sábado, 22 de fevereiro de 2025

Glória Maria – Primeira Repórter & Narradora Negra da TV Brasileira.

Fui a primeira a fazer matérias de aventura na televisão, a voar de asa-delta, a cobrir guerra”. Glória Maria

            Vila Isabel é um bairro da Zona Norte do município do Rio de Janeiro. O bairro foi oficialmente fundado em 3 de janeiro de 1872, inspirado no “urbanismo parisiense”. Para urbanizá-lo e loteá-lo, Drummond organizou a Companhia Arquitetônica de Vila Isabel (1873), contratando o arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, discípulo de Grandjean de Montigny. É também reconhecido por ser um dos berços do samba no Brasil, localiza-se na subprefeitura da Grande Tijuca. É vizinho dos bairros de Grajaú, a Oeste; Maracanã, a Leste; Andaraí e Tijuca a Sul; e Engenho Novo, Sampaio, Riachuelo, Rocha e São Francisco Xavier, a Norte, pelos quais é separado pela Serra do Engenho Novo. Vila Isabel é sede da região administrativa de Vila Isabel, a mesma engloba os bairros de Vila Isabel, Andaraí, Grajaú e Maracanã. Seu índice de qualidade de vida, no ano 2000, era de 0,901, o 27º melhor do Rio de Janeiro, dentre 126 bairros avaliados, sendo considerado alto. As terras da fazenda eram cortadas por duas antigas estradas, a do Macaco e a de Cabuçu, que se tornaram, respectivamente, a Boulevard 28 de Setembro e a Rua Barão do Bom Retiro. O sistema de transporte de bondes a tração animal, provido pela Companhia Ferrocarril de Vila Isabel, empreendimento também criado por Drummond para explorá-lo (1873). Foi inaugurado em 1875, ligando o bairro ao Centro com a Companhia de Fiação e Tecidos Confiança Industrial, uma fábrica de tecidos localizada em Aldeia Campista, entre os bairros de Vila Isabel e do Andaraí, na Zona Norte do Rio de Janeiro, fundada em 1885.  

          Glória Maria Matta da Silva (1949-2023) revelou-se uma extraordinária jornalista, repórter e apresentadora de televisão na sociedade brasileira. Considerada um dos maiores símbolos do jornalismo brasileiro, foi a primeira repórter a realizar matérias jornalísticas ao vivo e a cores na televisão no Brasil. Glória Maria nasceu no bairro de Vila Isabel, na Zona Norte da capital do Rio de Janeiro. Começou sua vida profissional como telefonista na extinta Telecomunicações do Rio de Janeiro (Telerj), a empresa operadora de telefonia do sistema Telebras no estado do Rio de Janeiro, antes do processo de privatização em julho de 1998. Graduada em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), na década de 1960 foi princesa do bloco carnavalesco Cacique de Ramos. De acordo com Bira presidente, ela conseguiu seu primeiro emprego quando foi, junto com o bloco, apresentar-se no programa do Chacrinha, na Rede Globo de Relevisão. Após a apresentação, conseguiu um estágio na emissora, já que tinha concluído o curso superior. – “O Chacrinha pedia sempre para eu levar a rainha e a princesa do bloco ao programa. Lá, a Glória comentou que precisava fazer um estágio, e ele gostou dela”, recorda o carioca Bira. A antiga fábrica é um supermercado. O bairro tem nove prédios tombados pelo Patrimônio Histórico. 

No antigo Jardim Zoológico, o primeiro do Brasil, hoje denominado de “Recanto do Trovador”, o Barão de Drummond criou o famoso jogo do bicho. No início do século XX, historicamente o bairro tornou-se ponto de encontro de músicos e boêmios, como Noel Rosa, adquirindo, então, a fama de bairro boêmio. No meio da Boulevard 28 de Setembro, encontra-se a Igreja Matriz de Vila Isabel, a Basílica Nossa Senhora de Lourdes. A matriz recebeu o título de basílica menor, em 23 de maio de 1959, concedido pelo Papa João XXIII. Aos domingos, de manhã bem cedo, os sinos da Igreja de Santo Antônio, a segunda maior, repicam continuamente. Esse templo fica no alto do morro, acedido por uma longa escadaria. Os limites do bairro abrangem todo lado direito da Serra do Engenho Novo descendo a Rua São Francisco Xavier até a Av. Prof. Manoel de Abreu seguindo a Av. Engenheiro Otacílio Negrão de Lima, Av. Maxwell e Rua Barão de Mesquita até a Rua Barão do Bom Retiro e seguindo esta até o gargalo que separa o Maciço da Tijuca da Serra do Engenho Novo, na altura do Parque do Trovador. O Cacique de Ramos, culturalmente falando, quer dizer, é um dos mais reconhecidos e tradicionais blocos de carnaval do Rio de Janeiro. São entidades carnavalescas análogas que desfilam, do ponto de vista disciplinar, antes do carnaval e terminam após o carnaval do Estado do Rio de Janeiro, são divididos em: enredo, sujo, embalo e os clubes de frevo, entre outros.

           O indivíduo privatista é o mesmo que pensa ser justificada a existência do espaço público apenas na medida em que satisfaz os interesses dos indivíduos privados. O mesmo indivíduo que tolera, admite e recomenda a privatização da vida pública em que seus representantes aparentemente se constituam em modelos de probidade. Na esfera pública da cidadania comparativamente, não obstante, quase sempre confunde princípios políticos com metas econômicas e está disposto a abrir mão da aparente moralidade e pudor quando um representante demonstra ser um bom administrador. O mesmo que exige probidade moral e pública e desrespeita as regras mínimas da convivenciabilidade em nome da satisfação de interesses privados. A distorção entre o campo social e o político decorre da moderna concepção da sociedade, a qual encara a política como um espaço de regulação da esfera privada. Hannah Arendt (1906-1975) defendia um conceito de pluralismo no âmbito político. Graças ao pluralismo, o potencial de uma liberdade e igualdade política seria gerado entre as pessoas. O que significa o juízo? Primeiramente, organização e subsunção do individual e particular ao geral e universal, procedendo-se então a uma avaliação ordenada com a aplicação de parâmetros pelos quais se identifica o concreto e de acordo com decisões. Por trás desses juízos há um prejulgamento, um preconceito social. O caso individual é julgado, não o próprio parâmetro, ou a questão de ele Ser ou não, uma medida adequada do objeto que está sendo medido.  Num dado momento, emitiu-se um juízo sobre o parâmetro, mas esse juízo foi adotado, tornando-se um meio para se emitirem juízos. 

Mas juízo pode significar algo totalmente diferente e sempre significa de fato quando nos confrontamos com algo que nunca vimos e para o que não temos nenhum parâmetro à disposição. Esse juízo que não conhece parâmetro só pode recorrer à evidência do que está sendo julgado, e seu único pré-requisito é a faculdade de julgar, o que tem muito mais a ver com a capacidade de discernir do que com a capacidade de organizar e subordinar. Tais juízos sem parâmetros nos são bastante familiares quando se trata de questões de estética e gosto, que, como observou Immanuel Kant, não se podem discutir, mas de que se pode, seguramente, discordar e concordar. Na vida cotidiana, como sabemos isso se verifica “em face de uma situação desconhecida, que fulano ou beltrano fez um juízo correto ou equivocado”.  Melhor dizendo, em toda crise histórica, são os preconceitos os primeiros a se esboroar e deixar de ser confiáveis, ipso facto, é essa pretensão de universalidade que distingue muito claramente ideologia de preconceito (sempre parcial por natureza). A ideologia afirma peremptoriamente que não devemos mais nos fiar em preconceitos - declarados como literalmente inapropriados. A falta de padrões no mundo moderno - a impossibilidade de formar novos juízos sobre o que aconteceu e o que acontece todos os dias com base em padrões sólidos, reconhecidos por todos, e de subsumir esses eventos a princípios gerais bem conhecidos, assim como a dificuldade estreitamente associada, de se proverem princípios de ação para o que deve acontecer agora - descrita como niilismo inerente à época, como desvalorização de valores, espécie de crepúsculo dos deuses, uma catástrofe na ordem moral do mundo.

Todas essas interpretações pressupõem tacitamente que só se pode esperar que os seres humanos tivessem juízos se tiverem parâmetros, que a faculdade de julgar não é, mais do que a habilidade de consignar casos individuais aos seus lugares corretos e adequados dentro de princípios gerais aplicáveis e sobre os quais estão todos de acordo. Escólio: Fazem parte da tabela do jogo 25 bichos, cada um correspondendo a quatro dezenas, somando 100 dezenas finais nos sorteios da loteria. O número do bicho é chamado de grupo. Para saber qual é o bicho (grupo), divide-se a dezena por 4 e se houver resto, aumenta-se 1 ao quociente. Ex.: 33 divididos por 4 é igual a 8, resta 1, logo o grupo do bicho é 9, que é “cobra”. O jogo do bicho foi criado pelo Barão João Batista Viana Drummond (1825-1897), carioca que viveu no final do século XIX, na cidade do Rio de Janeiro. O barão de Drummond era um empresário reconhecido de grande prestígio na Corte, participava de vários empreendimentos e investimentos e era acionista da Cia Ferro Carril Vila Isabel. Quer dizer, o primeiro bairro planejado da cidade do Rio de Janeiro foi Vila Isabel. No projeto de criação do bairro estava previsto a instalação de um parque e de um jardim zoológico, jardim esse que mais tarde seria, não por acaso, o nascedouro do jogo de bicho. O Comendador Drummond, reconhecendo o projeto, solicitou, em 1884, permissão para instalar o jardim zoológico (cf. Magalhães, 2005; Bento, 2022). Em julho de 1888, houve a inauguração oficial do empreendimento que se tornou um sucesso.  Nesse mesmo ano, recebeu do Imperador Pedro II (1825-1891) o título nobiliárquico de Barão. Em 1890 com a segunda parte do projeto, ampliou as instalações do zoológico e criou um parque com plantas exóticas.

A situação financeira do zoológico, era difícil mesmo com a ajuda financeira recebida pela municipalidade, piorou com a criação do parque. O orçamento não era suficiente para cobrir as despesas com a alimentação dos animais e a manutenção do parque. O Barão tentou solucionar o problema cobrando dos visitantes, mas essa medida não foi bem aceita e provocou efeito contrário: os frequentadores do jardim zoológico desapareceram. O Barão recorreu à Intendência Municipal, visando obter licença para explorar jogos públicos lícitos nas dependências do zoológico, com a finalidade de trazer de volta o público visitante. A licença permitida “desde que não incluíssem os chamados jogos de azar, conforme estava previsto no Código Penal de 1890”. O mexicano Ismael Zevada, auxiliar do Barão, com o intuito de colaborar para a solução do problema mencionou o “jogo das flores” que existia em sua terra e que poderia ser adaptado para os “bichos”. A ideia foi analisada e posta em prática: foram pintados 25 quadros, cada quadro com um bicho, numerados a partir de 1. Antes de abrir o zoológico, o Barão escolhia um quadro e colocava-o em uma caixa que ficava estrategicamente a sua entrada. Em cada ingresso havia a figura de um dos vinte e cinco bichos. Às 15horas, a caixa era aberta e aqueles que tivessem no ingresso o bicho sorteado, eram os ganhadores de um prêmio em dinheiro. O primeiro sorteio ocorreu num domingo, em 3 de julho de 1892. O bicho sorteado foi o avestruz, uma espécie de ave não voadora, originária da África. Nessa ocasião publicista foram disponibilizados para o público consumidor, entre outros entretenimentos correlatos, porém, o jogo do bicho foi o que obteve na imprensa, um laissez faire e a própria reinauguração do zoológico.

Nesta época foram abertos os chamados “bookmakers”, casas de apostas que vendiam “poules” (“pule”) das mais diversas apostas permitidas ou não, inclusive a do jogo do bicho, que passou a ter validade por quatro dias. Assim o apostador não precisava ir ao zoológico nem estar presente no momento do sorteio. Além dos bookmakers, o Barão espalhou pela cidade seus agentes para vender os bilhetes do bicho, sendo essa participação dos vendedores ambulantes importante para o sucesso do jogo entre os apostadores. Mesmo clandestino, sobrevive por mais de um século graças às relações entre bicheiros e apostadores. Geralmente, os postos de trabalho dos “apontadores” de jogo e seus “clientes” são pessoas da mesma vizinhança, que discutem juntos as apostas. O prêmio é pago em dia um requisito básico para manter a credibilidade do sorteio e os apontadores tradicionais sabem de memória o palpite de seus clientes. Alguns apostadores protegem os bicheiros da polícia, escondendo-os em suas casas quando passa a fiscalização cotidiana. Por causa da repressão, o resultado do bicho é divulgado de maneira disfarçada, para não chamar a atenção da polícia. Um dos costumes é anunciar os animais sorteados em classificados ou em rádios clandestinas. Em alguns bairros, para evitar que os apontadores sejam pegos com a prova do crime, os bicheiros pregam os resultados do sorteio em um lugar público. Cada apostador arranca uma folha com o bicho do dia e leva o seu “fruto” para casa. Para ser vendido nas ruas, o jogo do bicho passou por adaptações: a primeira vincula os bichos aos números, depois veio a divisão em grupos e dezenas. Em 1897, morre o Barão, mas o jogo continua.

Em 1899, a Lei 628 que instituiu a pena de 1 a 3 meses de prisão para os acusados da prática do jogo do bicho. A imprensa teve sua contribuição na legitimação do jogo do bicho. Nas primeiras décadas do século XX, jornais foram criados em função do jogo. Em 1903 “O Bicho”, o primeiro dedicado ao jogo, mais tarde surgiram o “Talismã” e o “Mascotte”. Em 1915, o senador Érico Coelho apresentou um projeto de lei para legitimação do jogo do bicho, mas não foi aprovado. Segundo Magalhães (2006), o poder público responsável pela Capital Federal, jamais conseguiu definir uma estratégia efetiva para combater os chamados “bicheiros” ou deixar claro por que algumas loterias eram permitidas e outras não. Em 1941, o jogo do bicho é incluído na lei de Contravenções Penais. Cavalcanti (1995) afirma que depois de 1946, com a cassação de todas as licenças concedidas para funcionamento de casas de jogo no Brasil, o jogo do bicho se expandiu muito mais, acompanhando o crescimento de áreas periféricas. O bicheiro era reconhecido pela honra à palavra empenhada, obtendo com isso a confiança e o respeito do apostador, que recebia ajuda pessoal e benfeitorias públicas em troca da sua lealdade. O jogo do bicho, passou a fazer parte do cotidiano, do folclore e da vida contumaz brasileira, já tendo sido motivo para discórdia e infelicidade; tristeza e alegria. Foi tema consagrado para letra de música, roteiro de filmes, novela e enredo de escolas de samba.

É tema para trabalhos acadêmicos, livros, artigos de revistas e manchetes de jornais. A sua história já foi várias vezes sufocada à margem da sociedade, mas continua presente na cultura popular. A loteria foi “batizada” de jogo - bilhetes começaram a ser vendidos não apenas no zoológico, mas em lojas pela cidade. O jogo do bicho é semelhante a uma loteria federal, mas com algumas diferenças: uma delas é que o jogador pode apostar qualquer valor, que muitas vezes é bem acima de suas possibilidades. Quanto maior o valor apostado em uma sequência numérica (milhar, centena, dezena, etc.), maior será o prêmio em caso de acerto. Com essa flexibilidade de apostas, o jogador é livre para escolher pelo menor valor possível o seu número da sorte nas dez mil chances disponíveis em cada sorteio. Exemplo: um apostador pode jogar apenas R$ 1,00 num milhar no primeiro prêmio, reconhecido como na “cabeça por ser a primeiro milhar no topo da lista de resultados”. A repressão do Estado não demorou e autoridades criminalizaram a atividade nos anos 1890, pelo bem da segurança pública. No carnaval de 2013 foram 492 a desfilar pela cidade, o que levou a prefeitura a estudar sua diminuição. A história dos blocos já foi narrada em livro, de autoria de Aydano André Motta, lançado em 2011 como: Blocos de Rua do Carnaval do Rio de Janeiro.

Blocos carnavalescos protagonizados nas ruas, interdisciplinares (trabalho) e multiculturais têm obtido força na história social e prestígio carioca, a ponto de blocos tradicionais ficarem passadistas. Os desfiles dos campeonatos de blocos de enredo são filiados à Federação dos Blocos e desfilam no sábado de carnaval, onde de 2011 a 2014 passaram a desfilar definitivamente como Escola de Samba, sem ter de desfilar como avaliação. Os blocos de embalo já tiveram desfile na tradicional Avenida Rio Branco, como sua pista de desfile, cujo itinerário desde 2016 foi substituído pela Avenida Graça Aranha. As outras pistas de desfiles são a Estrada Intendente Magalhães, no Campinho e a Rua Cardoso de Morais, no bairro de Bonsucesso. Os blocos de embalo em sua maioria costumam desfilar antes e depois do período carnavalesco na maior parte na Zona Sul e Centro da cidade. Além de outras regiões, sempre no mesmo local e hora, a critério da Riotur, que organiza junto com outros setores do poder público, o trajeto desses blocos de embalo, com dia e horário. A Riotur é a empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro, e tem como finalidade incrementar o desenvolvimento das atividades turísticas da cidade, através de estudos e programas específicos, além de promover eventos de atração turística e executar uma política comercial geradora de recursos. Através da empresa estatal Riotur, a cidade promove o extraordinário carnaval carioca e o réveillon.

          Bairro de tradição boêmia, em muitos bares antigos ainda persistem na região, atraindo muitos clientes. No Boulevard 28 de Setembro o já extinto Restaurante Petisco da Vila ajudou a manter essa fama. Aldir Blanc, Martinho da Vila, Neguinho da Beija-Flor, Jamelão e o cartunista Jaguar foram clientes do Petisco. Graças a esses e tantos outros fregueses o Petisco da Vila alcançou o posto de maior vendedor de chope do país, com média de 42.000 litros consumidos mensalmente. Outro bar badalado do bairro é o Carioca da Vila, bar requintado e irreverente, os pratos tem nomes que fazem referência ao bairro, enaltecendo o espírito bairrista dos moradores da Vila. A tradicional adega Vilas Boas, na esquina da Boulevard 28 de Setembro com a Rua Silva Pinto, tem a fama de melhor bolinho de bacalhau da Grande Tijuca. Na esquina das ruas Visconde de Abaeté e Torres Homem se encontra um dos polos gastronômicos do bairro, o “quadrilátero do álcool”, desafia a matemática, por ser uma esquina que possui quatro pontas e 5 bares. O mais tradicional era o Bar do Costa, um dos mais antigos do bairro (infelizmente falido há anos), no seu lugar surgiu o Bar Veja Bem. O Bar Vilarejo também é outra excelente opção, destaque para cozinha do bar que é excelente, com variedades de pratos e petiscos. A rua dos Artistas também conta com uma variedade comercialmente de bares, botequins e restaurantes, como uma filial do Bar do Adão, tradicionalmente transformou-se em um bar do vizinho bairro Grajaú, famoso por seus pasteis. Porem o mais tradicional dessa parte da Vila Isabel é o Restaurante Siri, com especialização em frutos do mar, o Siri atrai o público fã dessas iguarias.  

O bairro possui excelente comércio, sendo o principal eixo o Boulevard 28 de Setembro, onde se encontram agências dos principais bancos, lanchonetes, mercados e comércio de todo tipo. No bairro funciona também o Shopping Center Boulevard Rio, na esquina das ruas Barão de São Francisco e Teodoro da Silva. Além abrigar muitos bares e restaurantes ao longo do Boulevard 28 de Setembro, o bairro conta com várias unidades da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como a Faculdade de Ciências Médicas, a Faculdade de Enfermagem, o Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, a Faculdade de Odontologia e o Hospital Universitário Pedro Ernesto. O bairro também abriga a Basílica Nossa Senhora de Lourdes, a sede estadual da igreja Congregação Cristã no Brasil e a Sede Mundial do Racionalismo Cristão. O bairro contava com os clubes Vila Isabel Futebol Clube (1912), Confiança A.C. (1915), o Smart A.C. (1915), Sport C.A. (1912) e o Independência F.C. (1921). Hoje encontram-se a Associação Atlética Vila Isabel; e o Esporte Clube Maxwell. Além dos parques Jardim da Princesa, Largo Sete de Março, Praça Barão Drummond e Recanto do Trovador. Vila Isabel é famosa pela presença de inúmeros poetas e compositores que nasceram no bairro ou que nele foram revelados. O mais famoso é Noel Rosa, que nasceu no bairro em 11 de dezembro de 1910. No largo de entrada do Boulevard 28 de Setembro, existe uma estátua em tamanho natural do compositor em bronze, sentado numa mesa sendo atendido por um garçom. Na mesa, está escrita a letra da música de Noel “Conversa de botequim”. Podemos destacar Martinho da Vila, que adicionou o nome do bairro ao seu quando criou seu nome artístico. Jornalismo pode ser definido do ponto de vista sociológico, como a técnica de transmissão de informações sociais a um público cujos componentes não são reconhecidos. Esta particularidade diferencia o jornalismo das demais formas sociais de comunicação visual.

As fontes jornalísticas são pessoas, entidades e documentos primários que fornecem informações aos jornalistas, seja emitindo comentários e opiniões, verificando o rigor de dados obtidos ou aferindo a veracidade dos juízos de valor que lhes foram confiados. O termo jornalismo faz referência as formas possíveis de comunicação pública de notícias e seus comentários e interpretações. O tipo de jornalismo de ética duvidosa, ou contestável é chamado ideologicamente de “imprensa marrom”. Um princípio comum no jornalismo é o da objetividade, orientada pela investigação das informações, descrevendo características do objeto da notícia e não impressões ou comentários do sujeito que observa a participação social. No entanto, erroneamente diversos críticos têm refutado este princípio, alegando que, na prática, a objetividade do conhecimento não existe, pois, toda construção de texto é um discurso e uma narrativa influenciadas por ideologias, pela práxis e por outros valores subjetivos. A questão da “imparcialidade” é também central nas discussões sobre ética jornalística. Para este ponto de vista comunicativo não é difícil distinguir dados objetivos do chamado “jornalismo opinativo”, como se a interpretação jornalística fosse isenta da opinião pessoal daquele que investiga os conteúdos de sentido da informação. Jornalistas podem ser interpelados pelas formas ideológicas representadas pela distorção no cotidiano ou pela desinformação induzida na comunicação social. Mesmo sem cometer fraude deliberada, jornalistas podem dar um recorte embasado dos fatos sendo seletivos na apuração e na redação, em determinados aspectos em detrimento de outros, ou dando explicações parciais, tanto incompletas quanto tendenciosas. Isto é especialmente efetivo no jornalismo global, já que as fontes disponíveis nem sempre podem ser interpretadas. Distinto da ciência, os códigos de ética do jornalismo incluem, como valores e preceitos fundamentais, a “busca da verdade, a veracidade e a precisão das informações”.

Glória Maria Matta da Silva estreia como repórter, em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. O Elevado, também reconhecido como Viaduto Engenheiro Freyssinet, é uma via expressa no Rio de Janeiro. Tem 5,2 quilômetros de extensão. Liga o Túnel Rebouças ao início da Linha Vermelha. É considerado a “cicatriz” do Rio Comprido. Cobriu a posse do presidente norte-americano Jimmy Carter (1924-2024) em Washington e, no Brasil, durante a ditadura militar (1964-1984), entrevistou chefes de Estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo (1918-1999), aquele que disse: - “Não deixe aquela neguinha chegar perto de mim”.  E, ainda, cobriu e reportou o fim da Guerra das Malvinas, em 1982, como primeira mulher da Globo a fazer cobertura de guerra; a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998). Entrevistas com celebridades a colocaram frente a frente com o roqueiro britânico Mick Jagger, em 1984; com Freddie Mercury (1946-1991), vocalista da banda Queen, durante o Rock In Rio de 1985, com Michael Jackson (1958-2009), quando da gravação do clipe: They don’t care about us, no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, em 1996. O espírito livre, aventureiro a fez desafiar-se humanamente a ponto de pular de bungee jump a 233 metros de altura, em Macau, na China, para realizar uma reportagem Especial para o Globo Repórter; sobrevoar de helicóptero um vulcão, voar de asa delta, nadar com um urso polar e escalar a Cordilheira do Himalaia, onde fica o Monte Everest. 

A paixão pelo trabalho, segundo Lisa Andrade, no artigo intitulado: “Gloriosa Glória, a Primeira Jornalista” (s. d.) a levou a todos os nossos seis grandes continentes: África, Ásia, Europa, Oceania, América e Antártida, construindo uma coleção com mais de dez passaportes preenchidos, com carimbos de mais de 160 países. Assim Glória Maria define sua profissão e a carreira vivida, enraizada na Rede Globo de televisão, a emissora onde ganhou notoriedade como repórter e âncora dos noticiários Hoje, Jornal das Sete, Bom Dia Rio e RJTV. Mas a vida de Glória Maria Matta da Silva não começa na tela da TV. Esta mulher negra vitoriosa, pioneira, vem à luz em 15 de agosto de 1949, saída do ventre de Edna Alves Matta, enquanto o alfaiate Cosme Braga da Silva, aguardava ansioso as notícias sobre seu bebê. A infância foi no bairro Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro. E, na escola – estudava em colégio público – já se destacava nos concursos de redação e sabia falar inglês, francês e latim. A vida profissional se inicia aos 16 anos: telefonista na Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel). Com o salário ajudava nas despesas de casa e pagava a mensalidade do curso de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Eram os anos 1960. A diversão? Samba. Glória Maria foi princesa do bloco carnavalesco Cacique de Ramos. E desta condição de realeza do Carnaval nasce sua história com a Globo. No programa do Chacrinha, com membros do bloco, ela pediu um emprego e conseguiu. Ingressa na emissora em 1970, trabalhando como radioescuta, como estagiária – quer dizer, sem salário – segue estudando para a profissão e como telefonista com os estudos, até ser efetivada na rede de TV carioca.

Em 1971, do ponto de vista tecnológico Glória Maria se torna a primeira repórter negra da TV brasileira e o seu primeiro desafio é cobrir o desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no bairro Rio comprido, no Rio de Janeiro. Na época, os jornalistas não apareciam em vídeo. O que se via eram as imagens e a voz do repórter ou apresentador. Sua matéria de estréia em vídeo acontece em 1974 e é realizada no Hotel das Palmeiras, onde a Seleção Brasileira estava concentrada para os jogos da Copa do Mundo. Glória Maria é também a primeira repórter – e negra – a entrar ao vivo e a cores na televisão, direto da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, para o Jornal Nacional, e a primeira a realizar a primeira transmissão em High Definition (HD), é de imagens com “alta definição”. É da televisão brasileira, lá em 2007. Depois de, em 1984, antecipar, com exclusividade para o Jornal Nacional (RJ) parte do juramento olímpico do velocista Carl Lewis – então campeão mundial dos 100m rasos, antes mesmo da solenidade de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, no estádio Los Angeles Memorial Coliseum, na Califórnia (EUA), é ela quem dá um salto dialético na carreira! Em 1986, entra para a equipe do Fantástico, seu rosto passsa a ser reconhecido e as experiências se tornam eletrizantes e estelares: Madonna, Leonardo Di Caprio, Nicole Kidman, Deserto do Saara, os caminhos de Jesus de Israel ao Egito, Lapônia, no Norte da Finlândia.

Ao lado do jornalista Pedro Bial, em 1998, Glória assume o comando do Programa de Domingo. Anos depois, em 2003, faz uma entrevista exclusiva com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), após a sua posse. Em 2004, Zeca Camargo e Guilherme Azevedo iniciaram uma jornada ao redor do planeta, com um roteiro pré-determinado pelos próprios telespectadores do programa FantásticoEm 2006, produz quadros de destaque durante uma viagem ao lado do escritor Paulo Coelho, na Rússia. Depois de quase dez anos de programa Fantástico, Glória Maria pede um tempo, se afasta das telas por dois anos, durante os quais descansa, se dedica a projetos pessoais e trabalhos voluntários na Índia e na Nigéria. Neste período, também, decide ser mãe e adota as irmãs Maria e Laura, em 2009. De volta em 2010, assina um novo contrato como repórter especial do programa Globo Repórter. Fora da TV, como eterna repórter, gosta de conversar bem próximo das pessoas, mas prefere manter sua vida pessoal longe dos holofotes e das redes sociais. De sua vida amorosa, se sabe de oito anos ao lado do engenheiro austríaco Hans Bernhard e seis anos com o francês Eric Auguin. Em 2008 teve um breve caso de relacionamento com o estudante de psicologia Bernardo Langlott e se casou, em segredo, com o produtor musical Carlos Araújo – mas cada um viveu em seu apartamento durante os quatro anos de relacionamento. Sua idade é outro mistério plausível, segundo Liza Andrade – ela diz que não revelar a idade é uma forma de não envelhecer mais cedo. E, para ajudar no rejuvenescimento, se exercita regularmente, faz jejuns e toma até cinco mil cápsulas de remédios naturais por semana. Em 2019, submeteu-se a cirurgia para retirar um tumor cerebral maligno. Passados alguns meses, declarou, em entrevista, que ainda prosseguia o tratamento do câncer. E, em janeiro de 2020, teve de ser internada devido a uma infecção pulmonar. Vivemos um tempo de visibilidade negra nas mídias, de quase celebração – não fosse o racismo evidene e sempre presente no nosso cotidiano -, mas Glória Maria vem de outro século, em que a presença negra no telejornalismo era quase solitária e sua posição simplesmente feminina e direta na tela da TV era ativismo.

No Brasil, a primeira transmissão televisiva deu-se em 28 de setembro de 1948, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. O responsável pela transmissão foi o técnico em eletrônica, o leopoldinense Olavo Bastos Freire. A experiência pioneira aconteceu da sacada do prédio onde seria mais tarde a Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa). Olavo ficou com uma câmera e uma antena. As imagens captadas da Avenida Rio Branco foram transmitidas em uma TV de três polegadas, instalada na Getúlio Vargas, onde funcionava a antiga Casa do Rádio. A tecnologia completa foi trazida para o Brasil por Assis Chateaubriand e foi inaugurada em 18 de setembro de 1950, quase dois anos depois da experiência pioneira de Olavo Bastos Freire (1915-2005). Naquela data, Chateaubriand fundou o primeiro canal televisivo no país, a TV Tupi. Na época, entretanto, o alto custo do aparelho televisor, que era importado, restringia o seu acesso às classes mais abastadas. O primeiro televisor montado no Brasil foi pela Sociedade Eletromercantil Paulista em 1951. Em 1977, a SEMP formaria uma joint-venture com a empresa Toshiba, passando a nova empresa a se chamar Semp Toshiba. A massificação de produção-consumo do aparelho aconteceu com a instalação de fábricas de televisores na Zona Franca de Manaus (AM) com a chegada da multinacional Sharp (1971) e outras empresas nacionais como a Gradiente, atraídas pelos incentivos fiscais. Em 2006, cerca de 12 milhões de televisores com cinescópio foram produzidos no Polo Industrial de Manaus (AM). Tendo em vista que o Brasil foi a sede da Copa do Mundo da Federação Intenacional de Futebol (FIFA) de 2014 e Jogos Olímpicos de Verão de 2016, a perspectiva é que, em 2014, o país seja estatisticamente o terceiro maior mercado mundial de televisores.

Na sociedade contemporânea, as notícias correm o mundo em tempo real através dos mais avançados meios tecnológicos. A expressão jornalismo em tempo real é uma figura de linguagem utilizada para associar a proximidade da instantaneidade com que a informação que é transmitida, do momento em que ocorre o fato a ser noticiado ao momento em que chega aos receptores, sejam eles leitores, telespectadores ou a opinião de público ouvinte. Para que exista, é necessário que haja concomitância da percepção sociológica dos fatos ao momento em que eles acontecem. Em suma, é nível máximo de prontidão, como “cão de guarda” como se referem os norte-americanos no jornalismo relativa à transmissão, processamento e/ou uso das informações. O tempo real é relativo à sua velocidade, que está associada ao instrumento de transmissão, nunca contendo matematicamente a suposição considerada como sendo exatamente real, devido ao tempo gasto com o processamento e a finalização do processo de trabalho e comunicação de difusão da informação. A rede global internet rompeu com a imprensa clássica ao ponto de centenas de jornais terem desaparecido após muitos anos de grande sucesso jornalístico e de empresa econômica. Em Portugal desde 2012 não há um jornal, diário ou semanário, economicamente viável, as despesas estão acima das receitas, o mesmo está ocorrendo com os custos das televisões e das rádios, com algumas poucas exceções. Nos massmídia global, o passado deixou de ter futuro, de modo definitivo. 

A maior contribuição de Karl Marx ao jornalismo per se foi sua inabalável profissão de fé na “liberdade de imprensa”, mais de uma vez registrado nas páginas do New York Tribune. Nos tempos de Marx, ainda não havia grandes monopólios de mídias, enquanto comunicação social e política massiva, sendo o jornal impresso uma das poucas fontes de informação e difusão de um conjunto de práticas e saberes sociais. A variedade de publicações, nas mais diversas correntes ideológicas era tão grande, que Marx habilmente pode utilizar o jornalismo, como forma de expressão política, porque existiam outras vozes ligada à origem do trabalhismo inglês para lhes fazer contrapontos. O próprio New York Tribune, fundado por Horace Greeley em 1841. Entre 1842 e 1866, o jornal adotou o nome New-York Daily Tribune, visceralmente abolicionista e vagamente socialista utópico, do qual Karl Marx (1818-1883) & Friedrich Engels (1829-1895) eram colaboradores assíduos, enviando àquele jornal, entre 1851 e 1862, mais de quinhentos (500) artigos, pôs a nu as diversas mazelas vitorianas, com destaque para as exorbitâncias do colonialismo britânico na Índia e na China, inclusive tendo repercussão política no continente latino-americano.

O culto socialmente da indiferença de classe social representa o hábito de estupidez de uma sociedade que perdeu o sentido de comunidade. O consumo é o leitmotiv do progresso que faz da cidade um lugar passageiro. Onde tudo pode ser destruído e reconstruído a qualquer momento, onde as histórias são substituídas por outras sem perspectiva de futuro. A forma do urbano, sua razão suprema, a saber, a simultaneidade e o encontro aparente não podem desaparecer. A cidade é fora de dúvida a maior vitrine, onde os episódios cotidianos da existência material são vividos e observados na indiferença da reprodução do capital. A ocupação divertida do urbano, por uma população sonhadora movida pelo acaso de viver o imprevisível, é descartada pela cidade contemporânea. A cidade é o palco da reprodução do “capital cultural” dominante, onde tudo se descobre ou se reinventa, e se apaga na mesma velocidade. Tudo é vivido na condição de espetáculo como se a vida urbana fosse um conjunto de cenas de teatro. A favela é fruto da falta de observação e de reconhecimento social e político de que o operário existe na construção civil irradiada pela visão de Chico Buarque. Ele é um ator social, construtor social e sua realidade não é virtual. O Brasil lento e demagógico demora a reconhecer a imprensa, historicamente, por causa da censura e da proibição de tipografias na Colônia, impostas pela Coroa Portuguesa. A falta de uma imprensa própria forçosamente limitava o desenvolvimento político e culturalmente, pois os livros e periódicos importados atingiam apenas uma pequena, talvez ínfima parcela de letrados na cidade do Rio de Janeiro neste período.

Mas em contrapartida é espantoso que nos poucos anos que mediaram entre o início e o fim da “Impressão Régia”, notícias tenham sido publicadas. A própria heterogeneidade dos títulos revela curiosidade intelectual, e a nervura de interesses os mais diversos: romances, estudos históricos, poesia, teatro, crítica literária, astronomia, medicina, religião, saúde pública, e outras, tudo isso formando um emaranhamento de assuntos, de seleção difícil de discernir, mas sempre possível. O que é certo é que a Impressão Régia não se limitou à divulgação de apenas atos oficiais, como nos governos republicanos. Sua existência abriu caminho para numerosas edições, para o surgimento de editoras e tipografias, e criação de um mercado de livros que antes praticamente não existia. A única obra significativa de referência específica sobre a “Impressão Régia”, que existia até agora, era o trabalho de Alfredo do Valle Cabral, publicado nos Annales da Biblioteca Nacional, em 1831. É um clássico, mas contém falhas e incorreções, e o velho sonho de Rubens Borba de Moraes (1899-1986) sempre foi completa-lo, suprindo-lhe as deficiências e descrevendo os muitos títulos que lhe faltavam. Cuja existência só foi revelada pelas exaustivas pesquisas realizadas por ele e por Ana Maria de Almeida Camargo (1945-2023), promovida pela “Vitae”, pela Edusp – Editora da Universidade de São Paulo, pela livraria Kosmos e projeto gráfico de Diana Mindlin.

Em 1848, jornais de Nova York se unem comercialmente para formar a agência “Associated Press”, durante a guerra dos Estados Unidos da América contra o México. O principal motivo da associação devido à guerra era contenção de custos entre as edições dos periódicos. Em 1851 o alemão Paul Julius Reuter (1816-1899) funda a agência “Reuters”. No mesmo ano é fundado o “The New York Times”, o principal jornal de Nova Iorque e atualmente um dos mais importantes nos Estados Unidos, para não falarmos em sua influência no mundo ocidental. A “United Press International” é criada em 1892, sendo pioneira no processo de globalização da cultura, política e informação. A agência alemã “Transocean” é fundada em 1915 para cobrir os eventos sociais e políticos da 1ª grande guerra na Europa (1914-1918), a weltanschauung da Tríplice Aliança. Em 1949, três agências alemãs se unem e formam a extraordinária Deutsche Presse-Agentur (DPA). Discordamos das teses aceitas de que o impacto de choque cultural é componente do desenvolvimento bem-sucedido da sensibilidade intercultural e da competência bicultural, entendido também como “aculturação”, que ocorre fenomenologicamente quando duas culturas distintas ou parecidas, são absorvidas uma pela outra, formando uma nova cultura diferente. Além disso, aculturação pode ser também a absorção de uma cultura pela outra, onde essa nova cultura terá aspectos da cultura inicialmente e da cultura assim absorvida.

A tese “Fatores socioculturais que retardaram a implantação da imprensa no Brasil” foi editada em livro, pelas editoras Vozes, em Petrópolis, Rio de Janeiro, no mesmo ano da defesa, com o nome de Sociologia da Imprensa Brasileira. Não foi o primeiro livro do autor, que antes dele já publicara outros quatro trabalhos dedicados ao universo da Comunicação, entre eles, Comunicação Social: Teoria e Pesquisa (1970) e Estudos de Jornalismo Comparado (1972). Ao referir à sua trajetória de pesquisa, o prof. Marques de Melo (1943-2018), destaca sua tese de doutoramento, ao referir-se a ela como a “primeira evidência que demonstrei academicamente”, ao propor que “o Brasil ingressou de modo tardio na civilização jornalística não por maldade dos nossos colonizadores, como defende a história oficial, mas em decorrência da nossa formação sociocultural, que reprimiu as demandas nacionais pela informação impressa, retardando desta maneira a produção de jornais e revistas”, resumiu o professor numa entrevista. A pesquisa é amparada, segundo o prefácio de Luiz Beltrão de Andrade Lima, por “uma construção metódica e consciente, em que não se aceitam os dogmas ou proposições que, submetidas, não possam resistir aos assaltos e impactos da dúvida que a observação e a experimentação, o raciocínio e as hipóteses, os dados, os fatos e os princípios, suscitam, a fim de possibilitar o surgimento da verdade e do rigor científico”.

Um exemplo extraordinário é o que ocorre com a cultura romana que logo por ser similar à grega torna-se uma cultura denominada greco-romana ou a chamada “interpenetração cultural”. Vale lembrar que o pernambucano José Marques de Melo obteve o título de doutor em Comunicação com a tese: “Fatores socioculturais que retardaram a implantação da imprensa no Brasil”, defendida, em 26 de fevereiro de 1973, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. O trabalho, que teve a orientação do Prof. Dr. Rolando Morel Pinto, representou a singularidade de ter sido a 1ª tese de doutorado defendida e aprovada no Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicações e Artes quando se propõe a abordagem através das representações do jornalismo e da imprensa. Inverter papéis” na sociedade racista dá certo? - Gabriela Moura ... Naquela conjuntura as teses eram defendidas em regime de doutorado direto, dentro do modelo europeu que ainda prevalecia nas universidades brasileiras. Os pesquisadores que defenderam suas teses nesse modelo foram os primeiros orientadores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Escola de Comunicações e Artes nessa área - nos parâmetros prevalecentes. Vale lembrar que o primeiro doutor da Escola de Comunicação e Artes com tese em Jornalismo, seria um orientando do Prof. Dr. Marques de Melo, o também professor da Escola de Comunicação e Artes Carlos Eduardo Lins da Silva, que defendeu seu doutorado, intitulado: Muito Além do Jardim Botânico: um estudo sobre a audiência do Jornal Nacional da Globo entre trabalhadores (1984), representando uma brilhante análise de como um dos programas da TV de maior audiência do país é visto, comparativamente, em duas comunidades de trabalhadores, uma em São Paulo, outra no Nordeste. Uma análise, também, da chamada indústria cultural  e do telejornalismo em nosso país.

Bibliografia Geral Consultada.

CAMARGO, Zeca, A Fantástica Volta Ao Mundo. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2004; MAGALHÃES, Felipe Santos, Ganhou, Leva, Só Vale o Que Está Escrito: Experiência de Bicheiros na Cidade do Rio de Janeiro: 1890-1960. Tese de Doutorado. Departamento de História. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005; BOUNANNO, Milly, L’Etat della Télévisione. Esperienze e Teorie. Roma: Edizione Laterza, 2006; MIRANDA, Júlia, Imaginários Sociais em Movimento: Oralidade e Escrita em Contextos Multiculturais / Júlia Miranda, Ismael Pordeus, François Laplantine (Orgs.), Lyon, França: Universidade de Lyon 2 - Fortaleza, Brasil: Universidade Federal do Ceará - Campinas, Brasil: Pontes Editores, 2006;  FREITAS, Eduardo Luiz Viveiros, Política e Internet: 4 Jornalistas (Blogueiros) em Novos Tempos. Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2010; AMORIM, Paulo Henrique, O Quarto Poder: Uma Outra História. 1ª edição. São Paulo: Editora Hedra, 2015; MELO, Seane Alves, Discursos e Práticas: Um Estudo do Jornalismo Investigativo no Brasil. Dissertação de Mestrado. Escola de Comunicações e Artes. Universidade de São Paulo, 2015; WILLIAMS, Raymond, Televisão: Tecnologia e Forma Cultural. São Paulo; Belo Horizonte: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2016; SOUZA, André Barcellos Carlos de, Televisão e (Des)razão. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2017; HORA, Caroline, Além de Glória Maria: A Representatividade da Mulher Negra no Telejornalismo Brasileiro Atual. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2018; GONZALEZ, Lélia, Por um Feminismo Afro-latino-americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2020; SILVA, Glória Maria Matta, Roda Viva. [Entrevista concedida a] Cláudia Lima. Roda Viva, TV Cultura, 14 mar. 2022; BENTO, Cida, O Pacto da Branquitude. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2022; Artigo: “Glória Maria: nosso diamante do jornalismo foi para casa”. In: https://jornalistas.org.br/2023/02/02/; FABBRI JÚNIOR, Duílio, Glória Maria: Glória Maria Matta da Silva. Campinas: Editora Mostarda, 2024; GALLO, Elisiele Máximo da Silva, Mulheres Negras no Jornalismo: Uma Análise do Grupo Herdeiras de Glória Maria. Monografia de Graduação em Jornalismo. Brasília: Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, 2024; entre outros.

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