoria do
desejo mimético como algo original. Antes, baseou-se nas obras de Cervantes,
Stendhal, Flaubert, Dostoiévski e Proust, nas quais o caráter mimético do
desejo está situado em primeiro plano. Alonso Quijano torna-se Dom Quixote para imitar os livros que lê; Emma Bovary tem amantes para ter uma vida cheia de emoções, como as das heroínas dos romances que lê. Julien Sorel quer ser como Napoleão. Nas obras de Dostoiévski e de Flaubert, encontramos a predominância da “mediação interna”: os personagens imitam mais a si do que figuras distantes de seus mundos “espirituais”, caracterizando a “mediação externa”. Dom Quixote quer imitar
Amadis de Gaula.
Em
“O Vermelho e o Negro”, de Stendhal, Julien Sorel quer imitar Napoleão, o Sr.
de Rênal e Valenod imitam-se mutuamente; Mathilde de La Mole quer imitar os
antepassados da família. Emma Bovary, no romance de Flaubert, quer imitar as
heroínas dos romances sentimentais que leu na adolescência. Em “O eterno marido”,
entre muitos exemplos, de Fiódor Dostoiévski, um personagem só consegue desejar
por meio do homem que foi um dos amantes de sua esposa falecida. Na obra “Em
busca do tempo perdido”, de Marcel Proust, o protagonista confessa sua carência
fundamental e enfrenta a realidade da imitação. Assim, a elaboração da teoria
mimética na forma de ensaios e artigos pode ter sido realizada por René Girard,
mas segundo o próprio Girard trata-se de um saber já difundido na literatura, e
não apenas entre os cinco autores selecionados. Enfim,
se a concepção de Jean Baudrillard é problemática e pessimista porque não
depreende nos mass media a
possibilidade real da comunicação e, portanto, da troca, estando restrita
apenas ao encontro “face a face”, por outro lado, ela é profícua na medida em
que, já no início da década de 1970, o autor ergue-se contra o domínio da
semiologia italiana e francesa, relativizando sua prática teórica no que diz
respeito à comunicação social. A manipulação teórica dos signos, com
a infinita reprodução e a reprodução de imagens em signos, torna a subsunção
entre o real o imaginário. A perda de significados estáveis que daí deriva tem
sido avançada como uma característica das sociedades pós-modernas. Ele analisa
as fases históricas que conduziram a esta situação. O hino nacional mais antigo do mundo, o Kimi Ga Yo, no Japão.
Numa
primeira fase, o signo reflete uma realidade. Numa segunda fase, o signo
mascara e perverte uma realidade. Numa terceira fase, o signo mascara a
ausência de uma realidade e numa quarta fase o signo não tem qualquer relação
com nenhuma realidade; ele é o seu próprio simulacro. Esta é a fase em que se
encontra a pós-modernidade. A presença do pensamento baudrillardiano nasce toda
da concepção de hiperconsciência, quando chega-se a esse estado através da prática da meditação, induzindo seu praticante ao autoconhecimento da própria estase em aguilhão, sem
concessões, no pós-moderno deste seu “ser no mundo”. Sua postura aparentemente
profética e apocalíptica é fundamentada através de teorias irônicas como escopo
à definição do real que o homem “in abstract” ocupa neste nível de análise do ambiente
virtual. Para Baudrillard, as tecnologias desenvolvidas devem estar inseridas
num plano capaz de suportação desta
expansão contínua. Ressalta que as redes geram uma quantidade de informações
que ultrapassam limites para influenciar na definição da massa crítica.
Nos
debates sobre a pós-modernidade, Baudrillard passou a ser reconhecido como o
teórico do regime do “simulacro” através do ensaio: Simulacros e Simulação,
livro que se tornou famoso também fora do ambiente acadêmico quando foi exibido
no filme Matrix (1999), pois é ambientado na edição deste livro que “Neo” guarda
seus programas. Colaborou ainda o fato de o ator Keanu Reeves dizer em suas
entrevistas sobre o filme, que havia lido “Simulacros e Simulação”. Foi o que
bastou para que o nome de Baudrillard com sua teoria sobre o simulacro fosse
rapidamente associado ao filme. Como teórico ele não gostou da associação. E
comentou que tanto os responsáveis pelo filme, como Reeves, “se leram meu
livro, não entenderam nada”. A interpretação distorcida do pensamento de
Baudrillard feita em “Matrix” é bastante comum filosoficamente bem como entre
muitos admiradores de seus trabalhos. Na entrevista sobre este filme, Baudrillard
foi objetivo: - existem filmes melhores que este sobre o mesmo tema. “Truman
Show”, por exemplo, é mais sutil. Não deixa o real de um lado e o virtual de
outro, como “Matrix”. Esse é o problema. Essa é a confusão.
As
estruturas sociais de classe, gênero e etnia são reduzidos às imagens do social
e vividos através do meio de reprodução das imagens e de estilo de vida. A estetização que fascina, manipula desejos e
gostos e impulsiona na direção do consumo. Apresenta a falsa ideia de que nas
práticas consumistas está a resolução dos problemas da vida, bem como a
transformação da insignificância do mundo. Observou que os “meios realizadores”
estão em coisas muito diferentes às expectativas geradas, e, ainda segundo ele,
que atendam satisfações mais superficiais, mas jamais aspectos profundos da
vida humana como geralmente propõem. Sob este aspecto radicalizou ao
desenvolver a ideia que os indivíduos imersos nas práticas e relações de
consumo, não combatem nem condenam, mas exploram ao máximo as tendências
figuradas. As sensações imediatas, as experiências ardentes e isoladas, tanto
quanto as intensidades da sociedade-cultura de consumo. Sem procurar
significados obtém prazer estético de intensidades superficiais.
Na
ordem da produção, o objeto carece de unicidade e singularidade, pois, objetos
tornam-se simulacros indefinidos uns dos outros e, juntamente com os objetos,
os homens que os produzem. A pretensa relação histórica de objetividade do mundo erigido a partir da
racionalização técnica corresponde à universalização de um modelo arbitrário
advindo da generalização da economia política na forma expressa através da lei do valor. A
partir do código, considerado como sistema de signos generalizados, a simulação
opera a inversão das relações entre o real e sua representação, estabelecendo
simples oposições binárias que permitem a objetividade do discurso e o controle
dos objetos. Em relação ao discurso,
reduzindo o signo ao puro jogo dos significantes, anula a relação entre
significante e significado necessária ao processo de significação. Diferentemente da ordem da produção, o controle das relações do homem com as
“coisas” materiais, por assim dizer, não mais advém do agir
racional-com-respeito-a-fins, compreende a duas formas de racionalização incidentes no mundo moderno e capitalista, pois a predominância do código inaugura o
monopólio da palavra como característica básica da dominação social e política contemporânea.
O
caráter místico da mercadoria não provém de seu valor de uso. Desde Marx sabemos
que o fetichismo da forma mercadoria consiste nas características sociais de
seu próprio trabalho como características objetivas dos próprios produtos de
trabalho. Como propriedades naturais sociais dessas coisas e, por isso, também reflete a relação social dos produtores
com o trabalho total como uma relação social existente fora deles, entre
objetos. É uma relação social entre pessoas e material entre coisas. Esse
caráter fetichista do mundo das mercadorias provém do caráter social peculiar
do trabalho que produz mercadorias. Neste ínterim, de matriz religioso-ideológica
este hinário inclui várias produções da hinologia cristã na esfera
interpretativa tradicional, presentes em outros hinários evangélicos nacionais,
porém em diferentes traduções, há também, letras e melodias feitas
originalmente pela própria Congregação
Cristã no Brasil (CCB). Sua característica fundamental foi a atualização
radical das letras dos hinos, até porque tem havido grandes reformas
ortográficas recorrentes na Língua Portuguesa, já na parte musical,
praticamente não houve alteração; apenas a extinção do “Amém” de influência
evangélica nos finais de cada hino entoado. Os hinários com notação musical
seguem tradicionalmente o modelo do processo civilizatório do conquistador europeu, contendo a clave de
sol (soprano e contralto) e a clave de fá (tenor e baixo).
Os hinários foram escritos para instrumentos com afinação em dó, mi bemol e si bemol. Também há o hinário para as organistas, contendo recursos necessários associados para o dedilhado e na execução da pedaleira, e um hinário para instrumentos da categoria de cordas, contendo arcadas e clave de dó. Em março de 1965, após 14 anos da última atualização, e ainda com os mesmos argumentos, houve outra reforma no hinário, mantendo o mesmo título: “Hinos de Louvores e Súplicas a Deus”, apenas com a referência de Livro nº 4. A principal alteração foi a reformulação total da "clave de fá", foram excluídos praticamente todos os arpejos e contratempos, restaram somente dois hinos com essa características, o hino 125 (“Minha Oração”) e hino 420 (“Alegria sinto em servir Jesus”). São 400 hinos para cultos oficiais, e 50 hinos para as “Reuniões de Jovens e Menores”, dentre os 400 hinos foram separados hinos para Santa Ceia, Batismo, Funeral e Encerramento. Dentre os demais, ainda existe uma classificação que melhor se encaixa no desenvolver dos cultos. Apesar de ser datado de 1965, este hinário sofreu diversas atualizações com o decorrer do tempo, aperfeiçoando-se. Em 1976, o hino 376 “Vinde, benditos de Meu Pai” teve sua partitura completamente alterada, sua melodia “Gott erhalte Franz den Kaiser” de Joseph Haydn a mesma representação do Hino Nacional da Alemanha, inserido nos hinários musicais 12 pontos de doutrina Congregação Cristã no Brasil (CCB). Em 1980, com a sinalização para arcadas. Em 1985, a sinalização para compassos de respiração: vírgulas maiores para respirações mais longas, e vírgulas menores para respiração curta.
Os hinários foram escritos para instrumentos com afinação em dó, mi bemol e si bemol. Também há o hinário para as organistas, contendo recursos necessários associados para o dedilhado e na execução da pedaleira, e um hinário para instrumentos da categoria de cordas, contendo arcadas e clave de dó. Em março de 1965, após 14 anos da última atualização, e ainda com os mesmos argumentos, houve outra reforma no hinário, mantendo o mesmo título: “Hinos de Louvores e Súplicas a Deus”, apenas com a referência de Livro nº 4. A principal alteração foi a reformulação total da "clave de fá", foram excluídos praticamente todos os arpejos e contratempos, restaram somente dois hinos com essa características, o hino 125 (“Minha Oração”) e hino 420 (“Alegria sinto em servir Jesus”). São 400 hinos para cultos oficiais, e 50 hinos para as “Reuniões de Jovens e Menores”, dentre os 400 hinos foram separados hinos para Santa Ceia, Batismo, Funeral e Encerramento. Dentre os demais, ainda existe uma classificação que melhor se encaixa no desenvolver dos cultos. Apesar de ser datado de 1965, este hinário sofreu diversas atualizações com o decorrer do tempo, aperfeiçoando-se. Em 1976, o hino 376 “Vinde, benditos de Meu Pai” teve sua partitura completamente alterada, sua melodia “Gott erhalte Franz den Kaiser” de Joseph Haydn a mesma representação do Hino Nacional da Alemanha, inserido nos hinários musicais 12 pontos de doutrina Congregação Cristã no Brasil (CCB). Em 1980, com a sinalização para arcadas. Em 1985, a sinalização para compassos de respiração: vírgulas maiores para respirações mais longas, e vírgulas menores para respiração curta.
Dom Pedro I compõe o Hino à Independência, título oficial do quadro: Primeiros sons do Hino Nacional, de Augusto Bracet (1881-1960). Em
1990, surgiram os primeiros hinários
no formato encadernado, com espiral, até então, todos os hinários antigos, e
versões anteriores eram em brochuras, o que foi extinto com o tempo Em 1992,
surgiu o hinário exclusivo para organistas (capa cinza), com dedilhados,
inversões e alterações próprias. Em 2002, surgiram os hinários em outras
tonalidades: Mi bemol (capa vinha) e Si bemol (capa azul), até então, só
existia a versão “Capa Preta” em Dó maior. Além dessas atualizações, a língua
portuguesa ainda sofreu outras reformas ortográficas, obrigando outras
atualizações; alguns acidentes ocorrentes, principalmente os “Bequadros” foram
extintos, a fim de evitar uma redundância musical. Também surgiram diversos
tamanhos de hinários: Musicais: Gigante, Médio, Intermédio, Pequeno. Canto:
Gigante, médio, pequeno. O hinário foi registrado no Ministério da Educação e
Cultura, foi inserida página para identificação do usuário, e ainda em
2002, surgiu hinário com capa branca, para o hinário de canto, e também
hinário, exclusivo para difusão técnica em Braille.
Os
países cujos hinos nacionais foram escritos por compositores ilustres são: a
Alemanha, com música de Joseph Haydn ,um dos mais importantes compositores do período clássico, que personifica o chamado classicismo vienense ao lado de Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven; o hino nacional da Áustria em que a letra
é de Paula von Preradović, uma escritora austríaca que publicou poesia religiosa e romântica. É autora do texto do novo Hino nacional da Áustria (1947). E é cantada sobre uma música atribuída a Wolfgang
Amadeus Mozart e o hino da Cidade do Vaticano, cujo hino foi escrito por
Charles Gounod, reconhecido compositor francês que se tornou famoso, sobretudo, por suas óperas e música religiosa. Curiosamente também não há muitos hinos cujas letras rimem
entre si, salvo o caso do poeta Rabindranath Tagore, poeta, romancista, músico e dramaturgo, reformulou a literatura e a música bengali no final do século XIX e início do século XX. Como autor de Gitânjali, que em português se chamou Oferenda Lírica e seus versos profundamente sensíveis, frescos e belos, sendo o primeiro não-europeu a conquistar, em 1913, o Nobel de Literatura, que escreveu os hinos
nacionais da Índia e de Bangladesh. Outro caso curioso é o hino da Espanha, um
dos poucos que não tem letra. Os hinos nacionais têm vindo a ser evocados em
contextos inadequados, utilizados em feriados e festas, vindo a
estabelecer ipso facto forte relação nacionalista
com eventos desportivos. Nos Jogos Olímpicos, o hino nacional dos medalhados
com ouro são representados na cerimonia de entrega individual e coletiva dos
prêmios.
Em
1970, colimando com o início dos anos de chumbo e do maldito “milagre
econômico”, na vida social brasileira, o Brasil vibra com a seleção brasileira
de futebol na Copa do Mundo sediada no México. Enquanto isso, prisioneiros
políticos são torturados por agentes da repressão oficial como membros do Destacamento
de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI),
órgão subordinado ao Exército, de inteligência e repressão do governo
brasileiro durante o regime inaugurado com o golpe político-militar de 1° de
abril de 1964. Destinado a combater os chamados “inimigos internos” que,
supostamente, ameaçariam a segurança nacional, como a de outros órgãos de
repressão brasileiros no período, a sua filosofia de atuação era pautada na
Doutrina de Segurança Nacional, formulada no contexto da Guerra Fria, nos bancos do National War College, instituição
norte-americana, e aprofundada, no Brasil, pela Escola Superior de Guerra
(ESG), na praia Vermelha, na Urca (RJ) e inocente também acabam sendo
vítimas dessa violência. Pra
frente, Brasil é um filme brasileiro de 1982, dos gêneros drama e ficção
histórica, dirigido e escrito por Roberto Farias, baseado em argumento de Reginaldo
Faria e Paulo Mendonça. Estrelado pelos fabulosos Reginaldo Faria, Antônio Fagundes,
Natália do Valle e Elizabeth Savalla.
Representou um dos
primeiros filmes na dramaturgia política a retratar a repressão da ditadura
militar brasileira (1964-1985) de forma aberta. Em novembro de 2015 o filme foi
reconhecido na lista feita pela da Associação
Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros
de todos os tempos. O filme retrata o auge da repressão aos opositores durante
a ditadura militar, no governo do gal. Emílio Garrastazu Médici responsável
pela eliminação das guerrilhas comunistas rurais e urbanas. Indicadores
econômicos favoráveis, durante o chamado “milagre econômico”, divulgados por
uma mídia completamente censurada, maquiavam o aumento da concentração de renda
e da pobreza, instaurando no país um sentimento extremamente ufanista, que
atingiu seu auge com a conquista do terceiro título da Copa do Mundo de futebol
pela seleção brasileira no México. O título é uma referência à canção
de mesmo nome, escolhida pelo regime para representar o país em 1970. Conforme
Élio Gaspari relatou em seu livro: “A Ditadura Escancarada”, trata-se de uma dialética trágica da história do Brasil:
- “o milagre brasileiro e os anos de chumbo foram simultâneos. Ambos reais
coexistiam negando-se. Passados mais de trinta anos, continuam negando-se. Quem
acha que houve um, não acredita (ou não gosta de admitir) que houve o outro”.
Dois
pesos e duas medidas, em primeiro lugar, Joaquim Osório Duque Estrada,
jornalista carioca, crítico literário, integrante da Academia Brasileira de
Letras, compôs a letra para o Hino Nacional tendo ela sido oficializada durante
o centenário da Proclamação da República em 1922. A letra então foi comprada por Epitácio Pessoa em 21 de
agosto do mesmo ano. Em análise comparada, coincidindo com o golpe de Estado de
17 de abril de 2016, o hino nacional durante a abertura dos Jogos Olímpicos no
Rio de Janeiro, ocorreu através da manipulação de imagens virtuais e reais,
omitindo a vaia do público presente no estádio Mário Filho, assediado pelos
comentários inúteis do locutor Galvão Bueno que de forma desapercebida, dificilmente compreenderia o conteúdo político dos signos. Mesmo em sentido contrário, o
hino nacional brasileiro cantado nos ritos de passagem dos jogos no mercado de futebol ou em solenidades
específicas, é pouco reconhecido em sua totalidade historiográfica e em sua
complexidade de significados simbólicos. É incompreensível, portanto, aos
ouvidos das massas dos brasileiros que frequentam estádio. Para não falarmos dos próprios integrantes das comissões olímpicas, das seleções de futebol e ginásticas e demais modalidades desportivas. Sem a música, para lembrarmos Nietzsche, “a vida seria um erro. A música oferece às paixões o meio de obter prazer delas”.
Um
hino nacional em tese deveria ser um instrumento patriótico. Um patrimônio
linguístico e semiológico da nação. Mas acaba por ter sua letra decorada como uma
tabuada, e de forma precária, pelos chamados filhos de sua pátria - “Ou ficar a
pátria livre ou morrer pelo Brasil”. O texto reproduzido do Hino nacional
sugere ser do povo heroico o brado retumbante que determinou a liberdade
simbolizada pelos raios fúlgidos do sol, conquistada pelos braços fortes do
brasileiro retratado em primeiro plano. O contexto histórico social do Brasil,
na época da criação do Hino nacional, a exemplo do que ocorreu na época do
descobrimento, embasava-se no mito do Paraíso. Em alguns países, o hino é
tocado, todos os dias, antes de começarem as aulas nas escolas de ensino fundamental.
Noutros países, o hino nacional, é tocado antes de uma peça de teatro começar
ou num cinema antes de começar o filme. Há ainda muitos canais de televisão que
utilizam o hino para começar e terminar a emissão de programação diária. Normalmente só a primeira estrofe do hino é que é tocada,
salvo o caso da Alemanha, que utiliza a terceira
estrofe, o hino do Chile, que usa a quinta
estrofe e o da Eslovênia, que utiliza a sétima.
Existem muitos Estados nos quais ao nível cultural existem hinos não oficiais,
nomeadamente o hino real, o hino presidencial ou os hinos de uma região, que é
oficialmente reconhecido, como o hino dos Açores ou da Madeira.
Na
ordem da produção simbólica, o objeto carece de unicidade e singularidade,
pois, objetos tornam-se simulacros indefinidos uns dos outros e, juntamente com
os objetos, os homens que os produzem. A pretensa objetividade do mundo erigido
a partir da racionalização técnica corresponde à universalização de um modelo
arbitrário advindo da generalização da economia política na forma da lei do
valor. A partir do código, considerado como sistema de signos generalizados, a
simulação opera a inversão das relações entre o real e sua representação,
estabelecendo simples oposições binárias que permitem a objetividade do
discurso e o controle dos objetos. Em relação ao discurso, reduzindo o signo ao puro jogo dos
significantes, anula a relação entre significante e significado necessária ao
processo de significação. Assim, diferentemente da ordem da produção, o
controle das relações do homem com as “coisas” não mais advém do agir
racional-com-respeito-a-fins, pois a predominância do código inaugura o
monopólio da palavra como característica básica da dominação contemporânea. Da
mesma forma, enquanto técnica de controle do objeto, o processo de simulação
opera uma completa inversão, de forma que o real se torne efeito ou reflexo de
modelos gerativos. “Simulacros e simulação” é um tratado de Jean Baudrillard
que discute a relação entre realidade, símbolos e sociedade. Simulacros são cópias que representam níveis de análise
que nunca existiram ou que não possuem mais o seu equivalente na realidade.
Simulação é a imitação de um processo
virtual existente no mundo real.
Bibliografia geral
consultada.
KELLNER, Douglas, Jean Baudrillard: From Marxism to
Postmodernism and Beyond. Califórnia: Stanford University Press, 1989;
CARVALHO, José Murilo, Desenvolvimiento de la Ciudadania en Brasil. México: Fondo de Cultura Económica, 1995; NOLASCO, Patricio, L`état de l`État-nation. Une Approche de la Queestion Brésilienne. In: Luostopie. Paris: Karthala, pp. 107-123, 1997; THIESSE, Anne-Marie, La Création des Identités Nationales. Europe XVIII-XIX Siècle. Paris: Éditions Seuil, 1999; MONTEIRO, Ricardo Nogueira de Castro, O Sentido na Música: Semiotização de
Estruturas Paradigmáticas e Sintagmáticas na Geração de Sentido Musical. Tese
de Doutorado. Departamento de Linguística. São Paulo: Universidade de São
Paulo, 2002; HOBSBAWM, Eric, Nazioni e
Nazionalismi dal 1780. Programma, Mito, Realità. Torino: Einaudi Editore, 2002; HELLER, Henry, The Cold War and the New Imperialism: A Global History, 1945–2005. New York:
Monthly Review Press, 2006; OLIVEIRA, José Erivan Bezerra de, Santo Daime – O Professor dos Professores
[Manuscrito]: A Transmissão do Conhecimento através dos Hinos. Tese de
Doutorado em Sociologia. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Fortaleza:
Universidade Federal do Ceará, 2008; TODOROV, Tzvetan, O Medo dos Bárbaros - Para Além do Choque das Civilizações. Rio de
Janeiro: Editoras Vozes, 2010; SOUZA JUNIOR, Milton Rodrigues de, Cristão como Instrumento de Expansão da Missão, no Pentecostalismo no Brasil (1910-1970). Dissertação de Mestrado. Programa de Pòs-Graduação em Ciências da Religão. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2011; BURKE, Peter (org.), A Escrita da História. Novas Perspectivas. 2ª edição. São Paulo:
Editora UNESP, 2011; STEENBOCK, Paulo Roberto, O Hino Nacional Brasileiro e suas Possibilidades Discursivas nas
Linguagens Escrita e Visual. Dissertação de Mestrado em Teoria Literária.
Programa de Mestrado do Centro Universitário Campos de Andrade – Uniandrade,
2012; Artigo: “UFRJ Revoga Título de Doutor Honoris Causa Concedido ao general
Médici”. In: https://ufrj.br/noticia/2015/12/10/; LEDOUX, Sébastien, Le Devoir de Mémorie. Une Formule et son Histoire. Paris: CNRS Éditiosn, 2016; entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário