Natal: uma festividade sincrética.
História
social é um nível de representação de análise da disciplinar que tem como objeto a sociedade
como um todo em tempo e espaço social. Surgiu como uma reação à história política e militar, que
destacava figuras individuais como reis e heróis. Desde o início das reflexões
sobre a história, com Heródoto e Tucídides, pode-se rastrear tentativas de
ampliar o objeto e a concepção do sujeito da história, mas é apenas no século
XX que a história econômica e a história social se desdobram intimamente ligadas.
O surgimento da história social esteve ligado à recepção do materialismo
histórico de origem marxista, sua adaptação e modificação por diferentes
escolas históricas, especialmente pela Escola dos Annales, na França. A
abordagem chamada história total também teria fronteiras imprecisas com a
história social, embora a história total privilegie inter-relacionar todos os
aspectos possíveis do passado. Não há história econômica e social. é possível dizer que há somente
história, em sua unidade. A história que é, por definição social, produto das relações humanas. Para o historiador marxista Eric Hobsbawm, a história social pode ser vista a partir de três ângulos.
Primeiro como a história dos pobres ou das classes mais baixas com foco na “história
do trabalho e das ideias e organizações socialistas”.
Em segundo lugar como a
história sobre “diversas atividades humanas difíceis de se classificar”. E,
finalmente, como o estudo da combinação entre a história social e a história
econômica. A partir dessas três variáveis, identifica-se a mudança para uma
história das coletividades, que vem fornecer contribuições significativas a
partir de vivências e experiências, que permitem uma mudança na compreensão do
desenvolvimento das sociedades no estudo historiográfico. Na Espanha, a
história social é recebida pela influência europeia e pelo trabalho de
hispanistas fabulosos como Pierre Vilar e de exilados, por exemplo, como Manuel Tuñón de Lara. Em
1946 foi para o exílio em Paris, devido à perseguição sofrida por ser membro do
conselho diretivo da União dos Intelectuais Livres. Ali travou relações
com Manuel Núñez de Arenas, de quem se considerava um discípulo e com Pierre
Villar, que o incentivou a continuar seus estudos em História, graduando-se em
1953. Nesse período, publicou numerosos artigos na imprensa ligados aos
Partidos Comunistas de vários países. Ao longo dos anos cinquenta abandonou o Partido
Comunista Espanhol, embora tenha mantido o seu compromisso com a esquerda
antifranquista. Atualmente, um dos seus principais representantes é Josep Fontana. Formou-se em História pela Universidade de Barcelona. Doutorou-sem História pela mesma universidade em 1970. É um dos historiadores mais prestigiados na Espanha. Foi aliuno de Vicens Vives e Ferrán Soldevilha. Recebeu influências de E. P. Thompson, Pierre Villar, Antônio Gramsci e Walter Benjamim.
A palavra “pobre” veio do latim “pauper”, que vem de pau- =
“pequeno” e pário = “dou à luz” e originalmente referia-se a terrenos
agrícolas ou gado que não produziam o desejado. A pobreza mais severa se
encontra nos países ditos “subdesenvolvidos”, mas esta existe em todas
as regiões. Nos países imperialistas, “manifesta-se na existência de
sem-abrigo e de subúrbios pobres”. A pobreza pode ser vista como uma
coletividade de pessoas pobres, grupos e mesmo de nações. Para
evitar este estigma, essas nações são chamadas ideologicamente “países
em desenvolvimento”. A pobreza pode ser absoluta ou relativa. A pobreza
absoluta refere-se a um nível que é consistente ao longo do tempo e
entre países. Um exemplo de um indicador de pobreza absoluta é a
percentagem de pessoas com uma ingestão diária de calorias inferior ao
mínimo estatístico necessário, ou seja, aproximadamente 2 000/2 500
quilocalorias. O Banco Mundial define a pobreza extrema como viver com
menos de 1 dólar por dia, economicamente em paridade do poder de compra
e pobreza moderada como viver com entre 1 e 2 dólares dos
norte-americanos por dia. Estima-se que 1 bilhão e 100 milhões de
pessoas a nível mundial tenham níveis de consumo inferiores a 1 dólar
norte-americano por dia e que 2 bilhões e 700 milhões tenham um nível
inferior a 2 dólares.
Originalmente destinada a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno, a festividade de Natal foi “ressignificada” pela Igreja Católica no século III, para estimular a conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano e então passou a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré. Embora tradicionalmente seja um dia santificado cristão, o Natal é amplamente comemorado por muitos não cristãos, sendo que alguns de seus costumes populares e temas comemorativos têm origens pré-cristãs ou seculares. Costumes populares modernos típicos do feriado incluem a troca de presentes e cartões, a Ceia de Natal, músicas natalinas, festas de igreja, uma refeição especial e a exibição de decorações diferentes; incluindo as árvores de Natal, pisca-piscas e guirlandas, visco, presépios e ilex. Além disso, o Papai Noel é uma figura mitológica popular em muitos países, associada com os presentes para crianças. Como a troca de presentes e muitos outros aspectos da festa de Natal envolvem um aumento da atividade econômica entre cristão e não cristãos, a festa tornou-se um acontecimento significativo e um período chave de vendas para os varejistas e para as empresas. O impacto econômico da comemoração é um fator que tem crescido de forma constante ao longo dos últimos séculos em muitas regiões do mundo globalizado.
Nascido
como filho dito “ilegítimo” de um notário Piero da Vinci e de uma camponesa,
Caterina, em Vinci, na região da Florença, Leonardo da Vinci foi educado no
ateliê do renomado pintor florentino, Verrocchio. Passou a maior parte do
início de sua vida profissional a serviço de Ludovico Sforza (Ludovico il
Moro), em Milão. Trabalhou posteriormente em Veneza, Roma e Bolonha, e passou
seus últimos dias na França, numa casa que lhe foi presenteada pelo rei
Francisco I. Leonardo era como até hoje, conhecido principalmente como pintor.
Duas de suas obras, a “Mona Lisa” e “A Última Ceia”, estão entre as pinturas
mais famosas, mais reproduzidas e mais parodiadas de todos os tempos, e sua
fama se compara apenas à “Criação de Adão”, de Michelangelo. O desenho do Homem
Vitruviano, feito por Leonardo, também é tido como um ícone cultural, e foi
reproduzido por todas as partes, desde o euro até camisetas. Cerca de quinze de
suas pinturas sobreviveu até os dias de hoje. O número pequeno se deve às suas
experiências constantes e que ocorrem frequentemente de formas desastrosas com
novas técnicas, além de sua procrastinação crônica. Estas poucas obras,
juntamente com seus Cadernos de Anotações que contêm acumulação ordinária de
desenhos, diagramas científicos, e pensamentos sobre a natureza da pintura,
formam uma contribuição histórica e etnológica às gerações de artistas que só
pode ser rivalizada à de seu contemporâneo, Michelangelo.
Leonardo
é reverenciado pela sua engenhosidade tecnológica. Concebera ideias maquínicas
muito à frente de seu tempo, como um protótipo de helicóptero, um tanque de
guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações,
e uma teoria rudimentar das placas tectônicas. Um número relativamente pequeno
de seus projetos chegou a ser construído durante sua vida (muitos nem mesmo
eram factíveis), mas algumas de suas invenções menores, como uma bobina
automática, e um aparelho que testa a resistência à tração de um fio, entraram
sem crédito algum para o mundo da indústria. Como cientista, foi responsável
por grande avanço na representação do conhecimento no âmbito da anatomia, da
engenharia civil, da ótica e da hidrodinâmica. O homem representa todo o
Universo e nele está consciente. Microcosmo é o Universo do ponto de vista
pessoal e subjetivo, por oposição ao macrocosmo: ao Universo do ponto de vista
coletivo e objetivo. No Homem encontram-se o universal e o particular,
ora na forma de conteúdo, o que é contido, ora na forma de continente, o que
contém. O microcosmo é o mundo do homem consciente de si, e o mundo é a medida
do homem.
Além
do microcosmo estende-se o macrocosmo, mas além desse último não há o que
estender, porque não há medida fora do mundo. Leonardo da Vinci é considerado
por vários letrados o maior gênio da história, devido a sua multiplicidade de
talentos para ciências e artes, sua engenhosidade e criatividade, além de suas
obras polêmicas. Por que “Outro Capra”? A resposta vem da pena etnográfica de
Fritjof Capra quando admite: - Como cientista e autor, afastei-me do meu
trabalho habitual neste livro: The Science of Leonardo. No entanto, foi
um livro profundamente gratificante de escrever, já que o trabalho científico
de Leonardo tem me tem fascinado por mais de três décadas. Quando comecei minha
carreira no início da década de 1970, meu plano era escrever um livro “popular
sobre a física das partículas”. Concluí os três primeiros capítulos e abandonei
o projeto para escrever The Tao of Physics, no qual incorporei a maior
parte do manuscrito inicial. Começava com uma breve história da ciência
ocidental moderna, e a abertura de declaração de Leonardo
sobre os fundamentos empíricos da ciência.
É
radicalmente interessado em todos os campos do saber e do conhecimento. Seu interesse vital parece ter sido a
investigação científica. Embora Leonardo nos tenha deixado, nas palavras do
estudioso da Renascença Kenneth Clark, “um dos mais volumosos e completos
registros de uma mente que já chegaram até nós”, seus cadernos de notas não nos
fornecem quase nenhuma pista do caráter e da personalidade do autor, o que
parece ter cultivado certo mistério. E com essa aura sobre seus extraordinários
talentos, Leonardo da Vinci se tornou uma figura lendária mesmo em vida, e sua
lenda foi personificada, amplificando-se em diferentes graus nos séculos após a
sua morte. Para Kenneth Clark, “Leonardo é o Hamlet da história da arte, que
cada um de nós deve recriar para si mesmo”. Portanto, a imagem etnográfica, na
abordagem de Capra, em termos científicos atuais, é a de um Leonardo como um
pensador sistemático, um ecologista, um teórico da complexidade, cientista e
artista com uma profunda reverência pela vida e o desejo de trabalhar pela
humanidade.
Antes de Júlio César criar, com a ajuda do astrônomo
Sosígenes, o calendário dito Juliano, os romanos tinham meses lunares,
que começavam em cada lua nova. No primeiro dia da lua nova, chamado dia
das calendas (“calendae”), um dos pontífices convocava o povo no
Capitólio para informar as celebrações religiosas daquele mês. O
pontífice mencionava um por um os dias que transcorreriam até as nonas,
repetindo em voz alta a palavra “calo”, eu chamo. A partir do calendário
Juliano, que não era lunar, as nonas foram o quinto dia nos meses de
trinta dias e o sétimo nos meses de trinta e um. De “calendae”, os
romanos criaram o adjetivo “calendarius”, relativo às calendas, e o
substantivo “calendarium”, com o qual designavam o livro de contas
diárias e, mais tarde, o registro de todos os dias do ano. Na língua
portuguesa, até o século XIII, a palavra calendas era empregada, para
denominar o primeiro dia de cada mês. No calendário as listas dos dias
dos anos com suas correspondentes festividades religiosas. O calendário
dos gregos não tinha calendas. Ipso facto, os romanos conceberam
a expressão “Ad calendas graecas”, para referir-se a algo que não iria
ocorrer.
Admite-se que durante o ano 245 d. C., o teólogo Orígenes
repudiava a idéia de se festejar o nascimento de Jesus “como se fosse um
Faraó”. Há inúmeros testemunhos de como os primeiros cristãos
valorizavam cada momento da vida de Jesus Cristo, especialmente sua
Paixão e Morte na Cruz. No entanto, não era costume na época comemorar o
aniversário e, portanto não sabiam que dia havia nascido o seu Senhor.
Os primeiros testemunhos indicam datas muito variadas, e o primeiro
testemunho direto que afirma que Jesus Cristo nasceu no dia 25 de
dezembro é de Sexto Júlio Africano, no ano 221. De acordo com o
almanaque romano, a festa já era celebrada em Roma no ano 336 d. C. Na
parte Oriental do Império Romano, comemorava-se em 7 de janeiro o seu
nascimento, ocasião do seu batismo, em virtude da não-aceitação do
Calendário Gregoriano. No século IV, as igrejas ocidentais passaram a
adotar o dia 25 de dezembro para o Natal e o dia 6 de janeiro quando
comemora-se a visita dos Magos. Originalmente destinada a celebrar
o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno, ou, “natalis
invicti Solis”, as festividades foram “ressignificadas” pela Igreja
Católica no século III para estimular a conversão dos povos pagãos sob o
domínio do Império Romano; então passou a comemorar o nascimento de
Jesus de Nazaré, como festa a representação social do Natal,
comemorada no dia 25 de dezembro desde o Século IV pela Igreja
ocidental.
A Adoração dos Magos, por Leonardo da Vinci.
Desde o século V pela Igreja oriental, celebra
o nascimento de Jesus Cristo e assim tem sido o seu significado nas
línguas neolatinas. Muitos historiadores localizam a 1ª celebração em
Roma, no ano 336 d. C., no entanto parece que os primeiros registros da
celebração do Natal têm origem anterior, na Turquia, a 25 de dezembro,
já em meados do séc. II. O cristianismo e o judaísmo messiânico
consideram Jesus como o Messias aguardado no Antigo Testamento e
referem-se a ele como Jesus Cristo, um nome também usado fora do
contexto cristão. Praticamente todos os académicos contemporâneos
concordam que Jesus existiu realmente, embora não haja consenso sobre a
confiabilidade histórica dos evangelhos e de quão perto o Jesus bíblico
está do Jesus histórico. A maior parte dos académicos concorda que Jesus
foi um pregador judeu da Galileia, foi batizado por João Batista e
crucificado por ordem do governador romano Pôncio Pilatos. Os académicos
construíram vários perfis do Jesus histórico, que geralmente o retratam
em um ou mais dos seguintes papéis: o líder de um movimento
apocalíptico, o Messias, um curandeiro carismático, um sábio e filósofo,
ou um igualitário. A investigação tem comparado os testemunhos do Novo
Testamento com os registos fora do contexto cristão de modo a determinar
a cronologia da vida de Jesus.
Para compreendermos como surgiu o dia 25 de
dezembro, e o que tem esta data a ver com o suposto nascimento de Jesus,
é necessário analisarmos alguns fatos. Em dezembro era celebrada a festa
dos Saturnais, dedicado ao deus Saturno, que durava cerca de quatro dias
ou mais. Segundo criam os pagãos romanos, este deus habitava no Lácio -
nome proveniente de ter ele se escondido naquela região - Lateré - que
significa “esconder-se, ocultar-se”. E tendo sido recebido pelos homens,
lhes ensinou a agricultura, trazendo, segundo a narrativa mitológica, a
chamada “Idade do Ouro”. Os Saturnais procuravam repetir esse período,
quando ninguém trabalhava, os tribunais e escolas eram fechados, havendo
nessa festa um fato social e político importante: “os escravos recebiam
permissão temporária para fazer tudo o que lhes agradasse, e eram
servidos pelos amos”. Anteriormente, era coroado um rei, que fazia o
esperado papel de representação de Saturno, quando “usufruía de todas as
prerrogativas daquele deus durante um tempo e depois morria, por sua
própria mão ou sacrificado”.
Os primeiros indícios da celebração e
conjunta comemoração da festa cristã litúrgica homenageando o
nascimento de Jesus, em 25 de dezembro, registram-se a partir do
Chronographus Anni CCCLIV. Essa comemoração começou em Roma,
enquanto no cristianismo oriental o nascimento de Jesus já era celebrado
em conexão com a Epifania (que significa “manifestação”), em 6 de
janeiro. A comemoração em 25 de dezembro foi importada, no plano das
ideias para o oriente mais tarde: em Antioquia por João Crisóstomo, no
final do século IV, provavelmente, em torno de 388, e em Alexandria
somente no século seguinte. Mesmo no ocidente, a celebração da
natividade de Jesus em 6 de janeiro parece ter continuado posteriormente
a 380. No ano 350, o Papa Júlio I levou a efeito uma investigação
pormenorizada. Proclamou o dia 25 de dezembro como data oficial e o
Imperador Justiniano, em 529, declarando-o feriado nacional. Foram
os calendários mais simples como a lunação e os sete dias da semana que
permitiram aos historiadores refazer em tempo real todos os eventos
históricos relevantes. Em Portugal, no Brasil e em quase
todos os países e culturas de língua portuguesa existem duas formas para
representação da semana. Uma forma é representada e derivada da
sequência de costumes dos dias criados a partir dos eventos bíblicos,
sendo sábado o sétimo e último dia da semana, dia de oração e de
descanso da exploração social do trabalho. Segundo estudos, a data de 25 de dezembro não é a data real do
nascimento de Jesus.
A Igreja entendeu que
devia cristianizar as festividades pagãs porque há muito tempo
foi também instituído pela igreja católica no ano 525 Pelo papa João I.
E na verdade essa data festejava o dia do nascimento do deus sol, mitra,
baal, tamuz (Ez 8:13-16). - E nós podemos provar a luz das
Escrituras que Jesus o filho do Eterno nasceu em outubro no 7º mês
do calendário Bíblico Etanin. Portanto, segundo certos eruditos, o
dia 25 de dezembro foi adotado para que a data coincidisse com a
festividade romana dedicada ao “nascimento do deus sol invencível”, que
comemorava o solstício do Inverno. No mundo romano, a Saturnália,
festividade em honra ao deus Saturno, era comemorada de 17 a 22 de
dezembro; era um período de alegria e troca de presentes. O dia 25 de
dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus persa
Mitra, o Sol da Virtude. Assim, em vez de proibir as festividades pagãs,
forneceu-lhes simbolismos cristãos e uma nova linguagem cristã. As
alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como “o sol de
justiça se levantará trazendo cura em suas asas. E vocês sairão e
saltarão como bezerros soltos no curral” (cf. Malaquias 4:2) e a “luz do
mundo” frase que Jesus se utilizou para descrever a si mesmo e seus
discípulos no Evangelho de João (cf. João: 12) não só expressam uma
etnografia e atitude religiosa como confirmam o sincretismo
religioso nas festividades referidas ao pleno de Natal.
Escultura Saturnália, de Ernesto Biondi, 1909.
Enfim, a palavra igreja, “ecclesia”, a
representação (αντιπροσώπευση) “casa de Deus” tem
diversos significados nos livros Sagradas Escrituras,
onde os cristãos se reúnem para cumprir seus deveres religiosos. O
templo de Jerusalém era a casa de Deus e a casa de oração. O edifício
dedicado pelos cristãos ao culto de Cristo, que os sacerdotes gregos
chamavam “Kyriaké” (“a casa do senhor”), e, na língua inglesa, veio historicamente a se chamar “Kirk” e “church”. Em Roma, em análise comparada, essa assembleia
denominada “Concio”, é aquela que falava “Ecclesiastes” e
“Concionator”. No Novo Testamento, uma igreja é uma representação de um grupo
de cristãos que seguem a Cristo. A palavra pode ser usada para falar
de todos aqueles que servem ao Senhor, não importa onde estejam (cf.
Hebreus 12: 22-23). É frequentemente usada para descrever grupos
locais de discípulos que se encontram para adorarem, para edificarem
uns aos outros e para proclamarem o evangelho de Jesus.
É neste sentido que lemos sobre a igreja em
Antioquia da Síria (Atos 13:1), sobre as igrejas em Listra, Icônio e
Antioquia da Pisídia (Atos 14: 21-23), sobre a igreja em Éfeso (Atos
20: 17), a igreja em Corinto (1 Coríntios 1:1; 2 Coríntios 1:1),
as igrejas na região da Galácia (cf. Gálatas 1:2) e a igreja dos
tessalonicenses. É neste ambiente de igrejas que encontramos homens
escolhidos para supervisionar e guiar. Os sistemas comuns de
denominações, de ligas internacionais de igrejas e de hierarquias que
ligam e governam milhares de igrejas locais, são invenções do homem.
Não há modelo bíblico de tais arranjos. No Novo
Testamento, os cristãos serviam juntos em congregações locais.
Eles eram gratos pelos seus irmãos em outros lugares. Mas não tentavam
criar laços de organização social onde os cristãos de um lugar
pudessem dirigir ou governar o trabalho de discípulos de outro lugar.
Este modelo claro se espraia se considerado o ensinamento específico
sobre a organização social de uma igreja.
É ainda nesse último sentido, para Thomas Hobbes,
que a Igreja pode ser entendida como uma pessoa, isto é, que
ela “tenha o poder de querer, de pronunciar, de ordenar, de ser
obedecida, de fazer leis ou de praticar qualquer espécie de ação”. Se
não existir a autoridade de uma congregação legítima,
qualquer ato praticado por um conjunto de pessoas é um ato individual
de cada um dos presentes que contribuíram para a prática desse ato.
Não um ato conjunto, como se fosse de um só corpo. Nem um ato dos
ausentes ou daqueles que, estando presentes, eram contra a sua
prática. Uma Igreja pode ser definida “como um conjunto de pessoas que
professam a religião cristã, ligadas à pessoa de um soberano, que
ordena a reunião e que determina quando não deverá haver reunião”.
Ipso facto, politicamente distingue entre a condição da
pessoa e o ofício. Enquanto historicamente Maquiavel discutia as
virtudes e deveres dos príncipes, como para Louis XIV “o Estado sou
eu”, Hobbes desafiou tal conceito dizendo que “o príncipe poderia ser
legitimamente substituído”. Nos Estados semelhantes assembleias são
ilegítimas, se não autorizadas pelo soberano civil.
Ilegítima em qualquer Estado em que tiver
sido proibida.
Constantino, imperador romano que trouxe ao cristianismo o fim da
perseguição, conduziu aquilo que tem mais poder destrutivo da fé cristã:
o sincretismo religioso. Constantino, um crente fiel ao culto do deus
Mitra, não poderia deixar sua influência para associar o dia 25 de
dezembro, data oficial do natal (nascimento) do deus Mitra. No afã de
ganhar os pagãos para o cristianismo a qualquer custo, o catolicismo
apelou para a prática do sincretismo. A Bíblia Sagrada é enfática na
objeção a essa prática: - “guarda-te, não te enlaces com imitá-las, após
terem sido destruídas diante de ti; e que não indagues acerca dos seus
deuses, dizendo: Assim como serviram estas nações aos seus deuses, do
mesmo modo também farei eu” (Dt. 12.30). O natal é uma festa católica e
pagã. Essa festa não devia fazer parte do calendário das igrejas cristãs
evangélicas. A mistura com a cultura tem sido tão irreversível que em
algumas denominações, os utensílios dessas festas já fazem parte da
ornamentação dos prédios evangélicos. As teologias liberal ou
liberalismo teológico foi um movimento teológico cuja produção se deu
entre o final do século XVIII e o início do século XX.
Relativizando a autoridade da Bíblia, estabeleceu uma mescla da
doutrina bíblica com a filosofia e as ciências da religião. Ainda hoje,
um autor que não reconhece a autoridade final da Bíblia em termos de fé
e doutrina é denominado, pelo protestantismo ortodoxo, de teólogo
liberal. Oficialmente, a teologia liberal provavelmente se iniciou, no
meio histórico e cultural de debate em torno do ideário evangélico, com o alemão Friedrich Schleiermacher, o qual negava
essa autoridade e não por acaso igualmente a historicidade dos milagres referidos de Cristo. Ele
não deixou uma só doutrina bíblica sem contestação. Para ele, o que
valia era o sentimento humano: se a pessoa aparentemente sentia a
comunhão com Deus, ela estaria salva, do mesmo sem crer na totalidade do
Evangelho para que tudo isso ocorra sem dor na consciência. Apologistas
evangélicos se colocam favoráveis a essa tendência
gospel. Historicamente Grécia e Roma são considerados os países da civilização
da epigrafia, devido suas cosmologias heteróclitas, tendo em vista
ênfase de sua historicidade assenta-se nas memórias da escravidão.
embora a escrita tenha levado um longo caminho como ponto de partida ao
seu suporte.
As
origens mais antigas dos hebreus ou israelitas ainda não se conhecem. A Bíblia
sempre é a fonte mais importante para estudar esse povo. As origens se
iniciaram com Abraão, líder de uma tribo de pastores seminômades que, recebendo
os conselhos de Deus, partiu da cidade de Ur na Mesopotâmia, perto das margens
do rio Eufrates, foi para Harã e depois se fixou na terra de Canaã, no litoral
leste do mar Mediterrâneo. O caráter dessa migração era religioso e teve grande
duração de tempo até a chegada de Abraão à terra que Deus prometeu. Abraão, em
contrapartida aos demais homens da época, cria em um único Deus, que criou o
mundo, que não se podia ver e que lhe ordenou que partisse para Canaã. Premiado
por obedecer a isso e por crer, uma promessa de Deus foi recebida por ele: sua
família originaria um povo que se destinaria a ter a terra de Canaã, na qual,
de acordo com a Bíblia, brotava leite e mel. Renovou-se essa promessa a Isaac,
do qual Abraão era pai e mais tarde a Jacó (do qual Abraão era avô), este
recebendo dum anjo a denominação de Israel, cujo significado é “o forte de
Deus”. No entanto, Canaã foi definitivamente conquistada, no século XIII a.C.,
durante a saída de Moisés do Egito e a condução de todos os hebreus à Terra
Prometida, em 1 250 a.C.
São
chamados de patriarcas os três primeiros líderes dos israelitas: Abraão, Isaac
e Jacó. O primeiro passava a sua vida em Ur, na Mesopotâmia. Abraão é ordenado
por Deus que partisse para Canaã e lhe é prometido por ele que sua família terá
um excelente futuro. Abraão viaja e é estabelecido na terra de Canaã com seus
familiares. Depois que morreu, é sucedido por Isaac, do qual Abraão é pai.
Depois, é seguido por Jacó, do qual Isaac é pai. Jacó é pai de doze filhos, que
vão originar as doze tribos de Israel. José, o mais jovem deles, é o preferido
dos pais. Ele é invejado pelos irmãos de tal maneira que é vendido como escravo
a comerciantes egípcios, sejam eles nascidos no país, sejam eles imigrantes. No
Egito, José trabalhará na corte do Faraó. Depois de uma grande quantidade de
aventuras ele é nomeado primeiro-ministro. Naquela época, muitos israelitas
ficam sem nada para comer e José conseguiu estabelecer sua família no Egito. A
vida dos hebreus no Egito foi pacífica por uma grande quantidade de gerações.
No entanto, um faraó ficou inquieto porque a população cresceu e seu país ficou
poderoso. Decide transformá-los em escravos e ordena a matança de todos os
meninos nascidos.
Naquele
tempo, surge numa família de hebreus, o menino Moisés. Para ser salvo, é
acomodado por sua mãe em uma pequena cesta feita de papiro e é escondido dentre
os caniços do rio Nilo. A filha do faraó recolhe o bebê e o educa na corte.
Chegando na idade adulta, Moisés se revolta porque seu povo é miserável e se
refugia no deserto do Sinai. Ali, Deus é revelado a ele e lhe promete duas
coisas: tornará livres os israelitas da escravidão e ser-lhe-á dado o país de
Canaã. Desde então, a missão extraordinária de Moisés é de que o povo israelita
será guiado até a Terra Prometida e será por ele transmitida aos homens a
mensagem de Deus incluída nos dez mandamentos. Moisés retornou, então, para o
Egito, para juntamente do faraó e lhe pediu que fosse permitida a partida dos
hebreus à sua terra, porque Deus ordenou. Sabendo que o faraó recusou, o Egito
é castigado por Deus com dez terríveis pragas, contadas na Bíblia. Enfim, o
faraó renuncia e os israelitas são libertados: é o Êxodo, ou seja, o momento
histórico em que os hebreus saíram do Egito. Os hebreus foram conduzidos por
Moisés por meio do deserto do Sinai. Outra vez, Deus é revelado a ele,
ser-lhe-ão dadas as Tábuas da Lei, com os dez mandamentos e uma aliança, um
pacto é feito por Moisés com os israelitas. Estes são protegidos por ele até
entrarem na terra de Canaã, no entanto, será exigido em troca que seu povo
obedeça absolutamente a suas leis. Sem dúvida, são ditas por Deus
Na Grécia foi criada a deusa da memória,
Mnemonisa e no Egito, Mesopotâmia, China e América pré-colombiana
civilizaram a memória. O dia 2 de novembro virou desde a Idade Média (no início da Igreja) a
data de culto aos mortos, sociedade que venerava os velhos pela sua
memória. A proposta dos enciclopedistas Diderot e D’Alembert era fazer uma
recolha da memória com a enciclopédia. A valorização da comemoração e o
túmulo são ambos do século XIX época em que foram criados os
museus. Após a Guerra da Secessão nos Estados Unidos da América foi
criada uma data comemorativa pelos nortistas. O auge da memória foi na
era dos regimes fascistas e nazistas. Le Goff apresenta o argumento de
Breton, “e se a memória mais não fosse que um produto da imaginação?”
Segundo Freud, nada do que possuímos (na mente) pode ser inteiramente
perdido. O calendário tem como representação um sistema anual,
social, do ritmo do universo, cientifico cultural e
ipso facto emblema de poder. Sua manipulação no início era um
direito real e importante relativo à história social
do cristianismo. Desnecessário dizer que culturalmente no Egito,
cinco séculos antes de Cristo, existia um calendário de 12 meses e de 30
dias para cada mês. Por calendário entendem-se as tradições, os costumes
e os dias santos, que neste caso distingue-se da revolução francesa
em seu calendário revolucionário, quando lembrava Marx, viva a
revolução, acabou a revolução!
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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto
à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP).
Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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