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GUATTARI, Félix, As Três Ecologias. Campinas (SP): Editora Papirus,
1990; BIANCO, Sérgio Luiz, “O Papel da Bicicleta para a Mobilidade Urbana e a
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Um Estudo Ergonômico sobre a Sistemática de Posicionamento no Quadro de
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A Pele da Cultura. São Paulo: Editora Annablume, 2009; MAFFESOLI,
Michel, Saturação. São Paulo: Editora Iluminuras, 2010; DURKHEIM, Émile, O
Suicídio. Estudo de Sociologia. 2ª edição. São Paulo: Editora WMF
Martins Fontes, 2011; VILLA D`ALVA, Mauro, Análise Ergonômica do Trabalho e
os Processos de Transferência de Tecnologias: Estudo de Caso em uma Empresa
Fornecedora do Polo de Duas Rodas. Dissertação de Mestrado. Coordenação dos
Programas de Pós-Graduação em Engenharia. Programa de Engenharia de Produção.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011; FRANCO, Cláudio Márcio Antunes, Incentivos
e Empecilhos para a Inclusão da Bicicleta entre Universitários. Dissertação
de Mestrado. Programa de Mestrado em Psicologia. Curitiba: Universidade Federal
do Paraná, 2011; ARAUJO, Fabíola Guedes, A Influência da Infraestrutura
Cicloviária no Comportamento de Viagens por Bicicleta. Dissertação de
Mestrado em Transportes. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.
Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília, 2014; SILVEIRA, Mariana
Oliveira da, O Uso da Bicicleta sob os Fundamentos da Teoria do
Comportamento Planejado. Tese de Doutorado. Program de Pós-Graduação em
Engenharia Civil. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2016; entre
outros.
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Graeme Obree – Técnica & Invenção de Design de Bicicleta.
Ubiracy de Souza Braga*
“Viver é como andar de bicicleta: É preciso
estar em constante movimento para manter o equilíbrio”. Albert Einstein
Ciclismo
é um esporte competitivo de corrida de bicicleta cujo objetivo dos
participantes é chegar em primeiro lugar a determinada meta ou cumprir
determinado percurso no menor tempo possível. Foi na Inglaterra, em meados do
século XIX, que o ciclismo iniciou-se como esporte, sendo condicionado pela
época em que, comparativamente, o aperfeiçoamento do veículo possibilitou o alcance
de maiores velocidades. Apesar das bicicletas BMX serem de construção mais
simples e com menos tecnologia que as mountain
bikes e bicicletas de ciclismo de
estrada de última geração - as bikes
BMX, são capazes de suportar terrenos bem mais pesados que as bicicletas de
outros tipos não conseguissem. Estas exigem que o ciclista que pretenda entrar
nesse tipo de modalidade tenha no mínimo alguns conhecimentos técnicos básicos
antes de comprar uma bike BMX, assim
como acontece com variados tipos de bicicleta. O ciclismo é regido por diversas
regras. Mas geralmente enquadra-se em quatro tipos de categorias: provas em
estradas, provas em pistas, provas de montanha (“Mountain Bike”) e BMX e é
praticado com diversos tipos e modelos de bicicletas. O ciclismo surgiu a
partir de 1890 e nos dez anos seguintes nasceram grandes provas, que ao longo
dos anos se tornaram clássicos, alguns ainda existem como o “Liège-Bastogne-Liège”,
frequentemente chamada de La Doyenne,
é uma das cinco corridas clássicas monumentais do calendário de ciclismo de
estrada profissional europeu e uma das 24 provas que atribuem pontos para o ranking mundial da UCI.
A primeira edição era voltada para amadores e aconteceu em 1892. Em 1894 teve início a primeira edição voltada para os profissionais quando Leon Houa que também venceu a edição 1892 como amador, obteve a vitória. Ela acontece na região das Ardenas (Bélgica), largando de Liège, seguindo até Bastogne e retornando à cidade de partida. Em 1891 acontece a primeira grande prova de Audax, ou Randonneurs, entre Paris e Brest (na França), ida e volta, num total de 1200 km. A prova é a mais tradicional do ciclismo mundial e não tem caráter competitivo. Os participantes correm contra o tempo, com diversas regras, para chegar ao final em uma longa prova de logística e superação. Atualmente, para poder participar dos 1200 km, o ciclista deve conseguir realizar num mesmo ano, as provas de 200, 300, 400 e 600 km, ganhando o chamado “brevet” , na falta de melhor expressão, para realizar o 1200 km. No Brasil essa prova é relativamente recente, realizada desde 2003 com autorização do Audax Club Parisien. Historicamente em 1893 foi realizado o primeiro Campeonato Mundial (CM), com provas de “sprints” e meio fundo, exclusivamente para o círculo os corredores amadores do mundo ocidental. Contudo, o ciclismo faz parte do programa olímpico desde a primeira edição moderna dos jogos de Atenas, em 1896, quando os eventos realizados eram apenas os considerados de Pista. Até os Jogos de 1984 em Los Angeles, Estados Unidos da América, teve apenas a participação masculina. Uma questão importante diz respeito ao fato de que as mulheres apenas começaram a participar dos eventos de estrada nas Olimpíadas de Seul, em 1988.
Especialmente durante a primeira
parte da década de 1990 o ciclismo em pista teve um personagem como Graeme
Obree que rompeu os moldes. Pois à prova as regras da União Ciclista
Internacional (UCI) com uma bicicleta construída por si, criando novas posições
para correr que causaram controvérsia do ponto de vista ergonômico e de design. Foi assim como amador que bateu
em duas ocasiões o recorde mundial da exigente prova da hora e foi campeão do
mundo em duas oportunidades. Todo isto convivendo com depressão, enfermidade
que o levou a tentar suicidar-se em três ocasiões. Obree mantinha uma rivalidade
com outro britânico: Chris Boardman, convertido em celebridade logo ao haver ganhado
o ouro olímpico em Barcelona em 1992. Impulsionado por este logro de Boardman
en 1993 se pois a trabalhar para bater a
marca da hora, especialidade que leva ao limite psicofísico o ciclista. Para termos
ideia do duro que é Eddy Merckx, cinco vezes campeão do Tour de France, considerado
um dos melhores da historia, rompeu a marca em 1972, quando disse que nunca mais iria
tenta-lo pois “não queria se submeter-se outra vez ao sofrimento a que se
expôs”.
Na
Olimpíada de Atlanta, 1996, participaram pela primeira vez ciclistas
profissionais e introduziram o método de “cross-country” e o ciclismo de
montanha ou “Mountain Bike”. Nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, foi adicionada
outra modalidade desta disciplina “BMX SX”, ascendente do BMX Supercross que incorpora dificuldades
de percurso de pista como rampa mais íngreme, saltos maiores e
velocidade considerável. Nas competições de pista, do ponto de vista
técnico-metodológico estas podem ser de concreto ou madeira. As provas são de
velocidade, perseguição individual, perseguição por equipes, velocidade
olímpica, corridas por pontos, km contra o relógio, “Madison” com uma
hora de corrida para cada ciclista, sendo o vencedor aquele que fizer mais
voltas e “keirin” com oito voltas na pista em que os ciclistas devem acompanhar
uma bicicleta motorizada. As bicicletas utilizadas nas competições não possuem freios, a
inclinação das pistas de competição normalizada pode chegar a 42º. As competições são realizadas
em pistas com distância padronizada de 4 km de extensão.
Nas
competições de estrada, as provas são disputadas numa pista de terra com várias
irregularidades naturais como buracos, elevações e superficiais, como obstáculos. Existem as seguintes
categorias: “Cross Country”, praticada em terreno irregular com muitas subidas
e descidas, “Free Ride”, em pistas com muitos saltos e descidas e “Down Hill”, somente
descida em alta velocidade. Existem dois tipos principais de provas:
resistência; a) para homens são 195 km e para mulheres 70 km, e, b) contra o
relógio quando os ciclistas na competição partem de dois em dois minutos, sendo o vencedor aquele membro fizer o
menor tempo. As primeiras competições oficiais desta modalidade ocorreram em
Paris, no final do século XIX. No caso da BMX, as provas ocorrem em pistas de
350 metros com diversos obstáculos. São duas modalidades em oposição
assimétrica: aquelas de desempenho de corrida (BMX Racing) e as de manobras
(BMX Freestyle. Do ponto de vista teórico-metodológico a prática do ciclismo, desde que feita com orientações de especialistas e acompanhamento médico, é benéfica para o desenvolvimento muscular e cardiovascular. É considerada uma excelente atividade aeróbica e sua prática regular queima muitas calorias.
O primeiro campeonato mundial de ciclismo
de pista ocorreu no ano de 1895. As competições internacionais oficiais de ciclismo
são organizadas pela “Union Cycliste Internationale” com sede na cidade de
Aigle (Suíça). Foram realizadas, nas Olimpíadas de Londres, 20 provas de
ciclismo nas seguintes modalidades: Pista, Mountain Bike, Estrada e BMX. O
Reino Unido é o país que mais se destacou, ganhando 12 medalhas, sendo 8 de
ouro, 2 de prata e 2 de bronze. No Brasil, as competições oficiais são
organizadas pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), órgão responsável pela organização dos eventos e de representação dos atletas de ciclismo no Brasil. O calendário nacional de ciclismo de estrada representa o conjunto das provas organizadas pela CBC ou pelas federações estaduais disputadas no período de um ano. Além do calendário de provas do ciclismo de estrada, um calendário nacional de provas é estabelecido para as disciplinas de ciclismo de pista, mountain bike, BMX e ciclismo paraolímpico. O calendário é composto por provas internacionais, nacionais e estaduais realizadas no Brasil. Cada prova, de acordo com a sua classe no calendário, atribui pontos que são contabilizados para o Ranking Brasileiro de Ciclismo. O ranking brasileiro existe para cada categoria do ciclismo (elite, júnior, juvenil, entre outros), tanto no masculino como no feminino. Há um ranking individual e um por equipes.
As grandes
potências competitivas do ciclismo mundializado são respectivamente o Reino Unido, a Austrália e Alemanha. O último
campeonato mundial de ciclismo em pista ocorreu em fevereiro de 2015. A França
ficou em 1° lugar no quadro de medalhas, com 5 de ouro e 2 de bronze. O Campeonato Mundial de Ciclismo em Pista de 2016 foi realizado em Londres, na Inglaterra, entre os dias 2 e 6 de março de 2016, sob a organização da União Ciclística Internacional e da Federação Britânica de Ciclismo. Como foi o último principal evento de ciclismo de pista antes dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016, as competições foram particularmente importantes para os ciclistas e equipes nacionais visando a qualificação para as competições de ciclismo de pista no Rio de Janeiro em 2016. Os anfitriões britânicos terminaram no topo do quadro de medalhas, com cinco medalhas de ouro, uma de prata e três de bronze. Em 2017, O eslovaco Peter Sagan conquistou em Bergen, Noruega, seu terceiro campeonato mundial de ciclismo consecutivo - um resultado inédito na história social do esporte. Para vencer, Sagan superou o norueguês Alexander Kristoff em um incrível sprint para a linha de chegada, com decisão comprovada apenas no photo finish. A prova foi realizada em terreno apropriado para a competição, mas bastante ondulado e a cada volta o pelotão enfrentou uma subida mais longa, com o pelotão perdendo integrares a cada passagem. O dia foi marcado por dezenas de tentativas de fuga e por corajosos ataques na fase final, com o francês Julian Alaphilippe e Vasili Kiryienka protagonizando fuga espetacular, com o último sendo capturado a menos de 1 km da chegada da prova.
Vale lembrar que Peter Sagan foi ouro em 2015 e 2016 e repetiu o feito no Campeonato Mundial de 2017. A prova de 276 quilômetros foi disputada em Bergen, na Noruega. Todo o pelotão chegou junto nos 500 metros finais mas Peter deu um sprint incrível e terminou com o tempo de 6h28s11s. E o mais espetacular de tudo é que só levou o ouro por centímetros de diferença (por apenas meia roda) do segundo colocado, o norueguês Alexander Kristoff. O australiano Michael Matthews completou o pódio. No final da prova, Sagan dedicou a vitória a Michele Scarponi, ciclista que morreu há alguns meses e faria aniversário amanhã. Se
o ciclismo representasse apenas sofrimento psicofísico, todos os desportistas
seriam interpretados como um grande “bando de masoquistas”. Mas a verdade é que, de
vez em quando, mesmo num esforço gigantesco, tudo se torna extremamente
prazeroso e claro. Alguns especialistas chamam isso de “la volupté” e pode ser
descrito como a sensação de integração entre espaço/tempo; espaço/movimento do
ciclista, como ocorre em cenas cinematográficas, a bicicleta, o ato de pedalar e o ambiente, o que resulta numa
sensação integrada de trabalho que consiste na aparente parada das ondas mentais. Na
junção entre o observador, o objeto observado e o ato de observar. São estados
especiais de consciência que podem ser atingidos, com diferentes técnicas
respiratórias ou com longas permanências em técnicas corporais que trabalham
com isometria, desde que feitas com a intenção e orientação corretas. Dessa
forma, com o domínio sobre a bicicleta, totalmente concentrada no ambiente, com
a respiração ritmada e o corpo físico trabalhando intensamente, a mente conduz
o ato repetitivo, abrindo o espaço possível, com a intuição mais aguçada.
Graeme
Obree, nascido em 11de setembro de 1965, apelidado de “The Scotsman
Flying” em português: “O escocês voador” é um ciclista escocês
que quebrou duas vezes o “Hour Recorde
Mundial”, em Julho de 1993 e Abril de 1994, ipso
facto foi o campeão mundial de perseguição individual em 1993 e 1995. Ele era
conhecido por sua posição de condução inovadora e pela bicicleta que ele
construiu, que inclui “partes de uma máquina de lavar”. Ele se juntou a uma
equipe profissional na França, mas foi demitido antes de sua primeira corrida.
Sofreu de depressão clínica e por duas vezes tentou o suicídio. Historicamente
há dois tipos de causa extra-social às quais se pode atribuir a priori uma
influência sobre a taxa de suicídios: as disposições orgânico-psíquicas e a
natureza do meio físico. Na constituição individual ou na
constituição de uma classe importante de indivíduos, houvesse uma propensão, de
intensidade variável conforme os países, que arrastasse diretamente o homem ao
suicídio; por outro lado, o clima, a temperatura, etc., poderiam pela maneira
como agem sobre o organismo, ter diretamente os mesmos efeitos.
As
hipóteses, em todo caso, sustentadas pela sociologia de Émile Durkheim (2013: 19 e ss.) e validadas
para os dias atuais é que grande número de mortes voluntárias não entram em
nenhuma dessas categorias; a maioria delas tem motivos que não deixam de ter
fundamento na realidade. Não se pode, portanto, sem fazer mau uso das palavras,
considerar todo suicida um louco, o que poderia ser considerado uma grande
bobagem. Mas de todos os suicídios o que pode parecer mais difícil de discernir
do que se observam nos homens são os de “espírito melancólico”; pois, com muita
frequência, o homem normal que se mata também se encontra num estado de
abatimento e de depressão, exatamente como o alienado. Mas sempre há entre eles
a diferença essencial de que o estado do primeiro e o ato resultante dele não
deixam de ter causa objetiva, ao passo que, no segundo, não têm nenhuma relação
com as circunstâncias exteriores. Para Durkheim, nas situações de degredo, como
ocorre comparativamente nas prisões e nos regimentos há um estado coletivo (psíquico) que inclina os
soldados e os detentos ao suicídio diretamente quanto o pode fazer a mais
violenta das neuroses. O exemplo é ocasional, dialeticamente, que faz
manifestar-se no indivíduo o impulso; mas não é aquele que o cria, e, se o impulso não
existisse, o exemplo, claro está, seria inofensivo. Uma observação de “case study” pode
servir de corolário a essa conclusão.
Sua
vida foi dramatizada no filme: “The Scotsman Flying”. Como inventor social, criou
algumas das inovações técnico-metodológicas mais radicais na história contemporânea do design de bicicletas. Sua “Old Faithful” foi inspirado no comportamento ergonômico do esqui
alpino, onde o atleta curvado em uma aerodinâmica ainda que sua posição ergonômica
pareça ser estranha com sua aparência com o corpo dobrado; seu equipamento
consistiu de um design radical que
reduziu o diamante tradicional em um único tubo de grandes dimensões, com um
suporte de garfo e personalizada de fundo de uma lâmina que incorpora peças de
uma máquina de lavar roupa. Graeme Obree obteve o “Hall of Fame Sports” da
Escócia, em março de 2010. A trama fílmica narra a carreira do ciclista Graeme
Obree (Jonny Lee Miller), que tem como escopo superar seus limites humanos no ciclismo.
Na garagem de sua casa, artesanalmente monta sua bicicleta e desenvolve
e revela diferentes posições ergonômicas em movimento para melhorar sua
aerodinâmica.
Toda
invenção, precisa uma grande margem de indefinição. Durante uma das fases em
que ele não consegue fazer o projeto ir para a frente, têm um insight olhando a
máquina de lavar roupas de sua casa. Ao ver todo aquele mecanismo girar a uma
alta velocidade, resolve desmontar a máquina e ver como funcionava. Ele vê os
rolamentos do motor de centrifugação e não tem dúvidas: pega-os para colocar na
sua bicicleta. A bicicleta tinha várias inovações, mas a mais importante era a
posição de pilotagem, copiando a dos esquiadores de neve. Desta maneira ele
acreditava que a sua aerodinâmica seria melhor. O resto das modificações
eram quadro mais fino e leve, posição diferente de coroa e cassete e guidão
reto. Após conseguir o “recorde da hora” ele começou a ter muitos
problemas com a Comissão Internacional de Ciclismo. No filme fica muito bem claro,
mas é óbvio que eles não gostam das soluções de concepção de Obree e fazem de
tudo para barrar a sua participação em outras competições. Ora, numa sociedade
globalizada em que o trabalhador desenvolve a sua capacidade de trabalho de
forma parcelarizada, distanciando-se da visão de conjunto entre concepção e
execução, o filme demonstra a religação de pensamento e ação realizado.
Enfim,
além da integração social, sociologicamente, outra possibilidade que a bicicleta apresenta em
relação aos outros modos de transportes é a interpenetração,
representando a possibilidade de se transportar a própria bicicleta em outros
modos de transportes. Portanto, o planejamento de um sistema cicloviário, em
função do grau de inovação, deve antes de qualquer coisa levar em conta os
seguintes conceitos desenvolvidos a partir da abordagem ambiental no cenário
contemporâneo em função da escassez energética e da poluição. Um programa dessa
ordem deve ser amarrado, no caso de uma prefeitura, além do gestor de
transporte e trânsito de comunicação em função de uma visão global de comunicação
envolvida num plano desse e a sociedade usuários e não usuários e evidente com
as secretarias de meio a ambiente. Um programa desse tipo que agrega valores em
termos de qualidade de vida tem que ser desenvolvido na sua implantação a
partir da visão ecológica que a cidade terá em termos de redução da poluição e
de uma matriz energética dos transportes com menor impacto social no que diz
respeito a combustível fóssil. Também
deve levar em conta as condições e possibilidades de um programa desse tipo se
viabilizar financeiramente através de parcerias. Aliás, mais do que isso: dentro da ótica da
responsabilidade social, considerando a participação da população, onde os ciclistas e a
sociedade em geral a partir da capacitação de agentes multiplicadores que
garantem o êxito de um programa com um grau de inovação eficaz.
O modelo de
gestão de um programa cicloviário deve ser ao mesmo tempo representativo e enxuto.
A fim de envolver elementos da transversalidade e de agilidade para implantar medidas necessárias com a iniciativa privada e
Estado, implantação de unidades de bicicletários e publicidade em mídias
predefinidas nos mobiliários urbanos inerentes ao sistema. O êxito de um programa desse tipo, no final da
execução pode-se delegar essa gestão para associações de ciclistas usuários
desse sistema cicloviário. A demanda reprimida de ciclistas potenciais é muito
grande e por isso é muito fácil criar um fato político com o anúncio de
ciclovias. Ciclovia é uma dentre várias opções técnicas de segurança de
trânsito para melhoria da vida do ciclista. Ela pode ou não ser a opção mais
segura ou apropriada. No caso brasileiro, é inapropriado ter faixas para
ciclistas, mesmo com sinalização, trânsito compartilhado, pois é o mesmo que não
fazer quase absolutamente nada. Portanto, a quase totalidade dos acidentes no perímetro urbano envolvendo ciclistas
acontece exatamente em cruzamentos. E aí vem um curioso detalhe: não existe ciclovia sem algum tipo
de cruzamento. Como preparação ao início das multas a motoristas que colocarem ciclistas em risco, a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) vem colocando faixas em várias ruas e avenidas da cidade. As faixas têm o objetivo de alertar os motoristas quanto à prioridade da bicicleta nas vias e esclarecer o ciclista sobre as regras que devem ser seguidas.
Bibliografia
geral consultada.
* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do Curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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