“Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito”. Oscar Niemeyer
Em 1964 Oscar Niemeyer viaja para Israel a trabalho e volta para um Brasil completamente diferente. Em março o presidente João Goulart (Jango), que assumira após o presidente eleito Jânio Quadros renunciar, havia sido deposto por um golpe dos militares, que assumem o controle do país e instauram um regime de ditadura que durariam 21 anos. O comunismo de Niemeyer lhe custou caro. No período da ditadura militar do Brasil, o regime instaurado em 1 de março de 1964 e que durou até 15 de março de 1985, a revista Módulo que dirigia tem a sede parcialmente destruída, o escritório de Niemeyer é saqueado, seus projetos passam a ser recusados e a clientela desaparece. Em 1965, 223 professores, entre eles Niemeyer, se demitem da Universidade de Brasília, em protesto contra a política universitária e retaliações do governo militar. No mesmo ano viaja para França, para uma exposição sobre sua obra no Museu do Louvre. No ano seguinte, impedido de trabalhar no Brasil, muda-se para Paris. Começa aí uma nova fase de sua vida e obra. Abre um escritório na Avenue des Champs-Élysées, nº 90, recebendo comissões de países, em especial da Argélia, onde desenha a Universidade de Constantine e, em 1970, a mesquita de Argel. Na França, projeta a sede do Partido Comunista Francês (doação), a Bolsa de Trabalho de Bobigny, o Centro Cultural Le Havre e na Itália a Editora Mondadori. O edifício foi solicitado por Arnoldo Mondadori, que se impressionara com o Palácio do Itamaraty em visita a Brasília.
Nascido
no Rio de Janeiro, Niemeyer estudou na Escola Nacional de Belas Artes, atual Universidade
Federal do Rio de Janeiro e durante seu terceiro ano estagiou com seu futuro
colega na construção de Brasília Lúcio Costa, com quem acabou colaborando no
projeto para o Ministério de Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Capanema,
no Rio de Janeiro. Contando com a presença de Le Corbusier, Niemeyer teve a
chance de trabalhar junto com o mestre suíço, sendo ele uma grande influência
em sua arquitetura. O primeiro grande trabalho de arquitetura individual de
Niemeyer foram os projetos de uma série de edifícios na Pampulha, um subúrbio
planejado no Norte de Belo Horizonte (MG), tendo como parceiro o engenheiro Joaquim
Cardozo - que viria a ser o autor dos cálculos de suas principais obras em
Brasília. Esse trabalho, especialmente a Igreja São Francisco de
Assis, recebeu elogios da crítica nacional e estrangeira, chamando a atenção
internacional para Niemeyer. Ao longo dos anos 1940 e 1950, Niemeyer se tornou
um dos arquitetos mais prolíficos do Brasil, projetando uma série de edifícios,
tanto no país como no exterior. Isso incluiu o projeto de diversas residências
e edifícios públicos, e ainda a colaboração com Le Corbusier (e outros) no
projeto da sede das Nações Unidas em Nova Iorque, o que provocou convites para
ensinar na Universidade Yale e na Escola de Design da Universidade
Harvard.
Em 1956, Oscar Niemeyer foi convidado pelo novo presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, para projetar os prédios públicos da nova capital do Brasil, que seria construída no centro do país. Seus projetos para o Congresso Nacional do Brasil, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Brasília, todos concluídos anteriormente a 1960, foram em grande parte de natureza experimental e foram ligados por elementos de design comuns. Esse trabalho levou à sua nomeação como diretor do departamento de arquitetura da Universidade de Brasília, bem como membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos. Devido à sua ideologia de esquerda e sua militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB), Niemeyer deixou o país após o golpe militar de 1964 e, posteriormente, abriu um escritório em Paris. Ele retornou ao Brasil em 1985 e foi premiado com o prêmio Pritzker de arquitetura, em 1988. Entre seus projetos mais recentes se destacam o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (1996), o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (2002), a Cidade Administrativa de Minas Gerais (2010), o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, na Espanha (2011) e o Memorial Luiz Carlos Prestes (projeto de 2012). Niemeyer continuou a trabalhar até dias antes de sua morte, em 5 de dezembro de 2012, aos 104 anos. Seu último projeto foi idealizado pouco antes de morrer: a “cidade das artes e da cultura”, em Essaouira, antigamente chamada Mogador, é uma cidade da costa sudoeste de Marrocos, capital da província homônima, que faz parte de Marraquexe-Safim, região litorânea do Marrocos. O rei Mohammed VI esperou oito anos para dar aval ao projeto.
A
origem do tênis ocorreu no século XII, quando monges franceses começaram a arremessar
com as mãos uma bola contra os muros de seus mosteiros. Alguns historiadores se
referem aos povos egípcios e gregos da Antiguidade que praticavam esportes que
seriam precursores do tênis. Como não há desenhos ou descrições que confirmem
tal hipótese, estes pesquisadores usam como exemplo expressões árabes do antigo
Egito como a “rahat”, que significa “palma da mão e seria a base da palavra
raquete”. Mormente que a origem do nome do esporte fosse oriunda da cidade
egípcia Tinnis. Outros pesquisadores dizem que a palavra surgiu muitos séculos
depois, derivada da expressão francesa “tenez”, que era dita sempre quando um
jogador se preparava para sacar a bola para o adversário. Bem antes do esporte
ser reconhecido como tênis, havia uma brincadeira inventada pelos monges
franceses que ganhou o nome de “jeu de paume”, que significava “jogo da palma
(da mão)”, já que ainda não se usavam raquetes. Se por um lado, o tênis chegou ao Brasil pelos engenheiros ingleses que vieram no final do século
XIX, por outro lado, o berço do tênis pode ser considerado o Rio Cricket, em Niterói (RJ), e o Wahallah, em Porto
Alegre (RS).
A história da Academia de Tênis começou em 1972, nesse ano o empresário e médico José Farani fundou a Academia e se mudou para o local com toda a família. Farani chegou a Brasília em 1960, vindos do Espírito Santo. Antes de fundar a Academia exerceu a medicina no Senado e no Itamaraty. Também foi Secretário de Saúde do Distrito Federal. Localizado numa área de 62.000m2, a Academia de Tênis Resort contava com 150 apartamentos tipo chalet, 3 restaurantes de nível internacional, salão para 1.200 pessoas, ginásio com capacidade para abrigar 3.000 pessoas, centro de convenções com 3 auditórios e 21 quadras de tênis, sendo 7 de saibro e 14 de lisonda. A Academia de Tênis Resort, mais conhecida em Brasília simplesmente por Academia de Tênis, representou um espaço cultural, de hotelaria e turismo, com sede em Brasília, no Distrito Federal. Ficou reconhecida por abrigar integrantes do primeiro escalão do governo, como nos mandatos de Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. A então ministra Zélia Cardoso de Mello hospedou-se lá quando da elaboração do Plano Collor, com assessores que ficaram ali por doze meses, pagos por Paulo César Farias. Em maio de 1994, Zélia foi denunciada pelo Procurador Geral da República, Aristides Junqueira, por corrupção passiva, por ter aceitado que PC Farias pagasse essas despesas, solicitando posteriormente favores do Ministério da Economia. PC Farias e seu sócio, Jorge Bandeira, também foram denunciados, por corrupção ativa. Também moraram no local, enquanto ocuparam cargos públicos em Brasília, o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, e os ex-ministros Celso Lafer, Luiz Carlos Bresser Pereira, José Carlos Dias, Raul Jungmann e Alcides Tápias. Mesmo com a mudança de governo, em 2003, o local continuou sendo prestigiado pelos políticos do partido no governo. O Aberto de Tênis de Brasília, torneio profissional da categoria challenger, também ocorria no local. Também hospedava anualmente o Campeonato Brasileiro Infantojuvenil de Tênis e a Copa das Federações.
Em 1995 o Tribunal de Contas da União acionou a Receita Federal para verificar as atividades filantrópicas da Academia. O estatuto da academia citava vinte e nove áreas de atuação da academia no atendimento gratuito aos necessitados, entre as quais: creche e pré-escola, prestação de serviços médicos ambulatoriais, programa de combate às drogas. Mas não foi isso que os fiscais da Receita verificaram na contabilidade da Academia. No Relatório sobre as atividades da Academia enviado ao Ministério Público constava o pagamento de despesas pessoais de Farani com dinheiro da Academia. Em 1998 Farani foi processado por sonegação de impostos e o título de entidade filantrópica foi cassado pela justiça. Ainda em 1998 a Academia foi dividida em duas empresas: uma administra o hotel e a outra o clube. A dívida de 7 milhões, por sonegação de impostos, referentes ao período de 1992 a 1995 foi renegociada com a Receita. Em 2005 o empresário foi condenado a pagar quatro anos e um mês de prisão. O andamento do processo por sonegação de impostos culminou na sua prisão em 2007. Em 2010 a Academia foi vendida para duas empresas do setor de construção de Brasília. Como exigência para o fechamento do negócio os cinco herdeiros de Farani exigiram que o novo empreendimento leve o nome do patriarca da família. Nesse mesmo ano um incêndio consumiu três salas do Cine Academia e fechou de vez o cinema que se dedicava à exibição de produção independente. Em 2004 as salas do cinema da Academia de Tênis exibiram os filmes que concorriam no Festival de Cinema de que foi sediado.
Maria
Esther Andion Bueno reconhecida no exterior como Maria Bueno, foi uma tenista
brasileira, que atuou nas décadas de 1950, 1960 e 1970, sendo uma das raras
tenistas a conquistar títulos em três décadas diferentes. Segundo o jornalista esportivo José Nilton
Dalcim: “Maria Esther Bueno é a maior atleta feminina brasileira de todos os
tempos. Seus feitos são incríveis e seu reconhecimento internacional, imenso.
Sem falar que foi um exemplo de como superar dificuldades para obter sucesso”. Maior
nome do tênis brasileiro, incluindo homens e mulheres, eleita a melhor tenista
do século XX da América Latina, e incluída em 2012 na posição 38 entre os 100
Melhores Tenistas da história, incluindo homens e mulheres pelo canal Tennis
Channel, em seus 20 anos de carreira, colecionou 589 títulos internacionais,
entre os quais se destacam feitos importantes, como a conquista dos torneios
individuais de Forest Hills (atual US Open), em 1959, 1963, 1964 e 1966,
e os de duplas de 1960 e 1962 (com Darlene Hard), e 1968 com Margaret Smith
Court. Ao todo, Bueno venceu 19 torneios do Grand Slam, sete na
categoria simples; onze em duplas femininas; um em duplas mistas.
Segundo
a Federação Internacional de Tênis, foi a representante do nº 1 do mundo globalizado em 1959, na categoria
individual feminina. O International Tennis Hall of Fame também a
incluiu como a melhor tenista do mundo, em 1964, depois de perder a final no
Torneio de Roland-Garros e ganhar Wimbledon e o U.S. Open e 1966. Em 1960, ela
entrou para a história como a primeira mulher a ganhar o chamado Grand Slam
de tênis, ou seja, a conquistar os quatro Grand Slams jogando em duplas
num mesmo ano: três com Darlene Hard e um com Christine Truman Janes. Seu nome
está no Livro dos Recordes: na final do US Open de 1964, contra a norte-americana
Carole Caldwell Graebner, Maria Esther venceu a partida em apenas dezenove
minutos. Além disso, sua vitória sobre Margaret Court na final individual de
Wimbledon, em 1964, é considerada por muitos “um dos dez jogos mais
emocionantes da história do tênis”. Ganhou a alcunha de A Bailarina do Tênis
por conta do estilo de jogo. Uma outra marca registrada era a sua potência no
saque. Uma de suas grandes tristezas foi não ter podido representar o Brasil
nos Jogos Olímpicos, já que o tênis havia deixado de concorrer no âmbito do esporte olímpico na década de
1930 e voltando apenas em 1996.
Mas passados quase quatro anos da venda da área para dois grupos empresariais, pouco mudou na paisagem que hoje mostra sinais de claro abandono. No lugar que outrora recebeu figuras importantes da política e da arte foi reduto de cinéfilos, músicos e tenistas (leia Memória), sobram entulhos, mato alto e construções destruídas. O projeto arquitetônico para a reforma do espaço, apresentado no fim de 2013, esteve em análise na Casa Civil do Distrito Federal. A Diretoria de Análise e Aprovação de Projetos da Casa Civil informou que o grupo responsável pelo novo empreendimento ainda não cumpriu todas as exigências legais para obter a liberação das obras. Um dos pontos a serem resolvidos é a comprovação da propriedade da área. Durante décadas, havia uma suspeita de que parte das edificações da Academia de Tênis ocupava área pública. Falta ainda, segundo os técnicos da Casa Civil, o Relatório de Impacto de Trânsito (RIT) e o número de vagas para carros. Os últimos suspiros da Academia de Tênis vieram logo depois do anúncio da venda da propriedade, em novembro de 2010. O cinema, interditado devido a um incêndio em maio do mesmo ano, fechou de vez as portas. O restaurante Dom Francisco foi um dos últimos a encerrar as atividades ao lado da academia. Os 226 apartamentos também já haviam sido deixados e os objetos, leiloados. As famosas quadras de tênis, sede de importantes campeonatos nacionais e internacionais, deixaram de ser usadas. As piscinas, abandonadas e sem valor de uso, acabaram sendo desativadas.
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